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Lei 14.8872024 - Altera a Lei Maria da Penha e a Lei 13.2392015

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News
— MAIO 2024 — 
JULGADOS EM DESTAQUE
Destaque para alguns dos julgados que foram inseridos no Buscador no último mês.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Os honorários advocatícios são devidos à Defensoria Pública mesmo quando ela atua contra 
a pessoa jurídica de direito público à qual pertença; a Súmula 421 do STJ foi cancelada
Caso concreto: o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse O STF, 
por ocasião do julgamento do RE 1.140.005/RJ, ao considerar a autonomia administrativa, funcional 
e financeira atribuída à Defensoria Pública, concluiu pela ausência de vínculo de subordinação 
ao Poder Executivo, e consequente superação do argumento de confusão patrimonial, definindo 
tese que assegura o pagamento de honorários sucumbenciais à instituição, independentemente 
do ente público litigante, os quais devem ser destinados, exclusivamente, ao aparelhamento das 
Defensorias Públicas, sendo vedado o rateio dos valores entre os membros (Tema 1.002/STF). 
Cabível, portanto, a condenação do ente federado ao pagamento de verba sucumbencial à 
Defensoria Pública.
Fica cancelada a Súmula 421 do STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria 
Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.
STJ. Corte Especial. Súmula 421 cancelada em 17/4/2024 (Info 808).
Lei estadual pode criar cadastros de pedófilos e de pessoas condenadas definitivamente por 
violência contra a mulher; o acesso público ao banco de dados não deve conter nomes das 
vítimas ou informações capazes de permitir sua identificação
É constitucional lei estadual que institui cadastro de pessoas com condenação definitiva por 
crimes contra a dignidade sexual praticados contra criança ou adolescente ou por crimes 
de violência contra a mulher, desde que não haja publicização dos nomes das vítimas ou de 
informações que permitam a sua identificação. 
STF. Plenário. ADI 6.620/MT, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 22/04/2024 (Info 1133).
JULGADOS EM DESTAQUE 2
Não viola a súmula n. 7/STJ a majoração de valor irrisório de danos morais coletivos em razão 
da publicação na Internet de artigo ofensivo à honra dos povos indígenas
Caso concreto: determinado jornalista publicou, em um periódico, artigo intitulado “Índios e o 
Retrocesso”, com violentas ofensas à dignidade da comunidade indígena.
O MPF ajuizou ação civil pública contra o autor do artigo pedindo a sua condenação ao 
pagamento de danos morais a serem revertidos em favor de cada membro das comunidades 
indígenas do Estado do Mato Grosso do Sul.
O TJ fixou a indenização em R$ 5.000,00.
O MPF interpôs recurso especial pedindo a majoração.
O STJ conheceu do recurso especial, afastando a súmula 7 (a pretensão de simples reexame de 
prova não enseja recurso especial) considerando que o valor fixado nas instâncias ordinárias foi 
considerado irrisório.
A jurisprudência do STJ afasta a aplicação da Súmula 7/STJ e conhece do recurso especial que 
busca a revisão do valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de danos morais quando 
o montante é considerado irrisório ou abusivo.
O STJ aumentou o valor da condenação para R$ 50.000,00.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.112.853-MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 20/2/2024 (Info 808).
São constitucionais os arts. 13-A e 13-B do CPP, inseridos pela Lei 13.344/2016
É constitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de polícia e 
membros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou de empresas 
da iniciativa privada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou dos suspeitos 
em investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, 
tráfico de pessoas, sequestro relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança 
ao exterior (art. 13-A, CPP).
É constitucional norma que possibilita, mediante autorização judicial, a requisição às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática da disponibilização imediata de 
sinais, informações e outros dados que viabilizem a localização da vítima ou dos suspeitos 
daqueles mesmos delitos (art. 13-B, CPP).
Logo, são constitucionais os arts. 13-A e 13-B do CPP, inseridos pela Lei nº 13.344/2016.
STF. Plenário. ADI 5.642/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/04/2024 (Info 1133). 
DOD CAST
Ouça os informativos comentados pelo professor Márcio Cavalcante, 
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JULGADOS EM DESTAQUE 3
É constitucional a utilização de vestimentas ou acessórios relacionados a crença ou religião 
nas fotos de documentos oficiais, desde que não impeçam a adequada identificação 
individual, com rosto visível
Desde que viável a adequada identificação individual, é assegurada, nas fotografias de 
documentos oficiais, a utilização de vestimentas ou acessórios que representem manifestação 
da fé, à luz do direito à liberdade de crença e religião (art. 5º, VI, CF/88) e com amparo no 
princípio da proporcionalidade, de modo a excepcionar uma obrigação a todos imposta 
mediante adaptações razoáveis.
Tese fixada pelo STF: É constitucional a utilização de vestimentas ou acessórios relacionados 
a crença ou religião nas fotos de documentos oficiais, desde que não impeçam a adequada 
identificação individual, com rosto visível.
STF. Plenário. RE 859.376/PR, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, julgado em 17/04/2024 (Repercussão 
Geral – Tema 953) (Info 1133).
É inconstitucional norma que permita mais de uma reeleição consecutiva para os cargos de 
direção do TCE; vale ressaltar que a norma pode prever uma única reeleição consecutiva
São inconstitucionais normas estaduais (seja Constituição, lei ou regimento interno) que permitam 
mais de uma reeleição consecutiva para o mesmo cargo diretivo do Tribunal de Contas estadual.
A norma que permite várias reeleições consecutivas viola os princípios republicano e democrático.
Vale ressaltar que é constitucional a previsão em norma estadual que permita uma única 
reeleição consecutiva para os cargos diretivos do TCE. Assim, por exemplo, a Constituição do 
Estado pode prever que o Presidente e o Vice-Presidente do TCE seja reconduzido para mais 
um único mandato. O que o STF proibiu foi mais de uma reeleição consecutiva. Obs: para você 
entender melhor, é a mesma lógica da reeleição para a chefia do Executivo.
STF. Plenário. ADI 7.180/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 22/04/2024 (Info 1133).
É inconstitucional lei estadual que trate sobre corte de energia elétrica ou água por falta de 
pagamento
É inconstitucional lei estadual que proíbe, sob pena de multa, o corte de energia elétrica e/ou 
água por falta de pagamento sem que o consumidor seja avisado previamente.
Essa lei viola a competência da União para dispor sobre a exploração de serviços e instalações de 
energia elétrica (art. 21, XII, “b”, da CF/88) e para legislar sobre energia (art. 22, IV), bem como a 
competência dos municípios para legislar sobre o fornecimento de água, serviço público essencial 
de interesse local (art. 30, I e V).
STF. Plenário. ADI 7.576/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/04/2024 (Info 1134).
JULGADOS EM DESTAQUE 4
DIREITO ELEITORAL
Em processos eleitorais, é ilícita a prova obtida por gravação ambiental clandestina, sem 
autorização judicial, ainda que produzida por um dos interlocutores, e sem o conhecimento 
dos demais; será válida se a gravação for em local público, sem controle de acesso
(i) No processo eleitoral, é ilícita a prova colhida por meio de gravação ambiental clandestina, sem 
autorização judicial e com violação à privacidade e à intimidade dos interlocutores, ainda que 
realizada por um dos participantes, sem o conhecimento dos demais. 
(ii) A exceção à regra da ilicitude da gravação ambiental feita sem o conhecimento de um dos 
interlocutores e sem autorizaçãojudicial ocorre na hipótese de registro de fato ocorrido em local 
público desprovido de qualquer controle de acesso, pois, nesse caso, não há violação à intimidade 
ou quebra da expectativa de privacidade.
STF. Plenário. RE 1.040.515/SE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/04/2024 (Repercussão Geral – 
Tema 979) (Info 1134).
DIREITO AMBIENTAL
A concessão florestal não constitui concessão ou alienação de terras públicas; por esse 
motivo, não se enquadra no art. 49, XVII, da CF, não sendo necessária aprovação do 
Congresso Nacional
A instituição da Polícia Penal (art. 144, § 5º-A, da CF/88, inserido pela EC nº 104/2019), novo A 
concessão florestal não constitui propriamente uma concessão ou alienação de terras públicas, 
razão pela qual não necessita da autorização prévia do Congresso Nacional (art. 49, XVII, da 
CF/88), isto é, do controle político sobre os atos do Poder Executivo.
Na concessão florestal não existe transferência do domínio de terras públicas. A sua finalidade 
é outorgar a um particular, a título oneroso e mediante licitação, o direito de praticar o manejo 
florestal sustentável em determinada parcela de uma floresta pública, por meio da exploração de 
produtos e serviços para fins de obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Uma das etapas do procedimento legal que antecede a possível concessão é a sua inclusão no 
Plano Plurianual de Outorga Florestal (PPAOF). Contudo, ela não obriga o Poder Público a efetivar 
a outorga à iniciativa privada, pois, além de diversos outros procedimentos administrativos 
prévios previstos na Lei nº 11.284/2006, o poder concedente possui discricionariedade para 
decidir, sob os critérios de conveniência e oportunidade.
Assim, a implementação de uma concessão florestal configura proteção adicional às florestas 
públicas, em face do reforço da presença e da atuação estatais nessas áreas para fiscalizar e 
acompanhar os contratos firmados com o propósito de sustentabilidade ambiental. Essa medida 
resulta na diminuição dos conflitos relacionados ao uso e à ocupação dessas terras e no controle 
do desmatamento, da grilagem de terras, da mineração ilegal e de outras atividades prejudiciais 
ao meio ambiente.
STF. Plenário. ADI 3.989/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26/04/2024 (Info 1134).
https://www.buscadordizerodireito.com.br/assinatura/dodpedia
JULGADOS EM DESTAQUE 5
Indivíduo foi autuado pelo IBAMA por infração ambiental; no processo administrativo, ele foi 
intimado, por edital, para apresentar alegações finais (deveria ter sido via postal); somente 
haverá anulação se ficar demonstrado prejuízo à defesa
Nos processos administrativos ambientais previstos no art. 70, §§ 3º e 4º, da Lei nº 9.605/98, somente 
é admissível a declaração judicial de nulidade processual, decorrente da intimação editalícia para 
apresentação de alegações finais, se comprovado prejuízo concreto à defesa do autuado. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.933.440-RS, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 16/4/2024 (Info 808).
Foram suspensos os dispositivos do Decreto 10.935/2022 que permitia a realização de 
empreendimentos em cavernas, grutas, lapas e abismos e em suas áreas de influência
O Decreto nº 99.556/1990 previa normas de proteção das cavidades naturais subterrâneas 
existentes no território nacional (cavernas, grutas, lapas, abismos etc.).
Em 2022, foi editado o Decreto nº 10.935/2022, que trouxe um novo regramento para a proteção 
das cavidades naturais subterrâneas. O Decreto nº 10.935/2022 revogou expressamente o 
Decreto nº 99.556/1990.
O art. 4º do Decreto nº 10.935/2022 permitiu que cavernas classificadas como de máxima 
relevância sofram impactos irreversíveis, desde que cumpridas algumas condições que são 
incompatíveis com a necessidade de proteção do patrimônio natural.
O art. 6º do Decreto nº 10.935/2022, por sua vez, afirma que, área de influência de cavidade 
natural subterrânea, independentemente do seu grau de relevância, poderão existir 
empreendimentos e atividades.
O STF entendeu que esses dispositivos representam um retrocesso na legislação ambiental, pois 
a norma anterior vedava expressamente a possibilidade de práticas de natureza predatória nesse 
importante patrimônio ambiental. Ademais, a exploração das cavidades naturais subterrâneas, 
além de ameaçar espécies em extinção, possibilita a destruição de sua biodiversidade, o 
desaparecimento de sítios arqueológicos e aumento do risco à saúde humana, com o potencial 
surgimento de novas epidemias ou pandemias.
Diante disso, o STF decidiu suspender, até julgamento final, a eficácia do art. 4º, I, II, III e IV, e do 
art. 6º, do Decreto nº 10.935/2022. Como consequência, o STF determinou a imediata retomada 
dos efeitos do então revogado art. 3º do Decreto nº 99.556/1990.
STF. Plenário. ADPF 935 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redatora do acórdão Ministra 
Cármen Lúcia, julgado em 26/04/2024 (Info 1134).
DOD PÉDIA
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JULGADOS EM DESTAQUE 6
Não há estado de coisas inconstitucional na política ambiental de proteção do bioma 
amazônico, uma vez que está em curso um processo de retomada do efetivo exercício desse 
dever constitucional
Está havendo um processo de reconstitucionalização do combate ao desmatamento ilegal da 
Amazônia e do exercício da função protetiva do meio ambiente, o que pode ser verificado com a 
reativação de programas e das obrigações assumidas, especialmente, através do Plano de Ação 
para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). 
Assim, embora ainda se identifiquem falhas estruturais na realização de políticas públicas do 
Governo Federal, não se pode falar que atualmente esteja ocorrendo uma violação massiva de 
direitos fundamentais na política ambiental.
O STF determinou ao Governo Federal que assuma um “compromisso significativo” (meaningful 
engagement) referente ao desmatamento ilegal da Floresta Amazônica. Para tanto, foram 
impostas algumas medidas à União.
STF. Plenário. ADPF 760/DF e ADO 54/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. André 
Mendonça, julgado em 03/04/2024 (Info 1132).
DIREITO ADMINISTRATIVO
O pagamento da Vantagem Pecuniária Individual (VPI) instituída pela Lei 10.698/2003 deve 
ser considerado como interrompido a partir do momento em que os valores constantes no 
Anexo I da Lei 13.317/2016 foram pagos pela Administração Pública
A controvérsia diz respeito ao momento em que deve ser interrompido o pagamento da 
Vantagem Pecuniária Individual (VPI) instituída pela Lei nº 10.698/2003: se em julho de 2016, 
quando entrou em vigou a Lei nº 13.317/2016, ou se em janeiro de 2019, quando foi paga a última 
parcela do reajuste.
O art. 6º da Lei 13.317/2016 dispõe: “A vantagem pecuniária individual, instituída pela Lei nº 
10.698, de 2 de julho de 2003, e outras parcelas que tenham por origem a citada vantagem 
concedidas por decisão administrativa ou judicial, ainda que decorrente de sentença transitada 
ou não em julgado, incidentes sobre os cargos efetivos e em comissão de que trata esta Lei, ficam 
absorvidas a partir da implementação dos novos valores constantes dos Anexos I e III desta Lei”.
No Anexo I, encontra-se a tabela remuneratória para os cargos de Analista Judiciário, Técnico 
Judiciário e Auxiliar Judiciário. O Anexo III trata dos valores referentes aos cargos em comissão. 
O Anexo II, por outro lado, explicita, ano a ano - de julho de 2016 a janeiro de 2019 - o 
escalonamento do pagamento do reajuste previsto no Anexo I.
O art. 6º da Lei 13.317/2016 não determinou a absorção da VPI a partir da implementação 
dos valores previstos no Anexo II, mas no Anexo I. Isso significa que a verba só poderia ser 
considerada absorvida a partir do momento em que os valores constantesno Anexo I fossem 
pagos pela Administração Pública.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 2.085.675-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/3/2024 
(Info 810)
JULGADOS EM DESTAQUE 7
Anuidade da OAB não possui natureza tributária e, portanto, deve ser cobrada mediante 
execução de título extrajudicial, sob o rito do CPC
A anuidade cobrada pela Ordem dos Advogados do Brasil não tem natureza jurídica tributária. 
Logo, a cobrança das anuidades não pagas pelos advogados não está sujeita ao regime da Lei de 
Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80).
STJ. 2ª Turma. AREsp 2.451.645-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 9/4/2024 (Info 807).
Se o município movimenta apenas gás natural ou petróleo de origem terrestre, ele não faz 
jus aos royalties da lavra marítima, mesmo que tenha a estrutura que seria necessária para 
movimentar hidrocarbonetos de lavra marítima
A distribuição dos royalties pela exploração de petróleo e de gás natural depende da origem do 
hidrocarboneto que percorre as instalações de extração e transporte, de modo que os municípios 
que movimentam gás natural ou petróleo de origem terrestre não fazem jus aos royalties da lavra 
marítima quando não comprovado o efetivo trânsito de hidrocarbonetos provenientes desta lavra. 
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1.992.403-DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. para acórdão Min. 
Paulo Sérgio Domingues, julgado em 9/4/2024 (Info 807).
Direito de extensão nos casos de desapropriação por necessidade ou utilidade pública
Admite-se a aplicação subsidiária do Direito de Extensão aos casos de desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública previsto na Lei Complementar n. 76/1993 quando a área 
remanescente for reduzida à superfície inferior a da pequena propriedade rural. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.937.626-RO, Rel. Min. Regina Helena Costa, Rel. para acórdão Min. Gurgel de 
Faria, julgado em 12/3/2024 (Info 808).
A tela do SIAPE é suficiente para comprovar que houve transação administrativa do governo 
com o servidor para pagamento da vantagem de 28,86%?
I) É possível a comprovação de transação administrativa, relativa ao pagamento da vantagem 
de 28,86%, por meio de fichas financeiras ou documento expedido pelo Sistema Integrado de 
Administração de Recursos Humanos - SIAPE, conforme art. 7º, § 2º, da MP n. 2.169-43/2001, 
apenas em relação a acordos firmados posteriormente à vigência dessa norma. 
II) Quando não for localizado o instrumento de transação devidamente homologado, e buscando 
impedir o enriquecimento ilícito, os valores recebidos administrativamente, a título de 28,86%, 
demonstrados por meio dos documentos expedidos pelo SIAPE, devem ser deduzidos do valor 
apurado, com as atualizações pertinentes.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.925.176-PA, 1.925.194-RO e 1.925.190-DF, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado 
em 18/4/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 1102) (Info 809). 
JULGADOS EM DESTAQUE 8
É possível a aplicação da Lei nº 14.230/2021, com relação à exigência do dolo específico para 
a configuração do ato ímprobo, aos processos em curso
Ao julgar o Tema 1.199, o STF decidiu que as alterações benéficas ao réu previstas na Lei nº 
14.230/2021 não poderiam incidir caso já houvesse condenação transitada em julgado. Por 
outro lado, o STF decidiu que as alterações benéficas da Lei nº 14.230/2021 poderiam ser 
aplicadas aos processos em curso, mesmo que já houvesse condenação, desde que ainda não 
tivesse coisa julgada.
Desse modo, o STF autorizou a aplicação da Lei nº 14.230/2021 aos processos ainda não cobertos 
pelo manto da coisa julgada.
O que estava sendo discutido no Tema 1.199 era a supressão da modalidade culposa de 
improbidade administrativa pela Lei nº 14.230/2021. Assim, no Tema 1.199 não se debateu 
o fim do dolo genérico e a exigência agora de dolo específico para configuração do ato de 
improbidade. A despeito disso, o raciocínio ali construído também pode ser aplicado para a 
questão do dolo específico.
Assim, se, em um processo de improbidade administrativa que estava tramitando quando a Lei 
nº 14.230/2021 entrou em vigor, ficar comprovado que o réu não agiu com dolo específico, ele 
deverá ser absolvido. Isso porque a Lei nº 14.230/2021 passou a exigir dolo específico e essa 
exigência se aplica aos processos em curso, mesmo que haja condenação, desde que não tenha 
havido trânsito em julgado. 
STJ. 1ª Turma. REsp 2.107.601-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/4/2024 (Info 809).
Estado tem responsabilidade por morte ou ferimento de vítimas de armas de fogo em 
operação policial; é possível que o poder público comprove alguma causa excludente de 
responsabilidade
Em operações de segurança pública, à luz da teoria do risco administrativo, será objetiva a 
responsabilidade civil do Estado quando não for possível afastá-la pelo conjunto probatório, 
recaindo sobre ele o ônus de comprovar possíveis causas de exclusão.
Tese fixada pelo STF: 
(i) O Estado é responsável, na esfera cível, por morte ou ferimento decorrente de operações de 
segurança pública, nos termos da Teoria do Risco Administrativo; 
(ii) É ônus probatório do ente federativo demonstrar eventuais excludentes de responsabilidade civil; 
(iii) A perícia inconclusiva sobre a origem de disparo fatal durante operações policiais e militares 
não é suficiente, por si só, para afastar a responsabilidade civil do Estado, por constituir elemento 
indiciário.
STF. Plenário. ARE 1.385.315/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/04/2024 (Repercussão 
Geral – Tema 1237) (Info 1132).
JULGADOS EM DESTAQUE 9
O candidato que foi aprovado no concurso fora do número de vagas ou dentro do cadastro 
de reserva, caso tenha sido preterido, pode ajuizar ação pedindo a sua nomeação, mas desde 
que essa preterição tenha ocorrido durante o prazo de validade do certame
A ação judicial visando ao reconhecimento do direito à nomeação de candidato aprovado fora das 
vagas previstas no edital (cadastro de reserva) deve ter por causa de pedir preterição ocorrida na 
vigência do certame.
STF. Plenário. RE 766.304/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, 
julgado em 02/05/2024 (Repercussão Geral – Tema 683) (Info 1135).
Não possui repercussão geral a discussão sobre o desligamento voluntário do serviço militar, 
antes do cumprimento de lapso temporal legalmente previsto, de praça das Forças Armadas 
que ingressa na carreira por meio de concurso público
Impõe-se o afastamento da repercussão geral inicialmente reconhecida para o Tema 574 em 
virtude: 
(i) da alteração promovida no Estatuto dos Militares, que extinguiu a exigência de um período 
mínimo de serviço para praça de carreira das Forças Armadas fazer jus ao licenciamento a pedido; 
(ii) da verificação de ofensa reflexa à Constituição com relação à suposta afronta a alguns 
princípios; e 
(iii) das particularidades do caso concreto e da consequente necessidade de reexaminar a causa à 
luz do conjunto fático-probatório constante dos autos.
STF. Plenário. RE 680.871/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 07/05/2024 (Repercussão Geral – 
Tema 574) (Info 1135).
DIREITO CIVIL
Qual é o prazo prescricional da ação de indenização proposta pela segurada contra a 
seguradora em razão de descumprimento de contrato individual de seguro de vida dotal com 
cláusula de sobrevida?
10 anos, nos termos do art. 205 do Código Civil.
Aplica-se o prazo de prescrição decenal à ação que visa ao reconhecimento do direito ao resgate, 
após o prazo assinado em contrato, de capital segurado de seguro de vida com cláusula de 
sobrevivência. 
A cláusula de sobrevivência no seguro dotal caracteriza direito pessoal, justificando a aplicação do 
prazo decenal, já que o pagamento pode ocorrer ao segurado em vida.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.678.432-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 23/4/2024 (Info 809).
JULGADOS EM DESTAQUE 10
O reconhecimento de obrigação de natureza contratual de pagar verba de natureza alimentar 
a ministro de confissão religiosa inativo não caracteriza interferênciaindevida do poder 
público na organização e funcionamento das organizações religiosas
A côngrua (católica) ou prebenda (evangélica) é uma verba de caráter alimentar que uma 
organização religiosa (cristã) paga a seus ministros de confissão religiosa (padre ou pastor) com 
finalidade de prover seu sustento.
A obrigatoriedade do pagamento da côngrua que justifica o controle judicial pode ser 
compreendida pela evolução histórica de seu caráter tributário/fiscal para moral/natural e, em 
determinadas situações, contratual/civil.
O caráter contratual da côngrua passa a existir quando a entidade prevê seu pagamento: 
i) de forma obrigatória;
ii) fundamentado em regulamento interno; e 
iii) registrado em ato formal.
O art. 44, § 2°, do CC confere às organizações religiosas liberdade de funcionamento. Essa 
liberdade não é absoluta, pois está sujeita a reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus 
atos com seus regulamentos internos e com a lei.
Quando a côngrua assume caráter contratual, seu eventual inadimplemento pode ser apreciado 
pelo Poder Judiciário sem que implique em interferência indevida do poder público no 
funcionamento da organização religiosa.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.129.680-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/4/2024 (Info 808).
João celebrou concessão onerosa de uso perpétuo de um jazigo com um cemitério; o 
contratante pagou um valor à vista e se comprometeu com prestações mensais; desistiu do 
contrato; terá direito de receber de volta o que pagou, descontado um percentual
O direito que alguém tem sobre a sepultura (jus sepulchri) tem natureza jurídica própria, 
assemelhando-se ao direito real de uso. Em se tratando de jazigo em cemitério particular, o 
regime jurídico aplicável é o direito privado, incidindo o CDC. 
No contrato de concessão onerosa de direito real de uso perpétuo de jazigo em cemitério 
particular, o valor pago é pela titularidade desse direito real, distinguindo-se da hipótese de jazigo 
temporário, cujo pagamento é o equivalente ao período utilizado.
A resolução do contrato implica o retorno das partes ao estado anterior à avença, devendo a 
titularidade do direito real retornar ao mantenedor do cemitério, com a restituição do respectivo 
valor pago, admitindo-se a retenção de percentual suficiente para indenizar pelo tempo 
de privação de uso do jazigo. Exclui-se da devolução eventuais taxas pagas por serviços de 
manutenção e administração já prestados pelo cemitério. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.107.107-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/4/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 11
Não é possível se rediscutir, em embargos de terceiros opostos pelo filho da executada, a (im)
penhorabilidade de bem de família já analisada em exceção de pré-executividade ajuizada 
pela executada
Caso hipotético: Pedro alugou um apartamento para morar. Regina, amiga de Pedro, aceitou 
figurar no contrato como fiadora. Após um ano, Pedro devolveu o apartamento ao locador, 
ficando devendo, contudo, quatro meses de aluguel. O proprietário/locador ingressou com 
execução contra Pedro (devedor principal) e Regina (fiadora) cobrando os aluguéis atrasados.
O juiz determinou a penhora da casa em que Regina mora e que está em seu nome.
A executada apresentou exceção de pré-executividade, na qual argumentou que o imóvel 
era impenhorável por ser bem de família. A tese de Regina não foi aceita. Isso porque a 
impenhorabilidade do bem de família não se aplica no caso de dívidas do fiador decorrentes do 
contrato de locação. É isso o que diz o inciso VII do art. 3º da Lei nº 8.009/90.
Após o trânsito em julgado dessa decisão, Lucas, filho de Regina, ingressou com embargos 
de terceiro. Alegou que reside no imóvel objeto da penhora e que, por isso, a propriedade se 
caracterizava como bem de família. Por não ter vínculo com a relação jurídica existente entre 
as partes do cumprimento de sentença, sustentou que seria inaplicável a sua pessoa qualquer 
exceção à regra da impenhorabilidade do bem de família. 
O pedido de Lucas não foi aceito.
Embora a jurisprudência do STJ reconheça a legitimidade do filho para suscitar em embargos de 
terceiro a impenhorabilidade do bem de família em que reside, isso não pode ser usado para, por 
via transversa, modificar decisão que já rechaçou a impenhorabilidade do referido bem. 
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 2.104.283-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/3/2024 
(Info 810).
Se uma empresa fizer notificação extrajudicial para o intermediador de comércio eletrônico 
(ex: Mercado Livre) informando que há empresas concorrentes fazendo anúncios que violam 
os termos de uso da plataforma, esse intermediador não é obrigado a retirar os anúncios
Caso adaptado: Alfa Ltda é uma empresa que fabrica e vende colchões magnéticos. A empresa 
utiliza o Mercado Livre para anunciar e vender seus produtos. Todos os colchões da Alfa são 
certificados pelo INMETRO, conforme exigido pelos termos de uso do Mercado Livre, garantindo 
assim segurança e qualidade aos consumidores.
A Alfa constatou que outros fornecedores estão anunciando colchões magnéticos sem a devida 
certificação do INMETRO, o que viola claramente os termos de uso estipulados pelo Mercado Livre. 
Preocupada com a concorrência desleal e a segurança dos consumidores, a Alfa notifica 
extrajudicialmente o Mercado Livre, solicitando a remoção desses anúncios.
O Mercado Livre não é obrigado a retirar esses anúncios.
Não é possível atribuir ao intermediador de comércio eletrônico a obrigação de excluir, em razão 
de notificação extrajudicial, anúncios de vendas que violem os termos de uso da plataforma. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.088.236-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/4/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 12
Laura e Felipe foram se casaram e a mulher passou a adotar o sobrenome do marido; depois 
de vinte anos casos, eles se divorciaram e o ex-marido queria que ela deixasse de usar o 
patronímico; o STJ não concordou
O art. 1.578 do Código Civil prevê a perda do direito de uso do nome de casado para o caso de o 
cônjuge ser declarado culpado na ação de separação judicial. Mesmo nessas hipóteses, porém, a 
perda desse direito somente terá lugar se não ocorrer uma das situações previstas nos incisos I a 
III do referido dispositivo legal. Assim, a perda do direito ao uso do nome é exceção, e não regra.
A alteração do nome civil para exclusão do patronímico adotado pelo cônjuge, em razão 
do casamento, é inadmissível se não houver circunstâncias que justifiquem a alteração, 
especialmente quando o sobrenome se encontra incorporado e consolidado em virtude de seu 
uso contínuo por longo período de tempo. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.550.337-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 4/3/2024 (Info 808).
É vedada a pactuação da cláusula del credere nos contratos de agência ou distribuição por 
aproximação
O art. 721 do Código Civil prevê que, além das regras do Código Civil, também devem ser 
aplicadas as normas da legislação especial para os contratos de agência e distribuição: 
Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regras concernentes 
ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial.
Assim, o Código Civil, apesar de disciplinar esse contrato, não afasta a incidência das normas 
especiais que não forem substancialmente incompatíveis com a última regulamentação.
Os doze artigos do Código Civil que disciplinam os contratos de agência e distribuição por 
aproximação (arts. 710 a 721) não tratam sobre a cláusula del credere. Logo, existe essa lacuna no 
Código Civil.
O art. 43 da Lei nº 4.886/65, por sua vez, proíbe a inclusão de cláusulas del credere no contrato de 
representação comercial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.784.914-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 23/4/2024 (Info 810).
Jornal não pode divulgar fato verídico envolvendo crime de estupro, mas fazendo menções 
injuriosas à honra da vítima
Comete ato ilícito, por abuso de direito, o órgão de imprensa que, apesar de divulgar fato 
verídicoe sem a indicação de dados objetivos quanto aos partícipes do fato, relaciona a notícia 
à manchete de caráter manifestamente ofensivo à honra da vítima de crime de estupro de 
vulnerável, atribuindo à adolescente conduta ativa ante o fato ocorrido, trazendo menções 
injuriosas a sua honra. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.875.402-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/4/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 13
DIREITO DO CONSUMIDOR
Não incide o CDC no caso de concessionária de serviços públicos pertencente a grande grupo 
econômico 
Situação adaptada: a CEMAT é uma concessionária de energia elétrica. Ela integra, juntamente 
com outras oito concessionárias, um grande grupo econômico. O Banco com quem a CEMAT 
matinha relações comerciais h avia realizado empréstimos para o grupo. 
Sem a anuência expressa da CEMAT, o Banco realizou o resgate das aplicações financeiras da 
empresa para amortizar dívidas da controladora do grupo. 
Insatisfeita, a concessionária ajuizou ação contra o Banco pedindo que a instituição financeira 
fosse condenada a abster-se de fazer novas movimentações em sua conta corrente ou conta de 
investimento. A concessionária invocou, como fundamento jurídico para seu pedido, o CDC.
Incide o CDC neste caso? Não. 
O STJ adota, como regra, a teoria finalista segundo a qual somente se qualifica como consumidor, 
de forma a atrair a incidência da legislação consumerista, o destinatário fático ou econômico de 
bens ou serviços. Vale ressaltar, contudo, que a partir de uma interpretação teleológica, o STJ tem 
admitido temperamentos à teoria finalista, de forma a reconhecer sua aplicabilidade a situações 
em que, apesar de o produto ou serviço ter sido adquirido no fluxo da atividade empresarial, 
seja comprovada a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica do contratante perante o 
fornecedor. Trata-se do que ficou conhecido como teoria finalista mitigada.
Ocorre que, no caso concreto, o STJ entendeu que não se poderia considerar a autora 
como consumidora, nem mesmo com base na teoria finalista mitigada porque não há 
vulnerabilidade da empresa.
Não incide o CDC no caso de concessionária de serviços públicos pertencente a grande grupo 
econômico, que pressupõe elevado nível de organização e planejamento para participação de 
processos licitatórios e sujeição a agências de regulação setorial.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.802.569-MT, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/3/2024 (Info 807).
A natureza taxativa ou exemplificativa do rol da ANS não importa para fins de análise do 
dever de cobertura de medicamentos para o tratamento de câncer
No âmbito do REsp 1.733.013/PR, a 4ª Turma do STJ firmou o entendimento de que o rol de 
procedimentos editado pela ANS não pode ser considerado meramente exemplificativo.
Em tal precedente, contudo, fez-se expressa ressalva de que a natureza taxativa ou exemplificativa 
do aludido rol seria desimportante à análise do dever de cobertura de medicamentos para o 
tratamento de câncer, em relação aos quais há apenas uma diretriz na resolução da ANS.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 2.057.814-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 29/5/2023 (Info 12 
– Edição Extraordinária).
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 2.017.851-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 26/2/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 14
Antes do consumidor ser inscrito nos cadastros restritivos de crédito (exs: SPC/Serasa), ele 
precisa ser previamente notificado. Essa notificação deve ser por e-mail?
É possível que a prévia notificação exigida pelo § 2º do art. 43 do CDC seja feita por e-mail?
3ª Turma do STJ: NÃO
A notificação prévia à inscrição do consumidor em cadastro de inadimplentes, prevista no §2º, do 
art. 43, do CDC, não pode ser realizada, exclusivamente, por e-mail ou por mensagem de texto de 
celular (SMS).
Na sociedade brasileira contemporânea, fruto de um desenvolvimento permeado, historicamente, 
por profundas desigualdades econômicas e sociais, não se pode ignorar que o consumidor, parte 
vulnerável da relação, em muitas hipóteses, não possui endereço eletrônico (e-mail) ou, quando o 
possui, não tem acesso facilitado a computadores, celulares ou outros dispositivos que permitam 
acessá-lo constantemente e sem maiores dificuldades, ressaltando-se a sua vulnerabilidade 
técnica, informacional e socioeconômica.
A notificação do consumidor acerca da inscrição de seu nome em cadastro restritivo de crédito 
exige o prévio envio de correspondência ao seu endereço, sendo vedada a notificação exclusiva 
por meio de e-mail ou mensagem de texto de celular (SMS).
STJ. 3ª Turma. REsp 2.056.285-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/4/2023 (Info 773).
4ª Turma do STJ: SIM
É válida a comunicação remetida por e-mail para fins de notificação do consumidor acerca da 
inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes, desde que comprovado o envio e entrega 
da comunicação ao servidor de destino. 
Considerando que é admitida até mesmo a realização de atos processuais, como citação e 
intimação, por meio eletrônico, inclusive no âmbito do processo penal, é razoável admitir a 
validade da comunicação remetida por e-mail para fins de notificação prevista no art. 43, § 2º, do 
CDC, desde que comprovado o envio e entrega da comunicação ao servidor de destino.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.063.145-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 14/3/2024 (Info 808).
Operadora só pode aplicar o reajuste por aumento de sinistralidade se demonstrar, com 
extrato pormenorizado, o aumento na proporção entre as despesas assistenciais e as receitas 
diretas do plano
O reajuste por aumento de sinistralidade só pode ser aplicado pela operadora, de forma 
complementar ao reajuste por variação de custo, se demonstrado, a partir de extrato 
pormenorizado, o incremento na proporção entre as despesas assistenciais e as receitas diretas 
do plano, apuradas no período de doze meses consecutivos, anteriores à data-base de aniversário 
considerada como mês de assinatura do contrato. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.108.270-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/4/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 15
É possível a cobrança diferenciada de mensalidade entre calouros e veteranos, desde que 
demonstrado o aumento do custo pela alteração no método de ensino
Caso hipotético: o Centro Universitário Saber cobra mensalidade de R$ 7 mil para os alunos de 
Medicina matriculados até 2018. Em 2019, a instituição estabeleceu que a mensalidade seria de R$ 
8 mil para os alunos que estivessem entrando naquele ano e que permaneceria R$ 7 mil para os 
demais. Os calouros de 2019 não concordaram e ingressam com ação contra a instituição de ensino 
pedindo que fosse declarada a abusividade dessa cobrança diferenciada do valor da mensalidade. 
O STJ afirmou que essa diferenciação nos valores das mensalidades era justificada porque isso 
se deu em razão do custo para a implementação de um novo método pedagógico, o que ficou 
comprovado no caso dos autos.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.087.632-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Moura Ribeiro, 
julgado em 16/4/2024 (Info 808).
O simples fato de uma pessoa ter esperado mais tempo do que é fixado pela Lei da Fila não é 
suficiente para, obrigatoriamente, ensejar indenização por danos morais
O simples descumprimento do prazo estabelecido em legislação específica para a prestação de 
serviços bancários não gera por si só dano moral in re ipsa.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.962.275-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 24/4/2024 
(Recurso Repetitivo – Tema 1156) (Info 809).
DIREITO DO EMPRESARIAL
À luz do DL 7.661/1945, a anulação de negócio jurídico realizado pela empresa falida 
após a decretação da quebra prescinde do ajuizamento de ação revocatória, podendo ser 
pronunciada, de ofício, pelo juízo falimentar
Caso hipotético: a empresa Alfa Ltda ingressou com pedido de autofalência, que foi decretada 
pelo juiz no dia 21/03/1988. Em 10/03/1992, João, diretor da Alfa, sem conhecimento ou 
autorização do síndico da falência, vendeu um bemda empresa para Ricardo. Em 2017, o juízo 
falimentar, descobrindo esse fato, de ofício, decretou a nulidade do contrato de cessão, nos 
termos do § 1º do art. 40 do DL 7.661/45.
A decisão foi correta. O juiz responsável pelo processo de falência pode declarar, nos autos 
do processo falimentar, a nulidade de negócio jurídico de compra e venda de imóvel realizado 
pela empresa falida após a decretação da quebra, independentemente da propositura de ação 
revocatória.
O art. 40, § 1º do DL 7.661/45 não exige a propositura de ação revocatória para a anulação de 
negócio jurídico realizado por empresa falida, após a decretação da quebra.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.958.096-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/3/2024 (Info 807).
JULGADOS EM DESTAQUE 16
É inválido o instrumento de confissão de dívida cuja origem decorre de valores cedidos em 
contrato de fomento mercantil (factoring), ainda que o referido instrumento de confissão, 
assinado pelo devedor e duas testemunhas, tenha força executiva
Situação hipotética: João emitiu uma nota promissória de R$ 50 mil em favor da Alfa Ltda., com 
vencimento para depois de 3 meses. A empresa precisava de fluxo de caixa e, por isso, firmou 
contrato de fomento mercantil (factoring) com a empresa Beta Fomento Comercial Ltda.
A Alfa cedeu a nota promissória para a Beta recebendo em troca, à vista, R$ 30 mil. Assim, quando 
João pagasse a nota promissória, já iria pagar para a Beta, que ficaria com um “lucro” de R$ 20 mil.
Ocorre que João não pagou. Diante disso, o sócio da Beta foi até o sócio da Alfa e afirmou que ele 
não poderia ficar sozinho com esse prejuízo.
O sócio da Alfa aceitou, então, quitar uma parte e assinou um instrumento particular de confissão 
de dívida comprometendo-se a pagar R$ 10 mil em favor da Beta. 
Sucede que a Alfa, mesmo tendo assinado esse termo, não pagou os R$ 10 mil.
A Beta ingressou, então, com execução de título extrajudicial cobrando os R$ 10 mil previstos no 
instrumento de confissão de dívida.
A Alfa apresentou embargos à execução alegando que esse instrumento de confissão de dívida 
não é válido. Isso porque no fomento mercantil, a faturizadora (em nosso exemplo, a Beta) 
adquire os riscos da inadimplência dos créditos cedidos, de modo que a cobrança contra a 
faturizada (em nosso exemplo, a Alfa) desnatura completamente o contrato.
Os argumentos da Alfa foram acolhidos pelo STJ? Sim. O instrumento de confissão de dívida tem 
como fundamento a prévia operação de fomento mercantil estabelecida entre as partes. Trata-se 
de título executivo inválido, uma vez que a origem do débito corresponde à dívida não sujeita a 
direito de regresso
STJ. 3ª Turma. REsp 2.106.765-CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/3/2024 (Info 807).
A participação indireta do administrador na aprovação de suas contas configura um vício de 
voto, sendo essa deliberação passível de anulabilidade e não nulidade
Caso adaptado: Eduardo, administrador da companhia, às vésperas da assembleia geral, 
transferiu a totalidade de sua participação acionária na companhia para uma outra empresa na 
qual era sócio juntamente com a sua mulher. Essa empresa votou na assembleia e aprovou as 
contas de Eduardo. 
Os acionistas minoritários, em vez de ingressarem com ação de anulação da assembleia, 
ajuizaram ação de responsabilidade contra Eduardo. O pedido não foi acolhido.
O vício de voto, na hipótese de acionista votar nas deliberações de assembleia-geral de sociedade 
anônima relativa à aprovação de suas próprias contas como administrador, conduz a sanção de 
anulabilidade, sendo necessária a prévia desconstituição da assembleia para que se autorize a 
responsabilização do sócio administrador. 
STJ. 4ª Turma. REsp 2.095.475-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 9/4/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 17
Em contrato estimatório, se as mercadorias forem vendidas a terceiros após o processamento 
da recuperação judicial, os créditos das consignantes possuem natureza concursal, 
submetendo-se aos efeitos do plano de recuperação judicial
O caso concreto, com adaptações, foi o seguinte: O Grupo Abril faz a impressão, publicação 
e distribuição de diversas revistas. Como ele era o maior distribuidor do país, outras editoras 
entregavam para o grupo as suas revistas, em consignação, para também serem distribuídas pela 
Abril. Funcionava assim: a Editora Globo, por exemplo, entregava suas revistas para o Grupo Abril 
Comunicações, que ficava responsável por fazer a distribuição delas para as bancas e demais 
canais de venda. Ao final do prazo estipulado, o Grupo Abril fazia o recolhimento das revistas e 1) 
devolvia as revistas não vendidas; e 2) apurava e pagava para a Editora Globo o valor das revistas 
efetivamente vendidas.
Ocorre que o Grupo Abril enfrentou severas dificuldades financeiras que o obrigou a pedir 
recuperação judicial, cujo processamento foi deferido em 16/08/2018.
Na data em que foi deferido o pedido de recuperação judicial, o Grupo Abril possuía em sua posse 
um grande número de revistas de outras editoras, que foram distribuídas/vendidas nos dias 
seguintes à recuperação judicial.
Na relação de credores, o Grupo Abril registrou essas revistas em consignação como obrigação 
de fazer, ou seja, as mercadorias não vendidas seriam devolvidas às editoras e as vendidas 
comporiam o crédito concursal.
As editoras credoras, que tinham revistas entregues em consignação antes do processamento da 
falência não concordaram.
Na visão delas, apesar de as revistas terem sido entregues antes do processamento, a venda 
ocorreu em momento posterior. Logo, o dinheiro obtido com essas vendas não deveria se sujeitar 
aos efeitos da recuperação judicial.
O argumento das editoras foi acolhido? Não. 
O contrato estimatório apenas se aperfeiçoa com a efetiva entrega do bem móvel com o preço 
estimado ao consignatário, tratando-se, portanto, de contrato real.
Nesse cenário, o consignante, ao entregar o bem móvel, cumpre com a sua prestação, com o que 
passa a assumir a condição de credor, ocasião em que é conferido à outra parte (consignatário/
devedor) um prazo para cumprir com a sua contraprestação, qual seja, a de pagar o preço 
ajustado ou restituir a coisa consignada.
O fato gerador do crédito em discussão ocorreu no momento em que as mercadorias foram 
entregues ao Grupo Abril (consignatário), isto é, antes do ajuizamento do pedido de recuperação 
judicial, quando se perfectibilizou o vínculo jurídico entre as partes, decorrente do contrato 
estimatório firmado, independente do transcurso do prazo que elas teriam para cumprir com 
a sua contraprestação (pagar o preço ou restituir a coisa), ou seja, ainda, que o crédito fosse 
inexigível e ilíquido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.934.930-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/4/2024 (Info 807).
JULGADOS EM DESTAQUE 18
Os acionistas da instituição financeira têm legitimidade para intervir no processo de falência 
instaurado a pedido do liquidante; não há necessidade de prévia autorização da assembleia 
geral em se tratando de falência decorrente de liquidação extrajudicial
Caso adaptado: o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Rural em razão de 
grave crise financeira. O BACEN nomeou, na oportunidade, um liquidante (João) para administrar 
a instituição, revogando o controle dos acionistas então administradores.
Algum tempo depois, constatando ser inviável a continuidade das atividades econômicas, o 
BACEN autorizou a liquidante a requerer a falência da instituição financeira, o que foi deferido.
Alguns acionistas do Banco recorreram alegando que seria necessária a prévia deliberação da 
Assembleia Geral dos acionistas do Banco, nos termos do art. 122, IX, da Lei nº 6.404/76 para se 
pedir a falência.
Primeira pergunta: os acionistas ex-administradores e controladores do Banco Rural têm 
legitimidade para intervir no processo de falência instaurado a pedido do liquidante? Sim. Os 
acionistas ex-administradores e controladores da instituiçãofinanceira têm legitimidade para 
intervir no processo de falência instaurado a pedido do liquidante.
Segunda pergunta: para que o liquidante pedisse a autofalência da instituição financeira era 
necessário que, antes disso, ele tivesse obtido autorização da assembleia geral do Banco? Não. 
Não há necessidade de prévia autorização da assembleia geral em se tratando de falência 
decorrente de procedimento de liquidação extrajudicial. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.852.165-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 23/4/2024 (Info 810).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
O terceiro juridicamente interessado tem legitimidade para ajuizar a ação declaratória de 
nulidade (querela nullitatis insanabilis) sempre que houver algum vício insanável na sentença 
transitada em julgado
A querela nullitatis insanabilis não possui previsão no ordenamento jurídico, sendo uma criação da 
doutrina e jurisprudência destinada a declarar vício insanável de sentença transitada em julgado.
Por essa razão, não há parâmetro legal para se verificar, de forma objetiva, os seus requisitos 
processuais, dentre os quais a legitimidade das partes. 
A querela nullitatis se assemelha à ação rescisória, visto que ambas possuem como finalidade a 
desconstituição da coisa julgada.
Assim, considerando a semelhança entre a ação rescisória e a querela nullitatis, bem como a 
ausência de previsão legal desta, as regras concernentes à legitimidade para o ajuizamento da 
rescisória devem ser aplicadas, por analogia, à ação declaratória de nulidade.
Nesse cenário, a legitimidade está configurada pelo inciso II do art. 967 do CPC, que atribui ao 
terceiro juridicamente interessado a legitimidade para propor ação rescisória: Art. 967. Têm 
legitimidade para propor a ação rescisória: (...) II - o terceiro juridicamente interessado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.902.133-RO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/4/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 19
O CPC de 2015 alberga a coisa julgada progressiva e autoriza o cumprimento definitivo de 
parcela incontroversa da sentença condenatória
Situação hipotética: Alfa Ltda ajuizou ação pedindo para que os valores que ela paga a título de 
ICMS e de ISS fossem excluídos da base de cálculo do PIS/COFINS que ela tem que recolher.
O juiz julgou os pedidos improcedentes. O acórdão foi mantido pelo TRF4. Ainda inconformada, a 
empresa interpôs recurso extraordinário. 
O recurso extraordinário foi sobrestado porque o STF havia afetado para julgar esses assuntos 
sob a sistemática da repercussão geral:
• Tema 69 STF: Inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS.
• Tema 118 STF: Inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da COFINS.
Em 2017, o STF julgou o Tema 69 e o resultado do julgamento foi favorável aos contribuintes.
Diante disso, o TRF4, em juízo de retratação, acompanhou o entendimento do STF em relação 
ao ICMS (Tema 69) e determinou que a Fazenda Nacional fizesse a restituição das quantias que 
a empresa pagou indevidamente. Por outro lado, o TRF4 afirmou que não podia reanalisar o 
capítulo referente ao ISS porque o Tema 118 (Inclusão do ISS na base de cálculo do PIS e da 
COFINS) ainda não foi julgado pelo STF.
Assim, chegamos ao seguinte cenário:
• Capítulo referente ao ICMS na PIS/COFINS: TRF4 decidiu que não integra a base de cálculo, 
sem possibilidade de novo recurso.
• Capítulo referente ao ISS na PIS/COFINS: o recurso extraordinário ainda está sobrestado 
aguardando decisão do STF no paradigma (Tema 118).
A empresa Alfa pode pedir a execução parcial do título formado.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AgInt no REsp 2.038.959-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 
16/4/2024 (Info 808).
A pretensão de fazer cessar a cobrança de tributo, mesmo que já anteriormente declarado 
inconstitucional, contém discussão de natureza tributária, ensejando a ilegitimidade ativa do 
Ministério Público para a ação
Caso adaptado: a ALE/RJ aprovou lei aumentando a alíquota do ICMS. O TJ/RJ, de forma incidental, 
declarou a inconstitucionalidade dessa lei. Mesmo assim, a alíquota continuou a ser exigida.
Diante disso, o MP/RJ ajuizou ação civil pública contra a concessionária e o Estado do Rio de 
Janeiro argumentando que os réus estariam desobedecendo entendimento firmado pelo Órgão 
Especial do TJ/RJ sobre a inconstitucionalidade da lei e que essa decisão teria efeito vinculante.
O STJ entendeu que o MP é parte ilegítima para essa ação.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1.641.326-RJ, Rel. Min. Afrânio Vilela, julgado em 11/3/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 20
Compete ao Plenário do STF julgar agravos internos e embargos de declaração em recursos 
extraordinários (RE) e em recursos extraordinários com agravos (ARE) interpostos em face de 
acórdãos proferidos em ações diretas estaduais
Situação hipotética: uma associação ajuizou ADI no Tribunal de Justiça alegando que a Lei 
estadual XXX violou a autonomia dos Municípios do Estado, sendo esta autonomia prevista no art. 
144 da Constituição Estadual que corresponde a uma norma de reprodução obrigatória já que a 
autonomia dos municípios também é consagrada pelo art. 18 da CF.
O TJ julgou improcedente o pedido, mantendo a validade da Lei estadual XXX.
Neste caso, por ser tratar de norma de reprodução obrigatória, a associação poderá interpor 
recurso extraordinário.
Suponhamos que a associação interpôs o recurso.
O Ministro do STF, sorteado como relator, constata que a decisão do TJ contrariou a jurisprudência 
pacífica do Supremo. Em razão disso, o Ministro, monocraticamente, deu provimento ao recurso 
extraordinário, declarando a lei estadual inconstitucional.
A Assembleia Legislativa não concordou com a decisão do Ministro. Existe algum recurso que ela 
pode interpor? Sim. Existem dois recursos possíveis: i) embargos de declaração; ii) agravo interno.
Esses recursos podem ser julgados por uma das Turmas do STF ou deverão ser obrigatoriamente 
apreciados pelo Plenário da Corte? O Plenário.
STF. Plenário. RE 913.517 QO/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/03/2024 (Info 1132).
Se houve a renúncia de mandato, devidamente comunicada pelo patrono (advogado) ao seu 
constituinte (cliente) conforme prevê o art. 112 do CPC, não é necessário que a parte seja 
intimada judicialmente para constituir novo advogado; ela tem esse ônus por força de lei
Caso hipotético: Regina ajuizou ação contra João. O juiz julgou o pedido procedente, sentença que 
foi confirmada pelo Tribunal de Justiça. Ainda inconformado, João, assistido pelo seu advogado 
(Dr. Rafael), interpôs recurso especial. Antes que o recurso fosse julgado, Rafael renunciou ao 
mandato. O advogado enviou uma comunicação, por escrito, a João, informando a renúncia. Além 
disso, Rafael juntou nos autos a prova dessa comunicação, cumprindo assim o art. 112 do CPC. Se 
João não constituir novo advogado, seu recurso não será conhecido.
Vale ressaltar que o órgão jurisdicional não é obrigado a intimar João para constituir novo 
advogado.
A renúncia de mandato devidamente comunicada pelo patrono ao seu constituinte prescinde de 
determinação judicial para a intimação da parte com o propósito de regularizar a representação 
processual nos autos, incumbindo à parte o ônus de constituir novo advogado. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 2.343.002-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
26/2/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 21
O prazo de 30 dias para a formulação do pedido principal previsto no art. 308 do CPC possui 
natureza jurídica processual e, consequentemente, sua contagem deve ser realizada em dias 
úteis, nos termos do art. 219 do CPC
Deferido o pedido de concessão de tutela cautelar requerido em caráter antecedente, o autor 
deverá adotar as medidas necessárias para que a tutela seja efetivada dentro de 30 dias, sob pena 
de cessar a sua eficácia (art. 309, II, do CPC/2015). 
Após a sua efetivação integral, o autor tem a incumbência de formular o pedido principal no prazo 
de 30 dias, o que deverá ser feito nos mesmos autos e independentementedo adiantamento de 
novas custas processuais (art. 308 do CPC/2015).
O prazo de 30 (trinta) estabelecido no art. 308 do CPC/2015, diferentemente do que ocorria no 
CPC/1973, não é mais destinado ao ajuizamento de uma nova ação para buscar a tutela definitiva, 
mas à formulação do pedido principal no processo já existente. Desse modo, a formulação do 
pedido principal é um ato processual, que produz efeitos no processo em curso. Consequentemente, 
esse prazo tem natureza processual, devendo ser contado em dias úteis (art. 219 do CPC/2015).
Desatendido o prazo legal, a medida cautelar concedida perderá a sua eficácia (art. 309, I, do 
CPC/2015) e o procedimento de tutela cautelar antecedente será extinto sem exame do mérito.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.066.868-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2023 (Info 780).
STJ. Corte Especial. EREsp 2.066.868-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 3/4/2024 
(Info 807).
É inconstitucional o art. 78 do ADCT, incluído pela EC 30/2000, que permite o parcelamento de 
precatórios vencidos
É inconstitucional o regime excepcional de parcelamento de precatórios previsto no art. 78 do 
ADCT, instituído pela EC nº 30/2000.
Esse regime viola o princípio da separação dos Poderes (art. 2º, CF/88), além de ofender os 
direitos fundamentais à propriedade (art. 5º, XXII e XXIV), à isonomia (art. 5º, caput), ao devido 
processo legal substantivo (art. 5º, LIV) e ao acesso à jurisdição (art. 5º, XXXV).
STF. Plenário. ADI 2.356/DF e ADI 2.362/DF, Rel. Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. 
Edson Fachin, julgado em 07/05/2024 (Info 1135).
Se a credora estrangeira, com base no contrato, ajuizou execução no Brasil, a justiça 
brasileira será competente para julgar os embargos à execução podendo analisar, inclusive, o 
direito estrangeiro no qual estava baseada a dívida
Caso exista previsão contratual que faculte ao credor a escolha do foro de execução e este opte 
pela execução dos contratos de empréstimos celebrados no exterior perante a Justiça brasileira, 
deve haver submissão à forma processual típica de tal via processual, inclusive quanto ao 
conhecimento e julgamento dos respectivos embargos à execução. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.966.276-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 9/4/2024 (Info 807).
JULGADOS EM DESTAQUE 22
A licitação entre pretendentes (art. 876 do CPC) não se confunde com concurso de 
preferências (art. 908 do CC); o concurso se instaura em caso de disputa sobre o dinheiro 
arrecadado pela adjudicação do bem a terceiro; a licitação diz respeito ao bem penhorado
Caso hipotético: Pedro iniciou execução contra João cobrando R$ 600.000,00 e conseguiu a 
penhora de um galpão avaliado em R$ 1.000.000,00. Ricardo ingressou com outra execução 
contra João cobrando R$ 1.100.000,00 e também foi penhorado o mesmo galpão.
Ricardo requereu a adjudicação do imóvel penhorado (art. 876 do CPC). Pedro não pediu a 
adjudicação.
O juiz deferiu a adjudicação em favor de Ricardo.
Pedro recorreu alegando que deveria ocorrer um rateio proporcional dos seus valores com 
o crédito de Ricardo, nos termos do art. 962 do Código Civil: Art. 962. Quando concorrerem 
aos mesmos bens, e por título igual, dois ou mais credores da mesma classe especialmente 
privilegiados, haverá entre eles rateio proporcional ao valor dos respectivos créditos, se o produto 
não bastar para o pagamento integral de todos.
Não é possível que se aplique à licitação entre os pretendentes à adjudicação de bem penhorado 
as regras relativas ao concurso de credores na hipótese de múltiplos credores com créditos de 
valores distintos. 
STJ. 3ª Turma. REsp 2.098.109-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/3/2024 (Info 807).
É possível a penhora de faturamento mesmo sem que tenha havido o esgotamento das 
diligências
I - A necessidade de esgotamento das diligências como requisito para a penhora do faturamento 
foi afastada após a reforma do CPC/1973 pela Lei n. 11.382/2006. 
II - No regime do CPC/2015, a penhora do faturamento, listada em décimo lugar na ordem 
preferencial de bens passíveis de constrição judicial, poderá ser deferida após a demonstração 
da inexistência dos bens classificados em posição superior, ou, alternativamente, se houver 
constatação, pelo juiz, de que tais bens são de difícil alienação; finalmente, a constrição judicial 
sobre o faturamento empresarial poderá ocorrer sem a observância da ordem de classificação 
estabelecida em lei, se a autoridade judicial, conforme as circunstâncias do caso concreto, assim o 
entender (art. 835, § 1º, do CPC/2015), justificando-a por decisão devidamente fundamentada. 
III - A penhora de faturamento não pode ser equiparada à constrição sobre dinheiro. 
IV - Na aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 805 e parágrafo único do CPC/2015; 
art. 620 do CPC/1973): a) a autoridade judicial deverá estabelecer percentual que não inviabilize 
o prosseguimento das atividades empresariais; e b) a decisão deve se reportar aos elementos 
probatórios concretos trazidos pelo devedor, não sendo lícito à autoridade judicial empregar o 
referido princípio em abstrato ou com base em simples alegações genéricas do executado.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.835.864-SP, 1.666.542-SP e 1.835.865-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 18/4/2024 (Recurso Repetitivo – Tema 769) (Info 769).
JULGADOS EM DESTAQUE 23
Não é possível, antes do trânsito em julgado da sentença, a intimação da empresa 
seguradora para depositar o valor do seguro oferecido como garantia de execução fiscal
Caso hipotético: a Fazenda Pública ingressou com execução fiscal contra Alfa Ltda. A empresa 
ofereceu em garantia do juízo uma apólice de seguro-garantia, emitida por uma seguradora. Em 
seguida, a executada apresentou embargos à execução. Vale ressaltar, contudo, que os embargos 
foram recebidos sem efeito suspensivo. Diante disso, a Fazenda Pública requereu a excussão 
do seguro-garantia. A excussão do seguro-garantia é o processo pelo qual o beneficiário de um 
seguro-garantia aciona a seguradora para que esta cumpra a obrigação de pagar a indenização 
prevista na apólice.
O Tribunal de Justiça concordou com o pedido da Fazenda Pública e determinou que a seguradora 
transferisse para a conta do juízo os valores previstos na apólice.
Agiu corretamente o TJ? Não. Se o propósito da execução é satisfazer a dívida, não há sentido 
no ato judicial que intima a seguradora para realizar o depósito do valor assegurado antes do 
trânsito em julgado, pois somente depois do trânsito em julgado é que será possível entregar 
o dinheiro ao credor (por conversão em renda da Fazenda Pública). Logo, se antes do trânsito 
em julgado não é possível entregar o dinheiro ao Fisco, não há sentido ou utilidade de, antes do 
trânsito em julgado, obrigar a seguradora a depositar o valor do seguro.
As garantias apresentadas na forma do II do caput deste artigo somente serão liquidadas, no todo 
ou parcialmente, após o trânsito em julgado da decisão de mérito em desfavor do contribuinte, 
vedada a sua liquidação antecipada (art. 9º, § 7º, da LEF, introduzido pela Lei 14.689/2023).
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 2.310.912-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. 
Gurgel de Faria, julgado em 20/2/2024 (Info 808).
DIREITO PENAL
O patrimônio de terceiro que praticou a lavagem de dinheiro, mas não cometeu o crime 
antecedente, só poderá ser atingido, se for demonstrado que determinados bens, direitos ou 
valores constituem instrumento, produto ou proveito do crime anterior
O § 2º, do art. 4º, da Lei nº 9.613/98, deve ser interpretado restritivamente, sob pena de criar 
indevidas hipóteses de responsabilidade integral ou solidária não previstas em lei.
É inviável a tese de que o agente que lavou parcela dos recursos ilícitos deve responder 
solidariamente pelo prejuízo total decorrente de infração penal antecedente que foi praticada 
exclusivamente por terceiro.
Há autonomia entre a lavagem de dinheiro e o crime antecedente, no que se refere à 
quantificação do proveitoeconômico, motivo pelo qual só podem ser constritos os bens, direitos 
ou valores que tenham relação com a lavagem de capitais. 
Em outras palavras, aqueles que lavam dinheiro só possuem a obrigação de indenizar os danos 
causados pela infração antecedente enquanto subsistir patrimônio ou proveito que guarde 
relação direta com os bens, direitos ou valores obtidos de forma ilícita.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no REsp 1.970.697-PR, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 
19/3/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 24
Suspeito correu para dentro da casa quando percebeu a viatura; os policiais o perseguiram e 
entraram na residência mesmo sem autorização; viram então o suspeito jogar droga por cima 
do muro; para o STJ, o ingresso na casa foi ilícito
Caso concreto: policiais militares faziam patrulhamento de rotina quando notaram João, que 
estava parado na frente de um imóvel em localidade conhecida como ponto de venda de drogas. 
Ao avistar a viatura policial, João rapidamente correu para dentro da casa. Os policiais foram atrás 
do suspeito e ingressaram, mesmo sem autorização, na residência. 
Quando já estavam no interior da casa, os policiais viram João arremessar por cima do muro, um 
saco plástico que foi imediatamente localizado e apreendido. Neste saco havia cocaína.
O STJ entendeu que a prova obtida com a invasão de domicílio foi ilícita. Isso porque não havia 
elementos concretos para indicar que estaria havendo comércio de drogas. Além disso, não 
foram realizadas investigações prévias para se confirmar eventual suspeita. Por fim, não houve 
consentimento do morador para o ingresso na casa.
Como obiter dictum, a despeito de não ser exatamente o caso dos autos, o Relator ainda 
citou que a permissão para ingresso no domicílio, proferida em clima de estresse policial, não 
deve ser considerada espontânea, a menos que tenha sido por escrito e testemunhada, ou 
documentada em vídeo.
STJ. 6ª Turma. REsp 2.114.277-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), 
julgado em 9/4/2024 (Info 807).
Obs: para complementar seus estudos, é importante ler os comentários à decisão do STF no qual 
se consignou o seguinte: 
Não há ilegalidade na ação de policiais militares que — amparada em fundadas razões sobre 
a existência de flagrante do crime de tráfico de drogas na modalidade 'ter em depósito' — 
ingressam, sem mandado judicial, no domicílio daquele que corre, em atitude suspeita, para o 
interior de sua residência ao notar a aproximação da viatura policial. 
STF. Plenário. HC 169.788/SP, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de 
Moraes, julgado em 04/03/2024 (Info 1126).
As medidas protetivas de urgência, embora tenham caráter provisório, não possuem prazo de 
vigência, devendo vigorar enquanto persistir a situação de risco à ofendida
As medidas protetivas previstas na Lei nº 11.340/2006, por visarem resguardar a integridade física 
e psíquica da ofendida, possuem feição de tutela inibitória e reintegratória, conteúdo satisfativo e 
não se vinculam, necessariamente, a um procedimento principal. 
Ainda, embora tenham caráter provisório, não possuem prazo de vigência, mas devem vigorar 
enquanto persistir a situação de risco à ofendida, o que deverá ser avaliado pelo Juízo de origem.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 2.422.628-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
2/4/2024 (Info 807).
JULGADOS EM DESTAQUE 25
Não houve estupro de vulnerável em caso de jovem de 20 anos, trabalhador rural e com pouca 
escolaridade, que se relacionou com uma adolescente de 12 anos, sobrevindo uma filha
O STJ, no julgamento do Tema 918 e na Súmula 593, fixou o entendimento de que o crime de 
estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com 
menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua 
experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
A conduta de estupro de vulnerável imputada a um jovem de 20 anos, trabalhador rural e com 
pouca escolaridade, que se relacionou com uma adolescente de 12 anos, que havia sido, em 
um primeiro momento, aceito pela família da adolescente, sobrevindo uma filha e a efetiva 
constituição de núcleo familiar, apesar de não estarem mais juntos como casal, embora 
formalmente típica, não constitui infração penal, tendo em vista o reconhecimento da ausência de 
culpabilidade por erro de proibição, bem como pelo fato de que se deve garantir proteção integral 
à criança que nasceu dessa relação. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.389.611-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
12/3/2024 (Info 807).
Súmula 668 do STJ
Súmula 668-STJ: Não é hediondo o delito de porte ou posse de arma de fogo de uso permitido, 
ainda que com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou 
adulterado.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 18/4/2024 (Info 808).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
A Receita Estadual, a Polícia Civil e o Ministério Público realizaram operação conjunta para 
apurar supostas fraudes fiscais; os agentes fazendários não poderão fazer busca e apreensão 
na sede da empresa investigada sem prévia autorização judicial
O STJ entende que a administração fazendária, no exercício da sua missão institucional, não 
necessita de autorização judicial para apreender documentos que considere relevantes na 
configuração de ilícito, tendo em vista a publicidade dos livros e documentos contábeis (AgRg nos 
EDcl no AREsp 1.124.517/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 11/5/2021).
Vale ressaltar, contudo, que esse entendimento não se aplica no caso em que houve uma 
verdadeira força-tarefa envolvendo diferentes órgãos de polícia e fiscalizatórios. Isso porque, 
neste caso, não há que se falar em atuação de rotina.
Extrapola a atuação de rotina dos órgãos de polícia fazendária, a exigir o controle jurisdicional 
prévio do ato, quando se evidencia a realização de verdadeira força-tarefa entre diferentes órgãos 
de polícia e fiscalizatórios.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RMS 62753-SP, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 2/4/2024 (Info 809).
JULGADOS EM DESTAQUE 26
STF reiterou que o Ministério Público pode realizar investigações de natureza penal, no 
entanto, definiu novos parâmetros e exigências
1. O Ministério Público dispõe de atribuição concorrente para promover, por autoridade própria, e 
por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias 
que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado. Devem 
ser observadas sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição 
e, também, as prerrogativas profissionais da advocacia, sem prejuízo da possibilidade do 
permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 
14), praticados pelos membros dessa Instituição (Tema 184 RG); 
2. A realização de investigações criminais pelo Ministério Público tem por exigência: (i) 
comunicação imediata ao juiz competente sobre a instauração e o encerramento de 
procedimento investigatório, com o devido registro e distribuição; (ii) observância dos mesmos 
prazos e regramentos previstos para conclusão de inquéritos policiais; (iii) necessidade 
de autorização judicial para eventuais prorrogações de prazo, sendo vedadas renovações 
desproporcionais ou imotivadas; iv) distribuição por dependência ao Juízo que primeiro conhecer 
de PIC ou inquérito policial a fim de buscar evitar, tanto quanto possível, a duplicidade de 
investigações; v) aplicação do artigo 18 do Código de Processo Penal ao PIC (Procedimento 
Investigatório Criminal) instaurado pelo Ministério Público; 
3. Deve ser assegurado o cumprimento da determinação contida nos itens 18 e 189 da Sentença 
no Caso Honorato e Outros versus Brasil, de 27 de novembro de 2023, da Corte Interamericana 
de Direitos Humanos - CIDH, no sentido de reconhecer que o Estado deve garantir ao Ministério 
Público, parao fim de exercer a função de controle externo da polícia, recursos econômicos e 
humanos necessários para investigar as mortes de civis cometidas por policiais civis ou militares; 
4. A instauração de procedimento investigatório pelo Ministério Público deverá ser motivada 
sempre que houver suspeita de envolvimento de agentes dos órgãos de segurança pública na 
prática de infrações penais ou sempre que mortes ou ferimentos graves ocorram em virtude da 
utilização de armas de fogo por esses mesmos agentes. Havendo representação ao Ministério 
Público, a não instauração do procedimento investigatório deverá ser sempre motivada; 
5. Nas investigações de natureza penal, o Ministério Público pode requisitar a realização de 
perícias técnicas, cujos peritos deverão gozar de plena autonomia funcional, técnica e científica na 
realização dos laudos.
STF. Plenário. ADI 2.943/DF, ADI 3.309/DF e ADI 3.318/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
02/05/2024 (Info 1135).
A busca pessoal sem mandado judicial não pode ser motivada pela raça, sexo, orientação 
sexual, cor da pele ou aparência física da pessoa
Tese fixada pelo STF: A busca pessoal independente de mandado judicial deve estar fundada em 
elementos indiciários objetivos de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos 
ou papéis que constituam corpo de delito, não sendo lícita a realização da medida com base na 
raça, sexo, orientação sexual, cor da pele ou aparência física.
STF. Plenário. HC 208.240/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/4/2024 (Info 1132).
JULGADOS EM DESTAQUE 27
A função das guardas municipais é restrita à proteção de bens, serviços e instalações 
municipais, não lhes sendo permitido realizarem atividades ostensivas ou investigativas 
típicas das polícias militar e civil
A função das guardas municipais, insculpida no art. 144, § 8º, da Constituição Federal, é restrita 
à proteção de bens, serviços e instalações municipais, não lhes sendo permitido realizarem 
atividades ostensivas ou investigativas típicas das polícias militar e civil.
Recentemente a Terceira Seção do STJ destacou que, no julgamento da ADPF 995, em 25/8/2023, 
o STF reafirmou sua posição de que as guardas municipais integram o Sistema de Segurança 
Pública, mas, novamente, não lhes conferiu poderes idênticos aos dos órgãos policiais. O Min. 
Relator Alexandre de Moraes afirmou que: as Guardas Municipais têm entre suas atribuições 
primordiais o poder-dever de prevenir, inibir e coibir, pela presença e vigilância, infrações penais ou 
administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços e instalações municipais.
Caso concreto: a guarda municipal atuou ostensivamente com a finalidade de reprimir a 
criminalidade urbana em atividade tipicamente policial e completamente alheia às suas 
atribuições constitucionais. Isso porque realizou busca pessoal em razão de visualizar o suspeito 
em local conhecido como ponto de venda de drogas (Cracolândia). Neste caso, o STJ reconheceu 
a ilicitude das provas colhidas com base nessa diligência e de todas as que delas derivaram (art. 
157, § 1º, do CPP).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 833.985-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2024 (Info 808).
É possível a utilização de ações encobertas, controladas virtuais ou de agentes infiltrados no 
plano cibernético, inclusive via espelhamento do Whatsapp Web, desde que o uso da ação 
controlada na investigação criminal esteja amparada por autorização judicial
As ações controladas, incluindo o uso de agentes infiltrados virtuais, são admissíveis no 
ordenamento jurídico brasileiro quando amparadas por autorização judicial. Isso confere 
legalidade ao monitoramento de comunicações por meio do espelhamento do WhatsApp Web, 
uma técnica importante para a investigação de crimes no ambiente virtual.
A Lei das Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013) e outras legislações específicas, como a 
Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006) e a Lei de interceptação telefônica (Lei nº 9.296/96), permitem 
a infiltração de agentes e a quebra de sigilo de comunicações, sob condições rigorosamente 
definidas e com autorização judicial.
Desse modo, o agente policial pode valer-se da utilização do espelhamento pela via do Whatsapp 
Web, desde que respeitados os parâmetros de proporcionalidade, subsidiariedade, controle 
judicial e legalidade, calcado pelo competente mandado judicial.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.318.334-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
16/4/2024 (Info 810).
JULGADOS EM DESTAQUE 28
São constitucionais os arts. 13-A e 13-B do CPP, inseridos pela Lei 13.344/2016
É constitucional norma que permite, mesmo sem autorização judicial, que delegados de polícia e 
membros do Ministério Público requisitem de quaisquer órgãos do Poder Público ou de empresas 
da iniciativa privada o repasse de dados e informações cadastrais da vítima ou dos suspeitos 
em investigações sobre os crimes de cárcere privado, redução a condição análoga à de escravo, 
tráfico de pessoas, sequestro relâmpago, extorsão mediante sequestro e envio ilegal de criança 
ao exterior (art. 13-A, CPP).
É constitucional norma que possibilita, mediante autorização judicial, a requisição às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática da disponibilização imediata de 
sinais, informações e outros dados que viabilizem a localização da vítima ou dos suspeitos 
daqueles mesmos delitos (art. 13-B, CPP).
Logo, são constitucionais os arts. 13-A e 13-B do CPP, inseridos pela Lei nº 13.344/2016.
STF. Plenário. ADI 5.642/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/04/2024 (Info 1133).
A interceptação telefônica demanda ordem judicial fundamentada em elementos concretos 
que justifiquem sua necessidade, bem como que afastem a possibilidade de obtenção das 
provas por outros meios
O STJ entende que é lícita a autorização para interceptação telefônica quando observados os 
ditames normativos previstos na Lei nº 9.296/96 e, dentre eles, o de haver indícios razoáveis da 
prática de delitos penais punidos com reclusão e não haver possibilidade de a prova ser obtida 
por outros meios.
No caso, todos os requisitos e critérios legais foram observados.
As instâncias ordinárias evidenciaram a imprescindibilidade da interceptação ao apontar que 
Daniel e os corréus estavam envolvidos no tráfico de grandes quantidades de entorpecentes. Os 
elementos probatórios indicavam a movimentação de drogas entre diferentes estados e a estreita 
ligação do recorrente com os demais membros da organização.
A interceptação telefônica permitiu rastrear essa rede de contatos e obter provas concretas da 
atuação conjunta nos crimes investigados.
STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 183.085-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 
16/4/2024 (Info 809).
Súmula 667 do STJ
Súmula 667-STJ: Eventual aceitação de proposta de suspensão condicional do processo não 
prejudica a análise do pedido de trancamento de ação penal.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 18/4/2024 (Info 808).
JULGADOS EM DESTAQUE 29
A tentativa de se esquivar da guarnição policial evidencia a fundada suspeita de que o agente 
ocultava consigo objetos ilícitos, na forma do art. 240, § 2º, do CPP, o que justifica que os 
policiais façam a busca pessoal no suspeito, em via pública
Caso concreto: após receber denúncia anônima de que um homem estaria com uma sacola 
de drogas em via pública, os policiais militares foram ao local. O suspeito tentou fugir ao ver a 
polícia, mas foi alcançado. Os policiais realizaram busca pessoal e encontraram com ele maconha, 
crack e cocaína.
Denúncias anônimas e impressões subjetivas baseadas exclusivamente na prática policial não são 
suficientes, por si sós, para caracterizar fundada suspeita e autorizar a busca pessoal.
No entanto, o fato de o suspeito ter tentado fugir ao avistar os policiais evidencia a fundada 
suspeita de que o homem trazia consigo objetos ilícitos, o que legitimou a busca pessoal em via 
pública e assegurou a legalidade das provas obtidas.

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