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Tema 02 - Direito do Trabalho

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Relações do Trabalho
Introdução
O tema a ser abordado nos auxilia a compreender as relações de trabalho, como elas acontecem, quais são os
principais requisitos, identificando as características de cada ator envolvido nesta relação, empregado e
empregador. Neste sentido, vocês sabem a diferença entre os tipos de empregos? Ou a diferença entre os tipos
de empregados e os trabalhadores que compõem a relação de trabalho? Vamos conhecer.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer as normas especiais de tutela de trabalho;
• identificar características do empregado, do empregador, do trabalhador autônomo, eventual e avulso.
Tipos de empregado
Aqui, vamos aprofundar os estudos em três tipos existentes de empregados: empregados à distância, cargos de
confiança e cargos de diretor. Analisaremos suas características e especificidades dentro da relação de emprego.
Lembrando que, segundo Delgado (2017) “empregado é toda pessoa natural que contrate, tácita ou
expressamente, a prestação de seus serviços a um tomador, a este efetuados com pessoalidade, onerosidade, não
eventualidade e subordinação” (DELGADO, 2017, p.392).
Empregado à distância
O trabalho em domicílio pode ser executado de forma autônoma ou em caráter subordinado, neste último caso,
objeto do nosso estudo, enquadra-se como empregado à distância, considerando preencher os requisitos
necessários da relação de emprego.
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Figura 1 - Trabalho em domicílio
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2018
Pela Legislação brasileira, o trabalho prestado no estabelecimento do empregador ou em domicílio constituem
relação de emprego. A condição de prestação do serviço em domicílio não retira do empregador o caráter
diretivo.
A CLT – Consolidação das Leis de Trabalho dispõe por meio do artigo 6° (BRASIL, 1943), que “Não se distingue
entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o
realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego”.
Um exemplo de trabalho em domicílio é o da costureira, que mantém relação de emprego com a confecção,
contudo, trabalho em casa, com algumas exigências, como de não vender ou plagiar as peças confeccionadas. 
Cargos de confiança
O cargo de confiança relaciona-se ao empregado que assume cargo de gestão, e por isso, com poderes sobre os
outros empregados.
A partir do artigo 62 da CLT, especificamente após a alteração pela Lei 8.966/94, os cargos de confiança seguem
alguns requisitos específicos. Um deles é com relação ao percentual de diferença salarial entre os demais
empregados efetivos, que deverá, obrigatoriamente, ser de no mínimo 40% com relação aos demais empregados.
O artigo trata ainda da duração do trabalho, considerando que não terá direito a horas extras, adicional noturno,
hora noturna reduzida.
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O artigo 499 da CLT dispõe que “não haverá estabilidade no exercício dos cargos de diretoria, gerência ou outros
de confiança imediata do empregador, ressalvado o cômputo do tempo de serviço para todos os efeitos legais”.
Pelo artigo 468, § 1°, é lícita a alteração contratual unilateralmente.
Diretor empregado
Compreende-se como diretor aquele que possui “soma de poderes de mando, gestão, representação,
concentrando em sua pessoa o núcleo básico e central do processo decisório cotidiano da organização
empresarial envolvida” (DELGADO, 2017, p.402).
Figura 2 - Comando pela diretoria
Fonte: Keepsmiling4u, Shutterstock, 2018
O diretor recrutado externamente, ou seja, fora dos quadros da empresa, a partir da vertente moderna, utiliza-se
da legislação da Sociedade Anônimas, Lei 6.404/76, para definir a expressão empregatícia dos diretores
(DELGADO, 2017).
Outra hipótese seria o empregado eleito diretor, neste caso o empregado antigo é alçado a diretor da empresa. A
corrente majoritária neste caso entende “o diretor mantém-se como empregado, cabe enquadrá-lo como
ocupante de elevado cargo de confiança, com as consequências jurídicas daí advindas (art. 62, CLT)” (DELGADO,
2017, p.406).
FIQUE ATENTO
Para configuração da caracterização de cargo de confiança não basta a denominação dada pelo
empregado, o que implica ao exercício do cargo de confiança pelo empregado é uma situação
fática. Deste modo, as funções efetivamente realizadas deverão ser comprovadas por meio da
prática do dia a dia, documentos e testemunhas.
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Empregado doméstico
A Lei Complementar 150 de 2015 (BRASIL, 2015) traz em seu artigo 1° o conceito de empregado doméstico,
assim dispondo: “Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial dessas,
por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei”.
Figura 3 - Empregado doméstico
Fonte: Diego Cervo, Shutterstock, 2018
A qualificação do enquadramento como empregado doméstico está ligada a alguns pressupostos:
1.trabalho realizado por pessoa física;
2.de forma contínua;
3.em âmbito residencial de pessoa ou família;
4.sem fins lucrativos;
5.onerosa;
6.de forma subordinada;
7.por mais de dois dias na semana.
Com relação aos empregados domésticos e os demais empregados temos como principais diferenças o âmbito de
atuação dos profissionais, que no caso do empregado doméstico deverá obrigatoriamente ser na residência de
pessoa ou família, o seu trabalho não poderá ter fins lucrativos, ou seja, as atividades desenvolvidas por ele não
visam o lucro, e sim atender necessidades do empregador. No caso da diarista, constitui como principais
diferenças a falta de subordinação com relação ao empregado doméstico, ou seja, a diarista não é subordinada e
o empregado doméstico é subordinado ao empregador, compreendendo que este prestará serviço por mais de
dois dias na semana.
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Trabalhador autônomo; eventual e avulso
O trabalhador autônomo permeia a relação de trabalho, isto porque a falta do requisito da subordinação e da
pessoalidade afasta por completo da relação estabelecida pela CLT de emprego.
O trabalhador autônomo é aquele realizado sem a subordinação ao tomador de serviços, neste sentido, como
relação de trabalho não é protegido pela CLT. “A falta de pessoalidade, aqui, soma-se à ausência de subordinação,
para distanciar essa relação jurídica de trabalho da figura empregatícia da CLT, mantendo-a no âmbito civil (art.
594, CCB/2002)” (DELGADO, 2017, p.374).
Trabalho eventual
Esta categoria, não consiste em uma relação de emprego, possuindo os requisitos de subordinação, onerosidade,
pessoalidade, não possuindo tão somente o requisito da continuidade. Nessa modalidade, o trabalhador presta
serviços em razão de necessidade esporádica de trabalho, ocasional, de forma incerta, de acordo com as
necessidades do tomador de serviços (MARTINS, 2018).
O trabalhador eventual trabalha esporadicamente, somente quando é solicitado pelo tomador dos serviços, já o
empregado trabalha continuamente, todos os dias, independente do chamado do empregador.
Trabalho avulso
O trabalhador avulso corresponde à modalidade de trabalhador eventual, que presta serviços de forma
esporádica e por curtos períodos - e pela liberdade na prestação de serviço, trabalha para vários tomadores, sem
fixar especificamente a um deles (DELGADO, 2017).
EXEMPLO
São exemplos de contratos de trabalhos autônomos, a prestação de serviços que não estão
sujeitas às leis trabalhistas, estabelecidos pelos artigos 593 a 609 do Código Civil de 2002, os
casos de serviço por empreitada, como é o caso de obras civis, dispostos pelos artigos 610 a
626 do Código Civil de 2002, e ainda o contrato de representação comercial, regulado pelos
artigos 710 a 721 do Código Civil de 2002.
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O trabalhador avulso, então, é uma pessoa física que não constitui vínculo de emprego, podendo ser urbano ou
rurale livre, pois não se vincula a nenhum sindicato, mas que, obrigatoriamente, deverá ser intermediado pelo
sindicato da categoria profissional ou do órgão gestor de mão de obra (MARTINS, 2018).
Figura 4 - Modalidades de trabalhadores
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Neste quadro é possível observar as características próprias de cada modalidade de trabalhador.
Normas especiais de tutela de trabalho - 
trabalho temporário e terceirização
Neste tópico iremos estudar as normas especiais de tutela de trabalho sobre temporário e terceirização.
FIQUE ATENTO
As diferenças entre as modalidades de trabalhadores, autônomos, eventual e avulso!
Sendo: Trabalhador autônomo possui características que afastam a subordinação e a
pessoalidade, o trabalhador eventual presta serviço de forma não habitual mesmo que para o
mesmo tomador, e o trabalhador avulso é uma modalidade de trabalhador eventual com
características próprias.
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Figura 5 - Terceirização do trabalho
Fonte: Jane060, Shutterstock, 2018
O trabalho temporário é regido pela Lei 6019, de 03 de janeiro de 1974, com importantes alterações pela Lei
13.429 de 31 de março de 2017 e pela Lei 13.467 de 13 de julho de 2017, compondo a reforma trabalhista, que
dispõe, também, sobre a terceirização de serviços e o trabalho temporário. Importantes alterações como: o
conceito de trabalho temporário, abarcando a contratação de pessoa física por empresa de trabalho temporário,
e a proibição de substituição do trabalhador em greve; com relação à empresa terceirizada, estendendo a
terceirização de serviço da atividade principal.
Trabalho temporário
Pelo artigo 2° da Lei 13.429/2017 temos o conceito de trabalho temporário como “aquele prestado por pessoa
física contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora
de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda
complementar de serviços”. É vedado a contratação de trabalho para substituir trabalhadores em greve, salvo
exceções dispostas pela Lei 7.783/ 89, por exemplos é responsabilidade do Poder Público manter em
funcionamento os serviços de saúde, considerados como essenciais, e assim, caso haja deficiência no serviço em
razão da greve, poderá haver substituição.
As empresas de trabalho temporário são, obrigatoriamente, pessoa jurídica, ou seja, não poderão ser pessoa
física, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, como empresa de trabalho temporário.
Terceirização
A terceirização ganha um novo conceito a partir da Lei 13.467/2017 artigo 4° que assim dispõe: “Considera-se, ,
prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas
atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que
possua capacidade econômica compatível com a sua execução”. A principal alteração foi quanto à atividade, que
anteriormente era atividade fins agora poderá terceirizar a atividade principal, por exemplo as atividades dee
atendimentos médicos (atividade principal), professores (atividade principal), visto que, anteriormente somente
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atendimentos médicos (atividade principal), professores (atividade principal), visto que, anteriormente somente
as atividades fins, por exemplo serviços gerais, recepcionista (atividades fins), poderiam ser terceirizadas.
O responsável por remunerar e dirigir o trabalho realizado é da empresa prestadora de serviços, podendo
subcontratar, assim, a empresa contratante dos serviços terceirizados não possui nenhum vínculo empregatício,
por exemplo, uma empresa que terceiriza uma recepcionista para atendimento em um hospital, o responsável
pelo pagamento de todas as verbas trabalhistas será a empresa prestadora de serviço e não o hospital.
Fechamento
Neste tema foi possível abordar os tipos de empregados e suas especificidades, bem como as relações de
trabalho estabelecidas entre trabalhador e tomador de serviço. Como vimos, o empregado à distância, apesar de
sua prestação de serviço estar fora do ambiente físico da empresa, ainda assim, configura-se como relação de
emprego. Ainda os empregados classificados como cargos de confiança e diretores que possuem também
características próprias.
O trabalho temporário e a terceirização constituem as normas especiais de tutela do trabalho com importantes
alterações após a reforma trabalhista estabelecida em 2017.
Referências
BARROS, A. M. de. .10 ed. São Paulo:LTr, 2016. Curso De Direito Do Trabalho
BRASIL. . Brasilia, DF: Senado Federal, 1988.Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
BRASIL. Consolidação das Leis Trabalhistas. Disponível em: Decreto Lei n° 5.452 de 1° de maio de 1943.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm. Acesso em: 07/06/2018.
BRASIL. Lei Complementar 150 de 1° de junho de 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/Leis/L8966.htm. Acesso em 07/06/2018.
BRASIL. Lei 6019 de 03 de janeiro de 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l6019.
htm. Acesso em: 07/06/2018.
BRASIL. Lei 8.966 de 27 de dezembro de 1994. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis
/L8966.htm. Acesso em 07/06/2018
BRASIL. Lei 13.429 de 31 de março de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13429.htm. Acesso em: 07/06/2018.
BRASIL. 13.467 de 13 de julho de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018
SAIBA MAIS
Sobre os requisitos de funcionamentos das empresas terceirizadas, bem como as obrigações
impostas às empresas tomadoras dos serviços e às empresas prestadoras de serviços, além das
responsabilidades trabalhistas impostas subsidiariamente por seus trabalhadores, dentre
outras, as verbas trabalhistas, leia a lei 13.429/2017 (BRASIL, 2017).
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BRASIL. 13.467 de 13 de julho de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018
/2017/lei/l13467.htm. Acesso em: 07/06/2018.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 16ª. ed. rev. e ampl..— São Paulo : LTr, 2017.
MARTINS, S. P. - 34ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.Direito do Trabalho
	Introdução
	Tipos de empregado
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	Cargos de confiança
	Diretor empregado
	Empregado doméstico
	Trabalhador autônomo; eventual e avulso
	Trabalho eventual
	Trabalho avulso
	Normas especiais de tutela de trabalho - trabalho temporário e terceirização
	Trabalho temporário
	Terceirização
	Fechamento
	Referências

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