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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
E
AS NECESSIDADES ESPECIAIS
CURITIBA/PR
2016
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
tamires de cássia gonçalves
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
E
AS NECESSIDADES ESPECIAIS
Trabalho entregue à Faculdade de Educação São Braz, como requisito legal para convalidação de competências, para obtenção de certificado de Especialização Lato Sensu, do curso Educação Especial conforme Norma Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB 9394/96. 
Orientador (A): Prof. Marcelo Alvino.
CURITIBA/PR
2016
FOLHA DE APROVAÇÃO
tamires de cássia gonçalves
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E AS NECESSIDADES ESPECIAIS
Trabalho entregue à Faculdade de Educação São Braz, como requisito legal para convalidação de competências, para obtenção de certificado de Especialização Lato Sensu, do curso Educação Especial, conforme Norma Regimental Interna e Art. 47, Inciso 2, da LDB 9394/96. 
Orientador (A): Marcelo Alvino
Aprovado (a) em: _____/_____/_______ 
Examinadores: 
Prof. (Esp/Me/Dr.) ________________________________________________
Instituição: ___________________________ Assinatura: _________________
Prof. (Esp./Me/Dr.) ________________________________________________ 
Instituição: ___________________________ Assinatura: _________________
Prof. (Esp/Me/Dr.) ________________________________________________
Instituição:___________________________ Assinatura: __________________
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o paradigma de uma educação inclusiva, a linha de ação sobre as necessidades educacionais e sobre a inclusão social e as necessidades especiais. A realização deste trabalho efetuou-se através de pesquisas bibliográficas, com leitura e estudos de obras literárias e das politicas publicas do Ministério da Educação e da Secretaria de Educação Especial, sobre os propósitos da educação inclusiva e sobre a Inclusão Social e as Necessidades Especiais. A inclusão escolar não se restringe apenas em promover o acesso do aluno na escola, mas garantir a sua participação, a desenvolver-se plenamente como pessoa, e de promover oportunidades para que os alunos recebam um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento deste processo é essencial assegurar a igualdade de oportunidades, atendendo as características e necessidades de cada educando. Uma prática educativa que considera as diversidades é um meio eficaz para desenvolver atitudes de respeito e de tolerância na convivência escolar. O acolhimento das crianças com necessidade educacionais especiais e da criança portadora de deficiência especial e outras que trazem outras características, como: étnicas ou culturais, de outros grupos ou zonas, desfavorecidas ou marginalizadas, têm gerado vários tipos de desafios ao sistema de ensino regular. A inclusão escolar é um direito de todos, destacando o aluno com deficiência, todo esse processo solicita mudanças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do direito de todos à escolarização.
Palavra chave: Inclusão. Necessidades Especiais. Escolarização.
INTRODUÇÃO
O processo da inclusão educacional fundamentada em várias politicas públicas, que apoiaram e aprovaram a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais e dos portadores de necessidades especiais na escola de ensino regular foi à causa de muitas transformações e adequações da educação tradicional, com o intuito de eliminar as barreiras que restringiam a aprendizagem e participação de muitas crianças.
A educação inclusiva tem como meta a inclusão escolar dos alunos portadores de deficiência, abolindo a exclusão social, e gerar atitudes de respeito às diferenças individuais. Contudo, para que a inclusão escolar se torne uma realidade é necessário promover uma nova educação das pessoas que trabalham com esses alunos, tirando todo preconceito radicalizado, tanto da sociedade, quanto na escola e das próprias famílias. 
Uma educação de qualidade para todos requer a uma nova redimensão da escola, quanto sua estruturação, a adequação dos programas de ensino, formação especifica de professores para o atendimento dos alunos, um grande desafio para esta formação é repensar sobre a concepção e sobre sua prática pedagógica, não basta apenas aceitá-los, mas é necessário atender suas necessidades especiais, respeitar seus direitos em ter uma aprendizagem significativa.
A realização deste trabalho efetuou-se através de pesquisas bibliográficas, com leitura e estudos de obras literárias e das politicas publicas do Ministério da Educação e da Secretaria de Educação Especial, sobre os propósitos da educação inclusiva e sobre a Inclusão Social e as Necessidades Especiais.
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o paradigma de uma educação inclusiva, a linha de ação sobre as necessidades educacionais e sobre a inclusão social e as necessidades especiais.
O desenvolvimento do estudo está organizado em seção. Na primeira seção tratamos do Paradigma da Educação Inclusiva, na segunda seção retratamos sobre a Linha de ação sobre Necessidades Educacionais Especiais e na terceira seção dissertamos sobre a Inclusão Social e as Necessidades Especiais.
1. O PARADIGMA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A educação inclusiva aspira fazer efetivo o direito à educação, a igualdade de oportunidades e de participação. O direito de todas as crianças à educação encontra- se consagrado na Declaração dos Direitos Humanos e reiterado nas políticas educacionais dos países; porém, ainda existem milhões de crianças e adultos que não têm acesso à educação ou recebem uma de menor qualidade. (Brasil, 2005, p.08 e 09)
O direito à educação não se restringe apenas em promover o acesso do aluno na escola, mas garantir a sua participação, a desenvolver-se plenamente como pessoa, e de promover oportunidades para que os alunos recebam um ensino de qualidade. Para o desenvolvimento deste processo é essencial assegurar a igualdade de oportunidades, atendendo as características e necessidades de cada educando. 
O atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema de ensino regular teve passo inicial, a partir da Conferência Mundial sobre Necessidades Especiais (Salamanca, 1994). A Declaração de Salamanca, de 1994, foi fundamental para a inclusão desses alunos e para o estabelecimento de uma educação inclusiva:
 “todas as escolas devem acolher a todas as crianças, independentemente de suas condições pessoais, culturais ou sociais; crianças deficientes e superdotadas e altas habilidades, crianças de rua, minorias étnicas, linguísticas ou culturais, de zonas desfavorecidas ou marginalizadas, o qual traça um desafio importante para os sistemas escolares. As escolas inclusivas representam um marco favorável para garantir a igualdade de oportunidades e a completa participação, contribuem para uma educação mais personalizada, fomentam a solidariedade entre todos os alunos e a melhora da relação custo-benefício de todo o sistema educacional”. (Declaração de Salamanca/1994, apud Brasil, 2005, p.9)
A educação inclusiva provoca uma nova concepção de ensino, baseada na heterogeneidade e não na homogeneidade, uma compreensão diferente da educação tradicional, atendendo cada aluno em suas peculiaridades, destacando o desenvolvimento de uma educação que valorize e respeite às diferenças, concebendo como uma oportunidade para promover o desenvolvimento pessoal e social. 
Uma prática educativa que considera as diversidades é um meio eficaz para desenvolver atitudes de respeito e de tolerância na convivência escolar. A escola é ambiente favorável para a socialização dos indivíduos, oferecendo aos educandos a possibilidade de aprender e vivenciar esses valores, contribuindo com desenvolvimento do processo de aprendizagem.
As escolas inclusivas favorecem o desenvolvimento de atividadesde solidariedade e cooperação e o respeito e valorização das diferenças, o que facilita o desenvolvimento de uma cultura de paz e de sociedades mais justas e democráticas. (Brasil, 2005, p.10)
As diversidades e diferenças dos educandos, citadas nos parágrafos anteriores, são derivadas a cor, idade, raça, social e deficiências. Segundo Sassaki, 2010:
A inclusão social, portanto, é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos, espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos, utensílios mobiliário e meios de transportes e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também do próprio portador de necessidades especiais. (Sassaki, 2010, p.42)
A Constituição Federal do Brasil de 1988 aprova e propõe avanços significativos para a educação escolar de pessoas com deficiência, quando elege como fundamentos a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, incisos II e III) e, como um dos seus objetivos fundamentais, é a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV). 
Valorização da diversidade como elemento que enriquece o desenvolvimento pessoal e social. A condição mais importante para o desenvolvimento de uma educação inclusiva e que a sociedade em geral, e a comunidade educativa em particular, tenham uma atitude de aceitação, respeito e valorização das diferenças. (Brasil, 2006, p.11)
Os avanços dos procedimentos para a efetuação de uma educação inclusiva estão na formação e capacitação dos professores, reorganização do projeto político-pedagógico, onde se organiza as diretrizes gerais da escola, planos de ensino mais diversificados para que possam atender as necessidades dos alunos, métodos didáticos adequados para que os alunos possam obter acesso a aprendizagem, materiais e recursos de ensino para as diferentes propostas quanto a situações de aprendizagem.
A cultura das escolas deve ser renovada, para que se transformem em comunidades de aprendizagem e de participação. A educação inclusiva deve ser um programa para toda a comunidade escolar e solicitar a participação dos pais, na medida em que planeja um projeto coletivo estará assegurando que toda a comunidade educacional se responsabilize pela aprendizagem e avanço de todos os alunos. Para garantir a aprendizagem e a participação de todos os alunos, é necessário um trabalho colaborativo entre os professores, entre professores e pais, professores e especialistas e entre os próprios alunos.
A nova perspectiva e a prática da educação inclusiva sugerem modificações significativas na prática educativa. A formação dos professores é uma estratégia fundamental para contribuir para essas mudanças. Os professores necessitam ter conhecimentos básicos teórico-práticos em relação à diversidade, a adaptação do currículo, e os conhecimentos básicos às necessidades educacionais mais relevantes, associadas a diferentes tipos de deficiência, situações sociais ou culturais.
Como se considera o professor uma referência para o aluno, e não apenas um mero instrutor, a formação enfatiza a importância de seu papel, tanto na construção do conhecimento, como na formação de atitudes e valores do cidadão. Assim sendo, a formação vai além dos aspectos instrumentais de ensino. (Mantoan, 2003, p. 44)
O professor é o referencial para o aluno e mantem uma relação mais próxima, que além de passar o ensino cientifico, deve promover situações de interação entre os alunos, proporcionando um ambiente onde todos se sintam pertencente à escola, estimulando o aluno a aprendizagem.
A polêmica principal é como planejar as situações de ensino para garantir uma maior interação e participação de todos os alunos, sem perder o foco as necessidades reais de cada um. A saída requer a utilização de uma ampla variedade de estratégias metodológicas, a adequação das atividades de aprendizagem às possibilidades dos alunos e a utilização dos mais variados recursos e equipamentos didáticos. Dessa forma, os recursos utilizados em sala tema função de auxiliar o educando a desenvolver suas potencialidades, capacidades e habilidades de tal forma que isto permita sua inserção no sistema educacional.
Outra questão cruciante são os critérios de avaliação e promoção. Como harmonizar um ensino atencioso às diferenças e dos processos normais de aprendizagem, com uma avaliação que acaba sendo igual para todos. Dentro da perspectiva de uma educação inclusiva, a finalidade da avaliação não é classificar ou rotular os alunos, mas como identificar o tipo de intervenção do professor e recursos didáticos que precisam para facilitar seu processo de ensino aprendizagem e de desenvolvimento pessoal e social. É aconselhada uma avaliação com critérios e procedimentos flexíveis de avaliação e promoção.
A avaliação dos seus efeitos não se mede, portanto, pelo aproveitamento de alguns alunos, os que apresentam dificuldade de aprender ou aqueles com deficiência, incluídos nas classes do ensino regular. (Mantoan, 2003, p.47)
2. LINHA DE AÇÃO SOBRE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
A presente Linha de Ação sobre Necessidades Educacionais Especiais foi aprovada pela Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, organizada pelo governo da Espanha em cooperação com a UNESCO, realizada em Salamanca, entre 7 e 10 de junho de 1994. Seu objetivo é definir a política e inspirar a ação dos governos, de organizações internacionais e nacionais de ajuda, de organizações não governamentais e outras instituições na implementação da Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e prática, em Educação Especial. A Linha de Ação baseia-se na experiência dos países participantes e também nas resoluções, recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas e de outras organizações intergovernamentais, especialmente as Normas Uniformes sobre Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência. (Brasil, 2005, p.20)
O conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, 1994, é norteado pelos seguintes princípios:
Independente das diferenças individuais, a educação é direito de todos;
Toda criança que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com necessidades educativas especiais;
A escola deve adaptar–se às especificidades dos alunos, e não os alunos as especificidades da escola;
O ensino deve ser diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças.
A proposição fundamental desta Linha de Ação é de que as escolas devem receber todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, assegurando seus direitos adotados e proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, pela ONU (Assembleia Geral das Nações Unidas) e reconfirmados na Declaração Mundial sobre Educação para Todos, de 1990, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura). 
O acolhimento das crianças com deficiência e crianças com superdotação; crianças de rua e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas, desfavorecidas ou marginalizadas, têm gerado vários tipos de desafios ao sistema de ensino regular.
No âmbito desta Linha de Ação, o termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas as crianças ou jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou dificuldades de aprendizagem, durante o período de escolarização, abrangendo também aquelas que possuam bloqueios graves de aprendizagem. Toda instituição escolar devem encontrar novas alternativas de práticas educativas para o atendimento desses alunos, promovendo seu avanço no processo de ensino aprendizagem. 
O princípio do processo de integração era integrar o aluno à escola, nesse modelo, ao invés de a escola ter que se adequar ao aluno, era o aluno que devia se adequar-se aos programas de ensinoda escola.
A integração educativo-escolar refere-se ao processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, crianças com e sem necessidades especiais durante uma parte ou na totalidade do tempo de permanência na escola. 
Sassaki (2010, p. 32), relata que no modelo integrativo “a sociedade em geral ficava de braços cruzados e aceitava receber os portadores de deficiência desde que eles fossem capazes de moldar-se aos tipos de serviços que ela lhes oferecia; isso acontecia inclusive na escola”.
O grande desafio está na mudança da concepção dessas escolas, por que não basta acolher o aluno, é necessário desenvolver uma pedagogia centrada na criança, em suas necessidades, capaz de educar com sucesso todas as crianças, incluindo aquelas que sofrem de deficiências graves. Nesse modelo pedagógico é possível observar a exclusão dos alunos que não se adaptam ao ensino oferecido na escola regular. 
O merecimento de tais escolas não está somente na competência de dispor uma educação de qualidade para todos, é fundamental dar um passo muito importante, para mudar atitudes de discriminação, em atitudes concretas de acolhimento, com propostas educativas atendam os alunos em suas deficiências, criando comunidades que acolham a todos e desenvolver uma sociedade inclusiva.
A nova perspectiva da educação inclusiva traz o entendimento que às pessoas com necessidades educacionais especiais devem ter condições de vida semelhantes aos demais da sociedade. A normalização menciona que às condições do ambiente no qual convivem as pessoas deficientes, deverá ser semelhante ao das pessoas em geral, e não à normalização da pessoa deficiente.
Para Mantoan (1997, p. 120), “a normalização visa tornar acessível às pessoas socialmente desvalorizadas as condições e os modelos de vida análogos aos que são disponíveis de modo geral, ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade”.
Na escola inclusiva, a convivência dos alunos com necessidades especiais com outros alunos, contribui para que os alunos aprendam a conviver com as diferenças e se tornando cidadãos solidários, e quanto os alunos deficientes apresentam um avanço continuo para a construção de sua cidadania, superando os desafios decorrentes de suas necessidades.
Segundo Sassaki (2010), a origem da ideia de inclusão foi estabelecida por uma organização não governamental liderada por deficientes, na elaboração da Declaração de Princípios, de 1981, definiu o conceito de equiparação de oportunidades, que na síntese era:
O processo mediante o qual os sistemas gerais da sociedade, tais como o meio físico, a habilitação e transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e trabalho, e a vida cultural e social, incluídas as instalações esportivas e de recreação, é feito acessível para todos. Isto inclui a remoção de barreiras que impedem a plena participação das pessoas deficientes em todas as áreas, permitindo-lhes assim alcançar uma qualidade de vida igual à de outras pessoas (SASSAKI, 2010, p. 39)
O princípio da inclusão focaliza para uma pedagogia equilibrada, entendendo que as diferenças humanas normais e que a aprendizagem deve ajustar-se às necessidades de cada aluno, e não os alunos adaptar-se ao ritmo imposto pelo processo educativo.
Aborda uma pedagogia centralizada na criança, trazendo benefícios para todos os alunos e, consequentemente, para toda a sociedade. 
Uma característica das escolas integradora é grandes taxas de evasão e reprovação escolar. Uma das linhas de ação de uma educação inclusiva é demonstrar que é possível reduzir a taxa de desistência e repetência escolar e ao mesmo tempo garantir um maior índice de sucesso escolar. 
Uma escola que está voltada para a criança proporciona o desenvolvimento de uma sociedade centrada nas pessoas, que respeite tanto as diferenças quanto a dignidade de todos os seres humanos. Uma mudança de perspectiva social é imprescindível. Durante muito tempo, os problemas das pessoas com deficiências foram agravados por uma sociedade dilaceradora que se prendia mais em sua incapacidade do que em seu potencial. 
Uma sociedade inclusiva vai bem além de garantir apenas espaços adequados para todos. Ela fortalece as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais saudáveis e mais satisfatórias (SASSAKI, 2010, p. 172).
3. NOVAS CONCEPÇÕES DE INCLUSÃO DAS NECESSIDADES ESPECIAIS
Segundo o documento Saberes e práticas da inclusão - Recomendações para a construção de escolas inclusivas, Brasil, 2005, afirma que: “a tendência da política social durante as duas últimas décadas foi a de fomentar a integração e a participação, e de lutar contra a exclusão”. (Brasil, 2006, p.20)
A inclusão e a participação do individuo a escolarização são substanciais para sua dignidade humana e a efetuação de seus direitos.
De acordo com Sassaki, 2010:
O termo necessidades especiais é utilizado com um significado mais amplo. Às vezes encontramos na literatura, em palestras e em conversas informais o uso das expressões Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais, Pessoas com Necessidades Especiais e Portadores de Necessidades Especiais, como sendo melhor do que usar as expressões Pessoas Portadoras de Deficiência, Pessoas com Deficiência e Portadores de Deficiência, no sentido de que, assim, seria evitado o uso da palavra “Deficiência” supostamente desagradável ou pejorativa. Todavia, “necessidades especiais” não deve ser tomado como sinônimo de “deficiências” (mentais, auditivas, visuais, físicas ou múltiplas). 
(Sassaki, 2010, p.14).
Um indivíduo portador de deficiência especial é aquele que apresenta significativas alterações, podendo ser de origem física, sensorial ou intelectual, decorrentes de fatores congênitos ou adquiridos, de caráter permanente, que ocasiona sérios problemas na sua interação com o meio físico e social, enfrentando várias barreiras de participação no meio social.
O Decreto nº 5.296/2004, art. 5º, considera pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei nº 10.690/2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:
a) Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; 
b) Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; 
c) Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção o óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 ; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; 
d) Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
1. Comunicação; 2. Cuidado pessoal; 3. Habilidades sociais; 4. Utilização dos recursos da comunidade; 5. Saúde e segurança; 6. Habilidades acadêmicas; 7. Lazer; e 8. Trabalho; 
e) Deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências;
O Decreto nº 5.296/2004, também se cita o conceito de pessoa com mobilidade reduzida, para fins de proteção e sua aplicação, sendo aquela que, não seenquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. 
Na perspectiva da construção da escola inclusiva as Diretrizes de Ação no Plano Nacional “Política e Organização” segundo Brasil, 2006, recomenda:
As políticas educacionais em todos os níveis, do nacional “ao local”, devem estipular que a criança com deficiência frequente a escola mais próxima, ou seja, a escola que frequentaria caso não tivesse uma deficiência. As exceções a esta norma deverão ser consideradas individualmente, caso por caso, somente nos casos em que seja imperativo que se recorra a “instituição especial”. (Brasil, 2006, p. 23)
 A Constituição Federal do Brasil, de 1988, estabelece o direito das pessoas com necessidades especiais receberem educação, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, III). A diretriz atual é a da plena integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade. Trata-se, portanto, de dois direcionamentos principais: o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o direito de receber essa educação, sempre que possível, junto às demais pessoas, nas escolas regulares.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006), por meio do Decreto nº 6949/2009, assume o compromisso de assegurar o acesso das pessoas com deficiência a um sistema escolar inclusivo em todos os níveis e de originar medidas que garantam as condições para sua efetiva participação, de forma que não sejam excluídas do sistema educacional geral em razão da deficiência.
A inclusão escolar é um direito do aluno com deficiência e solicita mudanças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do direito de todos à escolarização.
A compreensão da educação inclusiva envolve o processo educacional como um todo, pressupondo a implantação de uma política organizada nos sistemas de ensino que provoque mudanças na organização da escola, suprimindo os modelos tradicionais das escolas e classes especiais. A escola deve cumprir sua função social, construindo uma proposta pedagógica capaz de valorizar as diferenças, com a oferta da escolarização nas classes comuns do ensino regular e do atendimento as necessidades específicas dos seus alunos.
No desenvolvimento do processo de ensino, torna-se indispensável à utilização de diversificadas estratégias de ensino e recursos apropriados para atender suas necessidades, que permitam uma verdadeira igualdade de oportunidades. É nesse ambiente que crianças com necessidades especiais possam ter um avanço na aprendizagem e na integração social. 
As mudanças das instituições escolares não constituem somente em uma tarefa técnica, mas depende, acima de tudo, de novas concepções, compromisso e boa vontade de todos os indivíduos envolvidos no ambiente escolar, envolvendo a gestão, professores, funcionários, pais, família e voluntários; para que ela cumpra seu dever de constituir um meio favorável para a igualdade de oportunidades para a aprendizagem e participação, para todos.
Os alunos portadores de deficiência especial devem ser matriculados nas classes comuns, em um dos níveis ou modalidade da educação básica, sendo oferecido o atendimento educacional especializado – AEE, no turno oposto ao do ensino regular. As salas de recursos multifuncionais cumprem o propósito da organização de espaços, na própria escola comum, dotados de equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais pedagógicos que ajudam na promoção da escolarização, eliminando barreiras que impedem a plena participação dos alunos com deficiência especial, com autonomia e independência, no ambiente educacional.
Segundo o Manual de Orientação: Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais, O Conselho Nacional de Educação, por meio da Resolução CNE/CEB nº 4/2009, estabelece as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, definindo que: 
Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento educacional especializado de instituição especializada da rede pública ou de instituição especializada comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria de educação ou órgão equivalente dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios. (Brasil, 2010, p. 5)
Segundo as orientações do Manual do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, oferecido pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial/SEESP (Brasil, 2010), para apoiar a organização do atendimento educacional especializado – AEE aos alunos com deficiência, dispõe sobre os critérios para definição dos alunos a serem atendidos e a organização do planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e estratégias pedagógicas e de acessibilidade.
Os alunos atendidos pelo Atendimento Educacional Especial são definidos da seguinte forma:
Alunos com deficiência - aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem ter obstruído sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade;
Alunos com transtornos globais do desenvolvimento - aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo síndromes do espectro do autismo psicose infantil;
Alunos com altas habilidades ou superdotação - aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade.
(Brasil, 2010, p.7)
A organização do planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e estratégias pedagógicas e de acessibilidade, utilizadas no processo de escolarização dos alunos portadores de necessidades especiais, a escola constitui a oferta do atendimento educacional especializado, aspectos do seu funcionamento, tais como:
Carga horária para os alunos do AEE, individual ou em pequenos grupos, de acordo com as necessidades educacionais específicas; 
Espaço físico com condições de acessibilidade e materiais pedagógicos para as atividades do AEE; 
Professores com formação para atuação nas salas de recursos multifuncionais; 
Profissionais de apoio às atividades da vida diária e para a acessibilidade nas comunicações e informações, quando necessário; 
Articulação entre os professores da educação especial e do ensino regular e a formação continuada de toda a equipe escolar; 
Participação das famílias e interface com os demais serviços públicos de saúde, assistência, entre outros necessários; 
Oferta de vagas no AEE para alunos matriculados no ensino regular da própria escola e de outras escolas da rede pública, conforme demanda; 
Registro anual no Censo Escolar MEC/INEP das matriculas no AEE. 
(Brasil, 2010, p.8)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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