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O contrato é um ato jurídico bilateral, ou seja, um acordo de vontade entre as partes que convergem seus interesses com o intuito de criar, modificar, ou extinguir direitos, baseados em um prestação e uma contraprestação que, via de regra, possui cunho patrimonial.
O código civil de 2002 destaca de em situações de normalidade, os contratos devem ser cumpridos na sua integralidade em obediência a um dos princípios mais importantes da seara civilista, o princípio do pacta sunt sevanda. Esse princípio tem o viés de proporcionar a segurança jurídica, determinando que as obrigações instituídas pela autonomia das partes sejam obedecidas, cumpridas. 
No entanto, as relações contratuais não são regidas unicamente por aquele princípio, mas também leva em consideração princípios como o da função social do contrato, da probidade e da boa-fé objetiva. São esses que trazem à baila a relativização daquele princípio.
Essa possibilidade que traz o CC/02 busca o equilibro contratual, não deixando margem para que o contrato resulte em onerosidade desproporcional a uma das partes. É mister dizer que o princípio do pacta sant servanda foi mitigado pelo rebus sic stantibus, ou melhor dizendo, enquanto as coisas assim estiverem ou teoria da imprevisão. 
Essa teoria é basicamente, a possibilidade de rediscutir a relação contratual em virtude de acontecimentos imprevisíveis, extraordinários, que resulta em uma obrigação, excessivamente onerosa a uma das partes, enquanto que a outra pode valer-se de ganhos excessivos. 
Sendo assim, resta claro que a pandemia da Covid-19 é uma situação imprevisível, extraordinária e alheia às vontades das partes. Nessa senda, os contratos podem ser revisados com base na teoria da imprevisão. 
A teoria da imprevisão fundamenta-se na modificação das condições inicialmente acordadas, que causam um desequilíbrio das obrigações pactuadas entre as partes no decorrer da relação contratual que, anteriormente, não eram possíveis de serem previsíveis, por serem alheias ao negócio jurídico acordado. Portanto, uma exceção à regra ao princípio do pacta sunt servanda, essa relativização baseia-se ao princípio do rebus sic stantibus, que quer dizer, enquanto as coisas assim estiverem.
Essa relativização que traz o CC/02 busca o equilibro contratual, não deixando margem para que o contrato resulte em onerosidade desproporcional a uma das partes, proveniente de um evento imprevisível, extraordinário e posterior à celebração da relação contratual. 
A doutrina entende que evento imprevisível são acontecimentos estranhos, independentes da vontade das partes, que elas não podem prever e que de tal forma alteram as circunstâncias que, na execução, o contrato deixa de corresponder, não só à vontade dos contratantes, como à natureza objetiva dele.
Fica patente que a pandemia do novo corona vírus se enquadra ao conceito de evento imprevisível, extraordinário à relação contratual. Sendo assim, os contratos anteriores à covid-19 podem ser revisados com base na teoria da imprevisão, zelando pela equidade contratual.
A resolução ou a revisão do contrato com base na teoria da imprevisão, de acordo com o Código Civil, é aplicável quando acontecimentos extraordinários e imprevisíveis tomam tamanha proporção a ponto de gerar desequilíbrio contratual. Isso ocorre nos casos em que uma das partes é excessivamente onerada em relação à outra.
O código civil de 2002 destaca de em situações de normalidade, os contratos devem ser cumpridos na sua integralidade em obediência a um dos princípios mais importantes da seara civilista, o princípio do pacta sunt sevanda. Esse princípio tem o viés de proporcionar a segurança jurídica, determinando que as obrigações instituídas pela autonomia das partes sejam obedecidas, cumpridas. 
No entanto, existe a possibilidade do contrato ser revisado em casos que circunstâncias supervenientes advenham sobre o negócio jurídico e provoque desequilíbrio na relação contratual, trazendo onerosidade excessiva à um dos contraentes. 
A teoria da imprevisão decorre da constatação de que o contrato, celebrado para ser respeitado e cumprido, segundo as mesmas condições existentes no momento da celebração, pode ser alterado, excepcionalmente, se ocorrerem fatos supervenientes imprevisíveis que estabeleçam o desequilíbrio entre as partes, onerando sobremaneira uma delas, com proveito indevido da outra. Nesta hipótese, incide a cláusula rebus sic stantibus, mediante a qual se retorna ao estado de equilíbrio anterior, afastando- se qualquer hipótese de supremacia e de vantagem indevida de uma das partes, em desfavor da outra que ficaria prejudicada.
Nessa senda, existe a possibilidade de revisão contratual diante da pandemia da Covid-19, tendo em vista que se trata de um evento superveniente, imprevisível, extraordinário e alheio às vontades das partes do negócio jurídico.

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