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PDF TCC Graciene e Liriamar VERSÃO FINAL.

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0 
 
INSTITUTO MARANHENSE DE DESENVOLVIMENTO PARA EDUCAÇÃO 
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 
GRACIENE DO ROSÁRIO PEREIRA 
LIRIAMAR DO ROSÁRIO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O JOGO EDUCATIVO COMO INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO 
PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DO 1º AO 3º ANO DO 
ENSINO FUNDAMENTAL I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÂNDIDO MENDES-MA 
2017 
1 
 
GRACIENE DO ROSÁRIO PEREIRA 
LIRIAMAR DO ROSÁRIO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O JOGO EDUCATIVO COMO INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO 
PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DO 1º AO 3º ANO DO 
ENSINO FUNDAMENTAL I. 
 
 
 
Monografia apresentada como Trabalho 
de Conclusão de Curso ao Instituto 
Maranhense de Desenvolvimento para 
Educação, como requisito final para a 
obtenção do grau de Licenciadas em 
Pedagogia. 
 
Orientador: Professor José Amiraldo 
Maia dos Santos. 
 
 
 
 
 
CÂNDIDO MENDES-MA 
2017 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pereira, Graciene do Rosário. Pereira, Liriamar do Rosário 
 O jogo educativo como instrumento de intervenção pedagógica no 
processo de Alfabetização do 1º ao 3º ano do ensino fundamental I. 
 Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso)- Instituto Maranhense de 
Desenvolvimento para Educação. Graduação em Pedagogia, Cândido Mendes, 
BR-MA, 2017. 
 Orientador: Professor José Amiraldo Maia dos Santos. 
3 
 
O JOGO EDUCATIVO COMO INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO 
PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DO 1º AO 3º 
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I. 
 
 
 
 
 
 
 Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso ao Instituto Maranhense 
de Desenvolvimento para Educação, como requisito final para obtenção do Grau de 
Licenciadas em Pedagogia. 
 
 
 
BANCA AVALIADORA 
 
 
_____________________________________________________ 
Prof. José Amiraldo Maia dos Santos 
Orientador 
_____________________________________________________ 
 
Márcio Lima Serejo 
Coordenador 
 
 
Nota:_______ Data:_______ 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos nossos filhos, pais e familiares que 
nos apoiaram em todos os momentos. 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Toda gratidão a Deus, fonte de Sabedoria e nossa Fortaleza, a Ele, pelo dom da vida, 
pelo seu amor infinito e por ter segurado em nossas mãos nos momentos mais difíceis e não 
ter nos deixado desistir dos objetivos deste trabalho de pesquisa, sem Ele nada somos. 
 Aos nossos amados pais Marcilene do Rosário Pereira e João Paixão Pereira, nossos 
maiores exemplos, pelo amor, carinho, dedicação, apoiando-nos e estando conosco mesmo 
diante das dificuldades, sem eles nossas conquistas não teriam sentido, e pela preocupação 
para que estivéssemos sempre andando no caminho correto em busca de sonhos. 
 Agradecemos aos nossos queridos irmãos pelo amor, orientação e incentivos 
dedicados a nós, e especialmente aos nossos filhos e esposo: Hebraim, Isabela, Ailton (filhos) 
e José Ailton do Bonfim Moura (esposo de Graciene) que foram os motivos essenciais para 
tornar esta caminhada mais leve. 
 Aos familiares em geral, pelo apoio e afeição, os quais foram base de nossa 
sustentação e cumplicidade. 
 Ao Professor José Amiraldo Maia dos Santos, pelas orientações ricas, auxiliando-nos 
na produção desta pesquisa. 
 Aos colegas que conquistamos nessa jornada acadêmica, à nossa turma de Pedagogia 
Licenciatura 2013. Aos professores, à coordenadora Pedagógica, enfim, a todos em geral, da 
Escola Municipal Rôlmerson Robson, que grandemente ajudaram-nos nessa longa caminhada 
de pesquisa, os quais contribuíram ricamente com o conhecimento ao deixar-se conhecer suas 
práticas metodológicas usadas em sala de aula, sendo todos bem receptíveis em colaboração 
com as entrevistas para execução dessa monografia. 
 E a todos que, de maneira direta e indiretamente contribuíram de alguma forma para a 
concretização deste trabalho, desde já a singela gratidão. Obrigada a todos! 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua 
prática docente, reforçar a capacidade crítica dos educandos, sua 
curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é 
trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que 
devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis. 
 
 Paulo Freire. 
7 
 
RESUMO 
 
Esta monografia de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar o uso dos jogos como 
instrumento no processo de alfabetização nos Anos iniciais do Ensino Fundamental. O 
interesse de pesquisar sobre o tema surgiu durante a atividade de estágio na Escola Municipal 
Rôlmerson Robson, no município de Cândido Mendes-Maranhão, na qual se observou que 
alguns alunos sentiam dificuldade no decurso da alfabetização. Assim, por meio de revisão 
bibliográfica sobre o assunto relacionado à prática metodológica utilizando-se de jogos, 
compreendeu-se a importância de se trabalhar com os mesmos para tornar o seguimento da 
alfabetização mais fácil e acessível aos alunos, com novos incentivos, facilitando esse 
processo no qual as crianças veem como complicado. Este Trabalho tem como base de 
fundamentação teórica em alguns autores com concepções muito discutidas a respeito da 
aprendizagem, dentre eles: Vygotsky, Piaget, Friedman, Kishimoto, ambos, também, dando 
suporte teórico à pesquisa de campo, realizada na escola citada, em que foram entrevistados 
cinco professores do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental I. Portanto, esta pesquisa será de 
suma importância para dar novos encaminhamentos aos professores, fazendo com que os 
mesmos reflitam, conheçam a importância dos jogos educativos no processo de alfabetização, 
incentivando-os a buscar novos métodos e alternativas metodológicas, e assim, fazer com que 
os alunos agucem a curiosidade pelo conhecimento e desejem aprender cada vez mais. 
 
Palavras-chaves: Jogos Educativos. Alfabetização. Professores. Alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
This monograph of Course Conclusion aims to analyze the use of games as an instrument in 
the process of literacy in the early Years of Elementary School. The interest of research on 
this topic arose during the traineeship activity at the Rômerson Robson Municipal School, in 
the municipality of Cândido Mendes-Maranhão, where it was observed that some students felt 
difficulty in the course of literacy. Thus, through a literature review on the subject related to 
methodological practice using games, it was understood the importance of working with them 
to make literacy tracking easier and accessible to students, with new incentives, facilitating 
this Process in which children see as complicated. This work has as a bibliographical basis the 
theoretical foundation of some authors with very discussed conceptions about learning, 
among them: Vygotsky, Piaget, Friedman, Kishimoto, both, also, giving theoretical support to 
the field research, carried out in the mentioned school, in In this sense, this research will be of 
great importance to give new referrals to teachers, making them reflect, knowthe importance 
of educational games in the literacy process, encouraging - to seek new methods and 
methodological alternatives, and thus, to make the students stimulate the curiosity for 
knowledge and wish to learn more and more 
 
 Keywords: Educational games. Literacy. Teachers. Students. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10 
1.O USO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO:BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRIA....14 
1.1 O INTERACIONISMO E PIAGET....................................................................................22 
1.2 JOGOS SIMBÓLICOS E DESENVOLVIMENTO INFANTIL........................................25 
1.3 JOGOS DE REGRAS.........................................................................................................26 
1.4 O INTERACIONISMO EM VYGOTSKY........................................................................28 
1.5 JOGOS SIMBÓLICOS NA VISÃO SOCIO HISTÓRICA................................................30 
2.A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO..................33 
 
3.O USO DOS JOGOS NA ESCOLAO MUNICIPAL RÔLMERSON 
ROBSON..................................................................................................................................45 
3.1HISTÓRICO DA ESCOLA MUNICIPAL RÔLMERSON ROBSON..............................45 
3.2 COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA...................................................................................46 
3.3 PROFESSORES E A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS...........................................................48 
3.4 ANÁLISES DE RESULTADOS........................................................................................54 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................56 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................58 
APÊNCICES A- B....................................................................................................................61 
A- ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS PROFESSORES..............................................62 
B- ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA.................64 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Alfabetização é um processo muito importante na fase de ensino na educação, tanto 
para os educandos, os quais são crianças pequenas, como também para os docentes, estes 
devem estar preparados, sendo conhecedores dos estágios de desenvolvimento e respeitando a 
individualidade de cada aluno, tendo em vista que algumas aprendem com mais facilidade, o 
contrário do que ocorre com outras, pois, cada criança tem sua particularidade no 
desenvolvimento da aprendizagem, o que, para tanto, faz-se necessário que o professor 
busque alternativas metodológicas que ultrapasse obstáculos no ambiente escolar, onde está 
inserido o educando. Compreender que cada criança tem seu ritmo e suas variadas maneiras 
de aprender, é fundamental, com relação a isso, pondera Piaget, ao estudar a questão do 
aprender que, no mundo, existem formas de perceber, compreender e de se comportar diante 
dele, e com relação às crianças, cada uma peculiar a cada faixa etária. 
No decorrer do curso de Licenciatura em Pedagogia, verificou-se como é importante 
trabalhar com os jogos para tornar o processo de alfabetização mais fácil, ajudando as 
crianças a romperem com quaisquer dificuldades. Partindo desse pressuposto, a origem desta 
pesquisa se deu a partir da vontade de deduzir melhor como os professores trabalham suas 
práticas metodológicas e como as crianças dos anos iniciais têm essas experiências e 
absorvem o conhecimento através dos jogos, e isso nos instigou a indagar: Os professores dos 
anos iniciais, 1º, 2º e 3º ano, do Ensino Fundamental I, utilizam os jogos educativos como 
alternativa metodológica para facilitar o processo de alfabetização? 
 Mediante ao exposto acima, quando em sala de aula com atuação em atividades de 
estágio na Escola Municipal Rôlmerson Robson, de antemão observou-se que os alunos 
sentiam muitas dificuldades no processo de alfabetização. Daí, a hipótese de que alguns 
professores poderiam não estar se valendo da utilização de Jogos, os quais são excelentes para 
exercitar a mente, são práticos, divertidos, diversificados e até produzidos podem ser, de 
maneira criativa pelos professores mesmos e até pelos alunos, caso a escola não forneça 
materiais e possibilidades. 
 Nesse sentido, esta pesquisa tem como tema “O Jogo Educativo como instrumento de 
intervenção Pedagógica no processo de Alfabetização do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental 
I”, tendo como objetivo geral: analisar os recursos metodológicos utilizados pelos professores 
nos procedimentos da alfabetização; e objetivos específicos: investigar a importância de se 
11 
 
trabalhar os jogos educativos como ferramenta sistemática e perceber os benefícios deles no 
processo de alfabetização. 
 Pondera-se a escolha da temática de grande importância, ademais devido a Lei nº 
11.274 de 6 de Fevereiro de 2006, que altera a redação dos artigos: 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 
9.394 de 20 de Dezembro de 1996, ao estabelecer na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, dispondo-se sobre a duração de nove anos para o Ensino Fundamental, desse modo 
a matrícula passa a ser obrigatória a partir dos 6 anos de idade, em que as crianças passam a 
estudar no 1º ano do Ensino Fundamental I. Diante dessa modificação na Lei, tornou-se 
pertinente pesquisar como os professores trabalham com essas crianças e os métodos de 
ensino que utilizam no desenvolvimento da aprendizagem, pois a criança tão cedo encontrar-
se-á frente ao desafio do aprender, seja na Língua Portuguesa quanto em outra qualquer 
disciplina escolar. E, por que não fazê-lo de maneira participativa brincando? Será que os 
docentes têm enxergado os jogos como um aliado fundamental no procedimento do ensinar? 
Dessa forma, com a nova mudança na LDB (Lei de Diretrizes e Base da Educação) 
 Para responder aos questionamentos e objetivos propostos deste trabalho, foi 
empregada a metodologia de pesquisa Qualitativa para verificação dos resultados, pois é uma 
prática que posiciona o observador no contexto da pesquisa, no mundo, ou seja, deriva uma 
prática interpretativa. A partir do uso da referida metodologia, houve a possibilidade da coleta 
de dados e análise de uma variedade de materiais desde jogos, para conhecê-los melhor, às 
entrevistas propriamente ditas in lócus, em que se fez necessário um estudo minucioso de 
pesquisas bibliográficas em que, no primeiro momento buscou-se a leitura de livros, revistas, 
pesquisa na internet, enfim, tudo que pudesse ser conveniente aos estudos que fundamentam o 
trabalho apresentado aqui. 
Em seguida, realizou-se o fichamento, as indagações que estariam presentes no 
questionário para as entrevistas e o resumo do material, destacando os pontos mais 
interessantes para a elaboração dos três capítulos, sendo decisiva a complementação da 
pesquisa de campo no município de Cândido Mendes na “Escola Municipal Rôlmerson 
Robson”, para que através da técnica de abordagem etnográfica, na perspectiva da pesquisa 
Qualitativa, pudesse ser realizada a análise do uso de jogos, visto ser esse tipo de abordagem 
muito usada em sala de aula. Usou-se para tanto entrevistas semiestruturadas de cinco 
Professores dos 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental I e da coordenadora pedagógica da 
escola. Após a aquisição da base teórica, fez-se a análise das entrevistas, sendo avaliadas as 
informações referentes ao quefazem os professores e coordenação pedagógica com relação 
aos jogos. 
12 
 
 Para abordar todas as questões levantadas, esta monografia estrutura-se em três 
capítulos. No primeiro capítulo, denominado “O Uso dos Jogos na Educação: Breve 
retrospectiva histórica” aborda o uso dos jogos na educação fazendo-se uma sintética 
retrospectiva histórica, apresentando a história dos jogos no ensino, um pouco sobre 
estudiosos e psicólogos, dentre eles Piaget, Vygotsky, Friedman, Kishimoto, Brougère, que 
escreveram sobre os benefícios e tipos de jogos, justificando-os como alternativa 
metodológica eficaz no processo do ensino da escrita e leitura, pois, no século XIX, o jogo era 
visto como natural no ambiente das crianças e estimula as mesmas na busca de novos 
conhecimentos a partir dos seus próprios interesses; é algo instintivo, biológico, que as 
crianças utilizam para explorar o mundo conforme as suas necessidades, organizando os 
conhecimentos, resultando em uma educação significativa, em que através dos jogos e 
brincadeiras a criança explora o mundo conforme a sua realidade, tornando a aprendizagem 
mais fácil e prazerosa. 
 No segundo capítulo intitulado “Utilização dos Jogos no processo de Alfabetização”, 
trata sobre a utilização dos jogos no processo de ensino da escrita e leitura, ressaltando as 
dificuldades dos alunos no processo de alfabetização com relação ao tema principal de 
análise. O século XXI é marcado com grandes avanços educacionais e inovações 
pedagógicas, mas, se tem muito a melhorar, pois o que se percebe é que a educação não é tida 
como prioridade em nosso País. Diante desse contexto, como as crianças encontram 
complexidade ao aprender, o jogo torna-se uma importante ferramenta de ensino, visando 
abrandar as dificuldades, facilitando todo o seu processo de aprendizagem. Por isso, precisam-
se desenvolver estratégias para modificar essa realidade avançar nesse mecanismo de 
aquisição da escrita e leitura. 
 Por fim, no terceiro capítulo chamado “O uso dos Jogos na Escola Municipal 
Rôlmerson Robson” está exposto sobre o uso dos jogos na respectiva escola, vindo a 
responder aos objetivos e problemas propostos, através das entrevistas com professores e com 
uma das coordenadoras pedagógica da escola, em que esta e aqueles relataram sobre o uso dos 
jogos no cotidiano escolar, enfatizaram a importância dos mesmos no processo de 
alfabetização, e são utilizados como alternativa metodológica. Constatou-se ainda, a realidade 
vivenciada, por isso, os professores têm um papel muito importante e responsabilidades para 
que se tenha uma educação de qualidade, um ensino atuante que envolva os alunos e faça com 
que eles queiram aprender. 
Portanto, esta monografia de Conclusão de Curso é apropriada e significativa, visando 
contribuir e oportunizar aos professores uma reflexão sobre o mérito do uso dos jogos como 
13 
 
alternativa metodológica no processo de alfabetização, que é tão importante na formação 
integral da criança, pois elas aprendem brincando, sem sentir o peso desse segmento. Os jogos 
para serem eficientes no contexto educacional, devem ser planejados com objetivos definidos, 
conforme as necessidades, as dificuldades e realidade dos alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 O USO DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO: BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA. 
 
 Os jogos são importantes no desenvolvimento humano e estão presentes desde o início 
da humanidade no cotidiano das crianças, jovens, adultos e idosos, além de proporcionar 
prazer, alegria e entretenimento, é fundamental no desenvolvimento de habilidades e 
conhecimentos aliados ao processo de ensino/aprendizagem. Os jogos, para serem impostos 
na educação como alternativa metodológica, uma revolução no pensamento, com valor 
educativo, eles obtiveram vários significados, conforme a cultura, costumes da sociedade e 
teorias de pensadores de cada época. 
 Desde a Grécia Antiga, já se discutiam sobre maneiras diferentes de se aprender. 
Prova disso, se tem conhecimento de que em meados de 367 a. C, Platão, um filósofo e 
matemático, discípulo de Sócrates e profundo admirador que influenciou profundamente a 
filosofia ocidental, é considerado um dos principais pensadores gregos; Ele, em meio aos seus 
estudos, reconhecia os Jogos como um meio de atividade para a aprendizagem, pois, 
conforme Almeida (2003,19-20): 
 
Platão condenava, na Grécia, as atividades que exacerbavam a competição e 
o resultado. O filosofo defendia o jogo como um meio de aprendizagem mais 
prazeroso e significativo, de maneira que, inclusive os conteúdos das 
disciplinas poderiam ser assimilados por meio de atividades lúdicas. 
 
 Desde a época de Platão, cujo verdadeiro nome era Aristócles, já eram apontados os 
benefícios dos jogos na educação das crianças, porém, para os jogos serem utilizados como 
alternativo modo de proceder eficazmente no ensino, muitas mudanças culturais, sociais e 
educacionais fizeram-se necessário, pois, cada sociedade percebia o jogo conforme a cultura e 
influência estabelecida. Entretanto, na Idade Média o jogo perde seu valor educativo, sendo 
visto como não sério, servindo como distrações e futilidades e para divulgar os princípios de 
moral e ética da época. 
 De acordo com Ariés (1981), na Idade Média, os jogos eram basicamente destinados 
aos homens, visto que mulheres e as crianças não eram consideradas cidadãs; as crianças e 
seu jogo não tinham espaço, eram apenas, vistas como adulto em miniatura, e, por 
conseguinte, estando sempre à margem, não participavam de todas as atividades organizadas 
pela sociedade. 
15 
 
 Conforme Kishimoto (2007, p.28), 
 
[...] O Renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o 
desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender necessidades 
infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos 
escolares. Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à palmatória 
vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos. 
 
 No Renascimento o jogo passa a ter novos significados e importância, favorecendo a 
aprendizagem resultando no desenvolvimento da inteligência. O uso da palmatória foi muito 
utilizado por pedagogos da época, não obstante, o jogo passa a ter novos significados e 
importância, favorecendo a aprendizagem e resultando no desenvolvimento da inteligência. 
Nesse sentido, os jogos passam a serem alternativas metodológicas na qual se modifica as 
intervenções pedagógicas dos pedagogos, e, como o processo de ensino não se limitava ao uso 
da força e da agressão, os alunos poderiam aprender de forma lúdica e divertida. Além disso, 
com o Renascimento surgem muitos escritores que criticavam o sistema Educacional e social 
vigente, tendo como meta tornar livres as pessoas das superstições e tradições da Idade 
Média, servindo para possibilitar o acesso ao conhecimento, que por muito tempo ficou 
atrelado a mitos e restrito a poucos. 
 Rabelais, escritor renascentista francês, que explorava lendas populares, farsas, 
romances, bem como obras clássicas, ficou para posteridades como autor das obras primas 
cômicas “Pantagruel” e “Gargântua”. Rabelais discursa ainda, sobre jogo, utilizando 
personagens da época para desenvolver a trama de suas histórias, e, da mesma forma faz 
sátiras dos sofistas mostrando a deseducação de Gargântua, que não valorizava hábitos 
saudáveis de higiene e não valorizava os conhecimentos. 
 No século XV, Rabelais (apud Kishimoto, 2007, p. 28), 
 
[...] Critica a educação dos Sofistas (ou deseducação), excesso de comida, 
bebidas e divertimentos. No fundoRabelais critica o jogo como futilidade, 
como não sério, aliado ao dinheiro, e o valoriza como instrumento de 
educação para ensinar conteúdos, gerar conversas, ilustrar valores e prática 
do passado ou até para recuperar brincadeiras dos tempos passados. 
 
. 
16 
 
 De acordo com Neves (2009), Rabelais criou mais de 300 jogos para exercitar a mente 
e o corpo. Além disso, introduziu a dança, o canto, a modelagem, a pintura, o estudo da 
natureza, os trabalhos manuais e o teatro nas Escolas da França. 
 Diante dessas discussões com relação à aprendizagem, outro estudioso que 
questionava o meio para torná-la efetiva, Jean Jacques Rousseau, nascido em 28 de julho de 
1712, na cidade de Genebra (Suíça) e sua morte em 2 de julho de 1778, em Ermenoville 
(França), foi um importante Filósofo, teórico, político, escritor, e é considerado um dos 
principais filósofos do Iluminismo e um precursor do Romantismo, suas ideias influenciaram 
a Revolução Francesa( 1789). 
 Segundo Dalla Valle (2010), Rousseau em seu livro: Émile (1762), sugere a utilização 
de uma educação baseada nas necessidades das crianças, o que era inconcebível para uma 
época em que elas não eram consideradas seres diferentes dos adultos. Com Rousseau, a 
criança é levada a sério na sociedade, seus pensamentos e desenvolvimento passam a ser 
diferenciado, sendo consideradas como um ser com identidade e necessidades próprias, e o 
jogo naquela ocasião é entendido como parte do universo infantil, a criança se desenvolve 
brincando, troca experiências adquire conhecimentos através do brincar; o jogo, então, deixa 
de ser visto como distrações. 
 Concorde Neves (2009, p. 42) : 
 
Essa mudança foi provocada pela expressão romântica preparada pela obra 
de Jean Jacques Rousseau e plenamente afirmada na qualidade do 
pensamento filosófico na Alemanha do fim do século XIX e inicio do XX 
[...]. A atenção ao estudo do jogo torna-se mais forte nos séculos XVII e 
XVIII, período em que os jogos passam a significar objeto de estudo de 
interesse na ciência, uma vez que se tornaram uma verdadeira obsessão 
lúdica que tomou corpo no século das luzes. 
 
 Rousseau contribuiu para a constituição de uma nova representação da criança, em que 
esta deixa de ser vista como um adulto em miniatura, passando a ser vista como um ser com 
características próprias em suas ideias e interesses. Rousseau influenciou também, autores que 
sugeriram exercícios divertidos, revolucionando os métodos de ensino, porque até então, 
usava-se a palmatória para punir os alunos que erravam as atividades propostas. 
 Rousseau (2009, p. 44) apud Neves: 
 
17 
 
Que ressaltava que o valor do jogo ía bem além da simples distração, 
significando implicações políticas e morais, e assim contribuindo para a 
educação do ser humano em sua plenitude, Seus pensamentos influenciaram 
o surgimento da ideia de educação pedocêntrica, ou educação a partir da 
criança. Rousseau influenciou autores e pedagogos como Besedow- que 
propôs exercícios divertidos na aprendizagem- promovendo, portanto, uma 
abertura através da qual surgiria uma nova visão do jogo, em uma transição 
entre o puro artifício e a concepção romântica. 
 
 A partir de Rousseau, o jogo e a criança ganham novos olhares; a Pedagogia passa a 
organizar-se a partir dos interesses e necessidades das mesmas, os jogos são enfatizados como 
aliados e não como futilidade no ensino. 
 Neves (2009, p. 22) observa que: 
 
Para Rousseau, a primeira educação da criança deveria ser quase que 
inteiramente pelo jogo. Também para pensadores por ele influenciados, a 
criança era um organismo em desenvolvimento, para o qual cada fase do 
crescimento deveria ser estimulada, e que o jogo fazia parte do ser humano 
em desenvolvimento. 
 
 As ideias de Rousseau abriram caminho para as concepções educacionais de Johann 
Heinrich Pestalozzi (1746-1827), um pedagogista Suíço e educador pioneiro da reforma 
educacional, o qual lançou bases da Pedagogia Moderna, influenciando profundamente todas 
as correntes educacionais, igualmente, fundou escolas, cativava a todos para a causa de uma 
educação capaz de atingir o povo, e num tempo em que o ensino era privilégio de poucos, 
procurava estimular as faculdades intelectuais e físicas da criança. 
 Segundo Noal (2013, p. 8), Pestalozzi 
 
Defendia que as crianças deveriam ser educadas com amor desde o 
nascimento. A educação deveria ser sem dor, num ambiente natural, com 
amor, bondade, num clima de disciplina estrita, mais amorosa. A educação 
das crianças deveria ser ordenada pelos sentidos, adaptou métodos com 
atividades de músicas, artes, soletração, geografia e aritmética, Pestalozzi 
defendia também a prontidão da criança para o processo de ensino e 
aprendizagem, assim como a organização graduada do conhecimento. 
 
 Pestalozzi percebia no afeto, o papel central na Pedagogia Moderna. Ele planejou um 
sistema de Ensino prático e flexível, em que a intenção era estimular as faculdades 
18 
 
intelectuais e físicas das crianças; suas ideias influenciaram o Filósofo e Pedagogo Friedrich 
Froebel (1782-1852), o qual obteve grande influência na Educação Infantil, pois, de acordo 
com Dalla Valle (2010), Friedric foi o primeiro Pedagogo a incluir os jogos no sistema 
educativo. Foi chamado de “o Pai da Pré-Escola”, por sua proposta de educação infantil em 
que inaugura o Kindergarten (Jardim de Infância Alemão), destacava a ação (e, 
consequentemente, o jogo) como parte da educação das crianças pequenas. 
 Neves (2009, p. 49) cita que: 
 
[...] Filósofo Froebel, situado no cerne do pensamento romântico e descrito 
como quem teve uma influência real na educação infantil, ao propor uma 
prática que privilegiasse o jogo e outros brinquedos específicos. Para ele, o 
jogo e a palavra representam a expressão do interior, ou seja, projetam para o 
exterior o que o sujeito sente no intimo. Defendia a existência de uma 
harmonia entre o interno e o externo, e que o jogo seria um meio de exprimir 
essa unidade do todo. O jogo seria ainda, simultaneamente, uma fonte de 
descoberta das leis essenciais e o meio prático de permitir à criança ir em 
direção à exteriorização das verdades profundas que possui intimamente. 
 
 Considerado um psicólogo de análises sobre a infância, Froebel, ponderava que a 
pedagogia considerasse a criança melhor; ele atentava para o jogo, como uma atividade 
criadora, um admirável instrumento para promover a educação das crianças e um elemento 
importante no desenvolvimento integral delas, propôs em compensação, que o jogo tenha um 
lugar privilegiado no desenvolvimento da mesma, fazendo com que através dele, elas possam 
expressar os sentimentos e conflitos internos. Vale lembrar que os jogos resultam em 
benefícios intelectuais, morais e físicos. 
 Segundo Kishimoto (2014, p. 102), 
 
Todos os jogos froebelianos envolvem movimentação das crianças de acordo 
com os versos por elas cantados. O conteúdo das músicas, em consonância 
com os movimentos, facilita o conhecimento espontâneo sobre os elementos 
do ambiente. O papel educativo do jogo é exatamente esse. Quando 
desenvolvido livremente pela criança, o jogo tem efeitos positivos na esfera 
cognitiva, social e moral. 
 
 Com John Dewey (1859-1952), Filósofo, Pedagogo e Pedagogista norte americano, a 
evolução foi ainda maior, para ele a educação está centrada no desenvolvimento da 
capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. A educação deve servir para resolver 
19 
 
situações da vida e a ação educativa tem como elemento fundamental o aperfeiçoamento das 
relações sociais. 
 Segundo Neves (2009, p. 24), Dewey: 
 
Afirmava que a fonteprimária de toda atividade educativa se encontra nas 
atitudes e atividades espontâneas (jogos, brincadeiras, mimicas) são 
passiveis de uso educacional. Criticou severamente a educação tradicional, 
principalmente no que se refere à ênfase dada ao intelectualismo e a 
memorização. 
 
 Defendia o aprender “fazendo”, alcançou uma forma de atividade dramática na 
educação e compreendia que o espírito da iniciativa e independência leva a autonomia e ao 
autogoverno, os jogos e a brincadeira conduzem ao conhecimento. 
 Conforme Almeida (2003, p.54), para Dewey: 
 
O jogo faz parte do ambiente natural da criança, partindo de que a verdadeira 
educação é aquela que cria na criança o melhor comportamento para 
satisfazer suas múltiplas necessidades orgânicas e intelectuais, necessidade 
de saber explorar, de observar, de trabalhar, de jogar, de viver, a educação 
não tem outro caminho senão organizar seus conhecimentos partindo das 
necessidades e interesses das crianças. 
 
 De acordo com Kishimoto (2014), Dewey, ao entender a infância enquanto época de 
crescimento e desenvolvimento estimulou a adoção de jogo livre como forma de atender 
necessidades e interesses da criança. 
 No século XIX, o jogo é visto como natural no ambiente das crianças e estimula elas 
na busca de novos conhecimentos a partir dos seus próprios interesses, que é algo instintivo e 
biológico, visto que, as crianças utilizam o jogo para explorar o mundo conforme as suas 
necessidades, organizando os conhecimentos, resultando em uma educação significativa; à 
vista disso, através dos jogos e brincadeiras a criança explora o mundo conforme a sua 
realidade, tornando a aprendizagem satisfatória. 
 Partindo das ideias de Dewey, da importância da psicologia da criança e das 
necessidades sociais, Decroly (1871- 1932) Médico e Educador Belga, criou um método de 
ensino globalizado, com a finalidade de evitar a fragmentação do ensino e atender as 
necessidades das crianças. Segundo o mesmo, as crianças aprendem o mundo com base na 
20 
 
visão do todo. O jogo não é o fim visado, mas, o eixo que conduz a um conteúdo didático 
determinado. 
 Conforme Kishimoto (2014, p.113), 
 
Decroly (1926) divulgou seus jogos. Destinados ao desenvolvimento 
intelectual e motor, tais jogos foram reproduzidos e passaram a ocupar o 
espaço da educação pré-escolar. Os jogos educativos não constituem senão 
que uma das múltiplas formas que podem tomar o material do jogo, mas que 
têm por meta dominante a de fornecer à criança objetivos susceptíveis de 
favorecer a iniciação a certos conhecimentos e também permitir repetições 
frequentes em relação à retenção e as capacidades intelectuais. 
 
 De acordo com Kishimoto (2014), é muito provável que, para educadores que não 
conheciam a natureza dos jogos, as orientações como as de Decroly tenham contribuído para 
ocultar a diferença entre o jogo livre e aquele destinado à aquisição de conteúdos. 
 No século XIX e XX, o jogo é defendido por Karl Gross, Filósofo e Pensador alemão, 
como propulsor do desenvolvimento da inteligência, levando o indivíduo a aquisições de 
descobertas, experiências, propiciando o desenvolvimento. O jogo é abordado como pré-
exercício na busca do eu, físico e psicológico, exercitando o indivíduo por meio das 
aquisições (descobertas, experiências, fantasias), em seu desenvolvimento. 
 Gross (1861-1946) confere ao jogo um caráter científico, com sua teoria da 
Recapitulação e do pré- exercício faz do jogo um lugar de Educação, tornando possível a 
associação da mesma com o Jogo, e, portanto, configurando um quadro teórico que valoriza o 
Jogo como instrumento Pedagógico. 
 Outra influência que se acrescenta à valorização do jogo como ação livre, provém de 
Maria Montessori, que nasceu em 1870 em Chiaravalle, considerada a primeira mulher 
italiana a concluir o curso Medicina, com um estudo sobre neuropatologia. Trabalhou durante 
dois anos como assistente na clínica psiquiátrica da Universidade de Roma, onde era a 
principal encarregada de estudar o comportamento de um grupo com de jovens com retardos 
mentais, e de acordo com Kishimoto (2014), Montessori Inspirada pela experiência que tinha 
adquirido na clínica em contato com as crianças, que tinha visto brincar no assoalho com 
pedaços de pão por falta de brinquedos, decidiu se dedicar aos problemas Educativos e 
Pedagógicos. Estudou Pedagogia, fundou uma casa das crianças, (casa dei Bambini), onde 
estas podiam aprender a conhecer o mundo. Montessori teve como influências Rousseau. 
21 
 
 Montessori (apud Kishimoto, 2014, p. 115) afirma que: 
 
É necessário que a escola permita o livre desenvolvimento da criança para 
que a pedagogia científica nela possa surgir. Montessori organizou um 
conjunto de materiais criados por Itard e Séguin, destinados à educação 
sensorial, intelectual e moral. Tais materiais incluem exercícios para a 
apreensão de atividades do cotidiano como quadros de amarrar, abotoar, 
mobiliário adequado ao tamanho da criança, objetos domésticos, além de 
materiais destinados ao desenvolvimento dos sentidos e ao ensino do 
alfabeto, do numero, da escrita, da leitura e da matemática, necessários ao 
desenvolvimento gradativo da inteligência e à aquisição da cultura. 
 
 Montessori determinou que seus materiais fossem oferecidos à criança segundo uma 
ordem progressiva. Cada material com finalidade específica: os encaixes serviriam apenas 
para os exercícios de encaixe, as formas geométricas para sua distinção, etc. 
 De acordo com Kishimoto (2014), Montessori colaborou para subsidiar a tendência do 
uso dos jogos livres na educação infantil ao permitir à criança o direito de escolher os 
materiais para o trabalho escolar. 
 Na contemporaneidade, Brougère (1998), Filósofo francês e Antropólogo, 
conferencista e diretor do departamento de ciências da Educação da Universidade de Paris 
Norte, investiga a relação entre brincadeira, Educação e Pedagogia escolar. De acordo com 
Kishimoto (2014), Brougère contempla o sentido do jogo, veiculado nos tempos atuais, como 
um meio de expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança, que expressa através 
dele sua natureza psicológica e inclinações. 
 Ainda na época presente, destaca-se Kishimoto, professora associada da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo (USP), uma renomada pesquisadora na área da 
educação infantil. Coordenadora do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos, 
autora de livros e artigos especialmente sobre temas como Jogos e história da Educação 
Infantil. 
 Percebe-se que os jogos perpassaram por concepções de vários estudiosos e psicólogos 
no qual já foram abordados, e as influências abre um leque de possibilidades ao professor, 
servindo de fundamentos para tornar o processo de ensino e aprendizagem bem dinâmico. 
Dessa feita, através das teorias, os professores passam a ter mais conhecimento a respeito das 
particularidades, pois cada faixa etária tem uma forma de compreender e assimilar as coisas. 
22 
 
Partindo do pressuposto que a pesquisa aborda sobre o jogo como instrumento de intervenção 
da escrita e leitura, Piaget e Vygotsky dão sustentação a esta pesquisa. 
 
 
 
 
1.1 O INTERACIONISMO EM JEAN PIAGET. 
 
 Piaget (1896-1980), epistemólogo suíço, um dos maiores estudiosos do 
desenvolvimento humano, concentrou seus esforços em compreender como tem origem e 
evolui o conhecimento. Segundo Goulart (2013), para isso, Piaget transformou-se em 
estudioso do processo de desenvolvimento mental de crianças e adolescentes, focalizando as 
funções do conhecimento ou cognitivas (que envolvem o pensamento e as percepções e 
formações de conceitos) das funçõesde representação da realidade (linguagem, jogo, 
imitação, desenho) e da função afetiva. 
 Na teoria do desenvolvimento de Piaget se acentua aspectos estruturais e as leis 
essencialmente universais (de origem biológica) do desenvolvimento. A interação da criança 
com o ambiente, e com as pessoas, vai culminando na formação da identidade do indivíduo e 
na capacidade de desenvolver habilidades. Piaget contribuiu para a afirmação do 
construtivismo, perspectiva que admite que o conhecimento resulte da interação do sujeito 
com o ambiente, sua ação e o modo como esta interação se converte num processo de 
construção interna. 
 Castorina (2000, p. 17) apud Piaget (1973): 
 
O enfoque construtivista para interpretar o desenvolvimento dos 
conhecimentos é uma tentativa de superar o dualismo entre o sujeito e o 
objeto de conhecimento. O sujeito aparece construindo seu mundo de 
significados ao transformar sua relação com o real, penetrando cada vez 
mais profundamente neste ultimo e em sua própria maneira de pensar. [...] O 
projeto Piagetiano com relação ao desenvolvimento foi o de reconstruir as 
transições entre as formas “poder fazer” com o mundo, esclarecendo que 
cada uma esta vinculada aos problemas que as crianças possam resolver ao 
interrogar a realidade- física ou social ou ao tornar seu o que outros lhes 
colocaram. E o processo de transição exprime as reorganizações “do ponto 
de vista” infantil, da sua forma de significar os objetos de conhecimento. 
23 
 
 
 As crianças resolvem os problemas se apropriando dos objetos e do meio, dão 
significados ao real. A construção do conhecimento ocorre com a interação e mediação com o 
meio que vive e com as pessoas, assim, as crianças conseguem fazer sozinhas o que não 
conseguiam antes, constroem um mundo de significados com sua própria maneira de pensar 
interagindo com o meio na busca poder fazer, essa transição para o poder fazer. O 
desenvolvimento cognitivo é interpretado a partir da experiência com o meio físico. 
 Castorina (2000, p.32) observa: 
 
Entretanto, salientou-se acertadamente que, em Piaget, os sistemas lógicos 
ou as formas superiores do pensamento derivam de abstrações reflexivas 
sobre os aspetos mais formais dos esquemas de ação. Em geral, os 
mecanismos de equilibração dos quais qualquer processo de reflexão faz 
parte orientam a constituição da lógica natural de “dentro pra fora”. 
 
 O processo de evolução intelectual é explicado pelo processo de desenvolvimento. De 
acordo com Piaget, a assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra 
(classifica) um novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias, ou 
seja, quando a criança tem novas experiências (vendo coisas novas, ou ouvindo coisas novas) 
ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. 
 Piaget (1973, p.13) define assimilação como: 
 
[...] Uma integração a estruturas previa que podem permanecer invariáveis 
ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem 
descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas 
simplesmente acomodando-se a nova situação. 
 
 Assim sendo, a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um 
novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em 
função das particularidades desse novo estímulo. De acordo com Piaget, a teoria da 
Equilibração de uma maneira geral trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a 
acomodação, e, valendo-se é considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária 
para assegurar à criança uma integração eficiente dela com o meio ambiente. Das ações sobre 
o mundo, precede e coloca limites aos aprendizados, as crianças resolvem seus problemas 
24 
 
interrogando a realidade física; ele considerava que todo movimento e pensamento, 
correspondem a uma necessidade. A ação humana consiste, portanto, no movimento contínuo 
de Equilibração. 
 O processo de Equilibração pode ser definido como um mecanismo de organização de 
estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa levar o indivíduo à construção de uma 
forma de adaptação à realidade. O conceito de Equilibração sugere algo móvel e dinâmico, na 
medida em que a constituição do conhecimento coloca o indivíduo frente a conflitos 
cognitivos constantes que movimentam o organismo no sentido de resolvê-los. 
 Conforme Neves (2009, p.53), Piaget concluiu que: 
 
A partir da observação sistemática de seus próprios filhos e, posteriormente, 
de muitas outras crianças, com a participação de vários colaboradores, 
concluiu que havia diferenças cruciais entre o pensamento do adulto e 
criança em várias circunstâncias, pelo fato de as habilidades humanas serem 
desenvolvidas ao longo da vida do sujeito. Estudou a evolução do 
pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais 
que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Foi o propositor da 
epistemologia genética e desenvolveu uma teoria de etapas pressupondo que 
os seres humanos passam por uma serie de mudanças ordenadas, oriundas da 
interação com o ambiente construindo estruturas mentais e adquirindo 
maneiras de fazê-las funcionar. 
 
 A obra de Jean Piaget pretende esclarecer a sequência do desenvolvimento do modelo 
do mundo que a criança vai construindo ao longo de cada período de sua vida. A criança se 
desenvolve conforme suas fases biológicas, e todos os períodos são caracterizados e 
explicados por Piaget, que através de observações de muitas crianças, concluiu que as mesmas 
possuem particularidades e seus comportamentos evoluem conforme os períodos de 
desenvolvimento. 
 Segundo Goulart (2013, p.24), para Piaget, os seguintes estágios de desenvolvimento 
psíquico são: 
 
Estágio sensório-motor, de 0 a aproximadamente 18 ou 24 meses, neste 
estádio, a criança ainda não dispõe da função simbólica e não apresenta uma 
forma de pensamento[...] No estádio objetivo- simbólico ou pré- operatório: 
inicia-se aproximadamente aos 2 anos e vai até aos 6 ou 7 anos. O inicio 
desse período é marcado pela instalação simbólica, especialmente pela 
linguagem, inicia-se um contato maior com o mundo exterior [...] Estádio 
operacional concreto, apartir dos 6 ou 7 anos indo até os 11-12 anos 
25 
 
,operações lógicas são ações interiorizadas e reversíveis, a partir das quais 
conhecer o real é pensar sobre ele [...] Estádio das operações abstratas ou 
formais, inicia-se aproximadamente aos 11-12 anos- a característica 
essencial deste estádio é a capacidade de distinguir entre o real e o possível 
[...]. 
 
 São períodos em que as crianças se desenvolvem, adquirem experiências, constroem 
conhecimentos e assim ocorre a maturação; por outro lado, há as transmissões culturais que 
devem ser conhecidas e acompanhadas pelos professores para montar um plano de ensino 
eficaz, no qual a linguagem, o conteúdo, os jogos, as brincadeiras estejam adequadas para 
cada período e processo de desenvolvimento. As crianças só adquirem conhecimento quando 
se desenvolvem, passando por cada estágio. 
 De acordo com Furtado (2012), considerando a importância do jogo, Piaget (1973) 
analisa seu desenvolvimento relacionando-o ao desenvolvimento cognitivo, e descreve os 
tipos de jogos como: os jogos de exercício, simbólicos, de regras e de construção. Como o 
público alvo da pesquisa aqui proposta são alunos dos anos iniciais com 6 - 8 anos de idade, 
atem-se aos jogos simbólicos e de regras para descrever o processo de desenvolvimento. Nos 
períodos de desenvolvimento, os jogos simbólicos e de regras são executados conforme os 
avanços e capacidades construídas pelas crianças em cadaperíodo, pois, cada um representa 
as formas que as mesmas se desenvolvem, interagindo com o meio e adquirem o 
conhecimento e maturação para desenvolverem determinadas tarefas. 
 
 1.2 JOGOS SIMBÓLICOS E DESENVOLVIMENTO INFANTIL. 
 
 O jogo faz parte do universo infantil, as crianças se desenvolvem e aprendem 
brincando. Com os resultados das pesquisas de Piaget, houve inovações pedagógicas que 
influenciaram profundamente a Educação. Para Piaget (1973), do ponto de vista genético a 
estrutura lúdica correspondem a uma estrutura mental, respectivamente, o jogo simbólico está 
presente no período sensório motor e pré-operatório, culminando no desenvolvimento 
cognitivo, das crianças. 
 De acordo Montoya (2011, p. 76): 
 
26 
 
Os Jogos simbólicos expressam os aspectos afetivos e cognitivos do 
desenvolvimento psicológicos, os jogos simbólicos permitem a observação 
da assimilação deformante, isto é, da incorporação do mundo ao bel prazer 
da criança, dirigida pela busca da satisfação das necessidades do eu. Ainda 
que a deformação da realidade seja o foco do jogo simbólico, Piaget destaca 
que não se trata de uma alucinação, pois a criança não perde o contato com a 
realidade, deformando-a intencionalmente (poderíamos dizer, 
conscientemente) para compor o contexto da brincadeira de ficção. 
 
 As crianças, através dos jogos simbólicos interagem com a realidade, representam 
através do brincar a sua realidade, quando brincam de professora e aluna, por exemplo, 
reproduz na brincadeira como a professora se comporta em sala de aula. Percebe-se assim, a 
importância do jogo simbólico no desenvolvimento psicológico, cognitivo e social do aluno. 
Ao brincar, a criança faz uma assimilação do mundo conforme as suas ideias, sem ter 
compromisso com a realidade. 
 Montoya (2011, p.78) explica: 
 
Pra que se brinca? A explicação geral oferecida pela sua teoria aponta a 
principal razão para o brincar e em especial para brincar simbolicamente: 
construir conhecimentos sobre o mundo de maneira representacional 
podendo distinguir ( no caso dos jogos simbólicos) os objetos propriamente 
ditos( significados) de seus representantes ( significantes). 
 
 O brincar permite a criança expandir-se, elaborar novos conhecimentos e estímulos 
sobre o mundo, estimulando a inteligência, as brincadeiras, os jogos são considerados como 
uma atividade que propicia o conhecimento e a afetividade. As crianças transformam o real 
em brincadeira. 
 
1.3 JOGOS DE REGRAS. 
 
 As regras estão presentes em todas as brincadeiras de forma explicita como implícita, 
nas brincadeiras como a amarelinha, dominó, xadrez as regras são expressas formalmente, nas 
brincadeiras de bonecas na qual a criança brinca de mãe e filha as regras são subentendidas; a 
própria criança vai criando regras conforme a imaginação, e experiências vividas. 
 Considerando o exposto, Montoya (2011, p.80) evidencia que: 
27 
 
 
Os jogos, considerados a mais verdadeira instituição infantil em seus 
aspectos práticos (prática de regras) e internalizados (consciência de regras) 
revelam como consciência individual gradativamente assimila as regras e as 
relações sociais. No caso da criança pequena esta assimilação esta 
diretamente ligada às pessoas que transmitem as regras e ao sentimento de 
obediência mesclado com o de respeito pela autoridade, enquanto que a 
criança mais velha relaciona-se diretamente com a regra enquanto 
reguladora de ações presentes num conjunto de possibilidades. 
 
 Os jogos de regras abordados por Piaget trazem muitos benefícios no desenvolvimento 
dos alunos, as crianças pequenas, não conseguem seguir as regras do jogo, não possuem 
consciência de regras, precisam da intervenção do professor para jogar. Porém, observa-se nos 
jogos, que as regras são uma característica marcante, mesmo sem perceber as crianças acabam 
seguindo regras, mas, com os jogos educativos, a linguagem que os professores utilizam ao 
ensinar deve estar adequada à faixa etária. 
 Para Montoya (2011, p.84): 
 
Os jogos de regras mais frequentes dentre as atividades de crianças da 
chamada segunda infância (após 7/8 anos, aproximadamente), revelam 
relações entre o pensamento lógico, os sentimentos normativos e regulações 
mais avançadas de tendências opostas [...] nesse período, os sentimentos se 
tornam normativos incorporando em sua dinâmica, as regras, a reciprocidade 
de interesses e os valores. 
 
 Os alunos não se prendem ao professor para determinar as regras, seguem a regra do 
jogo, já conseguem construir os valores e pensamento lógico, com isso os jogos de regras 
resultam em organização mental, atenção, assimilação, concentração, e nesse período os 
alunos já conseguem entender as regras. Segundo Montoya (2003) apud Piaget, defende em 
seu trabalho que as diferentes formas de jogos, principalmente o de regras, na medida em que 
resultam da organização mental da própria inteligência, podem também intervir 
favoravelmente para a sua educação. 
 Segundo Montoya (2011, p.87): 
 
Do ponto de vista genético, a estrutura lúdica, de exercício, de símbolos e de 
regras, correspondem uma forma de organização mental, respectivamente, 
sensório-motora, pré-operatória. Essas estruturas não se constituem de forma 
linear, antes de subordinam às características que definem os estágios do 
desenvolvimento cognitivo implicando ordem, sucessão e integração. 
 
28 
 
 Conforme Piaget, a criança vai passando do estágio sensório-motor para o pré- 
operatório, os tipos de jogos a serem utilizados dependem das características de cada estágio e 
do desenvolvimento cognitivo dos alunos. É importante conhecer os estágios que cada criança 
esta passando, para utilizar os jogos corretamente, pois, a organização mental acompanha os 
estágios de desenvolvimento. 
 
1.4 O INTERACIONISMO EM VYGOTSKY. 
 
 Vygotsky (1896-1934), nascido na cidade de Orsha, na Bielo- Rússia, concluiu seus 
estudos em Direito e Filologia, lecionou Literatura e Psicologia em Gomel e fundou a revista 
literária Verasky, lecionou Psicologia e Pedagogia em Moscou, particularmente foi pioneiro 
no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das 
interações sociais e condições de vida. Para haver o desenvolvimento mental, psicológico e 
cognitivo é necessária a interação social, a sociabilidade do homem com o meio em que vive e 
com outros indivíduos, para uma influência interna, o processo de desenvolvimento vai de 
fora para dentro. Insiste em aportes da cultura, na interação social e na dimensão histórica. 
 De acordo com Kishimoto (2007, p.32) apud Vygotsky: 
 
Os processos psicológicos são construídos a partir de injuções do contexto 
sócio-cultural. Seus paradigmas para explicar o jogo infantil colocam-se na 
filosofia marxista-leninista, que concebe o mundo como resultado de 
processos históricos-sociais que alteram não só o modo de vida da 
sociedade, mas inclusive as formas de pensamento do ser humano. São os 
sistemas produtivos geradores de novos modos de vida fatores que 
modificam o modo de pensar do homem. 
 
 A sociedade, cultura e seus símbolos influenciam o desenvolvimento das crianças, o 
jogo se justifica no processo de formação das crianças por ter ganhado espaço desde o 
Romantismo, em que a criança, passa a ser vista como um ser pensante com suas 
particularidades e seus jogos deixam de ser vistos como distração e relaxamento. Conforme as 
estruturas sociais, politicas e econômicas se modificam, a cultura da sociedade se transforma, 
novos modos de vida vão surgindo. 
 Segundo Ivic (2010, p.15), 
 
29 
 
Se houvesse que definir a especificidade da teoriade Vygotsky por uma 
série de palavras e de fórmulas chave, seria necessário mencionar pelo 
menos, as seguintes: sociabilidade do homem, interação social, signo e 
instrumento, cultura, história, funções mentais superiores. E se houvesse que 
reunir essas palavras e essas fórmulas em uma única expressão, poder-se-ia 
dizer que a teoria de Vygotsky é uma teoria sócio-histórico-cultural do 
desenvolvimento das funções mentais superiores, ainda que ela seja chamada 
mais frequentemente de “teoria histórico-cultural”. 
 
 As relações sociais e a mediação são responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo, 
social e psicológico das crianças, é por meio da interação social que elas vão construindo 
experiências se desenvolvem e ocorre a aprendizagem. Os signos os instrumentos, os objetos 
contribuem na aprendizagem, mas, não são determinantes. 
 Conforme Friedman (2006, p. 26) para Vygotsky: 
 
O desenvolvimento ocorre a partir de um processo sócio histórico mediado 
por relações, e não por acesso direto ao objeto. O conhecimento é mediado 
pelos sistemas simbólicos de representação da realidade, o universo de 
conhecimento. [...] não tem acesso direto aos objetos, mas um acesso 
mediado, isto é, feito através dos recortes do real operados pelos sistemas 
simbólicos de se dispõe. 
 
 Na perspectiva histórico-social da Teoria de Desenvolvimento de Vygotsky, a 
formação psíquica das crianças se dá através de internalização mediada pela cultura, com isso, 
Vygotsky desenvolve a teoria da zona de desenvolvimento proximal, que evidencia o caráter 
orientador da aprendizagem com relação ao desenvolvimento cognitivo, na qual a interação 
social e o contexto sócio cultural são centrais. A zona de desenvolvimento proximal poderia 
ser sumariamente definida como intervalo entre determinado nível de desenvolvimento e a 
capacidade potencial para aprender certas coisas, que não é outra coisa senão a distância entre 
o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver 
independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado 
através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro 
mais capaz. 
 Conforme Castorina (2000, p.15): 
 
O esforço de Vygotsky foi mostrar que, além dos mecanismos biológicos 
apoiados na evolução filogenética e que estavam na origem das funções 
30 
 
“naturais”, existe um lugar crucial para a intervenção dos sistemas de signos 
na construção da subjetividade humana. A tese é que os sistemas de signos 
produzidos na cultura na qual vivem as crianças não são meros 
“facilitadores” da atividade psicológica, mas seus formadores. 
 
 Nesse ponto de vista, os jogos são ferramentas eficientes porque, enquanto as crianças 
brincam, automaticamente é motivada a aprendizagem e aumentam a capacidade de raciocínio 
exercitando as funções mentais e intelectuais do jogador. O jogo é considerado como signos 
construídos na cultura humana formadores da atividade psicológica. 
 
1.5 JOGOS SIMBÓLICOS NA VISÃO SÓCIO-HISTÓRICA. 
 
 Os jogos simbólicos, no processo de desenvolvimento cognitivo, psicológico e social, 
são reconhecidos por terem um papel importante na formação da criança, as influências 
internas e por intermédio de imagens, comportamentos, signos, orientam e dirigem o 
comportamento adotado pelas mesmas; a interação social, o convívio com as pessoas é 
essencial nesse processo de desenvolvimento. 
 Segundo Vygotsky (2007, p. 64): 
 
Linguagem e jogo simbólico são expressões de um sistema mediado, no qual 
eventos internos, imagens ou palavras, servem para orientar e dirigir o 
comportamento. Jogo simbólico é um mecanismo comportamental que 
possibilita a transição de coisas como objetos do pensamento. 
 
 Nos jogos simbólicos, a criança organiza as suas ideias, através da interação social 
transforma realidade e pode interagir com o meio através da imaginação, na brincadeira de 
boneca, por exemplo, brinca de mãe e filha, através da brincadeira reproduz o seu dia a dia 
com sua mãe, se reporta a boneca conforme sua mãe se comporta e a trata, através da 
brincadeira pode fazer o que os adultos fazem e pode fazer o que só sua mãe faz e isso só é 
possível devido à convivência com a Família e a imaginação. Vygotsky (2007, p.117) afirma 
que a criança “no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Assim ao atuar 
no mundo imaginário, seguindo suas regras cria-se uma zona de desenvolvimento proximal, 
pois há o impulso em direção a conceitos e processos de desenvolvimento”. Nesse caso, as 
31 
 
crianças que necessitam da intervenção de um adulto tornam-se capazes de resolverem seus 
próprios problemas quando atingirem a zona de desenvolvimento real. 
 Para Vygotsky (2007, p.281): 
 
 É por meio de outros, por intermédio do adulto que a criança se envolve em 
suas atividades, absolutamente, tudo no comportamento da criança está 
fundido, enraizado no social. Assim as relações das crianças com a realidade 
são, desde o inicio, relações sociais. Neste sentido, poder-se-ia dizer que o 
bebê é um ser social no mais elevado grau. 
 
 Para haver o desenvolvimento mental, cognitivo e psicológico, a criança necessita das 
interações sociais; A fala, a memória, pensamento, tudo está condicionado às interações e 
mediação, pois, para a teoria de Vygotsky a Interação social desempenha o papel construtivo 
do desenvolvimento. Para Vygotsky (2007, p.39), “é através do jogo que a criança aprende a 
agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o 
desenvolvimento da linguagem, pensamento, interação e da concentração”. 
 Segundo Ivic (2010, p.26): 
 
Nenhuma teoria psicológica do desenvolvimento confere tanta importância à 
educação quanta a de Vygotsky. Para ele, a educação não tem nada a de 
externo ao desenvolvimento: “a escola é o lugar mesmo da psicologia, 
porque é o lugar das aprendizagens e da gênese das funções psíquicas”. [...] 
Graças à teoria de Vygotsky, direta ou indiretamente, todo um conjunto de 
problemas novos relativos à pesquisa empírica e de importância capital para 
a educação foi introduzida na psicologia contemporânea. 
 
 Para haver educação, a interação com outras pessoas é necessária, é através do 
convívio com a cultura e experiências que ocorre a aprendizagem, o desenvolvimento está 
condicionado à relação com outras pessoas, signos e o meio que vive. Mas, a educação não 
está condicionada somente a teorias e métodos de ensino para suprir as necessidades e 
dificuldades do mesmo; as estruturas sociais e politicas de cada época são determinantes no 
processo. 
 Os jogos não foram inseridos na educação por acaso, como já foi abordado 
anteriormente. Para Kishimoto (1998) “o jogo estimula a inteligência da criança como forma 
de enriquecer o seu aprendizado”. O jogo, foi e continua sendo fundamentado tanto nas 
32 
 
teorias quanto na prática, por vários psicólogos, educadores e estudiosos, foi inserido como 
alternativa metodológica de ensino porque é eficaz no processo de alfabetização, as 
brincadeiras e os jogos resultam em benefícios intelectuais, morais e físicos dos alunos, disso, 
não se têm dúvidas. Os educandos desenvolvem-se mais rápido e ganham autonomia, 
interagem com o meio e com os colegas, e, o professor determinando os objetivos que quer 
alcançar, terá nos jogos grandes avanços, resultando no desenvolvimento integral da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
2 A UTILIZAÇÃO DOS JOGOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 
 
 Com as contribuições de Piaget e Vygotsky, grandes avanços educacionais einovações pedagógicas foram possíveis, os jogos educativos são importantes ferramentas de 
ensino, sendo uma via de acesso para que as crianças possam despertar para o mundo e 
aprender coisas novas de um jeito dinâmico e inovador, funcionando também como 
instrumento facilitador no processo de aquisição da escrita e leitura, na qual muitos alunos 
apresentam dificuldades. 
 Partindo do pressuposto que o Ensino Fundamental todo passa a ter duração de nove 
anos, faz-se necessário entender essa mudança, na qual foi realizada para acompanhar as 
modificações e necessidades sociais. No dia 6/02/2006, o Presidente da República sancionou 
a Lei nº 11, que regulamenta o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, com o objetivo de 
assegurar a todas as crianças um tempo maior de convívio escolar e maiores oportunidades de 
aprender. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 9394/ 1996) passa por 
alterações, visando dar melhores orientações e organização no ensino, conforme o contexto 
que se encontra para a sociedade. 
 Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (9394/ 96), atualizada em 
2014, no seu Artigo 32: 
 
O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 ( nove) anos, gratuito 
na escola pública, iniciando-se aos 6( seis )anos de idade, terá por objetivo a 
formação Básica do cidadão mediante: ( Redação dada pela lei nº 11.274, de 
2006): I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios 
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do calculo; II- A 
compreensão do ambiente natural e social do sistema político, da tecnologia, 
das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III O 
desenvolvimento da capacidade de aprendizagem , tendo em vista a 
aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
 
 Com as alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as crianças 
ingressam mais cedo no Ensino Fundamental, trazendo muitas dúvidas, mediante o processo 
de ensino/aprendizagem, são crianças pequenas e os direcionamentos pedagógicos devem 
estar acessíveis a todos para que ocorra o pleno domínio da escrita e leitura. É importante que 
o trabalho pedagógico com os alunos dos anos iniciais, garanta o estudo articulado das 
ciências sociais, das ciências naturais, das noções lógico matemáticas e das linguagens. Com 
34 
 
as modificações, o professor tem que participar de cursos de capacitação para saber como 
introduzir um conhecimento articulado e necessário para essa nova clientela do Ensino 
Fundamental, superando as dificuldades no segmento de alfabetização. 
 Na sociedade moderna, as crianças têm acesso mais cedo a tecnologias, a jogos 
eletrônicos, ficam atentas também à televisão que ocupa grande parte do tempo delas, 
sobrando pouco momento para o estudo em casa, e ainda tem a rotina dos pais que trabalham 
muito. 
 Não obstante, diante desse contexto descrito acima, fica comprometido o processo de 
alfabetização, visto que, os professores ficam em sala de aula por quatro horas, ou mais, com 
as crianças, e geralmente são salas lotadas com alunos em diferentes graus de aprendizagens, 
e nas demais horas dependendo da rotina diária, as crianças ficam em casa, sendo a 
participação familiar nesse processo é muito importante. Com todas essas dificuldades que 
geralmente é comum na rotina de muitos alunos e Professores, é preciso encontrar alternativas 
metodológicas que facilitem o processo de alfabetização e que estimulem os alunos a 
aprender. Com isso o jogo torna-se uma estratégia de aprendizagem eficaz, que favorece ao 
aluno um ensino dinâmico, inovador e interessante aos olhos da criança. 
 Conforme Furtado (2012, p.58), 
 
Independentemente da terminologia utilizada, as pesquisas enfatizam que os 
jogos trazem benefícios, visto que possibilitam desenvolvimento e excitação 
mental, desenvolvem a memória, atenção, observação, raciocínio, 
criatividade, e contribuem favorecendo a desinibição [...] assim a criança 
aprende a definir valores, formar juízos, fazer escolhas. A linguagem torna-
se mais rica por meio da aquisição de novas formas de expressão. 
 
 Os jogos e brincadeiras influenciam o desenvolvimento infantil, podendo ser utilizado 
na escola como um recurso metodológico para a realização de atividades com fins educativos, 
facilitando o aprender. 
 Para Kramer (2010, p.98): 
 
A alfabetização é um processo que começa a ser construído fora e antes da 
entrada da criança na escola. Muitos pesquisadores vêm buscando 
compreender como se dá essa construção, poucas, mas significativos 
pedagogos vêm criando alternativas teóricas- práticas de alfabetização como 
processo cultural- especialmente Freinet e Paulo Freire 
35 
 
 
. 
 Como a alfabetização é um seguimento muito importante e absolutamente necessário 
na formação escolar das crianças, deve ser bem desempenhada as alternativas metodológicas 
quanto a aplicação das mesmas, tornando assim, o processo de aquisição da escrita leitura, 
mais fáceis e prazerosas para os alunos. 
 Kramer (2010, p, 82) ainda ressalta que: 
 
Levando em conta tanto os problemas existentes no contexto escolar quanto 
às dificuldades decorrentes das diversas estratégias comuns à formação em 
serviço, cabe propor alternativas capazes de superá-las, em direção a uma 
prática que entenda o aluno como um ser político, histórico, pertencente a 
uma classe, com uma cultura, uma etnia e um gênero. Uma diretriz básica 
seria- na formação de professores em serviço- possibilitar uma aproximação 
entre a atuação do professor em sala de aula e os conhecimentos nos quais 
ele fundamenta esta atuação. 
 
 Entretanto, para o Professor dar conta de alfabetizar aos alunos e introduzi-los de 
forma satisfatória ao conhecimento e ao desenvolvimento de habilidades, a prática de 
transmissão do conhecimento tem que estar pautada na realidade dos educandos, e, 
juntamente com a metodologia de ensino, devem ser dinâmicas e atraentes conforme as 
necessidades e os conteúdos propostos. Como se discursa muito sobre alfabetização e 
letramento, é de suma importância conhecer alguns conceitos dos mesmos, na visão de alguns 
autores. 
 Para Rios (2009, p. 33): 
 
[...] A Alfabetização e o Letramento são processos que se mesclam e 
coexistem na experiência de leitura e escrita nas práticas sociais, apesar de 
serem conceitos distintos. Alfabetização é [...] a ação de Alfabetizar, de 
tornar Alfabeto. É apropriar-se do sistema de escrita. O conceito de 
Letramento [...] é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas 
sociais de leitura e escrita. 
 
 O mesmo autor diz que alfabetização refere-se a codificar e decodificar a língua 
escrita, enquanto o letramento, à apropriação da escrita. Para Soares (2000, p. 39) a diferença 
entre o alfabetizado e o letrado é que: 
36 
 
 
[...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um individuo letrado, 
o alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever, já o indivíduo 
letrado, o indivíduo que vive um estado de letramento, e não só aquele que 
sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, 
pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente as demandas sociais de 
leitura e de escrita. 
 
 Os professores têm o desafio de tornarem os alunos alfabetizados e letrados, para que 
eles possam interagir com a sociedade de forma plena e eficaz, tornando-os cidadãos 
autônomos e desenvolvendo habilidades para interatuar no dia a dia. Além disso, o Professor 
deve buscar novos caminhos para alcançar os objetivos em sala de aula, fazendo com que 
todos sejam alfabetizados no tempo preciso. 
 Castorina (2000, p.65) enfatiza que Vygotsky:Preocupa-se com a importância da intervenção pedagógica intencional para 
que ocorra o processo de alfabetização, de domínio do sistema de leitura e 
escrita. Mesmo imersa em uma sociedade letrada, a criança não desabrocha 
espontaneamente como uma pessoa alfabetizada: a aprendizagem de um 
objeto cultural tão complexo como a escrita depende de processos 
deliberados de ensino [...] A mediação de outros indivíduos é essencial para 
provocar avanços no domínio desse sistema culturalmente desenvolvido e 
compartilhado. 
 
 A escrita é um objeto cultural muito complexo, a forma como a criança é conduzida a 
aprender faz toda a diferença, os cursos deliberados de ensino têm que corresponder às 
necessidades das crianças e os professores devem buscar novos conhecimentos, ou seja, 
atualizar-se. Visando o desenvolvimento da criança, tanto no físico, emocional, intelectual, 
afetivo e social, os jogos merecem atenção especial e particular, haja vista que, com eles e as 
brincadeiras, a criança se desenvolve de forma integral e dinâmica. 
 A alfabetização vai muito além de aprender ler e escrever, a aquisição da linguagem 
da escrita representa um salto no desenvolvimento da pessoa e provoca uma mudança 
psicológica e intelectual da criança, saber comunicar-se e expressar-se interagindo com o 
mundo a sua volta. O tipo de instrução que as crianças recebem no processo de aprendizagem 
influencia o tipo de habilidades que poderão adquirir. 
 Conforme Castorina (2000, p.63): 
37 
 
 
A escrita, sistema simbólico que tem um papel mediador na relação entre 
sujeito e objeto de conhecimento, é um artefato cultural que funciona como 
suporte para certas ações psicológicas, isto é, como instrumento que 
possibilita a ampliação da capacidade humana de registros, transmissão e 
recuperação de ideias, conceitos, informações. A escrita seria uma espécie de 
ferramenta externa, que estende a potencialidade do ser humano para fora de 
seu corpo: da mesma forma que ampliamos o alcance do braço com o uso de 
uma vara, com a escrita ampliamos nossa capacidade de registro, de 
memória e de comunicação. 
 
 Para o aluno ser considerado alfabetizado, deve apropriar-se da linguagem escrita e 
conseguir compreender os códigos escritos, e através dos livros, de revistas, ter acesso a um 
novo mundo da cultura humana, e como a escrita é um processo importante, ela necessita da 
mediação do Professor para ter êxito. 
 Para Vygotsky (2007, p.119): 
 
 Esse complexo sistema de signos que é a linguagem escrita fornece um 
novo instrumento de pensamento à criança, permite outra forma de acesso ao 
patrimônio cultural da humanidade (contidos nos livros e outros tipos de 
textos) e promove novas formas de relacionamento com as outras pessoas e 
com o conhecimento. [...] critica o ensino da escrita apenas como habilidade 
motora. Ensina-se a criança a desenhar letras e a construir palavras com elas, 
mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal forma a mecânica 
de ler o que está escrito que acaba obscurecendo a linguagem escrita como 
tal. 
 
 De acordo com Rios (2009), o processo de alfabetização, não se reduz a um conjunto 
de técnicas percepto-motoras, nem está atrelada à motivação, mas, a uma aquisição 
conceitual. Essa teoria baseia-se na concepção teórica Piagetiana, em que os conhecimentos 
são construídos a partir da ação do sujeito em interação com o objeto de conhecimento. 
 Segundo Kramer (2010, p.99): 
 
A aprendizagem da leitura/escrita envolve uma dimensão simbólica, 
expressiva e cultural, ser alfabetizador consiste em favorecer esse processo, 
propiciando, inicialmente, que as crianças realizem atividades sistemáticas, 
organizadas de tal forma que as diferentes formas de representação e 
expressão infantis sejam ampliadas gradativamente, até que compreendam o 
que é a leitura e a escrita. 
 
38 
 
 Muitos professores com muitos recursos disponíveis, ainda se prendem a métodos 
tradicionais, reforçam atividades repetitivas, cansando as crianças e nem sempre é funcional, 
pois não engloba diferentes representações infantis, principalmente com as crianças dos anos 
iniciais. De acordo com Vygotsky (2007), a escrita deve ter significados para as crianças, a 
necessidade de aprender a escrever deve ser despertada, e, vista como necessária e relevante 
para a vida, só então poderão estar certos de que ela se desenvolverá não como hábito de 
mãos e dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem. 
 Conforme Castorina (2000, p.19): 
 
Assim, a aprendizagem consiste na internalização processo dos instrumentos 
mediadores e é uma aplicação do princípio antes mencionado: todo processo 
psicológico superior vai do âmbito externo para o interno, das interações 
sociais para as ações internas psicológicas. 
 
 Entretanto, como são crianças, os jogos e brincadeiras ajudam na internalização e 
assimilação dos conteúdos, e possibilita uma aprendizagem mais interessante aos olhos dos 
alunos, motivando-os ao alcance mais rápido da alfabetização. Para Jean Piaget (1973, p.158), 
“os jogos tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, pois a partir da 
livre manipulação de materiais variados, ela passa a construir objetos, reinventar as coisas, o 
que já exige uma adaptação mais completa”. 
 Quando a criança se apropria desses conhecimentos manuseando os jogos, ela terá um 
aprendizado mais eficaz em seu cotidiano escolar e até mesmo no ambiente Familiar, se a 
mesma tiver acesso aos jogos educativos. 
 Para Furtado (2012, p.58): 
 
A brincadeira e o jogo também possibilitam à criança o desenvolvimento da 
curiosidade, da iniciativa, da autoconfiança, assim como experienciar 
situações de aprendizagens que favoreçam a linguagem, o pensamento, a 
concentração e a atenção. 
 
 O acesso aos jogos se dá pelos professores, como uma alternativa metodológica de 
Ensino, o jogo estando inserido de forma organizada, sistematizada com objetivos 
estabelecidos, contribui consideravelmente na aquisição da escrita e leitura, desse modo os 
alunos assimilam com mais facilidade. 
39 
 
 De acordo com Antunes (2000), para que a prática pedagógica permeada por jogos 
seja eficaz na aprendizagem do aluno, é indispensáveis que esses jogos sejam selecionados de 
modo a atender aos objetivos da aprendizagem e substituídos por outros, quando o Professor 
perceber seu distanciamento dos objetivos propostos. 
 Para Leal (2005), o jogo é uma atividade lúdica em que crianças ou adultos participam 
de uma situação de engajamento social num tempo e espaços determinados, como 
características próprias delimitadas pelas próprias regras de participação nas situações 
imaginárias. Nesse sentido, os jogos são ferramentas eficientes, por que enquanto as crianças 
brincam automaticamente é motivada a aprendizagem e aumentam a capacidade de raciocínio 
exercitando as funções mentais e intelectuais do jogador. 
 Na perspectiva pedagógica, Kishimoto (1998), define o jogo como sendo educativo, 
uma vez que nasce como uma mistura entre o jogo e o ensino, e atualmente, é um aliado do 
Professor em sua tarefa diária de ensinar e instruir seus alunos. 
 Os autores abordados relatam a importância dos jogos associada à aprendizagem. 
Desta forma, entende-se que a verdadeira aprendizagem não se faz apenas copiando do 
quadro ou prestando atenção ao Professor, mas, no brincar, também, muitas vezes, acrescenta 
ao currículo escolar uma maior vivacidade de situações que ampliam as possibilidades de a 
criança aprender e construir o conhecimento. 
 De acordo com Friedmann (2006), o jogo na escola precisa ser visto como atividade 
do aluno e do educador. Assim, não é possível que

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