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DIREITO PENAL I MÓDULO 4 - EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO PENAL: P1 PROF. ME. MAURÍCIO SANT’ANNA DOS REIS | mreis@fsg.edu.br DIREITO PENAL I SUMÁRIO 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO PENAL: PARTE 1 4.1 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS 4.2 AS CORRENTES DO PENSAMENTO POSITIVISTA E SUA REPERCUSSÃO NA CIÊNCIA DO DIREITO PENAL 4.3 ESCOLA CLÁSSICA 4.3.1 Escola Clássica Italiana 4.3.2 Escola clássica germânica 4.4 ESCOLA POSITIVA 4.4.1 Cesare Lombroso (1835-1909) 4.4.2 Rafael Garofalo (1851-1934) 4.4.3 Enrico Ferri (1856-1929) 4.5 TERZA SCUOLA ITLAIANA 4.6 ESCOLA MODERNA ALEMÃ 4.7 ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA 4.8 ESCOLA CORRECIONALISTA 4.9 DEFESA SOCIAL 4.10 CRISE DO PENSAMENTO POSITIVISTA 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO PENAL: PARTE 1 4.1 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS Estudo da sistematização da dogmática do Direito Penal; Analise do conteúdo das normas penais: adequadas ou não; Vontade da lei; Garantir Direitos Fundamentais; Diversas linhas de pensamento tentam explicar a Dogmática penal; 3 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.2 AS CORRENTES DO PENSAMENTO POSITIVISTA E SUA REPERCUSSÃO NA CIÊNCIA DO DIREITO PENAL Século XIX: século da ciência – do positivismo; Aplicação às ciências humanas de método semelhante às ciências experimentais; Positivismo científico: repúdio às valorações jurídicas em contraposição ao emergente método das ciências (sociologia, antropologia, biologia); Surgimento da criminologia; 4 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.2 AS CORRENTES DO PENSAMENTO POSITIVISTA E SUA REPERCUSSÃO NA CIÊNCIA DO DIREITO PENAL Positivismo jurídico: resposta – estudo do delito do ponto de vista exclusivamente jurídico; Enquanto o positivismo científico teria a missão de compreender e organizar a sociedade, o positivismo jurídico sistematizaria todo o direito (penal); Correntes positivistas: as correntes positivistas que surgiram são chamadas escolas penais; 5 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.3 ESCOLA CLÁSSICA Não existiu uma “Escola Clássica” propriamente dita; Pensamento anterior à escola positiva; Conotação pejorativa; Postulados iluministas: humanização das ciências penais; Liberdade, dignidade; Jusnaturalismo e Contratualismo* O fundamento do direito antecede o Estado (JN) e todas as pessoas aceitam viver sobre regras (C), aqueles que não afazem praticam crimes; 6 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.3.1 Escola Clássica Italiana Período ético jurídico: explicação da causa dos delitos e dos efeitos das penas. Francesco Carrara: a norma tem o sentido de “conservação da humanidade”; Princípios fundamentais: crime é um ente jurídico (violação de um direito); livre arbítrio (fundamento da punibilidade); retribuição da culpa moral; reserva legal. Princípios fundamentais: Crime é um ente jurídico: não é ente de fato, é ente jurídico (conduta punível); Livre arbítrio: fundamento da punição, vontade livre e consciente orientada para a realização da conduta; Retribuição da culpa moral: sentido retributivo da pena restauração da ordem externa; Fundamentada no direito; Reserva legal: lei formalmente estabelecida; 7 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.3.2 Escola clássica germânica Feuerbach*: pena não é uma medida retributiva, é preventiva; Três correntes: Kant: retribuição ética – desvio no imperativo categórico; Hegel**: retribuição jurídica; Karl Binding | Corrente histórica: Pena é um direito/dever do Estado; Importa o fato e não o criminoso; Pena é proporcional a culpabilidade * Coação psicológica: necessidade de segurança jurídica | Pena aplicada: concretização da ameaça; ** Restauração do direito: crime é a negação do direito pena é a negação do crime logo a pena é a reafirmação do direito; 8 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4 ESCOLA POSITIVA Predomínio do pensamento positivista: Biologia*; Sociologia; Antropologia; Esse pensamento vai influenciar a pesquisa jurídica; Nova orientação no estudo criminológico; Interesses sociais em detrimento dos individuais; A origem das espécies 1859 (Darwin); Regras do método sociológico 1895 (Durkhein); 9 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4 ESCOLA POSITIVA Pena: função de inocuização – reação natural do organismo social contra atividades “anormais”; Fundamento do poder punitivo: secundário; Responsabilidade penal: sem importância; Quantidade de pena: não vinculada à culpabilidade, mas sim à personalidade; Falta de cientificidade: a atividade jurídica não seria científica; Nascimento da criminologia: outros vieses; 10 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4 ESCOLA POSITIVA De acordo com MOLINA e GOMES (2008, p. 186): "[...] uma mudança radical na análise do delito: os clássicos haviam lutado contra o castigo, contra a irracionalidade do sistema penal do “antigo regime”; a missão histórica do positivismo, pelo contrário, seria lutar contra ele por meio de um conhecimento científico de suas causas [...], com o objetivo de proteger a ordem social: a nova ordem social da nascente sociedade burguesa industrial". 11 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4 ESCOLA POSITIVA Três fases e três grandes expoentes: Fase antropológica: Lombroso (Homem Delinquente – 1878); Fase sociológica: Ferri (Sociologia Criminal); Fase jurídica: Garofalo (Criminologia – 1885); 12 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4.1 Cesare Lombroso (1835-1909) Influenciado por Conte e Darwin; Fundador da ‘Escola Positivista Biológica’ Criminoso nato: a criminalidade seria um fator fisiológico; Múltiplas causas: acaba reconhecendo que o crime pode ter múltiplas causas; Tipologia delinquente: Nato; Por paixões; Louco; De ocasião; Epiléptico; Criminoso nato: subespécie do homo sapiens sapiens; Mulher: intelecto mais frágil do que o do homem – ver o Shecaira p. 96 13 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4.1 Cesare Lombroso (1835-1909) Antropologia criminal: estudo do homem na perspectiva criminológica; Estudo dos soldados italianos: bons e maus; Maus: tatuados (normalmente com obscenidades); Constituição física: identifica o criminoso Assimetria do rosto; Dentição anormal; Orelhas grandes; Olhos defeituosos; Características sexuais invertidas; Tatuagens; Irregularidade nos dedos; Irregularidades nos mamilos; 14 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4.1 Cesare Lombroso (1835-1909) Influências: é possível observar a influência da escola positiva lombrosiana no Brasil: Tobias Barreto: não totalmente, mas aceita, em parte (era humanista) a crítica à abstração da escola clássica; Sebastião Leão: médico gaúcho propôs a classificação lombrosiana nos detentos do RS (1895); Nina Rodrigues*: As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil (1894); Afrânio Peixoto: defensor da eugenia no início do século XX (melhoramento da raça); Renato Khel e Miguel Couto: congresso brasileiro de eugenia (1929), contrária à mão de obra asiática; *Livre arbítrio: questiona – determinismo antropológico; Raças: determinariam o grau de violência; Racismo: justificante de tratamento e estatutos sociais para diversos grupos étnicos; 15 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4.2 Rafael Garofalo (1851-1934) Publica Criminologia em 1885 (acepção diferente da que hoje se dá ao termo); Influência de Darwin e Spencer; Delito natural: buscou, sem êxito um conceito de delito natural; Relativismo histórico: nem sempre as mesmas condutas são consideradas criminosas; Sistematização jurídica da escola positiva; Acreditava na diferença das raças – racista; Periculosidade: fundamento da responsabilidade; Prevenção Especial: finalidade da pena; Partidário da pena de morte; Alguns criminosos não poderia se reabilitar; Necessidade de eliminação; Defesa social: fundamento do poder punitivo; 16 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.4.3 Enrico Ferri (1856-1929) Precursor da sociologia criminal (1877); Inexistência do livre arbítrio (determinismo); Não temos escolha; Pena: defesa social – intimidação geral Partilhava da posição de Lombroso e Garofalo sobre a impossibilidade de correção do condenado somente com relação aos criminosos habituais; 17 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.5 TERZA SCUOLA ITLAIANA Posição ponderada: intermediária/ eclética com relação à Escola Clássica e à Escola Positiva - terceira via*; Responsabilidade moral: imputáveis e inimputáveis; Determinismo psicológico: não aceitam o livre arbítrio; Capacidade de ser intimidado pela lei; Crime: fenômeno social e individual; Pena: finalidade da defesa social; *Duas concepções de homem – biológica e filosófica; 18 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.6 ESCOLA MODERNA ALEMÃ Grande expoente: Franz Von Liszt; Sistematizou o direito penal; Prevenção; Interesses individuais; Criminologia e penologia; Método lógico abstrato x indutivo experimental; Imputáveis e inimputáveis; Dupla natureza fenomênica do crime; Eliminação / substituição das PPL de curta duração Prevenção: ataca a ideia retributiva da pena, afirmando seu conteúdo preventivo (geral e especial – com mais destaque o segundo); Interesses individuais: protegido pelo Direito Penal (o CP é a Magna Charta do Delinquente); Interesses sociais: protegidos pela política criminal permanente conflito; Criminologia e penologia: estudo das causas dos delitos e estudo dos efeitos da pena; Método lógico abstrato x indutivo experimental: o primeiro com respeito ao dp e o segundo com relação às demais ciências criminais (criminologia); Imputáveis e inimputáveis: capacidade de determinação; Dupla natureza fenomênica do crime: é fato jurídico (vai interessar aqui o Direito Penal e o Processo Penal), mas é também fato humano social (interesse à criminologia, política criminal, sociologia); Eliminação / substituição das PPL de curta duração: inicia a busca por alternativas à pena de prisão; 19 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.7 ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA Arturo Rocco; Utilização exclusiva do direito: método lógico abstrato; Características: Crime: relação jurídica; Pena: reação e consequência do crime; Medida de segurança: aplicável aos inimputáveis; Responsabilidade moral: vontade do agente; Método técnico jurídico | Recusa da filosofia no DP; 20 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.8 ESCOLA CORRECIONALISTA Dorado Montero; Correção do delinquente Caso concreto – homem real; Doutrina cristã; Precisa ser ensinado a viver por preceitos morais; Pena é um bem; 21 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.9 DEFESA SOCIAL Fílippo Gramatica: substituição do direito penal por um direito de defesa social, adaptando o indivíduo à ordem social; Postura frente ao delinquente: Filosofia humanista: reação social como forma de proteção do ser humano e garantia; Análise crítica do sistema: inclusive contenção; Interdisciplinaridade: contribuição as ciências humanas; 22 4 EVOLUÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO DIREITO ... 4.10 CRISE DO PENSAMENTO POSITIVISTA Visão formalista/simplista e causal do DP; Fundamentado no método indutivo; Método das disciplinas experimentais; Inaplicável – circunstancialidade da norma; Hoje: interdisciplinaridade; 23 MUITO OBRIGADO! image1.jpg image2.jpg image3.png image4.jpg image5.png image6.png image7.jpg image8.jpg image9.jpg image10.jpg image11.jpg image12.jpg image13.jpg image14.png image15.jpg image16.png image17.jpg image18.jpg image19.jpg image20.jpg