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IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS Janaina Queiroga 1 ENGENHARIA METALURGICA Grandes números de defeitos ou imperfeições existem em todos os materiais puros e ligas, monofásicos e polifásicos, brutos ou processados. Defeito cristalino: Irregularidade na rede cristalina com uma ou mais das suas dimensões na ordem de um diâmetro atômico. A maioria das propriedades dos materiais são influenciadas pela presença de imperfeições. Os defeitos exercem um papel importante na difusão, transformação de fase e deformação dos materiais. 2 INTRODUÇÃO De onde aparecem os defeitos? Quais são os tipos de defeitos existentes nos sólidos? Pode o número e o tipo de defeito variar ou ser controlado? Como os defeitos afetam as propriedades dos materiais? São defeitos indesejáveis? 3 QUESTÕES PARA TRATAR… A solidificação resulta da moldagem do material fundido. Duas etapas: Formação de núcleos Crescimento dos núcleos para formação dos cristais → estrutura Inicia com o material fundido (completamente líquido) e os cristais crescem até se encontrarem. 4 SOLIDIFICAÇÃO núcleos Crescimento dos cristais Estrutura de grãos líquido Os grãos podem ser: Equiaxiais (~ o mesmo tamanho em todas as direções) Colunares (grãos alongados) 5 SOLIDIFICAÇÃO Colunar em área sob menor refrigeração Grãos com formato equiaxiais devido ao resfriamento rápido (maior T) próximo à parede Fluxo de Calor ~ 8 cm → O processo de fabricação é responsável da maioria dos defeitos Lingote de chumbo cristalino de elevada pureza. Vacâncias (lacunas) Átomo intersticial Átomo substitucional Discordâncias aresta Discordâncias espiral Superfícies externas Contorno entre fases Defeitos de empilhamento Contorno de grão Contorno de macla (twin) 6 TIPOS DE IMPERFEIÇÕES Defeitos pontuais Defeitos lineares Defeitos planares 7 DEFEITOS PONTUAIS - LACUNAS Vacâncias ou lacunas: Sítios atômicos vagos na estrutura. Os defeitos pontuais são formados durante a solidificação do cristal e processamento dos materiais. → Resultado do deslocamento dos átomos de suas posições normais. Vacância (vazio) distorção do plano Auto-Intersticial: Átomo do cristal que se encontra comprimido no interior de um sítio intersticial, um pequeno espaço vazio que normalmente não é ocupado. 8 DEFEITOS PONTUAIS - AUTO-INTERSTICIAIS Auto- intersticial distorção do plano O número de lacunas em equilíbrio varia com a temperatura: 9 NÚMERO DE LACUNAS EM EQUILÍBRIO Constante de Boltzmann (1,38 x 10 -23 J/átomo.K) (8,62 x 10 -5 eV/átomo.K) N v N = exp - Q v k T Nº de lacunas em equilíbrio Nº total de sítios atômicos Energia necessária para formação de uma lacuna Temperatura absoluta em kelvin Cada sítio da rede é um sítio potencial para formação da lacuna Calcule o nº de lacunas em equilíbrio por m3 de Cobre a uma temperatura de 1000C. Dados: 10 ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO DE LACUNAS A v A Cu = 63,5 g/mol r = 8,4 g / cm 3 Q = 0,9 eV/átomo N = 6,02 x 1023 átomos/mol N = N A A Cu r x N v N = exp - Q v k T Calcule o nº de lacunas em equilíbrio por m3 de Cobre a uma temperatura de 1000C. Dados: Resposta: 11 ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO DE LACUNAS A v A Cu = 63,5 g/mol r = 8,4 g / cm 3 Q = 0,9 eV/átomo N = 6,02 x 1023 átomos/mol Para 1 m3 , N = N A A Cu r x x 1 m3 = 8.0 x 1028 sítios 8,62 x 10-5 eV/átomo.K 0.9 eV/átomo 1273K N v N = exp - Q v k T = 2.7 x 10-4 → N v = (2,7 x 10 -4)(8,0 x 1028) sítios = 2,2 x 1025 lacunas/m3 Dois resultados de impurezas (B) adicionados ao hospedeiro (A): Solução sólida de B em A (distribuição aleatória de defeitos): Solução sólida de B em A mais partículas de uma nova fase (usualmente para grandes quantidades de B): 12 DEFEITOS PONTUAIS - IMPUREZAS OU Solução sólida Substitucional (ex., Cu em Ni) Solução sólida Intersticial (ex., C em Fe) Os átomos do soluto ou átomos de impurezas tomam o lugar dos átomos hospedeiros ou os substituem. Os átomos de impureza preenchem os espaços vazios ou interstícios que existem entre os átomos hospedeiros. Nova segunda fase de partículas → composição diferente → normalmente estruturas diferentes. Fatores que influenciam na formação de solução sólida substitucionais: → Regra de Hume-Rothery 1. Diferença de raio atômico dos dois tipos de átomos < 15% Pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase 2. Ter mesma estrutura cristalina 3. Eletronegatividades próximas Maior diferença de eletronegatividade dos átomos, maior tendência de formar compostos intermetálicos. 4. Mesma ou maior valência que o hospedeiro Um metal terá maior tendência de dissolver um outro metal de maior valência do que um de menor valência. 13 IMPUREZAS SUBSTITUCIONAIS Porcentagem em peso (%p): Porcentagem atômica (%a): → Conversão usando os pesos atômicos ou densidades 14 ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO 100x 21 1 1 mm m C = m1 e m2 = massa dos elementos 1 e 2 100x 21 1' 1 nn n C = n1 = número de moles do componente 1 Discordâncias ou deslocações: São defeitos lineares em torno do qual alguns átomos estão desalinhados. Escorregamento entre os planos cristalinos resulta quando se move as discordâncias. Produz uma deformação permanente (plástica). Estão associadas com a cristalização do material e a sua deformação (maior ocorrência), podendo ser uma linha adicional ou a ausência de uma linha de átomos. Esquema do zinco (HC): 15 DEFEITOS LINEARES - DISCORDÂNCIAS • antes da deformação: • após ensaio de tração: escorregamentos 16 macio 10 mil x 17 DEFEITOS LINEARES - DISCORDÂNCIAS Discordância aresta, linha ou cunha (): - Defeito associado com a distorção produzida no reticulado cristalino pela presença de um semi- plano extra de átomos. - Vetores de Burgers (b) são perpendiculares à discordância para este tipo de defeito. Discordância espiral ou hélice: - Defeito associado com a distorção criada no reticulado cristalino quando planos normalmente paralelos são unidos para formar uma “rampa helicoidal”. - Vetores de Burgers (b) são paralelos à discordância. Vetor de Burgers (b): expressa a magnitude e a direção da distorção da rede cristalina Envolve um plano extra de átomos. O vetor de Burgers é perpendicular a direção da linha de discordâncias. Envolve zonas de tração e compressão. 18 DISCORDÂNCIA DE ARESTA, LINHA OU CUNHA 19 20 O movimento de discordância (durante uma deformação) ocorre através do pulo sucessivo de um semi-plano de átomos (da esquerda para a direita aqui). As ligações durante o escorregamentosão quebradas e reformadas sucessivamente . 21 MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIA DE ARESTA a b c t t a b c t t 22 Produz distorções na rede 23 DISCORDÂNCIA ESPIRAL Vetor de Burgers b, paralelo à direção da linha de discordância b Linha de discordância Linha AB → linha da discordância - posição dos átomos acima do plano de escorregamento → círculos abertos - abaixo → círculos fechados 24 Discordâncias observadas por micrografia eletrônica de transmissão (MET - 450x) numa liga de titânio: 25 VISUALIZAÇÃO DAS DISCORDÂNCIAS 26 DISCORDÂNCIAS E ESTRUTURAS CRISTALINAS • Escorregamentos de discordâncias preferidos nas direções e planos empacotados. Vista de dois planos empacotados. plano empacotado (de baixo) plano empacotado (de cima) direções empacotadas • Comparação entre estruturas cristalinas: CFC: muitos planos e direção empacotados; HC: somente um plano, e três direções; CCC: nenhum • Amostras usadas em teste de tração: Mg (HC) Al (CFC) Planos de escorregamento preferencial “Defeitos Interfaciais” são contornos que possuem duas dimensões e, normalmente, separam regiões dos materiais de diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas. Essas imperfeições incluem: Superfícies externas Defeitos de empilhamento Contorno entre fases: Existem em materiais com múltiplas fases, através dos quais há uma mudança repentina nas características físicas e/ou químicas. Contorno de grão Contorno de macla ou twin 27 DEFEITOS PLANARES EM SÓLIDOS A superfície externa é o tipo mais óbvio, ao longo do qual termina a estrutura do cristal. Os átomos da superfície não estão ligados ao nº máximo de vizinhos mais próximos, isso implica num estado energético maior que no interior do cristal. 28 SUPERFÍCIE EXTERNA A falha de empilhamento se encontra em metais CFC quando existe uma interrupção na sequencia de empilhamento ABCABCABC... 29 FALHA DE EMPILHAMENTO Materiais policristalinos são formados por monocristais com diferentes orientações cristalográficas. A fronteira entre os monocristais é uma “parede”, que corresponde a um defeito bidimensional (planar). Este defeito refere-se ao contorno que separa dois pequenos grãos (ou cristais), com diferentes orientações cristalográficas, presentes num material policristalino. No interior do grão todos os átomos estão arranjados segundo um “único modelo” e “única orientação”, caracterizada pela célula unitária. 30 CONTORNO DE GRÃOS 31 Características: - Empacotamento menos eficiente - Energia mais elevada - Favorece a nucleação de novas fases (segregação) - Favorece a difusão CONTORNO DE GRÃOS (→ ENTRE FASES) Contorno de baixo angulo Contorno de alto angulo Este tipo de contorno, também denominado de “Twins” (cristais gêmeos), é um tipo especial de contorno de grão, onde existe uma simetria em “espelho” da rede cristalina. Os átomos de um lado do contorno são “imagens” dos átomos do outro 32 CONTORNO DE MACLA Defeitos em três dimensões introduzidos durante o processamento do material e/ou fabricação do componente. Tipos de defeitos volumétricos: Inclusões: Presença de impurezas estranhas. Precipitados: Aglomerados de partículas com composição diferente da matriz (hospedeiro). Porosidade: Origina-se devido a presença de gases, durante o processamento do material. Fases: Ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado. Estrias segregacionais: Presente principalmente em materiais semicondutores dopados. 33 DEFEITOS VOLUMÉTRICOS OU DE MASSA 34 INCLUSÕES E PRECIPITADOS Inclusões: Precipitados: Inclusões de óxido de cobre (Cu2O) em cobre de alta pureza (99,26%), laminado a frio e recozido a 800ºC. Precipitados em matriz metálica de Alumínio AA 3104 utilizada para a fabricação de latas. 35 POROSIDADE Compactado de pó de ferro, compactação uniaxial em matriz de duplo efeito, a 550 Mpa. Compactado de pó de ferro após sinterização a 1150ºC, por 120min em atmosfera de hidrogênio. 36 SEGUNDA FASE Micro-estrutura composta por veios de grafita sobre uma matriz perlítica. Grão de perlita: Constituído por lamelas alternadas de duas fases: ferrita (Fe-α) e cementita (Carboneto de ferro). Cristalitos (grãos) e contorno de grão variam consideravelmente de tamanho; eles podem ser bastante grandes. Um único cristal de quartzo, ou diamante, ou Si. Postes de iluminação feitos em Al e latões de lixo → grãos evidentes a olho nu. Cristalitos (grãos) podem ser bastante reduzidos (mm ou menor) → é necessário observação com um microscópio. → Aula de laboratório de materiais 37 EXAME MICROSCÓPICO Defeitos pontuais, lineares e planares existem em sólidos. O numero e tipo de defeitos pode ser variado e controlado (ex. A temperatura controla a concentração de lacunas). Os defeitos modificam as propriedades dos materiais (ex. Os contornos de grãos controlam o escorregamento das discordâncias dentro de um grão). Os defeitos podem ser desejados ou indesejados (ex. As deslocações podem ser boas ou não dependendo se a deformação plástica é desejada). 38 CONCLUSÃO