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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
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1. GESTÃO AMBIENTAL 
 
Entende-se por gestão ambiental as diretrizes e as atividades administrativas 
e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e 
outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, 
querem reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações 
humanas, quer evitando que eles surjam. 
A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando 
espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização 
das organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e 
ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental. 
Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque 
além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos 
diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos 
(por exemplo, indenizações por danos ambientais). 
À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se 
preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio 
empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira 
mais racional. O próprio mercado consumidor passa a selecionar os produtos que 
consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. 
Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que 
atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos 
preceitos da gestão ambiental. 
Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais 
especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos 
superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como os de 
Tecnólogo em gestão ambiental, de Engenharia Ambiental, Bacharelado em Gestão 
Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente. 
No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas 
características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na consolidação do 
desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo estabelecimento das 
leis e normas que estabelecem os critérios ambientais que devem ser seguidos por 
 
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todos, em especial o setor privado que, em seus processos de produção de bens e 
serviços, se utiliza dos recursos naturais e produz resíduos poluentes. Por isso 
mesmo, além de definir as leis e fiscalizar seu cumprimento, o poder público precisa 
ter uma atitude coerente, responsabilizando-se também por ajustar seu 
comportamento ao princípio da sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança 
de padrões de consumo e produção, adequando suas ações à ética socioambiental. 
 
1.1 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE GESTÃO AMBIENTAL 
 
A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a 
complexidade das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às 
organizações induzem um novo posicionamento por parte das organizações diante 
de tais questões. Tal posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais 
preparados para fazer frente a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as 
questões ambientais com os objetivos econômicos de suas organizações 
empresarias. 
Fica evidente que a formação de recursos humanos, dentre eles a do 
profissional generalista ou aquele especializado, ambos graduados, por escolas de 
administração ou outros cursos, é requerida em todas as direções e níveis nos quais 
se processa o novo padrão da gestão ambiental em suas dimensões de conteúdo, 
forma e sustentação. 
A formação de profissionais qualificados deve ser tratada com altíssima 
prioridade porque, além de possibilitar que os órgãos governamentais e empresas, 
contem com pessoal qualificado para sua respectiva missão, também tem o papel de 
deflagrar uma nova mentalidade que proporcione mudanças, inclusive das próprias 
instituições formadoras de recursos humanos. 
 
 
1.2 PROFISSÕES AMBIENTAIS 
 
Aqui estão elencadas algumas profissões ligadas ao meio ambiente. 
 a) Advogado Ambiental: podendo advogar tanto na defesa de supostos 
transgressores das leis ambientais, bem como fornecer Assessoria para a prevenção 
de futuras punições; 
 
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b) Auditor Ambiental: realiza a avaliação das medidas exigidas concernentes à 
preservação do meio ambiente, para a obtenção das certificações ambientais, como 
por exemplo da série ISO 14.000; 
 
c) Biólogo: dentre as inúmeras atividades que podem ser exercidas por um biólogo, 
ressaltam-se levantamento de fauna e flora, elaboração de EIA-RIMA (o Relatório de 
Impacto Ambiental - RIMA refletirá as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental - 
EIA), consultoria para reservas naturais, responder tecnicamente em projetos e 
programas sobre assuntos afetos à sua área de formação técnica etc.; 
 
d) Cientista Ambiental: possui o conhecimento genérico da ciência, propondo 
medidas que visem melhoria da qualidade de vida; 
 
e) Consultor Ambiental: prepara os relatórios referentes ao impacto ambiental, 
estabelecendo certos parâmetros como o ruído, contaminação de solo etc.; 
 
f) Contador Ambiental: contabiliza os benefícios e malefícios que determinado 
produto poderá trazer ao meio ambiente; 
 
g) Ecólogo: possui inúmeras funções, destacando-se a busca de modos para a 
diminuição do impacto ambiental, utilização correta dos recursos naturais etc. 
 
h) Educador Ambiental: conscientiza crianças, empresas e a comunidade de um 
modo geral da necessidade de mudança de certos atos, para que se conserve e 
preserve o meio ambiente; 
 
i) Engenharia Ambiental: fiscaliza e monitora as indústrias no sentido de 
preservação do meio ambiente; 
 
j) Geólogo: pesquisas para a proteção e planejamento, envolvendo o meio da 
superfície terrestre; 
 
k) Gestor Ambiental: supervisiona ou administra os setores ou departamentos de 
 
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meio ambiente das empresas. É conhecido também como gerente de meio 
ambiente. 
 
l) Monitor de ecoturismo: trabalha como guia de turistas, explicando sobre os 
animais, reservas etc. 
 
2. MEIO AMBIENTE 
 
O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas. Estão incluídos nesta definição: 
a) fatores fisiográficos como solo, água, floresta, relevo, geologia e paisagem; 
b) fatores psicossociais inerentes à natureza humana como comportamento, 
bem-estar, estado de espírito, trabalho, saúde, alimentação, etc. e 
c) fatores sociológicos, como cultura, civilidade, convivência, o respeito, a 
paz, etc. 
É necessário que se perceba que o respeito ao meio ambiente é uma 
necessidade para a preservação do ser humano, enquanto espécie, portanto, em 
primeiro lugar o respeito ao meio ambiente é uma questão de sobrevivência. Em 
segundo lugar é necessário que se verifique onde este respeito é necessário e, 
portanto, cobrado de cada um. Esta localização parte da análise de que cada um 
deve cuidar de seu ambiente próximo o que, concomitantemente, propiciará a 
preservação do meio ambiente como um todo. 
O Direito contribui com o meio ambiente atuando, principalmente, da seguinte 
forma:a) de forma preventiva preserva-se o meio ambiente; 
b) em sede de litígio defende-se o ofendido; e 
c) define a extensão da responsabilidade do ofensor do meio ambiente. 
No âmbito do Direito Constitucional, o artigo 225 da Constituição Federal 
expressamente consigna: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade para o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Dada a importância deste artigo 
da nossa “Lei Maior”, vamos destacar a significação geral dos enunciados: 
 
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a) Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – pertence a 
todos, incluindo aí as gerações presentes e as futuras, sejam brasileiros ou 
estrangeiros; 
b) Meio ambiente é bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida – é um bem que não está na disponibilidade particular de 
ninguém, nem de pessoa privada, nem de pessoa pública; 
c) Poder Público - é a expressão genérica que se refere a todas as entidades 
territoriais públicas; 
d) Dever de defender o meio ambiente e preserva – lo – é imputado ao 
Poder Público e à coletividade. 
Esta disposição constitucional faz com que o Direito Ambiental adquira uma 
dimensão infinita em todas as áreas do Direito, qual seja a partir da previsão 
expressa constitucionalmente em seus parágrafos e incisos o meio ambiente ganha 
relevância e proteção do Estado. 
Com o objetivo de buscar uma maior identificação com a atividade que agride 
o meio ambiente e o bem jurídico agredido podemos destacar quatro aspectos 
contidos na classificação de meio ambiente: 
a) Meio ambiente natural (ou físico) - É constituído pelo solo, pela água, 
pelo ar atmosférico, pela flora e pela fauna. Quando é lançado em qualquer corrente 
de água um produto tóxico, que provoca a morte dos seres vivos daquele habitat, 
temos um exemplo de agressão ao meio ambiente físico. 
b) Meio ambiente cultural (construído pelo homem, enquanto expressão de 
sua cultura) - É constituído pelo patrimônio histórico, artístico, científico, 
arqueológico, paisagístico, turístico. Quando, após ter sido declarado como 
patrimônio histórico, um determinado imóvel é demolido na "calada da noite" por seu 
proprietário, que considera uma invasão em seu direito de propriedade esta limitação 
imposta pelo Poder Público, ou, quando se estabelece que só será permitido o 
ensino da religião católica nas escolas públicas, temos aí exemplos de agressões ao 
meio ambiente cultural de nosso povo. 
c) Meio ambiente artificial - É constituído pelo espaço urbano construído 
(conjunto de edificações e equipamentos públicos colocados à disposição da 
coletividade como ruas, praças, áreas verdes...), observando-se que neste conceito 
não se exclui o meio ambiente rural, uma vez que se refere a todos os espaços 
habitáveis, no tocante ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
 
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garantia do bem-estar de seus habitantes. Quando o seu vizinho do andar superior 
não se preocupa em sanar um defeito contido na edificação, que provoca o 
vazamento de água, de forma perene, em seu imóvel, ou, quando alguém depreda 
sistematicamente todos os orelhões do bairro, temos aí exemplos de agressões ao 
meio ambiente artificial de uma determinada pessoa, no primeiro exemplo, e de 
pessoas indeterminadas, no segundo exemplo. 
d) Meio ambiente do trabalho - É constituído pelo ambiente onde o ser 
humano desenvolve sua atividade produtiva, objetivando sua sobrevivência 
enquanto homem-indivíduo. Tutela-se neste aspecto a saúde e a segurança do 
trabalhador e, por conseqüência, punir-se-á todas as formas de degradação e 
poluição do meio ambiente onde o homem exerce sua atividade, mantendo-se a sua 
qualidade de vida. 
Quando o ordenamento jurídico estabelece a obrigatoriedade da elaboração 
de um laudo de impacto ambiental, esta determinação tem um objetivo preventivo, 
no sentido de se evitar a agressão ao meio ambiente em qualquer um de seus 
aspectos, ou seja, verificada a possibilidade de agressão ao meio ambiente buscar-
se-á o saneamento desta possibilidade e, em caso de verificação da impossibilidade 
deste saneamento, a empresa não terá autorização para exercer aquela atividade 
agressora ao meio ambiente. Verifica-se, portanto, que o empresário cauteloso, 
preventivamente, terá em seu poder um laudo de impacto ambiental, evitando, 
problemas futuros. 
Portanto, meio ambiente do trabalho consiste na proteção da integridade do 
trabalhador no meio ou lugar destinado à atividade laboral, na medida dos padrões 
de saúde e qualidade de vida legalmente estabelecidos. 
Vamos verificar os diversos significados de meio ambiente, na acepção 
conceitual: 
Em sentido genérico: 
a) o meio ambiente é um conceito interdependente que realça a interação 
homem-natureza; 
 
b) o meio ambiente envolve um caráter interdisciplinar ou transdisciplinar; e 
 
c) o meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica 
alargada mais atual, que admite a inclusão de outros elementos e valores. Esta 
 
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concepção faz parte integrante do sistema jurídico brasileiro. Assim, entende-se que 
o meio ambiente deve ser protegido com vistas ao aproveitamento do homem, mas 
também com o intuito de preservar o sistema ecológico em si mesmo. 
 
 Em sentido jurídico: 
a) a lei brasileira adotou um conceito amplo de meio ambiente, que envolve a 
vida em todas as suas formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais, 
artificiais e culturais e do trabalho; 
 
b) o meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macrobem unitário e 
integrado. Considerando-o macrobem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial, 
com uma configuração também de microbem; 
 
c) o meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem 
jurídico autônomo de interesse público; e 
d) o meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de 
quarta geração, necessitando, para sua consecução, da participação e 
responsabilidade partilhada do Estado e da coletividade. Trata-se, de fato, de um 
direito fundamental intergeracional, intercomunitário, incluindo a adoção de uma 
política de solidariedade. 
 
3. DIREITO AMBIENTAL DO TRABALHO 
 
Vimos que de forma didática o meio ambiente foi pormenorizado em quatro 
categorias: 
1) Meio ambiente natural; 2) meio ambiente cultural; 3) meio ambiente 
artificial; e 4) meio ambiente do trabalho. Este último, de tão relevante está sendo 
estudado de forma independente abrindo espaço para um novo ramo do direito. 
O meio ambiente do trabalho está relacionado com a saúde do trabalhador. A 
busca de garantia de um meio ambiente que proporcione bem-estar ao invés de 
riscos a saúde gerou o novo ramo do direito: Direito Ambiental do Trabalho. Este 
novo ramo já ocupa espaço de relevância quando trata da qualidade de vida no 
trabalho. A busca de proteção jurídica vai desde a qualidade do ambiente físico 
 
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interno e externo do local de trabalho, até as relações interpessoais e a saúde física 
e mental do trabalhador. 
A constante mudança do cenário social e das relações traz novas demandas 
de litígios e de bens a serem tutelados pelo direito. Daí o surgimento de "novos 
direitos", dentre eles, o direito ambiental do trabalho. 
 
São inúmeras as possibilidades de doenças ocupacionais e patologias do 
trabalho e dos vários tipos de riscos aos quais um trabalhador pode ser exposto, o 
direito ambiental irá tutelar todas elas partindo, principalmente, do principio da 
prevenção. 
 
4. A LEGISLAÇÃOE O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO 
 
Tutelar a saúde do trabalhador garantindo um meio ambiente que proporciona 
bem-estar ao trabalhador ao invés de riscos a sua saúde é uma tarefa difícil face às 
constantes mudanças das atividades produtivas, bem como ao avanço tecnológico 
que insiste em expor o trabalhador a imprevistos riscos. 
Historicamente, observa-se que a industrialização, surgida inicialmente na 
Inglaterra no Século XVIII, alterou significativamente os ambientes de trabalho, 
principalmente com a utilização das máquinas e a intensificação do ritmo de 
trabalho. 
A partir de então houve a nítida separação entre local de trabalho e de 
moradia, tratando-se, portanto, de dois ambientes diferentes. 
Quanto a qualidade de vida e bem estar, há quem sustente que a Revolução 
Industrial não significou melhoria imediata e substancial no nível de vida da classe 
trabalhadora britânica, principalmente durante seus primeiros passos. 
Diante da ausência de boas condições de trabalho e de vida, houve a 
necessidade de movimentos grevistas e protestos por parte dos trabalhadores que 
renderam gradual aumento do nível salarial e do poder aquisitivo, bem como 
estabelecimento de direitos sociais. 
Nesse sentido, cumpre ressaltar o surgimento, ainda embrionário, de 
legislações provindas do poder público, consagradas pelas leis e regulamentos; por 
outro lado, surgiu o direito advindo das negociações entre empregados e 
empregadores. Como resultado, abriu-se um campo alternativo para a determinação 
 
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de condições de trabalho e proteção a saúde dos trabalhadores. É muito recente a 
preocupação do legislador com as questões referentes ao meio ambiente. 
Devemos considerar que os ambientes de trabalho têm atravessado 
profundas modificações, repercutindo na forma e tipo de proteção legal estabelecida 
pelo poder público. Após a constitucionalização dos direitos sociais, observa-se 
progressivamente, surgimento de normas de saúde ocupacional e segurança 
industrial, em resposta as mudanças nos processos produtivos e aprimoramento das 
relações de trabalho. 
O artigo 1º, caput, da Constituição de 1988 prevê, como um dos fundamentos 
da República, a dignidade da pessoa humana. O artigo 5º, caput, fala do direito à 
vida e segurança, e o artigo 6º, caput, qualifica como direito social o trabalho, o lazer 
e a segurança. No artigo 225, caput, ela garante a todos um meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e, no inciso V, incumbe ao Poder Público o dever de 
controlar a produção, comercialização e o emprego de técnicas, métodos e 
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente. 
Extrai-se, da análise sistemática de todos esses dispositivos da Carta 
Federal, que o Estado não tolerará atividade que ponha em risco a vida, a 
integridade física e a segurança dos indivíduos. 
Partindo de uma tutela constitucional, tem-se respaldo para proteger o 
trabalhador dos mais variados elementos que ameacem comprometer o seu meio 
ambiente do trabalho e, por conseguinte, sua saúde. No entanto, a Carta Magna é 
genérica e a função de regulamentar tudo isso restou ao legislador 
infraconstitucional e atualmente ao Direito Ambiental do Trabalho. 
Por outro lado, a CLT discorre nos artigos 189 a 197, sobre os adicionais de 
insalubridade e periculosidade, regulamentando sua existência, sua fiscalização e 
sua eliminação. O artigo 189 define atividades insalubres como aquelas que, por sua 
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes 
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da 
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O artigo 192 diz 
que o exercício de atividade insalubre, acima dos limites de tolerância estabelecidos 
pelo Ministério do trabalho, garante o recebimento de adicional de 40%, 20% e 10% 
do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. A 
mesma CLT, no artigo 193, define periculosidade como contato permanente com 
 
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inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado e que o trabalho nessas 
condições assegura a percepção de um adicional de 30% sobre o salário. O meio 
ambiente de trabalho seguro e adequado é um direito fundamental do trabalhador. 
 
 
5. DEFINIÇÕES IMPORTANTES QUE AJUDARÃO NA CONTINUIDADE DO 
ENTENDIMENTO DA MATÉRIA 
 
Área de Proteção Ambiental (APA): Aquela que é declarada com o objetivo 
de assegurar o bem-estar das populações e conservar ou melhorar as condições 
ecológicas locais; área de preservação ambiental. Dentro dos princípios 
constitucionais que regem o exercício da propriedade, o poder público estabelecerá 
normas limitando ou proibindo: 
a) implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, 
capazes de afetar mananciais; 
b) realização de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando estas 
iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; 
c) exercício de atividades capazes de provocar acelerada erosão das terras 
e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas; 
d) exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as 
espécies raras da biota nacional 
 
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Área que tem 
características extraordinárias e abriga exemplares raros da biota regional e exige 
cuidados especiais de proteção por parte do poder público. O poder público — 
federal, estadual ou municipal — declara área de relevante interesse ecológico 
aquela que, além dos requisitos estipulados por lei, tiver extensão inferior a 5 mil ha 
e pequena ou nenhuma ocupação humana. Sua proteção tem por finalidade manter 
os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível 
das mesmas. 
 
Área Especial de Interesse Turístico: Trecho de território, inclusive águas 
territoriais, instituídas por decreto do Poder Executivo, a ser preservado e valorizado 
 
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no sentido cultural e natural, destinado a promover o desenvolvimento turístico e 
receber projetos de turismo. 
 
Biodegradável: Diz-se da substância que se decompõe facilmente 
reintegrando-se à natureza. Dejetos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este 
processo natural de reintegração. Muitos produtos industriais não o são, como os 
plásticos. Indústrias vêm trabalhando para desenvolver produtos biodegradáveis, por 
exemplo, um tipo de plástico biodegradável. 
 
Biodiversidade: Conjunto de plantas, animais, microrganismos e 
ecossistemas que sobrevivem na natureza em processos evolutivos de mais de 4 
bilhões de anos, que constituem uma variedade biológica de mais de 30 milhões de 
organismos vivos. 
 
Biota: Conjunto de seres animais e vegetais de uma região. 
 
Contabilidade ambiental: Avaliação matemática do custo do desgaste que o 
meio ambiente sofre em função do desenvolvimento econômico e que traduz em 
cifras o peso do meio ambiente no processo de crescimento de um país. 
 
Controle ambiental: Ação pública, oficial ou privada, destinada a orientar, 
corrigir e fiscalizar atividades que afetam ou possam afetar o meio ambiente. 
 
Crime ambiental: é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que 
compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação. Com a entrada em vigor da 
Lei dos Crimes Ambientais, Lei nº 9.605, de 13/02/98, o Brasil deu um grande passo 
legal na proteção do meio ambiente, pois na nova legislação traz inovações 
modernas e surpreendentes na repreensão a destruição ambiental, revogando 
muitos dispositivos, bem como apresentando novas penalidades, reforçando outras 
existentes e impondo mais agilidadeao julgamento dos crimes. 
 
Cobrança pelo uso da água - Prevista na Lei de Recursos Hídricos (Lei 
Federal 9433/97), parte do princípio de que a água é um bem econômico e seu uso 
deve ser racionalizado. Pode haver a cobrança de todos usos sujeitos à outorga, 
 
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como captação de água, lançamento de esgotos, ou produção de energia. Pela lei, 
os valores arrecadados devem ser aplicados prioritariamente em obras, estudos e 
programas na própria área da bacia hidrográfica onde se fez a cobrança. (Fonte: Lei 
Federal 9433/97) 
 
Conservação ambiental - Manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo, 
minerais e espécies vivas, incluindo o Homem, de modo a conseguir a mais alta 
qualidade de vida humana com o menor impacto ambiental possível. Ou seja, busca 
compatibilizar os elementos e formas de ação sobre a natureza, garantindo a 
sobrevivência e qualidade de vida de forma sustentável. 
 
Dano ambiental: qualquer ato ou atividade considerada lesivos ao meio 
ambiente que sujeitarão os autores e/ou responsáveis a sanções penais, 
independentemente de terem de reparar os danos causados. Hoje existe a lei de 
crimes ambientais 9605/98. 
 
Desenvolvimento sustentável: modelo desenvolvimentista baseado na 
obtenção de uma taxa mínima de crescimento, combinada com a aplicação de 
estratégias para proteção do meio ambiente. 
 
Fauna: Conjunto de espécie animal de determinada região em um período. 
 
Interesse difuso: interesse juridicamente reconhecido, de uma pluralidade 
indeterminada ou indeterminável de sujeitos que, potencialmente, pode incluir todos 
os participantes da comunidade geral de referência, o ordenamento geral cuja 
normativa protege tal tipo de interesse. O interesse difuso é o interesse que cada 
indivíduo possui pelo fato de pertencer à pluralidade de sujeitos a que se refere a 
norma. Podemos apontar como típicos interesses difusos o direito à informação, o 
direito ao ambiente natural, o respeito das belezas monumentais ou arquitetônicas, o 
direito à saúde e segurança social, o direito a um harmonioso desenvolvimento 
urbanístico. Mas os campos mais salientes dos interesses difusos estão na tutela 
dos direitos dos consumidores e do direito ao ambiente sadio. Não podemos 
confundir interesse difuso com interesse coletivo. Este último corresponde a grupo 
determinado de pessoas como membros de associação de classe, acionistas de 
 
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uma mesma sociedade, estudantes da mesma escola, sindicato condôminos, etc. 
enquanto que o difuso, como vimos, são pessoas indeterminadas. 
 
Ecossistema: I. Conjunto de plantas e animais dentro de um espaço comum; 
a unidade ecológica no mais profundo sentido. II. Nível de organização da natureza: 
uma gota de água, um monte de folhas, um tronco, uma região natural, um bosque, 
um pântano, etc. (O mesmo que sistema ecológico.) 
 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA): Estudo realizado por determinação da 
legislação, composto de mapas, gráficos, explicações e conclusões técnicas, 
destinado a avaliar as modificações que se operarão no meio ambiente ao se 
construir uma obra. O EIA gera o RIMA – relatório de Impacto do Meio Ambiente. 
 
Gestão Ambiental: é a forma pela qual uma empresa se mobiliza, interna e 
externamente, na conquista da qualidade ambiental desejada. Para atingir a meta ao 
menor custo. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a estratégia indicada. 
 
Manancial: Reserva de água, de superfície ou subterrânea, utilizada para 
abastecimento humano, animal, industrial ou para irrigação. 
 
Mata Atlântica: Floresta semelhante à Amazônia, que ocorre no litoral leste 
do Brasil, nas encostas orientais e atlânticas da serra do Mar; floresta atlântica, mata 
costeira, mata litorânea, mata oriental. Muito densa, a Mata Atlântica apresenta 
condições fisiográficas peculiares e alta diversidade. Originalmente abrangia um 
milhão de quilômetros quadrados, ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, 
correspondendo a 12% do território nacional. Devido ao desmatamento e ocupação 
sem planejamento, ela ocupa hoje apenas 25 mil quilômetros quadrados, cerca de 
0,3% do território brasileiro. 
 
Monóxido de carbono: Gás incolor e inodoro, que apesar de ser combustível 
não mantém uma combustão; óxido de carbono. O monóxido de carbono é 
extremamente venenoso e pesa menos que o ar. Forma-se em todas as fumaças e 
no gás de escapamento de motores. Seu caráter venenoso reside em sua forte 
 
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vinculação com a hemoglobina, podendo causar a morte. É um dos maiores fatores 
de poluição atmosférica. 
 
Queimada: Prática agrícola de limpeza do solo com a queima de produtos da 
roçada (mato, galhos, cipós, etc), o que reduz o custo e a mão-de-obra. A queimada 
contribui, entretanto, para a gradual esterilização do solo, acidificando-o e destruindo 
grande parte de sua microvida. As queimadas são as responsáveis pela maioria dos 
incêndios florais. 
 
Reciclagem: é toda prática que regenere ou reprocesse um produto 
proveniente de outro processo, para que se obtenha um produto útil ou para 
reutilização (reuso). 
 
Recurso natural não-renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais 
que compõem a natureza e que não se reproduzem e deixarão de existir se forem 
explorados à exaustão: petróleo, mineral, etc. 
 
Recurso natural renovável: Qualquer dos recursos básicos naturais que 
compõem a natureza e que poderão reproduzir-se: os animais, as plantas. 
 
Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA): contém o balanço 
dos pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada 
obra, numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na 
Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução 
nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são 
sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da 
obra e para o incremento dos efeitos positivos. 
 
Sociedade sustentável: Aquela que atende às suas necessidades atuais 
sem pôr em risco as perspectivas das gerações futuras. Seve para as empresas o 
fato de conciliar o crescimento econômico com estratégias para a proteção ao meio 
ambiente. O tema deve ser analisado em conjunto com o “consumo sustentável” e 
“sociedade sustentável”. 
 
 
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Voçoroca: Processo erosivo subterrâneo causado por infiltração de águas 
pluviais, através de desmoronamento e que se manifesta por grandes fendas na 
superfície do terreno afetado, especialmente quando este é de encosta e carece de 
cobertura vegetal. 
 
Xaxim: pseudocaule de feto arborescente que é usado para vasos de plantas, 
prática extrativista que está levando o vegetal à extinção. 
 
 
6. CONSUMO, DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE SUSTENTÁVEL 
 
Consumo sustentável significa "satisfazer as necessidades e aspirações da 
geração atual, sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem 
as suas". No Brasil, até pela abundância de recursos naturais existente, não nos 
acostumamos a nos preocupar com a possibilidade de seu esgotamento. 
A pergunta que se coloca, então, é: como crescer e se desenvolver sem 
esgotar essas fontes e, portanto, sem deixar um novo problema para as próximas 
gerações? Em poucas palavras: como promover um consumo sustentável? E indo 
mais a fundo: o que eu posso fazer para satisfazer as minhas necessidades sem 
comprometer a satisfação dos meus filhos e netos? 
O consumo de energia elétrica vem aumentando a cada ano no Brasil. O 
comércio, além de ganhar novos estabelecimentos com alto padrão de consumo 
(shopping centers, por exemplo),está ampliando o horário de funcionamento. No 
segmento residencial, o consumo aumentou com a incorporação de novos 
eletrodomésticos, como o forno de microondas. 
Além da preservação da água e da economia de energia, outro fator 
importante para o consumo sustentável é não poluir o ambiente. Por isso, dar um 
destino adequado ao lixo é um dos grandes desafios da administração pública em 
todo o mundo. 
Muito do que deve ser feito para promover um consumo sustentável depende 
dos governos e das empresas, mas os consumidores também podem colaborar, e 
muito, nesse sentido, adotando pequenas atitudes começando pela mudança de 
alguns hábitos cotidianos em relação a água e energia por exemplo. 
 
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O Consumo sustentável prega a necessidade de mudanças de hábitos 
cotidianos da pessoa. Pequenas atitudes são importantes para o equilíbrio do 
binômio pessoa/natureza. 
Em relação ao desenvolvimento sustentável devemos analisar o seguinte: o 
modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios. Se, por um lado, 
nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a 
degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia. Diante dessa constatação, 
surge a idéia do desenvolvimento sustentável, buscando conciliar o desenvolvimento 
econômico à preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo. 
 
A prática do desenvolvimento sustentável é muito importante principalmente 
para as empresas. Estas, precisam de gestores que saibam conciliar crescimento 
econômico com estratégias para a proteção ao meio ambiente. 
Num sentido amplo fortalece-se a percepção de que é imperativo 
desenvolver, sim, mas sempre em harmonia com as limitações ecológicas, ou seja, 
sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham chance de existir e 
viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e 
das condições de sobrevivência). As metas gerais do desenvolvimento sustentável 
são: 
√ A satisfação das necessidades básicas da população (educação, 
alimentação, saúde, lazer, etc.). 
√ A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de 
modo que elas tenham chance de viver). 
√ A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da 
necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para 
tal). 
√ A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc). 
√ A elaboração de um sistema social, garantindo emprego, segurança social e 
respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de 
populações oprimidas, como, por exemplo, os índios). 
√ A efetivação dos programas educativos. 
A educação ambiental é parte vital e indispensável na tentativa de se chegar 
ao desenvolvimento sustentável, pois é a maneira mais direta e funcional de se 
atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população. 
 
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Uma forma de despertar a consciência dos alunos de forma geral é, por 
exemplo, estabelecer um projeto já aplicada em algumas escolas chamado de 
Educação para a Vida Sustentável que envolve uma pedagogia que coloca a 
compreensão da vida com seu ponto central. O educando experimenta um 
aprendizado no mundo real que supera nossa alienação da natureza, o que 
reacende um sentido de pertinência e desenvolve um currículo que ensina às 
nossas crianças os princípios básicos da ecologia, tais como: 
-aquilo que uma espécie desperdiça é a comida da outra espécie e a matéria 
circula continuamente pela da teia da vida; 
-a energia que guia os ciclos ecológicos emana do sol; 
-a diversidade assegura a resiliência; 
-que a vida, desde o seu início, há mais de três bilhões de anos, não tomou o 
planeta por combate, mas por atuar em rede. 
Essa pedagogia sugere o planejamento de um currículo integrado, 
enfatizando o conhecimento contextual, no qual os vários assuntos são entendidos 
como recursos a serviço de um foco central. 
Uma maneira ideal de alcançar a integração é aproximar-se da chamada 
“aprendizagem por projetos”, que consiste em facilitar as experiências de 
aprendizagem ao envolver alunos em projetos complexos e contemporâneos, 
através dos quais eles desenvolvam e apliquem habilidades e conhecimentos. 
Uma das formas de levar a educação ambiental à comunidade é pela ação 
direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Por meio de 
atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos 
poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem, a refletir e 
criticar as ações que desrespeitem e, muitas vezes, destroem um patrimônio que é 
de todos. 
Os professores são peças fundamentais no processo de conscientização da 
sociedade dos problemas ambientais, pois buscarão desenvolver, em seus alunos, 
hábitos e atitudes sadios de conservação ambiental e respeito à natureza 
transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país. 
Além disso, desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que 
considera o desenvolvimento como um processo de mudança social, com 
conseqüente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição 
eqüitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento. 
 
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Vamos elencar a seguir alguns princípios da vida sustentável: 
1) Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos: é quase que um 
princípio ético, pois não precisamos e não devemos destruir as outras espécies. 
2) Melhorar a qualidade de vida humana: é este o principal objetivo do 
desenvolvimento sustentável, permitir que as pessoas realizem o seu potencial e 
vivam com dignidade. 
3) Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra: pois é nele que 
vivemos. 
4) Assegurar o uso sustentável dos recursos renováveis e minimizar o 
esgotamento de recursos não renováveis. 
5) Permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra: isso 
deve ser analisado em separado nas diferentes regiões, como, por exemplo, não 
podemos querer encher as florestas de pessoas morando. 
6) Modificar atitudes e práticas pessoais: a sociedade deve promover valores 
que apóiem a ética, desencorajando aqueles que são incompatíveis com um modo 
de vida sustentável. Deve-se incentivar disciplinas de direito ambiental desde a pré-
escola. 
7) Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente: as 
comunidades e grupos locais tendem a expressarem as suas preocupações e 
acharem soluções mais rápidas se estiverem vivenciando o problema. 
8) Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e 
conservação: toda sociedade precisa de leis e de estrutura para proteger o seu 
patrimônio; tentar prever os problemas e evitar danos maiores. 
9) Constituir uma aliança global: é de extrema importância, pois a falta de 
cuidado de um interfere na vida de outrem. Entretanto, não devemos nos contentar 
com palavras e sem buscar ações. 
10) As empresas devem conciliar o crescimento econômico com estratégias 
para a proteção ao meio ambiente. 
A análise feita até agora referente ao consumo sustentável e ao 
desenvolvimento sustentável deixa clara a importância da questão ambiental em 
qualquer discussão e também dentro dos debates da sociedade, no sentido de 
enfatizar a consciência de preservação do meio e a evolução para a gestão da 
sustentabilidade, porque, a cada dia, ficam evidentes as conseqüências das 
agressões que o homem comete contra a natureza. 
 
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Na verdade, precisamos do esforço geral da sociedade na busca do equilíbrio 
pessoa/natureza e com isso contribuir para as futuras gerações (ver art. 225, da 
CF/88).7. QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS 
Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e são 
tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isto explica, em 
parte, por que os países mais desenvolvidos colocam barreiras à importação de 
produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente. 
 
A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela 
dos problemas globais incidentes no meio ambiente. 
Você vai conhecer, a seguir, quais são as ameaças com que a humanidade 
se defronta. 
Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para 
reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que 
também tem como causas a explosão demográfica e as precárias condições de vida 
de grande parte da população, especialmente as do terceiro mundo. 
Existem questões ambientais de suma importância para a Humanidade, que 
se caracterizam como impactos ambientais negativos. 
Algumas dessas questões são descritas a seguir: 
• o aumento da temperatura da Terra; 
• a diminuição das quantidades de espécies vivas (conhecida como perda da 
biodiversidade); 
• a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos; 
• a escassez, mau uso e poluição das águas; 
• a superpopulação mundial; 
• a utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo, 
carvão mineral, minérios); 
• o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos solos agricultáveis; 
• a destinação final dos resíduos (lixo); 
• a gravidade do aumento das doenças ambientais, produzidas pelo 
desequilíbrio da estabilidade planetária; e 
 
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• a busca de novos paradigmas de produção e consumo. 
 
8. QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS 
 
O Brasil é um país que apresenta características próprias por ter dimensões 
continentais, grandes variações em latitude e longitude, um mosaico de classes de 
solo, relevo diversificado, climas variando de úmido a semi-árido, grandes 
ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupação do espaço, 
vinculadas à heterogeneidade cultural do seu povo. 
 
Nosso país tem ocupado posição de destaque nas preocupações ambientais 
do mundo inteiro, principalmente por abrigar 60% (sessenta por cento) da Amazônia 
Internacional, a grande reserva da biodiversidade no planeta. 
Podemos destacar as seguintes preocupações nacionais: 
• as alterações climáticas; 
• os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies; 
• a poluição dos mares e ecossistemas contíguos à costa brasileira; 
• redução da Mata Atlântica, além de outros dois grandes biomas, o Cerrado e 
a Caatinga. 
Como em qualquer outro país do mundo, o Brasil também sofre as 
conseqüências do chamado efeito estufa, que provoca o aumento da temperatura 
terrestre. As causas estão relacionadas ao lançamento de gases na atmosfera, 
principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos de nitrogênio e os 
hidrocarbonetos halogenados. 
Nesse tópico, o Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes 
questões: 
• Como as mudanças da cobertura vegetal na Amazônia, em particular o 
desmatamento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas? 
• Em que intensidade as emissões de fumaça e gases provocadas pelas 
queimadas, pelas indústrias, pelos meios de transporte e produção de energia no 
Brasil, contribuem para as alterações climáticas globais? 
• Como estas mudanças afetariam os ecossistemas naturais e os de produção 
agropecuária no território brasileiro? 
 
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• Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases 
e o desmatamento no Brasil fossem controlados? 
Não existem ainda respostas definitivas para tais questões. Sabe-se que a 
Floresta Amazônica tem importância para o clima no mundo, mas não em que 
proporção. É preciso que o País acompanhe os estudos em andamento e utilize a 
Amazônia em seu benefício, com a consciência da importância que tem a região em 
escala mundial. 
A biodiversidade ou diversidade biológica pode ser compreendida como o 
conjunto formado pelos ecossistemas, as populações com suas espécies 
componentes e o patrimônio genético que as caracterizam, portanto, engloba todas 
as plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas do qual fazem 
parte. 
 
Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e 
7% das espécies nos próximos 25 anos, correspondentes à extinção de 8 mil a 28 
mil espécies por ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia. As Américas do Sul e 
Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no mundo, enquanto a África e 
Madagascar respondem por 23%, e a Ásia, 26%. Como exemplo cita-se a região de 
Cubatão, que apresentava, na época de seu ritmo mais intenso de industrialização 
(1950 a 1960), todos os atrativos para a implantação do pólo industrial em termos de 
proximidade do centro consumidor, de porto marítimo de grande porte, de malha 
viária, de disponibilidade de mão-de-obra, água e energia elétrica. 
Os aspectos ambientais foram praticamente ignorados nos processos de 
análises e nas decisões sobre a instalação de atividades industriais no município, o 
que provocou intensa degradação ambiental. 
Além disso, os ataques à vegetação da Serra do Mar, provocados pelas 
atividades humanas e, particularmente, pelos efeitos tóxicos das emissões 
industriais (chuvas ácidas), tornaram suas encostas instáveis, criando riscos de 
deslizamentos sobre o complexo industrial. 
A partir de 1983, foi desencadeado o Programa para a Recuperação da 
Qualidade Ambiental de Cubatão, como resposta às pressões sociais em curso. Em 
1984, o Programa aprovou vários planos individuais para controle ambiental nas 
indústrias. 
 
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Cubatão transformou-se, pela gravidade dos níveis de poluição e riscos para 
a população, em caso emblemático que atraiu intensa reação. Em 1986, o Ministério 
Público do Estado de São Paulo e uma entidade ambiental não-governamental 
ajuizaram ações civis públicas contra 24 empresas poluidoras pelos danos causados 
à Serra do Mar. 
Hoje, os resultados da aplicação do citado Programa mostram significativa 
redução nos níveis de emissão de poluentes, diminuindo o número de ocorrências 
de alerta e emergência na região, cuja incidência chegava anteriormente a 17 vezes 
por ano. 
O caso de Cubatão serve de exemplo de planejamentos feitos sem considerar 
as implicações dos aspectos e dos impactos ambientais de um empreendimento 
dessa natureza. 
 
Outros problemas ambientais que preocupam as autoridades e toda a 
população brasileira estão distribuídos ao longo de todo o território nacional, a saber: 
• saneamento básico inadequado ou inexistente; 
• crescimento populacional; 
• pobreza; 
• urbanização descontrolada; 
• consumo e desperdício de energia; 
• perda de solo agricultável; 
• desertificação no Semi-Árido brasileiro; 
• práticas agrícolas inadequadas; 
• substâncias tóxicas perigosas; 
• ineficiente gestão dos recursos hídricos; 
• mineração e garimpos predatórios; 
• processos industriais poluentes; 
• poluição do ar em áreas metropolitanas; e 
• alteração da Mata Atlântica, da Caatinga e do Cerrado, queimadas na 
Amazônia, ocupação e destruição de mangues em toda a costa, principalmente 
próximo aos limites urbanos. 
 
9. OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS 
 
 
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Os grandes acidentes ambientais que vêm ocorrendo em todo o mundo, além 
de provocar o extermínio local de grandes populações de animais e plantas, têm 
atingido diretamente as populações humanas, tanto pela perda de vidas como pelas 
grandes perdassociais e econômicas. Basta relembrar as tragédias de Minamata, 
Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl, Exxon Valdez, o derrame de 1.290m3 de óleo 
combustível na Baia de Guanabara feito por um oleoduto da Refinaria Duque de 
Caxias, o afundamento do navio petroleiro Prestige, em novembro de 2002, com 70 
mil toneladas de óleo, na costa da Espanha. Essa quantidade de óleo é duas vezes 
maior que a contida no Exxon Valdez. 
O acidente de Bhopal, ocorrido em Madyma Pradejh, na Índia, provocado pelo 
vazamento de trinta toneladas de metil isocianato de uma fábrica da Union Carbide, 
morreram, num primeiro momento, 3.323 pessoas e cerca de 35 mil tiveram o 
funcionamento de seus pulmões afetado em diversos níveis. Em decorrência desse 
acidente, a empresa teve que ressarcir, pelos danos causados às pessoas e ao meio 
ambiente, uma soma da ordem de dez bilhões de dólares. 
Há acidentes que ocorrem no dia-a-dia, como o do césio, em Goiânia. A 
tragédia de Caruaru, com a contaminação de pacientes de hemodiálise, é também 
um acidente ambiental como tantos outros. 
 
10. A POLUIÇÃO DOS MARES 
 
A poluição do mar causada pelos despejos de rejeitos domésticos e 
industriais e materiais assemelhados e o escoamento de águas poluídas por 
insumos agrícolas, entre outros, vem aumentando de forma progressiva, no mundo 
inteiro. Tudo isso, aliado ao excesso de pesca, está levando ao declínio diversas 
zonas pesqueiras regionais. 
Calcula-se em 500 mil toneladas anuais o derrame de petróleo nos oceanos. 
Entre 1967 e 1983 foram lançadas 90 mil toneladas de resíduos radioativos no mar 
pelos países industrializados, o que, oficialmente, não ocorre mais. 
Quase 80% dos poluentes lançados nos mares concentram-se nas regiões 
costeiras que, além de ser altamente habitado, é um habitat marinho vulnerável. De 
acordo com a Academia Nacional de Ciências dos EUA, estimam-se que 14 bilhões 
de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos 
os anos. 
 
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Outra questão importante que vem sendo objeto de preocupação em todo o 
mundo é a água de lastro. Estima-se que, somente na costa brasileira, são 
despejadas, anualmente 40 milhões de toneladas de água de lastro, proveniente de 
diversas partes do mundo. 
Responsáveis pelo transporte de mais de 80% dos materiais comercializados 
em todo o mundo, os navios translocam, anualmente, mais de 10 bilhões de 
toneladas de água de um local para outro, levando nesse volume cerca de três mil 
espécies de organismos vivos. Esses organismos, dispersos por diferentes pontos 
do bioma marinho e também fluvial, causam problemas incomensuráveis em função 
de suas características adaptativas. 
As autoridades buscam estabelecer medidas internacionais de controle, para 
evitar que espécies exóticas de grande poder de adaptação se instalem em 
ecossistemas frágeis e provoquem desequilíbrios em seu funcionamento. Além de 
alterações nos ecossistemas, em geral essas espécies causam grandes prejuízos 
econômicos em todo o mundo. 
 
11. DANO AMBIENTAL – Formas de reparação 
 
Não encontramos no ordenamento jurídico brasileiro uma definição expressa 
do termo dano ambiental, pois a legislação ambiental utiliza as seguintes 
expressões: poluidor, degradação ambiental e poluição. 
A Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, 
estabelece no seu artigo 3º, inciso IV, que poluidor “ é a pessoa física ou jurídica,de 
direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação ambiental”. Ainda, conceitua a degradação ambiental 
como a “alteração adversa das características do meio ambiente” (inciso II, do artigo 
3º da citada lei). 
Assim sendo, é importante mencionar a definição legal de poluição prevista 
no artigo I, da Lei 6.938/81: Poluição é a degradação da qualidade ambiental 
resultante das atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudicam a saúde e o bem estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e 
 
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e) lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos. 
Como se vê, a legislação define poluidor como a pessoa (física ou jurídica) 
causadora da degradação ambiental, por conseguinte, poluidor é o degradador 
ambiental ou a pessoa que altera adversamente as características do ambiente. O 
tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluidor, poluição e 
degradação ambiental) dá ensejo a afirmação de que a poluição não está restrita à 
alteração do meio natural, portanto, o meio ambiente a ser considerado pode ser 
tanto o natural quanto o cultural e o artificial. 
Se a legislação ambiental fornece apenas elementos indicativos da definição 
de dano ambiental, a doutrina tem um estudo mais específico e profundo em relação 
ao tema, especialmente sobre sua caracterização. Assim, o dano ambiental pode ser 
definido como “a lesão aos recursos ambientais, com a conseqüente degradação-
alteração adversa do equilíbrio ecológico e da qualidade ambiental”. 
 
Primeiro, o dano é um pressuposto da obrigação de reparar e, 
conseqüentemente, um elemento necessário para a configuração do sistema de 
responsabilidade civil. Segundo, a definição de dano ambiental abrange qualquer 
lesão ao bem jurídico-meio ambiente-, causado por atividades ou condutas de 
pessoas físicas ou jurídicas. Ou seja, “o dano ambiental deve ser compreendido 
como toda lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não ao 
meio ambiente), diretamente o bem de interesse da coletividade, em uma concepção 
totalizante, e indiretamente a terceiros tendo em vista interesses próprios 
individualizáveis e que refletem o bem”. 
O dano ambiental apresenta características diferentes do dano tradicional, 
principalmente porque é considerado bem de uso comum do povo, incorpóreo, 
imaterial, autônomo e insuscetível de apropriação exclusiva. Trata-se, aqui, de 
direitos difusos, em que o indivíduo tem o direito de usufruir o bem ambiental e 
também tem o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Desta forma, o dano ambiental pode tanto afetar o interesse da coletividade 
quanto seus efeitos podem ter reflexo na esfera individual, o que autoriza o indivíduo 
a exigir a reparação do dano, seja ela patrimonial ou extrapatrimonial. Assim, o dano 
ambiental tem duas facetas: 
a) pode ser produzido ao bem público, neste caso, o titular é a coletividade; e 
 
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b) o dano ecológico, é ainda, o dano sofrido por particular enquanto titular do 
direito fundamental. 
Nesta perspectiva, o dano ao meio ambiente apresenta certas especificidades 
em relação aos danos não ecológicos. Primeiro, porque as conseqüências 
decorrentes da lesão ambiental são, via de regra, irreversíveis, podendo ter seus 
efeitos expandidos para além da delimitação territorial de um Estado. Segundo, 
porque a limitação de sua extensão e a quantificação do quantum reparatório é uma 
tarefa complexa e difícil, justamente em função do caráter difuso, transfronteiriço e 
irreversível dos danos ambientais. 
Se a interferência do homem no meio ambiente pode gerar danos, é 
necessário estabelecer instrumentos de reparação. 
A Constituição Federal de 1988 no capítulo dedicado ao Meio Ambiente 
estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de 
responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas independentes e 
autônomas entre si. Ou seja, com uma única ação ou omissão pode-se cometer os 
três tipos de ilícitos autônomos e tambémreceber as sanções cominadas. 
Em matéria ambiental a responsabilidade ambiental observa alguns critérios 
que a diferenciam de outros ramos do Direito. Isto porque ela impõe a obrigação de 
o sujeito reparar o dano que causou a outrem. É o resultado de uma conduta 
antijurídica, seja de uma ação, seja de uma omissão, que se origina um prejuízo a 
ser ressarcido. 
Estas peculiaridades da responsabilidade civil ambiental são importantes, pois 
trazem segurança jurídica, pelo fato do poluidor assumir todo o risco que sua 
atividade produzir. Além disso, associado à responsabilidade objetiva está o dever 
do poluidor de reparar integralmente o bem ambiental lesado, seja por meio da 
restauração, seja por meio da compensação ecológica. 
Os danos ambientais são de difícil reparação, especialmente em razão de 
suas características que dificilmente são encontradas nos danos não ecológicos. 
Apresentam, portanto, as seguintes especificidades: 
a) os danos ao meio ambiente são irreversíveis; 
b) a poluição tem efeitos cumulativos; 
c) os efeitos dos danos ecológicos podem manifestar-se além das 
proximidades vizinhas; 
 
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d) são danos coletivos e difusos em sua manifestação e no estabelecimento 
do nexo de causalidade; e) têm repercussão direta nos direitos coletivos e 
indiretamente nos individuais. 
A indenização pecuniária é uma forma de reparação secundária do bem 
ambiental lesada, portanto, preterida à restauração do dano ambiental. Por outro 
lado, tem como fator positivo a certeza da sanção civil, o que garante o caráter 
coercitivo da responsabilidade civil ambiental. 
Verifica-se, portanto, na prática, que nem a restauração e nem a 
compensação ecológica é capaz de reconstituir o bem ambientais lesados. Neste 
sentido, a indenização pecuniária é uma forma de compensação ecológica, embora 
o sistema de reparação ambiental tenha como fim principal à recuperação do 
patrimônio natural degradado. 
A legislação ambiental brasileira determina no artigo 13 da lei 7347/85 que: 
“Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a 
um fundo gerido por um Conselho Federal ou por conselhos Estaduais que 
participarão necessariamente, o Ministério Público e representantes da comunidade, 
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.” 
Vamos resumir analisando o direito sob a ótica do direito material. 
Concluímos que quanto aos danos difusos ambientais, têm-se três maneiras de 
repará-los: 
a) restauração natural; 
b) compensação ecológica; e 
c) indenização pecuniária (também considerado uma forma de 
compensação). 
A primazia do ordenamento jurídico pátrio é a restauração natural como forma 
de reparação do dano ambiental. Somente quando verificada a impossibilidade 
técnica de se restaurar o bem degradado é que medidas compensatórias poderão 
ser aplicadas. 
No caso de aplicação de medidas compensatórias para reparação do dano, é 
importante salientar que existe primazia, também aqui, de determinadas formas de 
compensação ecológica sobre outras. 
Em sentido lato, há que se observar a seguinte ordem de prioridade na 
aplicação da medida compensatória: 
a) substituição por equivalente no local; 
 
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b) substituição por equivalente em outro local; e, 
c) somente em último caso, indenização pecuniária. 
A indenização pecuniária: trata-se da compensação do dano causado por 
meio pecuniário, já que, na prática, a reparação do dano é praticamente impossível. 
 
11.1 COMO DENUNCIAR CAUSAS DE AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE 
 
Todo cidadão tem o direito e o dever de denunciar uma agressão ao meio 
ambiente. A primeira atitude a ser tomada é, uma vez sabendo quem é o agente 
infrator, tentar uma conversa, a fim de conscientizá-lo do dano que está provocando 
e a sugestão de medidas alternativas para agir, que não sejam prejudiciais ao meio 
ambiente. 
 
Caso a tentativa de conscientização não dê certo, o jeito será preparar uma 
denúncia e encaminhá-la ao órgão ambiental correto, pois, caso contrário, não 
surtirá nenhum efeito. 
Importante, também, não esquecermos que a imprensa é uma grande aliada 
nesse processo: pois coloca em evidência os danos ambientais e gera uma 
discussão social, podendo levar a questão à resolução de forma mais rápida e 
consciente. 
 
Feitas essas primeiras considerações, vamos indicar o "caminho das pedras" 
para a realização de uma denúncia. Quem pode denunciar? Qualquer cidadão. 
Entretanto, é bom ressaltar que se a denúncia partir de um grupo de pessoas ou 
com o apoio de uma ONG, sua força será maior. 
 
Deve ser feita por escrito ou por telefone? Em casos emergenciais, como, por 
exemplo, um incêndio florestal, a denúncia pode ser feita por telefone ou 
pessoalmente. Nos outros casos, o meio mais eficiente é a denúncia escrita, 
relatando o dano co o máximo de detalhes (fatos, data, horário, endereço completo 
do local e todos os dados disponíveis dos infratores) e com provas (fotos, 
reportagens, documentos, mapa do local,). Pode ser feita, também por abaixo 
assinado, sendo que este deve conter não só a assinatura, mas o nome completo e 
o RG dos signatários. Dica: na denúncia escrita, é sempre bom guardar uma prova 
 
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30 
 
de que o documento foi entregue (protocolo no órgão responsável ou na empresa, 
ou, se enviado por correio, carta com aviso de recebimento - AR). 
 
Para quem mandar a denúncia? Em termos de dano ambiental, o órgão 
federal principal pela fiscalização e controle ambiental é o IBAMA. Pode-se remeter 
a denúncia para a sede, em Brasília, ou para a superintendência estadual. Já no 
âmbito estadual, além da superintendência do IBAMA, pode-se buscar os órgãos 
estaduais responsáveis, bem como as Procuradorias do Meio Ambiente, ou, 
dependendo do caso, as Polícias Civil ou Militar (tendo em vista que a agressão 
ambiental é crime). Em caso de dano contra o consumidor, o mais recomendável é 
buscar os PROCON estaduais e as Promotorias de Defesa do Consumidor. 
 
11.2 ÓRGÃOS PÚBLICOS RECEBEM DENÚNCIAS DE AGRESSÕES 
AMBIENTAIS 
 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis: é o principal órgão federal para a fiscalização e controle ambiental. 
Recebe denúncias sobre caça e comércio ilegal de animais, poluição do ar, da água, 
ou do solo. 
 
Órgão Estadual do Meio Ambiente (secretaria, diretoria ou departamento): atende 
casos de poluição sonora, do ar, caça e comércio ilegal de animais silvestres, 
derrubada de árvores. 
 
Procuradorias do Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor: podem promover 
inquéritos e ações judiciais a partir de denúncias de danos ao meio ambiente, ao 
patrimônio público e ao consumidor, sem custo para o cidadão. 
 
Polícia: a agressão ambiental é crime, quer dizer, tanto a Polícia Civil, quanto 
a Polícia Florestal e de Mananciais (faz parte da Polícia Militar) podem realizar 
autuações, aplicar multas, embargar obras e apreender materiais utilizados durante 
uma infração ambiental. 
 
Poder Legislativo (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembléias 
 
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Legislativas e Câmara de Vereadores): em casos de infrações de maior 
repercussão, sobretudo quando dependem de uma política pública, podem agir 
promovendo debates públicos, solicitando requerimento de informações aos 
responsáveis, entre outras medidas. Contatar a Comissão de Meio Ambiente e de 
Defesa do Consumidor, quando houver, ou o parlamentar mais sensível à questão. 
 
Conselhos de Meio Ambiente (Conselho Nacional de Meio Ambiente, 
Conselho Estadual de Meio Ambiente ou Conselho Municipal de Meio Ambiente):reúne representantes do setor público e da sociedade civil, podendo exigir, para 
infrações de maior repercussão, ações efetivas por parte dos órgãos de meio 
ambiente. 
 
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear: é responsável por todas as 
atividades nucleares no país, inclusive o controle e fiscalização de denúncias sobre 
lixo nuclear e outros tipos de contaminação radioativa. 
 
Prefeitura Municipal: age em casos de poluição sonora, lixo, construções 
clandestinas em áreas de preservação ambiental, praças ou jardins mal 
conservados, extração irregular de argila e areia, e demais problemas no âmbito 
municipal. 
 
12. IMPACTO AMBIENTAL 
 
De acordo com a Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86, Impacto 
Ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: 
a) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) as atividades sociais e econômicas; 
c) a biota; 
d) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
e) a qualidade dos recursos ambientais. 
 
 
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O impacto é positivo quando a ação resulta na melhoria da qualidade de um 
fator ou parâmetro ambiental. 
O impacto é negativo quando a ação resulta em danos à qualidade de um 
fator ou parâmetro ambiental. 
 
A resistência de um ecossistema pode ser entendida como a sua capacidade 
de resistir e amortecer impactos negativos sobre a sua estrutura. 
 
A resiliência pode ser entendida como sendo a velocidade de recuperação da 
estrutura geral de um ecossistema após um distúrbio, ou seja, é a capacidade 
intrínseca de um sistema em manter sua integridade no decorrer do tempo, 
sobretudo em relação a pressões externas. 
 
Para entender melhor a resiliência analisemos as seguintes situações: 
a) Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de 
recuperação natural após distúrbios, ou seja, perde sua resiliência. Dependendo da 
intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção da resiliência como, 
banco de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de 
sementes, dentre outros, podem ser perdidos, dificultando o processo de 
regeneração natural ou tornando-o extremamente lento. 
 
b) As áreas desflorestadas diminuem sua capacidade de retenção de água, 
aumentando o escoamento superficial, exportando assim grande carga de sólidos 
para os cursos de água. Esta destruição ambiental diminui a resistência e a 
resiliência dos ecossistemas tendo como conseqüência o aumento das enchentes 
em períodos de intensas chuvas e tornando ainda mais dramáticos os efeitos das 
secas prolongadas. 
 
O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) contém o balanço dos 
pontos negativos e positivos do impacto ambiental causado por determinada obra, 
numa região. O Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente, é baseado na 
Constituição Federal e foi regulamentado por lei em janeiro de 1986 e pela resolução 
nº 1/86 do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Inclui o RIMA as medidas, que são 
 
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sugeridas pelos técnicos para a prevenção e/ou redução dos efeitos negativos da 
obra e para o incremento dos efeitos positivos. 
 
Exemplos dos principais impactos ambientais negativos enfrentados por 
municípios brasileiros: 
a) lançamento de esgoto residencial e efluentes industriais, ocasionando 
poluição nos corpos de água superficiais e subterrâneos; 
b) disposição inadequada dos resíduos sólidos e da saúde; 
c) áreas urbanas com crescimento desordenado, mesmo em municípios 
aonde há Plano diretor; 
d) erosão e assoreamento devido ao desmatamento de matas ciliares, 
atividades mineradoras, algumas delas clandestinas e manejo inadequado das áreas 
agrícolas; 
e) ocupação por residências ilegais em áreas no entorno de antigas 
voçorocas; 
f) alteração dos perfis longitudinais e transversais dos córregos, ocorrendo 
degradação da paisagem devido principalmente a extração mineraria e seus 
acúmulos desordenados de seus rejeitos, não obedecendo o que já esta previsto por 
lei. Não há nenhum manejo adequado com medidas mitigadoras para diminuir os 
impactos dessa atividade. 
g) principalmente nas áreas urbanas a intensa impermeabilização do solo 
pela utilização de asfalto para a pavimentação das ruas e aumento do número de 
construções, sem o devido acompanhamento da ampliação da rede de esgoto, 
juntamente com mau tratamento das redes mais antigas e do acúmulo de lixo, pela 
própria população, nas ruas da cidade, vem acarretando aumento do escoamento 
superficial e das inundações, tornando as cidades verdadeiras piscinas nas épocas 
da chuva; 
h) predominância de monoculturas, como a da cana-de-açúcar com seus 
efeitos negativos, por exemplo, as queimadas; retirada de matas ciliares substituídas 
pelas culturas, a vinhaça e outros. Todavia, neste caso, mais do que nunca, 
observa-se que o poder econômico aliado ao político, tentam demonstrar que os 
benefícios desta atividade agrícola excedem em muito os seus impactos negativos 
(!!). “E se não fosse a cana?”, e, 
 
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i) utilização sem orientação adequada dos agrotóxicos, ainda recomendados 
em doses excessivas àquelas realmente adequadas, aqui outra vez entre o poder 
econômico interferindo na melhoria da qualidade de vida e a ambiental; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
 
ANTUNES, Paulo De Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro. Ed. 
Lumen Juris, 2002. 
 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto; Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt. 
39. ed. atual. até a emenda constitucional n. 52 de 8-3-2006, acompanhada de 
novas notas remissivas e dos textos integrais das emendas constitucionais e das 
emendas constitucionais de revisão. São Paulo: Saraiva, 2006. (Coleção Saraiva de 
Legislação). 
 
BRASIL, Lei de Crimes Ambientais. Lei 9.605. Brasília: Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998. 
 
BRASIL, Política Nacional do Meio Ambiente. Lei n.º 6.938 de 31 de agosto 
de 1981. 
 
CLEMENTINO, José Carlos. 2007. Home Page 
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DIAS, Genebaldo Freire. 1992. Educação Ambiental: princípios e práticas. Ed. 
Gaia Ltda. São Paulo. Ed. Mantiqueira. Campos do Jordão. 
 
DIAS, Edna Cardozo. 1999. Manual de crimes Ambientais. Belo Horizonte. 
Mandamentos. 
 
LEITE, Carlos Henrique Bezerra, Ação Civil Pública, Editora LTr – São Paulo 
2004. 
 
MAZZILLI, Hugo Nigro. 1997. A Defesa dos Direitos Difusos em Juízo. 9ª ed. 
São Paulo. Saraiva. 
 
 
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MEIRA, Regina de Fátima. 1998. Ensaio sobre meio ambiente. Monografia 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. 1986. A Proteção Ambiental e Ação Civil Pública. 
São Paulo. Revista dos Tribunais, 611: 7/13. 
 
RESENHA DE AULAS DADAS NO CEUNSP- Faculdade de Ciências 
Gerenciais e Faculdade Cidade de Salto pelo Prof. José Carlos Clementino. 2000-
2009.

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