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02 Direito Ambiental Direito Ambiental Constitucional

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE 
JOÃO PESSOA 
UNIPÊ
DIREITO AMBIENTAL
Prof.º Edigardo Neto
Direito Ambiental
DIREITO AMBIENTAL 
CONSTITUCIONAL
Direito Ambiental
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
• A CF/88 foi a primeira a destinar um
capítulo ao meio ambiente, contemplando
um conjunto de comandos, obrigações e
instrumentos para a efetivação do meio
ambiente ecologicamente equilibrado,
como dever do Poder Público e da
coletividade.
• Para José Afonso da Silva, o artigo
subdivide-se em três conjuntos de normas:
• Norma-matriz – caput;
• Instrumentos de garantia de
efetividade – caput e o § 1º;
• Determinações particulares – demais
§§.
Direito Ambiental
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
• Todos têm direito – direito público
subjetivo – oponível contra todos (erga
omnes).
• Ecologicamente equilibrado – não poluído,
com higidez e salubridade.
• Bem de uso comum – a titularidade é
difusa, indisponível e insuscetível de
apropriação.
• Sadia qualidade de vida – dignidade da
pessoa humana. Direito de terceira
geração.
• Dever de defende-lo e preservá-lo –
responsabilidade ética intergeracional.
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade
desse direito, incumbe ao Poder
Público:
I - preservar e restaurar os processos
ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento)
(...);
• O dispositivo tem dois aspectos:
• Preservar e restaurar os processos ecológicos
essenciais;
• I – o que se pretende é manter a longo prazo os
processos ecológicos essenciais, no que se refere a
preservação.
• II – e caso degradado, restitui-lo o mais próximo ao
seu estado natural, no que se refere a restauração.
Obs.: processos ecológicos, são “aqueles que garantem o
funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a
salubridade e higidez do meio ambiente.” Édis Milaré.
• Prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;
• Para José Afonso da Silva, o manejo ecológico “é
cuidar do equilíbrio das relações entre a comunidade
biótica e o seu hábitat (mar, floresta, rios, pântanos
etc.).”
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade
desse direito, incumbe ao Poder
Público:
(...);
II - preservar a diversidade e a
integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material
genético; (Regulamento)
(...);
• Em termos diretos, compreende-se por biodiversidade
a variedade de seres que compõem a vida na terra. A
biodiversidade pode dividida, em termos técnicos em:
• Diversidade de ecossistemas, que engloba a
variedade de ecossistemas;
• Diversidade das espécies, como das plantas,
animais e micro-organismos;
• Diversidade genética corresponde à diversidade
de genes no âmbito de cada espécie.
• Patrimônio genético a informação de origem genética
de espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies
de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do
metabolismo destes seres vivos.
• A fiscalização sobre as entidades dedicadas à pesquisa
e manipulação de material genético, demonstra a
preocupação com a engenharia genética no BR.
• Esta fiscalização foi objeto de regulamentação por
meio da Lei n.º 11.105/05, denominada de Lei de
Biossegurança.
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade desse
direito, incumbe ao Poder Público:
(...);
III - definir, em todas as unidades da
Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de
lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua
proteção; (Regulamento)
(...);
• A instituição dos espaços ambientalmente
protegidos ocorre mediante ato do Poder
Público, como a edição de uma lei ou,
como é comum em unidades de
conservação, por meio de decreto do
Chefe do Poder Executivo.
• Entretanto, a desafetação ou a redução
dos limites de uma unidade de
conservação somente poderá ocorrer por
meio de lei em sentido formal, ou seja,
aprovada pelo Poder Legislativo do ente
que a institui.
• Esse dispositivo foi regulamentado pela lei
nº. 9.985/00, que criou o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC).
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade desse
direito, incumbe ao Poder Público:
(...);
IV - exigir, na forma da lei, para instalação
de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do
meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará
publicidade; (Regulamento)
(...);
• O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), previsto
originalmente em Resolução do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), ganhou status
constitucional, revelando-se em um dos mais
importantes estudos ambientais.
• Trata-se de um procedimento público, ao qual deve-se
conferir publicidade. Todos os atos procedimentais são
publicados na imprensa oficial e em um jornal de
grande circulação na área de influência do projeto
submetido ao EIA, além da internet nos dias atuais.
• Não são todos os empreendimentos, atividades e
obras que se sujeitam ao EIA, mas aquelas
potencialmente causadores de significativa
degradação do meio ambiente.
• Do contrário, se não causar significativa degradação, o
EIA é inexigível, submetendo o empreendedor a
outros estudos ambientais simplificados.
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade
desse direito, incumbe ao Poder
Público:
(...);
V - controlar a produção, a
comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio
ambiente; (Regulamento)
(...);
• Essa norma aborda o controle dos
riscos ambientais, que ocorre por meio
do exercício do poder de polícia que,
no Direito Ambiental, observa a mesma
sistemática do art. 78 do CTN.
• Como decorrência dessa norma,
enquadram-se o controle da produção
de energia nuclear (art. 21, XXIII, a,
CF/88), o emprego de técnicas e
métodos de biotecnologia e
biossegurança (Lei nº. 11.105/05), o
controle de comercialização de
substâncias como a pesquisa,
fiscalização e destinação final dos
agrotóxicos (Lei nº. 7.802/89).
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade
desse direito, incumbe ao Poder
Público:
(...);
VI - promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
(...);
• Trata-se de instrumento fundamental
para que se alcance a compreensão da
importância de um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
• A Lei nº. 9.795/99 disciplinou o tema e
definiu que se entendem por educação
ambiental “os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de
uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua
sustentabilidade.”
Direito Ambiental
(...);
§ 1º Para assegurar a efetividade
desse direito, incumbe ao Poder
Público:
(...);
VII - proteger a fauna e a flora,
vedadas, na forma da lei, as práticas
que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a
crueldade.(Regulamento)
(...);
• Não obstante a concepção antropocêntrica que permeia
o art. 225 da CF/88, não se questiona que o inciso em
comento é de inspiração biocêntrica, com a proteção da
fauna e da flora contra as intervenções humanas que
coloquem em risco sua existência ou provoquem
crueldade.
• Constituem práticas vedadas que colocam em risco a
função ecológica: a caça profissional, pesca clandestina
com explosivos e, a introdução de espécies exóticas ou
alienígenas.
• Na ADI nº. 4.983, o STF declarou, por maioria de votos, a
inconstitucionalidade de lei cearense que regulamentava
a vaquejada como prática desportiva e cultural.
• Contudo, em 29 de novembro de 2016 o Presidente da
República sancionou a Lei nº. 13.364/16, que elevou o
rodeio, a vaquejada, bem como as respectivas expressões
artístico-culturais, à condição de manifestações da
cultura nacional e de patrimônio cultural imaterial.
Direito Ambiental
(...);
§ 2º Aquele que explorar recursos
minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo
órgão público competente, na forma
da lei.
(...);
• A Constituição Federal reconhece, de
plano, que atividades de exploração
de recursos minerais constituem
uma das mais significativas
intervenções no meio ambiente.
Para evitar o passivo ambiental,
instituiu a obrigação de recuperar o
ambiente degradado pelas
atividades de mineração, de acordo
com a solução técnica exigida pelo
órgão público competente.
Direito Ambiental
(...);
§ 3º As condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas,
independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
(...);
• Essas responsabilidades possuem regimes jurídicos
próprios.
• Formalmente, a proteção ambiental é
essencialmente preventiva, já que os danos
ambientais são, em regra, praticamente
irreversíveis.
• Enumeram-se como medidas de índole preventiva
o, licenciamento ambiental as fiscalizações, o poder
de polícia ambiental, as auditorias ambientais etc.
• O ordenamento jurídico brasileiro adota, desde a
Lei nº. 6.938/81, a responsabilidade civil objetiva,
em que é necessária somente a comprovação do
nexo de causalidade entre a conduta e o dano, sem
perquirir sobre a culpabilidade.
• A essência da responsabilidade administrativa é, ao
lado da penal, de natureza repressiva, ao passo que
a responsabilidade civil é de natureza reparatória.
Direito Ambiental
(...);
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a
Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e
sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos
naturais.
(...);
• O dispositivo em comento relaciona
as Macrorregiões brasileiras
consideradas Patrimônio Nacional.
Esqueceu, contudo, de inserir
regiões como os campos sulinos
(pampas), a caatinga e o cerrado.
• Não há que falar na conversão das
propriedades privadas em bens da
União nem na desapropriação
indireta dessas áreas em decorrência
do regime especial de proteção
conferido constitucionalmente.
Direito Ambiental
(...);
§ 5º São indisponíveis as terras
devolutas ou arrecadadas pelos
Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos
ecossistemas naturais.
(...);
• Conforme Édis Milaré, “as terras
devolutas que concorrerem para a
proteção de determinado ecossistema
são indisponíveis, por força do
mandamento constitucional, mesmo
que ainda não incorporadas ao
patrimônio público da União em virtude
de ação discriminatória”.
• Prossegue: “É certo que, após a
arrecadação e incorporação ao
patrimônio público da União através de
ação discriminatória, tais bens não
perdem a indisponibilidade.”
• Regime Especial de Proteção.
Direito Ambiental
(...);
§ 6º As usinas que operem com reator
nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas.
(...);
• À primeira vista, é de se supor a
necessidade exclusiva da aprovação
desse diploma legal para a instalação da
usina nuclear.
• Contudo, a aprovação concerne à
localização da usina que opere com
reator nuclear, não prescindindo de
submissão ao licenciamento ambiental
e, no caso, por se tratar de hipótese
que se enquadra como potencialmente
causadora de significativa degradação
ambiental, a realização do Estudo
Prévio de Impacto Ambiental (EIA).
Direito Ambiental
(...);
§ 7º Para fins do disposto na parte final do
inciso VII do § 1º deste artigo, não se
consideram cruéis as práticas desportivas que
utilizem animais, desde que sejam
manifestações culturais, conforme o § 1º do
art. 215 desta Constituição Federal, registradas
como bem de natureza imaterial integrante
do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei específica que
assegure o bem-estar dos animais
envolvidos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 96, de 2017)
(...);
• O STF entendeu que a crueldade provocada pela
“vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma
atividade cultural, não possa ser permitida.
• Em pronunciamento, o presidente do Senado e do
Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE), declarou que a
vaquejada tem relevância cultural e econômica no
Nordeste. A emenda, segundo ele, mantém cerca de 700
mil empregos só na região, sem contar as cidades do país
que promovem rodeios.
• A Lei nº 13.364/2016, sozinha, não teria força jurídica
suficiente para superar a decisão do STF. Isso porque, na
visão do Supremo, a prática da vaquejada não era
proibida por ausência de lei. Ao contrário, a Corte
entendeu que, mesmo havendo lei regulamentando a
atividade, a vaquejada era inconstitucional por violar o
art. 225, § 1º, VII, da CF/88.
• Ciente disso, o Congresso Nacional decidiu alterar a
própria Constituição, nela inserindo a previsão expressa
de que são permitidas práticas desportivas que utilizem
animais, desde que sejam manifestações culturais.
Direito Ambiental
(FGV – 2016 – Advogado – CODEBA) A CRFB/88 destacou o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida. Sobre a
disciplina constitucional do meio ambiente, assinale a afirmativa correta.
A) Os espaços territorialmente protegidos criados pela Constituição são bens de uso
comum do povo, de modo que restou excluída a possibilidade de propriedade privada
nos mesmos.
B) É vedada a manipulação de material genético em território nacional, tendo em
conta o princípio da precaução ambiental.
C) A instalação de empreendimento potencialmente causador de significativa
degradação do meio ambiente exige estudo prévio de impacto ambiental.
D) Os Estados não detêm competência constitucional para legislar sobre meio
ambiente, atuando de forma supletiva à legislação federal.
E) Em homenagem ao princípio da norma mais favorável ao meio ambiente, lei
estadual pode vedar a instalação de usina que opere com reator nuclear em seu
território.
Direito Ambiental
(CESPE – 2013 – TRF 5ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL) O direito ao meio ambiente é
um direito de interesse:
a) Individual homogêneo de grande relevância social.
b) Coletivo.
c) Difuso.
d) Meramente individual.
e) Exclusivo do poder público.
Direito Ambiental
COMPETÊNCIAS 
CONSTITUCIONAIS EM MATERIA 
DE DIREITO AMBIENTAL
Direito Ambiental
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por danoao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Divide-se em:
• competência legislativa
(quem pode legislar sobre o
tema);
• competência administrativa
(comum, dividida em repressiva
e preventiva), e;
• competência jurisdicional
(das justiças, polícias e MPs
estadual ou federal).
Direito Ambiental
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
A competência normativa é concorrente, conforme
artigo 24 da Constituição Federal.
Os Municípios também possuem competência
concorrente – muitas vezes chamada
equivocadamente, em provas, de competência
residual, por força do artigo 30, I e II da CRFB.
Essa possibilidade de todos legislarem sobre a
temática pode gerar conflitos de competência, nos
quais deve prevalecer a legislação da União, vez que
cabe a esta, conforme o §1º do art. 24 da Constituição,
instituir normas gerais, cujo conceito, porém, é aberto,
difícil de identificar.
Apesar da competência concorrente, o artigo 22 da
Constituição traz como competências privativas da
União matérias na área ambiental, excluindo a
atuação dos demais entes.
Na resolução de conflitos, deve-se evitar o argumento
de que prevalece a norma mais restritiva em matéria
ambiental, uma vez que sobressai, como aduzido, a
norma geral da União.
Direito Ambiental
Nesse sentido, o Informativo 870 do STF, utilizando a palavra concorrente e
não residual:
“O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da
poluição, quando se tratar de interesse local. (...) a matéria é de competência
concorrente (CF, art. 24, VI), sobre a qual a União expede normas gerais. Os
Estados e o Distrito Federal editam normas suplementares e, na ausência de lei
federal sobre normas gerais, editam normas para atender a suas
peculiaridades. Por sua vez, os Municípios, com base no art. 30, I e II, da CF,
legislam naquilo que for de interesse local, suplementando a legislação federal
e a estadual no que couber.”
(STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgamento em 29/6/2017)
Direito Ambiental
Art. 23. É competência comum da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
III - proteger os documentos, as obras e
outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
VI - proteger o meio ambiente e combater a
poluição em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
Parágrafo único. Leis complementares
fixarão normas para a cooperação entre a
União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em
âmbito nacional.
A competência administrativa ambiental é também
denominada poder de polícia (administrativo) ambiental.
As competências administrativas em matéria ambiental são
comuns à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, conforme artigo 23 da Constituição Federal.
Com relação a elas, para se resolver o problema de esforços
duplicados (vários entes realizando as mesmas ações) ou de
omissões generalizadas (nenhum ente faz), é fundamental
observar o parágrafo único do art. 23.
Inicialmente a redação falava em lei complementar (no
singular), mas houve alteração com a EC 53/2006 para o
plural “leis complementares”.
Demorou muito para que fosse elaborada uma lei
complementar, gerando discussão, especialmente, sobre de
quem seria a competência administrativa preventiva para
dar o licenciamento ambiental, o que foi estabelecido com a
LC 140/2011, que resolveu a distribuição de ações
administrativas tanto preventivas (licenciamento) quanto
repressivas (sancionatórias).
Direito Ambiental
Art 10 - A construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, considerados
efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento por
órgão estadual competente, integrante do SISNAMA,
sem prejuízo de outras licenças exigíveis. (redação
original, atualmente alterada)
§ 4º - Caberá exclusivamente ao Poder Executivo
Federal, ouvidos os Governos Estadual e Municipal
interessados, o licenciamento previsto no “caput”
deste artigo, quando relativo a polos petroquímicos e
cloroquímicos, bem como a instalações nucleares e
outras definidas em lei. (redação original, atualmente
alterada)
Art. 7º Os empreendimentos e atividades serão
licenciados em um único nível de competência,
conforme estabelecido nos artigos anteriores.
Competências preventivas (licenciamento)
A PNMA (Lei 6.938/81) dispunha, na redação original do seu
artigo 10, que a competência de licença ambiental era, em
regra, dos Estados e, quando houvesse interesse nacional,
era da União (§4º).
Com a nova ordem constitucional de 1988, impunha-se a
atribuição de competência aos Municípios. Nessa senda, o
CONAMA editou a resolução 237/97, posteriormente
referendada com a LC 140/2011.
Ao atribuir competência ao Município, a Resolução do
CONAMA estaria extrapolando seu poder regulamentar,
criando norma autônoma e distribuindo competência
constitucional, o que feriria a Constituição, mas foi aceito o
argumento de utilização, na resolução de conflito, do critério
da área de influência direta do projeto:
se causa impacto em só um município, é atribuição
municipal;
impacto em mais um município, compete ao órgão
estadual;
e impacto em dois ou mais estados, competência
da União.
Direito Ambiental
Art. 76. O pagamento de multa
imposta pelos Estados, Municípios,
Distrito Federal ou Territórios substitui
a multa federal na mesma hipótese de
incidência.
A LC 140/2011 foi inovadora ao disciplinar a competência
administrativa repressiva – também denominada poder de polícia
(ambiental) repressivo.
Diante da ausência de regulamentação sobre quem poderia
sancionar, ocorriam cobranças de mais de um ente pelo mesmo
fato, confusão a qual se buscava solucionar com base na Lei
9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais).
Esse artigo, embora proíba que a União aplique sanção quando o
fato já foi sancionado pelos outros entes, não impede que, quando
já aplicada multa federal, Estados, Municípios ou Distrito Federal
também sancione.
A solução da Lei Complementar 140/2011, materializando a
competência comum para aplicar sanção (art. 23, CRFB), foi adotar
o parâmetro de “quem licencia sanciona”.
Essa não parece ser a melhor solução, como no desastre de
Mariana,cuja competência para licenciamento era do Estado de
Minas Gerais, mas, como foi atingido rio federal (o Rio Doce), o
IBAMA, que não licenciou, aplicou multa. Essa sanção, tendo em
vista ausência de multa pelo ente estadual, tem validade em razão
do previsto no §3º do referido artigo.
Direito Ambiental
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e
à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais1 e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as
que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26,
II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
Competência Jurisdicional:
Acontece um crime ambiental. A quem cabe realizar o
inquérito: polícia civil ou federal? E o oferecimento da
denúncia, cabe ao Ministério Público estadual ou ao
Ministério Público Federal? Onde tramitará o processo
penal: na justiça estadual ou na justiça federal?
O parâmetro para responder a esses questionamentos e
identificar a competência é o domínio do bem atingido
pelo dano ambiental.
Quando for afetado bem da União, são competentes a
Justiça Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia
Federal.
Com relação aos demais bens, a incumbência é da justiça
estadual, Ministério Público Estadual e Polícia Civil.
Numa situação hipotética, tendo o dano ambiental afetado
três estados, de quem seria a competência? Não é
competência federal, mas todos os estados são
competentes, definindo-se o órgão julgador pela
prevenção.
Direito Ambiental
(FCC – 2015 – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE) Compete,
a) Privativamente à União legislar sobre pesca.
b) À União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
águas.
c) Aos Estados e ao Distrito Federal legislar privativamente sobre águas.
d) À União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre
defesa do solo e dos recursos naturais.
e) Privativamente à União legislar sobre controle da poluição.

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