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0 Faculdade Comunitária de João Monlevade ELAINE APARECIDA DOS SANTOS VIOLÊNCIA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO: Um desafio para as Redes de Ensino João Monlevade 2013 1 ELAINE APARECIDA DOS SANTOS VIOLÊNCIA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO: Um desafio para as Redes de Ensino Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Curso de Pedagogia da Rede Doctum do Instituto de Ensino Superior de João Monlevade como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogia. Professor Orientador: Silvania Passos Schitine João Monlevade 2013 2 ELAINE APARECIDA DOS SANTOS VIOLÊNCIA ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO: Um desafio para as Redes de Ensino Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado, como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogia da Rede Doctum, no Instituto de Ensino Superior de João Monlevade, em 2013. Valor total:________________________ João Monlevade, 18 de Novembro de 2013. Silvania Passos Schitine Orientador Prof.ª Eliane Aparecida de Souza Coordenadora de TCC COMISSÃO AVALIADORA ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 3 Dedico este trabalho aos meus pais pelo exemplo de coragem e persistência em suas metas. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente, ao Senhor Jesus, autor e consumador da Fé. Pela fé que alcançamos aquilo que esperamos. A esperança que não se vê, mas temos a certeza, pela fé, o que almejamos, certamente alcançaremos, pois Deus que permitiu que isso acontecesse ao longo do tempo. Fé, esperança, coragem, força para continuar lutando, e, finalmente, chegamos ao término deste trabalho muito importante para nossa jornada. A concretização deste sonho, a conclusão do Curso de Pedagogia. A minha orientadora Silvania Passos Schitine, pelo suporte, no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. Agradeço a minha equipe de enfermagem do PA (Pronto Atendimento) que, muitas vezes, contribuiu para a realização do meu curso, compreendendo quando que eu tinha que sair mais cedo para ir para a faculdade, e os colegas foram sempre muito colaborativos. Valeu galera! Obrigada sempre! Deus abençoe a todos vocês. Ao meu irmão Emerson, e minha cunhada Míriam pelo incentivo e força para finalização do curso. A todos os professores do curso de pedagogia, pelos ensinamentos, dedicação aos colegas, a experiência desses mestres que transmitiram seus conhecimentos para que eu pudesse chegar ao final do curso trazendo lembranças e uma bagagem rica de conhecimentos. Agradeço a todos que direta e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu: muito obrigada! 5 “A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”. (Jean-Paul Sartre) 6 RESUMO Violência escolar é um dos temas mais discutidos na mídia. Violência que saiu das ruas para a sala de aula. Acontece a todo o momento, no ambiente escolar: são cenas de alunos brigando entre si, agredindo professores, sucateando as escolas, destruindo os espaços escolares; pichações de paredes e muros, destruição de carteiras, roubos de equipamentos. São vários os tipos de violência: xingamentos pelas redes sociais, com o uso da internet: o cyberbulling; tráfico e uso de drogas; estupro; agressão física; dano moral; o bullyng, que são os insultos de grupos de colegas que tentam discriminar e colocar apelidos nas vítimas, intimidá-las e agredí- las física ou verbalmente. Discutir as causas e as conseqüências não é tarefa simples, a violência sempre existiu, mas, ultimamente, tem tomado proporções maiores e mais graves. A briga entre colegas, hoje, geralmente, já se tornou caso de polícia. Atualmente, a violência escolar atinge a todas as classes sociais, ou seja, diferentes níveis sociais econômicos são atingidos por essa epidemia social. Este trabalho sobre violência escolar no ensino médio foi uma pesquisa bibliográfica que se centrou no público mais violento, alunos que apresentam comportamentos que fogem às normas da sociedade, de maneira que as conseqüências deixam professores inseguros e amedrontados, pais de alunos, também, se sentem inseguros em deixarem seus filhos na instituição escolar. Enfim, esse trabalho foi um levantamento da violência que chegou às escolas, e objetivou promover um retrato e uma reflexão sobre esse novo desafio da escola: a violência. Palavras-chave: violência escolar, violência entre adolescentes, violência e educação. 7 ABSTRACT School violence is one of the most discussed topics in the media. Happens all the time, in the school environment: violence that left the streets to the classroom. Are scenes of students fighting each other, assaulting teachers, sucateando schools, destroying the school spaces: graffiti from walls and walls, destroying desks, equipment thefts. There are several types of violence: swearing by social networks, using the internet, the cyberbulling; trafficking and use of drugs; rape; physical aggression; moral damage; the bullyng, which are the insults of groups of colleagues who try to discriminate and putting nicknames on the victims, intimidate them and scare them physically or verbally. Discuss the causes and consequences is not a simple task, the violence has always existed, but, lately, has taken larger and more serious proportions. The fight between gentlemen, today, generally, has already become a police matter. Currently, the school violence reaches all social classes, i.e. different social economic levels are affected by this social epidemic. This work on school violence in high school is a bibliographical research that focuses on the audience more violent, are students who exhibit behaviors that run society's standards, so that the consequences left frightened and insecure teachers, students ' parents, too, feel insecure in leaving their children in the school institution. Anyway, this work is a survey of violence that arrived at schools, and aims to promote a picture and a reflection on this new challenge: school violence. Key words: school violence, violence among teenagers, violence and education. 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 09 2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 12 2.1 A VIOLÊNCIA NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO ESCOLAR..................... 12 2.2 Causas da Violência Escolar.......................................................................... 15 2.2.1 Fator Família............................................................................................... 16 2.2.2 Os Fatores Pessoais.................................................................................. 17 2.2.3 Fatores sociais............................................................................................ 18 2.2.4 Fatores Escolares....................................................................................... 19 2.2.5 Drogas nas Escolas................................................................................. 20 2.2.6 Meios de Comunicação............................................................................... 23 2.3 TIPOS DE VIOLÊNCIA.................................................................................. 24 2.3.1 Tipos de violência.......................................................................................26 2.3.1.1 Consequências do Bullyng...................................................................... 26 2.3.1.2 O Bullying e a Justiça Brasileira............................................................... 27 2.3.1.3 Violência Pelo uso das Redes Sociais: Cyberbullyng é o Bullying no Cyberspace.......................................................................................................... 28 2.4 CARACTERÍSTICAS DAS VÍTIMAS............................................................ 28 2.5 AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR.................................... 29 2.6 PAPEL DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS..................................................... 29 2.6.1 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)......................................... 29 2.6.2 O conselho Tutelar...................................................................................... 31 2.6.3 O Papel da Família..................................................................................... 32 2.6.3.4 Mudanças na Família Brasileira............................................................... 33 2.6.4 Papel do Professor.................................................................................... 34 2.7 VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO: FORMAS DE PREVENÇÃO........................... 35 2.7.1 Como Prevenir a violência Escolar............................................................. 35 2.7.2 Medidas de Proteção contra Violência Escolar em João Monlevade: Patrulha Escolar diminui violência entre alunos................................................... 36 2.8 ALGUNS CASOS DE VIOLÊNCIA NO MEIO ESCOLAR............................ 37 2.8.1 Violência escolar em MG coloca Itabira entre a mais violentas................ 37 2.8.2 Sem segurança Escolar Fecha................................................................... 39 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 40 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 42 9 1 INTRODUÇÃO A violência, que sempre esteve presente na sociedade, chegou às escolas. Hoje, a violência é uma realidade que se vivencia nos espaços escolares: pelas atitudes de indisciplina e rebeldia dos alunos, por atos cometidos na transgressão da ordem, das regras da vida em sociedade e da escola. Por ser a Violência nas Escolas um tema recente, e não ter tantos autores brasileiros refletindo, escrevendo sobre esse novo desafio social. Este trabalho, objetivando colaborar com a ampliação de material sobre o tema, adotou a estratégia bibliográfica e tem em seu cerne as seguintes questões: quais são os principais motivos que desencadeiam a violência escolar no ensino médio? Quais estratégias de prevenção e intervenção podem ser utilizadas para minimizar a violência escolar nesse nível de ensino? Para responder, ou refletir sobre essas questões, foi organizado um conjunto de autores brasileiros e estrangeiros, que orientaram as reflexões e permitiram traçar um retrato mais fidedigno do tema. Os autores pesquisados foram: Jadir Cirqueira de Souza, promotor da Justiça de Minas Gerais, 1ª edição de 2012 (Violência Escolar). Luiza Elena é psicóloga e Maria José Viana Marinho é pedagoga, são organizadoras do livro Violência e Educação (A Sociedade Criando Alternativas), edição de 2011. Isabel Fernández Garcia é professora do Instituto de Educação Secundária de Madrid - Espanha, edição de 2005 é autora do livro Prevenção da Violência e Solução de conflitos. Lélio Braga Calhau, promotor de justiça do Ministério Público de Minas Gerais, livro Bullying, o que você precisa saber, 3ª edição, ano 2011. Catherine Blaya, autora do livro Violência e Maus-Tratos, edição de 2006, é socióloga e docente do Instituto Universitário de Formação Professores, em França, Estatuto da Criança e do Adolescente Guilherme Freire de Melo Barros 7ª Edição, ano 2013 Graduado em Direito pela UFRJ, Ex-defensor Público do Estado do Espírito Santo, atualmente Procurador do Estado do Paraná. Foram utilizadas, também, pesquisas em sites, jornais e revistas para enriquecer o texto, além de noticiários recentes de acontecimentos diários sobre o assunto. 10 Enfim, o tema permitiu uma pesquisa muito rica e abrangente, trabalhando com a realidade do cotidiano escolar. O objetivo dessa pesquisa foi aprofundar o estudo da violência no ambiente escolar, para isso analisou o contexto histórico-cultural da violência escolar no ensino médio, refletindo sobre seus fatores, consequências e possíveis alternativas de atuação. A pesquisa analisou os fatores geradores de violência no ambiente escolar entre adolescentes do ensino médio e apontou alternativas para minimizar os conflitos existentes, além um levantamento de alternativas para intervir e melhorar a permanência dos alunos nas escolas, evitando o fracasso escolar e a evasão nas escolas desse nível de ensino. A relação entre violência e educação no ambiente escolar devido, ao seu caráter subjetivo: fatores, causas e suas conseqüências, têm um caráter qualitativo. Assim, essa pesquisa é qualitativa, exploratória. A estratégia de pesquisa utilizada, como já mencionado, foi a bibliográfica, baseada na pesquisa teórica, em livros, revistas, para o aprofundamento melhor do tema da violência escolar. Baseados nos livros mencionados e na realidade que estamos vivenciando, é possível afirmar que a violência nas escolas é uma das principais preocupações da sociedade atual. Como sabemos, a violência atinge a vida e a integridade física, psicológica e moral das pessoas. São vários fatores que contribuem para o aumento da violência: nível sócio econômico baixo, fonte de estresse e de frustrações, famílias desestruturadas, alto consumo de drogas, aumento significativo da criminalidade envolvendo crianças e adolescentes, na depredação do patrimônio público; indisciplina e a falta de limites nos espaços escolares e nos ambientes familiares. É comum ouvirmos, ou até mesmo vivenciarmos caso de alunos que agridem professores, colegas e em alguns casos até profissionais da escola. São comuns também os casos de violência simbólica: como apelidos, chantagem, xingamentos pela internet. Assim, a escola acaba reproduzindo a violência que existe na sociedade. A situação da violência costuma estar associada ao comportamento de 11 ódio contra a própria escola, destruição dos espaços escolares, fazem pichações em seus muros, quebram os vidros, portas, arrombam os armários e furtam material pedagógico, equipamentos e a merenda escolar. O vandalismo da sociedade invade a escola, através de alunos sem limites, marcados pela miséria, rejeitados pelas famílias, sem autoestima e falta de perspectiva de uma vida melhor. Alguns aspectos acabam gerando a violência, como a injustiça social, a revolta, a dor do preconceito e a da falta de oportunidades. Em alguns casos, a falta de preparo dos gestores, professores e funcionários para tratarem, adequadamente, esses problemas no cotidiano escolar, que são atos de constantes indisciplinas e violência. È necessário discutir sobre o tema da violência, fazendo seminários, analisando os diferentes tipos de violência, descobrindo as suas causas. Essa deve ser uma ação coletiva, que reúna as famílias, comunidades e autoridades na busca de uma solução para amenizar os conflitos. Diante da situação de violência, o que fazer? Como enfrentar essa difícil realidade, que nos assombra e nos rodeia? São fatos evidentes que estão presentes nas manchetes de jornais, TV, internet e não estão apenas nas regiões locais, mas é um tema que repercute em vários lugares do mundo. A violência escolar não tem fronteira, é um problema global, em que estamos todos envolvidos direta e indiretamente. É um acontecimento de umasociedade que não sabe lidar com as diversidades de sua própria constituição multiculturalista. Além disso, é evidente que não estamos conseguindo dar conta de viver com a nova constituição de família e de valores que o mundo atual impôs. Enfim, esse trabalho de pesquisa, procurou compreender melhor esse tema e para isso, se organizou da seguinte forma: num primeiro momento faz um levantamento das principais pesquisas e resumo sobre o tema, procurando compreender, explicar melhor esse fenômeno: violência escolar; num segundo momento, nas considerações finais, faz uma reflexão sobre o tema e o aprendizado da pesquisa. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2. 1 A VIOLÊNCIA NO SEU CONTEXTO HISTÓRICO ESCOLAR A violência escolar é o reflexo de uma sociedade formada por famílias desestruturadas, alto índice de desigualdade social, mundo individualista e capitalista. Parece ser o resultado de uma evolução da humanidade que caminha para a formação de um ser humano sem princípios, e sem amor ao próximo. Por isso, a violência escolar está cada vez mais ganhando espaço, o seu aumento, nos últimos anos, teve uma repercussão muito grande nas mídias, manchetes de jornais, televisão, internet, e está sendo um dos assuntos mais debatidos em âmbito nacional e internacional. Segundo Blaya (2006, p. 09) “o tema da violência em meio escolar faz parte das principais preocupações políticas, tanto ao nível das ações educativas como ao da repressão da delinquência". Este fenômeno vem crescendo sem limites e sem fronteiras, pais, educadores e autoridades se mobilizam e estão à procura de soluções. Os problemas encontrados decorrem de comportamentos conturbados, perturbadores, frustrações, preconceitos, ações repetitivas de agressividade. Uma delinqüência qualificada de adolescentes, marcadas pela injustiça e falta de perspectiva. Na maioria das vezes, a ausência de relações afetivas das famílias contribui para essa violência. O fenômeno da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal, por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre. Uma análise um pouco mais complexa permite-nos distinguir também um terceiro afetado: quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la (FERNÁNDEZ, 2005, p. 25). Os fenômenos psicológicos se produzem dentro de estruturas sociais, que se caracterizam pelo fato de disporem de sistemas de comunicação e de distribuição de conhecimentos, afetos, emoções e valores, nos proporciona um enfoque adequado para compreender o nascimento e o desenvolvimento de fenômenos de violência 13 interpessoal, como resposta a experiências de socialização que, em vez de proporcionar aos indivíduos afetos positivos e modelos pessoais positivos oferecem chaves para a rivalidade a falta de solidariedade e o desafeto. O afeto, o amor e a empatia pessoal, como também o desatam, o desamor e a violência, nascem, vivem e crescem no ambiente da convivência diária, sujeita aos sistemas de comunicação e de intercâmbio que, em cada período histórico, são específicos da cultura e constituem os contextos do desenvolvimento: a criança e a educação (RODRIGO, 1994). A violência caminha pra um processo de evolução aonde podemos analisar que os atos de violência se propagam de condutas cada vez mais conflituosas e agressivas. Os incidentes de conflitos podem ser altamente estressantes, especialmente se um professor, um aluno ou os pais são envolvidos como agente de conflitos ou vítimas. As sensações de hostilidade, medo, rancor, defesa e outros sentimentos que geram as agressões dentro do meio escolar nos levam a realizar esta análise. De um modo geral somos todos envolvidos. Quando ocorrem atos de violência dentro da escola, é necessários tomar medidas de intervenção preventivas que ajudem as tarefas de educar. Trabalhar com os alunos, professores, gestão escolar, a família, pois muitas das vezes os conflitos não vêm somente da parte do aluno, muitos de nós também somos agentes de conflitos, temos valores éticos e morais diferentes dos outros. A sociedade mudou, a maneira de educar os filhos é bem diferente dos tempos dos avós, a sociedade é mais liberal, a moral e os bons costumes não são os mesmos. Cobrar da família a educação de seus filhos sem que eles mesmos não tenham uma base de princípios para ofertar seus filhos, se faz necessário trabalhar com as famílias a questão de valores. 14 Se confrontássemos com os problemas que os professores manifestavam há duas ou três décadas na educação, podemos verificar que os atos de violência progrediram para pior. Segundo Fernández (2005 p. 18), “deve-se entender que promover a convivência implica toda a comunidade educativa”. Não é tarefa exclusiva de alguns membros (orientador pedagógico, professor, diretor, membros da comissão de convivência), mas um produto que resulta de ações e valores compartilhados por todos, sustentados com a nossa prática e envolvidos no dia a dia. Segundo Blaya (2006, p.10), “indisciplina e tumulto, assédio, insultos e ameaças, extorsão, medo e ansiedade constituem, por vezes, o quotidiano de alunos e docentes, influenciando o clima social do estabelecimento de ensino”. O clima marcado por estes conflitos acabam tornando um ambiente tenso, gerando desconforto tanto para os alunos, quantos para os professores. A violência traz a insegurança e o receio de que algo terrível está prestes a acontecer. Nesse novo contexto, configurado de modo mais evidente, nos últimos 15 anos, tem se no centro da fotografia a instituição escolar fragilizada por sua pouca autonomia na ação de inibir os atos de violência. Seus maiores trunfos ainda continuam sendo a conscientização e o diálogo. Mas a realidade tem evidenciado que a escola tem perdido, pois os números revelam um crescimento cada vez maior de atos de Anos de 1950 Anos de 1990 Falar sem autorização Mascar chiclete Fazer barulho Correr pelos corredores Atravessar as filas Drogas e álcool Armas de fogo e facas Perturbações indesejadas Suicídio Violência em geral 15 violência no interior das escolas. Esses números aumentam, quando se tem o público e o nível de ensino definido: Ensino Médio. 2. 2 Causas da violência escolar Uma análise das causas da agressividade deve levar em conta aqueles fatores de risco que os estudos sobre a violência da sociedade indicam como aspectos importantes para o desenvolvimento agressivo do indivíduo. Os elementos fora da escola que apesar de decisivos na formação dos traços de personalidade dos alunos, se mantêm longe da ação direta e controlada dos mecanismos internos da instituição escolar. São eles: contexto social, características familiares e meios de comunicação (FERNÁDEZ, 2005, p. 34). A sociedade atual e a sua estrutura social, com grandes bolsões de pobreza e desemprego, favorecem contextos sociais em que é mais propício um ambiente de agressividade, delinqüência e atitudes antissociais. É verdade que a própria estrutura social e os seus princípios competitivos em firme contraste com uma precária oferta de emprego e de desenvolvimento pessoal do jovem propiciam atitudes violentas. A violência não afeta a todos por igual: são as crianças, as mulheres e os marginalizados quem mais sofrem suas seqüelas. Sua impotência de defesa pode ser objeto de rejeição, pobreza e agressões de toda espécie. Como adolescente, a criança maltratada, sem amor, desvinculada dos apegos e segurança que outras crianças possuem, se projetará em muitas ocasiões em condutas antissociais. Existe uma responsabilidade social de melhorar a qualidade de vida de nossos jovensem situação de risco e de desamparo. Essa responsabilidade deve ser compartilhada por diferentes instituições sociais, sendo a escola uma delas. Também outros âmbitos de desenvolvimento social e educativo, as características 16 dos ecossistemas onde residem os adolescentes, o status socioeconômico, o estresse social provocado pelo desemprego e alienação sócia l (MELENDRO, 1997). A escola se apresenta como andítodo para essa avalanche de fenômeno social, mas não é a única resposta para a problemática. O papel de modelo alternativo para as injustiças sociais, que poderá simbolizar a escola, se vê continuamente inibido pela realidade vital da criança em seu ambiente social e familiar. É a confluência de múltiplas ações (assistência social, assistência sanitária, juizado de menores, educadores de rua, etc.) combinadas com a tarefa da escola que poderiam minimizar as carências de nossas crianças. A escola não pode e tampouco tem a obrigação de assumir sozinha a responsabilidade de educar nossos jovens e menos ainda em um mundo onde a informações e os valores se ligam à mesma estrutura da sociedade. A seguir, os principais fatores motivadores da violência escolar. 2.2.1 Fator familiar O fator familiar provocado pela nova configuração e conceito de família, muitas vezes, marcado pela ausência da família biológica, além da marca da ausência de impor limites dos pais na educação dos filhos, da pouca presença dos pais, ou mesmo interesse e participação na vida dos filhos, são fatores que contribuem para o aparecimento de distúrbios de comportamento, que, geralmente, levam à violência. Outro fator que demarcar o uso da violência é a influência que os adolescentes sofrem, através do convívio em ambiente familiar conflituoso, desestruturado, sem a presença do diálogo e do exemplo da paz. Muitas famílias desestruturadas utilizam de agressões físicas e verbais no ambiente familiar para a convivência diária, isso pode levar os filhos a atos violentos. Enfim, o adolescente não é bem assistido pela família, nem tem um bom exemplo. 17 Segundo Blaya (2006, p. 82), “os pais são os primeiros referentes da criança e servem de modelo em termos de comportamentos a adotar. Alguns fatores familiares são prenúncio de comportamentos perturbadores, e até violentos.” Quando a família não cumpre sua função social, negligencia seu papel, falta uma relação afetiva, nunca tem tempo para o diálogo. Não conhece os problemas dos adolescentes e não tem tempo para ouvi-los. O trabalho está sempre em primeiro lugar na vida dos pais. Isso tende a desencadear a fagulha da violência no espírito do jovem. Muitas vezes, a ausência de regras claras sobre o que se deve fazer ou meios demasiadamente autoritários para correção, falta de comunicação entre pais e filhos são igualmente fatores suscetíveis de gerar a violência. Segundo Blaya (2006, p. 83), “a expressão conflitos familiares faz referência à importância das disputas no seio da família, aos insultos ou aos gritos.”. Para Blaya (2006, p. 83) um meio familiar superprotetor favorece a vitimização dos jovens. Assim, as famílias superprotetoras contribuem para a formação de crianças e adolescentes frágeis, com baixa autoestima, sem autonomia, que são alvos de perseguições e vítimas dos ataques violentos dos colegas, e das ações do bullying. O adolescente deve ter autonomia e autoestima, os pais devem educá-lo para desenvolver tais comportamentos; evitando a formação de um ser muito frágil, e, consequentemente, sem estrutura para se defender dos ataques de violência dos colegas. Portanto, a família pode ser um fator que promove ou não distúrbios de violência em seus entes familiares jovens. Isso depende das relações que se estabelecem em seu seio, ou seja, da presença ou ausência do diálogo, do respeito mútuo, do amor e mesmo de exemplos vividos. 2.2.2 Os fatores pessoais A criança pode apresentar riscos de desenvolver um comportamento inadequado ao mundo escolar, devido às complicações durante a gravidez da mãe. O uso de 18 substâncias tóxicas, álcool, drogas pode levar a criança a ter complicações ao nascer, baixo-peso ou nascimento prematuro. A criança pode desenvolver problemas de distúrbios de comportamento, agitação, estresse, ansiedade, hiperatividade, déficit de atenção, impulsividade, adoção de comportamentos violentos. No meio escolar, esses distúrbios de comportamentos tendem, no convívio com os pares e mesmo na pressão da necessidade de uso de um padrão de comportamento e aprendizagem a eclodirem, a se tornarem mais constantes. Aparece, então, a violência. Para se imporem, ou mesmo “chamarem a atenção” muitos adolescentes e jovens recorrerem à violência direta, física, ameaças, pancadas. O sexo feminino, por suas características físicas é mais susceptível de usar a violência indireta ou psicológica: boatos, insultos. 2.2.3 Fatores sociais Um dos fatores mais evidentes na influência de comportamentos de violência nos jovens e adolescentes é o fator social, pois o sujeito vivência no seu cotidiano social tantos exemplos de violência que acabam encarando tal modo de convivência como natural. Assim, “O fato de viver num bairro exposto à violência (o que está muitas vezes em ligação com o nível de pobreza), em que as armas ou as drogas são facilmente acessíveis, pode facilitar a passagem ao ato violento e os comportamentos de risco em crianças que estão expostas” (BLAYA, 2006, p. 84). Agregado ao fator social está o econômico, pois o jovem tem o desejo de ter todos os bens de consumos divulgados na mídia, não importando muito com a forma. Isso acaba aumentando a violência escolar, e evidenciando as desigualdades sociais. 19 Assim, os acessos mais fáceis para entrada de drogas e armas nos bairros de periferia, ou seja, a realidade das periferias. Falta de dinheiro e conforto, miséria, moradia não confortáveis são fontes de estresse e frustração, podendo criar comportamentos agressivos e de revolta. Outro aspecto que pode agravar esse comportamento é a ausência de um aparato de segurança pública, com viaturas, policiais e postos moveis. 2.2.4 Fatores escolares “Se a escola é, em certa medida, o reflexo do seu ambiente exterior, ela pode contribuir para o fabrico da violência ou, pelo contrário, participar da proteção e segurança das pessoas que acolhe, tanto jovens como adultas” (BLAYA, 2006, p. 85). A sala de aula é um contexto de maior influência sobre o clima geral do estabelecimento e a integração dos alunos. Ela pode ser um lugar de discriminações e humilhações cotidianas por parte dos alunos ou não, dependendo de como as relações se estabelecem nesse espaço. A escola e suas estruturas educacionais podem gerar conflitos, revoltas nos estudantes, o descontentamento com professores, gestores, funcionários e o sistema de ensino da escola. A escola também produz a violência. “É um caminho de mão dupla: a escola absorve a violência experimentada fora dela, em casa ou nas ruas e, também, gera outras práticas de violência que se estenderão aos demais ambientes sociais. Ora como vítima, ora como vilã, a escola, contrariando seus propósitos, enfrenta face a face os variados fenômenos da violência explícita ou velada” (VALLE; MATTOS, 2011, p. 33). Os fatores que contribuem para a violência podem ser de risco pessoal, familiar e social. A escola é um ambiente de socialização, importante para a formação da identidade da criança. Um ambiente onde não é trabalhado a socialização, e o 20 respeito, fica difícil saber lidar com as diferenças, o que acaba gerando a violência. Os alunos trazem para dentro da escola comportamentos que aprendem no ambiente exterior, e a violência vai se infiltrando no espaço escolar. 2.2.5 Drogas nas escolas Outro fatorque alimenta violência nas escolas de Ensino Médio no Brasil é a presença das drogas e a dependência de alguns jovens: As drogas nas escolas têm atingido os adolescentes de maneira que estimulam ainda mais a violência. Os adolescentes e muitas crianças experimentam os primeiros cigarros e bebidas alcoólicas, normalmente subtraídos, fornecidos ou com a conivência dos próprios pais, parentes ou amigos. Por descuido, negligência ou de forma delituosa, milhares de famílias desavisadas constituem os primeiros locais e /ou condições de drogas (SOUZA, 2012, p. 160). Os adolescentes e as crianças recebem o contato com as drogas no seio familiar, muitos são filhos de pais usuário de drogas, muitas vezes também os pais trabalham fora, e as crianças e adolescentes ficam nas ruas sendo alvos de traficantes e colegas usuários. Em recente pesquisa realizada pelo CEBRID (centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), constatou-se que as crianças e os adolescentes nas ruas são extremamente vulneráveis às drogas, sobretudo quando perdem o vínculo com a família ou com a escola. Segundo a pesquisa, cerca de 72,5% das crianças e adolescentes que sobrevivem nas ruas das cidades utilizam ou têm contato direto com as drogas (SOUZA, 2012, p. 161). Se o uso das drogas tem início no seio da família, os pais tem corresponsabilidade no processo autodestrutivo do dependente químico. A falta de exemplo familiar, a aceitação de uso de drogas nos lares, a ausência de informações sobre a gravidade e as conseqüências das drogas, aliados ao afrouxamento dos limites familiares são apenas algumas das circunstâncias que concorrem para o avanço no mundo das drogas. Enfim, as condições inadequadas das famílias influenciam de maneira 21 decisiva e constituem, ao mesmo tempo, condição inicial para o ingresso no mundo das drogas. A partir do uso de bebidas alcoólicas e cigarros dentro das residências, em festas, entre amigos, inicia-se, gradativamente, o processo de destruição da família envolvida, sendo os reflexos do uso de drogas projetado diretamente no rendimento escolar dos possíveis usuários e futuros dependentes químicos. Percebe-se que a droga, após a fixação no organismo humano, provoca uma dependência química, em seus diversos graus, começa com uma pequena dose, pode ser um uso aleatório ou contínuo, começa o processo de destruição da vida humana. Isso influencia a violência em âmbito escolar, na sociedade, e que vai culminar com a morte prematura ou internação psiquiátrica de muitos jovens em tenra idade, além do óbvio abandono escolar. Além do uso, outro aspecto grave é que muitos jovens comercializam as drogas dentro do ambiente escolar, iniciando-se na prática de crimes com a compra e venda de drogas. Depois, passa-se para o processo de revenda e distribuição em demais locais públicos. Os adolescentes fazem o uso compartilhado de drogas, utilizando seringas e agulhas que causam dano à saúde, o contágio de doenças, os distúrbios de comportamento agressivo, propagando a violência e o desespero pelo uso de drogas. O processo encontra-se num estágio complexo, de difícil solução e abrangente, pois mistura práticas de diversos crimes e degradação da saúde pública das crianças e adolescentes, principais vítimas das drogas, complexos diretos na educação (SOUZA, 2012, p. 163). As vítimas das drogas abandonam suas casas, escolas e atividades próprias da idade ao entrarem no submundo do crime. De forma contínua, os adolescentes- dependentes químicos – na maioria das vezes iniciam a prática de atos infracionais, dos mais leves aos mais graves, motivados pela crescente necessidade de uso das drogas. Além disso, passam a sofrer seqüelas na sua saúde física e mental, 22 algumas vezes em caráter irreversível, inclusive com a morte prematura (SOUZA, 2012, p. 163). A situação é drástica do ponto de vista educacional, jurídico e social, no plano econômico, os vultuosos gastos com equipamentos policiais e o fortalecimento da repressão estatal provocam significativo desperdício de dinheiro público. São milhões de reais gastos com a repressão, quando de forma mais simples com uma educação de qualidade para os jovens e para as respectivas famílias, os problemas seriam combatidos com mais eficiência e objetividade (SOUZA, 2012, p. 163). Cada caso deve-se analisado com suas peculiaridades, cada um tem suas realidades, são diversidades de educação que os alunos trazem consigo a partir do ambiente em que eles vivem. E depois de identificados os problemas devem partir para o campo da solução com a realização de trabalho de atividades educativas, esportivas e culturais. Lembrando que uma mudança de comportamento não é do dia pra noite, mas necessita de investimentos diários. Os problemas que afetam na área da educação, especialmente com a evasão escolar constatam-se que a legislação vigente, especialmente o Código Penal e o ECA estabelecem diferentes tratamentos na tentativa de minimizar o uso e a dependência das drogas. Não é por falta de leis que se permite o crescente avanço do uso e do tráfico de substâncias entorpecentes. A disseminação do mal continua se propagando cada vez mais. Em relação aos tratamentos ministrados, constata-se no Brasil que apesar de alguns bons exemplos, ainda se busca a recuperação das crianças e dos adolescentes drogados, através da mera internação em clínicas e outras entidades religiosas. Não se busca a redução e/ ou solução do problema, a partir do necessário reforço técnico da saúde, apoio familiar e comunitário e da melhor qualidade da educação. A sociedade, o Estado, as famílias e as escolas não estabelecem programas públicos e privados eficientes para conter a disseminação das drogas nas escolas. 23 Na verdade, o adolescente viciado é apenas, parte dos graves problemas sociais, econômicos, culturais e médicos que precisam ser detectados e corrigidos, a curto, médio e longo prazos, sendo que, da mesma forma, a escola apenas sente os reflexos diretos do ingresso das drogas no ambiente estudantil, especificamente no recrudescimento na violência escolar (SOUZA, 2012, p. 164). Este problema que a cada dia vem se agravando cada vez mais é conseqüência das péssimas condições de vida do povo brasileiro e das ineficientes políticas públicas de repressão e prevenção são causas e/ou circunstâncias concorrentes que mantém altos índices de usuários de drogas dependentes químicos infanto-juvenis. 2.2.6 Meios de comunicação Os meios de comunicação vêm sendo questionados como primeiro canalizador da informação. A violência televisiva é uma opção do próprio meio. A seleção de mensagens violentas ou a sua substituição por mensagens de índole menos agressiva e mais humana em última instância é uma decisão das próprias cadeias de televisão (FERNÁNDEZ, 2005, p. 35). As crianças recebem o impacto dessas imagens de violência cotidiana diretamente, todos os dias e às escolas cabe somente à possibilidade de ajudá-los a discernir a mensagem da mídia e, sobretudo de criticar a informação comunicada por esse meio. As famílias não exercem nenhum tipo de censura ou orientação aos filhos do que podem ou não assistirem na televisão. Muitos dos estudos se concentram nos conteúdos e na frequência de imagens violentas que podem ser vistas no decurso de um dia pela TV. É precisamente nos espaços infantis que o maior número de atos violentos costuma ser exibido, o que é muito significativo. 24 A Mensagem da mídia, dos meios de comunicação, principalmente, da televisão, possibilita às crianças um contato com a violência crua, sem uma preocupação de como esse ser em formação irá processar aquela informação. Assim, a mídia atua na formação de nossas crianças e sobre a população em geral, impelindo-nos apensar que ela proporciona uma interpretação da realidade que aos olhos da audiência se apresenta como realidade global e objetiva. A televisão atua sobre a opinião pública (SÁNCHEZ MORO, 1996), como formadora de consciência, orientadora de conduta e deformadora da realidade (FERNÁNDEZ, 2005, p. 35). 2.3 TIPOS DE VIOLÊNCIA A violência, hoje, vem crescendo de maneira muito rápida, saiu das ruas e chegam até a escola atingindo a todos de maneira geral. Atualmente, convivemos com uma sociedade violenta, em que os valores, a ética, o respeito já praticamente não são cultuados e nem praticados na sociedade jovem. Esses sem limites praticam atos de violência, um atentado direto, físico ou de danos morais contra uma pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual corre perigo a partir da ação de outros. Foram realizadas várias pesquisas nas escolas, nessas se buscou perceber a diferença do conceito de violência dada pelo corpo docente e discente da instituição. Segundo Monteiro, o corpo docente explica assim: “entendemos a violência, enquanto ausência e desrespeito aos direitos do outro”. Para o corpo discente “violência representa agressão física simbolizada pelo estupro, brigas em família e também a falta de respeito entre as pessoas”. Enquanto que para o corpo docente a violência é vista como “descumprimento das leis e da falta de condições materiais da população, associando a violência à miséria, à exclusão social e ao desrespeito ao cidadão”. A violência para os alunos é vista de forma mais concreta e restrita aos atos que geram a violência, já os educadores conseguem ampliar o olhar sobre a violência e 25 apontar as possíveis causas desses atos e mesmo desenhar uma configuração de fatores que a podem gerar. A violência que as crianças, os adolescentes e jovens exercem, é antes de tudo, a que seu meio exerceu sobre eles (COLOMBIER et al., 1989). A criança reflete na escola as frustrações do seu cotidiano. Violência contra o patrimônio - é a violência praticada contra a parte física da escola. “É contra a própria construção que se voltam os pré-adolescentes e os adolescentes, obrigados que são a passar neste local oito ou nove horas por dia”. Violência doméstica - é a violência praticada por familiares ou pessoas ligadas diretamente ao convívio diário do adolescente. Violência simbólica - É a violência que a escola exerce sobre o aluno quando o anula da capacidade de pensar e o torna um ser capaz de reproduzir. “A violência simbólica é a mais difícil de ser percebida, por que é exercida pela sociedade quando não lhes é capaz de encaminhar seus jovens para o desenvolvimento da criatividade e atividades de lazer, quando as escolas impõem conteúdos destituídos de interesse e de significado para a vida dos alunos, ou quando os estudantes à sua própria sorte, desvalorizando-os com palavras e atitudes desmerecimento. A violência simbólica também pode ser contra o professor quando este é agredido em seu trabalho pela indiferença e desinteresse do aluno (ABRAMOVAY; RUA, 2002, p. 335). Violência física - “Brigar, bater, matar, suicidar, estuprar, roubar, assaltar, tiroteio, espancar, pancadaria, andar armado e, também participar das atividades das gangues” (ABRAMOVAY et al., 1999). Para Abramovay (1999), o motivo pelo qual os jovens aderem às gangues é a busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, autoestima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas a curto prazo, assim, o infrator se sente protegido por um grupo no qual tem confiança. 26 Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dão lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância (MONTEIRO, 2003) a influência das gangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo. Assim, dentro do ambiente escolar, a formação das Ganges é uma estratégia que os adolescentes utilizam para se fortalecerem, e atacarem as vítimas, buscando autonomia, poder e intimidação das vítimas. Enfim, os alunos se acham autoconfiantes em atacar as vítimas, utilizando de agressões físicas, bullying e ameaças. 2.3.1 O bullying no ambiente escolar Surgiu com um novo conceito no ambiente escolar para denominar a violência praticada entre os estudantes e mesmo entre esses e os educadores. O Bullying: é uma palavra inglesa, que, no português, remete à intimidação ou ameaça, refere-se a todas as formas de atitudes agressivas, intencionais, principalmente, repetidas que acontecem entre os estudantes. O termo é novo, relativamente, novo em nosso vocabulário, porém o problema existe há muito tempo. Ele sempre existiu, mas não era estudado. Somente na década de 1970 que começaram a ser realizadas pesquisas sobre o assunto. 2.3.1.1 Consequências do bullying O bullying é uma realidade que vem crescendo cada vez mais nas escolas, tomando proporções mundiais, sem limites e sem fronteiras. Tem como consequências o fracasso escolar e a evasão. È uma prática terrível para todos os envolvidos, mas, 27 em especial para as vítimas. Nos casos mais graves, as vítimas podem até cometer o suicido ou atacar outras pessoas de forma violenta. Segundo Calhau (2011, p. 13), “O ambiente escolar com o bullying, perde muito. As situações constantes de agressões de bullying dispersam as pessoas e dividem a sala, pois, as “brincadeirinhas” são percebidas como formas muito diversas pelos envolvidos.”. Enfim, as conseqüências do bullying podem ser mais amenas ou mais graves, dependendo da ação ou mesmo do agressor ou do agredido. 2.3.1.2 O bullying e a justiça brasileira As questões relacionadas às agressões do bullyIng confrontam com os direitos fundamentais previstos no art. 5 da Constituição Federal de 1988, devendo ser também por isso combatidas por todos os brasileiros, principalmente, no ambiente escolar que deve educar e em que os comportamentos alheios exercem mais influencia. Além da constituição Federal de 1988, o Código Civil, o Código Penal, O Código do Consumidor, entre outras leis, determinam a punição (cada um em sua área) de práticas de bullying, sendo que o assunto começou tímido nos tribunais, mas nos últimos cinco anos rompeu os obstáculos iniciais e decisões coibindo o bullying (nos mais diversos ambientes) começam a surgir, sinalizando que o Poder Judiciário não tolera tais condutas, punindo assim, os responsáveis. (CALHAU, 2011, p. 15). “Segundo a lei brasileira, aquele cidadão que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (CALHAU, 2011, p. 15). Na questão do bullying, os pais devem orientar os filhos para que não sejam vítimas e, também, para que não se tornem agressores. Havendo dano causado por seus filhos menores, por atos do bullying, os pais devem indenizar a vítima, independentemente de culpa. Os atos do 28 bullying são atos ilícitos e devem ser combatidos com a ajuda da família, orientando a educação de seus filhos. 2.3.1.3 Violência pelo uso das redes sociais: Cyberbullying é o bullyng no Cyberspace O bullying está sendo utilizado nas redes sociais na web, por meio da internet. O internauta aluno agride colegas, professores com xingamentos, apelidos, difamação, desmoralizando a imagem das pessoas. São fotos com montagens digitais, vídeos e mensagens negativas. Outra vitima desse ato são os professores, na verdade, sãocriados espaços virtuais com objetivo exclusivo de difamar os professores. Assim, O professor ou o aluno que sofre o cyberbulling não tem controle sobre o que é apresentado na rede tampouco sobre a identidade daqueles que o fazem, normalmente escondidos por trás de apelidos. Porém, felizmente, já estão surgindo leis e formas de descobrirem os infratores e de puni-los. 2.4 CARACTERÍSTICAS DAS VÍTIMAS Segundo Calhau (2011, p. 23) se refere às características das vítimas da seguinte forma: “Elas são vistas pelo conjunto de respondentes como pessoas tímidas, inseguras e passivas, o que faz com que os agressores as considerem merecedoras das agressões dado seu comportamento frágil e inibido”. Esse é o protótipo, mas não é uma generalização. Muitas vezes os jovens que sofrem violência fogem a essas características, mesmo assim, sofrem com atos violentos por parte dos colegas. Muitas vezes, as vítimas são pessoas que apresentam alguma diferença em relação ao demais: um traço físico marcante uso de vestimentas diferentes, status socioeconômico superior ao dos demais colegas ou o inverso, alunos frágeis e com baixa autoestima. O fato de essas marcas provocarem a violência no ambiente 29 escolar mostra que, infelizmente, os nossos alunos não estão preparados para viver a diversidade e respeitar as diferenças. 2.5 AS CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA ESCOLAR As conseqüências da violência interpessoal podem ser altamente nocivas para todos os agentes envolvidos. Para a vítima, pode converter-se em motivos de trauma psicológico, risco físico, causa de profunda ansiedade, infelicidade, problemas de personalidade e definitivamente uma infinidade de insatisfações e riscos desnecessários e lesivos para o desenvolvimento de qualquer indivíduo. (FERNÁNDEZ, 2005, p. 54). Podem ter implicações escolares, tais como o fracasso escolar e a pouca concentração, absenteísmo, sensação de enfermidade psicossomática causada pelo estresse que se manifesta no momento de ir para o colégio. Em um determinado estudo Olweus (1993) observou claramente que os adolescentes de 13 a 16 anos que haviam sido vitimizados mostravam grande probabilidade de depressão aos 23 anos e baixa-estima. A relação entre a violência e as aprendizagens foi objeto de inúmeras investigações e se verifica que o fato de ser exposto de forma regular a comportamentos violentos altera funções cognitivas como a memória, a concentração, as capacidades de abstração (SINGER et al., 1995). Para Blaya (2006, p. 90) assim, a recusa da escola é uma das conseqüências exibida por 14% por cento das vítimas, que apresentam igualmente distribuídas da conduta, juntamente com um déficit de atenção e com problemas de hiperatividade. Os agressores, os problemas também são importantes, com uma grande percentagem de alunos com insucesso escolar. As vítimas têm a tendência a faltar à escola para não enfrentar os seus agressores. 2.6 PAPEL DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS 30 2.6.1 O Estatuto da criança e do adolescente (ECA) No Brasil, (...) com a entrada em vigor do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o país recebe uma das mais modernas legislações protetivas dos direitos infanto-juvenis, seguidamente copiada pelas mulheres, vítimas da violência domésticas, pelos portadores de necessidades especiais, índios, idosos etc. (SOUZA, 2012, p. 125). Assim, na lei, no discurso, os jovens brasileiros estão bem amparados contra a violência, mas de forma concreta isso não ocorre. Na prática do cotidiano escolar, muitos profissionais que estão direta ou indiretamente ligados a educação desconhecem as regras e os princípios do ECA. As universidades públicas e privadas não ensinam ou trabalham com o tema na sua plenitude. Nos cursos de Pedagogia, Psicologia, Assistência social, Direito se limitam a ensinar os fundamentos do ECA do Direito da família. Em algumas faculdades, o tema é totalmente desconhecido. O assunto é facultativo, e , quando obrigatório limita-se a algumas aulas que apenas trazem uma reprodução histórica, superficial e sem se aprofundar no conhecimento da lei e sua importância. A omissão dos professores é muito grande, muitas vezes não conhecem a legislação, ou simplesmente se mantém omissos, pois deixam de fazer o básico que é comunicar ao conselho tutelar a suspeita da existência de maus-tratos contra os alunos. O art. 245 do ECA pune o educador por esta omissão: Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. Pena- multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Segundo BARROS (2013, p.26) “Os comportamentos proibitivos não se referem apenas aos pais, mas a quaisquer pessoas que tenham contato com a criança ou adolescente. A conduta negligente, por exemplo, pode ser exercida por um guardião, alguém que tenha uma criança ou adolescente sob seus cuidados em determinada 31 situação.” A discriminação pode ser por motivos de cor, religião, origem etc. O estatuto prevê sanções de natureza civil, como suspensão e a perda do poder familiar, penal e administrativa. Art. 5. Nenhuma Criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punindo na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos direitos fundamentais. Segundo Barros (2013, p. 28) “As políticas públicas competem ao poder Executivo, governo federal, estadual e municipal devem agir de forma harmônica e coordenada para atender às necessidades da população, mormente à criança e ao adolescente, objeto de tutela do Estatuto”. Assim, o Brasil deixaria de ser o país de belas leis, para ser o país que efetivamente protege os seus jovens. Hoje, infelizmente, isso, ainda, não é uma realidade. As políticas públicas e o Estado não conseguem criar estratégias que coloquem em prática a lei, nem conseguem ter instituições fortes como: o Conselho Tutelar. 2.6.2 O conselho tutelar O conselho Tutelar surgiu como um órgão público que objetivava proteger as crianças e adolescentes da violência social. Como se sabe: “a existência do Conselho Tutelar é nova no Brasil. A história colonial, imperial e republicana não registra formação e atuação similar, sendo que as funções de proteção/repressão eram direcionadas pelos Juizados de Menores e os programas de responsabilidade dos governos federal e estaduais” (SOUZA, 2012, p. 188). Somente em 1990 foi que o país conheceu o Conselho Tutelar na sua acepção democrática. Os próprios conselheiros tutelares ainda não conhecem a sua 32 importância e a grandeza de sua atuação e de suas funções tutelares. È um processo que ainda está em fase de crescimento, conhecimento sobre sua atuação para a realização da concretização, saber agir, como agir e solucionar os conflitos infanto-juvenis. O Conselho tutelar trabalha na esfera municipal desde que configurada a violação ou ameaça de direito das crianças e adolescentes, tem-se a situação de risco que permite a aplicação de medidas de proteção, e obrigatoriamente deve ser comunicado ao conselho tutelar. O conselho Tutelar trabalha com medidas de proteção quando os direitos das crianças ou jovens forem ameaçados ou violados, segundo as situações definidas no ECA no art. 98: Art. 98 As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do estado II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável III – em razão de suaconduta Devido à falta ou insuficiência das políticas publicas e dos programas municipais, os conselheiros tutelares acabam sendo responsáveis pela má qualidade ou insuficiência dos serviços públicos, os quais deveriam ser prestados e disponibilizados às famílias, principalmente, nas sensíveis áreas médica, educacional e de assistência social. 2.6.3 O papel da família A família é o grupo social que oferece as condições de desenvolvimento da personalidade, identidade, valores éticos e morais, garantido uma educação baseadas em princípios. São vínculos estáveis com a própria família, parentes ou 33 adultos que cumpram o papel de ser referência da criança. A criança o adolescentes e desenvolve no dia a dia com a família e aprende (VALLE; MATTOS, 2011, p. 85). Os pais serão os primeiros mediadores das relações sociais da criança, pois desde pequenos é começa a construção da identidade da criança, ambientes violentos, conflituosos serão futuramente refletidos no ambiente escolar. As agressões entre pais, irmãos dentro da família faz com que a formação da criança e adolescente se tornar seres humanos agressivos e sem limites. A família deverá tomar medidas preventivas como monitoramento do uso da web pelos adolescentes. Acompanhar a educação dos filhos de forma intensa é uma ação que a família não pode prescindir. Resguardar o máximo possível à privacidade de informações pessoais, endereço, e-mail, redes sociais. O convívio familiar é fundamental para o ser humano, pois a família é o elemento básico da sociedade e o meio natural para o crescimento e o bem- estar de todos os seus membros, em particular das crianças, conforme declara a Convenção das nações unidas sobre os direitos da Criança (VALLE; MATTOS, 2011 p. 85). 2.6.3.1 Mudanças na família brasileira Segundo VALLE e MATOS (2011, p. 89), as muitas e rápidas transformações sociais que a família tem absorvido neste milênio sugerem a necessidade de refletir sobre o movimento de organização que torna possível a conversão de arranjos familiares entre si. A identidade da família tornou-se mais flexível, liberal, os papéis ocupados por pais e mães dentro da família tornaram-se mais igualitários, pois a distinção entre os papéis rígidos desempenhados por eles diluiu-se e deu uma adequação de forma que ambos têm a mesma proporção de responsabilidades. Muitas vezes, as mães exercem o papel de pai, e vice- versa. A influência e o papel de outros parentes, como avós ou tios das crianças e adolescentes. 34 Além disso, nas famílias atuais, existem diferentes estruturas: pais separados, mulheres ou homens que criam sozinhos ou seus filhos, casais homossexuais, crianças educadas por avós, tios, entre outros. O desejo é de preparar as crianças para o mundo, e, assim, a família precisa interagir de perto com os demais ambientes que se ligam à criança, especialmente a escola, onde a criança passa grande parte do tempo. Muito mudou as atitudes dos brasileiros com relação à sexualidade, à moral e à família, contribuindo com as expectativas de vencer a violência simbólica, considerando que as pessoas estão mais tolerantes em relação a assuntos muito relevantes. Uma preocupação não cedeu, a violência física tem piorado, assim como a criminalidade, fatos que estão sendo associado, correta ou incorretamente, ao tráfico de drogas e aos usuários. É preciso investigar os diversos perigos que rondam e interferem no relacionamento familiar, alguns muito claros, como as drogas, outros passam, às vezes, despercebidos como famílias desestruturadas, pais ausentes, falta de diálogo, criação super protetora, princípios centrados no ter e não no ser, ausência de limites definidos para os filhos. (VALLE; MATTOS, 2011, p. 91). 2.6.3.4 O papel do professor O professor deve ficar atento ao que deve estar acontecendo no âmbito da sala de aula, pois muitos professores não estão preparados para lidar com as situações de violência e com o novo modelo de jovem que a sociedade está produzindo, além do bullying nas suas diversas formas que ele é disseminado. Conhecer os programas e as políticas da escola são estratégias essenciais para o seu trabalho, como forma de contribuir na prevenção e combate do bullying. O papel do professor é conhecer o aluno como um todo, observando todas os seus comportamentos, buscando diálogo entre os alunos, fazendo reuniões com os pais, buscando a participação juntamente com a família na busca de idéias e soluções 35 para amenizar as causas e as conseqüências dos conflitos que geram a violência escolar. Nem todos os professores estão preparados para lidar com vários tipos de violência que vão surgindo ao longo do tempo, é preciso estudar sobre os assuntos, progressivamente, as escolas se aprofundam estudos sobre o tema e estão buscando as soluções dos conflitos. Assim, o professor tem a responsabilidade de estar atualizado a respeito do tema. Participar de seminários, congressos, fóruns que debatem sobre o assunto, pois ele é o agente de frente para o combate da violência na escola. 2.7 VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO: FORMAS DE PREVENÇÃO 2.7.1 Como prevenir a violência escolar Como se pode comprovar pela vivencia no ambiente escolar, eliminar as práticas de violência em todas as suas nuances da escola, exige: (...) Em suas diferentes etapas é imprescindível planejamento, existe vontade política dos governantes e das demais autoridades da área da educação para que a pedagogia do sucesso seja traduzida em políticas públicas educacionais definidas na existência democrática, compartilhada e com objetivos claramente definidos no âmbito estatal e comunitário (SOUZA, 2012, p. 232). A pedagogia de sucesso e suas implicações numa sistematização de ações de um planejamento de ensino organizado, preparado pelo professor, transmissão do conhecimento, como verificação e correção da aprendizagem. A pedagogia deve conhecer seu aluno com um todo, dentro e fora da sala de aula. Conhecer a realidade em que vive este aluno. Sua família, origem, sua formação. Segundo Souza (2012, p. 231), “a instituição de ensino deve possuir o respectivo projeto político pedagógico atualizado e compatível com as necessidades dos alunos, e jamais um documento meramente burocrático”. 36 A escola deverá trabalhar numa perspectiva que irá desenvolver um trabalho de intervenção com um diagnóstico preciso de todos os problemas e obstáculos que deverão ser enfrentados no ano letivo, sempre voltados para atender as necessidades do corpo discente. De acordo com Souza (2012, p. 163), "a escola de sucesso deve ser protegida pelas políticas públicas educacionais específicas, de acordo com sua realidade local”. As autoridades deverão contribuir com uma assistência que garantam qualidade para o progresso do ensino e diminuição dos atos de violência. A falta de estrutura familiar é uma das causas do contato direto com as drogas, pais que trabalham e ocupam com trabalho um tempo excessivo, esquecem-se de orientar seus filhos, falta diálogo, e, muitas vezes, acham que simplesmente colocarem seus filhos na escola é suficiente. A escola é que fica responsável pela educação e o compromisso de proteger seus filhos de todo o mal. A escola não consegue trabalhar sozinha no combate da violência escolar, pois para amenizar esses conflitos, o trabalho deve ser em conjunto com aluno, família, escola, rede de atendimento à criança e ao adolescente, técnicos (Psicólogos, Pedagogos, Assistentes sociais, Sociólogos, Advogados) e Governos. 2.7.2 Medidas de proteção contra violência escolar em João Monlevade: patrulha escolar diminui violência entre alunos. Desde fevereiro de 2013, uma equipe de patrulha escolar Polícia Militar está atuando em 26 escolas de João Monlevade. A equipe,composta pelo sargento Edmilson Garcia e a soldado Márcia realiza rondas de segunda a sexta, e também acompanha os alunos e professores em viagens e excursões promovidas pelas escolas. Este trabalho da Patrulha Escolar em nossa cidade João Monlevade, tem sido parceiros para combater a violência escolar, diminuir conflitos. A polícia pode e 37 dever ser parceira da sociedade. O trabalho da Patrulha Escolar tem sido muito eficiente e imprescindível para manter o ambiente escolar mais seguro. A patrulha Escolar tem recebido ligações diretamente dos pais dos alunos, isso demonstra cumplicidade. A Patrulha escolar tem sido parceira, os policiais se tornaram amigos dos alunos e de seus familiares. Mesmo assim, em João Monlevade a violência se faz presente. São várias ocorrência, brigas, agressões físicas, verbais, bullying, depredações contra o patrimônio, pichações nos muros das escolas. Enfim, os tipos de violência se fazem presente, também, nas escolas de nossa cidade. Para amenizar estes conflitos, foi planejada uma ação conjunta entre pais, alunos, escolas, professores, autoridades, governantes na busca de diminuir a violência. Em João Monlevade, essa parceria e as medidas de proteção, como no caso da Patrulha Escolar, têm surtido efeitos muito positivos, mostrando que é possível ameninar o problema. Em função de sua natureza complexa, reduzir a violência exige consistência e formas variadas de intervenção para sua redução e prevenção. 2.8 ALGUNS CASOS DE VIOLÊNCIA NO MEIO ESCOLAR 2.8.1 Violência escolar no estado de Minas Gerais- levantamento coloca Itabira entre as mais violentas no meio escolar. Um levantamento sobre os municípios mineiros onde há mais violência no meio escolar coloca Itabira no quarto lugar de um ranking de 29 cidades com mais de 100 mil habitantes em Minas Gerais. Os dados oficiais são do Censo Escolar elaborado pelo Ministério da Educação e tem por base o ano de 2011. O mapeamento foi realizado com base no paralelo das ocorrências registradas pela Polícia militar, dentro e fora do âmbito de instituições das redes particular, municipal. Estadual e federal, com o número de estudantes de cada cidade. Esta notícia foi publicada no jornal Estado de Minas, artigos da internet, revistas, demonstram que a violência está bem próxima de nós, e não apenas se reflete nas 38 capitais, mas, também, dentro das cidades do interior. Itabira uma cidade de mais ou menos com 100mil habitantes revela altos índices de violência, uma cidade que fica a 45 km de João Monlevade. A violência escolar não tem limites, não tem fronteira um mal que vem se disseminando desde pequenos locais, zonas rurais, distritos, capitais, estados e mundialmente. Este tipo de violência atinge todas as escolas de maneira geral, as ocorrências registradas pela Polícia Militar, dentro e fora do âmbito de instituições das redes particular, municipal, estadual e federal. Em Itabira, educadores confirmam que a situação da violência é um mal que têm atingido toda a sociedade e não somente o âmbito escolar. “Violência é da Sociedade”. Precisa-se trabalhar a sociedade em si. É realmente uma situação preocupante, temos que trabalhar isto. A situação deve ser revertida com um trabalho entre o Poder Público e a sociedade. A relação de atos de violência são ameaças, danos ao patrimônio, atritos verbais, bullying, cyberbulling, lesões corporais. Um acontecimento na cidade de Juiz de Fora: uma briga entre alunos chamou atenção, quando a diretoria de uma escola municipal precisou chamar a polícia para conter um estudante de 11anos. De acordo com a instituição, o garoto agrediu colegas e funcionários e por isso foi necessário pedir a presença da PM. A mãe do menino, uma faxineira de 43 anos, ficou revoltada com a atitude da escola. “Tem cabimento uma diretoria chamar a polícia para uma criança de 11 anos de idade?” Indagou. A diretoria rebateu as acusações: “a escola não é depósito de crianças e as famílias têm se omitido de suas responsabilidades com elas”. Educação, disciplina, vem de berço, a família continua omissa, transferindo a responsabilidade para a escola. Psicólogos e pedagogos apontam a educação recebida em casa como uma das causas da violência. Os pais são muito permissíveis em relação ao comportamento dos filhos ou muito agressivos. De acordo com especialistas, a falta de valores familiares seria um dos motivos da violência. A falta de limites por parte dos pais que não conseguem dominar as agressões de seus filhos, e esses se refletem na violência do ambiente escolar. 39 2.8.2 Sem segurança, escola fecha A violência é uma preocupação de todos. Este noticiário extraído do jornal: O Tempo - Contagem, edição de setembro de 2013. Quem chegava à porta da Escola Municipal Ápio Cardoso, no bairro Nova Contagem, em Contagem, na região metropolitana da capital, se depara com aviso: “Devido a motivos de segurança, as aulas estão suspensas por tempo indeterminado”. O aviso foi fixado pela instituição que convive com problemas de violência contra alunos, professores e funcionários. A situação se agravou quando jovens começaram invadir aulas, jogar pedras e depredar o prédio da escola. Esta triste realidade que amedronta os espaços escolares fecha as portas das escolas e não podem de maneira alguma de abater os educadores. Eles que de realizam um trabalho de construção de cidadão, é necessário buscar ajuda dos governantes, autoridades, para busca de solução. Em tempos, nos quais os índices de violência são altos para os padrões atuais, vivemos experiências de medo, irracionalidade e perda de controle, sentimentos tão contrários a ideia de paz. Exemplos disso são situações como briga nas escolas, vandalismo, consumo de drogas ou agressão a professores e alunos. Podem-se apontar alguns aspectos relacionados a isso, como educadores não capacitados para lidar com a situação, problemas de gestão e de liderança escolar. A escola é um lugar de busca de conhecimento produzido pela humanidade e compartilhado para as novas gerações. Dessa maneira, serve como espaço para o exercício da cidadania e para alcançar este objetivo, a instituição deve ser acolhedora, inclusiva e segura. A escola é um ambiente mais propício para o aprendizado de valores que norteiam uma sociedade pacífica como: o respeito, ética e justiça. Por isso, ela não pode fechar as portas, deixar que o vandalismo acabe com o trabalho da escola na formação de cidadãos de bens. A violência é um comportamento que deve ser trabalhado e revisto por todos. 40 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho sobre a violência escolar no ambiente escolar do ensino médio teve como questões norteadoras: quais são os principais motivos que desencadeiam a violência escolar no ensino médio? Quais estratégias de prevenção e intervenção podem ser utilizadas para minimizar a violência escolar nesse nível de ensino? Assim, o objetivo dessa pesquisa foi: aprofundar o estudo sobre a violência no ambiente escolar. Para responder a essas questões, esse trabalhou, utilizou como metodologia de trabalho a pesquisa bibliográfica em livros de autores renomados, consultas em sites, jornais e revistas para enriquecer o texto, além de noticiários recentes de acontecimentos diários sobre o assunto. Enfim, o tema permitiu uma pesquisa muito rica e abrangente, trabalhando com a realidade do cotidiano escolar. Diante dessas questões e desses recursos utilizados, e do caráter qualitativo do tema, foi possível chegar às seguintes conclusões: Primeiro, a violência não tem fronteiras, ela chega a todos os locais e a todas as escolas, em diferentes formas e, através de diferentes estratégias. A escola e seus profissionais precisam estar preparados para lidar com esse novo, velho fenômeno social.A segunda conclusão refere-se aos motivos que levam os jovens a cometerem atos de violência simbólica ou física contra outra pessoa, a pesquisa contribuiu para a compreensão do tema, mostrando que não é um único fator: desestruturação das famílias, despreparo das escolas, violência na sociedade, atuação da mídia, o uso de drogas, mas sim uma configuração de fatores que pode ou não levar o jovem a cometer atos de violência. Com relação à atuação para a prevenção dos atos de violência na escola, também, foi possível perceber que não são ações isoladas que irão vencer esse novo desafio social. A pesquisa revelou que o Brasil possui leis e órgãos de proteção e prevenção 41 à violência aos jovens, mas que esses não têm funcionado, deixando os jovens, as escolas e as famílias desprotegidas. Por outro lado, o trabalho mostra que ações que envolvam mais de um setor social: família, escola e polícia militar, por exemplo, como a patrulha escolar em João Monlevade, podem contribuir e muito para amenizar o problema. A pesquisa, também, discutiu e revelou que os educadores se mostram despreparados e indefesos diante da violência no espaço escolar, esse fenômeno sempre existiu, mas, atualmente, ganhou contornos diferentes que assustam e amedrontam os professores, sendo necessário um trabalho de formação e apoio para que os mesmos possam lidar de forma mais tranqüila e saudável com a questão. Enfim, o tema não se esgota nessa pesquisa, pois a violência escolar tomou uma repercussão tão grande, que, hoje, é um tema comum nas mídias, acrescentando à discussão um novo terno: o bullying. A existência do bullying nas escolas tem sido abordada e investigada muito intensamente nos últimos anos. O assunto é mundial. A preocupação com a violência no ambiente escolar é de toda a sociedade, pois a escola é, ainda, a referência para a construção da cidadania e de valores de boa convivência social. 42 REFERÊNCIAS BARROS, G. F. M. Estatuto da Criança e do Adolescente. 7. ed. Salvador, BA: JusPODIVM, 2013. 376 p. BLAYA, C. Violência e maus- tratos em meio escolar. Tradução de Fernanda Oliveira. Lisboa: Piaget Instituto, 2006. 143 p. CALHAU, L. B. Bullying: O que você precisa saber. 3. ed. Niterói, RJ: Impetus Editora, 2011. 160 p. DIRETOR fecha escola onde droga era vendida na porta de sala. O Tempo Contagem. Contagem, MG, 25 set. 2013. Disponível em: <http://www.otempo.com.br/o-tempo-contagem/diretor- fecha-escola-onde-droga-era-vendida-na-porta-de-sala-1.718939>. Acesso em: 25 set. 2013. FERNÁNDEZ, I. 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