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AV2 DIREITO FIN TRIBUTÁRIO Aula 10 E 11-1

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Aula 10 Legislação Fiscal: Direito Financeiro e Tributário 
Quais as Fontes do Direito Tributário? 
A Constituição Federal 
 
O CTN Código Tributário Nacional Lei 5172/1966, 
 
Jurisprudências do STJ e STF 
 
A Constituição Federal É na Constituição Federal onde encontramos os 
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil e para poder 
cumpri-los é necessário estruturar-se como uma organização. Art. 3º, da 
CF/88, constituem objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
Qual o conceito de direito financeiro? 
 
O Direito Financeiro é um ramo do Direito Público, cujas normas regulam 
a atividade financeira do Estado, destinada a proporcionar-lhe os meios 
econômicos necessários para enfrentar as necessidades públicas. 
 
O Direito Financeiro abrange todas as receitas não tributárias – o 
orçamento, a receita pública e a despesa pública – e busca as normas 
espalhadas por todo o ordenamento, inclusive sistematizando-as, 
disciplinando a atividade financeira (arrecadação, administração e gasto 
de dinheiro) visando ao bem comum. Ademais, a finalidade precípua do 
ente estatal é o atendimento do bem comum de seu povo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quais as divisões do Direito financeiro? 
O Direito Financeiro se pluraliza dividindo-se em inúmeros ramos e 
disciplinas que tem intimo relacionamento com outras ordens jurídicas no 
ambiente da interdisciplinaridade. O Direito Financeiro se divide em vários 
ramos, que são a Receita Pública, Despesa Pública e o Direito 
Orçamentário. 
 
1 Receita Pública 
Direito Tributário 
Direito Patrimonial Público 
Direito do Crédito Público 
2 Despesa Pública 
Direito da Dívida Pública 
Direito das Prestações 
Financeiras 
3 Direito Orçamentário 
 
Direito Patrimonial Público disciplina a receita originaria do próprio 
patrimônio do Estado. O preço público cobrado pela prestação de 
serviço inessencial, as contraprestações financeiras pela utilização de 
bens do Estado, os alugueis e as demais fontes da receita originaria. 
 
Direito do Crédito Público regula a emissão dos títulos públicos e a 
captação de empréstimo no mercado aberto de capitais ou diretamente 
nos estabelecimentos bancários nacionais e estrangeiros. 
 
Direito da Dívida Pública disciplina a dívida desde o empenho até o 
pagamento das obrigações. Direito das Prestações Financeiras é o 
conjunto de princípios e normas sobre transferências de recursos do 
Tesouro Público, que não representem contraprestação de aquisição de 
bens e serviços. Abrange as subvenções a governos e a particulares, as 
participações sobre o produto da arrecadação, os incentivos fiscais e as 
despesas invisíveis, como os subsídios e isenções. 
 
Qual o conceito de Direito Tributário? 
 
O Direito Tributário ou Fiscal é o conjunto de normas e princípios que 
regulam a atividade financeira relacionada com a instituição e cobrança 
de tributos. Divide-se em material, que compreende as normas e 
princípios sobre a instituição e a disciplina jurídica dos tributos e formal, 
que cuida dos deveres instrumentais e dos procedimentos de 
arrecadação dos tributos. 
 
 
 
 
O Direito Tributário é a norma conjunta essencial que disciplina a 
tributação, apresentando o seguinte conceito: “Direito Tributário é parte 
do Direito Financeiro que estuda as relações jurídicas entre o Estado 
(Fisco) e os particulares (contribuintes), na instituição, arrecadação, 
fiscalização e extinção do tributo”. 
 
Histórico do Direito Tributário 
 
Tanto no Brasil como no restante do mundo, quando um ente estatal 
tomou forma e se constituiu num Estado, para o qual a população de 
determinado território foi obrigada se submeter às leis e aos comandos, 
também se instituíram dispositivos de manutenção econômica e 
financeira desse Estado. 
Assim, foram criados mecanismos de controle da renda e dos produtos 
gerados nas regiões para sustentar a estrutura, a máquina administrativa, 
governamental e militar dos países. 
Na época dos faraós, do império romano, nos diversos reinados e 
impérios, no decorrer do milênio anterior, seja sob forte influência religiosa 
em alguns momentos ou de apenas critérios de acumulação de poderio 
militar e da expansão de conquistas, invariavelmente, a figura do Estado 
considerado como país ou abrangência territorial de comando, sempre 
determinou que parte da produção fosse destinada a própria 
sobrevivência e manutenção da estrutura e dos serviços estatais. 
Em nosso país, existem muitos tributos que foram criados para ao longo 
do tempo, de forma mais variada e com múltiplas siglas e significados, 
notadamente nos últimos 50 (cinquenta) anos. 
A questão da tributação no país remanesce desde o início da colonização 
pela Coroa Portuguesa. Lembremos que a Inconfidência Mineira (1789), 
segundo a história, teria eclodido em razão da pretensa e exagerada 
cobrança de tributos incidentes sobre a mineração do ouro. 
 
Qual a diferença entre Tributos e Impostos? 
Os tributos compõem o conjunto dos das obrigações tributárias do qual 
faz parte os impostos, taxas, contribuições e outros. 
Então os impostos fazem parte de uma espécie de tributo dentre tantos. 
Os entes estatais, são a União (Governo Federal), Estado (Governo 
Estadual) e Município (Governo Municipal). 
 
 
 
 
Conceito e características do tributo. 
Classificação dos tributos. competência federal, estadual e 
municipal. Espécies tributárias.: impostos , taxas e contribuição de 
melhoria 
 
O que é Tributo? 
R- é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída 
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
Qual a natureza jurídica do tributo? 
R – A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato 
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: A 
denominação e demais características formais adotadas pela lei; A 
destinação legal do produto da sua arrecadação. 
Como estão classificados os tributos? 
Tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. 
 
Quais os tipos de tributos brasileiros mais importantes? 
- Impostos Federais: de Importação (II), de Exportação (IE), de Produtos 
Industrializados (IPI), sobre Operações de Crédito e correlatas (IOF), 
sobre a Renda (IRPF/IRPJ), sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR); 
- Impostos Estaduais: sobre Transmissão de bens por causa mortis e 
doações (ITCMD), sobre Propriedade de veículos (IPVA), sobre 
Circulação de Mercadorias e prestações de Serviços de transporte e 
comunicação (ICMS); 
- Impostos Municipais: sobre Propriedade predial e territorial urbana 
(IPTU), sobre transmissão de imóveis inter- vivos (ITBI), sobre serviços 
de qualquer natureza (ISS); 
- Taxas: as taxas são as mais diversas, sendo um tributo diretamente 
vinculado a prestação de um serviço para um contribuinte. O serviço pode 
ser considerado efetivo ou potencial. Isto é, na primeira hipótese quando 
o tributado paga pela utilização, e na segunda possibilidade é quando o 
contribuinte não utiliza, porém tem o serviço a sua disposição. Exemplo: 
serviço de água potável e esgotamento sanitário. 
- Contribuições Sociais: Existe em número bastante razoável. Sendo 
uma das mais importantes àquela vinculada à seguridade social (INSS). 
Tais contribuições são tributos direcionados a arrecadação de recursos 
para certas áreas de interesse público, tanto para subvencionaro próprio 
ente estatal como a outros que colaborem com a administração pública 
(SENAI, SENAC...); 
- Contribuições de Melhoria: é um tributo específico para cobrir 
despesas de obras públicas que venham valorizar imóveis particulares, 
sempre tendo como limite tributável individual, o valor do acréscimo de 
valorização individual a cada contribuinte. 
- Empréstimos compulsórios: Mesmo que alguns não entendam como 
tributo, mas como um contrato temporário, ocorre pela cobrança efetuada 
em determinado espaço de tempo e sobre especificado produto ou 
serviço, com a promessa de devolução num prazo declarado, sempre sob 
condições legais estipuladas pela sua instituição. No Brasil houve na 
década de 80 do século passado, a cobrança temporária de empréstimo 
compulsório sobre combustíveis automotores. 
 
Obrigação tributária. 
Conceito - Obrigação Tributária é a relação instaurada a partir da prática 
de atos previstos em lei como suficientes para exigir de alguém o 
pagamento de tributos, no entanto, tem que ter previsão legal. 
Quais os elementos da obrigação tributária? 
 A lei, o fato jurídico, sujeito ativo, sujeito passivo, e objeto (base de 
cálculo, alíquota) 
Quando surge a obrigação tributária? 
R - Surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o 
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente 
com o crédito dela decorrente. 
O que é Fato Gerador? 
R - Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei 
como necessária e suficiente à sua ocorrência 
Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma 
da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não 
configure obrigação principal. 
- Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular 
da competência para exigir o seu cumprimento. 
- Sujeito Passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao 
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. 
 
 
 
Que pode ser o contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com 
a situação que constitua o respectivo fato gerador; ou o responsável, 
quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra 
de disposição expressa de lei. 
O que é capacidade tributária? 
É a aptidão de uma pessoa para participar da relação jurídica tributária na 
qualidade de sujeito passivo da obrigação. 
A Capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das 
pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que 
importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, 
comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou 
negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, 
bastando que configure uma unidade econômica ou profissional 
O que é o Domicílio Tributário? 
 
Domicílio em sentido jurídico, indica o centro ou a sede das atividades 
de uma pessoa, o lugar onde mantém seu estabelecimento ou fixa sua 
residência com ânimo definitivo. O domicílio do sujeito passivo indica o 
sujeito ativo da obrigação. 
Segundo o Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, 
de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se 
como tal: 
 
• Pessoas Naturais quanto às pessoas naturais, a sua residência 
habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua 
atividade; 
 
• Pessoas jurídicas de direito privado quanto às pessoas jurídicas de 
direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em 
relação aos 
atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; 
 
• Pessoas jurídicas de direito público III - quanto às pessoas jurídicas 
de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade 
tributante. 
 
 
Considera-se ainda como domicílio tributário do contribuinte ou 
responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou 
fatos que deram origem à obrigação. 
São Possibilidades de domicílio da pessoa jurídica de direito privado; 
a sede da empresa em alguns casos, como: IR ou No local de cada 
estabelecimento, no caso: IPI,ICMS, ISS, etc. 
A atribuição constitucional de competência tributária compreende a 
competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na 
Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis 
Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto 
nesta Lei. 
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou 
em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à 
competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. 
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das 
funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, 
atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma 
pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 
da Constituição. 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios 
processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a 
conferir. 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato 
unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. 
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a 
pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. 
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a 
pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a 
tenha atribuído. 
Limitações ao Poder de Tributar 
 
É proibido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, 
quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; 
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei 
posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda; 
 
 
III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de 
pessoas ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou 
intermunicipais; 
IV - cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns 
dos outros; b) templos de qualquer culto; 
 c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas 
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos. 
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e 
livros. 
Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em 
todo o território nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor 
de determinado Estado ou Município. 
Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em 
razão da sua procedência ou do seu destino. 
 
Princípios do Direito Tributário 
 
Princípio da Legalidade 
Princípio da Anterioridade ou Princípio Da Não Surpresa 
Princípio da Irretroatividade 
Princípio da Igualdade ou Isonomia Tributária 
Princípio da Capacidade Contributiva 
Princípio da Vedação de Confisco 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
A Constituição Federal assegura que “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II). 
O princípio da legalidade tributária, estabelecido pelo artigo 150, I, da CF, 
nada mais é que o princípio do artigo 5º, inciso II, todavia, expressamente 
voltado ao direito tributário, e garante que nenhum tributo será criado ou 
majorado, senão em virtude de lei. 
A lei que o texto faz menção trata-se de lei em sentido estrito, ou seja, 
aquela aprovada pelo legislativo e sancionada pelo executivo, e não de 
lei em sentido amplo, que engloba todo tipo de norma jurídica imposta 
pelo Estado. Por isto, para criar ou majorarum tributo faz-se necessária 
edição de lei. 
 
Contudo, no que tange à majoração, há exceções ao princípio da 
legalidade, pois, o Poder Executivo tem liberdade para alterar a alíquota 
do IE (Imposto de Exportação), II, IPI e IOF (Imposto sobre Operações de 
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários) por 
meio de decreto. 
Vale lembrar que medida provisória tem força de lei e por isso pode ser 
utilizada para realizar quaisquer dos atos previstos nos incisos do artigo 
97 do CTN, desde que aprovada até o final do exercício que foi criada. 
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DE EXERCÍCIO 
É proibida a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”, conforme 
estabelece o artigo 150, III, “b”, da CF. 
Neste dispositivo encontra-se consubstanciado o princípio da 
anterioridade, segundo o qual a lei que criou ou aumentou o tributo deve 
existir antes do início do exercício financeiro que o tributo passará a ser 
recolhido. Em outras palavras, se determinada lei, publicada em 10 de 
maio de 2010, institui novo tributo, tal tributo não poderá passar a ser 
recolhido no ano de 2010, mas somente no primeiro dia de janeiro de 
2011, ou seja, no exercício posterior àquele que foi publicada a lei que 
instituiu o tributo. 
Entretanto, este princípio também comporta algumas exceções. São elas: 
II, IE, IOF, IPI, imposto extraordinário de guerra e empréstimo compulsório 
destinado a atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência. 
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 
O princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecido como 
princípio da anterioridade mitigada, ou mínima, surgiu com o acréscimo 
da alínea “c” ao inciso III do artigo 150 da CF, cujo texto estabelece que 
não será cobrado tributo antes de decorridos noventa dias da data em que 
fora publicada a lei que o instituiu ou aumentou, sem prejuízo do disposto 
na alínea “b”, ou seja, se determinada lei, publicada em 27 de dezembro 
de 2011, institui ou majora um tributo, o novo tributo ou a majoração 
passarão a valer somente em 27 de março de 2012, isto é, noventa dias 
após a publicação da lei. 
 
 
O princípio da anterioridade nonagesimal não se aplica ao II, IE, IR 
(Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza), IOF, imposto 
extraordinário na iminência ou no caso de guerra externa, ao empréstimo 
compulsório para atender a despesas extraordinárias que decorram de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência, nem à fixação 
da base de cálculo do IPTU (Impostos sobre Propriedade predial e 
Territorial Urbana) e do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo 
Automotor). 
PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA 
Este princípio está consignado no artigo 150, II, da CF, e assegura 
tratamento uniforme do Estado para com os contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente. 
Todavia, existem situações em que faz-se necessário que o Estado trate 
desigualmente alguns contribuintes a fim de atender com rigor ao princípio 
da igualdade. É o caso, por exemplo, do imposto progressivo, pois, 
conforme explica Hugo de Brito Machado: 
Realmente, aquele que tem maior capacidade contributiva deve pagar 
imposto maior, pois só assim estará sendo igualmente tributado. A 
igualdade consiste, no caso, na proporcionalidade da incidência à 
capacidade contributiva, em função da utilidade marginal da riqueza 
(2012, p. 37). 
Destarte, por mais que pareça contraditório à primeira vista, tratar todos 
os contribuintes com igualdade não significa, em regra, tratá-los de forma 
exatamente igual. 
PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA 
Em nosso país, o poder de tributar é dividido entre seus entes, União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, que, atendendo aos limites 
constitucionais e mediante edição de leis, cobram seus respectivos 
tributos. Essa divisão de poder, devidamente delimitada e normatizada, 
atribuída aos entes dotados de poder legislativo, que restringem sua 
atividade de tributar à matéria que lhes foi destinada, é chamada de 
competência tributária. 
Explicando de outra forma, competência tributária é o poder impositivo 
que cada ente possui de cobrar tributos dos contribuintes, obedecendo 
aos limites e parâmetros estabelecidos pela Constituição Federal. 
É importante lembrar que competência tributária é diferente de 
capacidade tributária. Esta última trata-se da capacidade para figurar 
como sujeito ativo na relação de tributação, podendo esta capacidade ser 
atribuída pela Constituição ou por lei infraconstitucional a ente estatal 
dotado ou não de poder legislativo. É exercida através de atos 
administrativos. 
PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA 
De acordo com o princípio da uniformidade geográfica, previsto no artigo 
151, I, da CF, é proibido à União: 
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou 
que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito 
Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de 
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento 
sócio-econômico entre as diferentes regiões do país. 
Este princípio funciona em perfeita harmonia com o princípio da igualdade 
na medida em que o legislador constituinte, apesar de proibir a instituição 
de tributo não uniforme no território nacional ou que resulte em 
preferência ou distinção, admite a concessão de incentivos fiscais a fim 
de alcançar o equilíbrio sócio-econômico do país. 
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO CONFISCO 
Em um país onde o contribuinte paga até 27,5% de imposto sobre sua 
renda e a carga tributária chega a atingir o equivalente a 36% do PIB 
(Produto Interno Bruto), fica difícil explicar o que é um tributo com efeito 
de confisco, porém, tentar-se-á fazê-lo. 
Estabelece o artigo 150, IV, da CF que é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios “utilizar tributo com efeito de 
confisco”. 
Entende-se que o tributo com efeito confiscatório é aquele com caráter 
explorador, ou seja, cujo percentual em relação ao que está sendo 
tributado é visivelmente absurdo. 
Segundo Hugo de Brito Machado, “o caráter confiscatório do tributo há de 
ser avaliado em função do sistema, vale dizer, em face da carga tributária 
resultante dos tributos em conjunto”. Continua, afirmando que “o tributo 
deve ser um ônus suportável, um encargo que o contribuinte pode pagar 
sem sacrifício do desfrute normal dos bens da vida” (2012, p. 41). 
Por assim ser, entende-se que qualquer tributo, para que não seja 
considerado confiscatório, deve ser estipulado com o mínimo de bom 
senso e conforme a necessidade sócio-econômica do país, o que leva a 
concluir que, infelizmente, no Brasil, existem poucos tributos que não 
possuem efeito de confisco, os quais, quando recolhidos em conjunto com 
outros tributos incidentes sobre o mesmo fato gerador, acabam atingindo 
uma totalidade visível e extremamente confiscatória. 
PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO 
Segundo o artigo 150, V, da CF, é proibido que quaisquer das entidades 
tributantes estabeleçam “limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por 
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais”. Vale lembrar que o 
próprio dispositivo faz ressalva a cobrança de pedágio. 
Todavia, não é plausível o argumento de que, com base nesta regra, o 
ICMS (Imposto sobre operações relativas à Circulação de Mercadorias e 
sobre prestações de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal 
e de comunicação) em operações entre estados ou entre municípios é 
ilegal, haja vista que o objetivo da norma é vedar que seja instituído tributo 
cuja hipótese de incidência seja a transposição de fronteira interestadual 
ou intermunicipal, e não a circulação de bens ou mercadorias que 
transpõe fronteirasestaduais ou municipais. 
Desta forma, seria inconstitucional, por exemplo, uma pessoa ter de pagar 
tributo para viajar do estado de São Paulo até o estado do Paraná pelo 
simples fato de atravessar a fronteira entre os estados. Neste caso, 
ocorreria a limitação ao tráfego de pessoas por meio de tributo. 
PRINCÍPIO DO NON OLET 
O princípio do non olet ou, em português, princípio do “não tem cheiro”, 
defende a ideia de que, para o Fisco, não importa se os rendimentos 
tributáveis tiveram ou não fonte lícita ou moral, ou seja, não importa qual 
foi o fato gerador do tributo, o que importa é que o elemento previsto na 
hipótese de incidência ocorreu. 
Para o Fisco o dinheiro não tem cheiro lícito ou ilícito. Assim, ainda que a 
atividade seja ilícita, se gerar renda, será tributada. Cabe aqui o exemplo 
das casas de prostituição citado no início deste artigo. 
Distinguir a diferença entre hipótese de incidência e fato gerador 
Principio da pecunia non olet 
Ver vídeo https://www.youtube.com/watch?v=862XoiBRDsQ 
Professor Ricardo Alexandre aborda o tema Princípio do pecunia non olet. 
Ler o artigo: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-fato-gerador- a 
hipotese-de-incidencia-tributaria-e-o-principio-da-pecunia-non-
let,50085.html 
 
 
 
LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR 
 Vedação à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios para assegurar garantias ao contribuinte 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
Princípio da legalidade 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
Princípio da isonomia ou igualdade 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se 
encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção 
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, 
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, 
títulos ou direitos; 
III - cobrar tributos: 
Princípio da irretroatividade da lei 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da 
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
Princípio da anterioridade 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei 
que os instituiu ou aumentou; 
Princípio da noventena 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto 
na alínea b; 
Princípio da proibição de confisco 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
 
Para próxima aula híbrida 
Especificamente antes do próximo estudo (aula 11), como crédito híbrido, 
o aluno deverá consultar o roteiro de estudos para análise de "Espécies 
de tributos? Natureza jurídica do pedágio". 
 
Sugestão / Fonte de consulta: Texto: Natureza jurídica do pedágio: taxa 
ou tarifa? 
https://marcelloleal.jusbrasil.com.br/artigos/111730170/natureza-
juridica-do-pedagio-taxa-ou-tarifa 
Atividade: Analisar a natureza jurídica do pedágio e explicando as 
características da taxa e da tarifa. 
 
 
 
AULA HÍBRIDA 
 
 
Espécies de tributos de acordo com o CTN 
 
 1. Impostos 
1.1 Impostos sobre o Patrimônio e a Renda. 
1.2 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) 
1.3 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural 
1.4 Imposto sobre Heranças (Causa Mortis) e Doações (ITCMD) 
1.5 sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) 
1.6 Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) 
1.7 Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis e Direitos 
a eles relativos (ITBI) 
 
2 Taxas 
 
3 Contribuição de Melhoria 
 
 
ARTIGOS 
 
Artigo Luís Henrique Assis Nunes 
O fato gerador, a hipótese de incidência tributária e o 
princípio da pecunia non olet 
(A cláusula tributária chamada pecunia non olet ou non olet (não tem cheiro) estabelece que, 
para o fisco, pouco importa se os rendimentos tributáveis tiveram ou não fonte lícita ou moral) 
Resumo: O presente artigo traz a lume as diferenças entre o fato 
gerador e a hipótese de incidência tributária, bem como analisa a 
possibilidade de tributação de atividades ilícitas. 
Palavras chave: Fato gerador, hipótese de incidência, interpretação 
objetiva. 
Sumário: 1. Introdução. 2. Considerações sobre a hipótese de 
incidência e o fato gerador da obrigação tributária. 3. O princípio da pecunia 
non olet e a interpretação objetiva do fato gerador. 4. Conclusões. 5. 
Referências bibliográficas. 
 
1. Introdução 
O Direito Tributário é o ramo do Direito Público que disciplina, por 
meio de regras e princípios próprios, as relações jurídicas decorrentes da 
atividade financeira do Estado de captação de tributos dos particulares. Para 
isso, os entes políticos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), que 
são os detentores da competência constitucional tributária, devem editar leis 
próprias que criem as normas jurídicas tributárias. 
A doutrina tributarista possui uma série de definições para o tributo, 
que também possui sede legal no artigo 3º, do Código Tributário Nacional: 
 
Art. 3º tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. 
Característica peculiar que difere o tributo da multa é que ele não é 
sanção pelo cometimento de ato ilícito, pois seu objeto é a arrecadação 
devido à prática de fatos econômicos descritos na norma jurídica. 
Por força do princípio da legalidade, o tributo deve ser instituído ou 
majorado por meio de lei, que, conforme o art. 97, do Código Tributário 
Nacional, deve definir o seu fato gerador, a base de cálculo, as alíquotas, o 
sujeito passivo, além das sanções em razão do descumprimento de suas 
prescrições, in verbis: 
 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
 
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos 
artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado 
o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; 
 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o 
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a 
seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; 
 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, 
ou de dispensa ou redução de penalidades. 
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de 
cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II 
deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. 
 
 
 
 
 
 
2. Considerações sobre a hipótese de incidência e o fato gerador 
da obrigação tributária 
A hipótese de incidência é o elemento econômico do mundo 
fenomênico (ser) previsto abstratamente na norma jurídica tributária (mundo 
do dever-ser), capaz de ensejar o surgimento da relação jurídico-tributária. 
Por isso, a hipótese de incidência é a descrição legal e abstrata dos 
fatos materiais eleitos pelo legislador para figurar na norma jurídica tributária. 
Por outro lado, o fato gerador é a ocorrência, no mundo fenomênico, 
do fato econômico abstratamente previsto na norma tributária, ou seja, é a 
realização fática da hipótese de incidência. Desse modo, o fato gerador é a 
concretização, no mundo do ser, da hipótese de incidência prevista de forma 
abstrata na norma jurídica, representando o plano fático do fenômeno da 
subsunção tributária. 
Nessa alheta, é o magistério de Eduardo de Moraes Sabbag[1]: 
Como se notou, “hipótese de incidência” é asituação descrita em lei, 
recortada pelo legislador entre inúmeros fatos do mundo fenomênico, a qual, 
uma vez concretizada no fato gerador, enseja o surgimento da obrigação 
principal. A substancial diferença reside em que, enquanto aquela é a 
“descrição legal de um fato (...) a descrição da hipótese em que o tributo é 
devido”, esta se materializa com a efetiva ocorrência do fato legalmente 
previsto. 
Portanto, a hipótese de incidência e o fato gerador não possuem o 
mesmo significado, porque aquela é o critério material que descreve, de 
forma abstrata, na norma jurídica tributária, um fato jurídico econômico, ao 
passo que este é a materialização daquela no mundo concreto, que 
oportuniza o surgimento da obrigação tributária. 
É digna de críticas a redação do artigo 114, do Código Tributário 
Nacional (CTN), ao estabelecer que o “fato gerador da obrigação principal é 
a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. 
Ora, o legislador pecou e confundiu os conceitos ao elaborar o dispositivo 
em epígrafe, visto que fato é a ocorrência de alguma coisa no mundo 
concreto, sendo a situação definida em lei apenas uma hipótese a ser 
realizada. 
Por oportuno, seguem os ensinamentos de Ricardo Alexandre[2]: 
O CTN, em seu art. 114, afirma que o “fato gerador da obrigação principal 
é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua 
ocorrência”. Ora, se apenas está definida em lei, a situação não poderia ser 
denominada de “fato”. Por isso, a boa doutrina afirma que a previsão abstrata 
deve ser denominada “hipótese”, pois se refere a algo que pode vir a ocorrer 
no mundo, tendo como consequência a incidência tributária. Daí a famosa 
terminologia “hipótese de incidência”. 
Assim, a hipótese de incidência da obrigação principal, que, uma vez 
verificada sua ocorrência no mundo material, enseja o pagamento de tributos 
e da penalidade pecuniária (obrigação de dar dinheiro ao Estado) é essa 
prevista no artigo 114, do Código Tributário Nacional, como situação 
necessária e suficiente. 
Por outro lado, a norma do artigo 115, do Código Tributário Nacional, 
prescreve que a hipótese de incidência da obrigação acessória é qualquer 
situação que, de acordo com a lei, impõe a prática ou a abstenção de ato 
que não configure obrigação principal, ou seja, tudo aquilo que consta da 
norma jurídica tributária e que não seja enquadrado como obrigação 
principal será acessória (obrigação de fazer e não fazer). 
 
3. O princípio da pecunia non olet e a interpretação objetiva do 
fato gerador 
 
O mero acontecimento do fato gerador é suficiente para ensejar o 
fenômeno da incidência tributária, porquanto o tributo é universalmente 
exigível, pouco importando a natureza da atividade econômica subjacente. 
Ora, para efeito de tributação, apenas é relevante a ocorrência do fato 
econômico descrito na hipótese de incidência, sendo impertinente a análise 
da natureza do ato praticado. 
O art. 118, do Código Tributário Nacional, prescreve que não possui 
valor para a averiguação do fato gerador, a validade jurídica dos atos 
praticados, a natureza do objeto e os seus efeitos, in verbis: 
 
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: 
I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, 
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus 
efeitos; 
II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
O dispositivo legal epigrafado é a sedimentação do princípio da 
interpretação objetiva do fato gerador, que deve ser examinado de maneira 
direta e concreta, sem levar em consideração fatores extrínsecos ao fato 
econômico descrito na norma jurídica tributária, em perfeito respeito à 
isonomia tributária. 
O princípio da isonomia tributária, diretamente relacionado com os 
princípios da capacidade contributiva e da universalidade da tributação, 
encontra amparo na máxima latina da pecunia non olet[3], isto é, o tributo 
não cheira, o que faz com que todos os indivíduos que realizem o fato 
gerador, independentemente de suas características externas, tornem-se 
sujeitos passivos da obrigação tributária. 
Por isso, se o contribuinte pratica atividade ilícita, mas com cunho 
econômico descrito na norma jurídica tributária, terá realizado o fato gerador 
e estará sujeito aos efeitos da incidência tributária, devendo, por 
conseguinte, recolher tributos, pois os aspectos extrínsecos ao fato 
imponível não possuem relevância jurídica. Sobre o tema, destaca-se o 
entendimento de Ricardo Alexandre[4]: 
 
Aqui, uma importantíssima observação. O dever de pagar tributo – 
conforme será detalhado em momento oportuno – surge com a ocorrência, 
no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei (o fato 
gerador). Portanto, se alguém obtém disponibilidade econômica ou jurídica 
de rendimentos, passa a ser devedor do imposto de renda (CTN, art. 43), 
mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato ilícito, ou até 
criminoso, como a corrupção, o tráfico ilícito de entorpecentes etc. 
A justificativa para o entendimento é que nesses casos não se está 
punindo o ato com o tributo (a punição ocorrerá na esfera penal e, se for o 
caso, na administrativa e civil). A cobrança ocorre porque o fato gerador 
(obtenção de rendimentos) aconteceu e deve ser interpretado abstraindo-se 
da validade jurídica dos atos praticados (CTN, art. 118, I). 
Ainda, ressalta-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal[5]: 
Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet". 
Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais 
organizadas, com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das 
empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em 
tese, de crime de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça 
Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da 
origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. 
A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso 
– antes de ser corolário do princípio da moralidade – constitui violação do 
princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. 
No mesmo sentido, situa-se o Superior Tribunal de Justiça[6]: 
RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. 
SONEGAÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA NÃO AUTO-
INCRIMINAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL 
DESPROVIDO. 
1. O princípio nemo tenetur se detegere refere-se à 
garantia da não auto-incriminação, segundo o qual 
ninguém pode ser forçado, por qualquer autoridade ou 
particular, a fornecer involuntariamente qualquer tipo de 
informação ou declaração que o incrimine, direta ou 
indiretamente. Trata-se de princípio de caráter 
processual penal, já que intimamente ligado à produção 
de provas incriminadoras. Já o princípio pecunia non olet 
carrega consigo a idéia de igualdade de tratamento entre 
as pessoas que tenham capacidade contributiva 
semelhante, independentemente da maneira utilizada 
para alcançar essa disponibilidade econômica, isto é, não 
importa se os rendimentos tributáveis tenham ou não 
fonte lícita. Cuida-se de princípio de direito tributário. Tais 
princípios não se contrapõem, seja pela questão 
topográfica em que se encontram no direito, seja porque 
um não limita ou impossibilita a aplicação do outro, até 
mesmo porque o princípio pecunia non olet despreza a 
origem da fonte econômica tributável - se lícita ou ilícita. 
2. A necessidade de se recolher impostos surge com o 
fato de se auferir renda, pouco importando se essa renda 
é lícita ou ilícita, não ensejando, por isso mesmo, 
qualquer ingerência no princípio da não auto-
incriminação, do contrário dificilmente se vislumbraria a 
prática de crimes contra a ordem tributária, que 
geralmente estão ligados ao cometimento de outrosdelitos, como por exemplo, contra o sistema financeiro 
nacional. 3. Recurso especial desprovido. 
Destarte, desde que haja relevância econômica e exista tipificação 
na norma jurídica tributária, deve haver a tributação de atividades, atos e 
eventos com objeto ou efeitos ilícitos. 
4. Conclusões 
A despeito da imprecisão legislativa do artigo 114, do Código 
Tributário Nacional, a doutrina é esclarecedora no sentido de diferenciar a 
hipótese de incidência do fato gerador, sendo aquela a descrição abstrata e 
apriorística, na norma jurídica tributária, dos fatos econômicos que implicam 
o fenômeno da tributação, enquanto este é a ocorrência no mundo concreto 
da situação abstrata prevista na norma. 
Como o fato gerador deve ser interpretado de forma objetiva, não 
possui relevância para o seu acontecimento a validade jurídica dos atos 
praticados, a natureza do objeto e os seus efeitos, motivo pelo qual é 
possível a tributação de atividades ilícitas, tal qual restou decidido pelo 
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus nº 77.530/RS, 
no qual foi admitida a tributação da renda decorrente da exploração do tráfico 
ilícito de substâncias entorpecentes. 
5. Referências bibliográficas 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 2. ed. São 
Paulo: Método, 2008. 
BRASIL. Código Tributário Nacional. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5172.htm>. Acesso em 10 de 
fevereiro de 2014. 
______. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 
1.208.583/ES, Relatora Laurita Vaz. Disponível em: < 
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23027980/recurso-especial-resp-
1208583-es-2010-0162642-0-stj/inteiro-teor-23027981>. Acesso em 10 de 
fevereiro de 2014. 
______. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 77.530/RS, 
Relator Ministro Sepúlveda Pertence. Disponível em: < 
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc 
TP=AC&docID=77385>. Acesso em 10 de fevereiro de 2014. 
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional 
tributário. 19. ed. São Paulo: Malheiros, 2004l 
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 16. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
SABBAG, Eduardo de Morais. Manual de direito tributário. 4. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. 
Notas: 
 
[1] Manual de direito tributário. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 676. 
[2] Direito tributário esquematizado. 2. Ed. São Paulo: Método, 2008, p. 
276/277. 
[3] Referida máxima tem origem no diálogo entre Vespasiano e seu filho 
Tito, que, questionando o genitor sobre o motivo da tributação dos usuários 
de banheiros públicos, na Roma Antiga, foi convencido pelo pai que a moeda 
não exalava odor como os mictórios e, assim, não importavam os aspectos 
extrínsecos do fato gerador. 
[4] Direito tributário esquematizado. 2. Ed. São Paulo: Método, 2008, 
p.37. 
[5] Habeas corpus nº 77.530/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, 1ª 
Turma, julgado em 25.08.1998. 
[6] Recurso Especial nº 1.208.583, relatora Ministra Laurita Vaz, 5ª 
Turma, julgado em 04.12.2012. 
 
ARTIGO 
Natureza jurídica do pedágio: taxa ou tarifa? 
Uma dúvida bastante comum diz respeito à natureza jurídica do pedágio: se 
possui natureza jurídica de taxa ou de tarifa (preço público). A discussão em sua 
essência diz respeito ao estudo da diferença entre preço público e taxa, pois é 
nesta seara onde se busca um critério que nos diga de forma segura e objetiva 
como determinado serviço público poderá ser remunerado. 
Atualmente, o Supremo Tributal Federal, quando do julgamento da ADI 800, abraçou 
a tese que entende possui o pedágio natureza jurídica de preço público. E as 
conseqüências jurídicas deste entendimento são inúmeras. Para que entendamos 
melhor os desdobramentos e complexidade deste tema, vamos começar pela 
abordagem da natureza jurídica dos institutos em questão. 
Desta feita, pelo menos acerca da natureza jurídica do pedágio, não há mais dúvidas: 
ele possui natureza jurídica de preço público. Mas em relação aos demais serviços 
esta é uma dúvida ainda presente e pertinente. Se por um lado podemos afirmar que, 
em virtude de decisão do Supremo, já sabemos qual será o regime jurídico aplicável 
ao pedágio, não podemos fazer esta afirmativa em relação aos demais. Por isto que 
esta discussão ainda possui pertinência. 
Assim, para nivelarmos todos os amigos e amigas leitores, é importante abordar de 
forma bem sucinta as principais características que separam as taxas dos preços 
públicos, até para que a discussão de ser o pedágio uma coisa ou outra se justifique 
bem aos olhos de todos. 
Taxa é uma espécie de tributo que tem na sua materialidade uma atividade do 
Estado, servindo para remunerar o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva 
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, nos termos do art. 145, II, 
da Constituição Federal. Por ser espécie tributária, está submetida a um regime 
de direito público e a ela se aplicam todas as limitações constitucionais ao poder de 
tributar (princípios da legalidade, anterioridade nonagesimal e do exercício financeiro, 
sua cobrança segue o rito especial da Execução Fiscal, etc.). 
O preço público está submetido a regime de direito privado, de natureza contratual, 
sendo imprescindível para a validade de sua cobrança a efetiva utilização do serviço 
prestado ao usuário, de modo que não se admite a cobrança de preço público pela 
utilização em potencial do serviço, como ocorre validamente com a taxa. 
Atenção: digo desde logo que não vou adotar a diferença proposta por parte da 
doutrina entre preço público e tarifa. Para os que veem diferença, preço público é 
utilizado para quando o serviço e a cobrança forem realizadas diretamente pelo 
Estado, e tarifa quando a prestação e a cobrança forem feitas por particular 
concessionário ou permissionário daquele serviço. Usarei as duas expressões a partir 
de agora como sinônimos. 
Na visão do direito financeiro, taxa é tipo de receita pública derivada, como todo 
tributo, ao passo que o preço público é tipo de receita pública originária. Disto decorre 
a diferença de tratamento que receberão do ordenamento jurídico, conforme 
analisaremos abaixo. 
Percebe-se então que na taxa há o elemento da compulsoriedade de seu 
pagamento, quando estiverem presentes os requisitos previstos na Constituição e na 
legislação infraconstitucional (prévia lei instituidora, serviço público específico e 
divisível, etc.), o que não ocorre com o preço público, que por ser de natureza 
contratual, regido por normas de direito privado, pressupõe a facultatividade da 
adesão ao serviço. 
Para o nosso debate nos interessa a taxa cobrada em razão dos serviços públicos. 
Peço a todos que verifiquem seus apontamentos ou livros de direito administrativo 
para que fique bem claro o que é serviço público. Sem que tenham isso bem definido, 
a discussão abaixo parecerá mais complexa do que realmente é. 
Como exemplo de taxa, podemos citar o serviço público de coleta de lixo domiciliar. 
Caso este serviço público seja prestado pelo Estado, ou por quem lhe faça as vezes, 
mesmo que o usuário não o utilize, imaginemos que o administrado leve seus resíduos 
sólidos para reciclagem, o pagamento da taxa ainda assim será devido, pois existia a 
possibilidade de seu uso - o caminhão passou em frente a sua residência para coletar 
o lixo, ainda que nada tenha encontrado. No caso de um serviço remunerado 
por preço público, como os serviços de telefonia, somente com sua adesão ao 
contrato e a utilização dos mesmos é que nascerá a obrigação de pagar as respectivas 
tarifas. Existe para o usuário a faculdade de aderir ou não àquele contrato. 
Vendo por este lado, outras diferenças saltam aosolhos. O serviço remunerado por 
taxa não pode ser suspenso em casos de inadimplência (não recolhimento do tributo), 
devendo o sujeito ativo credor utilizar-se da Execução Fiscal, diferentemente do que 
ocorre com os serviços renumerados por preço público, conforme nos alerta Renato 
Lopes Becho (2011, p. 281). 
Visto a diferença entre taxa e tarifa, falta agora discutir o ponto principal e que está 
longe de encontrar sistematização uniforme na doutrina: qual serviço público pode 
ser remunerado por taxa e qual pode ser remunerado por tarifa? 
Renato Lopes Becho (2011, p. 267) divide os autores em dois grupos, ao menos: os 
que entendem que todo serviço público é objeto de taxas, negando a possibilidade 
jurídica de existirem preços públicos no ordenamento jurídicos brasileiro, e os autores 
que sustentam a concomitância, em nosso sistema jurídica, de taxas e preços 
públicos, sendo que em alguns casos não há opção deixada a cargo do legislador. 
Para Geraldo Ataliba (1996, p. 140), por exemplo, é inconstitucional a cobrança de 
todo e qualquer preço público. Com entendimento nesse mesmo sentido, nos ensina 
Roque Antônio Carrazza (2010, p. 555) que todos os serviços públicos deveriam ser 
remunerados por taxa ou serem gratuitos, negando a possibilidade constitucional da 
cobrança de preços públicos. Outro nome de peso que segue entendimento mais 
extremado é José Eduardo Soares de Melo (2001, p. 56), que afirma categoricamente 
que a "prestação de serviço público deve ser necessariamente remunerada por taxas". 
Mesmo os que advogam a tese da possibilidade de cobrança das taxas e dos preços 
públicos para custear serviços públicos, não chegam a um critério único que nos 
informaria qual tipo de serviço seria remunerado por qual tipo de cobrança. 
Durante um tempo, buscou-se utilizar os elementos caracterizados de serviço público 
da doutrina administrativista, que podem aparecer em conjunto ou não: a) elemento 
material (atividade inerente ao interesse coletivo); b) elemento subjetivo (presença do 
Estado na relação jurídica); e c) elemento formal (normas de regime público) (DI 
PIETRO, 2011, p. 99). 
Contudo, atualmente com a evolução do direito administrativo, surgindo a presença 
da prestação de serviços por concessionários, permissionários, aplicação de regimes 
jurídicos híbridos e a dificuldade em se apontar objetivamente o que é interesse 
coletivo, levou ao abandono de tais critérios próprios do direito administrativo para que 
se buscasse um típico do direito financeiro e tributário (BECHO, 2011. 273). 
Como nosso foco é dar um norte para aqueles que estão prestando provas para 
concursos públicos, é sempre recomendável pesquisar o que nos diz o Supremo 
Tribunal Federal acerca do tema. 
Voltando um pouco no tempo e na jurisprudência do STF, verificaremos inicialmente 
que de acordo com seu antigo entendimento sumulado preço público e taxa são coisas 
distintas, senão vejamos: 
STF Súmula nº 545 - Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque 
estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua cobrança condicionada 
a prévia autorização orçamentária, em relação a lei que as instituiu. 
Atenção que a parte final desta súmula está prejudicada de acordo com o 
ordenamento constitucional vigente, uma vez que não há mais a necessidade dos 
tributos se submeterem ao princípio da anualidade tributária, qual seja a autorização 
de sua cobrança naquele ano na Lei Orçamentária Anual. Apesar da parte final estar 
desatualizada, serve a súmula para deixar claro que o Supremo além de ver diferença 
entre tais institutos, parece apontar não só umas das principais características do taxa, 
mas também o que seria um critério diferenciador entre ambos: a compulsoriedade. 
Como estamos buscando responder a indagação feita acima, qual seja entender o 
que justifica determinado serviço público ser remunerado por taxa enquanto outro é 
remunerado por tarifa, é curial que busquemos um critério diferenciador. 
O critério da compulsoriedade é aceito por diversos doutrinadores (por todos, Paulo 
de Barros Carvalho, 2008, p. 382) e pode ser entendido de duas formas: 
1. Um serviço público será remunerado por taxa se não puder o administrado 
licitamente obter de outro modo aquela comodidade por ele proporcionada. Caso haja 
uma outra alternativa lícita ao administrado para obter a comodidade almejada, sua 
adesão ao serviço é considerada facultativa, devendo ser remunerado por preço 
público; OU 
2. Sempre que a contraprestação a cargo do sujeito passivo independer de sua efetiva 
utilização, bastando que o serviço público seja disponibilizado pelo Estado ou por um 
concessionário, advindo o vínculo diretamente da lei, estaremos diante de uma taxa; 
agora se for necessário um contrato, mesmo que verbal ou de adesão, podendo o 
usuário optar em não receber aquele serviço público, estaremos diante de um preço 
público. 
O segundo critério é o mais utilizado pela doutrina moderna, recomendando-se sua 
utilização em provas de concurso público, em especial nas questões discursivas, pois 
possui a vantagem de não separar a possibilidade da cobrança de taxa ou de preço 
público em razão da pessoa que presta o serviço e nem procura investigar a natureza 
do serviço em si. Explico. 
Então, onde não cabe o contrato, o serviço público será remunerado por taxa, pois 
não há que se falar em liberdade do usuário - trata-se de vínculo ex lege. Quando 
houver possibilidade de escolha por parte do administrado, aderindo ao contrato (seja 
ele de adesão, verbal, precedido de licitação ou não - exemplo: contrato de transporte 
coletivo), será o serviço remunerado por preço público. 
Entendido o critério da compulsoriedade, começaremos a responder a pergunta feita 
acima (qual serviço público pode ser remunerado por taxa e qual pode ser remunerado 
por tarifa). De acordo com a doutrina e jurisprudência competirá ao legislador, dentro 
dos limites traçados pela Constituição. Não há discricionariedade do administrador 
público, posto que a competência recairá sobre o Poder Legislativo, e não sobre 
Executivo, para escolher qual o tipo de remuneração para determinado serviço 
público. 
Nada impede, então, que os preços públicos sejam juridicamente transformados em 
taxas. José Eduardo Soares de Melo (2007, p. 85) nos explica o que será necessário 
para tanto: a) que se tornem, por lei, compulsórios; b) que os serviços a eles 
correspondentes sejam efetivamente prestados aos contribuintes, ou postos à sua 
disposição; e c) que aludidos serviços atendem aos requisitos da especificidade e 
divisibilidade. 
Resta um último ponto a enfrentar: e o legislador, no exercício de sua competência, 
ele poderá escolher escolher qual serviço se submeterá ao cobrança de taxa ou de 
preço público? 
O Supremo já esboçou uma resposta para esta pergunta. Vejamos o entendimento 
exarado pelo Ministro Carlos Velloso ao relatar o RE 209.365-3/SP, que adotou uma 
classificação ternária de serviço público, apontando em cada qual o tipo de 
remuneração que seria cabível: 
1. Serviços públicos propriamente estatais: aqui o Estado atua com o exercício de 
soberania, de modo que tais serviços seriam indelegáveis. Desta forma, a única 
remuneração cabível aqui seria a taxa, pois submetida a regime jurídico de direito 
público. Exemplos: emissão de passaportes e a prestação de serviço jurisdicional. 
2. Serviços públicos essenciais e de interesse público: são os serviços prestados 
no interesse da comunidade e que devem ser remunerados mediante taxa. Há aqui a 
preponderância do interesse público sobre o privado na prestação de tais serviços, de 
forma a atrair a incidência do regime público. Exemplos: serviço de coleta de lixoe de 
tratamento de esgoto. 
3. Serviços públicos não essenciais: são serviços delegável que criam uma 
comodidade para o usuário, mas que se não forem prestados não causariam grande 
prejuízo para a comunidade. Exemplos: serviço postal e de telefonia. 
Claro é que esse critério não sepulta de vez a discussão. Afinal, serviços de telefonia 
se não prestados não causariam grande prejuízo a população? Muitos até diriam que 
o serviço de comunicação está intimamente relacionado a imperativas de segurança 
nacional. A verdade é que o STF decide se determinado serviço será prestado ou não 
por taxa de forma casuística, pois nem mesmo a doutrina parece encontrar um critério 
que pudesse ser utilizado para solucionar a questão. Todavia, é ao menos um norte a 
seguir. 
Então, o Poder Judiciário, em última análise o Supremo Tribunal Federal, será o 
controlador do critério de compulsoriedade adotado pelo Legislativo ao elaborar a lei 
regulamentadora do serviço público em questão, para analisar, caso a caso, se 
determinado serviço público é delegável ou não, para ver se possível sua 
remuneração por taxa ou preço público. 
E qual é a natureza jurídica do pedágio? 
Agora que toda a discussão foi vista por nós, ficará mais fácil entender se o pedágio 
deveria ser taxa ou preço público, a despeito do entendimento do STF em sede de 
controle abstrato de constitucionalidade. Antes de mais nada, fica aqui um pequeno 
comentário que até mesmo a palavra "pedágio" é criticada por alguns (por todos, 
BALEEIRO), posto que atualmente melhor seria falar em rodágio. Enfim. 
Prossigamos. 
A discussão sobre a natureza do pedágio nasce da Constituição, que dispõe o 
seguinte: 
CRFB, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos 
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização 
de vias conservadas pelo Poder Público; 
De acordo com a Constituição, mesmo se fosse considerado tributo, sua cobrança 
será possível em razão da utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Seria, 
nesse caso, um tipo de taxa que somente poderia ser cobrada pela utilização efetiva 
de um serviço, não admitindo a cobrança pela simples disponibilização da rodovia em 
condições de tráfego. 
Mauro Rocha Lopes (2010, p. 21) nos recorda que a jurisprudência do STF já 
considerou o pedágio taxa (RE nº 181.475), como também já entendeu ser preço 
público em sede de cautelar (ADI nº 800/MC). 
Aparentemente o tema hoje se encontra pacificado. Por votação unânime, o Plenário 
do Supremo Tribunal Federal julgou improcedente a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) 800, em que o Partido Socialista Brasileiro (PSB) 
contestava a validade do Decreto 34.417/1992, do Estado do Rio Grande do Sul, que 
autoriza a cobrança de pedágio na Rodovia Estadual RS/135. 
O PSB sustentava que a cobrança de pedágio somente pode ser instituída por lei, por 
tratar-se de e não de preço público. Portanto, o decreto impugnado estaria sujeito aos 
princípios constitucionais da legalidade e também do princípio da anterioridade. 
Entretanto, os ministros entenderam que o pedágio é preço público e, portanto, não 
está sujeito a tais princípios. E a razão, segundo ele, é que tributo é compulsório, 
enquanto o preço público somente é cobrado pelo uso efetivo e voluntário do serviço 
público prestado. 
Referências Bibliográficas 
ATALIBA. Hipótese de incidência tributária. 5ª ed. São Paulos, Malheiros, 1996. 
BECHO, Renato Lopes. Lições de direito tributário. São Paulo, Saraiva, 2011. 
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 26ª ed. São 
Paulo, Malheiros: 2010. 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo, Atlas: 2010. 
LOPES, Mauro Luís Rocha. Direito Tributário Brasileiro. 2ª ed. Niterói, Impetus: 2010. 
MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. Dialética, 2001. 
 
Obrigação Tributária 
Conceitos de obrigação principal e acessória. 
Conceito e características do crédito tributário. 
Descrever as causas de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. 
 
Aula Híbrida "Os impactos da reforma previdenciária para as mulheres: o sofisma da 
igualdade jurídica". 
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/04/05/os-impactos-da-reformaprevidenciaria-
para-as-mulheres-o-sofisma-da-igualdade-juridica/ 
Tema: Analisar o que muda para as mulheres ?

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