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Apostila Aleitamento Materno Sumário 1. Aleitamento .......................................................................................................... 6 1.1 Anatomia e fisiologia da mama .......................................................................... 6 1.2 Produção e constituição do leite ........................................................................ 7 1.3 Completude do leite materno ............................................................................. 8 1.4 Importância do aleitamento materno ................................................................. 8 1.5 Prática de amamentação exclusiva ................................................................... 8 1.6 Amamentação e estímulo para o desenvolvimento craniofacial ........................ 8 1.7 Vantagens do aleitamento materno ................................................................... 9 1.8 Posição para a amamentação ........................................................................... 9 1.9 Livre demanda ................................................................................................. 11 1.10 Primeira mamada e administração de soro glicosado ou água após o parto . 11 2. Cuidados com as mamas ................................................................................... 12 2.1 Cuidados higiênicos ......................................................................................... 12 2.2 Exposição ao sol .............................................................................................. 13 2.3 Exercícios para os mamilos e uso do sutiã de sustentação ............................. 14 2.4 Ordenha manual .............................................................................................. 14 2.5 Ingurgitamento mamário, mastite e hipogalactia ............................................. 14 2.6 Câncer de mama ............................................................................................. 18 2.7 Cirurgia plástica de mama ............................................................................... 18 3. Alimentação das gestantes ................................................................................ 19 4. Mamadeira, chupeta e copinho .......................................................................... 21 4.1 Mamadeira ....................................................................................................... 21 4.2 Chupeta ........................................................................................................... 24 4.3 Sucção de polegar ........................................................................................... 26 4.4 Alimentação com copinho ................................................................................ 27 5. Pré-parto ............................................................................................................ 29 5.1 Alterações fisiológicas na gestação ................................................................. 30 5.2 Bem-estar físico e emocional na gestação ...................................................... 30 5.3 Importância do pré-natal: atividades educativas e assistenciais ...................... 31 5.4 A gestante e a atenção básica ......................................................................... 32 5.4 Dependência química x amamentação ............................................................ 33 5.5 Gestação na Adolescência .............................................................................. 33 5.6 Imunização materna ........................................................................................ 34 5.7 Doenças maternas x reflexos na amamentação .............................................. 34 6. Parto................................................................................................................... 39 6.1 Apoio emocional à gestante ............................................................................. 39 6.2 Privacidade na unidade hospitalar e presença de acompanhante durante o trabalho de parto .................................................................................................... 40 6.3 Procedimentos obstétricos ............................................................................... 40 6.4 Primeira mamada ............................................................................................ 42 7. Pós-parto ............................................................................................................ 42 7.1 Alojamento Conjunto........................................................................................ 42 7.2 Banco de Leite ................................................................................................. 43 7.3 Ordenha do leite .............................................................................................. 43 7.4 Armazenamento do leite .................................................................................. 44 7.5 Teste do pezinho ............................................................................................. 44 7.6 Teste do olhinho (teste do reflexo vermelho) ................................................... 45 7.7 Teste da orelhinha ........................................................................................... 45 7.8 Acompanhamento do pediatra ......................................................................... 46 7.9 Anticoncepção na nutriz................................................................................... 46 7.10 Nutrição de gemelares ................................................................................... 47 7.11 Posições para amamentação de gêmeos ...................................................... 48 8. Direitos das gestantes ........................................................................................ 48 8.1 Garantia de emprego ....................................................................................... 48 8.2 Licença maternidade........................................................................................ 49 8.3 Tempo para amamentar o bebê ...................................................................... 50 8.4 Direitos sociais ................................................................................................. 50 8.5 Direitos de saúde ............................................................................................. 51 9. Audição .............................................................................................................. 53 9.1 Importância da audição para a comunicação .................................................. 53 9.2 O aparelho auditivo .......................................................................................... 54 9.3 Indicadores de surdez...................................................................................... 54 9.4 Causas da surdez ............................................................................................ 55 9.5 Prevenção ........................................................................................................ 56 9.6 Tratamento ...................................................................................................... 56 10. Linguagem ....................................................................................................... 57 10.1 Importância de estimular a linguagem ........................................................... 57 10.2 Desenvolvimento da linguagem ..................................................................... 58 11. Funcionamento do Hospital das Clínicas ........................................................ 60 11.1 Mala da mãe e do bebê ................................................................................. 60 11.2 AlojamentoConjunto...................................................................................... 60 11.3 Alta................................................................................................................. 60 11.4 Recém nascido pré-termo ou com complicações .......................................... 60 11.5 Mãe-canguru .................................................................................................. 61 11.6 Banco de Leite Humano ................................................................................ 61 12. Transição Alimentar ......................................................................................... 61 A alimentação do bebê .......................................................................................... 62 Alimentação complementar de transição ............................................................... 64 Sal e açúcar com moderação ................................................................................ 68 Ferro, cálcio, zinco e fibras para um crescimento saudável .................................. 69 Composição da alimentação da criança não amamentadaErro! Indicador não definido. A introdução de fórmulas .......................................... Erro! Indicador não definido. Cuidados com o preparo do alimento ....................... Erro! Indicador não definido. Alimentação e a Fonoaudiologia ............................... Erro! Indicador não definido. Dez passos para uma alimentação saudável ........................................................ 80 Conclusão .............................................................................................................. 80 13. Hospital Amigo da Criança .............................................................................. 85 DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO ................... 86 NORMAS PARA O PROCESSO DE HABILITAÇÃO DO HOSPITAL AMIGO DA CRIANÇA INTEGRANTE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ................................ 91 Placar dos Hospitais Amigos da Criança no Brasil (Atualizado em 2011- UNICEF) . 95 Avanços na legislação ........................................................................................... 96 14. Banco de Leite Humano .................................................................................. 98 Conceitos ............................................................................................................... 98 Coleta de leite humano ordenhado ...................................................................... 100 Controle de Qualidade ......................................................................................... 106 15. O Papel do Pai .............................................................................................. 109 Dicas para a participação efetiva e afetiva do pai na gestação ........................... 110 16. Textos complementares ................................................................................ 114 Relação entre a pega incorreta e a presença de fissuras mamilares .................. 114 Saúde materno-infantil na atenção básica ........................................................... 114 Amamentação na adolescência: utopia ou realidade? ........................................ 116 Incidência de amamentação na adolescência .................................................. 117 Fatores que influenciam as adolescentes na decisão de amamentar: ............. 120 Experiências das mães adolescentes em relação à amamentação: ................ 122 Sites: ............................................................................ Erro! Indicador não definido. Referências Bibliográficas ............................................ Erro! Indicador não definido. 1. Aleitamento 1.1 Anatomia e fisiologia da mama A mama é formada em parte por tecido glandular e em parte por tecido conjuntivo e gordura. A forma e o tamanho da mama estão relacionados ao fato dela possuir mais ou menos tecido adiposo e não com a sua capacidade funcional (Júnior, Romualdo, 2005). O tecido glandular produz o leite, que posteriormente é conduzido ao mamilo por meio de pequenos canais ou ductos. Antes de atingir o mamilo, os ductos tornam-se mais largos e formam os seios lactíferos, ou ampolas, nos quais o leite é armazenado. Os seios lactíferos, por sua vez, conectam-se ao mamilo - e, consequentemente, ao exterior da mama - por meio de aproximadamente 10 a 20 ductos muito finos. O mamilo é muito sensível em decorrência das várias terminações nervosas que possui, e essa inervação é essencial para o desencadeamento dos reflexos que auxiliam a “descida” do leite (King, 1994). A área ao redor do mamilo é denominada aréola, e tanto ela quanto o mamilo são revestidos por pele pigmentada, com coloração que varia de rósea a marrom, conforme a raça. Essa pigmentação aumenta durante a gravidez e é reduzida após a lactação, não retornando, porém, à cor original. A aréola contém glândulas em forma de pequenas elevações que produzem secreção oleosa e antisséptica, fornecendo proteção e lubrificação para o mamilo e para a aréola durante a sucção (Júnior, Romualdo, 2005). Logo abaixo da aréola estão os seios lactíferos (King, 1994). A hipófise, glândula localizada na base do cérebro, possui duas partes com funções distintas: a adeno-hipófise, responsável pela produção do hormônio prolactina, e a neuro-hipófise, que armazena a ocitocina sintetizada pelo hipotálamo (Júnior, Romualdo, 2005). Cada vez que a criança suga, as terminações nervosas do mamilo são estimuladas e estes nervos levam o estímulo para a hipófise, que produzirá a prolactina. Esse hormônio, por sua vez, estimula as células glandulares da mama a produzir o leite, e atua também depois que a criança mama, para produzir leite para a próxima mamada. O leite é ejetado por pequenas células musculares situadas ao redor do tecido glandular que, ao se contraírem, jogam o leite para fora da mama. O hormônio ocitocina, que atua enquanto a criança está sugando, provoca a contração dessas células. (King, 1994). 1.2 Produção e constituição do leite O ser humano não está pronto para viver independente do organismo materno no momento em que deixa o útero, após o período da gestação. O leite materno é o único alimento que garante qualidade e quantidade ideal de nutrientes para o bebê, e é composto por cerca de 160 substâncias representadas por proteínas, gorduras e carboidratos, sendo o alimento imprescindível para o desenvolvimento da criança. As proteínas do leite materno são de alto valor biológico, de fácil digestão e absorção, ao contrário das proteínas do leite de vaca, que formam um coágulo duro no estômago do bebê e são de difícil digestão. (Ministério da Saúde, 2005) Existem dois tipos de leite: o colostro e o leite maduro. O colostro, presente nas primeiras semanas de vida, é insubstituível como o primeiro alimento para o recém-nascido. (Site, n.46) É amarelado e viscoso, contêm mais proteína, imunoglobulinas e vitamina A do que o leite maduro. O colostro ajuda a eliminar o mecônio - material espesso, rico em bilirrubina, que representa as primeiras fezes do recém-nascido. Essa função laxante previne a icterícia, pois como o fígado não consegue metabolizar rapidamente a bilirrubina, ela acumula- se no sangue e termina por impregnar a pele com sua cor amarelada. (Site, n.47) Além disso, o colostro concentra fatores de crescimento que promovem o desenvolvimento do tubo intestinal imaturo do bebê, preparando-o para receber o leite maduro. O leite maduro desce em torno do 14º dia, e também apresenta características especiais, alterando sua constituição em função da hora do dia, da duração da mamada e do período da lactação (que relaciona-se com a idade do bebê). Enfim, a cada momento, dependendo das necessidades circunstanciais do bebê, o leite maternose adapta, suprindo todas as deficiências. (Site, n.46 e 48). 1.3 Completude do leite materno Água e chás são desnecessários - a amamentação natural dispensa a administração suplementar de água e chás entre as mamadas. Quando tem sede, o bebê mama mais e o aporte hídrico fica garantido pela água contida no próprio leite. (Ministério da Saúde, 2009). 1.4 Importância do aleitamento materno O desenvolvimento da relação afetiva tem na amamentação o principal elo de união mãe-filho, motivo pelo qual o aleitamento fortalecerá esse vínculo. O apego proporciona ao bebê o desenvolvimento emocional, livre do fantasma da separação. Enquanto o bebê suga o seio materno, ouve o batimento cardíaco da mãe, sua respiração, o som de sua voz, sensações que lhe são familiares e que lhe causam bem-estar, consagrando uma relação de afeto e carinho. (Junqueira, 2000) O leite materno favorece o desenvolvimento do sistema imunológico do bebê, com o aumento do número de anticorpos, protegendo-o contra infecções e alergias não apenas na infância, mas também na idade adulta. Favorece também o ganho de peso para o bebê. Mães que amamentam têm alta eficiência energética, o que significa dizer que mesmo aquelas que sofrem de algum grau de carência alimentar ou desnutrição são capazes de produzir leite de boa qualidade para garantir a sobrevivência e a saúde de seus filhos. 1.5 Prática de amamentação exclusiva O aleitamento materno exclusivo ajuda no planejamento familiar, uma vez que enquanto amamenta com frequência a mulher não ovula e, consequentemente, não fica menstruada, tornando-se infértil temporariamente. Contudo, não existe segurança absoluta, sendo recomendado algum outro método anticoncepcional. (Ministério da Saúde, 2003) 1.6 Amamentação e estímulo para o desenvolvimento craniofacial A amamentação possibilita o desenvolvimento das estruturas orais envolvidas no ato de sugar. O amadurecimento dessas estruturas por meio da amamentação natural traz benefícios posteriores na fala e mastigação. O recém- nascido tem a mandíbula pequena e retraída. Os movimentos que ele realiza, com a mandíbula e músculos da face, para extrair o leite do seio materno favorecem e são os grandes responsáveis pelo crescimento da mandíbula, proporcionando uma posição ideal para o surgimento dos dentes. (Junqueira, 2000) 1.7 Vantagens do aleitamento materno Para a mãe, a amamentação também é importante, pois favorece o retorno do útero ao seu tamanho normal e ajuda a eliminar com maior rapidez as gorduras acumuladas durante a gravidez. Estudos mostram, ainda, que mulheres que amamentam apresentam menor incidência de câncer de mama. Economicamente, são evidentes as vantagens do aleitamento materno (Junqueira, 1999). O momento da amamentação deve ser o mais agradável possível para mãe e para o bebê. A mãe deve sentar-se confortavelmente, em um ambiente tranquilo e aproveitar este momento para conversar com o bebê e tocá-lo. Ele já é capaz de sentir e entender todo esse amor e carinho. 1.8 Posição para a amamentação A posição correta para amamentar deve ser a mais vertical possível, devendo-se evitar alimentar o bebê deitado. A tuba auditiva no recém-nascido encontra-se em uma posição que favorece o escoamento de leite para o ouvido quando este é alimentado na posição horizontal, podendo propiciar a ocorrência de otites (Junqueira, 1999). Ao colocar o bebê para mamar, a mãe deve tomar alguns cuidados (Junqueira, 1999): • A melhor posição para a criança é como se ela estivesse sentada; • Os lábios inferior e superior devem ficar virados para fora, como que apoiados na mama; • O bebê tem que abocanhar o mamilo e a maior parte possível da aréola. Se a aréola for pequena, parte dela não será vista enquanto o bebê mamar; • Levar o bebê ao seio e não o contrário; • A primeira mamada deve ocorrer ainda na sala de parto, no máximo 30 minutos após o nascimento; • Não permitir oferta de soro glicosado ou água à criança, já que estes saciam a fome e acalmam a criança, prejudicando no momento da próxima mamada; • Se possível, manter o alojamento conjunto (mãe e bebê); • Realizar a alternância das mamas; • Se for necessário segurar a mama, utilizar a posição em “C” para que não haja a compressão dos ductos. É importante lembrar que existem diversas posições possíveis, e a mãe pode escolher a que for mais confortável para ela e para o bebê, atentando-se para as dicas acima de modo a garantir uma alimentação segura e eficaz. Algumas delas são (Site, n.49): • A mãe segura o bebê no colo na posição transversal, utilizando o braço para sustentar e apoiar seu corpo e cabeça, de modo que a barriga dele esteja voltada para a barriga dela; Fonte: http://www.danonebaby.com.br/postagem/ • Posição invertida, na qual a mãe passa o corpo do bebê por baixo do braço, do mesmo lado da mama em que ele estiver mamando, utilizando a mão para apoiar e sustentar a cabeça do bebê. Fonte: https://espacodanutricao.wordpress.com/page/2/ 1.9 Livre demanda No primeiro mês de vida da criança, a mãe deve amamentá-la por meio da livre demanda, ou seja, sempre que o bebê manifestar fome por meio do choro, do despertar do sono ou do reflexo de busca do seio. Evidências mostram que bebês que podem regular livremente a frequência de suas mamadas ganham peso mais rapidamente e permanecem sendo amamentados por um tempo maior que aqueles que são submetidos a limitações externas (Jones, 2005). Após o primeiro mês de vida, o bebê se ajusta naturalmente e as mamadas vão ficando mais regulares, de acordo com seu próprio ritmo. 1.10 Primeira mamada e administração de soro glicosado ou água após o parto O ato de sugar nasce com o bebê e é um reflexo de alimentação. O primeiro contato mãe-bebê é importante para o estabelecimento e desenvolvimento do reflexo de sucção, que garantirá uma amamentação adequada (Júnior, Romualdo, 2005). Cabe ressaltar que, de acordo Organização Mundial da Saúde (OMS), o início do aleitamento materno deve ocorrer na primeira meia hora após o nascimento (UNICEF- OMS, 2005). Durante a sucção, todas as estruturas orais - lábios, língua, bochechas, ossos e músculos da face - se desenvolvem e se fortalecem, facilitando a elevação da língua e o fechamento dos lábios. O esforço realizado pelo bebê durante a amamentação faz com que toda a musculatura facial seja muito trabalhada. Assim, constitui-se em um estímulo muito importante que auxiliará na aquisição de uma produção adequada dos sons da fala, favorecendo a prevenção de um possível distúrbio articulatório. Enquanto está mamando, o bebê não solta o seio da mãe, mantendo os lábios vedados, o que propicia a respiração nasal. Levando-se em conta todos esses fatores, considera-se importante que a amamentação exclusiva seja realizada até o sexto mês de vida, fazendo o desmame de forma gradativa, com a introdução de outras consistências alimentares (Cunha, 2001). 2. Cuidados com as mamas Durante toda a gravidez, deve-se orientar a gestante com relação aos cuidados com as mamas. O sucesso da amamentação requer preparo e conhecimento prévio sobre aspectos anatomofisiológicos e cuidados profiláticos com a mama (Corrêa, 1999). Nesse período, o preparo das mamas para a função lactogênica deve ser enfatizado e alguns cuidados já devem ser observados (Schmitz, 2000). 2.1 Cuidados higiênicos Lavar os seios apenas com água durante o banho. O uso de sabonete ou sabão está contraindicado pela sua composição alcalina que determina a desidratação do tecido por meio de uma ação físico-química, retirando sua lubrificação natural e diminuindo a acidez da epiderme (Schmitz, 2000). O uso de sabões, loções, óleos ou vaselina interferem na lubrificação natural do mamilo e da aréola,causando ressecamento da pela e rachaduras. O álcool é totalmente contraindicado. A mãe deve ter o cuidado de lavar bem as mãos com água e sabão antes de amamentar a criança, principalmente após a troca de fraldas (Euclydes, 2005). Fonte: portal.belezarevelada.com.br 2.2 Exposição ao sol É indicado expor as mamas às radiações solares (raios infravermelhos e ultravioletas) diariamente, por períodos curtos, de aproximadamente 15 minutos, especialmente entre 8h e 10h da manhã ou após as 16h (Site, n.50). Os raios infravermelhos apresentam feixes de radiações com comprimento de ondas maior que os ultravioletas, tendo capacidade de penetrar no tecido epidérmico até atingir a derme, onde têm ação vitalizante e calórica. Promovem a estimulação das terminações nervosas da pele, a dilatação dos poros e aceleram a eliminação de resíduos tóxicos produzidos pelas combustões intramusculares. Os raios infravermelhos são também dotados de poder germicida e bactericida, além de ativar a reparação dos tecidos, ajudando na cicatrização de feridas. No tecido epitelial da glândula mamária, além de dilatar vasos e capilar, atua no sistema canicular, promovendo dilatação dos canais e canalículos, o que favorece a ejeção do leite. Também se atribui aos raios infravermelhos a propriedade salutar de curar infecções e cicatrizar feridas superficiais (Schmitz, 2000). Fonte: saude.hsw.uol.com.br 2.3 Exercícios para os mamilos e uso do sutiã de sustentação Não é recomendada a realização de exercícios para mamilos planos ou invertidos, uma vez que torções e puxões nessa área são ineficazes e podem causar dor (Site, n.50). É necessário o uso de sutiã para manter a mama sempre elevada, prevenindo possíveis acotovelamentos de ductos, e a sua troca deve ser diária. Não é necessário um sutiã específico para amamentação; o importante é que ele sustente bem a mama, e que na hora em que a mulher for amamentar ele deixe a mama livre (Barros et al, 2002). Fonte: mariabarriga.com.br 2.4 Ordenha manual Durante o período da apojadura, é importante ensinar a mãe a palpar a mama após a amamentação. Caso sejam encontrados pontos dolorosos, deve ser feita a retirada do excesso de leite por ordenha manual na região ampolar. Essa técnica consiste em, com o polegar na face superior da mama, à altura do limite da borda areolar, fazer movimentos intermitentes de pressão dirigida à parte interna da mama sobre a ampola, de tal modo que haja drenagem do leite, que está nesta região, em direção ao mamilo. A cada movimento dos dedos, o leite normalmente flui para fora, indicando que está havendo a drenagem. A ordenha poderá ser feita com as duas mãos simultaneamente (Barros et al, 2002). 2.5 Ingurgitamento mamário, mastite e hipogalactia No puerpério imediato, quando as transformações por que passam as mamas são mais acentuadas, os problemas mais frequentes são o ingurgitamento mamário e a mastite. O ingurgitamento mamário consiste tanto no aumento da quantidade de sangue e fluídos nos tecidos que suportam a mama (congestão vascular) como em certa quantidade de leite que fica retida na glândula mamária. Quando isso ocorre, as duas mamas ficam inchadas (aumentam de volume e ficam dolorosas, quentes, vermelhas, brilhantes e tensas por causa do edema nos tecidos). Ingurgitamento mamário. Fonte: abpblh.org.br Geralmente, no terceiro ou quarto dia do pós-parto, há congestão mamária decorrente da descida do leite, acompanhada de ingurgitamento, dor e hiperemia. Esse processo dura 48 horas, até que se equilibrem a quantidade de leite formada e as necessidades do recém-nascido. O ingurgitamento não é devido à produção excessiva do leite, mas sim à sua retenção por falta de esvaziamento adequado. Nesta situação, recomendam-se medidas que facilitem a drenagem do leite (Corrêa, 1999): • Massagens suaves sobre a aréola e o mamilo, para amaciar e esvaziar a região. As massagens são realizadas no sentido da raiz das mamas para o mamilo, tentando-se a ordenha manual; • Oferecer a mama ao recém-nascido após esta ordenha, visando conseguir o esvaziamento natural; • Após a amamentação, se ainda restar leite nas mamas, deve-se esvaziá-las totalmente; • Usar sutiãs adequados para elevar as mamas e diminuir a dor. Existem algumas práticas que não são recomendadas, tais como: • Uso de bomba manual para extrair o leite, principalmente no período de apojadura e início da lactação, pois pode provocar traumas mamilares pela excessiva pressão negativa que exercem na região mamilo-areolar; • Aplicação de calor seco ou úmido para facilitar a drenagem láctea, pois, ao promover a vasodilatação, aumenta-se a produção de leite quando o que se deseja no período da apojadura é controlar essa produção; • Utilização de bolsa de gelo porque, depois de determinado tempo de uso, a vasoconstrição provoca vasodilatação reflexa e o processo passa a ser o mesmo do calor (Barros et al, 2002). Fonte: nene.net.br As mastites são complicações raras e, geralmente, evitáveis. O mais frequente é aparecerem a partir da segunda ou terceira semana do parto, em decorrência de desrespeito às normas de higiene e da presença de fissuras mamilares que servem de porta de entrada aos agentes infecciosos, principalmente o Staphylococcus aureus (Corrêa, 1999). Fonte: scielo.br Qualquer fator que favoreça a estagnação do leite materno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horários irregulares, redução súbita do número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, frenúlo de língua curto, criança com sucção débil, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto [66]. O sintoma predominante é a dor na mama acometida, acompanhada de calor, rubor, hiperemia súbita, tremores e cefaleia. Nesta fase ainda pode-se evitar o agravamento do processo por intermédio do uso de antiálgicos e antitérmicos, esvaziamento das mamas e aplicação local de calor úmido, visando facilitar o aporte de células de defesa pelo aumento da vascularização (Corrêa, 1999). Ainda pode-se orientar que a mãe amamente até esvaziar a mama doente e massageie delicadamente as áreas doentes enquanto estiver amamentando. Se necessário, orientar a mãe para tomada de analgésico antes de proceder à auto-ordenha e a usar sutiã que sustente bem a base da mama, mas que não a aperte. Nesta fase, geralmente não há necessidade de antibioticoterapia, e deve- se manter a amamentação (Corrêa, 1999). Se o quadro evolui para formação de abscesso, deve-se fazer a drenagem do mesmo sob anestesia geral, uma vez que o envolvimento mamário é maior do que aparenta. As incisões da pele podem ser paralelas à margem areolar ou seguir as linhas da pele. A dissecação mamária deve ser ampla. Após a drenagem do abscesso, lava-se a região com soro fisiológico e coloca-se um dreno (Penrose) para manter a drenagem. Mobiliza-se o dreno diariamente, até que não exista mais secreção. Administra-se antibiótico até a resolução definitiva do processo infeccioso. A cicatrização será por segunda intenção (Corrêa, 1999). Permite-se o retorno do aleitamento, isto na dependência da extensão do processo infeccioso e de a puérpera suportar a sucção na mama comprometida (Corrêa, 1999). Outra complicação no puerpério imediato, no que se refere às mamas, é a hipogalactia, ou seja, a diminuição de secreção láctea. Tal complicação é comprovada mediante a observação recém-nascido: esse mostra-se insatisfeito, insone e chorando frequentemente, não aumentando de peso. A orientação da puérpera sobre alimentação (dieta hipercalórica), o aumento na ingestão de líquido, a correção da técnica de aleitamento e a redução da ansiedadematerna podem corrigir o problema. Questiona-se o emprego de medicamentos como ocitócitos, bromoprida ou metaclopramida para aumentar a produção do leite: poucos acreditam em seus efeitos benéficos (Corrêa, 1999). 2.6 Câncer de mama Mulheres que realizaram tratamento para o câncer de mama podem apresentar dificuldades em amamentar. A incisão cirúrgica pode destruir o tecido mamário causando redução drástica na quantidade de leite produzido. A radiação pode causar alterações como fibrose perilobar e periductal, atrofia lobular e estenose dos ductos lactíferos. Pode haver comprometimento na elasticidade do mamilo, causando dificuldades de uma pega adequada. Algumas mulheres, contudo, conseguem êxito na amamentação no seio afetado. Não se justifica a contraindicação da amamentação em mulheres previamente tratadas para câncer de mama do ponto de vista de risco para o recém-nascido (Santos, 2005). 2.7 Cirurgia plástica de mama Existe um número cada vez maior de mulheres que se submetem a cirurgia plástica de mamas. Essas cirurgias podem ser redutoras ou de implantes de silicone. Cada uma dessas apresenta várias técnicas operatórias. Caso a mamoplastia redutora seja feita pela técnica de transplante da região mamilo-areolar ocorrerá a secção da inervação da aréola e do mamilo. Um segundo tipo técnica preserva a vascularização, a inervação e os ductos lactíferos, sendo essa opção reservada para as mulheres que considerem a possibilidade de amamentar. Alguns estudos afirmam que o aleitamento é possível após a cirurgia plástica de redução de mama e por isso, as mulheres devem ser bem orientadas e encorajadas a amamentar (Santos, 2005). Existem três principais incisões de inserção da prótese de silicone. A incisão periareolar é a mais associada a um aumento na incapacidade de amamentar. Já as incisões inframamária e axilar estão menos relacionadas com problemas relativos à amamentação. Os implantes de silicone podem ser inseridos tanto sob a glândula mamária quanto sob o músculo peitoral. Se a prótese for inserida sob a glândula mamária poderá ocorrer uma maior compressão do tecido glandular com possível sequela. A sensibilidade na região aréolo-mamilar pode estar aumentada ou diminuída após a cirurgia de colocação de prótese, que podem ser alterações temporárias ou permanentes e também podem afetar a habilidade da mulher em amamentar (Santos, 2005). Fonte: revistacrescer.globo.com. 3. Alimentação das gestantes A alimentação da mulher durante a gravidez tem a finalidade de manter a gestante saudável, formar o bebê, armazenar nutrientes para a fase de amamentação e para o bebê nos seus primeiros meses de vida. A influência da alimentação adequada para a gestante é evidente e favorece o trabalho de parto, evitando certas complicações durante o puerpério, favorecendo a lactação e possibilitando ao recém-nascido um bom estado de nutrição. Contudo, é necessário desmistificar a ideia de que grávida deve "comer por dois". A alimentação da gestante deve mudar mais qualitativa do que quantitativamente (MARIA, 1999). Portanto algumas dicas são muito úteis na orientação às nutrizes sobre a dieta ideal: • A gestante deve fazer várias refeições durante o dia, pois, havendo alimentos no estômago, diminuem-se as possibilidades de náuseas, vômitos e azia. Essas refeições podem ser divididas em seis, distribuídas da seguinte maneira: café da manhã, fruta (no meio da manhã), almoço, lanche da tarde, jantar e lanche noturno; • Comer por dois levará a gestante a engordar, pode prejudicar o bebê e dificultar o parto; • É bom tomar, entre as refeições, grande quantidade de líquidos, por exemplo, sucos e água; • Recomenda-se beber cerca de 6 a 8 copos de água por dia, essa quantidade de água ingerida é muito importante para prevenir o aparecimento de edemas. A dieta para a gestante deve ser considerada e prescrita individualmente, levando-se em consideração as características físicas e nutricionais de cada mulher; a alimentação deve ser balanceada, contendo todos os nutrientes necessários também para mulheres não gestantes. A avaliação nutricional é de máxima importância para uma gestação saudável e segura, e deve ser realizada logo no início da gestação por um médico ou nutricionista (FERNANDES, 2010). Fonte: PLILIPPI, S. T. et al, 1999. 4. Mamadeira, chupeta e copinho O bebê, quando nasce, tem a mandíbula pequena e retraída. A cavidade oral é pequena, assim a língua se posiciona mais para frente, apoiando-se sobre a gengiva, podendo colocar-se entre os lábios (Junqueira, 2000). Durante a sucção, todas as estruturas orais (lábios, língua, bochechas, ossos e músculos da face) se desenvolvem e se fortalecem, pois, para extrair o leite materno é necessário elevar a língua, pressionando o mamilo contra o palato, enquanto a mandíbula se movimenta para baixo, frente, para cima e para trás. Esse movimento exige um grande esforço de todos os músculos da face, estimulando o crescimento da mandíbula e prevenindo futuros problemas nos dentes e ossos da face (Junqueira, 2000). Figura 1: Sucção realizada naturalmente (Degan, Boni, 2004) 4.1 Mamadeira Quando a criança é alimentada com mamadeira, ela deixa de realizar os movimentos necessários para o desenvolvimento correto das estruturas orais, da musculatura facial e dos ossos e, além disso, pode proporcionar alterações nessas estruturas, dentre elas a má oclusão que, de acordo com a revisão de literatura realizada por Neiva et al. (2003), mantém estreita relação com o uso de mamadeira. Durante o uso da mamadeira, o bico apoia-se no dorso da língua da criança, gerando uma estimulação muito grande nesta região e fazendo com que a língua fique em posição rebaixada e posteriorizada. Para a retirada do leite, a língua não se movimenta em ondas peristálticas (ântero-posterior), a mandíbula realiza poucos movimentos e é necessária grande participação do lábio inferior, o que acaba ocasionando tensão do músculo mentual. Além disso, com a utilização da mamadeira a criança realiza poucas sucções, já que ela apenas deglute. Assim, todos esses fatores fazem com que deixe de existir a estimulação adequada dos músculos e ossos e dificulta a coordenação sucção- deglutição-respiração. • Cárie de mamadeira Cárie de mamadeira acomete a dentição decídua, ou seja, dentes de leite de crianças pequenas que estão acostumadas a terem suas alimentações através de mamadeiras, mas especificamente as noturnas e adoçadas demais. (Secretaria de saúde do estado de Goiás, 2010). • Desmame precoce Outro aspecto que deve ser considerado em relação à mamadeira é que ela favorece o desmame precoce, pois, frequentemente, causa a confusão de bicos, que ocorre quando o lactente apresenta dificuldades para sugar o peito da mãe após ter aprendido a sugar o bico artificial (Nyqvist e Ewald, 2006). • Tamanho de furos no bico Muitas mães, por comodidade e falta de tempo, fazem uma abertura maior no bico, o que faz com que a criança não tenha o estímulo de sucção e deglutição, pois o leite é praticamente jogado na região da úvula, sem que a criança exercite qualquer músculo (MORESCA e FERES, 1994). Existem furos adaptados a cada tipo de alimento, ou seja, diversos tamanhos de furos para diferentes consistências de alimentos. Escolha o tamanho certo de furo, para que o bebê realize adequada força muscular e movimentos corretos da língua, além de conseguir melhor coordenação entre as funções sucção-deglutição- respiração (Terçarolli e Terçarolli, 2010) • Tipos de bico No mercado há dois tipos de chupetas: convencionais e ortodônticas, de três tamanhos e de dois tipos de material (látex e silicone). O bico ortodôntico é anatômico, moldando-se de forma muito semelhante ao mamilo, evitando assim, deformidades na boca do bebê. O bico ortodôntico vemcom furo de tamanho adequado, não devendo ser aumentado. Há 2 tamanhos de bico ortodôntico (para recém nascido até 6 meses e outro de 6 meses a 1 ano e meio) podendo ser de látex ou silicone, sendo que o de silicone apresenta maior durabilidade (JUNQUEIRA, 1999). Figura 3 : Sucção utilizando-se bico convencional (Degan, Boni, 2004) Figura 4: Sucção realizada por meio de bico ortodôntico (Degan, Boni, 2004) • Cuidados com a mamadeira Os bicos devem ser limpos com sabão neutro e água corrente. com escovas próprias para a higienização de mamadeiras, disponíveis em lojas especializadas. Sempre que o bebê for utilizar a mamadeira deve-se fazer novamente a esterilização (ferver por cinco minutos). Limpeza e esterilização são procedimentos diferentes. A limpeza se destina à remoção de resíduos, enquanto que esterilização refere-se à eliminação de bactérias e germes (Rodrigues, 2011). É importante ressaltar que, caso os pais decidam utilizar a mamadeira, mesmo diante das possibilidades de prejuízos à criança, é mais indicado adquirir os bicos do tamanho correto para a idade do bebê, realizar sempre a higienização do material (lavar e colocar em água fervente por pelo menos 5 minutos antes de cada uso) e trocar os bicos frequentemente (uma vez por mês), pois com o uso eles podem deformar. Tais orientações devem ser feitas exclusivamente nesses casos, pois o estímulo ao aleitamento materno deve ser sempre realizado. 4.2 Chupeta • Necessidade de uso: benefícios para a criança ou para a mãe? O uso da chupeta pela criança é, na maioria dos casos, uma necessidade dos pais e não da criança, já que é introduzida nos momentos de inquietação da criança, como forma de acalmá-la. • Vício / dependência – difícil para retirar O objeto torna-se um artefato que proporciona apoio emocional às crianças, substituindo a atenção dos pais. Além disso, devido ao vínculo emocional que representa para a criança, o uso de chupeta torna-se um vício/dependência e, portanto, um hábito de difícil retirado (Araújo, 2010). • Alterações de oclusão e fala O uso excessivo da chupeta poderá causar alterações na arcada e no posicionamento dos dentes, provocando uma má oclusão nesta criança, além de comprometer também a fala, deglutição e também a respiração correta pelo nariz (Oliveira, 2010). • Utilizar a chupeta como exercício Alguns lactentes, mesmo após a amamentação, ainda sentem necessidade de sugar. Neste caso é indicado que os pais ofereçam a chupeta aos seus filhos, mas utilizando-a como um exercício. Caso seja necessário, a criança poderá sugar a chupeta enquanto alguém irá puxá-la levemente em movimento contrário. Isto deverá ser feito até a necessidade da criança ser satisfeita. É importante ressaltar que está é a única forma de uso não prejudicial à criança (FAKHORY, 2010). • Tipos de bicos No mercado há dois tipos de chupetas: convencionais e ortodônticas, de três tamanhos e de dois tipos de material (látex e silicone). Procure dar preferência a chupetas ortodônticas, do tamanho adequado para a idade do seu bebê. Este tipo de chupeta, diferentemente da convencional, é anatômica e, por isso, se amolda corretamente na boca do bebê. Devem ser trocadas frequentemente para que não se deforme o material e por motivos de higiene. Deve-se evitar passar qualquer tipo de produto na chupeta antes de oferecê-la ao bebê e evitar pendurar objetos na chupeta, como fraldas e outras chupetas, pois o peso na mesma, durante a sucção, pode deformar a arcada dentária (FAKHORY, 2011). Figura 5: Modelos convencionais de chupetas (Degan, Boni, 2004) Figura 6: Modelos ortodônticos de chupetas (Degan, Boni, 2004) • Higienização da chupeta Sempre que o bebê for utilizar a mamadeira ou a chupeta deve-se fazer novamente a higienização (lavar com sabão neutro e ferver por cinco minutos). Limpeza e esterilização são procedimentos diferentes. A limpeza se destina à remoção de resíduos, enquanto que esterilização refere-se à eliminação de bactérias e germes (Rodrigues, 2011). • Recomendações de uso da chupeta Deve-se evitar passar qualquer tipo de produto na chupeta antes de oferecê-la ao bebê. Mel, açúcar e outras substâncias similares podem ocasionar cólicas no recém-nascido, além de serem contraindicadas pelos odontopediatras. Deve-se evitar, também, pendurar objetos na chupeta, como fraldas e outras chupetas, pois o peso, durante a sucção, pode deformar a arcada dentária (Junqueira, 2000). Não deve se permitir também que a criança durma com a chupeta. 4.3 Sucção de polegar O hábito de sugar o dedo, geralmente, é mais difícil de ser removido do que o hábito da chupeta. Assim como o uso da chupeta, a sucção prolongada do dedo, também causa a mordida aberta. Essa má oclusão irá depender de algumas variáveis tais como: a posição do dedo na região intraoral, contrações musculares associadas, posição e movimentação da mandíbula durante a sucção, padrão do esqueleto facial, força aplicada nos dentes e no processo alveolar, frequência e duração da sucção (Medeiros, 2006). As características desenvolvidas pela sucção de polegar após a dentição decídua instalada são (BLACK, 1990): • Mordida aberta anterior; • Prognatismo maxilar; • Retrognatismo mandibular; • Palato ogival; • Atresia da maxila (arco superior); • Musculatura labial superior flácida; • Musculatura labial inferior rígida; • Interposição de língua nos incisivos; • Respiração oral; • Calo ósseo na região do polegar. Figura 8: Aplicação da força na dentadura e adaptação da musculatura orofacial durante a sucção de polegar (Medeiros, 2006) Figura 9: Mordida aberta anterior. FONTE:Instituto Smile. 4.4 Alimentação com copinho Devido aos malefícios causados pela utilização dos bicos de mamadeira, é recomendado o uso do copinho durante a alimentação do bebê. O objetivo de se utilizar o copinho é prevenir alterações no desenvolvimento da arcada dentária e ossos da criança, além de evitar que o lactente tenha dificuldades para sugar o peito da mãe após ter aprendido a sugar o bico artificial (Nyqvist e Ewald, 2006). Assim, o copinho favorece também o início e a manutenção do aleitamento materno, especialmente em casos que o bebê, por razões médicas ou devido ao retorno da mãe ao trabalho, precisa ser alimentado por um método alternativo. Outras vantagens encontradas com o uso do copinho são: • Pode ser utilizado por bebês prematuros Pode ser oferecido, de maneira eficiente, inclusive para bebês muito prematuros, favorecendo maior estabilidade fisiológica quando comparado com o aleitamento por mamadeira (NyqvisT e Ewald, 2006). • Método simples, prático, de baixo custo e é uma forma segura de alimentar Por ser um método simples, prático, de baixo custo e uma forma segura de alimentar, o copinho deve ser utilizado caso seja necessário o uso de uma forma alternativa de alimentação do bebê (Gutierrez et al, 2006). Além disso, esse utensilio é de fácil esterilização, tornando-o mais prático e seguro para alimentar à criança, prevenindo-a de infecções. • Não ocasiona alterações faciais e dentárias Durante o uso do copinho o bebê não realizará os movimentos mandibulares necessários para o desenvolvimento adequado das estruturas orais, dos músculos e ossos da face, como ocorre durante a amamentação no seio materno. Porém o copinho não ocasionará as alterações nos dentes, ossos e musculatura, como no caso do uso constante da mamadeira. • Permite o contato íntimo com a mãe ou com o cuidador (Gutierrez et al, 2006) Enquanto se oferece o alimento, é mantido o contato de olhos e a proximidade da mãe ou do cuidador com a criança, o que favorece também o desenvolvimento afetivo. Os procedimentos para a utilização do copinho durante a alimentação dobebê são (WHO e UNICEF, 1990): • É necessário que o bebê esteja em estado de alerta, sentado ou semi- sentado no colo da mãe ou do cuidador. Este posicionamento adequado da criança é muito importante, pois diminui o risco de otite média aguda. • A borda do copo deverá ser encostada no lábio inferior do bebê de forma que o leite apenas toque os seus lábios. • Os bebês devem lamber (como um gatinho), colocando a língua no leite. • O leite não deverá ser derramado na boca do bebê, pois este poderá ser aspirado. 5. Pré-parto A gravidez e o parto representam para a mulher, um acontecimento de grande importância em sua vida, carregado de ansiedades. Alguns fatores podem influenciar a gravidez, como por exemplo, a personalidade da mulher, a ocorrência de eventos vitais estressantes, diversidades sócio-demográficas, condições socioeconômicas, o nível educacional, o estado civil, a idade e paridade. Inconscientemente, ela pode ser influenciada por diversos fatores do contexto de seu ambiente social, tendo como consequência manifestações psicossomáticas (muitas vezes negativas), transformando esse período em uma experiência “dolorosa”. A gravidez e o parto representam momentos marcantes para a mulher. São períodos de grandes transformações, não só em seu organismo (envolvendo todos os sistemas fisiológicos), mas também psicológico e em seu papel sócio-familiar. As pessoas têm, normalmente, uma maior probabilidade de adoecerem emocionalmente durante os momentos mais críticos de suas vidas, sejam momentos objetivamente tidos como bons ou ruins. Trata-se de uma resposta emocional às solicitações de adaptação. O puerpério é reconhecido como um momento crítico e de alto risco e, por isso, as chances da mulher adoecer emocionalmente nessa fase de sua vida são maiores do que em outras épocas (Ribeiro, 2004). 5.1 Alterações fisiológicas na gestação A gravidez é caracterizada por uma variedade de ajustes fisiológicos e endócrinos, com o objetivo de proporcionar um ambiente adequado para o desenvolvimento do feto. Sistemas orgânicos, bem como a personalidade da mulher são intimamente envolvidos neste processo (ARTAL, 1999). Algumas alterações são comuns em cada trimestre da gestação: 1° trimestre - náuseas, vômitos, taquicardia e aumento do volume sanguíneo. 2° trimestre - mudança do centro de gravidade, frouxidão ligamentar, instabilidade articular, aumento da lordose e cifose, e edemas. 3o trimestre - varicosidade, aumento da volemia, aumento do débito cardíaco, taquicardia e hiperventilação, desconforto respiratório, e síndrome da hipotensão supina (Reis, 1993). 5.2 Bem-estar físico e emocional na gestação O bem-estar físico proporciona uma gestação equilibrada, tanto no aspecto físico como emocional. Os exercícios específicos, a respiração e o relaxamento atuam como fatores auxiliadores no controle da dor e como facilitadores do parto. A prática de exercícios físicos durante a gestação melhora as condições físicas e emocionais da mulher e permite um convívio mais positivo com as transformações de seu corpo por meio de um melhor desenvolvimento de sua percepção corporal. As atividades mais recomendadas são feitas na água, como natação e hidroginástica, pois evitam as forças gravitacionais, melhorando as dores lombares e o inchaço. É necessário a gestante consultar o médico e um preparador físico, pois as atividades variam de acordo com o período da gestação. O bem-estar emocional pode ser proporcionado por “doulas”, que são mulheres voluntárias ou pagas, que auxiliam nesse aspecto acompanhando a mãe antes, durante e depois do parto, não sendo profissionais formadas na área da saúde. Antes do parto elas orientam o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto, explicando os procedimentos comuns. Durante o parto, a doula ajuda a mãe a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto, além de mostrar formas eficientes de respiração e medidas naturais que possam aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc. Após o parto, elas podem visitar à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê. É importante lembrar que o Hospital das Clínicas da UFMG não disponibiliza este serviço. Os Hospitais Júlia Kubitschek, Risoleta Tolentino Neves, Sofia Feldman, Odilon Behrens, Maternidade Odete Valadares, Maternidade Municipal de Contagem e a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte oferecem o serviço de doula comunitária, e existe também um cadastro nacional no qual a mãe pode contactar uma doula para ajudá-la. Este cadastro pode ser realizado pelo site disponível em www.doulas.com.br (Rego, 2008). 5.3 Importância do pré-natal: atividades educativas e assistenciais O pré-natal é o momento ideal para a abordagem adequada do incentivo ao aleitamento materno. Oferece, sem dúvida, o período de maior contato entre a população feminina, os profissionais e a instituição (Fraifer e Santo, 2010). Nas atividades educativas no período do pré-natal (individuais ou coletivas) são abordados temas de interesse da gestante sob a forma de palestras, discussões informais, relatos de experiências, dramatizações, oficinas, etc. Normalmente ocorrem na sala de espera, mas também podem acontecer em locais próprios, determinados pelo serviço ou pela instituição. É denominada atividade assistencial aquela desenvolvida em consultório por profissional de saúde capacitado (não sendo necessariamente o médico), que, além de acompanhar o desenvolvimento da gestação e o bem-estar materno e fetal, deve também empregar parte do tempo disponível da consulta para promover o aleitamento. Estas práticas, consideradas perda de tempo para alguns, traz benefícios imensuráveis tanto nos aspectos afetivos, quanto psicológicos, sociais, de saúde pública e financeira, que não podem ser esquecidos, principalmente em países em desenvolvimento. Durante a consulta, o profissional deve estar atento às situações que possam contribuir para o desmame precoce ou mesmo para o aleitamento parcial ou misto, cabendo à gestante informá-lo sobre qualquer alteração anterior ou atual que lhe pareça relevante. Na dúvida, deve-se sempre questionar o médico, que saberá dimensionar o problema. 5.4 A gestante e a atenção básica O fonoaudiólogo participante das equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) pode mover-se em favor dos grupos de orientações às gestantes, para que a mãe seja orientada sobre questões importantes desse período que está vivendo e da nova fase de sua vida que se iniciará após o parto. Dessa forma, o fonoaudiólogo pode auxiliar os outros profissionais (como completar informações sobre alimentação, higiene, uso de medicamentos apenas por indicação médica, ingestão de álcool e drogas lícitas ou ilícitas, doenças específicas desse período, etc) e abordar as informações que são da sua área de atuação (como as vantagens do aleitamento materno para a mãe e o bebê, os benefícios do leite materno, a relação entre a sucção no seio materno e o desenvolvimento da motricidade orofacial, a audição do feto, doenças mamárias, etc). As orientações às gestantes são importantes tanto para as mães de “primeira viagem” quanto as mães que já possuem filhos, pois muitas que tiveram dificuldades nas amamentações anteriores não planejam realizar o aleitamento materno na gestação atual e por isso o fonoaudiólogo deve retirar as dúvidas e auxiliar para que essa mãe não encontre esses obstáculos novamente. Além disso, em função do número crescente de procedimentos cirúrgicos com fins estéticos, muitas gestantes realizaram mamoplastia redutora ou inclusão de prótese de silicone, e por isso acreditam que não possam amamentar. Essas mulheres devem ser orientadas que provavelmente elas poderão realizar o aleitamento materno pois foram desenvolvidastécnicas que não interferem, ou interferem pouco, na produção e na saída do leite, pois em alguns casos os ductos e glândulas não foram afetados ou um número reduzido foi prejudicado. Entretanto esse fato só será comprovado depois do parto, durante o aleitamento. Essas mães devem ser acompanhadas pelos fonoaudiólogos, que por meio de massagens e técnicas devem auxiliar ao máximo a produção e saída desse leite. Caso o aleitamento materno não seja possível, ela será orientada sobre as outras formas de alimentar o seu bebê. Desta forma, o fonoaudiólogo, respeitando as peculiaridades das gestantes, tem grande importância nesse nível de atenção, e pode proporcionar além de benefícios fisiológicos (como a alimentação adequada com o leite materno), benefícios psicológicos, pois a gestante acolhida e orientada se sente mais confiante e segura com seu filho. Fonte: site Baby Dicas. 5.4 Dependência química x amamentação Pelo expressivo número de casos existentes, deve-se dar atenção especial às mulheres com dependência química, seja pelo alcoolismo, tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Essas mulheres devem saber que, independentemente do malefício que estas substâncias podem causar, muitas delas interferem no aleitamento, por diminuírem a produção de leite e dependendo de qual droga está sendo utilizada, as substancias desse produto podem, por um determinado período de tempo, serem passadas para a criança através do leite materno. Dessa forma, em alguns casos o aleitamento materno deve ser suspendido até que a droga não seja mais ingerida ou seja suspensa. Utilizar este forte argumento como estratégia para o abandono do vício pode ser proveitoso. É importante que os profissionais estejam atentos a comportamentos das gestantes durante o pré-natal para diagnosticar o quanto antes o uso e assim orientar a retirada da substância (Barreto e Packer, 2007). 5.5 Gestação na Adolescência As gestantes adolescentes merecem grande atenção do fonoaudiólogo e de toda a equipe multidisciplinar que acompanha essas mães. Elas, geralmente, enfrentam diversas dificuldades, como a aceitação no meio social e familiar, buscando muitas vezes o isolamento, principalmente quando é a primeira gestação. Grande parte dessas mães apresentam dificuldades para entender e reter as informações passadas pela equipe, sendo muito importante orientar também as avos desses bebes. E além de dificuldades socioeconômicas, familiares, medos e inseguranças que essas gestantes podem apresentar, muitas dessas mães querem retornar a vida social que possuíam antes da gravidez e não realizam o aleitamento materno, principalmente se os pais desses bebês também são adolescentes e continuam com as suas vidas sociais ativas. Pelos motivos expostos, elas devem ser assistidas pela equipe multidisciplinar, que transmitirá a confiança e motivação necessárias ao sucesso do programa (Frota & Marcopito, 2004). 5.6 Imunização materna A imunização materna é fundamental e por isso no período da gestação é recomendado que a mãe seja imunizada com várias vacinas, entretanto quatro vacinas não são recomendadas: tríplice viral, HPV, varicela e febre amarela, sendo que essa última pode ser aplicada quando os riscos de adquirir a doença superam os riscos potenciais da vacinação. Apenas a vacina de febre amarela é contraindicada para as mulheres que estão amamentando crianças de até seis meses de vida, mas caso a vacina seja necessária, recomenda-se suspender o aleitamento materno por pelo menos 15 dias e preferencialmente 30 dias após a imunização (Site. n.52). Mesmo as vacinas de vírus vivos, como as de sarampo, varicela, rubéola, caxumba e poliomielite, quando indicadas, podem ser aplicadas nas mulheres que amamentam, visto que não há descrição de eventos adversos indesejáveis aos seus bebês (Giugliani, 2004). 5.7 Doenças maternas x reflexos na amamentação Abaixo serão citadas algumas das doenças mais comuns e a recomendação durante a amamentação: Continuar a amamentação - Mãe em tratamento: Doenças infecciosas A criança pode continuar a amamentação enquanto a mãe recebe medicamentos adequados e compatíveis com o aleitamento (Giugliani, 2004). Mastite Atenção especial deve ser dada ao diagnóstico diferencial entre ingurgitamento mamário, obstrução dos ductos e mastite. A mastite é uma infecção bacteriana de um ou mais segmentos da mama. Na maioria das vezes, são as fissuras a porta de entrada da bactéria. Na mastite, a parte afetada está dolorosa, hiperemiada, edemaciada e quente. O tratamento com antibióticos deve ser instituído o mais precocemente possível, para que a mastite não evolua para abcesso mamário. Apesar da presença de bactérias no leite materno quando há mastite, a manutenção da amamentação está indicada por não oferecer riscos ao recém-nascido (Giugliani, 2000). Hepatite A A amamentação não está contra-indicada e alguns expertos recomendam dar imunoglobulina a recém-nascidos cujas mães iniciaram os sintomas da doença entre duas semanas antes e uma semana após o parto, embora a eficácia dessa medida não esteja estabelecida. A mãe deve lavar cuidadosamente as mãos com água e sabão antes de cuidar de seu filho (Giugliani, 2000). Hepatite B Não há evidências de que o aleitamento materno aumente o risco de transmissão da hepatite B para o bebê. Por isso, a amamentação não está contra-indicada em mães HBsAg positivas. A vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida, até 48 horas após o parto ou o mais rápido possível. A imunização praticamente elimina qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno (Giugliani, 2000). Citomegalovírus Apesar de o citomegalovírus (CMV) ser encontrado no leite materno e poder ser transmitido à criança, a doença é incomum em recém-nascidos, provavelmente pela passagem de anticorpos via transplacentária. Portanto, a amamentação não é contra-indicada em recém-nascidos a termo cujas mães sejam CMV positivas antes do parto. Essas crianças, se não amamentadas, podem ser infectadas pelo CMV por outras vias, inclusive saliva, podendo desenvolver sintomas, pois não recebem anticorpos maternos específicos e outros fatores de proteção existentes no leite materno (Giugliani 2000). Doença de Lyme O aleitamento materno pode continuar durante o tratamento da mãe. Doenças psiquiátricas Deve-se garantir que, além dos cuidados médicos tradicionais, para estas mulheres sejam valorizados os aspectos emocionais da gestação, durante e após o parto. Quando for necessário utilizar medicamento psicotrópico no período de aleitamento, deve-se optar pelos que causem menos efeitos colaterais na criança e fazer o acompanhamento cuidadoso do bebê. Continuar a amamentação - A mãe deve estar em tratamento, evitar contato íntimo com o filho, lavar rigorosamente as suas mãos e as do bebê, amamentar com máscara ou similar, e o leite deverá ser ofertado por meio de copinho ou seringa: Gripe A Não há excreção do vírus pelo leite materno, e mesmo a mãe que estiver sendo medicada pode continuar a amamentar. Deve-se fazer uma assepsia rigorosa das mãos da nutriz, com água, sabão e álcool gel, e no bebê, somente com água e sabão. Tuberculose Mães com tuberculose, tratadas adequadamente por mais de duas semanas no momento do parto (não bacilíferas) poderão amamentar, segundo a OMS (1994), uma vez que a transmissão é principalmente respiratória. Nos casos de mãe não tratada, o leite deve ser ordenhado, ou mãe deve usar máscara para evitar ao máximo o contato respiratório. Hanseníase Não há contra-indicação para a amamentação se a mãe estiver sob tratamento adequado. O recém-nascido deve ser tratado o mais precocemente possível e simultaneamente com a mãe. As drogasutilizadas são as mesmas da mãe e podem passar para o recém-nascido pelo leite humano em baixas concentrações, não havendo relato de efeitos colaterais graves. De acordo com Camelo e Motta (2004), são recomendados os seguintes cuidados na amamentação: lavagem rigorosa das mãos, uso de máscara ao manusear a criança e oclusão de lesões nas mamas. Varicela – catapora Mãe com varicela cujo início da doença foi há mais de cinco dias antes do parto ou após o terceiro dia pós-parto pode produzir e transferir anticorpos para o recém-nascido tanto por via transplacentária quanto pelo leite materno. Nesse caso, o recém-nascido pode desenvolver a forma leve da doença, não estando indicado nem isolamento, nem profilaxia. A mãe pode amamentar a criança, tomando os cuidados especiais de lavagem das mãos, uso de máscara e oclusão de lesões (Heuchan, 2001). Herpes simples O risco de transmissão pós-natal do vírus tipo I (VHS-1) pelo leite materno é muito baixo, exceto nos casos que a mãe tem lesões vesiculares na pele da mama, quando o aleitamento está contra-indicado. Lesões em outras regiões devem ser cobertas e deverá ser feita uma higiene rigorosa nas mãos (Lana, 2001). Doença de Chagas Não contra-indica a amamentação quando a mulher possui um quadro crônico, porém, no caso de haver fissura de mamilo com sangramento, o aleitamento deve ser interrompido até a cicatrização do local. A transmissão materno-infantil pode ocorrer por via transplacentária (mais comum), pelo líquido amniótico, através do contato do sangue materno com as mucosas do recém-nascido (intra-útero, durante ou após o parto). A transmissão através do aleitamento materno pelo leite, colostro e fissura mamária foi demonstrada por, duas vezes. Pela sua raridade, não se contra-indica o aleitamento materno, segundo Mell e Assreuy (2004). Descontinuar a amamentação - utilizar o Banco de Leite Humano Abscesso mamário A amamentação na mama afetada não é recomendada, mas o leite deve ser retirado dessa mama. O aleitamento pode ser retomado após drenagem do abscesso e o início do tratamento com antibióticos. O aleitamento materno deve continuar na mama não afetada. Doença de Chagas Deve-se contra-indicar o aleitamento natural em mulheres em fase aguda da doença (Mell e Assreuy, 2004). HIV – AIDS O HIV (vírus da Imunodeficiência humana) é transmitido à criança através da mãe, pela transmissão vertical durante a gravidez, parto e leite materno (Rocha, 2003). No Brasil, o Ministério da Saúde (2004) recomenda que as mães portadoras do vírus HIV não amamentem. O HIV é excretado livre ou no interior de células no leite de mulheres infectadas, que podem apresentar ou não sintomas da doença. Durante o aleitamento materno, a transmissão do vírus pode ocorrer em qualquer fase, porém parece ser mais freqüente nas primeiras semanas e, especialmente, nas infecções maternas mais recentes. A carga viral no colostro ou leite inicial é significativamente mais elevada que no leite maduro. A utilização de terapêutica anti-retroviral durante a gestação e o parto e sua manutenção em recém-nascidos resulta, mesmo se mantido o aleitamento materno, em redução da transmissão vertical do HIV por até seis meses após o parto (Paiva, 2006). Logo, quando a substituição adequada da amamentação é aceitável, factível, acessível, sustentável e segura (AFASS), recomenda-se que mães HIV positivas nunca amamentem. Caso contrário, a amamentação exclusiva é recomendada durante os seis primeiros meses de vida do bebê e deve ser interrompida assim que as condições acima sejam atingidas. O aleitamento misto (aleitamento materno e alimentação substituta ao mesmo tempo) não é recomendado, uma vez que a alimentação artificial pode causar danos à mucosa gastrointestinal, facilitando a penetração do vírus HIV. (Giugliani, 2000) Vírus Linfotrófico Humano de Células T – HTLV 1 O HTLV-1 (Human T-Cell Lymphotropic Virus Type I) está associado com o desenvolvimento de neoplasias malignas e problemas neurológicos em adultos. Como alguns estudos sugerem a transmissão do vírus via leite materno, a lactação tem sido contra-indicada em mães HTLV-1 positivas (Giugliani, 2000), caso haja opções adequadas (AFASS) e disponíveis para a substituição da amamentação. Hepatite C Estudos epidemiológicos não têm comprovado a transmissão do vírus da hepatite C (HCV) pelo leite materno em mães HCV positivas, apesar de o vírus e anticorpos anti-HCV terem sido detectados no leite humano. A prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença (Giugliani, 2000). Doenças neoplásicas A possibilidade de amamentar sendo portadora de algum tipo de câncer depende das condições clínicas da paciente e dos medicamentos que serão utilizados para o tratamento. Se a mulher estiver muito debilitada pela doença ou em quimioterapia, o aleitamento deve ser suspenso. (Joel et al., 2004) 6. Parto 6.1 Apoio emocional à gestante O apoio emocional deve se iniciar a partir da admissão da gestante na unidade, independentemente da mesma estar ou não acompanhada. Deste momento em diante é dever de todos tratá-la com respeito e carinho, identificando suas inseguranças e temores e trabalhando no sentido de eliminá- los, certos de que isso trará benefícios a todos (Rego, 2006). 6.2 Privacidade na unidade hospitalar e presença de acompanhante durante o trabalho de parto A unidade hospitalar deve observar se o ambiente reservado à internação de gestantes em trabalho de parto oferece certa privacidade, para permitir a presença do acompanhante durante este período, o que deve ser motivado pelas vantagens que esta prática proporciona. É previsto na Lei Nº 11.108, de 7 de abril de 2005, no Art. 19-J., que os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Isto é facilmente possível, transformando-se um grande ambiente em outros menores com a utilização de divisórias e/ou cortinas. A adoção desta medida simples propicia maior segurança e conforto e resulta em diminuição da utilização de drogas, do tempo de trabalho de parto, do número de intervenções obstétricas, com queda na incidência de cesarianas. Acrescenta-se a isto o fato de os recém-nascidos por via de regra nascerem mais alertas e responsivos quando adotadas estas medidas, o que favorece a interação precoce, ainda na sala de parto, entre a mãe e seu filho, etapa fundamental para a efetivação do vínculo, de máxima importância para o início e a manutenção do aleitamento materno exclusivo. Esta prática está alicerçada no conhecimento de que o estabelecimento de laços afetivos entre eles é mais forte nas primeiras duas horas após o nascimento (Rego, 2006). É fundamental que os membros da equipe promovam o correto acompanhamento clínico e dialoguem informando e respondendo dúvidas que possam estar ocorrendo (Rego,2006). 6.3 Procedimentos obstétricos O ambiente do nascimento deve ser calmo e acolhedor. Nos partos normais, sempre que possível e o quanto antes, o bebê deve ser colocado junto de sua mãe, ainda na sala de parto, e permanecer com ela enquanto os procedimentos obstétricos ainda estão sendo finalizados. Em muitas ocasiões os cuidados básicos ao recém-nascido podem ser realizados junto à mãe, e assim permanecendo até deixarem este ambiente unidos, física e afetivamente em direção ao alojamento conjunto. Esta é a situação ideal, porque permite iniciar o aleitamento na primeira meia hora após o nascimento garantindo um melhor desempenho a longo prazo e evita que seja oferecido ao bebê soro glicosado(Rego,2006). Estas medidas podem inicialmente sofrer restrições por parte de alguns profissionais que, também interessados no bem estar destes nascituros, alegam a necessidade de seguir os passos iniciais recomendados pela American Heart Association, referendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, no Manual de Reanimação Neonatal, que são: • Prevenir a perda de calor, colocando-o sob fonte de calor radiante, secando a pele e removendo as compressas úmidas. • Manter as vias aéreas pérvias, pelo posicionamento adequado e pela aspiração de secreções, e quando necessário estímulo tátil para iniciar a respiração. • Avaliar respiração, frequência cardíaca e cor (Rego,2006). Todavia, para os casos que necessitem avaliação detalhada, a execução de todos os passos iniciais, segundo o próprio manual, não deve exceder a 20 segundos, tempo bastante resumido, que possibilita pronta intervenção médica para prevenir e/ou minimizar o dano, ou, se desnecessária qualquer nova ação, é correta, a partir daí, a aproximação entre ambos. O ILCOR (InternationalLiaisonCommitteeonResuscitation) publicou, então, as novas orientações e entre elas há o seguinte (Rego,2006): “No recém-nascido a termo, que reage vigorosamente aos estímulos do ambiente extra-uterino, com respiração forte, choro vigoroso e movimento das extremidades, os cuidados iniciais de rotina (aquecimento, limpeza de vias aéreas e secagem) podem ser feitos no colo (tórax ou abdome) seco de sua mãe” Quando o parto é cesáreo, deve-se permitir que a paciente expresse o momento em que se julgue capaz de receber seu filho, em condições de atendê- lo. Não deve haver rotina rígida de horário estipulado pela equipe médica, para o intervalo de recuperação pós -operatória, que varia em cada caso, e sim pessoal disponível para apoiá-la quando manifesto seu desejo de receber seu filho (Rego,2006). Quando se permite que esta união seja íntima e precoce, facilita-se a colonização do intestino do recém-nato com germes maternos e asseguram-se os benefícios que disto advêm (Rego,2006). 6.4 Primeira mamada A primeira mamada deve acontecer na primeira meia hora após o parto. Ela não é essencialmente nutritiva, mas muito importante para o laço mãe bebê e a saúde de ambos. A sucção no peito aumenta a liberação da ocitocina, facilitando a finalização dos procedimentos obstétricos (parto da placenta) e possibilita uma mamada nutritiva efetiva e tranqüila posteriormente. A sucção no peito (Rego, 2001) determina a liberação de dezenove diferentes hormônios gastrointestinais tanto na mãe quanto no bebê, incluindo colecistoquinina e gastrina, os quais estimulam o crescimento das vilosidades intestinais de ambos, aumentando a superfície de absorção de calorias a cada mamada. Isto demonstra que este fenômeno interativo abrange não somente aspectos psicoafetivos, mas também orgânicos e fisiológicos. Algumas mães podem necessitar de auxílio nas primeiras mamadas. Isto é particularmente verdade nas puérperas de cesarianas, nas mães de gemelares, nas portadoras de intercorrências clínicas, nas adolescentes e em algumas primíparas, devendo a equipe de saúde estar atenta e disponível. 7. Pós-parto 7.1 Alojamento Conjunto O Sistema Alojamento Conjunto é definido, segundo o Ministério da Saúde, como um sistema hospitalar em que o bebê sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente até alta hospitalar de ambos e que permite aos pais receberem orientações que os tornem aptos a prestar cuidados ao filho. Visa também, incentivar a amamentação, favorecer o vínculo entre os familiares, bem como, contribuir para a redução dos índices de infecção hospitalar. Quando mãe e recém-nascido colocados lado a lado no pós-parto, a mulher é estimulada à amamentar e a cuidar de sua criança tão logo quando possível, com o objetivo principal de proporcionar e fortalecer o vínculo mãe-filho e estimular o aleitamento materno (Brenelli, 1994). 7.2 Banco de Leite Centro especializado responsável pela promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de coleta do excedente da produção lática de nutrizes, do processamento e do controle de qualidade, posterior distribuição, sob prescrição de médicos ou nutricionistas, sendo este obrigatoriamente vinculado a um hospital materno e/ou infantil. É uma instituição sem fins lucrativos, sendo vedada a comercialização dos produtos de sua responsabilidade (Rego, 2006). 7.3 Ordenha do leite A ordenha do leite materno é indicada para aliviar o ingurgitamento mamário, manter a produção de leite quando a mãe está doente, aliviar o gotejamento das mamas, higiene das mamas, tratamento de lesões mamilares, alimentar um recém nascido de baixo peso ou uma criança doente, deixar leite para a criança quando a mãe sai ou vai para o trabalho. É contra-indicada para a ordenha do pré-colostro, ou seja, antes do parto, com exceção em situações de treino da nutriz para posterior realização do procedimento (Rego,2006). A ordenha pode ser realizada com máquinas ou manualmente. Quando realizada com máquinas, elétricas ou não, as instruções de uso devem ser seguidas corretamente e deve-se tomar cuidados extras com a higiene, tendo a necessidade de esterilização de todo o equipamento, e com as massagens antes e durante o processo. Contra indicações à ordenha com máquinas são de que causam maior desconforto e risco de danos à papila mamilar, podendo agravar lesões mamilares quando preexistentes, apresentando ainda um efeito reduzido nas situações de ingurgitamento, estase láctea e bloqueio de ductos (Rego, 2001). A ordenha manual pode ser feita pela própria nutriz, chamada então de auto-ordenha, ou por outra pessoa. Antes de iniciar é essencial fazer uma massagem nas mamas e ao seu redor, preparando a pele para o contato físico das mãos e observando qualquer anormalidade ou pontos dolorosos. O processo, em situações normais, não deve causar dor e dura aproximadamente 20 minutos, sendo de 5 a 10 minutos para cada mama. A ordenha pode ser feita a cada duas horas e deve-se prestar atenção para o conforto da nutriz (Rego,2006). A pessoa que for realizar a ordenha deve lavar bem as mãos e cobrir a boca e nariz, evitando assim contaminar o leite. Outro cuidado a ser tomado é não colocar o dedo na aréola ou mamilo. Não existe uma manobra padrão a ser desenvolvida, de modo geral, quem está fazendo a ordenha coloca uma mão espalmada sobre a mama, com o polegar na região limítrofe da aréola, contrapondo ao dedo indicador. Deve-se pressionar circularmente toda a região periareolar. Os seios lactíferos devem ser pressionados mediante um movimento conjugado, tanto para dentro, contra a parede torácica, como para baixo, em direção à papila mamilar. Esta ação visa pressionar a aréola atrás do mamilo com o objetivo de apertar os seios lactíferos, que são subareolares. Para a efetivação da ordenha manual é necessário se estabelecer ritmo e o tônus dos movimentos visando instalar o fluxo (Rego, 2001). 7.4 Armazenamento do leite Após a ordenha do leite é necessário armazená-lo bem, para que possa ser oferecido ao bebê sem nenhum risco. O leite pode ser conservado (http://www.webartigos.com/artigos/aleitamento-materno-e-cuidados-com-as- mamas/27657/): • À temperatura ambiente por até 12 horas; • Em geladeira (2º C a 6° C), por 24 a 48 horas; • Em freezer (-20°C), por até 3 meses. Além disso, deve ser armazenado em um recipiente fervido e muito bem tampado. Para servi-lo ao bebê deve-se descongelá-lo ou aquecê-lo em banho- maria e, em seguida, agitar bem o frasco para completa mistura dos componentes. O leite nunca deve ser fervido e após o reaquecimento não pode ser congelado novamente, portanto o que não for oferecido à criança deve ser descartado. 7.5 Teste do pezinho O Teste do