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TEMA 06: SUCESSÃO DE EMPREGADORES - Substituição de empregadores com a consequente transferência do passivo (total de débitos) trabalhista ao sucessor (Ricardo Resende). - Alteração subjetiva do contrato de trabalho - Fundamentos legais: art. 10 e art. 448 CLT. - Fundamento doutrinário: a) princípio da intangibilidade objetiva do contrato de emprego; b) princípio da continuidade da relação de emprego; c) princípio da despersonalização do empregador. REQUISITOS: A) Alteração da estrutura jurídica OU na propriedade da empresa ex: fusão, incorporação, alteração da modalidade societária; substituição do antigo empregador por outra pessoa física ou jurídica. B) Continuidade da atividade empresarial Que a passagem seja feita de modo breve. C) Continuidade da prestação de serviços Os empregados devem continuar prestando serviços ao novo titular da empresa. CUIDADO: Sonegação de direitos trabalhistas. Demissão de todos os empregados sem pagar verbas rescisórias e, em seguida, transfere seus bens a um sucessor. Neste caso, haverá sucessão. OJ 261 SDI - 1 BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA. Inserida em 27.09.02 As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista. CASOS ESPECIAIS: A) DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIO - Não há sucessão OJ 92 SDI-1 OJ-SDI1-92 DESMEMBRAMENTO DE MUNICÍPIOS. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. Inserida em 30.05.1997 Em caso de criação de novo município, por desmembramento, cada uma das novas entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhistas do empregado no período em que figurarem como real empregador. B) PRIVATIZAÇÃO DA EMPRESA - Ocorre sucessão SÚMULA 430 TST ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBL ICO. NUL IDADE. ULTERIOR PRIVAT IZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA DO VÍCIO. Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública Indireta, continua a existir após a sua privatização. C) HASTA PÚBLICA - Da arrematação de empresa em hasta pública NÃO decorre sucessão. ex: caso VARIG D) Concessão de serviço público (substituição) - Ocorre sucessão quando o novo concessionário adquire não só as atribuições do primeiro, mas também o acervo de bens corpóreos ou incorpóreos, em parte ou totalmente, do antigo cessionário. ex: TV Manchete para TV Ômega (Rede TV) OJ 225 SDI - 1 OJ-SDI1-225 CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. (nova redação, DJ 20.04.2005) Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão; II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora. EM suma: Extinção contratual posterior à concessão - responsabilidade do sucessor + responsabilidade subsidiária do sucedido Extinção contratual anterior à concessão - apenas a sucedida responde E) EMPREGADOR DOMÉSTICO - Não há sucessão F) CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS - Tese majoritária - possibilidade de sucessão trabalhista desde que tenha havido continuidade na prestação de serviços. G) ARRENDAMENTO - O arrendamento de empresas ou estabelecimentos é apto a gerar a sucessão de empregadores. Caso a empresa retorne, em momento posterior, à antiga pessoa física ou jurídica arrendante, operar-se-á nova sucessão. H) EMPRESÁRIO INDIVIDUAL - Ocorre sucessão / exceto morte - art. 483, p. 2, CLT. I) GRUPO ECONÔMICO - Em regra, não. OJ 411 SDI -1 , TST SUCESSÃO TRABALHISTA. AQUISIÇÃO DE EMPRESA PERTENCENTE A GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SUCESSOR POR DÉBITOS TRABALHISTAS DE EMPRESA NÃO ADQUIRIDA. INEXISTÊNCIA. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010) O sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora direta era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão. EFEITOS DA SUCESSÃO: - Em regra, o sucedido não tem qualquer responsabilidade - Na prática, subsidiária quando a transferência tenha por efeito redução de garantias ao adimplemento de créditos trabalhistas. - Poderia o empregado se opor à sucessão de empregadores, arguindo a inalterabilidade contratual que lhe é garantido pelo artigo 468 da CLT? Em regra, não. Ressalte-se que o instituto da sucessão de empregadores foi concebido para a proteção do trabalhador. EXCEÇÃO: caso em que o empregado tenha comprovadamente pactuado o contrato de trabalho levando em conta em conta a figura do empregador. Neste caso, seria lícito ao empregado opor-se à sucessão. dando por encerrado seu contrato de trabalho sem necessidade de cumprimento do aviso prévio (os demais efeitos rescisórios seriam os do pedido de demissão). Ex: jornalista - alteração ideológica radical dos novos proprietários da empresa. - CLÁUSULA DE NÃO RESPONSABILIZAÇÃO - não gera efeitos no âmbito do Direito do Trabalho. Efeitos entre as partes que as pactuam (possibilidade de regresso em face do sucedido). OBSERVAÇÃO: GRUPO ECONÔMICO Conceito: instituto trabalhista que prevê a solidariedade das empresas integrantes de um conglomerado empresarial (Ricardo Resende). Legislação: CLT, artigo 2º, § 2º- Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Lei 5889/1973 - artigo 3º, § 2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou financeiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações decorrentes da relação de emprego. Fundamento de existência: ampliação das garantias de satisfação do crédito trabalhista. Consequência jurídica: solidariedade passiva decorrente do grupo econômico. Importante: a formação do grupo econômico para fins justrabalhistas não exige que as empresas integrantes do grupo exerçam a mesma atividade econômica. Há também solidariedade ativa? Sim. Súmula nº 129 do TST CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Conclusão: cada uma das empresas integrantes do grupo econômico pode usufruir da energia de trabalho dos empregados de qualquer uma das empresas do grupo, sem que, com isso, formem necessariamente diversos contratos de trabalho simultâneos - Solidariedade Dual (passiva e ativa)- Teoria do Empregador Único (“empregador real é o próprio grupo”). Maurício Godinho Delgado - Adotada a tese da solidariedade ativa, efeitos: a) acessio temporis - contagem do tempo de serviço b) possibilidade de equiparação salarial em face de empregados de outras empresas do grupo (configurados os pressupostos do art. 461, CLT). c) pagamento de um único salário ao empregado por jornada normal. d) natureza salarial dos valores habituais recebidos de outras empresas do grupo por serviços prestados diretamente a elas; e) extensão do poder de direção empresarial. Caracterização do grupo econômico Pelo art. 2, p. 2. da CLT - subordinação - grupo vertical - estrutura piramidal - uma empresa principal subordina as demais (subsidiárias). Por outro lado, segundo o art. 3 da Lei 5889/73 abre espaço para tese diversa - teoria do grupo econômico por mera coordenação - grupo horizontal entre as empresas. Atualmente, tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm se posicionado majoritariamente no sentido de que basta a relação de coordenação para a formação do grupo econômico trabalhista. Cuidado: a jurisprudência tende a reconhecer o grupo econômico para fins justrabalhistas independentemente de formalização de consórcio entre empresas - princípio da primazia da realidade. É importante observar o instituto sob o viés trabalhista, não se aplicando, aqui, as regras do Direito Civil ou Comercial. Importante: em regra, somente forma grupo econômico entes com finalidade lucrativa. Aspecto processual - cancelamento da Súmula 205 do TST Com o cancelamento da referida Súmula, a maioria da doutrina passou a reconhecer a possibilidade do empregado acionar, na fase de execução trabalhista, qualquer dos integrantes do grupo econômico, mesmo que este não tenha participado do processo de conhecimento. Observação. Godinho Delgado - só será possível acionar outra empresa do mesmo grupo econômico diretamente na fase de execução caso seja evidente a formação do grupo.