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Fundamentação para o delito de injúria

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Fundamentação para o delito de injúria:
O delito de injúria está tipificado no artigo 140 do Código Penal que assim dispõe: “Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.”. Nesse sentido, tem-se que o crime de injúria é configurado pela ofensa a honra subjetiva do sujeito passivo. Com efeito, nas palavras do autor Nucci (2016, p. 665) 
Injuriar significa ofender ou insultar (vulgarmente, xingar). No caso presente, isso não basta. É preciso que a ofensa atinja a dignidade (respeitabilidade ou amor-próprio) ou o decoro (correção moral ou compostura) de alguém. Portanto, é um insulto que macula a honra subjetiva, arranhando o conceito que a vítima faz de si mesma.
Ademais, o delito em comento é um crime formal, portanto se consuma quando a vítima toma ciência da imputação ofensiva, independentemente de o ofendido sentir-se ou não atingido em sua honra subjetiva, sendo suficiente, tão só, que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva. 
No caso dos autos, o querelante não só ficou ciente, como sentiu-se extremamente ofendido. Os insultos a ele direcionados ofenderam sua dignidade, haja vista que ao ser chamado de “vagabundo”, “marginal”, “ladrão” e “traficante” tem-se que essas expressões pejorativas visam justamente diminuir o individuo e seu valor social e moral. 
Rogério Greco, citando a lição de Aníbal Bruno, define o conceito de dignidade da seguinte maneira:
“Injúria é a palavra ou gesto ultrajante com que o agente ofende o sentimento de dignidade da vítima. O Código distingue, um pouco ociosamente, dignidade e decoro. A diferença entre esses dois elementos do tipo é tênue e imprecisa, o termo dignidade podendo compreender o decoro. Entre nós costumava-se definir a dignidade como o sentimento que tem o indivíduo do seu próprio valor social e moral; o decoro como a sua respeitabilidade. Naquela estariam contidos os valores morais que integram a personalidade do indivíduo; neste as qualidades de ordem física e social que conduzem o indivíduo à estima de si mesmo e o impõem ao respeito dos que com ele convivem. Dizer de um sujeito que ele é trapaceiro seria ofender sua dignidade. Chamá-lo de burro, ou de coxo seria atingir seu decoro.” (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 14. ed. Niterói: Impetus, 2017. p. 405.)
Ressalta-se que a honra subjetiva é constituída pelo sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus atributos morais, intelectuais e físicos. Porquanto, essa situação é concretizada no momento em que os querelados falaram as referidas ofensas ao querelante. 
		Ademais, no presente caso, fica perfeitamente claro que não houve qualquer iniciativa por parte do ofendido que pudesse desencadear situações tão reprováveis quanto as que foram narradas...

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