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C O N S Ó R C I O
Conselho Federal de Educaçªo Física Serviço Social da Indœstria Serviço Social do ComØrcio
Federaçªo Nacional das Associaçıes AtlØticas Banco do Brasil Associaçªo Cristª de Moços
Confederaçªo Brasileira de Clubes ComitŒ Olímpico Brasileiro ComitŒ Paraolímpico Brasileiro
Fundaçªo Getœlio Vargas / Escola Brasileira de Administraçªo Pœblica e Empresas
Fórum Nacional dos SecretÆrios e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer MinistØrio dos Esportes
Atlas do Esporte no Brasil
Atlas do Esporte, Educaçªo Física e
Atividades Físicas de Saœde e Lazer no Brasil
Atlas of Sports in Brazil
Atlas of Sports, of Physical Education and
of Physical Activities for Health and for Leisure in Brazil
Lamartine DaCosta ORGANIZADOR
Ana Miragaya EDITORA ASSOCIADA
Évlen Bispo PROGRAMA˙ˆO VISUAL
Logo da Editora
Ficha catalogrÆfica
ORGANIZA˙ˆO E EDI˙ˆO
ORGANIZATION AND EDITORIAL STAFF
Lamartine P. DaCosta (Org.)
Ana Miragaya (Editora Associada/Associate Editor)
Evlen Bispo (Programaçªo Visual/Visual Programming)
EDITORES
EDITORS
Antônio Carlos Bramante
CÆtia Duarte
Heloisa Guimarªes Peixoto Nogueira
Ionara Thompson Ferreira
Janice Mazo
JosØ Carlos EustÆquio dos Santos
JosØ Geraldo Carmo Salles
JosØ Koff
Leandro Nogueira
Leonardo Mataruna
ValØria Bitencourt
Vera Lœcia Costa
Verônica PØrissØ Nolasco
PUBLISHER
Dante Gastaldoni
ADMINISTRA˙ˆO E INFORM`TICA
MANAGEMENT AND COMPUTER TECHNOLOGY
˝bea Menezes
Ivan Pessanha
Luciana A. Prado
HOMENAGEM
Henrique Nicolini (SP) e Henrique Licht (RS),
pioneiros da memória do esporte no espaço brasileiro
IN MEMORIAM
Paulo Roberto Bassoli (MG),
VoluntÆrio do Atlas, digno professor e amigo
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O esporte, como as atividades físicas em geral, constitui o bom do Brasil. E assim acontece porque expressa a
identidade polissŒmica, multicultural e miscigenada de seu povo. AlØm disso, o esporte historicamente em meio
à diversidade nacional sobrevive por ser comunitÆrio em sua essŒncia e por ter como base o voluntariado e, por
vezes, a excelŒncia entendida por boas prÆticas. Como tal, o esporte brasileiro possui valores intrínsecos e
distintos das instituiçıes do país e de seu governo ao ser observado como manifestaçªo cultural, social,
comunitÆria e atØ mesmo econômica. Em resumo, o esporte reflete mais o povo brasileiro do que caracterizaçıes
descritivas e analíticas a ele atribuídas, sempre limitadas.
Esta percepçªo teve suas primeiras evidŒncias empíricas nos levantamentos de dados do “Diagnóstico da Educaçªo
Física e Desportos no Brasil” de 1971, quando se confirmou o grande potencial comunitÆrio dos pequenos e
mØdios clubes esportivos brasileiros. Naquele estÆgio de conhecimento dos fatos sociais do país, era corrente a
interpretaçªo inversa, ou seja, de que as prÆticas comunitÆrias no Brasil eram reduzidas ou inexistentes. Nestes
termos, por ser o esporte nacional atípico, supıe-se que tenha sido pouco compreendido e, portanto, tenha sido
nivelado à ordem comum e reducionista. Daí se explicaria a opçªo predominante da mídia ao associar o esporte ao
espetÆculo e este ao futebol. Coerentes com esta falÆcia, oscilaçıes de intelectuais desinformados – ou
preconceituosos – tŒm surgido quer se manifestando com a desgastada tese da manipulaçªo das massas ou a
interpretaçªo festiva e mística da supremacia da improvisaçªo do brasileiro. Por sua vez, os políticos do poder
central, em nœmero importante, estariam se conciliando com a percepçªo do esporte como espetÆculo, tambØm
dando prioridade ao tªo propalado “país do futebol” e pondo de lado a maioria silenciosa que se identifica com o
associativismo esportivo, o lazer e a saœde em suas diversificadas prÆticas.
A conseqüŒncia mais grave destas interpretaçıes superficiais, ou por outras razıes adversas, Ø a marginalizaçªo do
esporte e, sobretudo, das atividades físicas voltadas para saœde, educaçªo, lazer e inclusªo social, nas estatísticas
nacionais. HÆ, entªo, um desconhecimento do porte e significado dos esportes em conjunto e em escala nacional,
embora o setor em foco possa ser uma das maiores, senªo a maior das atividades sócio-culturais do país. Tem
prevalecido, portanto, a intuiçªo das lideranças e dos gestores governamentais em suas intervençıes e nas poucas
iniciativas de políticas pœblicas envolvendo o esporte e a Educaçªo Física em seus percursos históricos.
Outro desconhecimento em nível macro das prÆticas físicas no país Ø o indevido agravamento de suas instituiçıes
por impostos como se atuassem com produtos e serviços supØrfluos. No caso das atividades comunitÆrias e da
oferta de prÆticas para a saœde, estar-se-ia diante da taxaçªo do exercício da cidadania e de sua proteçªo quanto à
integridade física. Esta peculiaridade representaria o grau mÆximo de incompreensªo do setor e revela a
sobrevivŒncia residual do entendimento do esporte – e da própria Educaçªo Física – como mero passatempo de
pessoas afluentes. Enfim, a desinformaçªo – ora pretensamente associada a preconceitos históricos das elites
política e intelectual – constitui o motivo central da produçªo da presente obra, a qual se pode associar a um certo
cansaço dos profissionais, líderes e aficionados do setor na espera de um levantamento amplo de seus campos de
intervençªo e de responsabilidades sociais.
Pressupostos do empreendimento De fato, houve uma tentativa censitÆria relacionada ao esporte, à Educaçªo
Física e às atividades de lazer correlatas a estas prÆticas, no jÆ aqui citado “Diagnóstico de Educaçªo Física e
Desportos no Brasil”, financiado à Øpoca pelos MinistØrios do Planejamento e da Educaçªo e Cultura. Embora
tenha sido constatado por este levantamento, uma nítida e crescente expansªo do setor, jamais houve continuidade
e sequer monitoramento dos dados revelados. Retornou-se entªo à intuiçªo como ferramenta de gestªo e à
percepçªo casuística e aos preconceitos como forma de compreensªo. Neste particular, os gestores e líderes do
esporte de livre iniciativa tambØm carentes de uma visªo macro da sua Ærea de atividade, tŒm aparentado nªo alcançar
o próprio valor sócio-econômico de suas intervençıes e responsabilidades.
A conclusªo geral que se extrai destas incompreensıes, refere-se às atividades físicas ordenadas e/ou espontâneas no
Brasil como subestimadas por quem faz, administra, legisla e/ou lidera, alØm da opiniªo pœblica em geral. Portanto,
nªo Ø surpreendente que no início do Governo do Presidente Luís InÆcio Lula da Silva, em 2003, o MinistØrio do
Esporte foi um dos mais rejeitados de modo explícito por diferentes partidos e linhas ideológicas quando da
mudança do Governo Federal e respectiva escolha de um novo ministØrio. As declaraçıes entªo abertas à mídia
confirmaram que o esporte e demais atividades físicas profissionalmente organizadas ou em versıes comunitÆrias
estavam sendo bem mais consideradas como meios de diversªo do que vetores de desenvolvimento. Haveria, entªo,
prejuízos para a sociedade brasileira partindo dos poderes centrais da naçªo, distanciados quanto a uma das poucas
Æreas de intervençªo que produz impactos simultâneos na educaçªo, saœde, economia, lazer, cultura e inclusªo social.
O contraste dessas circunstâncias com o tratamento que os países avançados dªo ao setor esportivo e atividades
correlatas Ø sintomÆtico na medida de que hoje este setor movimenta nestas naçıes algo entre 2% e 3% do PIB.
Esta cifra ao se ampliar pela incorporaçªo das atividades de turismo, lazer e entretenimento define simplesmente o
This book has been written to generate the following benefits to the
target reader :
• The most comprehensive databank of sport and physical education
and sports in Brazil;
• Detailed information about Brazilian physical education, sports
(traditional, Olympic, non-Olympic, extreme, adventure, clusters), physical
education, recreationalactivities (leisure and traditional games),
publications, educational institutions, organizations related to sports,
military organizations, professionals, athletes, human resources, health
clubs, health programs, sport for all, sports industries, sports marketing,
among others;
• All chapters with descriptive texts containing summaries, survey of
facts of memory, historical background, bibliography, and references;
• Detailed maps showing where sports are played in the country with quantitative
data of inventory and of tendencies; where laboratories, sports facilities, physical
education schools and other supportive structures are located;
• Complete tables and figures of market sizes and other quantifiable
information;
• Interpretations of facts by scientists and experts of respective areas;
• Bilingual information (Portuguese and English);
• Survey of areas of knowledge about sports, physical education, and
physical activities of health and leisure, which give meaning to the
practices of the country.
Sports and athletic activities in general are a Brazilian treasure because they
express the polysemous, multicultural and miscegenational identity of the
Brazilian people. Sports have come through Brazilian rich cultural diversity
not only because the essence of Brazilian sports is community-based, with
volunteers at their foundations polishing the gems, but also because good
practice along the years has been translated into excellence. These facts
reflect the perspective from which this book has been produced. The major
objective of this work was to survey facts of memory and inventory of
physical activities in Brazil not only as sports practices and/or Physical
Education practices but also as physical activities geared towards health
and/or leisure. The chapters of this book and CD ROM were written in
Portuguese (complete texts) and in English (summaries of texts and
subtitles of maps, tables and figures) to reach the following target publics:
politicians and government authorities; media; sports and physical education
leaders and professionals; managers and directors of sports confederations
(national level), federations (state level), leagues (municipal level) and clubs
(local level); researchers and teachers in Brazil and abroad. The
institutional and financial support has been provided by 11 leading
organizations associated in a “Consórcio” (consortium), a unique
instrument in Brazil when it comes to the sports area and similar activities
in education, leisure and health. Because of the gigantic size of the task
and the large number of sources used, this publication was only made
possible by the mobilization of almost 400 volunteers including editors and
authors who devoted their time to the accomplishment of such a challenging
project. The procedures used were similar to the one that gave origin to
Brazilian sports clubs, and, which in essence has still been keeping them
historically active: (1) the appeal to the common cause and (2) team work
aiming at concrete and successful results. This editorial task is also unique
in Brazil and perhaps in the world due to its accomplishments, and short-
term purposes leading to long-term developments. Therefore, to the
volunteers the compliments and honors this work ever receives.
The Editors
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Sports: a new BrazilEsporte: o bom do Brasil
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maior setor da economia de qualquer país desenvolvido, como tambØm o de maior geraçªo de empregos. Isto
posto, entende-se porque em muitos países os praticantes esportivos jÆ constituam um dos grupos dominantes da
sociedade, por vezes equiparando-se, ou mesmo ultrapassando em nœmero, aos devotos dos serviços religiosos.
Neste particular, o projeto do Atlas do Esporte no Brasil em seu esboço original – dado a pœblico no início de 2003
- partiu da hipótese de que no Brasil estariam ocorrendo tendŒncias similares aos dos países ricos no âmbito das
atividades físicas, resguardando-se as devidas proporçıes relativas.
Em resumo, o projeto do Atlas nasceu de diversas constataçıes de que hÆ um fundamental desconhecimento
quanto ao potencial econômico do setor de esporte, Educaçªo Física e atividades físicas de lazer e de saœde em escala
nacional, aliado à incompreensªo de suas contribuiçıes sócio-culturais na dinâmica do desenvolvimento brasileiro.
Ou seja: o esporte e demais atividades físicas profissionalmente organizadas ou em versıes informais podem estar
sendo bem mais consideradas como meros passa-tempos do que vetores de desenvolvimento. A este desvio pode-
se incluir os profissionais do setor hoje limitados por desconhecimento pœblico de suas potencialidades.
Um exemplo significativo da lacuna a ser preenchida pelo Atlas refere-se ao Conselho Federal de Educaçªo Física
– CONFEF, a partir do qual se podem tipificar necessidades de outras instituiçıes do esporte e da Educaçªo
Física em geral. Em princípio, ao CONFEF impıe-se fazer evoluir seu planejamento de expansªo de atividades
o mais próximo possível da realidade nacional no interesse de suas atribuiçıes legais. Sem embargo, a
Administraçªo Pœblica, a opiniªo pœblica e os próprios profissionais da Ærea ainda conhecem insuficientemente
efeitos sociais e inter-relacionamentos da Educaçªo Física em sua diversidade de expressıes no Brasil,
simplesmente devido à carŒncia de dados. Por outro lado, a melhoria daí a ser obtida pode em tese direcionar
adequadamente as relaçıes do CONFEF com a sociedade que o abriga - principalmente no concernente à
divulgaçªo – e com os profissionais registrados, atendendo portanto seus requisitos legais
de responsabilidade social de modo mais efetivo (Lei 9696/98).
Objetivo geral Diante das hipóteses e evidŒncias antes aqui arroladas, foi idealizada a obra ora em apresentaçªo. Como
tal, trata-se de um produto que teve como objetivo geral a produçªo de um estudo sobre a dinâmica de desenvolvimento
do esporte e atividades correlatas na perspectiva de suas categorias centrais de importância regional e nacional. E como
investigaçªo, pretendeu-se que tivesse acesso facilitado e compreensªo junto à opiniªo pœblica, aos poderes do país e aos
profissionais do setor, de modo a inserir no devido lugar o papel de tais atividades na sociedade brasileira.
Esta delimitaçªo para o presente estudo deveu-se à necessidade de se ter um resultado de curto prazo,
de baixo custo e de maior benefício possível, reduzindo o risco de empreender um projeto de metodologia
mais apurada porØm de longo prazo e assim sujeito ao abandono diante das dificuldades habituais das organizaçıes
nacionais em meio a sucessivas crises econômicas e institucionais.
Outro risco a cogitar de uma investigaçªo preliminar de uma metodologia simplificada reside nas críticas das Æreas
acadŒmicas sempre exigentes quanto à consistŒncia de dados quantitativos. Tal postura perfeitamente justificada foi
entendida pela equipe de Editores e pelo Organizador do Atlas, como legítima numa etapa posterior à coleta dos
dados existentes e estimativas elaboradas como ponto de partida a processos mais refinados de tratamento de dados.
Em termos mais precisos, a aceitaçªo de dados provisórios foi uma estratØgia do projeto Atlas a fim de gerar maior
intervalo de confiabilidade por sucessivos aperfeiçoamentos metodológicos. Com a publicaçªo do Atlas, portanto,
estarÆ instalado um desafio a ser respondido futuramente pelas instituiçıes das Æreas de atividades físicas
e esportivas, responsÆveis originais dos dados aqui coletados e / ou estimados.
Objetivos operacionais
(a) Elaborar mapeamentos (ver capítulo sobre metodologia do Atlas adiante) por meio de levantamento de fatos
de memória e de inventÆrio das condiçıes presentes de ocorrŒncias de atividades físicas no Brasil, quer como prÆticas
esportivas e/ou de Educaçªo Física, quer como atividades físicas voltadas para asaœde e/ou lazer de seus
praticantes, constituindo um conjunto de dados espaciais (mapas) e / ou de dados quantitativos (tabelas e
quadros) e qualitativos (textos descritivos e analíticos resumidos), com as respectivas interpretaçıes
que possam render significados setoriais, regionais e nacionais.
(b) Estabelecer um conjunto de informaçıes e anÆlises resumidas, constituindo ao final uma unidade com a
denominaçªo de “Atlas” (definiçªo tØcnica adiante) voltado para dimensionamentos, estimativas e indicaçıes de
desenvolvimento, expansªo, insuficiŒncia ou regressªo, assim oferecendo justificativa tØcnica e viabilidade
preliminares a futuros levantamentos censitÆrios e/ou amostrais a serem levados a efeito por entidades
governamentais e/ou entidades privadas do setor em estudos.
(c) Preparar uma base de informaçıes qualitativas e quantitativas que possa dar sustentaçªo e regularidade a
futuros envolvimentos do IBGE com estatísticas no tema das atividades físicas e esportivas, em modo
semelhante aos demais setores de importância econômica e sócio-cultural do país.
(d) Operar com estimativas diante da inexistŒncia de dados confiÆveis a fim de se discernirem publicamente as lacunas de
informaçªo e as entidades e / ou funçıes que necessitam de aperfeiçoamento.
(e) Confrontar, sempre que possível e necessÆrio, dados de vÆrias fontes e estimativas feitas por critØrios diversos,
de modo a gerar reaçıes de melhoria contínua de levantamento e interpretaçıes de dados.
(f) Gerar um ponto de partida de desenvolvimento, isto Ø, organizar as informaçıes coletadas pelo Atlas à vista
de possibilitar a substituiçªo por dados cada vez mais confiÆveis ou de validade estatística.
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(g) Formatar os textos e figuras para que se cumpra o objetivo anterior como tambØm
se atenda aos padrıes mínimos de Banco de Dados.
Impactos esperados Este livro e o CD ROM - que constitui sua versªo de acesso pœblico de baixo custo -,
diante das propostas anteriores apresentam as seguintes expectativas:
(1) Criaçªo de um todo perceptível para as diferentes Æreas de atividades físicas, dando unidade e idØia de
tamanho a um setor que ainda Ø compreensível somente de modo parcelado pelos profissionais,
líderes, praticantes e pœblico em geral.
(2) Aceitaçªo das deficiŒncias de dados numa primeira abordagem de modo que se possam
delimitar correçıes a serem feitas e identificar Æreas de insuficiŒncia.
(3) Passagem do entendimento do esporte por jurisdiçªo de cada parte para
o valor econômico de um todo e de suas partes.
(4) Maior e mais efetivo alcance do poder econômico do esporte de modo a justificar a inclusªo do setor nas
estatísticas nacionais e no respectivo envolvimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE
na coleta sistemÆtica de dados.
(5) Definiçªo de um quadro de memória para as diferentes formas de abordagens das atividades físicas no Brasil,
dando lugar e motivaçªo a futuros estudos de história do esporte e Æreas afins. Outro impacto esperado
desta organizaçªo simplificada de fatos de memória refere-se ao seu levantamento imediato,
em razªo de seu sempre presente risco de desaparecimento.
(6) Desdobramento desta obra coletiva em outras da / com a mesma formataçªo e organizaçªo visando-se
focalizar sucessivamente estados e municípios, ou seja, buscar sentidos crescentemente nas partes em perspectiva
local, a partir dos significados-macro delineados pelo Atlas.
(7) Mobilizaçªo das organizaçıes nacionais, tambØm partindo do nacional para o local,
para que adotem estimativas preliminares seguidas de posturas de levantamento de dados
com procedimento bÆsico administrativo.
(8) Criaçªo de passos essenciais para a geraçªo futura de uma cultura de coleta e uso de dados nas organizaçıes
brasileiras da Ærea esportiva e congŒneres.
(9) Início da padronizaçªo de nomenclatura e das definiçıes para o estabelecimento das estatísticas nacionais
esportivas e de atividades físicas, de acordo com os padrıes testados pelo Atlas diante
da necessidade de comparaçıes internacionais.
Pœblicos – Alvo O presente livro e CD ROM tŒm seus capítulos apresentados nas línguas portuguesa (textos
completos) e inglesa (resumos dos textos e legendas de mapas, tabelas e figuras), prestando-se entªo a atingir os
seguintes pœblicos: (i) Todos os membros do Congresso Nacional; (ii) Dirigentes de primeiro escalªo de órgªos
governamentais (federais, estaduais e municipais) dos setores esporte, saœde, educaçªo, economia e trabalho; (iii)
Jornalistas das principais mídias, especializados em esporte e economia; (iv) Lideranças atuantes e/ou influentes da
Educaçªo Física, esporte e atividades físicas no Brasil; (v) Profissionais de Educaçªo Física e outras Æreas de
afinidades com prÆticas físicas; (vi) Indivíduos, grupos e instituiçıes com interesses diversificados no esporte e
atividades congŒneres; (vii) Dirigentes esportivos de confederaçıes, federaçıes, ligas e clubes; (viii) Instituiçıes de
Ensino Superior, pesquisadores e professores do Brasil e do exterior; (ix) Entidades e autoridades do exterior que
procedem decisıes sobre a escolha de sedes no Brasil de Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e Continentais
e outros de grande porte; (x) ComitŒ Olímpico Internacional e seus desdobramentos (CONs, FIs etc);
(xi) Entidades de governo e da Ærea privada, universidades e pesquisadores do exterior vinculadas ao esporte,
Educaçªo Física e atividades de lazer; (xii) professores e alunos do ensino mØdio e fundamental.
Chancela institucional Dadas as proporçıes do empreendimento do Atlas e seus esperados benefícios, o
CONFEF convidou outras entidades do setor esportivo e de atividades físicas atuantes em escala nacional que
poderiam compartilhar do projeto na perspectiva de se tornarem futuros produtores, usuÆrios e/ou distribuidores
de dados relacionados ao setor ao qual pertencem, em conjugaçªo com o pretendido envolvimento com o IBGE.
Os atuais parceiros do CONFEF para a produçªo e publicaçªo do Atlas e como tais chancelam esta obra sªo:
Serviço Social da Indœstria-SESI, Serviço Social do ComØrcio-SESC, Associaçªo Cristª de Moços-ACM, Federaçıes
das AABB-FENABB, Confederaçªo Brasileira de Clubes-CBC, ComitŒ Olímpico Brasileiro-COB, Fundaçªo
Getœlio Vargas / Escola Brasileira de Administraçªo Pœblica e Empresas-FGV/EBAPE, MinistØrio dos Esportes,
Fórum Nacional dos SecretÆrios e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer, e o ComitŒ Paraolímpico Brasileiro. O
arranjo institucional que une estas onze organizaçıes líderes em suas abrangŒncias nacionais, foi denominado de
“Consórcio”, sendo inØdito no Brasil em se tratando da Ærea esportiva e atividades afins de educaçªo, lazer e saœde.
E, nestas circunstâncias, tal parceria de interesse mœtuo pode servir de exemplo a outras açıes de responsabilidade
social no esporte como tem ocorrido com as empresas brasileiras em geral. Vislumbrando-se a possibilidade de
futuros empreendimentos no âmbito da cidadania corporativa, o Consórcio de Informaçıes TØcnicas e Estatísticas
do Esporte define-se apenas por meio de objetivos estipulados por comum acordo, mantendo cada parceiro
sua identidade e independŒncia institucional. Nestas condiçıes, a responsabilidade
das informaçıes apresentadas neste Atlas atØm-se aos autores e editores e nªo às instituiçıes do Consórcio,
de modo a desobrigÆ-las de críticas naturais nos trabalhos pioneiros.
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Voluntariado O porte da obra e o grande nœmero de fontes a serem consultadas implicou na mobilizaçªo de
voluntariado, cujo nœmero total oscilou próximo a 400 pessoas durante a elaboraçªo da obra. Pela própria natureza do
voluntariado houve entradas e saídas em determinados capítulos atØ que se completassem as tarefas necessÆrias. Mas
sendo uma realizaçªo coletiva a participaçªo de cada um foi respeitada, mantendo-se a autoria de todos de forma
igualitÆria.Assim, no final desta obra encontra-se um repertório de currículos reduzidos ou referŒncias de localizaçªo de
seus colaboradores. Com este procedimento comunitÆrio, o projeto do Atlas tornou-se viÆvel em termos financeiros
garantindo a fase de elaboraçªo do livro e do Banco de Dados.
Editores Na elaboraçªo do Atlas, a coordenaçªo do mutirªo ficou a cargo e sob responsabilidade de Lamartine P.
DaCosta, autor do Diagnóstico de 1971, que atuou formalmente como “Organizador” e que convidou para
compartilhar da equipe de Editores os seguintes componentes: Ana Miragaya (Editora Associada) e Evlen Bispo
(Programaçªo Visual); Antônio C. Bramante, CÆtia Duarte, JosØ Carlos EustÆquio, JosØ Geraldo C. Salles, JosØ
Koff, Leandro Nogueira, ValØria Bitencourt, Vera Lœcia Costa, Verônica PØrissØ, Ionara Thompson Ferreira,
Heloisa G. P. Nogueira, Janice Mazo e Leonardo Mataruna (Editores Setoriais); e ˝ bia Menezes, Luciana A. Prado
e Ivan Pessanha (Administraçªo e InformÆtica). Os Editores Setoriais dedicaram-se a uma ou vÆrias “Seçıes”
(conjunto de capítulos com afinidades temÆticas) como tambØm se empenharam em tarefas eventuais fora de
suas especialidades sempre que necessÆrio e possível. A Editora Associada elaborou a versªo em inglŒs do Atlas,
que por si só constituiu uma obra à parte e de coerŒncia interna própria, voltada para pœblicos nªo familiarizados
com peculiaridades brasileiras. Os demais editores operaram tambØm como autores
e podem ser identificados nas seçıes relacionadas aos seus temas.
Autores A composiçªo do mutirªo de voluntÆrios para a elaboraçªo dos capítulos do Atlas foi feita passo-a-
passo pelo Organizador e pelos Editores à vista dos seguintes critØrios de identificaçªo:
• Especialistas de renome e/ou dirigentes com experiŒncia adequada para a produçªo de estimativas e de interpretaçıes de
dados na Ærea em que atuam, de modo individual ou em grupo, complementados com profissionais iniciantes, mas jÆ
especializados e com experiŒncia suficiente para as tarefas de mapeamento previstas no projeto.
Este grupo mais jovem foi planejado para somar cerca de 25% dos colaboradores do Atlas,
prevendo-se o atendimento da formaçªo de quadros de especialistas.
• Membros de entidades e personalidades locais de acordo com as necessidades de coleta e interpretaçªo de dados
em nível estadual, ou estudos jÆ existentes em cada Estado.
• Produtores de estudos e investigaçıes na temÆtica do Atlas, sobretudo mestrandos e doutorandos em
Educaçªo Física, professores da graduaçªo em Educaçªo Física, consultores de entidades esportivas,
 especialistas de empresas de pesquisas etc.
• Equipes formadas no Sistema CONFEF-CREF com participantes sempre que possível associados às instituiçıes
estaduais de esporte, Educaçªo Física e atividades físicas de saœde e lazer.
• Membros do Consórcio e das instituiçıes principais do setor atuantes em nível nacional (confederaçıes e
federaçıes esportivas, associaçıes científicas, clubes, laboratórios etc) de acordo com seus interesses e possibilidades.
Homenagens Esta publicaçªo somente foi possível de se tornar realidade pela adoçªo do voluntariado de editores e
autores. Se as quase 400 pessoas envolvidas na obra fossem remuneradas, o projeto Atlas nªo teria sido deslanchado
por ser financeiramente inviÆvel. Entre os editores hÆ apenas profissionais nos serviços administrativos, programaçªo
visual e revisªo de textos, tendo a maioria se disponibilizado em nome da causa criada pela proposta do Atlas. O
modelo adotado para a mobilizaçªo de editores e autores foi o mesmo que deu origem e, em essŒncia, mantØm
historicamente os clubes esportivos brasileiros: apelo à causa comum e “vestir a camisa”, isto Ø, trabalhar em mutirªo
visando-se a resultados concretos e sucessivos. Esta tarefa comunitÆria e editorial Ø tambØm inØdita no Brasil e talvez
no plano internacional, pelo seu porte e propósitos de curto prazo com desdobramentos no longo prazo. Aos
voluntÆrios, portanto, cabem as homenagens que esta obra venha auferir.
Os Editores
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Instituiçıes participantes
do Consórcio do Atlas do Esporte no Brasil
Por ordem do ano de fundaçªo
Sponsoring Consortium of the Atlas of Sports in Brazil
Participating institutions per foundation year
A primeira Associaçªo Cristª de Moços-ACM no Brasil foi fundada na cidade do Rio de Janeiro em 1893. Em 1901
outra associaçªo foi fundada na cidade de Porto Alegre e em 1902 o trabalho acemista foi iniciado na cidade de Sªo
Paulo. A Aliança Brasileira das ACMs do Brasil foi formada em 1903 e tornou-se membro da Aliança Mundial das
ACMs em 1905. Em 1960 na renovaçªo do estatuto social, o nome da Aliança Brasileira das ACMs do Brasil
passou a ser Federaçªo Brasileira das ACMs. Hoje, a ACM brasileira conta com 86 unidades e atende mais de
190.000 associados (0,01% da populaçªo brasileira), oferecendo diferentes tipos de serviços e programas. O trabalho
das ACMs no Brasil enfatiza as atividades de esportes e lazer, programas de desenvolvimento social, educaçªo
formal e nªo formal e programas de meio ambiente. A ACM introduziu o basquetebol, o voleibol no mundo,
criou as primeiras regras de futebol de salªo no Brasil e Ø pioneira em atividades de acampamento para jovens.
Nestas condiçıes, a ACM se associa às demais instituiçıes que apóiam o Atlas do Esporte no Brasil, um projeto
que valoriza as tradiçıes do esporte e lazer no nosso país alØm de estabelecer bases para o nosso futuro comum.
Luiz Carlos Gonzaga
SecretÆrio Geral da Federaçªo Brasileira das ACMs
O ComitŒ Olímpico Brasileiro vŒ com satisfaçªo a publicaçªo do Atlas do Esporte.
Consideramos extremamente importante o esporte brasileiro contar com um levantamento dessa envergadura,
jÆ que possibilitarÆ a todos – entidades esportivas, profissionais de Educaçªo Física, atletas, tØcnicos e demais
segmentos ligados ao esporte – uma fonte a fim de orientar as pesquisas e o acompanhamento dos projetos em
andamento. O COB acredita que a informaçªo e a extensªo do conhecimento sªo fundamentais para o
desenvolvimento do esporte no Brasil. Nosso dever Ø apoiar e possibilitar os mais variados mecanismos e
instrumentos que permitam a disseminaçªo de propostas e projetos que tenham como interesse comum a
evoluçªo da prÆtica esportiva em nosso país, desde o esporte de base atØ o esporte de alto rendimento.
Acreditamos que o Atlas do Esporte cumprirÆ um papel importante no âmbito da informaçªo, tornando-se
uma importante peça do acervo bibliogrÆfico do esporte brasileiro.
Carlos Arthur Nuzman
Presidente do ComitŒ Olímpico Brasileiro
O SESI Ø uma instituiçªo comprometida com o futuro desde a sua criaçªo em 1946, estando hoje presente em
1.447 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. Este compromisso se traduz na determinaçªo de
transmitir por meio dos programas e serviços nas Æreas de esportes, cultura, lazer, educaçªo e saœde, a elevaçªo da
qualidade de vida do trabalhador em seu ambiente profissional e nas unidades do SESI, contribuindo para a
melhoria das condiçıes de competitividade da empresa industrial, propiciando o exercício da sua
responsabilidade social e reafirmando o princípio de que empresas saudÆveis e produtivas pressupıem
trabalhadores saudÆveis e felizes, fazendo do SESI o maior e o mais tradicional gestor das políticas sociais do
segmento industrial. As açıes de esporte no SESI, alØm dos inœmeros programas de iniciaçªo esportiva,
transformam anualmente mais de meio milhªo de industriÆrios em atletas de nível local, estadual, regional e
nacional, que podem representar suas empresas e o país em competiçıes internacionais para trabalhadores
realizadas no Brasil e no exterior. Com o suporte de informaçıes a ser dado pelo Atlas,
teremos novas e amplas garantias de alcance de nossos compromissos.
Rui Lima do Nascimento
Diretor-Superintendente do Departamento Nacional do SESI
12 A T L A S D O E S P O R TE N O B R A S I L
O Atlas do Esporte representa o esforço inØdito de aglomerar, em um œnico documento, a história e a experiŒncia
acumulada do esporte no Brasil. O volume e a diversidade de dados aqui reunidos direcionam no sentido da
criaçªo e manutençªo de um banco de dados Ægil e eficiente, capaz de oferecer à comunidade esportiva e aos órgªos
oficiais, bases para otimizar suas decisıes relacionadas à educaçªo, ao lazer e à saœde e propiciar elementos para
melhor alavancagem das políticas pœblicas no que diz respeito aos processos de inclusªo social. Os dados apurados
indicam que as prÆticas esportivas em conjunto e em escala nacional constituem uma das poucas Æreas que produz
simultaneamente impactos na educaçªo, na saœde, na economia, no lazer e na cultura e podem, se bem orientadas,
representar uma das maiores atividades sócio-culturais do país, vetores de desenvolvimento econômico e de
inclusªo social. O profissional de Educaçªo Física e o CONFEF, apoiados no Artigo 217 da Constituiçªo Brasileira
que respalda o direito ao esporte, sªo os gestores pedagógicos naturais deste processo, capazes de ampliar seu
alcance e resultados. O CONFEF parabeniza as entidades membros do Consórcio que deram forma
 à idØia do Atlas e particularmente aos voluntÆrios que lhe deram vida,
sob liderança de seu Organizador, o Prof. Dr. Lamartine Pereira daCosta.
Jorge Steinhilber
Presidente do Conselho Federal de Educaçªo Física
O incentivo à prÆtica esportiva e ao desenvolvimento físico Ø uma das atividades que o SESC utiliza para
melhorar a qualidade de vida de seus beneficiÆrios – o trabalhador do comØrcio de bens e serviços e seus
dependentes – e, ainda, das comunidades em que estÆ inserido. Nas unidades operacionais do SESC,
funcionando nas capitais e em algumas cidades do interior de todo o Brasil, ginÆsios e quadras poliesportivas,
parques aquÆticos e academias de ginÆstica e musculaçªo, dotadas de modernos equipamentos e orientadas por
profissionais especializados, a prÆtica correta da atividade física proporciona saœde corporal e reduçªo do estresse
valorizando o lœdico, o conhecimento, a autonomia e a expressªo corporal. Por sua abrangŒncia e atuaçªo nas
capitais e cidades de mØdio e pequeno porte, o SESC foi escolhido pelo MinistØrio do Esporte como um dos
parceiros o Projeto Segundo Tempo. A partir de 2004, milhares de jovens carentes, de 7 a 17 anos, terªo acesso às
prÆticas esportivas nas instalaçıes do SESC com reforço alimentar, educaçªo para a saœde e ocupaçªo do tempo
livre em que estªo fora das salas de aula. Assim Ø o trabalho do SESC: contemporâneo, dinâmico, criativo. E este
Ø o sentido da parceria do SESC com o Atlas, um trabalho fundamental para o futuro.
Maron Emile Abi-abib
Diretor Geral do Departamento Nacional do SESC
A Fundaçªo Getulio Vargas sente-se honrada em poder participar do Atlas do Esporte no Brasil, a maior
radiografia jÆ realizada das atividades deste setor no país. Entende a sua participaçªo no Consórcio organizado
pelo Conselho Federal de Educaçªo Física como reconhecimento ao trabalho que a Fundaçªo Getœlio Vargas
vem desenvolvendo no âmbito da administraçªo esportiva, em cujo MBA, desde 1998, jÆ se especializaram mais
de 350 profissionais, hoje à frente de entidades e de iniciativas de direçªo do esporte brasileiro. A experiŒncia
acumulada desde entªo, fez da Escola Brasileira de Administraçªo Pœblica e de Empresas da FGV, uma
referŒncia para as entidades de gestªo do esporte no Brasil e para os órgªos governamentais dedicados ao
segmento esportivo. O Plano de Modernizaçªo do Futebol Brasileiro, desenvolvido a pedido da Confederaçªo
Brasileira de Futebol, e a Elaboraçªo do DossiŒ Vencedor da Candidatura da Cidade do Rio de Janeiro aos Jogos
Pan-Americanos de 2007, desenvolvido a pedido da Prefeitura do Rio e do ComitŒ Olímpico Brasileiro, sªo
exemplos significativos da contribuiçªo que a FGV vem dando ao crescimento do esporte nacional.
A FGV Ø parte desse esforço. É parte desse orgulho.
Bianor Scelza Cavalcanti
Diretor Escola Brasileira de Administraçªo Pœblica e de Empresas – EBAPE / FGV
A Confederaçªo Brasileira de Clubes–CBC, fundada em 9 de janeiro de 1990, com a experiŒncia adquirida, pode
sentir que desde a criaçªo dos primeiros clubes no Brasil, eles estavam intimamente ligados à comunidade onde
estavam sendo fundados, integrados no seu desenvolvimento e progresso total. O Projeto ATLAS retoma este
fundamento e portanto tocou sensivelmente os propósitos da CBC, que tambØm havia constatado de que hÆ
desconhecimento quanto ao potencial econômico no esporte, aliado à incompreensªo de suas contribuiçıes
sócio-culturais na dinâmica do desenvolvimento brasileiro. Sentimos tambØm que o Projeto ATLAS poderÆ
criar aberturas junto aos clubes tornando-os mais prÆticos. O Projeto ATLAS revela por muitas vias a capacidade
de potencializar os clubes, mostrando as vantagens economicamente sadias de se fazer todas as modalidades
esportivas. Pela qualidade, competŒncia e experiŒncia de seus autores, editores e o apoio do pœblico alvo,
com certeza o Projeto ATLAS atingirÆ suas metas, abrindo escalas para que
o Brasil venha a ser, tambØm, uma potŒncia olímpica esportiva.
Arialdo Boscolo
Presidente da Confederaçªo Brasileira de Clubes
A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L 13
A atividade física voltada para o processo de inserçªo e reabilitaçªo de pessoas com deficiŒncias, com enfoque na
prÆtica esportiva, Ø muito recente. Data da metade da dØcada de 1940. No Brasil, as primeiras iniciativas, vŒm do
final da dØcada de 1950. Em 1995, surge o ComitŒ Paraolímpico Brasileiro - CPB, com o objetivo de organizar,
coordenar e dirigir a prÆtica esportiva das pessoas com deficiŒncias em nosso País. Todos nós sabemos da
importância da prÆtica esportiva para o processo de inclusªo social do nosso povo; da força que tem no sentido
de afastar das drogas, das ruas, da marginalidade, as crianças, os adolescentes e os jovens brasileiros. Para as
pessoas com deficiŒncias, alØm das enumeradas vantagens, acrescenta-se o condªo de devolver a vontade de viver
para significativos contingentes da populaçªo que, em dado momento da vida, imaginam-se sem perspectivas,
sem rumo. No campo do esporte propriamente dito, experimentamos uma nova era. O Esporte Paraolímpico
protagoniza o segundo maior evento esportivo do mundo: os Jogos Paraolímpicos. Neste contexto, o Atlas do
Esporte no Brasil com o intuito de coletar informaçıes, de criar um banco de dados, terÆ um grande valor para
todo o Movimento e principalmente para o segmento Paraolímpico, na medida em que temos uma grande
carŒncia de dados para subsidiar nossas açıes. O CPB se sente honrado em fazer parte desse consórcio que
publicarÆ o primeiro Atlas.
Vital Severino Neto
Presidente do ComitŒ Paraolímpico Brasileiro
O Atlas do Esporte Ø uma publicaçªo que fazia falta na bibliografia nacional. Nunca houve em momento algum
de nossa vitoriosa, porØm tantas vezes pouco divulgada história esportiva, uma iniciativa desta natureza. Algo
que sozinho congregasse tanta informaçªo pertinente, tanta densidade e fidedignidade. Para atletas, dirigentes e
principalmente para nós gestores pœblicos do esporte, o Atlas configura fonte indispensÆvel de pesquisa, de
informaçıes bÆsicas para postulaçªo de propostas e confecçªo de programas, para justificativas de açıes e
correçıes de rumo. Eu, em nome do Fórum Nacional de SecretÆrios e Gestores Estaduais de Esporte,
recomendo veementemente o seu uso. Sua publicaçªo bilíngüe e em meio eletrônico permite que sua amplitude
seja ainda maior e que aquilo que faz parte da nossa cultura esportiva esteja ao alcance de, literalmente, todo o
mundo. Espero que este Atlas possa permanecer vivo e que suas futuras ediçıes continuem a contribuir de
maneira decisiva nos rumos do esporte nacional. Aos autores deixo minha mais profunda admiraçªo pelo
extenso trabalho. Aosleitores, meu desejo que este compŒndio possa servir de referŒncia privilegiada e de leitura
nªo só informativa, mas tambØm prazerosa. Bons ventos!
Lars Grael
Presidente do Fórum Nacional dos SecretÆrios e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer
Momento Histórico
O Atlas do Esporte nasce num momento histórico. No Brasil, agora o esporte Ø visto como atividade essencial,
que consta da lista de prioridades do governo. Em definitivo, o esporte passa a ser uma questªo de Estado.
O desejo de mudança se manifestou jÆ na criaçªo de um ministØrio para tratar exclusivamente deste tema.
Mas era apenas o começo. Em pouco tempo, deu-se início à implantaçªo de uma Política Nacional de Esporte,
com mudança de conceito e foco na inclusªo social. Milhıes de pessoas jÆ sªo atendidas por programas oficiais.
Um deles, o Segundo Tempo, criou um turno a mais na escola, com reforço alimentar e atividades esportivas
e de lazer para milhıes de crianças. TambØm foram definidas novas fontes de financiamento em todos os níveis de
esporte. Obtivemos bons resultados em competiçıes internacionais e novos avanços na organizaçªo do futebol.
Realizamos a ConferŒncia Nacional do Esporte, um amplo debate nacional. E estÆ em curso um Diagnóstico do
Esporte no Brasil. Isso tudo nªo Ø fruto apenas de açıes de governos. A força do esporte brasileiro estÆ na mobilizaçªo
da sociedade. E este Atlas reflete isso. É um trabalho de imenso valor.
Agnelo Queiroz
Ministro do Esporte
A FENABB – Federaçªo Nacional das Associaçıes AtlØticas Banco do Brasil - considera o Atlas do Esporte no
Brasil uma fonte rica de pesquisa na Ærea esportiva e vem preencher uma lacuna existente no Brasil de
bibliografias completas sobre o assunto. Neste propósito, a FENABB junta-se às demais instituiçıes que
compıem o Consórcio de entidades apoiadoras do Projeto, como forma de criar novos valores sociais. Valores
que a Federaçªo, conhecida como a maior rede de clubes do mundo, dissemina por meio do incentivo à pratica
esportiva e pelo desenvolvimento de atividades sociais, educacionais e culturais. Sªo 26 anos de existŒncia e 1.245
AABBs instaladas de norte a sul do país, trabalhando para a melhoria da qualidade de vida dos funcionÆrios do
Banco do Brasil e da comunidade onde estÆ inserida. É uma história longa e envolvente de trabalho e dedicaçªo.
Muito mais que isso, Ø uma história marcada por gente. Por pessoas que se dedicam ao propósito de levar
qualidade de vida ao próximo. Tal como ocorreu com a elaboraçªo deste Atlas do Esporte no Brasil,
sendo este basicamente um produto de voluntÆrios, quer aficionados ou especialistas.
Um belo trabalho que vai ficar de registro para a história do esporte nacional.
Reinado Fujimoto
Presidente da FENABB
A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L 15
P R Ó L O G O
Origem e definiçıes A trajetória dos atlas ao longo da história tem representado marcos de memória da
evoluçªo das diversas concepçıes do mundo. A primeira destas obras surgiu no sØculo XVI na ItÆlia, sob o
título Geographia e com conteœdo escrito no sØculo II d.C. por Claudius Ptolomeu. Esta versªo foi produzida
por correçıes dos 27 mapas de Ptolomeu e adiçªo de novos jÆ como resultado da descoberta do Novo Mundo e
das façanhas marítimas do Renascimento europeu. O termo ‘Atlas’ como designaçªo de uma coleçªo de mapas,
foi cunhado pelo cartógrafo italiano Antonio Lafredi ao usar a figura mitológica Atlas da GrØcia Antiga na capa
de sua publicaçªo sobre terras e mares do entªo mundo de definiçªo renascentista. A partir desses eventos, os
Atlas passaram a incorporar progressivamente informaçıes que pudessem dar maior compreensªo ao entorno
dos países, regiıes, cidades e acidentes geogrÆficos. Hoje, nos Atlas atuais, esta compreensªo abrange dados de
diferentes naturezas de conhecimento – sobretudo socioculturais e econômicas – deslocando o nexo cartogrÆfico
para perspectivas espaciais das quais se extraem significados e explicaçıes quer qualitativas ou quantitativas.
Desta possibilidade de representaçªo dos fenômenos humanos e da natureza derivou-se uma metodologia de
pesquisa: o mapeamento.
Este curso de investigaçªo estimulou a combinaçªo de dados particulares e localizados com visıes do todo
espacial, a qual resulta em se ter maior discernimento, derivando entªo o nexo de ‘lugar’ para as situaçıes
pesquisadas. Surgiram, entªo, atlas especializados com mapeamentos voltados para enfoques específicos, tais
como turismo, agricultura, doenças tropicais etc., enfatizando-se o conceito de lugar em que as ocorrŒncias
ganham peculiaridades quantitativas e qualitativas. Os Atlas de esportes e de atividades de lazer lançados nos
œltimos anos sªo decorrentes deste mØtodo de referenciaçªo da parte no todo, com menor precisªo mas com
maior compreensªo do conjunto. Antecipando-se a este estÆgio de desenvolvimento científico e metodológico,
Arnold Van Gennep produziu um mapeamento sócio-cultural e ecológico no tema de jogos tradicionais em
1937, cobrindo todo o território da França. Para isso teve de utilizar dados numØricos de pouca confiabilidade,
porØm necessÆrios para a identificaçªo de fenômenos de modo localizado e caracterizado. Isto porque, segundo
este prestigiado antropólogo da cultura popular de nacionalidade belga, a natureza e a localizaçªo das
manifestaçıes culturais submetidas a descriçªo e mapeamento precedem a anÆlise e interpretaçªo (Van Gennep,
1937). O uso do mapeamento pelo viØs de dados preliminares pela própria natureza do mØtodo, encontra-se
tambØm no livro The War Atlas publicado por Kidron, M. & Smith, D., em 1983, na Inglaterra. Nesta obra, as
situaçıes econômicas e sociais de países em preparativos bØlicos apoiaram-se em dados estimados de baixa
confiabilidade por ausŒncia de informaçıes ou mesmo pela indisponibilidade em face a razıes de segurança
nacional. Neste caso, a justificativa da publicaçªo de dados de pouca validade estatística foi entªo explicitada pelos
autores citados: “O que Ø mostrado neste Atlas Ø o que nós sabemos, nªo o que Ø. Como resultado, o Atlas
muitas vezes enfatiza expressıes de poder militar em lugar de sua realidade” (What we show in this Atlas is what is
known, not what is. As a result, the Atlas very often depicts expressions of military power rather than its reality) (Kidron &
Smith, 1983, p.6). Em resumo, o presente Atlas do Esporte no Brasil inclui-se na linha de conta dos
levantamentos de pouca validade estatística, mas necessÆrio para registro do que se sabe e nªo do que Ø na
realidade. Sua legitimidade científica, portanto, situa-se na condiçªo preliminar que lhe reveste, gerando assim a
necessidade futura de se ampliar o intervalo de confiabilidade dos dados por outros levantamentos como
tambØm de se identificar ausŒncias de informaçıes nos temas abordados pelos autores e sintetizados pelos
editores (ver capítulo “Introduçªo” neste Atlas). Esta opçªo, reproduzida como padrªo em todos os capítulos
que se seguem, tem fatos de memória que lhe dªo justificativas históricas, tØcnicas, científicas e operacionais,
como se descreve a seguir de modo cronológico atendendo a experiŒncia nacional de obras similares e avanços
internacionais relacionados com a metodologia ora em apresentaçªo.
1893 Eduardo Pacheco, aficionado dos esportes, publica “Chronica do Turf Fluminense”, ediçªo do Jockey Club do
Rio de Janeiro, com amplo estudo estatístico de todas as atividades do turfe no RJ, incluindo dados do Jockey e
demais clubes da entªo capital federal: Derby, Turf e Hippódromo Nacional. O turfe nesta Øpoca dividia com o
remo as preferŒncias esportivas da populaçªo da cidade do RJ (ver capítulo ‘Turfe” neste Atlas). Este estudo Ø
provavelmente o primeiro levantamento de dados no tema dos esportes no Brasil, incluindo uma comparaçªo
entre instalaçıes físicas dos citados clubes.
The evolution of atlases throughout History has represented
cornerstones of memory in the evolution of diverse concepts ofthe
world. The first atlas appeared in the 16th century in Italy, with the title
‘Geographia’, whose content had been written in the 2nd century by
Claudius Ptolemy. In terms of sports, although the first studies
relating practices to geographical places date from mid 20th century,
studies of inventory (availability of offers) by institutions and places
had already appeared in the 19th century. In Brazil, the very first study
of local sports inventory is from 1893, held at the Turf Club of Rio
de Janeiro. Atlas of Sports in France (Mathieu & Praicheux, 1987)
and in the U.S. (Rooney & Pillsbury, 1991), and sports inventories of
places in Portugal and Cuba, produced by government institutions, were
published in the 1980s. The book ‘Sport, Space and City’, by John
Bale, published in 1993 reflects a further step of conceptual and
theoretical nature. The Atlas of Sports in Brazil represents a synthesis
of these developments once the chronology of memory facts was used as
framework for each chapter and for the work as a whole, similarly to
Rooney & Pillsbury’s and John Bale’s. Both of the atlases produced in
Portugal and Cuba showed the relevance of spatial inventory, which
appears in all of the chapters of the Atlas of Sports in Brazil in
“Situaçªo atual” (“Current situation”). This method, here called
‘mapping’, has been used because it presents temporary estimates and
quantitative data, as progressive updating has already been planned.
For these methods to be adequately applied to the various sports themes
approached by the Atlas, the definition of sports adopted was the one used
by the European System of Sports Statistics (COMPASS), which is the
model chosen to organize the data at the end of the mapping so that they
become comparable with data from other countries, and therefore more
analytical and conclusive. Such definition considers sports as “all forms of
physical activity which, through casual or organized participation, aim at
expressing or improving physical fitness and mental well-being, forming social
relationships or obtaining results in competition at all levels”. Through this
instrumental concept Atlas of Sports in Brazil was organized in chapters
put together in 20 sections of content out of a total of 24, which also
includes two chapters of introduction and two chapters of additions at the
end. These sections were planned to guide reading and research of specific
points, either in book or databank format proposed for the Atlas in its
comprehensive 2004 version, as it comprises the multiple forms sports and
physical activities are expressed in the country.
Metodologia do Atlas e
apresentaçªo dos capítulos
LAMARTINE DACOSTA
Atlas methods and
foreword to the chapters
P R O L O G U E
16 A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L
O mapeamento do Atlas do esporte brasileiro portanto Ø típico e distinto de seus congŒneres de outros países
desde que procura aprofundamentos sucessivos do conhecimento após uma primeira ordenaçªo por lugares.
Esta feiçªo avançada prende-se ao fato de que a tecnologia atual de informaçªo permite associar suportes
diferentes e complementares, incluindo papel impresso com arquivos digitalizados. Esta natureza modular
integrada da proposta brasileira de mapeamento abrange tambØm os produtores de informaçªo – autores, no
caso do Atlas – que foram articulados por especializaçªo, interesse, disponibilidade etc, segundo
acompanhamento dos editores. Assim se fez na versªo do Atlas ora em apresentaçªo, o que explica a existŒncia
de vÆrios autores num mesmo capítulo, como tambØm a participaçªo de editores em determinados capítulos ao
cobrir hiatos de conhecimento e inventÆrio. Eventualmente, colaboradores foram mobilizados para buscas
específicas de informaçªo (ver por exemplo o capítulo “Jogos Estudantis Brasileiros-JEBs” neste Atlas),
constando tambØm nos crØditos quando assim o desejaram. Por outro lado a natureza modular das
informaçıes de mapeamento e o necessÆrio trabalho coletivo para a sua execuçªo implicou em se evitar ao
mÆximo possível a imposiçªo de opiniıes ou de correntes de pensamento nos textos como tambØm de
julgamento de valor por parte dos autores. A tolerância ocorreu quando críticas tornavam-se explicativas de
certos casos de retrocesso ou desvio num determinado tema.
Neste contexto de se privilegiar o que existe e o que se sabe em lugar do dever ser, procurou-se um afastamento
da idØia de diagnóstico do esporte pondo-se Œnfase na concepçªo do Atlas como ferramenta de conhecimento e
preliminar às intervençıes por parte de instituiçıes, líderes e gestores. Esta particularidade incide na própria
definiçªo de ‘esporte’ que no Brasil Ø influenciada por interesses setoriais do esporte tradicional e profissionais
do mundo acadŒmico ao buscar isolamento de partes do todo das atividades físicas, alØm das dificuldades
epistemológicas inerentes à tal atividade. Acrescente-se a estes fatos, a tradiçªo da legislaçªo esportiva brasileira
que criou jurisdiçªo por partes do todo esportivo que hoje necessita ter uma visªo integrada em razªo de seus
impactos econômicos e sociais. Outro exemplo de conhecimento a ser construído antes da intervençªo por
pessoas e instituiçıes, refere-se aos esportes que eventualmente possam ofender ou mesmo desequilibrar o
meio ambiente natural em que sªo praticados, ou outros que pressupıem incentivar a violŒncia por parte de seus
praticantes. A abordagem metodológica, no caso, foi a de nªo se adotar julgamentos a priori de modo a serem
mantidos os critØrios de inventÆrio e de memória. Portanto, a inclusªo no Atlas desses pretensos esportes
nocivos nªo constitui uma chancela mas apenas registro de existŒncia visando-se a futuros estudos e avaliaçıes.
Afinal, inventÆrio e memória sªo indicaçıes comuns para a identificaçªo de pesquisas a serem elaboradas, uma
outra utilidade importante para um mapeamento como ora desenvolvido por este Atlas.
Em resumo, hÆ critØrios operacionais quanto à elaboraçªo do livro e do Banco de Dados do Atlas que foram ajustados
à metodologia do mapeamento, como tambØm hÆ uma estratØgia de construçªo de conhecimento, levando em
consideraçªo necessidades de atualizaçªo dos saberes relacionados ao esporte, Educaçªo Física e atividades físicas de
saœde e de lazer, conforme praticados no Brasil. Daí a Œnfase, por exemplo, no levantamento conceitual para as
interpretaçıes dos esportes de inclusªo social, na busca de variedade quanto à apreciaçªo dos esporte radicais e de
aventura discutida com a respectiva editora ValØria Bitencourt, na eleiçªo – juntamente com Antônio Carlos Bramante,
editor da Ærea de lazer – da ‘cidade’ como locus do resgate histórico das prÆticas do lazer físico-esportivo no Brasil e
sobretudo na prioridade posta em todas as seçıes em termos de participaçªo feminina nos esportes – de comum
acordo com Ana Miragaya, editora associada – diante da possibilidade de ser este o fato novo principal de todos os
demais esmiuçados pelo Atlas. Assim introduzidas, as seçıes da presente publicaçªo – alØm da ‘Apresentaçªo’,
‘Prólogo’ e, na parte final, uma seçªo de fotos e figuras e outra com os currículos dos autores – sªo descritas a seguir,
para orientaçªo de leituras e de consultas pontuais, quer no formato livro ou de Banco de Dados propostos para o
Atlas em sua versªo de 2004:
Raízes Reœne abordagens de jogos e versıes esportivas nativas do Brasil (tradiçıes indígenas) e tambØm
atividades de criaçªo regional ou aculturadas localmente de origens diversas. Estes capítulos de abertura
valorizam a tradiçªo ainda nªo descaracterizada por apelos comerciais e outras influŒncias, constituindo portanto
patromônio cultural do país.
Tradiçıes Formada pelos trŒs esportes principais de origem nacional que se adaptaram aos modelos de
competiçªo normatizada e por vezes assumindo identidades alienígenas. Em contraponto, os esportes desta seçªo
tem tido sucesso em se impor no exteriormantendo os traços típicos de identidade original.
Clusters esportivos Seleciona oito casos de cidades e regiıes que se tornaram pólos de influŒncia sócio-econômica
que deu surgimento a uma variedade de prÆticas esportivas de lazer e de competiçªo que se realimentaram - ou se
realimentam - entre si. Esta concepçªo de relaçıes espaciais do esporte em termos de desenvolvimento local
integrado Ø uma inovaçªo lançada pelo Atlas-2004 no Brasil embora seja um nexo jÆ explorado por alguns estudos
de nível internacional. Aparentemente, a abordagem de cluster esportivo no Brasil poderÆ explicar vÆrias situaçıes
de desenvolvimento no passado ou gerar projeçıes futuras dada a natureza continental do país e sua organizaçªo
espacial em “ilhas” de progresso. Em termos de objetivos prioritÆrio do Atlas-2004, esta seçªo se ajusta à dimensªo
econômica do esporte e das atividades físicas de saœde e de lazer, servindo de exemplo para novos estudos nesta
vertente de conhecimento.
Sistemas esportivos nacionais Congrega nove instituiçıes de abrangŒncia nacional em suas açıes de modo a se
apreciar o comportamento do grande porte institucional diante do imperativo de cobrir a extensªo geogrÆfica do
país. O foco neste caso, Ø o da multiplicidade de atividades físicas administrada por um œnico sistema com variados
graus de descentralizaçªo que caracteriza cada instituiçªo esportiva selecionada para o levantamento. A dimensªo
A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L 17
econômica estÆ naturalmente implícita na escala destas instituiçıes mas Ø abordada apenas de modo superficial nesta
versªo pioneira do Atlas, devido à dificuldade no trato de dados financeiros no país.
Militares Faz perfilar as entidades principais nesta Ærea que tiveram grande influŒncia no passado esportivo do país e
atØ hoje sªo importantes pela sua cobertura local, regional e nacional. Estas instituiçıes se destacam por terem bons
inventÆrios e por prestigiar suas tradiçıes, respondendo portanto às demandas bÆsicas do Atlas.
Infra-estrutura Compıe-se de duas partes: (1) Recursos humanos e instalaçıes – Crefs e (2) Academias e
clubes, com destaque no primeiro item por constituir um levantamento produzido pelos Conselhos Regionais
de Educaçªo Física-Crefs, por estado da Federaçªo (instalaçıes) e por instituiçıes (formaçªo profissional e
profissionais atuantes). A parte (2) aborda as entidades principais – no julgamento preliminar do Atlas – no
tema da infra-estrutura atual do esporte e das atividades físicas no país. A experiŒncia no lidar com as categorias
clubes e academias para os propósitos desta obra, revelou que se trata de assuntos de prioridade no
aperfeiçoamento das próximas versıes do Atlas.
Esportes olímpicos Dedica-se aos esportes que fazem parte do programa dos Jogos Olímpico, os quais por
definiçªo sªo os de maior nœmero de praticantes em perspectiva internacional. Esta escolha tambØm
acompanhou o COMPASS, ainda na previsªo de se permitir comparaçıes de dados brasileiros com de outros
países. Entretanto, nesta versªo piloto do Atlas incluíram-se capítulos de esportes nªo olímpicos a fim de
facilitar a recuperaçªo de informaçıes no Banco de Dados numa mesma “família” de modalidades esportivas.
Assim, a nataçªo mÆster esta presente no conjunto de esporte aquÆticos embora nªo pertença ao programa
olímpico; no grupo de modalidades da ginÆstica, a aeróbica acompanha as demais embora no estÆgio atual nªo
seja “olímpica” mas passível de ser pelo que indica a Carta Olímpica (ver capítulo correspondente neste Atlas).
Outro complemento foi feito com o futebol que tem por capítulo adicional um estudo econômico. De resto,
cabe esclarecer que esta seçªo atende tanto aos esportes olímpicos de verªo como de inverno, pela ascensªo deste
œltimos no Brasil, em anos recentes.
Os atletas Focaliza os personagens centrais das competiçıes de alto nível surgidos no Brasil de acordo com seus
papØis de heróis populares do país. Nesta variaçªo temÆtica, a intençªo do Atlas foi a de criar suporte sociológico
e antropológico à prÆtica e à administraçªo do esporte no país, em alguns casos localizados. Houve Œnfase
tambØm no fator “excelŒncia” uma vez que este concerne à repercussªo pedagógica do esporte sobre a populaçªo
do país, principalmente crianças e jovens.
Esportes nªo-olímpicos Constitui um grupo de esportes que pelo modelo do COMPASS (ver ‘CenÆrio de
tendŒncias gerais dos esportes’ neste Atlas) sªo os de maior preferŒncia numa determinada populaçªo depois
dos olímpicos. Nesta obra piloto, o critØrio de seleçªo foi o de acompanhar o porte de participaçªo (nœmero de
praticantes), a inclusªo nos Jogos Pan-americanos, os impactos produzidos no passado, a inovaçªo esportiva e
atender a Ærea de artes marciais e lutas, pressuposta como de grande aceitaçªo no Brasil. Assim se decidiu em
razªo do grande nœmero de modalidades disponíveis – estimado em mais de cinco centenas – e da
impossibilidade de mapear tal montante na conformidade da metodologia escolhida.
Esporte radicais e de aventura Inclui os de maior preferŒncia popular e os de inovaçªo tecnológica e esportiva,
dentro do mesmo critØrio da seçªo anterior. Para este agrupamento, a decisªo de dar-lhe um status próprio
correu por conta da crescente expansªo de praticantes e da íntima relaçªo com lugares geogrÆficos. AlØm de
naturalmente corresponder a uma valorizaçªo econômica e mercadológica tambØm crescente de tais modalidades
alavancadas pelo turismo, hÆ um viØs de mudança no sentido da prÆtica esportiva que tem sido revelado pelo
estudo dos radicais e de aventura. Neste particular foi inevitÆvel a existŒncia de sobreposiçªo entre modalidades
que atendiam diferentes critØrios de seleçªo: o Triathlon, por exemplo, Ø hoje um esporte olímpico como
tambØm um radical típico. A escolha entªo teve como referŒncia a classificaçªo de maior impacto na ordenaçªo do
COMPASS. Situaçıes semelhantes se repetiram nas duas seçıes que se seguem, desde que sªo atividades
aparentadas entre si. Estas circunstâncias fizeram com que no ‘CenÆrio de tendŒncias gerais dos esportes’
houvesse uma classificaçªo geral – esportes outdoor – que pudesse reunir todos os esportes abordados pelas trŒs
seçıes aqui mencionadas. De qualquer modo, o Atlas-2004 nªo adotou posturas de solucionar as questıes de
classificaçªo de esportes por estarem fora da delimitaçªo da metodologia adotada.
Esportes de praia Define um grupo de esportes que seguem as previsıes das duas seçıes anteriores, porØm
necessitam de enfoque próprio por razıes culturais e geogrÆficas como indica o CenÆrio ‘bases geogrÆficas’ no
final desta obra. Portanto, a seleçªo foi de esportes que pudessem demonstrar a variedade de possibilidades na
prÆtica a beira mar e em praias. A estes foi adicionado um capítulo introdutório mais genØrico e de sentido
inventariante, com alguns suportes de memória.
Aeroesportes Aglutina as seis principais modalidades que encontram coerŒncia no espaço aØreo, mas sªo passíveis de
atenderem critØrios das seçıes “Esportes nªo-olímpicos” e “Esportes radicais e de aventura”. As razıes neste caso
sªo voltadas para as tradiçıes esportivas – sendo o Brasil um dos líderes deste setor no plano internacional – como
tambØm econômicas e tecnológicas, caindo no enfoque preferencial do Atlas-2004.
Educaçªo Física Cria um primeiro conjunto de demonstraçªo de temas para que haja uma oferta maior de
informaçıes na medida que o Banco de Dados do Atlas progrida, após o lançamento da versªo livro. Pelo porte e
variedade de abordagens deste âmbito de conhecimento, o mØtodo do mapeamento torna-se arbitrÆrio de acordo
com os interesses do pesquisador. Mas Ø possível contornar este desvio montando uma estrutura de expansªo em
18 A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L
1913 A ACM brasileira lança a revista “A Mocidade”, de circulaçªo entre suas sedes brasileiras (RJ, SP e RS),
contendo dados de gestªo e de inventÆrio de instalaçıesesportivas e culturais.
1919 Publicaçªo em Porto Alegre do “`lbum d’O Rio Grande do Sul Sportivo” tendo A. Lemos e E.
Carvalho como editores (Livraria do Globo), contendo informaçıes em estilo de catÆlogo sobre atividades
esportivas praticadas no estado.
1924 A Federaçªo de Associaçıes Alemªes do RS organiza um levantamento das associaçıes e clubes alemªes no
estado, sob direçªo do Padre Amstadt recebendo informaçıes de cerca de metade destas entidades comunitÆrias
existentes no Estado. Os dados recebidos de 320 clubes foram publicados em diversas fontes em língua alemª
publicadas no RS durante a dØcada de 1920 (ver capítulo ‘Cluster esportivo do RS’ neste Atlas).
1928 TomÆs Mazzoni publica em Sªo Paulo-SP, o “Almanaque Esportivo” contendo dados sobre atividades
esportivas em SP, no Brasil e alguns outros países, tais como resultados de competiçıes, vida em clubes, conselhos
sobre prÆticas etc. Este Almanaque teve vÆrias ediçıes de freqüŒncia anual, sendo atualizado em 1929, 1930, 1931,
1933, 1942 e 1943.
1940 Inezil Penna Marinho publica no Rio de Janeiro, o livro “Educaçªo Física – Estatística”, com um levantamento
de dados sobre os mØtodos ginÆsticos praticados nos estabelecimentos de ensino secundÆrio do RJ. Tratava-se de
um acompanhamento por fichas de registro em 565 escolas, realizado em 1938 e 1939.
DØcada de 1940 Amaro Jœnior publica trŒs ediçıes do Almanaque Esportivo do Rio Grande do Sul (1942, 1943
e 1944), pela Tipografia Esperança de Porto Alegre-RS, contendo dados gerais dos clubes e locais de prÆticas.
DØcada de 1950 No Brasil, neste período, teve inicio o aparecimento de especialistas e diletantes em resultados
esportivos, sendo o pioneiro Adolpho Schermann, autor de “Os Desportos em Todo o Mundo“, ediçªo da
Revista da AABB, 1954, Rio de Janeiro (dois volumes, 1434 pÆginas). Esta obra em particular, publicou dados
históricos e inventÆrios dos clubes e federaçıes alØm dos resultados de competiçıes.
1971 Lamartine DaCosta publica o “Diagnóstico da Educaçªo Física e Esporte no Brasil”, primeiro censo de alguns
setores esportivos (clubes, por exemplo) em adiçªo a levantamento de setores selecionados de modo a se ter um
diagnóstico do conjunto de atividades relacionadas ao esporte, Educaçªo Física e lazer em escala nacional.
O produto final foi um livro com 392 pÆginas tendo como conclusªo um estudo comparativo das regiıes do país
em face Æs disponibilidades de meios para o desenvolvimento local integrado do esporte e atividades congŒneres.
1983 Na França, Chaliand & Rageau, lançam o “Atlas StratØgique – GØopolitique des Rapports de Forces dans le
Monde”, adotando o conceito de longa duraçªo para a interpretaçªo dos temas abordados no estudo, os quais foram
examinados de formas mœltiplas, na expectativa de gerar percepçıes diferentes em torno de um mesmo tópico
focalizado. Em outras palavras, a perspectiva histórica aliada à representaçªo geogrÆfica oferecia o necessÆrio suporte à
identificaçªo dos avanços e retrocessos seja no âmbito das manifestaçıes socioculturais ou no das intervençıes.
1987 Publicaçªo do Atlas des sports en France de Mathieu & Praicheux, da UniversitØ de Besançon, na França,
constituindo “uma visªo completa da prÆtica dos esportes em suas nuances e oposiçıes locais”. A obra de
explícita especializaçªo geogrÆfica enfatizou a dimensªo econômica e sobretudo as mudanças culturais provocadas
pelo esporte em seus desdobramentos espaciais.
1988 Publicaçªo em Portugal de um mapeamento de instalaçıes esportivas com dados demogrÆficos para uso
local, em estudo promovido pelo MinistØrio da Educaçªo – Direcçªo-Geral dos Desportos, sob o título “Carta
das Instalaçıes Desportivas Artificiais” (dois volumes), Lisboa, 1988.
DØcada de 1990 Inicia-se a publicaçªo de Sport Place: An International Journal of Sports Geography, uma revista
científica destinada à publicaçªo de pesquisas e textos analíticos sobre “aspectos geogrÆficos do esporte de
competiçªo e atividades recreativas”. Seu editor na origem foi John F. Rooney, Department of Geography,
Oklahoma State University, nome de reputaçªo na temÆtica em questªo e autor do Atlas do esporte nos EUA
(ver adiante). A publicaçªo contudo teve desde entªo problemas de continuidade e de contribuiçıes sugerindo
que a Ærea de geografia do esporte ainda estava sem massa crítica para sua sustentaçªo.
1991 Lançamento em Havana, Cuba, da obra coletiva “Atlas de la Cultura Física y Del Deporte - Cuba”,
organizada pelo Instituto Nacional de Deportes, Educación Física y Recreacion juntamente com o Instituto
Cubano de GeodØsia y Cartografia. Este estudo Ø esssencialmente um inventÆrio de instalaçıes e atividades
esportivas sob forma de distribuiçªo espacial de ofertas.
1992 Neste ano, John F. Rooney e Richard Pillsbury, publicam nos EUA o livro The Atlas of American Sport
relacionando mapas de atividades localizadas com significados históricos e fatos de memória social e cultural dos
lugares identificados.
1992 Van Mele and Renson, no livro Traditional Games in South America produzem um mapeamento sócio-cultural
comparativo no tema de jogos indígenas, declarando que the dispersion patterns and the suggested explanations only represent
tentative hypotheses, which will have to be completed and revised once that more complete data will be available (“o padrªo de
dispersªo e as explanaçıes sugeridas somente representam hipóteses tentativas que terªo de ser completadas e
revisadas ao se disponibilizar dados mais confiÆveis”).
A T L A S D O E S P O R T E N O B R A S I L 19
1993 Na Inglaterra, aparece um estudo que passarÆ a constituir modelo nos anos seguintes para a pesquisa dos
esportes em suas manifestaçıes espaciais a partir de interpretaçıes históricas e sociológicas: Sport, Space and City, de
John Bale (ver capítulo ‘Geografia do esporte’ neste Atlas). Antes, em 1989, o mesmo autor abordava o tema se sua
especialidade atravØs de uma obra conceitual: Sports Geography, publicada em Londres pela editora E. & F.N. Spon.
2000 Publicaçªo do British Columbia Recreational Atlas, pelo Governo da Província do mesmo nome no CanadÆ.
Este obra revela a feiçªo de inventÆrio como prioritÆria ao se examinar atividades de lazer em enfoques espaciais.
Na atualidade hÆ muitas variantes deste tipo de publicaçªo sobretudo voltadas para a Ærea de turismo,
excursionismo e esportes de aventura e radicais.
2000 Surgimento de uma pesquisa usando a metodologia do mapeamento numa abordagem sócio-cultural
comparativa no tema de jogos e esportes tradicionais: DaCosta, L.P., Mapping Worldwide Trends of Traditional
Sports and Games. Symposium ISHPES – TAFISA – ICSSPE “Games of the Past-Sports for the Future?”, June 16-
19, 2000, Duderstadt – Alemanha. Esta investigaçªo internacional abrangeu cinco continentes, com dados
históricos e espaciais de 28 países respondentes e abordagens explicativas de ordem sócio-cultural. Neste mesmo
ano, em outra pesquisa internacional DaCosta & Miragaya descreveram em termos prÆticos usos e limites da
metodologia do mapeamento na Ærea esportiva: Mapping the Worldwide Trends of Sport for All, publicado no
ICSSPE Bulletin, no. 29, May 2000, pp. 16-17.
2001 Em Portugal, faz-se um mapeamento de um centro urbano com a finalidade de se estabelecer uma
estratØgia de intervençªo governamental em termos de esportes e atividades físicas de lazer e turismo: Sarmento,
J. P., Ferreira, J.A. , Ripoli, G. e Coelho, J., Carta Desportiva Municipal do Porto, em publicaçªo da Câmara Municipal
daquela cidade portuguesa. O enfoque central desta obra foi o das instalaçıes esportivas, em prosseguimento ao
jÆ citado estudo feito em 1988 no mesmo país.
2002 Klaus J. Meyer-Arendt do Department of Environmental Studies, University of West Florida, em associaçªo com
Alan A. Lew, Department of Geography, Planning and Recreation, Northern Arizona University, publicam neste ano
um levantamento sobre trabalhos de pesquisano tema do esporte conduzidos por geógrafos dos EUA e
CanadÆ entre 1988 e 1998. Neste estudo constatou-se que esta vertente de conhecimento era mais prÆtica do que
teórica, mas com tendŒncias jÆ identificadas nos anos de 1990 para abordagens teórico-interpretativas.
Situaçªo atual A revisªo do conhecimento produzido desde 1893 – de lavra brasileira e/ou internacional –, com
relaçıes diretas e indiretas com o Atlas ora em apresentaçªo, confirma o mapeamento tendo como base memória e
inventÆrio dos fatos esportivos em lugares sociais, culturais e espaciais do espaço territorial brasileiro (ver capítulo
‘Introduçªo’ neste Atlas). Assim se conclui pela freqüŒncia que estas duas categorias de levantamento de pesquisa
sobressaem nas obras revisadas, em convivŒncia com as tradiçıes e a multiplicidade de conhecimentos que explicam o
esporte e que lhes dªo significados por diferentes interpretaçıes e localizaçıes. Por outro lado, os livros pioneiros da
França (Mathieu & Praicheux) e dos EUA (Rooney & Pillsbury) das dØcadas de 1980 e de 1990, indicaram a validade de
se ter lugares do esporte situados por dados históricos como suporte do conjunto de informaçıes do Atlas. Por
conseguinte, no presente estudo optou-se pela cronologia de fatos de memória como sustentaçªo de cada capítulo e
do conjunto da obra. O Atlas brasileiro do esporte, assim sendo, Ø um documento de memória e nªo de história, a
qual poderÆ ser mobilizada para as devidas interpretaçıes, se julgadas convenientes por outros estudos. Por seu turno,
os exemplos de Atlas produzidos em Portugal e Cuba – outrossim gerados nos anos de 1980 e 1990 – mostraram a
pertinŒncia da Œnfase no inventÆrio espacial, o que foi traduzido na versªo brasileira pelo item presente em todos os
capítulos sob a denominaçªo de “Situaçªo atual”. O modelo para esses capítulos completa-se entªo por uma
introduçªo denominada de “Origens e definiçıes” que estabelece uma identificaçªo inicial e necessÆria do tema a ser
descrito e analisado pelo mapeamento. Em resumo, o Atlas-2004 do esporte brasileiro foi elaborado como uma
síntese da experiŒncia internacional e na intençªo de constituir um avanço neste tipo de pesquisa.
Isto posto, legitimam-se os objetivos operacionais da primeira elaboraçªo deste Atlas, conforme enunciados do
capítulo anterior ‘Introduçªo’, como tambØm admite-se na perspectiva de 2003, ano base da primeira versªo do
Atlas, uma definiçªo de esporte que se ajuste plenamente aos pressupostos do mapeamento antes aqui cogitados.
A escolha para a elaboraçªo do Atlas incidiu sobre a definiçªo usada pelo sistema europeu de estatísticas do esporte
– formalmente denominado de COMPASS – o qual de resto Ø o modelo optado para ordenar os dados no final
do presente mapeamento, de modo a se tornarem comparativos com outros países e portanto mais analíticos e
conclusivos (ver capítulo ‘CenÆrio de tendŒncias gerais dos esportes e atividades físicas no Brasil’ no final deste
Atlas). Tal definiçªo identifica o esporte “como todas as formas de atividades físicas que, por meio de participaçªo
casual ou organizada, objetivam expressar ou promover a forma física e o bem estar mental, formando relaçıes
sociais ou obtendo resultados em competiçıes de todos os níveis” (Mussino, 2002).
Por meio deste conceito instrumental, o Atlas foi organizado em capítulos reunidos em 20 seçıes de conteœdo
de um total de 24, somando-se dois primeiros de introduçªo e dois œltimos de adendos. Os capítulos, por sua
vez, foram organizados de forma a serem atualizados por módulos de informaçªo adicional a ser atualizada
periodicamente. Assim, o livro “Atlas-2004” Ø uma base fixa do desenvolvimento do esporte no Brasil e o
Banco de Dados Ø o seu desdobramento previsto para atualizaçªo permanente. Esta atualizaçªo jÆ existe na
primeira versªo desde que a maior parte dos capítulos tem partes modulares (boxes, quadros e tabelas)
adicionais à cronologia dos fatos de memória e aos inventÆrios. O formato modular explica, por outro lado, a
existŒncia de repetiçıes de fatos e de dados encontrados em capítulos diferentes e em abordagens distintas.
módulos que possa ampliar continuamente as contribuiçıes em nœmero e abrangŒncia. Nesta primeira abordagem
optou-se por focalizar o ensino Superior de Educaçªo Física, a Educaçªo Física escolar e duas atividades – dança e
ioga – que atendem ao critØrio de adesªo popular estabelecido pelo COMPASS.
Lazer – cidades e regiıes Apresenta, como na seçªo antecedente, exemplos demonstrativos tendo como base
a localizaçªo espacial. Como o conhecimento da Ærea indica, o lazer pode ser abordado de forma multidisciplinar
e por variadas opçıes de atividades, diluindo classificaçıes e critØrios de seleçªo para estudos espaciais e
econômicos. No caso do presente Atlas foi estabelecido capítulos demonstraçªo abordando grandes Æreas
urbanas do país, cidades mØdias e municípios de pequeno porte. Para este propósito, foi deixado em aberto aos
autores a seleçªo de atividades locais de modo a se fixar o foco principal nos lugares e nªo em opçıes de lazer.
Estes primeiros inventÆrios adotam o nexo de COMPASS que dÆ flexibilidade ao esporte como atividade física e
de opçªo de lazer e recreaçªo. Como na seçªo anterior prevŒ-se uma oferta maior de informaçıes na medida que
o Banco de Dados do Atlas progrida, cobrindo as diferentes regiıes do país.
Saœde, lazer e inclusªo social Destaca primeiramente as iniciativas de prÆtica de grande nœmero de pessoas
(‘Esporte para Todos’ na expressªo tØcnica internacional) por capítulos relativos às açıes de maior porte visando-
se à saœde e o lazer, evoluindo depois para a inclusªo social por meio do esporte. Esta œltima abordagem Ø a
fronteira mais recente das atividades físicas no Brasil, o que obrigou aos editores e autores do Atlas a esforços de
levantamento junto a instituiçıes e projetos em andamento. Juntamente com os esportes radicais, esta Ø a Ærea
de atividades e de saberes que mais tem crescido nos œltimos anos no país, obrigando portanto ao Atlas a
esforços conceituais e de interpretaçªo de mudanças.
CiŒncias do esporte e Educaçªo Física Incide atençıes sobre as bases de sustentaçªo das prÆticas esportivas em
perspectivas institucionais (entidades científicas, tecnologia, serviços e indœstria) e de conhecimento produzido e
aplicado no Brasil. Este tipo de abordagem nªo foi encontrado nos Atlas jÆ publicados no exterior, mas foi julgado
fundamental para se observar o valor econômico do esporte e seus sucedâneos.
Associaçıes & movimentos de abrangŒncia nacional Aborda as instituiçıes que representam os
profissionais de vÆrias naturezas que atuam no âmbito do esporte; as que cuidam da Øtica e demais saberes de
intervençªo no esporte; e as que mobilizam comunidades e voluntÆrios para apoio ao esporte. Este enfoque
relaciona-se à responsabilidade social e serve para se examinar as atividades esportivas como meio de
desenvolvimento comunitÆrio, e por repercussıes, do econômico.
Associaçıes & movimentos de açªo nacional – internacional Relaciona as entidades de sede no Brasil
que se projetam no exterior, representado o impacto institucional e de conhecimento da produçªo nacional
em outros países. Este grupo poderia ser incluído na seçªo “CiŒncias do esporte e Educaçªo Física”, mas
optou-se por um enfoque mais destacado visando-se ao levantamento de situaçıes de desenvolvimento
avançado em termos científicos e tecnológicos.
Mega-eventos no Brasil Pıe Œnfase atravØs de exemplos históricos e de experiŒncias atuais, na capacidade do país
sediar e organizar eventos de grande porte no estilo de Jogos Olímpicos, Copa do Mundo de Futebol e Jogos Pan-
americanos. Como na seçªo anterior o tema Ø o da relaçªo do Brasil com os demais países diante de seu potencial atual
e tradiçıes construídas no passado.
Epílogo: tendŒncias sociais e econômicas Dispıe oito cenÆrios resumindo, sintetizando e interpretando dados
e anÆlises de todas as seçıes

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