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AO JUÍZO DA ___ VARA DO TRABALHO DE PELOTAS /RS
MIGUEL ANTONIO DOS SANTOS, brasileiro, casado, desempregado, inscrito no CPF: sob nº XXX, RG: sob o nº XXX, CTPS nº XXX, serie: XXX PIS/PASEP: XXX, residente à XXX, nº XXX, bairro: XXX Pelotas/ RS, CEP: XXX.
AÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
AZ AUTOMÓVEIS S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o n° CNPJ: XXX, rua: XXX bairro: XXX endereço eletrônico: XXX, Pelotas/ RS, CEP: XXX.
I-DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 
Requer a concessão da assistência judiciária gratuita ao reclamante, nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV da CF, e nos termos do artigo 4º da Lei nº 1.060/50 e 7.510/86, por ser pobre no sentido da Lei, não podendo dispor de recursos para demandar sem prejuízo do sustento próprio e da família.
II-DOS FATOS E DIREITOS
O reclamante recentemente ficou desempregado. A condição financeira dele é bastante precária, haja vista que auferia mensalmente a quantia bruta de R$ 2.000,00 (dois mil reais), quantia esta que era insuficiente para manter sua família, composta por três filhos. Por sorte sua esposa ainda mantém emprego, conseguindo contribuir para o sustento de todos. Miguel Antônio dos Santos, residente e domiciliado na cidade de Pelotas/RS, foi contratado em 01/12/2017 pela AZ Automóveis S/A, para realizar as funções de operador de produção. Cotidianamente Miguel realizava atividade inerentes à montagem de veículos, mais especificamente relacionadas à instalação do sistema de multimídia dos veículos produzidos pela empresa.
 Exercia suas atividades no período noturno, iniciando as atividades às 00:00 horas e encerrando-as às 06:00 horas. Seu empregador cumpria, rigorosamente, a legislação trabalhista no que tange à observância da hora noturna reduzida, assim como no que diz respeito ao pagamento do adicional noturno. Afirma que a mencionada redução era cumprida e o referido adicional também era pago no período compreendido entre 05:00 horas e 06:00 horas, conforme preconiza a Súmula n. 60, do Tribunal Superior do Trabalho.
 Ia ao trabalho de veículo próprio, uma motocicleta novinha, pois o local da empresa era afastado do centro da cidade de Pelotas, de difícil acesso. Aduz que se fosse por meio de transporte público teria que tomar o ônibus de 21:30 horas, que chegava ao estabelecimento comercial da empresa AZ Automóveis por volta de 22:00 horas. Após este horário somente havia ônibus às 04:30 horas, o que, obviamente era incompatível com seu turno de trabalho. Indo de moto para o trabalho Miguel gastava cerca de 20 minutos para ir e tempo similar para retornar à sua casa. Por fim, esclarece que a empresa não disponibilizava qualquer meio de transporte.
 Foi comunicado da sua dispensa em 21/01/2019, tendo recebido o aviso prévio indenizado. O pagamento das verbas rescisórias foi feito em 23/01/2019, mediante depósito em sua conta bancária. Os documentos necessários para o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e para o recebimento do seguro desemprego foram entregues na mesma data.
No dia 16/11/2018 sofreu acidente de trânsito quando se deslocava para o trabalho. Assevera que sua moto foi abalroada por um veículo quando atravessava cruzamento situado há três quarteirões do seu local de trabalho, cruzamento este que era entre a rodovia pela qual trafegava e a rua de acesso ao bairro onde fica o estabelecimento comercial. Exibe Boletim de Ocorrência em que consta que o evento danoso ocorreu por volta de 23:50 horas, do mencionado dia. No documento consta que a causa do acidente foi à violação de sinal vermelho por parte do condutor do veículo que atingiu o reclamante. Nele há, ainda, informação de que o motorista causador do acidente havia ingerido bebida alcoólica em limite bastante superior ao legalmente permitido.
 Do acidente sofreu fratura na perna direita em razão do acidente em questão, tendo ficado afastado de suas atividades laborativas até o dia 02/01/2019, isto é, retornou ao trabalho em 03/01/2019. Miguel teve que passar por cirurgia, o que justifica o período de afastamento e o recebimento de auxílio acidente por parte do INSS. Em que pese o procedimento cirúrgico, Miguel não ficou com nenhuma sequela ou cicatriz decorrente do acidente de trânsito. Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) lavrada pela empresa, o Boletim de Ocorrência e o Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT). Neste último extrai-se que a empresa AZ Automóveis S/A está inscrita no CNPJ, e tem endereço na cidade de Pelotas/RS.
Acidente é o acontecimento que determina, fortuitamente, dano que poderá ser à coisa material, ou pessoa.
Acidente do trabalho por definição legal é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal a perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
O reclamante, em razão do exercício de seu labor a serviço da empresa e da incúria da reclamada quanto à prevenção de acidentes desta natureza, foi vitima de acidente de trabalho, que lhe causou a total incapacidade para o exercício de seu oficio. 
A) ACIDENTE DE TRAJETO- RESPONSABILIDADE CIVIL
A lei nº 8.213/1191 conceitua o acidente de trabalho em seu artigo 19 como o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Trataremos especificamente do denominado “acidente de trajeto” ou “acidente in itinere” que é tratado pelo artigo 21, inciso IV, alínea d da mencionada lei.
O artigo 21 da supracitada lei equipara ao acidente profissional em seu inciso IV, alínea d, o acidente ocorrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veiculo de propriedade do segurado (destaca-se).
Segue jurisprudência sobre o mencionado: 
ACIDENTE DO TRABALHO, PERCURSO LOCAL DE TRABALHO. RESIDÊNCIA. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. O acidente de trajeto equipara-se ao acidente do trabalho para fins previdenciários, nos termos do artigo 21, inciso IV, d, da Lei n. 8213/91. Entretanto, para que o acidente de percurso seja caracterizada como acidente do trabalho, mister se faz que do acidente resultem lesões no empregado de intensidade tal que o deixe incapacitado, ainda que temporariamente, para o exercício de sua atividade laborativa. É o que se infere da definição conferida pelo texto legal ao acidente do trabalho, como sendo aquele que “ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 dessa Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanentemente ou temporária, da capacidade para o trabalho.” (art.19, da Lei nº8. 213/91)... (TRT 3ª R.; RO 327/2010-003-03-00.4; Quarta Turma; Rel. Des. Júlio Bernardo do Carmo; DJEMG. 
B) DANOS MORAIS
Diante dos fatos acima relatados, mostra-se patente a configuração dos danos morais sofridos pelo reclamante. A moral é reconhecida como bem jurídico de acordo com o artigo 5º, inciso V e X, da Constituição Federal in verbis: 
Art.5º inciso V, é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Art.5º inciso X, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
A expressão dano moral, nos dizeres de Orlando Gomes, deve ser reservada, exclusivamente, para designar o agravo que não produz qualquer efeito patrimonial, pois o dano moral quando atinge os direitos da personalidade.
A reparação do dano moral, por sua vez, surge como forma protetiva dos direitos da personalidade. Neste aspecto, verifica-se que a reparação por dano moral será duas facetas: a reparação pode ser compensatória para a vitima do dano, e ainda, punitiva para o ofensor, causador do dano.
Sendo certo que tal fato não podeser enquadrado no que a doutrina classifica como mero aborrecimento, uma vez que ocasionou danos ao reclamante que devem ser reparados.
Com fulcro no artigo 927 § único do Código civil de 2002 estabelece o seguinte;
Art.927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de repara o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 223- G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerá:
Parágrafo 1º Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação:
C) ACIDENTE DE TRAJETO – ESTABILIDADE EMPREGO
A Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, em seu artigo 118 estabelece que:
Art.118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
Conforme alhures mencionado o reclamante gozou de auxílio doença acidentário (B-91) por um período de 48 (quarenta e oito) dias cessando esta apenas na data de 02/01/2019, de modo que a legislação que trata do tema em seu artigo 118 acima transcrito garante ao reclamante a manutenção de seu contrato de trabalho por um período de 12 (doze) meses após a cessação daquele beneficio, deste modo teria a reclamada que manter em seus quadros o reclamante ate a data de 02/01/2020, ao contrario do que preceitua a lei a reclamada o dispensou sem justa causa.
Rica é a lição que nos traz Ricardo Resende em sua obra de direito do trabalho a respeito do tema vejamos:
“O empregado que sofre acidente de trabalho ou é acometido por doença profissional encontra-se em difícil situação, pois, até seu completo restabelecimento, dificilmente conseguirá novo emprego. Exatamente por isso, a lei garante o emprego ao trabalhador, nesta circunstancia, ate um ano após a cessação do auxílio-doença acidentário.”
Neste sentido trazemos a baila a sumula 378 do TST
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. (inserido item III)- Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25,26 e 27.09.2012
I- E constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12(doze) meses após a cessação do auxilio- doença ao empregado acidentado. (ex- OJ nº 105 da SBDI-1- inserida em 01.10.1997)
II- São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte- ex – OJ nº 230 da SBDI-1 – inserida em 20.06.2001) 
III- O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91.
 A referida sumula acima transcrita, além de ratificar a constitucionalidade do artigo 118 da lei 8.213/91 ainda nos traz dois pressupostos para concessão da estabilidade provisória, sendo eles: o afastamento do operador de produção por um período superior a 15 (quinze) dias e percepção de auxílio-doença acidentário (B-91). 
No caso em tela o reclamante satisfez os dois critérios para concessão da estabilidade, posto que este ficou afastado dos seus labores por um período de 48 (quarenta e oito) dias, no qual gozava de auxílio-doença acidentário (B-91), conforme comprovado por carta de concessão e prorrogação do referido auxilio.
Sendo assim, faz jus o reclamante a ser reintegrado junto à reclamada, conforme determina a lei 8.213/91 em seu artigo 118, com todas as garantias salariais a que teria antes da demissão.
Caso Vossa Excelência entenda inconveniência da reintegração pleiteada, o reclamante fará jus então à indenização pelo período de estabilidade provisória. 
III-DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, pede-se, digne Vossa Excelência:
a) citação da reclamada;
b) condenação ao pagamento por danos morais 5.000,00 (cinco mil reais);
c) a reintegração ou sucessivamente a indenização substitutiva;
d) honorários advocatícios 10%.
e) gratuidade judiciária;
f) protesta provar o alegado por todos os meios de provas cabíveis, inclusive, documentais, testemunhais, que comparecerá independente de intimação se necessário for, além de pericia e demais permitidas em direito. 
Dá-se a causa no valor R$ (5.500,00) cinco mil e quinhentos reais para efeitos fiscais. 
Nestes termos,
Pede deferimento.
Pelotas ___de _____________de 2019.
Advogado
OAB: XXX

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