Buscar

B2_Crimes contra a Administração Pública

Prévia do material em texto

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(312 a 359-H).
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Divide-se em:
Crimes cometidos por funcionários públicos contra a administração (crimes funcionais);
Crimes praticados por particular contra administração;
Crimes praticados contra a administração da justiça.
CRIMES FUNCIONAIS 
(312 a 326 e 317)
CRIMES FUNCIONAIS
Espécies:
I: Próprios / Puros / Propriamente ditos;
II: Impróprios / Impuros / Impropriamente ditos;
CRIMES FUNCIONAIS
I: Próprios / Puros / Propriamente ditos:
São fatos que somente configuram crime quando praticados por funcionário público;
Se praticados por particular são fatos atípicos.
CRIMES FUNCIONAIS
A falta da qualidade de funcionário público gera uma atipicidade absoluta.
Ex.: Art. 319, CP (Prevaricação): 
Retardar ato de ofício em empresa particular não é crime.
CRIMES FUNCIONAIS
II: Impróprios / Impuros / Impropriamente ditos: 
São fatos que, se praticados por particulares configuram crime diferente do funcional.
A falta da qualidade de funcionário público gera atipicidade relativa.
Ex.: Art. 312, CP (Peculato):
CRIMES FUNCIONAIS
Apropriação de bem que tenha posse em razão do cargo em empresa privada: Apropriação indébita (168, CP).
CRIMES FUNCIONAIS
Sujeito ativo
Funcionário público para fins penais.
Obs.: Crimes próprios.
CRIMES FUNCIONAIS
Conceito (Art. 327, caput e § 1º, CP): 
	É o mais amplo e abrangente possível, inclui toda pessoa que exerce função pública, pertença ou não a administração, e ainda que exerça de forma gratuita e passageira.
Ex.: Todos que exercem mandato eletivo, mesário eleitoral, jurado do júri.
CRIMES FUNCIONAIS
Obs.: Funcionário público por equiparação (Art. 327, § 1º, CP): Inclui:
1. Funcionários das paraestatais;
2. Funcionário de empresas particulares que sejam conveniadas ou contratadas pela Administração para realização de atividades públicas típicas (serviços públicos essenciais – Saúde, Educação, Segurança).
CRIMES FUNCIONAIS
Ex.: Médico que exige dinheiro para atender paciente do SUS (Concussão – 316, CP).
Obs.: Para a maioria da doutrina e jurisprudência, o conceito de funcionário público por equiparação somente se aplica quando o agente é o autor do crime e não quando é vítima.
CRIMES FUNCIONAIS
Ex.: Médico de hospital particular que presta serviço para o SUS não pode ser vítima de desacato.
CRIMES FUNCIONAIS
Diferenças:
Cargo público é aquele ocupado por servidor público;
Emprego público é aquele ocupado por empregado público que pode atuar em entidade privada ou pública da Administração indireta;
Função é um conjunto de atribuições destinadas aos agentes públicos, abrangendo à função temporária e a função de confiança.
CRIMES FUNCIONAIS
Pessoas que exercem múnus público não são consideradas funcionários públicos para fins penais.
Múnus público: É o encargo imposto pela lei ou juiz para a proteção de interesses de particulares.
Ex.: Tutor, curador, inventariante, administrador da falência, advogado particular (art. 2º, § 2º, Lei 8.906/94).
CRIMES FUNCIONAIS
Importante: 
Causa de aumento de pena (327, § 2º): Todo crime funcional terá a pena aumentada em 1/3 se o infrator for uma das pessoas indicadas no § 2º do art. 327, CP.
STF: Inquérito 1.769, STF, aplica-se também aos detentores de mandato eletivo.
CRIMES FUNCIONAIS
Importante: 
Particular comete crime funcional se em concurso com funcionário público, e conheça tal qualidade.
Crimes em espécie
Peculato (312 e 313, CP)
Peculato 
Subespécies:
a) Peculato doloso:
	a.1) Próprio: 312, caput;
	a.2) Impróprio: 312, § 1º;
Peculato 
a) Peculato doloso:
a.1) Próprio: 312, caput;
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
	
Peculato 
a) Peculato doloso:
a.2) Impróprio: 312, § 1º:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
	
Peculato 
	
Peculato Próprio 321, caput.
Peculato impróprio 312, § 1º
Condutas: Apropriar (agir com animo definitivo) edesviar.
Condutas: Subtrair ou concorrer parasubtração.
Peculato apropriação ou peculato desvio.
Peculato furto.
Tem a posse do $ ou objeto em razão docargo.
Tem a facilidade para subtrair ou concorre para a subtração em razão do cargo.
Ex.: Juiz recebe do estadopcpara trabalhar e dá de presente.
Ex.: Guarda noturno que entra no gabinete para subtrair computador no TJ.
Peculato 
Características comuns:
a) São crimes dolosos;
b) Vantagem: Própria ou de 3ª pessoa;
c) Objeto material: Dinheiro, valor ou bem móvel, público ou particular.
Ex.: Funcionário do DETRAN que se apropria de carro apreendido.
d) Imóvel não é objeto material.
	
Peculato 
Importante: 
Se o funcionário não tem a posse ou facilidade, não há crime de peculato, mas sim, comum.
Ex.: Funcionário público que arromba porta para subtrair aparelho.
	
Peculato 
Obs. II: Emprego irregular de verbas públicas
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
	
Peculato 
O funcionário público desvia o dinheiro em benefício da própria administração, embora em desacordo com a lei.
Ex.: Lei municipal destina R$ 1 milhão para construção de escola e o secretário de obras desvia 200 mil para conta particular de amigo (312) e utiliza 300 mil na reforma de um hospital (315).
	
Peculato 
Obs. III: Princípio da insignificância no crime de peculato: 
Predomina o entendimento que não é cabível, e em geral nos crimes contra a administração pública, pois um dos bens jurídicos protegidos nesses crimes é o interesse público que nunca é insignificante.
Peculato 
Entretanto, o STF já aplicou o princípio da insignificância em crime de peculato de um fogão de R$ 455, praticado por um militar do exercito (STF - HABEAS CORPUS HC 87478 PA).
Peculato 
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg no AREsp 614524 MG 2014/0306488-4 (STJ)
Data de publicação: 23/04/2015
Ementa: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO RECURSO ESPECIAL. PECULATO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 514 DO CPP. IMPROCEDÊNCIA. AÇÃO PENAL LASTREADA EM INQUÉRITO POLICIAL. DESNECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO PARA DEFESA PRÉVIA. ACÓRDÃO A QUO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. 1. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública, uma vez que a norma visa resguardar não apenas a dimensão material, mas, principalmente, a moralidade administrativa, insuscetível de valoração econômica (AgRg no REsp n. 1.382.289/PR, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 11/6/2014).
Peculato 
Obs. IV: Se o peculato é praticado contra entidades e associações sindicais, aplica-se o art. 552 da CLT.
Art. 552 - Os atos que importem em malversação ou dilapidação do patrimônio das associações ou entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato julgado e punido na conformidade da legislação penal.
TED
Leitura dos dispositivos citados nos slides;
Peculato mediante erro de outrem - Art. 313;
Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art. 313-A;
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações Art. 313-B;
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento - Art. 314;
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315 
Concussão - Art. 316;
Corrupção passiva - Art. 317 ;
Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318;
Prevaricação - Art. 319;
Condescendência criminosa - Art. 320;
Advocacia administrativa - Art. 321;
Violência arbitrária - Art. 322;
Abandono de função- Art. 323;

Mais conteúdos dessa disciplina