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Neuropatologia Genialidades Incidência anual média: 10-17 casos/100.000 (intracraniana) e 1-2/100.000 (intraespinais) 3/4 são primárias e o restante representa metástases. Alta incidência em crianças - 20% dos tumores pediátricos. Diferenças epidemiológicas e anatômicas - crianças - afetam a fossa posterior, cerebelo, tronco encefálico e IV ventrículo. - adultos jovens - cerebelo, tronco encefálico, hipotálamo, lobos temporais. - adultos - tendem a ser supratentoriais, afetando a linha média e região periventricular. Apresentação clinica variável Efeito de massa, hemorragia, edema, hipertensão intracraniana, herniação, perda de função neuronal, convulsões e anormalidades endócrinas. Características únicas das neoplasias de SNC Não se associam com lesões potencialmente malignas ou in situ. Mesmo lesões de baixo grau podem infiltrar grandes regiões e levar a déficits clínicos graves. A localização anatômica da neoplasia pode influenciar o prognóstico independente do diagnóstico histológico. Neoplasias malignas raramente metastatizam para fora do SNC, mas podem fazer disseminação liquórico pelo espaço subaracnóideo. *quanto mais vascularizada, mais agressiva. Histogênese Neoplasias Gliais (glioma) Astrocitomia, oligodendroglioma, ependiomoma. + comum de tumores encefálicos primários Neoplasias neuronais Ganglioglioma, neurocitoma central. Tumores embrionários Meduloblastoma Outros Meningioma. Graduação histológica Agrupa a neoplasias de SNC em 4 graus* e é baseada em critérios morfológicos estabelecidos pela OMS Celularidade, atividade mitótico, pleomorfismo celular, necrose e neoangiogênese. Marcadores moleculares (astrocitomas e glioblastomas com e sem mutação dos genes IDH1 e IDH2. - grau I > 10 anos de sobrevivência - grau II - 5-10 anos de sobrevivência - grau III - 3-5 anos de sobrevivência - grau IV < de 3 anos de sobrevivência *poucas lesões podem ser enquadrado nos 4 graus (astrocitomas graus I-IV; oligodendroglioma graus I-II; glioblastoma apenas grau IV). *astrocitomas podem mudar por isocitratodesidrogenase terá resposta ao tratamento; caso faça necrose, pode ficar histologicamente e biologicamente mais maligna. Neoplasias de mutação de genes IDH1 e IDH2 serão mais fáceis de tratar Neoplasias do SNC 12.11.2020 Prof.Bruno Tavares Alguns tumores gliais com características histológicas benignas (baixa taxa de mitose, uniformidade celular e crescimento lento), podem se infiltrar em extensas regiões do encéfalo, levar a graves déficits clínicos e ter um mau prognóstico. Em função de seu comportamento infiltrativo, normalmente não é factível a retirada cirúrgica completa de neoplasias gliais sem o comprometimento das funções neurológicas. / Há astrocitos que abraçam os vasos sanguíneos; núcleos pequenos e matriz fibrilar (células neoplasias com numerosos prolongamentos) = astrocitoma Reparo tecidual são realizada pelos astrocitos genistocitos que produzem proteínas, formando uma gliose. Organizam a cicatrização. Como não tem no SNC, não faz fibrose lá. Grau II, fibrilar e gemitocitico Astrocitomas Grupo de neoplasias primárias com diferenciação em astrocitos. - representam o glioma mais comum em adultos e crianças; - três tipos principais: difuso (grau II/IV), pilocítico (grau I/IV) e glioblastoma multiforme. Astrocitoma difuso: predomina em adultos. Afeta principalmente a substância branca dos hemisférios com envolvimento variável do córtex (qualquer região cerebral pode ser acometida, com exceção do cerebelo - raríssimo). Sinais e sintomas pouco específicos, dependendo da região afetada - convulsões, cefaleia, déficits neurológicos focais. Tumor infiltrativo pouco definido, acinzentado que se expande e distorce o encéfalo invadido. Astrocitoma pilocítico: ocorre nas duas primeiras décadas de vida (75% antes dos 20 anos). Glioma mais comum em crianças. Localizações mais comuns são cerebelo e nervo óptico (este último associado com neurofibromatose tipo 1). Sinais e sintomas: ataxia central ou apendicular, hipertensão intracraniana por obstrução do IV ventrículo. Glioblastoma multiforme: variante de alto grau de malignidade (sempre grau IV da OMS). Localizado e incidência etária semelhantes às do astrocitoma difuso (hemisférios cerebrais de adultos). Pode se originar a partir de um astrocitoma difuso (GBM secundário). Algumas áreas são firmes e brancas, outras são amolecidas e amareladas devido à necrose, e ainda outras mostram regiões de degeneração cística e a hemorrágica. A proliferação de células vasculares é caracterizado por tufos de células empilhadas que causam uma protuberância para dentro do lúmen. O VEGF, produzido por astrocitos malignos em resposta à hipóxia contribui para esta alteração vascular característica. Patogênese: alterações nas vias p53, Rb e ganho de função na via PI3K. Tanto o astrocitoma difuso quando o glioblastoma multiforme podem apresentar mutações nos genes da enzima isocitrato desidrogenase - IDH1 e IDH2. Os tumores que apresentam mutáveis sai mais sensíveis à quimioterapia e radioterapia. A pesquisa de mutação faz parte obrigatória do estadiamento dessas neoplasias. Tratamento: ressecção cirúrgica. RT e QT para neoplasias II-IV graus. *Células do astrocitoma apresentam poucos prolongamentos, abrindo espações pseudocisticos - áreas de diferenciação protoplasmaticas. Oligodendroglioma Neoplasia primária com diferenciação em oligodendrócitos. - Corresponde a 5-15% dos gliomas. Frequentemente diagnosticados entre a quarta e quinta década de vida. - queixas neurológicas, incluindo frequentemente crises convulsivas. - Afeta principalmente os hemisférios cerebrais, particularmente os lobos frontal e temporal. - Patogênese: deleções nos cromossômica 1p e 19q, que ocorrem tipicamente juntas e estão associadas à boa respostas terapêutica. Mutações nos genes IDH1 e IDH2 (90% dis casos). - O prognóstico é mais favorável que o do astrocitoma difuso, com sobrevida média de 20 anos após tratamento com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. - Pode haver progressão para a forma anaplásica (grau III da OMS). Ependimoma Neoplasia com diferenciação em células epindimárias que revestem o sistema ventricular. - Ocorrem tipicamente no IV ventrículo nas duas primeiras décadas de vida, representando 5-10% dos tumores cerebrais pediátricos. Em adultos podem afetar a medula espinal em indivíduos portadores de neurofibromatose tipo 2. - Características clínicas: lesões de fossa posterior podem ser manifestar por hidrocefalia secundária à obstrução ventricular. Pode ocorrer disseminação pelo líquido cerebroespinhal. Sobrevida em 5 anos de 50% em casos de fossa posterior. - Patogênese: mutações nos genes TP53 e NF2. Potencial para hidrocefalia, devido a obstrução ventricular ou produzir muitos volumes de liquor Neoplasias Neuronais Grupo de neoplasias com diferenciação neuronal. - São muito menos comuns que os tumores gliais. - Afetam pacientes jovens e a principal manifestação clínica geralmente associada é convulsões. Ganglioglioma: tumor neuronal mais comum, composto por uma mistura de neurônios e células gliais. Lesões superficiais em lobo temporal associadas à convulsões. Crescimento lento, mas o componente glial pode sofrer transformações para o alto grau. Cerca de 20% estão associados com mutação de BRAF e apresentam prognóstico reservado. Neurocitoma central: neoplasia de baixo grau (grau II da OMS) que afeta geralmente os ventrículos laterais ou III ventrículo. Meduloblastoma Neoplasia maligna embrionária primária do SNC. - Ocorre predominantemente em crianças, exclusivamente no cérebro. - Representa cerca de 20% dos tumores cerebrais pediátricos. - Clínica: neoplasia de alto grau (grau IV da OMS), com prognóstico reservado. No entanto, é radiossensível e, se complemente removido cirurgicamente, a taxa de sobrevida em 5 anos pode chegar a 75%. - Patogênese: alterações em vias de sinalizaçãoassociadas à formação embrionária do cerebelo, incluindo a via Wnt/Beta-catenina. É classificado em 4 subtipos com base em alterações moleculares: - Tipo Wnt: crianças mais velhas, histologia clássica é melhor prognóstico - 90% de sobrevida em 5 anos. - Tipo SHH: crianças mais novas, histologia nodular desmoplásica e prognóstico intermediária. Amplificação de MYCN. - Grupo 3: amplificação de MYC, ocorre em bebês e crianças, histologia de grandes células e prognóstico pobre. - Grupo 4: alteração no cromossomo 17q, sem amplificação de MYC (MYCN pode estar amplificado) e prognóstico pobre. Desmoplasia - excessiva produção de tecido conjuntivo Linfomas Cerebrais Primário Neoplasias linfoide que acometem primariamente o SNC. - 2% das neoplasias cerebrais. - Afetam preferencialmente pacientes imunossuprimidos. - Linfoma primários do SNC: multifocal no parênquima cerebral com envolvimento raro de linfonodos e medula óssea. - A maioria dos casos é de linhagem B. - Patogênese: associação com EBV em contexto de imunossupressão. - Linfoma Intravascular: tipo celular de linfoma que se desenvolve no interior de pequenos vasos sanguíneos e que pode afetar o cérebro. Não se apresenta como uma massa neoplásico, mas sim sob a forma de múltiplos infartos secundários à obstrução neoplasias. Meningioma Tumor que se origina das células meningoteliais da aracnoide. Afeta geralmente a superfície interna da dura máter. - Na maioria dos casos são benignos (grau I da OMS), mas eventualmente podem ser atípicos (grau II) ou anaplásicos (grau III). - 25-20% dos tumores intracranianos, afetando pacientes entre a sexta e sétima décadas de vida. Há discreta predileç ão por pacientes do sexo feminino. - Ocorre preferencialmente na concavidade cerebral, associados à dura-máter e aos seios venosos. Outras localizações incluem as goteiras dos nervos olfatórios, asas do esfenoide, regiões para e supraselar e forame magno. - Patogênese: perdas no cromossomo 22q. Mutações no gene NF2, mesmo em casos esporádicos. Metástases Cerebrais Podem representar entre 1⁄4 - 1⁄2 dos tumores cerebrais. - Mais frequentes: pulmão, mama, melanoma, rins e TGI (80% dos casos). - Se única e tratada, boa sobrevida. Podem ser múltiplas. Se compressivas ou hemorrágicas, potencial emergência clínica. Desafio Diagnóstico - ID: homem, 28 anos, solteiro, desempregado, natural e procedente de São Paulo. - QD: "dormência e perda de força" em mão esquerda há cerca de 3 dias. - HMA: refere paresia e parestesia restritas à mão esquerda há aproximadamente 3 dias. Nega queixas esfinctéricas ou cognitivas. - Antecedentes pessoais e familiares: nada digno de nota. Hábitos e vícios: uso de cocaína 2-3 vezes/mês. Tabagismo há 12 anos (1-2 maços/dia). - Submetido à ressonância nuclear magnética, que evidenciou lesões incaracterísticas em hemisfério cerebral direito, em região córtico- subcortical, situadas nos giros frontal superior, pré-central, central, pós-central, lóbulos parietais superior e inferior, pré-cúneo, giros temporais superior e médio. Submetido à biópsia cerebral estereotáxica para elucidação diagnóstica. Questionário 1. Descreva as alterações patológicas vistas no tecido cerebral representado má biópsia. 2. Forneça um diagnóstico. 3. Explique ou esquematize brevemente a fisiopatológico da lesão diagnóstica.