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Fichamento 2 - FLH0643 - História da América Colonial - Rodrigo Neto - 9318629

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
FLH0643 - HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL
Horacio Gutiérrez
Primeiro Semestre 2021
Noturno
Atividade: Fichamento 2
Tópicos abordados: Aulas 4, 5 e 6
Textos abordados: 
(1) ELLIOT, J.H. A conquista espanhola e a colonização da América. Em: BETHELL, Leslie. História da América Latina: A América Latina colonial. São Paulo: Edusp, 1997. v. I, cap.4, p. 136-194;
(2) WACHTEL, Nathan. Os Índios e a Conquista Espanhola. Em: BETHELL, Leslie. História da América Latina: A América Latina colonial. São Paulo: Edusp, 1997. v. I, cap.5, p. 195-239.
Aluno: Rodrigo Spinola Costa Neto
Nº USP: 9318629
A presente produção acadêmica tem por objetivo promover um fichamento acerca dos temas debatidos e estudados nas Aulas 4, 5 e 6 do curso HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL (FLH 0643) e dos textos destacados no cabeçalho enunciante deste. Com o intuito de fazer uma abordagem relevante acerca dos primeiros tópicos, dividir-se-á estruturalmente essa atividade em três (3) partes totais: Fontes Espanholas (1), que buscará fazer um estudo acerca das fontes históricas de origem espanhola utilizadas nos estudos da América Colonial; subsequente, se encontra a seção das Fontes Indígenas (2), que por sua vez terá por objetivo fazer um estudo de fontes históricas, desta vez, de origem nativo-ameríndia e, por fim, a terceira parte, enfocar-se-á nos estudos relativos ao processo inicial de incorporação do Novo Mundo ao sistema colonial nascente Espanhol: Conquista Territorial e Econômica (3), destacando aqui as especificidades deste processo e o que levou o sucesso europeu em seu projeto ante a resistência indígena.
Levando os pontos aqui destacados em consideração, a produção deste visa mais que realizar um fichamento de temas, mas também apresentar um compilado de visões historiográficas que foram abordadas ao longo do ensino na disciplina em questão. Serão expostas, em caráter comparativo, diferentes aspectos de transição, permanência e estruturantes da sociedade colonial nascente. Cabe ressaltar então que, mais que um fichamento, esse excerto apresenta-se como uma compilação sintética de tópicos. Inicia-se.
Fontes - Visão de Conjunto
Para a dissertação desta seção, se faz necessário levar em conta a apresentação e discussão transcorrida nas Aulas 4 e 5 da respectiva disciplina.
Antes de aprofundar-se nos estudos das fontes de origem espanhola ou nativa, se faz extremamente importante ressaltar as potencialidades e limitações que estas podem apresentar no estudo. É função do historiador, na construção de sua pesquisa, entender quais são esses limites, para não se valer de um uso errôneo da fonte escolhida. Ambos tipos de fontes que serão abordados mais adiante neste, permitem análises de diversos temas da época da conquista e colonial, como aspectos econômicos, organizacionais, como se constituíram as expedições de conquista; o perfil do conquistador em contraposição ao perfil do nativo; descrições geográficas (sendo assim fontes geográficas indiretas) do Novo Mundo; impacto direto da conquista na vida indígena e européia, etc.
Se cada fonte tem aqui suas limitações e potencialidades, conhecer ambos aspectos se faz necessário, com objetivo de se estudar o que pode ser explorado de cada fonte. Toda e cada fonte apresenta uma visão “embutida”, seja a visão do “vencedor” (europeu), seja dos “vencidos” (nativos), e também a partir destas visões apresentam-se discordâncias significativas. Ou seja, entender estes pontos para a construção de uma pesquisa histórica é fundamental para o historiador.
Fontes Espanholas
Dentre as fontes de origem espanhola destacam-se oito (8) tipos de fontes, datadas do século XVI até hoje, usadas amplamente por pesquisadores e comuns para toda a América Espanhola. Dentre os oito tipos encontram-se: (1) Relatos de viagem; (2) Crônicas; (3) Legislação; (4) Registros paroquiais; (5) Registros tributários; (6) Processos judiciais; (7) Testamentos e inventários; e, (8) Recenseamentos. Para efeitos de síntese e estudo nesta produção acadêmica, focar-se-á nas fontes de número (1), (2) e (4).
	(1) Relatos de viagem: os relatos constituem-se de narrativas típicas da época da conquista, baseadas nas centenas de expedições realizadas na época da “Descoberta” e princípios das ocupações europeias na América. São documentos de características transitórias, por se tratarem de relatos de um tempo passageiro. Os relatos eram praticamente obrigatórios nas viagens já que se tratava de uma expedição extremamente custosa e que necessitavam de registro, e também possuíam caráter comercial-propagandístico para atração de novos patrocinadores. Dentre suas limitações, pode-se destacar a presença de inverdades (por conta de seu uso comercial-fictício) ligado à cultura européia oral de contos, mitos, à época. Porém, se tratam dos primeiros escritos acerca do Novo Mundo, sendo assim extremamente valorizados nas pesquisas históricas.
	(2) Crônicas: se constituem como uma documentação distinta dos relatos, por terem sido escritas por colonos que se fixaram de fato e produziram tais escritos a partir de anos de experiência na América. Destacam-se aqui a figura de Padres e demais autoridades em nome das Coroas. São documentos primorosos para o conhecimento da América Colonial em seus primórdios, porém é válido ressaltar que predomina-se aqui uma visão Europeizante. São fontes históricas mais fidedignas já que são de conteúdo mais denso e menos impressionista. 
	(4) Registros paroquiais: documentos que refletem o processo de evangelização (conquista espiritual) e de caráter mais curto e descritivo. Tais registros destacavam ações como: batismo, casamentos, óbitos, etc. A importância destes documentos está na sua capacidade de geração de análises continuadas a fim de se observar padrões das sociedades locais, em caso de especificidades, e gerais, em caso de generalidades de padrões comuns a muitas, ou todas, regiões. Dentre suas limitações, destaca-se aqui a ausência de registros de traços sobre demais religiões, uma vez que havia exclusividade de registro de ações católicas.
Fontes Indígenas e Pró-Indigena
Dentre as fontes de origem nativo-indígena ou a favor desta população destacam-se quatro (4) tipos de fontes que explorar-se-ão em sequência:
(1) Crônicas pró-Indígenas: apesar de escritas em sua ampla maioria por colonos europeus, alguns cronistas apresentaram uma visão a favor do nativo, sendo alguns destes mestiços (filho de Índio com Europeu). Dentre esses cronistas pode-se citar Bartolomeu de Las Casas, padre evangelizador, porém que expôs e foi contra os métodos agressivos e cruéis para a conversão dos nativos.; Inca Garcilaso de la Vega, mestiço, filho de pai conquistador espanhol com mãe indígena e extremamente influente na historiografia sobre os Incas por apresentar uma visão idílica do Império, em contradição a percepção outros historiadores e arqueólogos; e, Felipe Guaman Poma de Ayala, também mestiço, que explorou a valorização da cultura indígena porém também do catolicismo europeu, visto como uma dádiva europeia ao mundo andino.
(2) Fontes arqueológicas: se tratam de fontes mais recentes, apresentando métodos mais técnico-científicos. Tais fontes são importantes por terem capacidades de “corrigir” por vezes informações exageradas ou inverdades de fontes escritas. Também são indispensáveis para o entendimento de sociedades cujas fontes escritas são ausentes.
(3) Documentos de origem indígenas: se tratam de textos escritos em línguas indígenas. Elementos importantes de identidade, cultura e construção de narrativas de origens de povos mesoamericanos. Os destaques estão para os documentos: Popol Vuh e Chilam Balam, escritos na língua quiché e que trazem importante construção da história guatemalteca ligada à comunidade Maia.
Conquista Territorial e Econômica
Para a dissertação desta seção, se faz necessário levar em conta a apresentação e discussão transcorrida na Aula 6 da respectiva disciplina, tal qual ambos textosapontados no cabeçalho desta produção.
A terceira e última seção desta produção acadêmica tem por objetivo trazer as principais características do processo de conquista territorial e econômica desenhado pelo europeu desde as primeiras expedições até o estabelecimento de fato dos primeiros assentamentos coloniais. Esta seção estruturar-se-á em quatro (4) principais eixos de entendimento deste processo histórico, que seguem:
(1) Visão geral da Época da Conquista: a conquista da América Espanhola se inicia com a expedição Colombiana de 1492 durante até meados do séc. XVI, trata-se de um curto período de tempo, dado os avanços sociais e tecnológicos à época. O processo de descoberta e conquista do Novo Mundo faz parte do fenômeno de expansão europeia ao Oriente, provocado por modificações substanciais nas sociedades do velho continente, desde a superação do feudalismo (em declínio) em oposição à ascensão do capitalismo mercantil (nascente). 
(2) Características gerais das expedições de Conquista: para se aprofundar nos estudos acerca deste período se faz necessário entender primeiramente os objetivos empreendidos no processo, que segundo a historiografia, protagonizam dois: objetivo econômico, movido por demandas de mercado, gerando riqueza para conquistadores nobres, burguesia mercantil e Coroas; e o objetivo religioso, movido por motivos espirituais da Igreja em busca de novos fiéis, representados pelos processos de evangelização. Além das motivações, é importante destacar que essas iniciativas foram majoritariamente financiadas por capital particular, sendo assim, uma baixa participação, ou quase nula, das Coroas na organização das expedições de descobrimento e conquista.
Para além destas características, estudar também o que motivou os europeus a participarem das expedições se faz necessário. Dentre as motivações destacam-se: o gosto pela aventura, cultural ao Europeu; objetivos de ascensão social e mobilidade social; refúgios religiosos ante a perseguição e intolerância da Igreja.
 	(3) Mecanismos da Conquista: dentre os mecanismos da conquista, que permitiram a rápida superação europeia ante as populações nativas, a historiografia apresenta o poder bélico, como uma variável explicativa central, devido ao domínio da pólvora. Porém, não se torna a única variável sendo o fator “cumplicidades indígenas" extremamente importante também. Este último explica-se pelo método “fragmentação para dominação”. Os conquistadores promoveram divisões e exaltação de desavenças (históricas e já existentes) entre os povos nativos. Deste modo, houveram grupos indígenas que se aliaram aos europeus com objetivo de conquistar outros povos que anteriormente foram inimigos/rivais. Isso gerou uma superioridade extremamente favorável ao europeu que aos poucos foi ator da morte de um grande número indígena, enfraquecendo assim as estruturas militares, econômicas e políticas desses povos e Impérios. 
	(4) Etapas da Conquista: este último tópico apresentar-se-á de modo a demonstrar como a conquista dos povos nativos foi realizada de maneira extremamente rápida, dada a realidade dos fatos à época. Três são as etapas da conquista. Seguem:
(a) 1492 – 1519: Descoberta do Caribe e redondezas. Atração europeia inicialmente baixa, devido a uma visão pobre da região.
(b) 1519 – 1532: Descoberta dos Impérios Asteca e Maia (e outros grandes impérios). Mudança de ponto de vista do europeu, uma vez que passam a observar a presença de grandes impérios, composto por milhões de habitantes, diferentes religiões e riquezas.
(c) 1532 – 1555: Descoberta do Império Inca na área Andina e descoberta de grandes áreas de mineração. Mudança de postura de forma total e valorização do Novo Mundo, por motivos citados acima nesta produção, que levaram à intensificação do processo de conquista.
Dessa maneira, abordam-se os principais pontos discutidos e estudados sobre as Fontes historiográficas de origem espanhola; de origem e/ou pró indígena; e os processos e motivações que levaram à conquista territorial e econômica.

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