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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA UNIPÊ DIREITO AMBIENTAL Prof.º Edigardo Neto Direito Ambiental DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL Direito Ambiental CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. • A CF/88 foi a primeira a destinar um capítulo ao meio ambiente, contemplando um conjunto de comandos, obrigações e instrumentos para a efetivação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, como dever do Poder Público e da coletividade. • Para José Afonso da Silva, o artigo subdivide-se em três conjuntos de normas: • Norma-matriz – caput; • Instrumentos de garantia de efetividade – caput e o § 1º; • Determinações particulares – demais §§. Direito Ambiental CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. • Todos têm direito – direito público subjetivo – oponível contra todos (erga omnes). • Ecologicamente equilibrado – não poluído, com higidez e salubridade. • Bem de uso comum – a titularidade é difusa, indisponível e insuscetível de apropriação. • Sadia qualidade de vida – dignidade da pessoa humana. Direito de terceira geração. • Dever de defende-lo e preservá-lo – responsabilidade ética intergeracional. Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; (Regulamento) (...); • O dispositivo tem dois aspectos: • Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais; • I – o que se pretende é manter a longo prazo os processos ecológicos essenciais, no que se refere a preservação. • II – e caso degradado, restitui-lo o mais próximo ao seu estado natural, no que se refere a restauração. Obs.: processos ecológicos, são “aqueles que garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade e higidez do meio ambiente.” Édis Milaré. • Prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; • Para José Afonso da Silva, o manejo ecológico “é cuidar do equilíbrio das relações entre a comunidade biótica e o seu hábitat (mar, floresta, rios, pântanos etc.).” Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (...); • Em termos diretos, compreende-se por biodiversidade a variedade de seres que compõem a vida na terra. A biodiversidade pode dividida, em termos técnicos em: • Diversidade de ecossistemas, que engloba a variedade de ecossistemas; • Diversidade das espécies, como das plantas, animais e micro-organismos; • Diversidade genética corresponde à diversidade de genes no âmbito de cada espécie. • Patrimônio genético a informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes seres vivos. • A fiscalização sobre as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético, demonstra a preocupação com a engenharia genética no BR. • Esta fiscalização foi objeto de regulamentação por meio da Lei n.º 11.105/05, denominada de Lei de Biossegurança. Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; (Regulamento) (...); • A instituição dos espaços ambientalmente protegidos ocorre mediante ato do Poder Público, como a edição de uma lei ou, como é comum em unidades de conservação, por meio de decreto do Chefe do Poder Executivo. • Entretanto, a desafetação ou a redução dos limites de uma unidade de conservação somente poderá ocorrer por meio de lei em sentido formal, ou seja, aprovada pelo Poder Legislativo do ente que a institui. • Esse dispositivo foi regulamentado pela lei nº. 9.985/00, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (Regulamento) (...); • O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), previsto originalmente em Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ganhou status constitucional, revelando-se em um dos mais importantes estudos ambientais. • Trata-se de um procedimento público, ao qual deve-se conferir publicidade. Todos os atos procedimentais são publicados na imprensa oficial e em um jornal de grande circulação na área de influência do projeto submetido ao EIA, além da internet nos dias atuais. • Não são todos os empreendimentos, atividades e obras que se sujeitam ao EIA, mas aquelas potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente. • Do contrário, se não causar significativa degradação, o EIA é inexigível, submetendo o empreendedor a outros estudos ambientais simplificados. Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) (...); • Essa norma aborda o controle dos riscos ambientais, que ocorre por meio do exercício do poder de polícia que, no Direito Ambiental, observa a mesma sistemática do art. 78 do CTN. • Como decorrência dessa norma, enquadram-se o controle da produção de energia nuclear (art. 21, XXIII, a, CF/88), o emprego de técnicas e métodos de biotecnologia e biossegurança (Lei nº. 11.105/05), o controle de comercialização de substâncias como a pesquisa, fiscalização e destinação final dos agrotóxicos (Lei nº. 7.802/89). Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; (...); • Trata-se de instrumento fundamental para que se alcance a compreensão da importância de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. • A Lei nº. 9.795/99 disciplinou o tema e definiu que se entendem por educação ambiental “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” Direito Ambiental (...); § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...); VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.(Regulamento) (...); • Não obstante a concepção antropocêntrica que permeia o art. 225 da CF/88, não se questiona que o inciso em comento é de inspiração biocêntrica, com a proteção da fauna e da flora contra as intervenções humanas que coloquem em risco sua existência ou provoquem crueldade. • Constituem práticas vedadas que colocam em risco a função ecológica: a caça profissional, pesca clandestina com explosivos e, a introdução de espécies exóticas ou alienígenas. • Na ADI nº. 4.983, o STF declarou, por maioria de votos, a inconstitucionalidade de lei cearense que regulamentava a vaquejada como prática desportiva e cultural. • Contudo, em 29 de novembro de 2016 o Presidente da República sancionou a Lei nº. 13.364/16, que elevou o rodeio, a vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, à condição de manifestações da cultura nacional e de patrimônio cultural imaterial. Direito Ambiental (...); § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. (...); • A Constituição Federal reconhece, de plano, que atividades de exploração de recursos minerais constituem uma das mais significativas intervenções no meio ambiente. Para evitar o passivo ambiental, instituiu a obrigação de recuperar o ambiente degradado pelas atividades de mineração, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente. Direito Ambiental (...); § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (...); • Essas responsabilidades possuem regimes jurídicos próprios. • Formalmente, a proteção ambiental é essencialmente preventiva, já que os danos ambientais são, em regra, praticamente irreversíveis. • Enumeram-se como medidas de índole preventiva o, licenciamento ambiental as fiscalizações, o poder de polícia ambiental, as auditorias ambientais etc. • O ordenamento jurídico brasileiro adota, desde a Lei nº. 6.938/81, a responsabilidade civil objetiva, em que é necessária somente a comprovação do nexo de causalidade entre a conduta e o dano, sem perquirir sobre a culpabilidade. • A essência da responsabilidade administrativa é, ao lado da penal, de natureza repressiva, ao passo que a responsabilidade civil é de natureza reparatória. Direito Ambiental (...); § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (...); • O dispositivo em comento relaciona as Macrorregiões brasileiras consideradas Patrimônio Nacional. Esqueceu, contudo, de inserir regiões como os campos sulinos (pampas), a caatinga e o cerrado. • Não há que falar na conversão das propriedades privadas em bens da União nem na desapropriação indireta dessas áreas em decorrência do regime especial de proteção conferido constitucionalmente. Direito Ambiental (...); § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. (...); • Conforme Édis Milaré, “as terras devolutas que concorrerem para a proteção de determinado ecossistema são indisponíveis, por força do mandamento constitucional, mesmo que ainda não incorporadas ao patrimônio público da União em virtude de ação discriminatória”. • Prossegue: “É certo que, após a arrecadação e incorporação ao patrimônio público da União através de ação discriminatória, tais bens não perdem a indisponibilidade.” • Regime Especial de Proteção. Direito Ambiental (...); § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. (...); • À primeira vista, é de se supor a necessidade exclusiva da aprovação desse diploma legal para a instalação da usina nuclear. • Contudo, a aprovação concerne à localização da usina que opere com reator nuclear, não prescindindo de submissão ao licenciamento ambiental e, no caso, por se tratar de hipótese que se enquadra como potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, a realização do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA). Direito Ambiental (...); § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) (...); • O STF entendeu que a crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não possa ser permitida. • Em pronunciamento, o presidente do Senado e do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE), declarou que a vaquejada tem relevância cultural e econômica no Nordeste. A emenda, segundo ele, mantém cerca de 700 mil empregos só na região, sem contar as cidades do país que promovem rodeios. • A Lei nº 13.364/2016, sozinha, não teria força jurídica suficiente para superar a decisão do STF. Isso porque, na visão do Supremo, a prática da vaquejada não era proibida por ausência de lei. Ao contrário, a Corte entendeu que, mesmo havendo lei regulamentando a atividade, a vaquejada era inconstitucional por violar o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. • Ciente disso, o Congresso Nacional decidiu alterar a própria Constituição, nela inserindo a previsão expressa de que são permitidas práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais. Direito Ambiental (FGV – 2016 – Advogado – CODEBA) A CRFB/88 destacou o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida. Sobre a disciplina constitucional do meio ambiente, assinale a afirmativa correta. A) Os espaços territorialmente protegidos criados pela Constituição são bens de uso comum do povo, de modo que restou excluída a possibilidade de propriedade privada nos mesmos. B) É vedada a manipulação de material genético em território nacional, tendo em conta o princípio da precaução ambiental. C) A instalação de empreendimento potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente exige estudo prévio de impacto ambiental. D) Os Estados não detêm competência constitucional para legislar sobre meio ambiente, atuando de forma supletiva à legislação federal. E) Em homenagem ao princípio da norma mais favorável ao meio ambiente, lei estadual pode vedar a instalação de usina que opere com reator nuclear em seu território. Direito Ambiental (CESPE – 2013 – TRF 5ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL) O direito ao meio ambiente é um direito de interesse: a) Individual homogêneo de grande relevância social. b) Coletivo. c) Difuso. d) Meramente individual. e) Exclusivo do poder público. Direito Ambiental COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATERIA DE DIREITO AMBIENTAL Direito Ambiental Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por danoao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIV - populações indígenas; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; Divide-se em: • competência legislativa (quem pode legislar sobre o tema); • competência administrativa (comum, dividida em repressiva e preventiva), e; • competência jurisdicional (das justiças, polícias e MPs estadual ou federal). Direito Ambiental Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIV - populações indígenas; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; A competência normativa é concorrente, conforme artigo 24 da Constituição Federal. Os Municípios também possuem competência concorrente – muitas vezes chamada equivocadamente, em provas, de competência residual, por força do artigo 30, I e II da CRFB. Essa possibilidade de todos legislarem sobre a temática pode gerar conflitos de competência, nos quais deve prevalecer a legislação da União, vez que cabe a esta, conforme o §1º do art. 24 da Constituição, instituir normas gerais, cujo conceito, porém, é aberto, difícil de identificar. Apesar da competência concorrente, o artigo 22 da Constituição traz como competências privativas da União matérias na área ambiental, excluindo a atuação dos demais entes. Na resolução de conflitos, deve-se evitar o argumento de que prevalece a norma mais restritiva em matéria ambiental, uma vez que sobressai, como aduzido, a norma geral da União. Direito Ambiental Nesse sentido, o Informativo 870 do STF, utilizando a palavra concorrente e não residual: “O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar de interesse local. (...) a matéria é de competência concorrente (CF, art. 24, VI), sobre a qual a União expede normas gerais. Os Estados e o Distrito Federal editam normas suplementares e, na ausência de lei federal sobre normas gerais, editam normas para atender a suas peculiaridades. Por sua vez, os Municípios, com base no art. 30, I e II, da CF, legislam naquilo que for de interesse local, suplementando a legislação federal e a estadual no que couber.” (STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 29/6/2017) Direito Ambiental Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. A competência administrativa ambiental é também denominada poder de polícia (administrativo) ambiental. As competências administrativas em matéria ambiental são comuns à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, conforme artigo 23 da Constituição Federal. Com relação a elas, para se resolver o problema de esforços duplicados (vários entes realizando as mesmas ações) ou de omissões generalizadas (nenhum ente faz), é fundamental observar o parágrafo único do art. 23. Inicialmente a redação falava em lei complementar (no singular), mas houve alteração com a EC 53/2006 para o plural “leis complementares”. Demorou muito para que fosse elaborada uma lei complementar, gerando discussão, especialmente, sobre de quem seria a competência administrativa preventiva para dar o licenciamento ambiental, o que foi estabelecido com a LC 140/2011, que resolveu a distribuição de ações administrativas tanto preventivas (licenciamento) quanto repressivas (sancionatórias). Direito Ambiental Art 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. (redação original, atualmente alterada) § 4º - Caberá exclusivamente ao Poder Executivo Federal, ouvidos os Governos Estadual e Municipal interessados, o licenciamento previsto no “caput” deste artigo, quando relativo a polos petroquímicos e cloroquímicos, bem como a instalações nucleares e outras definidas em lei. (redação original, atualmente alterada) Art. 7º Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabelecido nos artigos anteriores. Competências preventivas (licenciamento) A PNMA (Lei 6.938/81) dispunha, na redação original do seu artigo 10, que a competência de licença ambiental era, em regra, dos Estados e, quando houvesse interesse nacional, era da União (§4º). Com a nova ordem constitucional de 1988, impunha-se a atribuição de competência aos Municípios. Nessa senda, o CONAMA editou a resolução 237/97, posteriormente referendada com a LC 140/2011. Ao atribuir competência ao Município, a Resolução do CONAMA estaria extrapolando seu poder regulamentar, criando norma autônoma e distribuindo competência constitucional, o que feriria a Constituição, mas foi aceito o argumento de utilização, na resolução de conflito, do critério da área de influência direta do projeto: se causa impacto em só um município, é atribuição municipal; impacto em mais um município, compete ao órgão estadual; e impacto em dois ou mais estados, competência da União. Direito Ambiental Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência. A LC 140/2011 foi inovadora ao disciplinar a competência administrativa repressiva – também denominada poder de polícia (ambiental) repressivo. Diante da ausência de regulamentação sobre quem poderia sancionar, ocorriam cobranças de mais de um ente pelo mesmo fato, confusão a qual se buscava solucionar com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). Esse artigo, embora proíba que a União aplique sanção quando o fato já foi sancionado pelos outros entes, não impede que, quando já aplicada multa federal, Estados, Municípios ou Distrito Federal também sancione. A solução da Lei Complementar 140/2011, materializando a competência comum para aplicar sanção (art. 23, CRFB), foi adotar o parâmetro de “quem licencia sanciona”. Essa não parece ser a melhor solução, como no desastre de Mariana,cuja competência para licenciamento era do Estado de Minas Gerais, mas, como foi atingido rio federal (o Rio Doce), o IBAMA, que não licenciou, aplicou multa. Essa sanção, tendo em vista ausência de multa pelo ente estadual, tem validade em razão do previsto no §3º do referido artigo. Direito Ambiental Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais1 e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005) V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. Competência Jurisdicional: Acontece um crime ambiental. A quem cabe realizar o inquérito: polícia civil ou federal? E o oferecimento da denúncia, cabe ao Ministério Público estadual ou ao Ministério Público Federal? Onde tramitará o processo penal: na justiça estadual ou na justiça federal? O parâmetro para responder a esses questionamentos e identificar a competência é o domínio do bem atingido pelo dano ambiental. Quando for afetado bem da União, são competentes a Justiça Federal, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. Com relação aos demais bens, a incumbência é da justiça estadual, Ministério Público Estadual e Polícia Civil. Numa situação hipotética, tendo o dano ambiental afetado três estados, de quem seria a competência? Não é competência federal, mas todos os estados são competentes, definindo-se o órgão julgador pela prevenção. Direito Ambiental (FCC – 2015 – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE) Compete, a) Privativamente à União legislar sobre pesca. b) À União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre águas. c) Aos Estados e ao Distrito Federal legislar privativamente sobre águas. d) À União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre defesa do solo e dos recursos naturais. e) Privativamente à União legislar sobre controle da poluição.