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Ana Victória Ribeiro – M7 PARTOGRAMA INTRODUÇÃO Durante o trabalho de parto, a identificação da variedade de posição é feita pelo toque vaginal, que também estabelece a altura da apresentação. No início do trabalho de parto (ou alguns dias antes) o feto se encaixa na bacia quando a maior circunferência da apresentação fetal chega na área do estreito superior. A maior circunferência nas apresentações cefálicas é o diâmetro biparietal; já nas apresentações pélvicas, é a distância bitrocanteriana. A determinação da altura é feita, na maior parte das vezes, pelos critérios de DeLee. O plano 0 é o diâmetro da biespinha ciática, que é o plano de referência para os demais. O plano -1 consiste na apresentação 1 cm acima do plano 0; 2 cm acima compreende o plano -2, e assim sucessivamente, até o plano -5. Já o plano 1 é alcançado quando a apresentação ultrapassar 1 cm do plano 0; 2 cm abaixo, encontra-se o plano 2, e assim sucessivamente, até o plano 5. MECANISMO DO PARTO O mecanismo do parto se refere às fases do parto, assim como os movimentos do feto durante a passagem pelo canal de parto. Dessa forma, é possível dividi-lo em tempos: Insinuação Descida Rotação interna Insinuação das espáduas Desprendimento Rotação externa Rotação das espáduas e desprendimento das espáduas INSINUAÇÃO Esse período indica a passagem do maior diâmetro cefálico pelo estreito superior da bacia materna (plano 0 de de Lee). Nas primigestas, a insinuação geralmente inicia 15 dias antes do parto, já nas multíparas, isso pode ocorrer a qualquer momento. Nesse período, ocorre a redução dos diâmetros fetais, por exemplo, no caso da apresentação cefálica consiste na flexão (mais comum) ou na deflexão da cabeça. Além disso, há movimentos de flexão lateral, pois um dos ossos parietais atravessa o estreito superior primeiro, movimento chamado de assinclitismo. ASSINCLITISMO OU SINCLITISMO: POLO CEFÁLICO COM FLEXÃO LATERAL Assinclitismo posterior Linha sagital se aproxima do púbis Assinclitismo anterior Linha sagital se aproxima do sacro Sinclitismo Linha sagital fica equidistante do púbis e sacro Ana Victória Ribeiro – M7 DESCIDA É a passagem do polo fetal do estreito superior da bacia materna para o estreito inferior da bacia materna, o que ocorre com movimentos rotacionais. ROTAÇÃO INTERNA Tem o objetivo de coincidir o maior diâmetro do polo cefálico com o maior diâmetro da bacia materna, ou seja, fazer com que o polo cefálico se alinhe ao púbis. O grau de rotação interna varia de acordo com a posição fetal. Isto é, nas variedades anteriores, há rotação de 45°; nas transversais, de 90°; e nas posteriores, de 135°. a)posterior, b)anterior, c)transversa, d)occiptopúbica INSINUAÇÃO DAS ESPÁDUAS Esse fenômeno ocorre simultaneamente à progressão do canal do parto. O diâmetro biacromial mede 12 cm, o que seria incompatível com os diâmetros do estreito superior, porém, no período da descida os ombros se aconchegam, moldando-se conforme o diâmetro da bacia. DESPRENDIMENTO Consiste no processo de saída do polo cefálico do canal do parto. Rotação interna e, posteriormente, desprendimento. ROTAÇÃO EXTERNA Também chamada de restituição, a rotação externa da cabeça, consiste em um novo movimento após o desprendimento total da cabeça fetal, voltando para a sua posição original na bacia. ROTAÇÃO DAS ESPÁDUAS Ana Victória Ribeiro – M7 O diâmetro biacromial permanece em posição oblíqua ou transversa desde sua passagem pelo estreito superior, ao chegar no assoalho pélvico, há rotação das espáduas para que o diâmetro biacromial fique na direção anteroposterior da saída do canal. Assim, o ombro anterior fica sobre a arcada púbica e o posterior fica em contato com o cóccix materno. DESPRENDIMENTO DAS ESPÁDUAS Por fim, há o desprendimento das espáduas, no qual, primeiramente, a espádua anterior aparece no orifício vulvar, seguida pela liberação da espádua posterior. Com a saída das espáduas, há liberação de todo o tronco fetal. PARTOGRAMA É a representação gráfica do trabalho de parto, que permite acompanhar a evolução, documentar e diagnosticar alterações. Assim, torna-se possível a tomada de condutas para a correção adequada dos desvios, além de evitar intervenções desnecessárias. A curva de dilatação cervical se processa de forma ascendente, com menor velocidade de dilatação inicialmente. No final, após 4 cm de dilatação, a velocidade aumenta espontaneamente. Essa diferenciação na velocidade da cervicodilatação caracteriza a fase latente (inicial) e a fase ativa (final). Na fase latente do trabalho de parto, a conduta é expectante. Em muitas mulheres, a duração é superior a 20 h e os ocitócicos devem ser evitados pelo risco aumentado de cesárea, decorrente do colo desfavorável. No partograma utiliza-se um papel quadriculado., onde o eixo das abscissas (eixo X) representa o tempo em horas e as ordenadas (eixo Y), a dilatação cervical em centímetros, a dilatação cervical à esquerda e a descida da apresentação à direita. A dilatação é progressiva, representada por uma linha ascendente, inicialmente com menor velocidade. Para a descida da apresentação, considera-se o plano zero de DeLee ou o correspondente plano III de Hodge – espinhas ciáticas do estreito médio da bacia; acima desse ponto, estão os valores negativos e, abaixo, os positivos. Na construção do partograma colocam-se duas linhas paralelas, a linha de alerta e a de ação. Quando a dilatação atinge ou cruza a linha de alerta, há maior necessidade de observação clínica, sendo que, a intervenção médica deve ser feita quando a dilatação atingir a linha de ação, o que não significa intervenção cirúrgica. Para a construção do partograma, algumas observações são necessárias: No partograma, cada divisória corresponde a 1 h na abscissa (eixo X) e 1 cm de dilatação cervical e de descida da apresentação na ordenada (eixo Y); Inicia-se o registro gráfico quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto (2 a 3 contrações generalizadas em 10 min, dilatação cervical mínima de 3 a 4 cm). Ana Victória Ribeiro – M7 Valores médios normais em primíparas. De forma geral, o registro no partograma começa a ser feito quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto. Os toques vaginais são feitos a cada 2-4 horas e deve-se anotar a dilatação, altura da apresentação, variedade de posição e as condições da bolsa-das-águas e do líquido amniótico (quando a bolsa estiver rompida, por convenção, registra-se a dilatação cervical com um triângulo e a apresentação e a respectiva variedade de posição são representadas por uma circunferência). A dilatação cervical inicial é marcada no ponto correspondente do gráfico, traçando-se na hora imediatamente seguinte a linha de alerta e, em paralelo, 4 h após, sinala-se a linha de ação, desde que a parturiente esteja na fase ativa de parto (no mínimo, 1 cm/h de dilatação). Outro ponto importante é o preenchimento do padrão das contrações uterinas (frequência em 10 minutos e duração de cada uma), dos BCFs, da infusão de líquidos e/ou drogas, além do uso ou não da analgesia; e da realização de amniotomia. Ps.: Na evolução normal do trabalho de parto, a curva de dilatação cervical se processa à esquerda da linha de ação; quando essa curva ultrapassa a linha de ação, trata-se de parto disfuncional. As principais características do parto normal são: - Início espontâneo; - Apresentação cefálica de vértice, única - Gravidez a termo (37 a 42 semanas); - Nenhuma intervenção artificial; - Duração < 12 h em primíparas e < 8 h em multíparas. Ana Victória Ribeiro – M7 Ana Victória Ribeiro – M7 PARTOGRAMA DE ZHANG Foiconstruído para nulíparas. A duração cumulativa do parto desde a admissão até 10 cm de dilatação é mostrada por linhas em escada conectadas, representando o 95 porcentil. Cada dilatação específica na admissão (2, 3, 4, e 5 cm) apresenta a sua linha correspondente. Se a qualquer momento do 1 período a dilatação cruza para o lado direito do seu correspondente, o parto pode ser considerado como protraído. Esse, ao contrário do partograma clássico (OMS), mostra que a duração do parto antes de 6 cm de dilatação é muito mais longa; no entanto, por outro lado, muito mais curta que 4 h após 6 cm. Os 95 o porcentis para o 2 o período do parto, em nulíparas, com ou sem anestesia peridural, são, respectivamente, de 3,6 e 2,8 h. Conclui-se: deixar a mulher em trabalho de parto por período mais longo que o estabelecido antes de 6 cm de dilatação pode concorrer para diminuir a incidência de cesárea.