Buscar

Indução do Trabalho de Parto

Prévia do material em texto

Otávio Olivo – MEDICINA UNESC 
Criciúma - SC 
 
Resumo por Otávio Olivo 
INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO 
É a estimulação artificial da dinâmica uterina antes do início espontâneo do TP, com o objetivo de atingir o parto vaginal. 
• Indução é indicada quando os riscos maternos ou fetais de manter a gestação são superiores aos benefícios, na 
ausência de contraindicação ao parto vaginal. 
• Mundialmente, 20-30% dos partos são induzidos. 
• Indução é eletiva quando não for encontrada uma indicação médica. 
• Induções antes de 39ª semana deve ser desencorajada para redução da prematuridade tardia iatrogênica. 
• Indução determina RISCO AUMENTADO de HEMORRAGIA MATERNA INTENSA, sendo cesariana de urgência após 
indução de parto o fator de risco mais importante. Endometrite e Histerectomia também são associados. 
O parto pode ser menos eficiente, mais longo e mais doloroso que o parto espontâneo. Sendo necessário explicar à gestante 
candidata à indução como funciona o parto induzido. A gestante dará seu consentimento expresso em documento específico, 
lido em conjunto com o médico assistente ou plantonista. 
CONDIÇÕES PARA INDUÇÃO DO PARTO 
Todas as contraindicações ao parto via vaginal são contraindicações à indução do parto: 
• Duas ou mais cesarianas prévias (incisão transversa baixa) ou uma cesariana prévia (incisão corporal) 
• Incisão uterina transmural prévia (miomectomia) 
• Infecção herpética ativa 
• Placenta prévia ou vasa prévia 
• Prolapso de cordão 
• Situação fetal transversa 
• Carcinoma invasivo de colo uterino. 
• Monitorização anteparto categoria III. 
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FETAL 
• São realizados antes da indução  Cardiotocografia, perfil biofísico fetal, US, amniocentese para determinar 
maturidade pulmonar. 
PREDITORES 
Indução do parto na gestação a termo não aumenta índices de cesariana, podendo até reduzi-los, independentemente da 
condição do colo uterino (favorável ou não) 
• As condições do colo uterino são os preditores mais importantes de sucesso. 
• Amadurecimento do colo é um processo crítico para o desfecho da indução do parto. 
• ESCORE DE BISHOP é o mais utilizado – pontuando Dilatação, apagamento, consistência, posição, altura. Dilatação é 
o elemento mais importante do escore. 
o Escore >8  Colo uterino favorável, sendo a probabilidade do trabalho de parto vaginal a mesma no 
espontâneo quanto no induzido. 
o Escore <6  Colo não favorável, sendo a probabilidade para o parto vaginal menor para o parto induzido 
quando comparado ao parto espontâneo. 
TÉCNICAS DE AMADURECIMENTO CERVICAL 
• DESCOLAMENTO DIGITAL DE MEMBRANAS age pelo menos parcialmente, promovendo liberação intracervical de 
FOSFOLIPASE A2 e da PROSTAGLANDINA PGF2, estimulantes da atividade uterina. 
Técnica consiste na inserção do dedo do examinador pelo canal cervical, ultrapassando o orifício cervical interno, o mais alto 
possível, com rotação circunferencial para descolar as membranas do segmento uterino inferior. 
Otávio Olivo – MEDICINA UNESC 
Criciúma - SC 
 
• No caso de orifício cervical interno ou externo fechado – pode massagear o canal cervical ou a parte externa do colo 
com movimentos circulares. 
• Descolamento das membranas aumenta a probabilidade do parto espontâneo em 48 horas, evitando indução formal 
do parto. 
• Nas condições de escore <6  processo de amadurecimento deve ser iniciado antes da indução propriamente dita, 
para aumentar o sucesso. Aí existem os método mecânicos e farmacológicos. 
MÉTODOS MECÂNICOS 
São os mais antigos e incluem DILATADORES HIGROSCÓPIOS, DILATADORES OSMÓTICOS, SONDA DE FOLEY INTRACERVICAL E 
INFUSÃO SALINA EXTRA-AMNIÓTICA 
• Inserção do balão cervical é um dos mais comumente utilizados. 
Nas últimas décadas, os métodos mecânicos foram substituídos pelos farmacológicos, entretanto, a sonda de Foley possui 
vantagens quando comparada com os métodos farmacológicos – baixo custo, facilidade de conservação, reversibilidade, 
menor risco de taquissistolia, e menor risco de colaterais sistêmicos. 
• DESVANTAGENS DE FOLEY  Aumenta o risco de infecção materna e neonatal pela inserção de corpo estranho no 
colo uterino, desconforto materno, necessidade frequente de suplementar com ocitocina e indução do parto 
subsequentemente. 
MECANISMO DE AÇÃO DOS MÉTODOS MECÂNICOS  É provavelmente pela ação direta no colo uterino e pela liberação 
das prostaglandinas endógenas. 
Procedimento deve ser realizado com técnica asséptica, podendo ser sob visualização direta com colocação de espéculo ou 
sem visão direta, por palpação. Inclusive, colos com pouca dilatação permitem a passagem da sonda. 
• Sonda foley 16-18, que é introduzida no canal cervical com auxílio de pinça até ultrapassar o OCI, atingindo o espaço 
extra amniótico. 
• Balonete será inflado com 30-80ml de solução salina e então a sonda é tracionada contra o OCI. 
• Cateter deve permanecer no colo até sua expulsão espontânea ou por 12-24h, quando a infusão de ocitocina é 
iniciada. 
AMNIOTOMIA 
Ruptura intencional das membranas isoladamente – não sendo procedimento recomendado para indução do parto, uma vez 
que os riscos de infecção intrauterina aumentam quando a amniotomia é realizada antes do início do TP. 
MÉTODOS FARMACOLÓGICOS 
MISOPROSTOL – análogo sintético da PGE1, foi comercializado como medicamento para tratamento de lesões 
gastroduodenais induzidas por AINE. 
• Em 2001 – ANVISA licenciou esse medicamento para uso obstétrico exclusivamente em ambiente hospitalar. 
• Comprimido VIA VAGINAL, SUBLINGUAL OU ORAL que pode ser utilizado no amadurecimento cervical e indução do 
parto. 
• Pico de concentração plasmática é após 34 minutos, sendo o pico via vaginal um pouco mais demorado. 
Além do Misoprostol, pode ser utilizada a PGE2. 
OMS considera o Misoprostol Oral a cada 2 horas como a opção mais eficaz e segura comparado a via vaginal. Sendo método 
de escolha em mulheres com risco de infecção, como em casos de ruptura de membranas. 
Em mulheres com cesariana prévia, gestação a termo e colo desfavorável que desejam parto vaginal – Sonda Foley é mais 
indicada, sendo prostaglandinas desaconselhadas nessa situação. 
 
 
Otávio Olivo – MEDICINA UNESC 
Criciúma - SC 
 
OCITOCINA 
É um hormônio hipotalâmico e potente uterotônico, liberado pela neuro-hipófise de maneira pulsátil. 
• Induz produção de ácido araquidônico pela decídua, que se transforma em PGF2alfa, potencializadora do efeito 
contrátil da ocitocina. 
• MIOMÉTRIO começa a responder à ocitocina exógena ao redor das 20 semanas de gestação, com aumento gradativo 
até as 34 semanas, proporcionalmente ao aumento de receptores na decídua e miométrio. 
• Contrações do TP espontâneo não estão associadas às alterações na concentração plasmática de ocitocina. 
É administrada via parenteral, com concentração estável alcançada após 40 minutos do início da infusão ou alteração da dose 
• Infusão em bomba IV contínua permite controle mais preciso da dose. 
A dose de ocitocina é aumentada até que o trabalho de parto progrida normalmente ou que contrações fortes ocorram a 
cada 2-3 minutos e então é mantida ou descontinuada até o parto. 
• Não tem um consenso sobre parar com a ocitocina após atingir a fase ativa do TP. 
• Suspender não reduz a txa de cesariana, mas reduz incidência de taquissistolia e prolongou o tempo na fase ativa e no 
segundo período do parto. 
Lista de verificação como protocolo de segurança na indução do parto com ocitocina 
• Asculta dos BCFs 
• Avaliação da dinâmica uterina a cada 30 minutos 
TAQUISSISTOLIA – Aparecimento de contrações uterinas excessivas provocadas por uterotônicos – prostaglandinas ou 
ocitocina. 
• >5 contrações em 10 minutos durante 30 minutos, associadas ou não a presença de alterações na frequência 
cardíaca fetal. 
• Hipertônus  contração uterina sustentada por mais de 2 minutos, com ou sem alterações da FC Fetal. 
• MANEJO DA TAQUISSISTOLIA  Diminuição ou suspensão da infusão de ocitocina, o que causará rápido 
relaxamento uterino devidoà meia-vida curta do fármaco. 
o Se persistir, com alteração da FC Fetal, medidas de ressuscitação intrauterina (mudança para decúbito lateral 
esquerdo, hidratação, agentes tocolíticos) – devem ser iniciadas. 
RISCOS DA OCITOCINA  Intoxicação hídrica, hipotensão, hiperestimulação uterina, ruptura uterina, descolamento de 
placenta e possivelmente hiperbilirrubinemia neonatal. 
• Quando em altas doses, ocitocina apresenta efeitos vasodilatador e antidiurético – pela similaridade com a 
vasopressina. 
• Administração IV em bolus rápido  Hipotensão grave, hipoperfusão coronariana e parada cardíaca. 
• Embolia por líquido aminiótico também é um risco. 
• Duração da fase LATENTE do TP é aumentada na indução. 
No parto espontâneo, o TP atinge maior dilatação nas gestantes multíparas, enquanto no induzido, o tempo para atingir a 
dilatação é o mesmo.

Mais conteúdos dessa disciplina