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Estudo de Química Modelos atômicos e tabela periódica Objetivos: introdução a modelos atômicos, átomo de Hidrogênio segundo Schrödinger, átomos multieletrônicos e introdução a tabela periódica. Em 1924 E. Schrödinger aplicou uma nova teoria que estava trabalhando (a mecânica quântica) para o problema do átomo de hidrogênio definido por Bohr. Os valores de energia obtidos para a sua solução foram os mesmos obtidos por Bohr, mas, ao contrário de Bohr, Schrödinger não precisou realizar suposições difíceis de justificar como o porque o elétron simplesmente não cai no núcleo. Isto porque uma partícula eletricamente carregada e acelerada deve emitir radiação e perder energia (de acordo com as equações de Maxwell da eletrodinâmica). Adicionalmente, o modelo de Bohr não é capaz de explicar o espectro de emissão de outros átomos da tabela periódica contendo mais do que um elétron. Schrödinger A equação de Schrödinger é uma equação diferencial de segunda ordem na coordenada espacial, muito similar a conhecida equação que descreve o movimento de ondas (por ex. ondas sonoras, ondas em um meio como ondas na água). Entretanto no caso da equação de Schrödinger, a solução descreve o estado de partículas! Tipicamente, quanto menor a massa da partícula maior o seu caráter ondulatório. Esta relação já havia sido proposta por Luis de Broglie, que relaciona o momento linear (p=mv) de uma partícula com seu comprimento de onda característico e aparece naturalmente no formalismo de Schödinger (h é a constante de Planck 6.62607004 × 10-34 m2 kg s-1 ). As possíveis soluções da eq. de Schrödinger são discretas e caracterizadas por números que identificam as soluções (os números quânticos) e aparecem nas equações para a energia e momento angular do sistema. Portanto, a equação de Schrödinger produz soluções discretas e quantizadas! As suas funções soluções são conhecidas como funções de onda e caracterizam completamente o sistema descrito. Abaixo (figura 1) temos a equação de Schrödinger em uma dimensão (x), com ℏ sendo a constante de Planck dividida por 2π, m a massa, V(x) o potencial do sistema e E a energia total. As funções soluções são as funções de onda deste sistema. Uma diferença marcante produzida pela descrição dada pela equação de Schrödigner e pela Mecância Quântica é que não conseguimos determinar simultaneamente a posição e momento de uma partícula. Para elétrons, diz-se que não conseguimos determinar sua posição e velocidade ao mesmo tempo. Outra diferença marcante é que a o módulo ao quadrado da função de onda, e não a função de onda em si, define a distribuição de probabilidade de encontrar a partícula no espaço. No caso particular do átomo de hidrogênio, o módulo ao quadrado do orbital em que se encontra o elétron define a região no espaço onde podemos encontra-lo. A função de onda proveniente da equação de Schrödinger não define uma trajetória para o elétron, assim como as leis de newton definem trajetórias com posições definidas para partículas na mecânica newtoniana. Por este motivo, diz que a mecânica quântica tem uma natureza probabilística e não determinística como a mecânica newtoniana (também conhecida neste contexto como mecânica clássica, em oposição a mecânica quântica). Uma analogia muito usada para a interpretação probabilística da mecânica quântica para orbitais é que seu quadrado define uma nuvem eletrônica, ou seja, uma região no espaço onde conhecemos a probabilidade de encontrar o elétron. Quando organizamos os orbitais do átomo de hidrogênio para valores de n, l e ml distintos produzimos a tabela dada na figura 6. A incrível semelhança com a organização da tabela periódica não é coincidência! Como veremos em breve, a organização da tabela periódica esta intimamente ligada aos orbitais soluções do átomo de hidrogênio. Um elétron ocupando um certo orbital do átomo de hidrogênio com número quântico n possui uma energia dada pela equação de Bohr,ou seja, a energia de ligação do elétron ao átomo depende somente de * +,, do quadrado da carga nuclear Z e da constante de Rydberg RE. Para um átomo em particular, Z é constante, portanto a energia varia somente com a variação do número quântico principal n. Curiosamente, todos os orbitais de mesmo n, mas valores de l distintos possuem a mesma energia no átomo de hidrogênio. Átomos Multieletrônicos A função de onda para átomos multieletrônicos (com mais de um elétron) pode ser construída a partir dos orbitais do átomo de hidrogênio e algumas aproximações. Primeiramente se introduz uma dependência em l nos orbitais, em particular se postula uma ordem sequencial energética dada pela regra de Madelung. Segundo a regra de Madelung os orbitais seguem a seguinte ordem energética 1s < 2s < 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s < 4f < 5d < 6p < 5f < 6d. Note que introduzimos uma dependência em l na ordem energética dos orbitais! Em segundo lugar utiliza-se o princípio de Aufbau para gerar as configurações, ou distribuições eletrônicas. Segundo o princípio de Aufbau cada orbital é preenchido com até dois elétrons, partindo do energeticamente mais estável até o menos estável. Estas regras reproduzem as configurações eletrônicas de átomos neutros no estado de menor energia (conhecido como estado fundamental). Em alguns casos, onde há a possibilidade gerarmos orbitais semipreenchidos, utiliza-se a regra de Hund, ou regra da máxima multiplicidade. Utilizando os orbitais atômicos, a regra de Madelung e o princípio de Aufbau somos capazes de gerar a distribuição eletrônica de átomos neutros. Por exemplo, o carbono, silicio, nitrogênio, C: 1s2 2s2 2p2 N: 1s2 2s2 2p3 O: 1s2 2s2 2p4 Si: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p2 P: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3 Se: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 . fósforo, oxigênio e selênio possuem configurações eletrônica dadas abaixo. As configurações eletrônicas possuem uma notação nlx onde n refere-se ao número atômico principal, l ao número atômico secundário e seu expoente x ao número de elétrons naquele conjunto e orbitais. Lembrese que o número de orbitais para um dado l é 2l+1; para cada l temos ml variando de –l passando por 0 até l em números inteiros. Portanto, em cada subcamada l podemos colocar 2x(2l+1) elétrons. Conforme o número atômico Z aumenta, elétrons são adicionados aos orbitais, até o máximo de dois por orbital. Mais importante, vemos que elementos da mesma coluna (chamada de grupo) possuem elétrons mais externos, conhecidos por elétrons de valência, com configurações semelhantes. Por exemplo, o carbono e o silício possuem configurações de valência ns 2 np2 . Sabe-se que isto esta intimamente ligado a maneira similar com que estes elementos químicos se comportam. Os orbitais da camada de valência do átomo terão um papel central na formulação de teorias que descrevem ligações químicas. Veremos este tópico na próxima aula. Tabela Periódica A tabela periódica (figura 8) pode ser considerada com um dos maiores feitos da ciência química. Dmitri Ivanovich Mendeleev propôs em 1869 a organização dos elementos químicos em uma tabela na forma que conhecemos hoje. Ele organizou os elementos de acordo com a sua massa atômica e reconheceu o comportamento periódico de várias propriedades químicas dos elementos. Com isso, ele foi capaz de organizar resultados aparentemente desconexos e realizar previsões. Não muito depois, Gilbert N. Lewis propôs em 1901 que átomos vizinhos na tabela periódica diferem apenas por um elétron, abrindo caminho para a conexão com o modelo atômico do átomo. Note, no entanto, que isto foi feito antes da formulação de modelos quânticos para o átomo. Particularmente importante para o nosso contexto estão o comportamento periódico do potencial de ionização e da eletroafinidade. Define-se como potencial de ionização como a energia necessária para formar o íon positivo, enquanto que eletroafinidade é a energia liberada ao formar um íon negativo.