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Direito ELEITORAL MPF RODRIGO SOUZA

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APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 O direito eleitoral é o ramo do Direito Público composto por um conjunto de normas 
destinadas a regular os deveres dos cidadãos em suas relações políticas com o Estado. 
 O foco principal do estudo do direito eleitoral recai sobre os direitos políticos. Tais direitos 
estão disciplinados nos art. 14 a 16 da Constituição Federal1. Os direitos políticos podem ser 
classificados em positivos ou negativos, conforme tradicional divisão nos apresentada por José Afonso 
da Silva: 
• Direitos Políticos Positivos 
 São as normas que asseguram a participação no processo político. Garantem a participação do 
povo na gestão e controle da coisa pública, seja pelo direito de participação popular: através da 
iniciativa legislativa popular, o direito de propor a ação popular e o direito de organizar e participar de 
partidos políticos, seja através das várias modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas 
eleições, direito de elegibilidade (de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos. 
 Os direitos políticos positivos podem ser divididos na capacidade eleitoral ativa 
(direito de votar) ou capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado). 
• Direitos Políticos Negativos 
 Tratam-se das normas constitucionais restritivas e impeditivas do direito do cidadão de 
participar do processo político e nos órgãos governamentais, privando o cidadão do direito de eleger e 
ser eleito, de exercer atividade político partidária ou de exercer função pública. 
_______________________________________________________________________________ 
O capítulo IV da Constituição Federal (arts. 14 a 16) trata dos direitos políticos, que nada mais 
são do que o conjunto de normas reguladoras do exercício da soberania popular. Dentre tais normas 
despontam aquelas destinadas ao efetivo exercício dos direitos políticos e as que, por razões de ordem 
pública, de forma permanente ou temporária, restringem o exercício desses mesmos direitos, razão de 
ser da dicotomia entre direitos políticos positivos e direitos políticos negativos. 
Dispõe o art. 14 da Constituição Federal: 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e 
pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos 
termos da lei, mediante: 
I – plebiscito; 
II – referendo; 
III – iniciativa popular. 
 
1 Conforme lembra Pedro Henrique Távora Neles, citando, José Afonso da Silva, “embora a Constituição conceba os 
direitos políticos, em sentido estrito, o conceito é mais amplo, indo além do direito de sufrágio para alcançar o direito de 
propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos. 
 1
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(...) 
 Nas palavras de José Afonso a Silva, “as instituições fundamentais dos direitos políticos que 
configuram o direito eleitoral”, ou seja, são instituições fundamentais do direito eleitoral: 1) o sufrágio 
(ativo e passivo); 2) os sistemas eleitorais; e 3) os procedimentos eleitorais. Também se concebe formas 
especiais de exercício da soberania popular, mediante consultas (voto) ou iniciativa direta da população, 
capazes de interferir no labor legislativo, quais sejam: a) o plebiscito; b) o referendo; e c) a iniciativa 
popular. Em se tratando de consulta mediante voto, convém lembrar que impera o princípio do 
sufrágio universal. 
 Como ferramenta básica do exercício da soberania popular desponta o “sufrágio universal”, 
daí sobrevindo o “direito de sufrágio”. A palavra sufrágio, que deriva do latim suffragium, de sufragari 
(favorecer, interceder, aprovar por votos), no sentido do direito público exprime, como destaca De 
Plácido e Silva, a manifestação da vontade de um povo, para escolha de seus dirigentes, por meio do 
voto. Já na observação de José Afonso da Silva ao citar Carlos S. Fayt, “trata-se de um direito público 
subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e 
da atividade do poder estatal”. 
 A representação política, na definição de Bobbio significa um mecanismo político particular 
para a realização de uma relação de controle (regular) entre governados e governantes. Contempla-se a 
idéia de que um único indivíduo não pode exercer pessoalmente o poder, podendo fazê-lo em nome 
da coletividade ou universalidade que representa. A Representação política pode definir-se então como 
uma representação eletiva. Não é suficiente porém um tipo qualquer de eleições. Trata-se de eleições 
competitivas e que ofereçam um mínimo de garantias de liberdade para expressão do sufrágio. 
Sistemas Eleitorais 
 Sistema eleitoral na concepção de José Afonso da Silva é o conjunto de técnicas e 
procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a representação do 
povo no território nacional. Nossa Carta Política adotou, para as eleições à Câmara dos Deputados e 
Casas Legislativas dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o sistema proporcional. 
Sistema Proporcional: 
 O sistema proporcional é o que prevê a “representação proporcional” do eleitorado, ou seja, a 
distribuição proporcional, em determinado território, das variadas correntes ideológicas, com ênfase à 
igualdade do voto. 
 O art. 45 da Constituição Federal define a adoção do sistema proporcional para a Câmara dos 
Deputados, dispondo que ela compõe-se de “representantes do povo, eleitos, pelo sistema 
proporcional”, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. O número de 
representantes, proporcionalmente à população, é definido por lei complementar (LC 78, de 30.12.93). 
Quanto aos Estados e Municípios, a disciplina está nos arts. 27 e 29, incs. I e IV da Constituição 
Federal. 
 O sistema proporcional demanda aplicação de regras disciplinadoras da efetivação da 
representação, regras estas previstas nos arts. 106 a 113 do Código Eleitoral e art. 5º da Lei 9.504, de 
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30.09.1997 (Lei Eleitoral). Insta verificar, portanto, o significado de “votos válidos”, “quociente 
eleitoral”, “quociente partidário” e “distribuição dos restos”, 
a) votos válidos: nas eleições proporcionais contam-se como válidos apenas os votos dados 
a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. Por exclusão, não são 
computados o voto branco e o voto nulo; 
b) quociente eleitoral: calcula-se o quociente eleitoral através da divisão do número de 
votos válidos pelo número de lugares a preencher na Casa Legislativa (exceto Senado), 
desprezando-se a fração igual ou inferior a meio, bem assim arredondando-se para um (1) a 
fração superior a meio (1/2); 
c) quociente partidário: calcula-se o número de lugares que cabe ao partido dividindo-se o 
número de votos obtidos para a legenda pelo quociente eleitoral, desprezando-se a fração; 
d) distribuição dos restos: no caso de sobra de lugares a preencher na Casa Legislativa, adota-se 
o método da maior média para definir qual partido terá direito ao preenchimento dos lugares vagos. 
É a disciplina contida no art. 109 do Código Eleitoral. 
 
Vejamos um exemplo hipotético de cálculo do quociente eleitoral e distribuição das vagas: 
 
 Em uma eleição municipal, o número total de votos válidos foi 25.320, sendo 15 o número de 
vagas a se preencher na Câmara Municipal. Assim, teremos o seguinte cálculo: 
 
25.320 / 15 = 1.688 Quociente eleitoral (QE) = 1.688 
 
 Uma vez obtido o QE, passa-se à distribuição das vagas a serem preenchidas. 
 Na primeira fase, a distribuição das vagas é feita através do quociente partidário (QP), que é a 
divisão do número de votos válidos de um partido pelo quociente eleitoral. Supondo que3 partidos 
(PX, PY e PW) tenham alcançado o quociente eleitoral, com a seguinte votação: 
 
PX 10.200 votos 
PY 6.300 votos 
PW 5.250 votos 
 Teremos então a seguinte distribuição de vagas: 
 PX 10.200 / 1.688 = 6
PY 6.300 / 1.688 = 3
PW 5.250 / 1.688 = 3
 
 Assim, 12 vagas foram distribuídas através do QP. 
 Pelo sistema de médias serão distribuídas as vagas restantes (não preenchidas pelo QP), 
dividindo-se o total de votos válidos de cada partido pelo número de vagas já preenchidas mais 1. O 
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partido que obtiver a maior média ficará com a vaga. O cálculo se repetirá para a distribuição de cada 
um dos lugares restantes. Neste exemplo serão 3 rodadas de cálculos. 
Assim teremos: 
PX 10.200 / (6+1) = 1.457 
PY 6.300 / (3+1) = 1.575 
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A primeira vaga fica com o PY 
 
PX 10.200 / (6+1) = 1.457 
PY 6.300 / (4+1) = 1.260 
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A segunda vaga fica com o PX
 
PX 10.200 / (7+1) = 1.275 
PY 6.300 / (4+1) = 1.260 
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A terceira vaga fica com o PW 
 
OBS. O preenchimento das vagas com que cada partido ou coligação for contemplado obedecerá à 
ordem de votação recebida por seus candidatos. 
 
 
Sistema Majoritário: 
 O sistema majoritário contempla a “representação por maioria”, ou seja, considera-se 
representante eleito, em determinado território ou circunscrição, aquele que obtiver a maioria absoluta 
ou relativa dos votos. 
 Como estatuído na Constituição Federal (arts. 77, 28 e 29), vigora no Brasil o sistema 
majoritário por maioria absoluta e por maioria relativa. Para os cargos do Poder Executivo, nas três 
esferas (Presidente da República e Vice, Governador e Vice e Prefeito e Vice), adota-se o sistema 
majoritário por maioria absoluta, com possibilidade de realização de dois turnos nos casos previstos. 
Registre-se que o sistema por maioria absoluta, no caso de prefeito e vice, aplica-se somente quando o 
prefeito tiver mais de duzentos mil eleitores. 
 O sistema majoritário por maioria simples será aplicado nas eleições para o cargo de Senador 
da República e para Prefeito e Vice, quando o município tiver menos de duzentos mil eleitores. 
 
 
 
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PONTO 1 – AQUISIÇÃO DA CIDADANIA 
 
 
(a) Alistamento Eleitoral e Voto 
 
 O alistamento eleitoral, para a maioria da doutrina configura-se como a primeira fase do 
processo eleitoral. É a formalização da aquisição de direitos políticos pelo nacional. Com o alistamento 
eleitoral o cidadão adquire a capacidade eleitoral ativa (direito de votar) 
 De acordo com a Constituição Federal, que o alistamento e o voto são obrigatórios para os 
maiores de 18 anos. Obviamente, não para todos. No art. 14 §1º, II, a Constituição Federal dispõe 
acerca da facultatividade do alistamento e do voto: 
• Maiores de 70 anos 
• Analfabetos 
• Maiores de 16 anos e maiores de 18 anos 
? A Resolução 21538/2003 dispõe no art. 80 §6º que existe a dispensa de apresentação de 
justificativa para os acima mencionados, salvo quando maiores de 80 anos. Todavia, o TSE 
decidiu no Acórdão 649 afastar a expressão “ maiores de 80 anos”. O que nos parece o mais 
lógico, ou seja, um idoso com 71 anos, alistado, que não votar, não precisaria justificar. Agora, 
uma pessoa com 82 anos que não comparecesse para justificar a ausência do voto, poderia ter 
o cancelamento da inscrição como eleitor.2 
 
 Deve-se destacar que os acima estabelecidos, caso sejam alistados perante a Justiça Eleitoral, 
permanecerá facultativo o voto. 
 No que diz respeito aos analfabetos é correto afirmar que esses possuem capacidade eleitoral 
ativa. Todavia, não possuem capacidade eleitoral passiva. 
 O alistamento eleitoral é vedado para os estrangeiros e para os conscritos3, que são os 
militares durante o serviço militar obrigatório. Também é vedado o alistamento eleitoral dos menores 
de 16 anos. Entretanto, o menor com quinze anos poderá alistar-se como eleitor, desde que complete 
16 anos até o dia da eleição. 
? O Código Eleitoral dispõe que não podem ser eleitores aqueles que não saibam 
exprirmir-se na língua nacional. (Art. 5, II, CE/65) 
 
 Analisando-se, ainda, a situação do conscrito, o TSE apreciando a Consulta nº 9.881/90 
entendeu que “o eleitor inscrito, ao ser incorporado para a prestação do serviço militar obrigatório, 
deve ter sua inscrição mantida, porém ficará impedido de votar”, fundamentando a v. decisão com o 
art. 6º, inciso II, alínea ‘c’ do CE – Resolução 15.072, de 28.2.89. 
 Em seu artigo 6.º, o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) também faculta o alistamento do 
inválido e dos que se encontram fora do país. Faculta, ainda, o voto dos enfermos, dos que se 
encontram fora de seu domicílio e dos servidores públicos em serviço que os impeça de votar. 
 O eleitor obrigado a votar, que se encontra no exterior no dia da votação, tem o prazo de 30 
dias contados de seu ingresso no país para justificar sua falta perante o juiz de sua zona eleitoral. No 
 
2 Desde que deixasse de votar e justificar por três eleições consecutivas. 
3 Conscrição é o alistamento das pessoas nascidas em determinadas épocas , que, estando aptas para o serviço militar, a ele 
são obrigadas (Pinto Ferreira, Curso de Direito Constitucional, p. 168) 
 
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caso de estar no país, o eleitor, que tinha obrigação de votar e não o fez, tem o prazo de 60 dias para 
justificar sua ausência. 
 Sobre o prazo máximo para o requerimento de alistamento deve-se analisar o art. 91 da Lei 
9504/97: “nenhum requerimento de alistamento eleitoral ou transferência de domicílio 
eleitoral será recebido dentro dos cento e cinqüenta dias anteriores à eleição”. Desse modo o 
prazo máximo para os nacionais efetivarem o alistamento eleitoral é o 151º dia anterior à eleição. 
 Nos arts. 71 a 81 O Código Eleitoral elenca as hipóteses de cancelamento e exclusão do 
alistamento eleitoral. Segundo Pinto Ferreira: “O Cancelamento se realiza quando a inscrição de que se 
trata deixa de existir, como nas hipóteses de pluralidade de inscrições, quando elas são canceladas, ou 
na de transferência do eleitor para outra zona ou circunscrição . A exclusão é feita contra o próprio 
eleitor, que deixa de ser eleitor, até que cesse o motivo da exclusão, quando poderá novamente pleitear 
e requerer a sua inscrição.” 
 Para Djalma Pinto: “O cancelamento é a retirada do nome do cidadao do rol dos eleitores. 
Exclusão, por sua vez, é o processo através do qual se realiza o cancelamento da inscrição.” Durante o 
processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente (art. 72). Saliente-se que a ocorrência de 
exclusão ou cancelamento não prejudica a aplicação das sanções penais correspondentes. 
 
 As causas de cancelamento da inscrição eleitoral (o alistamento eleitoral é uma das condições 
de elegibilidade) estão explicitadas no artigo 71 do Código Eleitoral. São elas: 
I – infração do artigo 5.º do Código Eleitoral, que veda o alistamento como eleitores dos que não 
saibam exprimir-se na língua nacional (conceito que não restringe o alistamento e o voto dos 
deficientes que têm capacidade de expressar sua vontade) ou que estejam privados dos seus direitos 
políticos; 
II – infração do artigo 42 do Código Eleitoral, que veda o alistamento dos que estão privados 
temporária ou definitivamente dos direitos políticos; 
III – a suspensão ou perda dos direitos políticos; 
IV – a pluralidade de inscrições; 
V – o falecimento do eleitor, devendo o cartório de registro civil, até o dia 15 de cada mês, enviar ao 
Juiz eleitoral a comunicação dos óbitos dos cidadãos alistados;VI – deixar de votar em três eleições consecutivas. 
 Nesse último caso será cancelada a inscrição do eleitor que se abstiver de votar em três eleições 
consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou efetuado o pagamento da multa, 
ficando excluídos do cancelamento os eleitores que, por prerrogativa constitucional, não estejam 
obrigados ao exercício do voto. 
JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE ALISTAMENTO ! 
Alistamento eleitoral. Exigências. São aplicáveis aos indígenas 
integrados, reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, nos 
termos da legislação especial (Estatuto do Índio), as exigências 
impostas para o alistamento eleitoral, inclusive de comprovação de 
quitação do serviço militar ou de cumprimento de prestação 
alternativa.. (Res. no 20.806, de 15.5.2001, rel. Garcia Vieira.) 
.(...) Cabimento de recurso contra decisão de juiz eleitoral. Arts. 
29, II, a, e 80 do Código Eleitoral. Recurso provido. I . Ao delegado 
de partido é facultado recorrer não só da sentença de exclusão, 
mas ainda da que mantém a inscrição eleitoral (art. 80 c.c. o art. 
29, II, a, do Código Eleitoral). II . O Ministério Público Eleitoral é 
parte legítima para interpor o recurso de que trata o art. 80 do 
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Código Eleitoral (Ag no 4.459/SP, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ 
de 21.6.2004). (...). (Ac. no 21.644, de 2.9.2004, rel. Min. Peçanha 
Martins.) 
 
Alistamento eleitoral. Impossibilidade de ser efetuado por aqueles 
que prestam o serviço militar obrigatório. Manutenção do 
impedimento ao exercício do voto pelos conscritos anteriormente 
alistados perante a Justiça Eleitoral, durante o período da 
conscrição.. (Res. no 20.165, de 7.4.98, rel. Min. Nilson Naves.) 
 
Alistamento eleitoral. Militares. Obrigatoriedade. CF, art. 14 § 2o. O 
alistamento eleitoral é obrigatório para os militares, exceto os 
conscritos, enquanto durar o serviço militar obrigatório.. (Res. no 
15.945, de 16.11.89, rel. Min. Octávio Gallotti.) 
.1. Eleitor. Serviço militar obrigatório. 2. Entendimento da 
expressão .conscrito. no art. 14, § 2o da CF. 3. Aluno de órgão de 
formação da reserva. Integração no conceito de serviço militar 
obrigatório. Proibição de votação, ainda que anteriormente 
alistado. 4. Situação especial prevista na Lei no 5.292. Médicos, 
dentistas, farmacêuticos e veterinários. Condição de serviço militar 
obrigatório. 5. Serviço militar em prorrogação ao tempo de soldado 
engajado. Implicação do art. 14, § 2o da CF.. NE: .(...) Nessa 
situação, estão abrangidos pela proibição do art. 14, § 2o da CF, 
isto é, não podem se alistar. (...). (Res. no 15.850, de 3.11.89, rel. 
Min. Roberto Rosas.) 
.(...) 2. Alistamento. Policiais militares. CF, art.14, § 2o. Os policiais 
militares, em qualquer nível de carreira são alistáveis, tendo em 
vista a inexistência de vedação legal.. (Res. no 15.099, de 9.3.89, 
rel. Min. Villas Boas.) 
 
(b) Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos. 
 O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicilio civil. Nesse sentido, 
dispõe o artigo 42 do Código Eleitoral: “caso o alistando tenha mais de uma residência, qualquer 
uma delas será considerada como domicílio eleitoral..” Assim dispõe a jurisprudência do 
TSE: 
“Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se confunde, 
necessariamente, com o domicílio civil. A circunstância de o eleitor 
residir em determinado município não constitui obstáculo a que se 
candidate em outra localidade onde é inscrito e com a qual mantém 
vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas).” ( Ac. n° 
18.124, de 16.11.2000, rel. Min. Garcia Vieira, red. designado Min. 
Fernando Neves.) 
 
“(...). 1. O TSE, na interpretação dos arts. 42 e 55 do CE, tem 
liberalizado a caracterização do domicílio para fim eleitoral e 
possibilitado a transferência – ainda quando o eleitor não 
mantenha residência civil na circunscrição – à vista de diferentes 
vínculos com o município (histórico e precedentes). (...)” NE : 
Histórico da exigência de prazo mínimo de domicílio eleitoral na 
circunscrição. ( Ac. n° 18.803, de 11.9.2001, rel. Min. Sepúlveda 
Pertence.) 
 
 Com relação ao conceito de domicílio eleitoral para fins de pretensão aos cargos eletivos, a Lei 
9504/97 em seu artigo 9º assevera que os candidatos devem possuir domicílio eleitoral na 
circunscrição em que pretendem concorrer pelo prazo mínimo de um ano antes da eleição. Importante 
observar que, conforme entende o TSE, o detentor de mandato eletivo que transferiu seu domicílio 
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eleitoral para outra unidade da Federação pode ser candidato para o mesmo cargo pelo seu novo 
domicílio. A transferência do domicílio eleitoral, nesse caso, não irá acarretar a perda do mandato. 
 A transferência do domicílio eleitoral deverá ser requerida ao juiz do novo domicílio, 
antes dos 150 dias anteriores à eleição. Registre-se, desde logo, que o eleitor não é obrigado a 
transferir o domicílio eleitoral. Entretanto, caso o eleitor não compareça para votar, deverá 
justificar sua ausência no prazo de 60 dias contados da eleição. 
 Os requisitos para transferência estão previstos no art. 55 do Código Eleitoral e 
atualizados pela Resolução 21538/03 do TSE: 
1. Residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada pelo eleitor sob as penas da lei. 
2. Decurso de um ano do alistamento ou da última transferência. 
3. Requerimento até o 151º dia anterior à eleição. 
4. Quitação com as obrigações eleitorais 
 O eleitor que teve indeferido o requerimento de transferência poderá recorrer ao Tribunal 
Regional Eleitoral no prazo de 3 dias. No caso de deferimento, os delegados de partidos poderão 
recorrer no prazo de 10 dias ao Tribunal Regional Eleitoral. 
 No caso de remoção de servidor público ou militar, os requisitos 1 e 2 são dispensados. Essa 
regra aplicar-se-á aos membros da família. 
 Vejamos a questão do último concurso para Procurador da República sobre essa matéria: 
 Concurso – MPF – 22º - Questão 90 
90 – Em tema de domicílio eleitoral: 
I. A transferência do título eleitoral, em caso de mudança de 
domicílio, além de somente poder se feita após o transcurso de pelo menos 
1 (um) ano da inscrição primitiva e da exigência de residência mínima de 3 
(três) meses no novo domicílio, deverá ser pelo eleitor requerida ao juiz 
eleitoral do novo domicílio, mediante requerimento com entrada no cartório 
eleitoral até 150 dias antes da data da eleição. 
II. O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil, regido 
pelo direito civil, ficando aquele também caracterizado quando a pessoa, 
mesmo não residindo no local com ânimo definitivo, com ele mantenha 
vínculos de natureza meramente afetiva, social, econômica ou política. 
III. Empregado de empresa privada que venha ser removido para 
outra cidade não fica sujeito a exigência de residência de 3 (três) meses no 
novo domicílio, bastando que dê entrada no cartório eleitoral do novo 
domicílio de requerimento de transferência até 150 dias antes da data da 
eleição. 
IV. O eleitor que já tenha transferido anteriormente seu título 
eleitoral, pretendendo outra transferência, por nova mudança de domicílio, 
somente fica obrigado a comprovar residência mínima de 3 meses no novo 
domicílio quando da apresentação do requerimento de transferência ao 
cartório eleitoral, que deve ocorrer até 150 dias antes da data da eleição, 
não se exigindo, nesse caso, o transcurso de pelo menos 1 ano de inscrição 
anterior. 
Das assertivas acima: 
(a) Estão corretas somente as de números I, II e IV 
(b) Apenas a de número II está correta 
(c) Estão corretas apenas as de números II, III e IV 
(d) Somente as de números I e II estão corretas 
 
Comentários– Gabarito Oficial (B) 
Item I – A banca examinadora considerou correta esse item. A 
meu ver está errado, considerando o disposto no art. 91 da Lei 
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9504/97: “nenhum requerimento de transferência será recebido 
dentro dos 150 dias anteriores à eleição”. Desse modo, o 
requerimento de transferência só pode ser recebido até o 151º dia 
anterior à eleição. Porém, o entendimento da banca é de até 150 
dias antes da eleição. Portanto é o entendimento que interessa. 
Concorda? 
Item II - Correto 
Item III – Errado - A dispensa dos requisitos para transferência 
do domicílio eleitoral, de acordo com o código eleitoral, no art. 
55, somente será aplicada ao servidor estatutário. 
Item IV – Errado – Um dos requisitos para transferência do 
domicílio é o decurso de um ano do alistamento eleitoral ou da 
última transferência. 
 
 Outro ponto a ser destacado é a possibilidade de recursos no processo de transferência do 
domicílio eleitoral. O eleitor que teve indeferido o requerimento de transferência poderá recorrer ao 
Tribunal Regional Eleitoral no prazo de 3 dias. No caso de deferimento, os delegados de partidos 
poderão recorrer no prazo de 10 dias ao Tribunal Regional Eleitoral. Esse Tribunal irá julgar os 
recursos no prazo de cinco dias. (Resolução 21538/2003) 
 
JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE DOMICÍLIO ELEITORAL: 
“Consulta. Prefeito municipal. Outro município. Eleição. Período 
subseqüente. Afastamento. Município desmembrado. Burla à regra da 
reeleição. Impossibilidade. Domicílio eleitoral. Inscrição eleitoral. 
Transferência. Esposa. Mesmo cargo. Cargo diverso. (...) 3. Prefeito em 
exercício pode transferir o seu domicílio eleitoral para outra comarca. As 
eventuais conseqüências que esse ato possa acarretar não são examinadas 
pela Justiça Eleitoral. (...)” 
( Res. n° 21.297, de 12.11.2002, rel. Min. Fernando Neves.) 
 
 
(c) Perda ou Suspensão dos direitos políticos 
 O art. 15 da Constituição Federal dispõe que os direitos políticos não podem ser cassados. O 
cidadão pode, excepcionalmente, ser privado definitivamente de seus direitos políticos – ocorre 
através da perda dos direitos políticos. Pode ocorrer, excepcionalmente, a privação temporária dos 
direitos políticos do cidadão – o que ocorre através da suspensão dos direitos políticos. 
 Registre-se que o art. 15 da Constituição Federal não dispõe quais seriam as causas de perda ou 
suspensão. Adoto, portanto, abstraindo-se posições doutrinárias divergentes, o posicionamento dado 
pela Resolução 21538/03 do Tribunal Superior Eleitoral:4
Art. 15 I – Perda 
Art. 15 II ao V – Suspensão dos direitos políticos 
 Saliente-se que vige o princípio da plenitude de gozo dos direitos políticos positivos, sendo 
certo que a Constituição veda a cassação dos direitos políticos. Contudo, admite – nos termos do art. 
 
4 Posicionamento também adotado por Antônio Carlos Martins Soares. Direito Eleitoral. Questões controvertidas. P. 196. 
2006 
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15 – a perda e a suspensão. Portanto, se frise que nas hipóteses de perda e suspensão dos direitos 
políticos, estas devem ser interpretadas restritivamente como ocorre com todas as normas que 
importam em limitação a algum direito fundamental 
 No caso dos direitos políticos suspensos, uma vez cessados os motivos que geraram a 
suspensão dos direitos políticos (incapacidade civil ou condenação criminal), dar-se- á sua reaquisição 
integral. Já na hipótese dos direitos políticos perdidos: cancelamento da naturalização – apenas por 
ação rescisória, uma vez readquirida deverá proceder a novo alistamento eleitoral para reaver seus 
direitos políticos. 
 
JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS: 
Recurso ordinário. Registro. Candidatura. Matéria. Constitucional. 
Recepção. Recurso especial. Condenação. Ação Cível. Improbidade 
administrativa. Suspensão. Direitos políticos. Inelegibilidade. Arts. 15, V, e 
37, § 4º, da CF/88. Improcedência. 
1) Primeiramente, a norma constitucional que cuida da suspensão dos 
direitos políticos tornou-se aplicável com a entrada em vigor da Lei nº 
8.429/92 e concretizou, em seu art. 12, o comando constitucional que 
estabelece as sanções aplicáveis de acordo com o grau de ofensa à 
probidade administrativa. No caso dos autos não há sequer capitulação 
legal da improbidade administrativa alegada, de modo a aferir qual o prazo 
de inelegibilidade, caso fosse esta à hipótese. 
2) Demais disso, as sanções decorrentes de ato de improbidade 
administrativa, aplicadas por meio da ação civil, não têm natureza penal, e 
a suspensão dos direitos políticos depende de aplicação expressa e 
motivada por parte do juízo competente, estando condicionada sua 
efetividade ao trânsito em julgado da sentença condenatória, consoante 
previsão legal expressa no art. 20 da Lei nº 8.429/92. Na situação 
delineada não há referência expressa à suspensão dos direitos políticos do 
candidato. 
3) Recurso conhecido e provido para o fim do deferimento do registro. 
( Acórdão 811, de 25.11.2004, rel. Min. Caputo Bastos.) 
 
Agravo de Instrumento - Ação de impugnação de mandato eletivo -Art. 14, 
§ 9º da Constituição Federal - Rejeição de contas - Improbidade 
administrativa - Art. 15, inciso V da Carta Magna - Suspensão de direitos 
políticos - Art. 20 da Lei nº 8.429/92 - Fraude. 
1. A rejeição de contas não implica, por si só, improbidade administrativa, 
sendo necessária decisão judicial que assente responsabilidade por danos 
ao erário. 
2. A suspensão dos direitos políticos só se efetiva com o trânsito em 
julgado da sentença condenatória, nos termos do art. 20 da Lei nº 
8.429/92. 
3. A fraude que pode ensejar ação de impugnação de mandato é aquela 
que tem reflexos na votação ou na apuração de votos. 
4. Agravo a que se nega provimento. 
( Acórdão 3009, de 09.10.2001, rel. Min. Fernando Neves) 
 
 
PONTO 2 – SUFRÁGIO UNIVERSAL 
 
(a) Voto Universal, direto e secreto 
 
 10
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 O artigo 14 da Constituição Federal explicita que no Brasil a soberania popular é exercida pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (democracia indireta), e, nos 
termos da lei, mediante iniciativa popular, referendo e plebiscito, instrumentos da democracia direta 
(também denominada participativa). A esse exercício misto da soberania popular, eleição direta dos 
parlamentares e dos chefes do executivo – democracia indireta ou representativa - e iniciativa popular, 
plebiscito e referendo – democracia participativa -, dá-se o nome de democracia semidireta. 
 A democracia indireta, como vimos, é representativa. Conforme nos ensina o grande mestre 
Kildare Gonçalves “ o fundamento jurídico da representação política é o procedimento eleitoral que 
vem definido na Constituição e nas Leis”. 
 Excepcionalmente, poderemos ter eleições indiretas no Brasil, conforme previsto no art. 81 
§1º da Constituição Federal. Tal fato ocorrerá no caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice nos 
dois últimos anos do mandato. Nesse caso, deverá ser realizada uma nova eleição pelo Congresso 
Nacional no prazo de 30 dias da última vaga. O eleito somente completará o mandato. 
 Nesse contexto, cabe trazer jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral acerca desse tema: 
AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. Liminar. Pressupostos. 
Ausência. Indeferimento. Vacância. Arts. 80 e 81 da CF. Inaplicabilidade. 
Aplica-se o art. 224 do CE quando a anulação superar 50% dos votos. 
A decisão fundada no art. 41-A da Lei nº 9.504/97 há de ser executada 
imediatamente. 
A eleição indiretaprevista nos arts. 80 e 81 da Constituição Federal 
pressupõe a vacância por causa não eleitoral. 
Concessão de liminar em mandado de segurança requer demonstração, 
desde logo, da presença do direito líquido e certo a ser amparado pela 
medida. 
O provimento do agravo regimental pressupõe o afastamento de todos os 
fundamentos da decisão impugnada. 
MS-3427 – Relator: HUMBERTO GOMES DE BARROS. 09/03/2006 
 
 Questão interessante reside em sabe se essa regra será aplicada no caso de vacância dos cargos 
de Gov / vice e Prefeito e Vice ? A jurisprudência do TSE admite, por analogia, que, havendo 
vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito, nos dois últimos anos do mandato, há de ser realizada 
a eleição indireta, como recomenda o art. 81 §1º da Constituição Federal. (Ag nº 2133/SP, rel. 
Ministro Garcia Vieira, DJ de 4.8.2000) 
 No que diz respeito à diferença entre sufrágio e voto. Aquele representa o direito de participar 
do processo político e o voto seria um dos modos de externar esse direito. O sufrágio é universal na 
medida que a possibilidade de participar do processo político é conferida aos cidadãos, sem que haja 
restrições de cunho intelectual ou econômico. Desse modo: 
Sufrágio Universal – ocorre quando não há discriminação para seu exercício em função do grau de 
instrução, do patrimônio e do sexo, como no caso do Brasil. 
 11
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 Sufrágio Restrito – ao contrário, somente é exercido por indivíduos que possuam determinada 
qualificação econômica ou de capacidades especiais, sendo discriminatório. Pode ser censitário 
(restrito a indivíduos que apresentem determinada qualificação econômica, como o pagamento de 
imposto, renda mínima etc.) ou capacitário (baseado em capacitação intelectual, como exigir 
determinado grau de instrução) 
(b) Nacionalidade e Cidadania. Direitos Políticos. Cargos privativos de brasileiro nato. 
 
 A nacionalidade representa um requisito para a aquisição da cidadania, haja vista que só podem 
alistar-se como eleitores os brasileiros. A Constituição proíbe o alistamento eleitoral dos 
estrangeiros.5
 Podemos conceituar nacionalidade como o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a 
um Estado. Adquiri-se a nacionalidade através de dois critérios: jus solis e jus sangüinis. Pelo primeiro 
critério, leva-se em conta o território do Estado e nascimento da pessoa. Já o segundo, o indivíduo 
adquire a nacionalidade em razão de sua filiação, de seus laços e sangue. No Brasil adota-se o critério 
territorial para definição da nacionalidade. O conceito de estrangeiro é correlato ao de nacional: é 
estrangeiro todo aquele que não possua nacionalidade brasileira 
São brasileiros natos: 
9 os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
9 os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
9 os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; 
 A opção é a declaração unilateral da vontade de conservar a nacionalidade; e esta terá efeitos 
retroativos, ao ser praticada. 
 De acordo com a Constituição Federal, são privativos de brasileiros natos os seguintes cargos: 
CF / 88 art. 12 . . . §3º 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas; 
VII - de Ministro de Estado da Defesa. 
 
 
5 É possível o alistamento eleitoral dos portugueses equiparados. A esses são assegurados os mesmos direitos 
conferidos a um brasileiro naturalizado. 
 12
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
(c) Plebiscito e referendo. Iniciativa Popular 
 Os principais institutos da democracia direta (participativa) no Brasil são a iniciativa popular, o 
referendo popular e o plebiscito. 
 A iniciativa popular configura-se como a possibilidade de início do processo legislativo pelo 
povo, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 61 §2º de nossa Constituição: 
CF – 88 § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à 
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por 
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, 
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
 O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma 
atitude governamental já manifestada (exemplo: quando uma emenda constitucional ou um projeto de 
lei aprovado pelo Poder Legislativo é submetido à aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar 
em vigor). 
 O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou demonstram sua 
posição sobre determinadas questões. A convocação de plebiscitos é de competência exclusiva do 
Congresso Nacional quando a questão for de interesse nacional. 
 A autorização e a convocação do referendo popular e do plebiscito são da competência 
exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal, 
combinado com a Lei n. 9.709/98 (em especial os artigos 2.º e 3.º). 
PONTO 3 – DA ORGANIZAÇÃO DO ELEITORADO 
 
 As circunscrições eleitorais são unidades criadas para organizar territorialmente o eleitorado, 
considerada a espécie de eleição. Nos termos do art. 86 do Código Eleitoral, a circunscrição será: 
- nas eleições presidenciais: o País; 
- nas eleições federais e estaduais:o Estado; e 
- nas eleições municipais: o Município. 
 As Zonas eleitorais são unidades territoriais municipais, de natureza administrativa e 
jurisdicional. São criadas para controle de alistamento/transferência eleitoral e recepção de registros de 
candidaturas, bem assim para definição de competência jurisdicional, cuja titularidade cabe ao Juiz de 
Direito na função de Juiz Eleitoral (arts. 23, inciso VIII; 30, inciso VI; 32 a 34 e 35 inciso X, todos do 
Código Eleitoral). 
 As Seções eleitorais são unidades de agrupamento de eleitores inscritos(alistados) em 
determinada Zona Eleitoral, criadas para facilitar o exercício do voto segundo o domicílio 
eleitoral(definição de locais de votação/proximidade do domicílio do eleitor/bairro), bem como para a 
racionalização do escrutínio (arts. 117, 118 e 119 e s.s. do Código Eleitoral). 
(a) Seções, zonas e circunscrições eleitorais 
 
 13
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 Os Estados serão divididos em zonas eleitorais pelo Tribunal Regional Eleitoral. Essa divisão, 
assim como a criação de novas zonas eleitorais deverão ser aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. 
(23 VIII CE/65). 
 As zonas eleitorais representam a área de atuação do juiz eleitoral. Em cada zona eleitoral 
haverá um juiz eleitoral, esse juiz eleitoral exercerá as funções eleitorais, cumulativamente com as 
funções da Justiça Comum. As atribuições dos Juízes Eleitorais estão previstas no art. 35 do Código 
Eleitoral. Dentre elas, cabe ao juiz eleitoral dividir a respectiva zona eleitoral em seções eleitorais. 
 Cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora de votos (art. 119 do CE/65). Os 
membros das mesas receptoras de votos serão designados pelo Juiz Eleitoral. 
 
(b) Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado 
 
 O Código Eleitoral dispõe no art. 289 que constitui crime inscrever-se fraudulentamente 
eleitor. Durante o processo eleitoral, a maioria dos crimes eleitoraissão praticados no processo de 
alistamento e transferência de domicílio eleitoral. 
Revisão do Eleitorado 
 Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento junto a uma zona ou 
Município, o Tribunal Regional Eleitoral, observadas as regras determinadas pelo Tribunal Superior 
Eleitoral, poderá determinar correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a 
revisão do eleitorado com o cancelamento dos títulos que não foram apresentados à revisão (§ 4.º do 
artigo 71 do Código Eleitoral). 
 O Tribunal Superior Eleitoral determinará de ofício a revisão sempre que o total de 
transferências ocorridas no ano em curso for 10% superior ao do ano anterior, quando o eleitorado 
for superior ao dobro da população entre 10 e 15 anos somada à de idade superior a 70 anos do 
território daquele Município, ou ainda, na hipótese de o eleitorado ser superior a 65% da população 
projetada pelo IBGE para aquele ano (artigo 92 da Lei n. 9.504/97 e artigo 58 da Resolução n. 
21538/2003 do Tribunal Superior Eleitoral). 
 Por fim, registre-se que o não comparecimento na revisão do eleitorado irá acarretar o 
cancelamento da inscrição e a exclusão do eleitor. 
 
(c) Votação. Voto Eletrônico. Mesas Receptoras. Fiscalização 
 
 Atualmente, em nosso sistema eleitoral, a regra é a aplicação do sistema eletrônico de votação 
A exceção é o sistema manual de votação. 
LEI 9504/97 Art. 59. A votação e a totalização dos votos serão feitas por 
sistema eletrônico, podendo o Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em 
caráter excepcional, a aplicação das regras fixadas nos arts. 83 a 89. 
 
 14
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 Nas seções em que for adotado o sistema eletrônico somente poderão votar os eleitores que 
estiverem com o nome na respectiva folha de votação. Não há, portanto, a possibilidade do voto em 
trânsito. 
 Conforme citamos, cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora. Os membros das 
mesas receptoras serão nomeados sessenta dias antes da eleição em audiência pública anunciada com 
pelo menos cinco dias de antecedência.. A lei das Eleições prevê a possibilidade de impugnação dessa 
designação: 
LEI 9504/97 - Art. 63. Qualquer partido pode reclamar ao Juiz Eleitoral, 
no prazo de cinco dias, da nomeação da Mesa Receptora, devendo a 
decisão ser proferida em 48 horas. 
§ 1º Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, 
interposto dentro de três dias, devendo ser resolvido em igual prazo. 
 Com relação à fiscalização perante as mesas receptoras, os partidos e as coligações poderão 
credenciar delegados de partidos e fiscais, vejamos: 
LEI 9504/97 - Art. 65. A escolha de fiscais e delegados, pelos partidos 
ou coligações, não poderá recair em menor de dezoito anos ou em quem, 
por nomeação do Juiz Eleitoral, já faça parte de Mesa Receptora. 
§ 1º O fiscal poderá ser nomeado para fiscalizar mais de uma Seção 
Eleitoral, no mesmo local de votação. 
§ 2º As credenciais de fiscais e delegados serão expedidas, 
exclusivamente, pelos partidos ou coligações. 
§ 3º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, o presidente do partido 
ou o representante da coligação deverá registrar na Justiça Eleitoral o 
nome das pessoas autorizadas a expedir as credenciais dos fiscais e 
delegados. 
 
PONTO 4 – DA JUSTIÇA ELEITORAL 
 
(a) Jurisdição e competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções, 
administração e contencioso. 
 
 A Constituição Federal de 1988 determina que a organização e a competência dos órgãos da 
Justiça Eleitoral devem ser reguladas em lei complementar (art. 121). Todavia, não houve edição de 
Lei Complementar, restando as normas da própria Carta Magna e a recepção do Código Eleitoral (Lei 
4.737/65). Desse modo qualquer alteração no Código Eleitoral, nessa matéria, deverá ser realizada 
através de lei complementar. 
 Considerando-se a ausência de edição da Lei Complementar exigida na Carta Magna (art. 121-
CF), o que demandou a recepção das normas do Código Eleitoral e legislação extravagante, a 
competência dos órgãos da Justiça Eleitoral é determinada pelo Código Eleitoral. 
 A composição das duas espécies de órgãos colegiados com jurisdição eleitoral é híbrida, já que 
são formados por juizes de outros tribunais, de integrantes da classe dos advogados e de cidadãos 
comuns sem formação jurídica(no caso das Juntas Eleitorais). 
 15
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 Os integrantes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servem (mandato legal) por 
dois(2) anos, no mínimo, permitida uma recondução, devendo os substitutos serem escolhidos na 
mesma ocasião, mediante o mesmo processo de escolha e com igualdade numérica de cada categoria. 
 Para cada membro efetivo haverá um substituto que será escolhido na mesma ocasião e pelo 
mesmo processo. Sobre esse tema, assim pensa o Tribunal Superior Eleitoral: 
“Consulta. TRE/TO. Juízes eleitorais. Inexistência de previsão legal 
determinando vinculação entre juiz substituto e juiz titular no caso de 
afastamento do ocupante do cargo efetivo. Em face do estabelecido no art. 
7o da Res.-TSE no 20.958/2001, nos afastamentos ou impedimentos de 
qualquer dos juízes titulares de determinada classe, a substituição cabe ao 
juiz substituto mais antigo, dentro da mesma classe, não ocorrendo 
vinculação do substituto ao titular.” 
(Res. no 21.761, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen Gracie.) 
 
 Conforme nos ensina o grande mestre Tito Costa: “ Além de suas atribuições judicantes, a 
Justiça Eleitoral, por meio do Tribunal Superior Eleitoral, possui competência normativa ou 
regulamentar e, até mesmo, de certa forma, legislativa, resultante da competência privativa desse órgão 
para expedir instruções que julgar convenientes à execução do Código Eleitoral. Também ao 
responder às consultas que lhe sejam dirigidas, sobre matéria eleitoral, em tese, a Justiça Eleitoral está 
exercendo atividade normativa e regulamentar, completada pela competência, que lhe advém dalei, 
para elaborar seu próprio regimento interno. 
 O Código Eleitoral, em seu art. 23, XII, dispõe que cabe ao Tribunal Superior Eleitoral: 
CE/ 65 XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe 
forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão 
nacional de partido político; 
 As respostas a tais consultas têm caráter normativo na Justiça Eleitoral, delas não cabendo nu 
 Conforme defende Roberto Rosas, a força normativa do posicionamento dos tribunais 
eleitorais, quando respondem as consultas, resulta de uma postura de coerência, pois não teria sentido 
uma resposta num determinado sentido que viesse a ser alterada pelo próprio tribunal quando se lhe 
apresentarem questões idênticas. 
 A competência da Justiça Eleitoral cessa com a expedição do diploma aos eleitos. A partir daí, 
qualquer questão relativa ao exercício do mandato tem seu deslinde confiado à Justiça comum, exceto, 
na Constituição Federal de 1988, a ação de impugnação de mandato eletivo, prevista no art. 14 §§ 10 e 
11.6
 As competências do Tribunal Superior Eleitoral estão disciplinadas nos artigos 22 e 23 do 
Código Eleitoral. Sendo que cabe tecer algumas palavras sobre algumas. Vejamos: 
 
6 Há a possibilidade do Recurso contra a diplomação, o qual está previsto no art. 262 do Código Eleitoral. Tanto a ação de 
impugnação de mandato eletivo, quanto o Recurso contra a diplomação têm como marco inicial a data da diplomação. 
 16
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
9 Conflitos de Jurisdição – O TSE irá julgar conflito de jurisdição entre TREs ou entre juízes 
eleitorais de Estados diferentes. Ao TRE cabe julgar os conflitos entre juízes eleitoraisdo 
mesmo Estado. 
9 Ação Rescisória – Em matéria eleitoral a ação rescisória somente é cabível contra acórdão do 
Tribunal Superior Eleitoral, conforme se depreende da leitura do art. 22, I , j do Código 
Eleitoral. Deve-se destacar, também, que a ação rescisória não tem efeito suspensivo. 
Somente possibilitará o exercício do mandato após a decisão final da ação rescisória. 
O STF, na Adin 1459-5, suspendeu a eficácia da parte final do dispositivo em comento. 
 O prazo para a ação rescisória no direito eleitoral é de 120 dias. A ação será julgada pelo 
próprio TSE. O Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente à ação rescisória. (art. 485 CPC) 
 E assim pensa o TSE sobre a ação rescisória: 
“Ação rescisória. Cabimento. Justiça Eleitoral. Art. 22, inciso I, alínea j, do 
Código Eleitoral. Decisões. Tribunal Superior Eleitoral. Interpretação 
restritiva. Constitucionalidade. Art. 101, § 3o, e, da Lei Complementar no 
35/79. Não-aplicação. 1. A ação rescisória somente é admitida neste 
Tribunal Superior contra decisões de seus julgados (CF, arts. 102, I, j, e 
105, I, e). Interpretação restritiva que não contraria o texto constitucional. 
Precedente: Acórdão no 106. 2. O art. 101, § 3o, e, da Lei Complementar 
no 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura) diz respeito à competência das 
seções existentes nos tribunais de justiça para exame de ações rescisórias, 
o que não se aplica à Justiça Eleitoral, que segue a regra específica do art. 
22, I, j, do Código Eleitoral. (...)” 
(Ac. no 4.627, de 6.5.2004, rel. Min. Fernando Neves.) 
“Agravo regimental contra decisão que negou seguimento a ação 
rescisória. A ação rescisória prevista no art. 22, j, do Código Eleitoral, 
somente é cabível para desconstituir decisão do TSE que resulte em 
declaração de inelegibilidade. Agravo a que se nega provimento.” 
(Ac. no 164, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen Gracie.) 
 
 
(b) Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral 
 
CF – ART. 118 - São órgãos da Justiça Eleitoral: 
I - o Tribunal Superior Eleitoral; 
II - os Tribunais Regionais Eleitorais; 
III - os Juízes Eleitorais; 
IV - as Juntas Eleitorais. 
Art. 119 - O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete 
membros, escolhidos: 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; 
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; 
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis 
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
Parágrafo único - O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o 
Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o 
Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. 
 17
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
Art. 120 - Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado 
e no Distrito Federal. 
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão: 
I - mediante eleição, pelo voto secreto: 
a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; 
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de 
Justiça; 
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na capital do Estado 
ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em 
qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; 
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis 
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo 
Tribunal de Justiça. 
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-
Presidente dentre os desembargadores. 
 
 
 A competência da Justiça Eleitoral não foi apresentada pela Constituição Federal; porém, o 
Código Eleitoral foi recepcionado pelo texto constitucional. A Justiça Eleitoral tem como órgãos: 
• Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais (primeiro grau); 
• Tribunais Regionais Eleitorais (segundo grau); 
• Tribunal Superior Eleitoral (terceiro grau). 
a) Tribunal Superior Eleitoral 
 O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo da Justiça Eleitoral, com sede no Distrito 
Federal. É composto por sete ministros, sendo três do Supremo Tribunal Federal, dois do Superior 
Tribunal de Justiça e dois advogados, escolhidos pelo Presidente da República, indicados pelo próprio 
Supremo Tribunal Federal. 
b) Tribunais Regionais Eleitorais 
 Cada Tribunal Regional Eleitoral é composto por sete juízes, sendo dois desembargadores do 
Tribunal de Justiça, dois juízes estaduais, um juiz federal7 e dois advogados nomeados pelo Presidente 
da República e indicados pelo Tribunal de Justiça. 
c) Juízes Eleitorais 
Os juízes eleitorais são juízes de direito estaduais que exercem jurisdição nas zonas eleitorais. 
Têm competência eleitoral, civil e penal, além do encargo administrativo.8
d) Juntas Eleitorais 
As juntas eleitorais são presididas por um Juiz de Direito (seja ou não Juiz Eleitoral) e 
compostas por dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade. À junta eleitoral compete apurar as 
eleições, resolver as impugnações e incidentes verificados durante a apuração de votos, expedir os 
boletins respectivos e o diploma aos eleitos para cargos municipais. 
 
7 O membro da Justiça Federal que integra o Tribunal Regional Eleitoral será um Juiz Federal do TRF, quando o Estado 
for sede do TRF. 
8 É possível que o exercício das funções eleitorais seja atribuído a Juiz de Direito, mesmo que não vitalício. 
 18
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados pelo Presidente do Tribunal 
Regional, após aprovação do pleno do Tribunal. 
 
mandato eletivo 
 
No processo eleitoral, assim como no processo comum, as decisões judiciais podem ser 
o a ação rescisória, o habeas 
e de direito de resposta, por exemplo, podemos citar 
cias superiores, em vinte e quatro horas da data de sua publicação 
rtório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer contra-razões em 
igual prazo, a contar da sua notificação. 
 A contagem do prazo para
legislação eleitoral, que não segue ne es que regem o processo civil, 
Complementar são peremptórios e contínuos e correm em Secretaria ou 
Cartório e, a partir da data do encerramento do prazo para registro de 
candidatos, não se suspendem aos sábados, domingos e feriados. 
 O art. 258 do Código eleit
considera-se como de três dias. 
itoral: 
ndo neste se discutir matéria constitucional. 
ágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não 
poderá ser interposto fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só 
 Percebe-se, pois, que o recu
possa ser interposto fora do prazo.
 
Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, 
o. 
(c) Recursos Eleitorais. Ação de Impugnação de 
 
impugnadas no todo ou em parte por recurso ou outros meios, com
corpus, o mandado de segurança e a reclamação. 
 O direito recursal eleitoral tem prazos exíguos para o interessado recorrer. Há recursos que 
devem ser interpostos imediatamente. Tratando-s
o disposto no art. 58 §5º da Lei 9504/97: 
§ 5º Da decisão sobre o exercício do direito de resposta cabe recurso às 
instân
em ca
 
 recorrer, no processo eleitoral, irá obedecer ao que dispõe a 
cessariamente as mesmas disposiçõ
onde se exclui o dia do começo e inclui o do final, nunca podendo ter início, reinício ou fim em dia em 
que não haja expediente forense. Nesse sentido cabe transcrever o disposto no art. 16 da Lei das 
Inelegibilidades: 
Art. 16. Os prazos a que se referem os arts. 3o e seguintes desta Lei 
 
oral dispõe que não havendo previsão de prazo para recorrer,Outro ponto importante a ser analisado diz respeito à preclusão no direito eleitoral, nesse 
sentido o art. 259 do Código Ele
Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo 
qua
Par
em outra que se apresentar poderá ser interposto. 
rso no direito eleitoral, em que se discuta matéria constitucional, 
 Na verdade, tal matéria poderá ser alegada em outro momento 
processual adequado. 
 No que diz respeito aos efeitos dos recursos eleitorais, assim dispõe o art. 257 do Código 
Eleitoral: 
Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo. 
através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a 
critério do presidente do Tribunal, através de cópia do acórdã
 19
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 
Portanto, como regra, os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo, ressalvada a apelação 
criminal e o recurso do candidato que teve decretada sua inelegibilidade. Nesse último caso aplica-se o 
 cancelado, se já tiver sido feito, 
ou declarado nulo o diploma, se já expedido. 
 Outro recurso que tem efeito
por crime eleitoral. 
AÇÃO RECURSAL 
 está prevista na Constituição Federal nos artigos 121 
3º e 121 §4º. 
me dispõe o art. 121 §3º da Constituição Federal: 
CF – ART. 121 § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior 
em esta Constituição e as denegatórias de 
gurança. 
 No caso de decisão que co
Supremo Tribunal Federal, no pra Súmula 728 do Supremo 
stos contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral. 
etração de mandado de segurança contra decisão 
interlocutória em ação de impugnação de mandato eletivo. (...)” (Ac. no 
a. Tribunal Superior. 
úmula no 267 do Supremo Tribunal Federal. Aplicação. 1. Esta Corte 
 
? No caso de decisão de Tribunais eleitorais
curso quando a decisão for denegatória. Ao passo que das decisões dos juízes eleitorais 
al contra decisão do Tribunal 
uperior Eleitoral que, em processo de sua competência originária, denegar habeas corpus ou 
 
art. 15 da Lei Complementar 64/90: 
Art. 15. Transitada em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do 
candidato, ser-lhe-á negado registro, ou
 suspensivo é apelação criminal (362 CE) no caso de condenação 
 ORGANIZ
 
 A organização recursal da Justiça Eleitoral
§
 
 Confor
Eleitoral, salvo as que contrariar
habeas corpus ou mandado de se
ntrariar a Constituição Federal caberá recurso extraordinário ao 
zo de 3 dias, conforme previsto na
Tribunal Federal. 
 
 Registre-se que o Supremo Tribunal Federal não faz parte da Justiça Eleitoral, ainda que julgue 
s recursos interpoo
 
 Tratando-se de decisão denegatória de HC ou MS caberá recurso ordinário ao Supremo 
ribunal Federal também no prazo de três dias. Sobre o mandado de segurança em matéria eleitoral T
cabe transcrever algumas ementas do TSE, vejamos: 
 
“Mandado de segurança. Decisão interlocutória. Cabimento. (...) 1. É 
admissível a imp
20.724, de 12.12.2002, rel. Min. Fernando Neves.) 
 
“Mandado de segurança. Atos de membros de Tribunal Regional Eleitoral. 
Indeferimento liminar. Ausência de competênci
S
Superior não tem competência para julgamento de mandado de segurança 
contra os atos de membros de Tribunal Regional Eleitoral. 2. O mandamus 
não é cabível contra ato judicial passível de recurso, nos termos da Súmula 
no 267 do egrégio Supremo Tribunal Federal, não se prestando, portanto, 
para atacar liminar concedida por Tribunal Regional. Agravo regimental a 
que nega provimento.” (Ac. no 3.159, de 5.2.2004, rel. Min. Fernando 
Neves.) 
 tratando-se de HC ou MS, somente caberá 
re
caberá recurso quando a decisão for denegatória ou concessiva. 
 
? Somente cabe recurso ordinário ao Supremo Tribunal Feder
S
 20
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
mandado de segurança, mas não contras as denegatórias de habeas data ou mandato de 
injunção, contra as quais poderá caber, se for o caso, apenas o recurso extraordinário. 
 
 Analisaremos agora as hipóteses constitucionais de recurso das decisões dos Tribunais 
egionais Eleitorais para o Tribunal Superior Eleitoral: 
º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais 
omente caberá recurso quando: 
orais; 
 estaduais; 
? No caso dos incisos I e II o r
o Recurso cabível é o Ordinário cisões do TRE que forem contrárias a 
nhuma hipótese cabe recurso contra 
ecisão de Tribunal Regional Eleitoral para o Supremo Tribunal Federal, mesmo quando haja matéria 
eguintes recursos: 
9 Embargos de declaração 
 
laração, assim dispõe o art. 275 do Código Eleitoral: 
 
ão: 
 
da data da 
ado 
 Acórdãos-TSE nºs 12.071, de 8.8.94, e 714, de 11.5.99: a hipótese é de interrupção. 
 
o processo 
ivil, vez que será designado outro relator para lavrar o acórdão, quando vencido o originário. 
 
 Agravo de Instrumento 
Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poderá interpor, 
dentro em 3 (três) dias, agravo de instrumento. 
R
 
CF – ART. 121 § 4
s
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de 
lei; 
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais 
Eleit
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições 
federais ou
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos 
federais ou estaduais; 
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou 
mandado de injunção. 
ecurso cabível é o Recurso Especial. Nos incisos III , IV e V 
. Portanto, das de
Constituição Federal cabe recurso Especial ao TSE. Ok ? 
 
 No âmbito da Justiça Eleitoral, que é especial, em ne
d
constitucional, porque os tribunais eleitorais não são órgãos de instância final, mas apenas 
intermediária entre o Tribunal Superior Eleitoral e os juízes e juntas eleitorais. 
 
 Assim, contra decisão de Tribunal Regional Eleitoral são admitidos os s
Sobre os embargos de dec
CE – 65 - Art. 275. São admissíveis embargos de declaraç
I - quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição; 
 - quando fôr omitido ponto sôbre que devia pronunciar-se o Tribunal. II
§ 1º Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias 
publicação do acórdão, em petição dirigida ao relator, na qual será indic
o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso. 
§ 2º O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira 
sessão seguinte proferindo o seu voto. 
§ 3º Vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão. 
§ 4º Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de 
outros recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados 
na decisão que os rejeitar. 
 
 O procedimento dos embargos declaratórios no processo eleitoral difere em parte d
c
9 Agravo Regimental 
9
 21
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 
9 Recurso Ordinário 
Recurso Especial 
Tabela - Comparação 
Justiça Comum Direito Eleitoral 
9 
 
 
Recurso Extraordinário 15 dias 3 dias 
Embargos Declaração 3 dias 5 dias 
Agravo 10 dias 3 dias 
Ação Rescisória 2 anos 120 dias 
Apelação criminal 15 dias 10 dias 
 
 
JURISPRUDÊNCIA DO TSE – RECURSOS ELEITORAIS 
VO DE INSTRUMENTO No 6.501/SP 
RELATOR: MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO 
EMENTA: Embargos de declaração, recebidos como agravo regimental. 
 
 sessão de 
27.8.2002. Ementa: “Registro de candidatura. Condição de 
iliação partidária. Recurso especial. Cabimento. 
 
 
.) 
1. Em representação em que se imputa a prática de ato ilegal apenas ao 
 
Inelegibilidade. Art. 22 da LC no 64/90. (...) 2. Em representação para 
r o 
uve 
 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRA
Precedentes. Agravo de instrumento. Eleições 2004. Medida cautelar. Efeito 
suspensivo. Recurso eleitoral.Procedência. Ação de impugnação de 
registro. Inelegibilidade. Art. 15 da LC no 64/90. Incidência. Necessidade 
de trânsito em julgado. Fundamentos não infirmados. Embargos de 
declaração opostos contra decisão monocrática do relator devem ser 
recebidos como agravo regimental. Conforme estabelece o art. 15 da LC no 
64/90, o exercício do mandato eletivo fica assegurado, enquanto não se 
der o trânsito em julgado da decisão que declara a inelegibilidade. 
Precedentes do TSE. Decisão agravada que se mantém pelos seus próprios 
fundamentos. Agravo regimental a que se nega provimento. 
 
REspe no 19.983/SP, rel. Min. Fernando Neves,
elegibilidade. F
Ofensa ao art. 5o, LV, da Constituição Federal. Alegação não 
examinada pela Corte Regional. Falta de prequestionamento. 
Reexame de matéria fática. Impossibilidade. 
1. O recurso cabível contra decisão que versa sobre condição de 
elegibilidade é o especial, enquanto o que cuida de inelegibilidade é o 
ordinário. 
2. O recurso especial não se presta para reabrir discussão acerca da prova 
e dos fatos. Sua finalidade é verificar se questão federal foi decidida pela 
Corte Regional contra expressa disposição da Constituição da República ou 
de lei, ou se aquela decisão divergiu de julgado de outro Tribunal Eleitoral. 
Recurso especial não conhecido.” Grifei. 
Representação. Captação ilegal de sufrágio. (...) Art. 41-A da Lei no
9.504/97. Art. 22 da LC no 64/90. (..
prefeito, não é necessária a citação do vice-prefeito. Inexistência de 
litisconsórcio necessário. 2. Por se tratar de uma relação jurídica 
subordinada, o mandato do vice-prefeito é alcançado pela cassação do 
diploma do prefeito de sua chapa.. (Ac. no 19.782, de 27.6.2002, rel. Min. 
Fernando Neves.) 
Investigação judicial. Representação. Art. 41-A da Lei no 9.504/97. 
Multa. 
apurar captação vedada de sufrágio, não é cabível a decretação de 
inelegibilidade, mas apenas multa e cassação de registro ou de diploma, 
como previsto no art. 41-A da Lei no 9.504/97. NE: .(...) Deixo de cassa
diploma porque o juízo eleitoral não o fez e sobre esse ponto não ho
recurso. (...).(Ac. no 21.022, de 5.12.2002, rel. Min. Fernando Neves.) 
 22
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 
 
ção de Impugnação de mandato
as sim natureza civil-eleitoral, tendo como finalidade a 
erda do mandato ilegítimo, pois tem o efeito de cassar o mandato e anular os votos recebidos pelo 
. 14, § 10, da Carta Magna, que dispõe: “O 
mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da 
a e, se 
temerária ou de manifesta ma-fé, responderá o autor na forma da lei. 
lomação previsto no art. 262 do 
Código Eleitoral que é cabível nos seguintes casos: 
guintes casos: 
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato; 
to à determinação do 
 O prazo para a interposição
diplomação. Diferente, portanto, do prazo para interposição do recurso contra a diplomação. 
lir os 
ão 
al, ficando a critério 
9 
 
 na nao prevê qual o rito a ser seguido na AIME. Atualmente, contudo, o TSE 
dit ando o procedimento do art. 3º da LC 64/90 (rito da impugnação de registro) 
licando-se as normas do CPC apenas em carater subsidiário. A justificativa por tal opção foi a 
A eletivo 
 
 A AIME não possui natureza penal, m
p
ex-candidato eleito. Trata-se de uma ação de conhecimento constitutiva negativa, haja vista que a 
aspiração com a sua propositura é que o juiz, dando-lhe provimento, desconstitua uma relação jurídica, 
extinguindo um estado jurídico indevidamente criado, com a determinação da cassação do mandato 
político conferido ao candidato eleito impropriamente. 
 No campo constitucional está prevista no art
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.” 
 Ainda na Carta Magna, o § 11 do art. 14 dispõe que a ação tramitará em segredo de justiç
 Não se pode confundir essa ação, com o recurso contra a dip
CE – 65 - Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá 
somente nos se
II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de 
representação proporcional; 
III - erro de direito ou de fato na apuração final, quan
quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de 
candidato, ou a sua contemplação sob determinada legenda; 
IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a 
prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei 
no 9.504, de 30 de setembro de 1997. 
 
 do recurso contra a diplomação é de três dias contados da 
 O ajuizamento da AIME independe de sentença anterior em investigação judicial, ou 
mesmo de sua proposição. Não serve ao fim de se obter recontagem de votos, nem para abo
prazos de preclusão e os sistemas de recursos estabelecidos na legislação eleitoral. 
 O significado das expressões abuso de poder econômico, corrupção e fraude não é t
restrito quanto o significado que possuem referentes à tipicidade do Direito Pen
do juiz, diante do sistema da livre convicção motivada, analisar cada caso. 
 
 Segundo o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência, podem propor a AIME : 
9 Ministério Público 
Partidos políticos 
9 Coligações 
9 Candidatos 
A Carta Mag
ou resolução fixe
ap
 23
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
celeridade exigida pelo processo eleitoral, que guarda suas peculiaridades, respeitadas, porém, as 
garantias do contraditório e da ampla defesa. (Resolução 21635/2004). 
 
 Julgada procedente e cassado o mandato eletivo, com o trânsito em julgado da decisao, será 
diplomado e empossado o segundo colocado ( eleições majoritárias ou o suplente (eleições 
roporcionais). O TSE vem decidindo reiteradamente que, mesmo se o candidato cassado tiver obtido 
da AIME. O Entendimento do TSE é que a cassação do mandato eletivo quando 
ndamentada na inelegibilidade decorrente de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude 
 eis que restrita à situação de candidatos.9
p
mais de 50% dos votos, não se aplicará o art. 224 do Código Eleitoral, ou seja, não haverá renovação 
das eleições. 
 
 Outro ponto importante a ser destacado é contaminação do mandato do vice, no caso de 
procedência 
fu
atingirá, necessariamente, como demonstrado, o seu vice na chapa, seu litisconorte passivo necessário 
na ação de impugnação de mandato eletivo. 
 
 A regra inserta no art. 18 da LC nº 64/90, que estabelece a intangibilidade da declaração de 
inelegibilidade, não se aplica aos diplomados,
 
 
PONTO 5 – INELEGIBILIDADE 
 
(a) Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais 
As normas gerais sobre inelegibilidades estão previstas no corpo do texto constitucional, 
 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso 
os mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. 
, os 
s 
 meses 
tar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade 
 para 
complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os 
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência 
 
 
 
 
vejamos : 
CF – 88 Art. 14 § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
d
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem 
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e o
parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
anterioresao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição. 
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da 
atividade; 
II - se con
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação,
a inatividade. 
§ 9º - Lei 
prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a 
moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do 
candidato, e a 
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego 
na administração direta ou indireta. 
 
9 Direito Eleitoral. Questões Controvertidas. Antonio Carlos Martins Soares. 2006 
 24
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
 As causas de inelegibilidade, dessa feita, de acordo com o mandamento constitucional, só 
podem estar previstas na própria Constituição ou na Lei Complementar 64/90, a chamada lei das 
inelegibilidades, tal diploma legal regulamentou o parágrafo nono da Constituição da República. 
 Inicialmente, cabe conceituar institutos primordiais para o estudo de inelegibilidades. Um dos 
institutos que mais geram confusão ao estudante de direito eleitoral é o que trata das condições de 
elegibilidade, ou seja, ser inelegível é não possuir uma das condições genéricas de elegibilidade? Não, 
definitivamente não há que se confundir inelegibilidade e condições de elegibilidade. 
 As condições de elegibilidade representam requisitos indispensáveis para àqueles que 
pretendem concorrer aos pleitos que se apresentam, tais condições estão previstas no art. 14 §3º da 
Constituição Federal. Por outro lado, as inelegibilidades representam, conforme aduz José Afonso da 
Silva, revela impedimento à capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado), seria, portanto, um 
impedimento à elegibilidade. Para o mesmo autor, elegibilidade consiste no direito de postular, através 
das eleições, o exercício dos mandatos eletivos no executivo e no legislativo. 
 Pelo que foi dito acima, podemos concluir ser possível um cidadão possuir todas as condições 
de elegibilidade, mas, ainda assim, ser inelegível, por exemplo, o filho do prefeito que exerce o 
segundo mandato consecutivo na mesma circunscrição é inelegível para o cargo de prefeito naquele 
município, ainda que haja a renúncia, percebemos, pois, que mesmo que o filho do atual prefeito 
cumpra os requisitos de elegibilidade previstos na Constituição Federal, será inelegível. 
 Outro ponto que merece uma atenção especial do candidato funda-se na questão do 
alfabetismo como condição imprópria de elegibilidade, conforme leciona o eminente professor 
Adriano Soares da Costa. Assim sendo, ainda que ser alfabetizado não esteja previsto expressamente 
como condição de elegibilidade configura-se como tal. 
 Por agora, importa dividir e conceituar as espécies de inelegibilidades existentes em nosso 
sistema jurídico pátrio. Um primeiro critério divide as inelegibilidades em absolutas ou relativas, 
àquelas proíbem a candidatura a qualquer cargo eletivo, enquanto as últimas aplicam-se somente a 
certos pleitos. 
 A inelegibilidade absoluta está prevista, taxativamente, na Constituição Federal, quando dispõe 
em seu artigo 14§4º serem inelegíveis absolutamente os analfabetos e os inalistáveis. No que tange aos 
analfabetos não há ressalva a ser feita, não podem, em hipótese alguma lançar seus nomes como 
candidatos às eleições. 
 Entretanto, com relação aos inalistáveis, cabe lançar algumas palavras sobre a inelegibilidade 
dos conscritos, na medida que esta só persiste enquanto estiverem vinculados ao serviço militar 
obrigatório. A meu ver, portanto, a inelegibilidade do conscrito só é absoluta enquanto no período de 
conscrição, visto que ao passar por essa etapa o militar se torna plenamente elegível, conforme dispõe 
o parágrafo oitavo do artigo quatorze da CRFB. Registre-se, ademais, que o §único do artigo 5º do 
código eleitoral, ao dispor que “os militares são alistáveis desde que oficiais, aspirantes a oficiais, 
guardas-marinha...” não foi recepcionado pela nossa carta magna, considerando, conforme já 
 25
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
comentado, que o alistamento eleitoral é vedado apenas para os conscritos durante o período de 
serviço militar obrigatório. 
 Os militares, salvo os conscritos, podem candidatar-se a quaisquer cargos eletivos, porém, 
considerando serem impedidos enquanto na ativa de filiação partidária, são dispensados do prazo 
mínimo de filiação partidária para a candidatura aos cargos eletivos. De acordo com posição já firmada 
no Tribunal Superior Eleitoral, para o militar basta o registro da candidatura, devendo o militar, nesta 
data, afastar-se do exercício do cargo. Esse afastamento será definitivo para os militares que contam 
com menos de dez anos de serviço; para aqueles que possuem mais de dez anos, ao registrar a 
candidatura deverão ser agregado à autoridade superior, e, sendo eleito, passará para a inatividade no 
ato da diplomação. 
 As inelegibilidades relativas estão previstas na Constituição Federal ou na lei complementar 
64/90, vejamos um exemplo de inelegibilidade relativa: 
Norma, Governadora em um Estado, exercendo o seu segundo mandato 
eletivo, quer saber se ela renunciando ao cargo até seis meses antes do 
pleito, se seria possível a sua candidatura ao cargo de Presidente da 
República? O que você responderia ? 
 
Resposta: Norma só é inelegível para o cargo de governador 
no Estado dela, trata-se, pois de inelegibilidade relativa. 
Para outros cargos Norma poderá candidatar-se, porém, 
além de cumprir outras condições, deverá renunciar até seis 
meses antes da eleição. 
 Na questão acima, Norma poderia ser candidata, tranquilamente, ao cargo de Presidente da 
República, bastando que renunciasse ao cargo de governador até seis meses antes do pleito. 
 Podemos evidenciar, na própria Constituição Federal, algumas hipóteses de inelegibilidades 
relativas, a primeira delas prevista no art. 14 §5º da Constituição Federal, vejamos: 
CF - Art. 14. §5º - O Presidente da República, os Governadores de 
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou 
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único 
período subseqüente. 
 O dispositivo constitucional acima foi inserido pela emenda constitucional nº 16/97, muito 
discutida à época da promulgação, permitiu em nosso ordenamento jurídico que uma mesma pessoa 
exercesse, na mesma circunscrição, a chefia do executivo por duas vezes consecutivas. 
 E assim pensa o Tribunal Superior Eleitoral: 
"Renúncia e elegibilidade. 2. A renúncia do presidente da República, dos 
governadores de estado ou do Distrito Federal e dos prefeitos, ao 
respectivo mandato, seis meses antes do pleito, não os torna inelegíveis ao 
mesmo cargo para o período imediatamente subseqüente. A Constituição 
Federal não prevê como causa de inelegibilidade a renúncia ao mandato 
executivo. 3. O titular de mandato executivo que renuncia, se eleito para o 
mesmo cargo, vindo, assim, a exercê-lo no período imediatamente 
 26
APOSTILA – DIREITO ELEITORAL – FOCO 
MPF – 23º CONCURSO – RODRIGO SOUZA 
subseqüente, não poderá, entretanto, ao término desse novo mandato, 
pleitear reeleição, porque, do contrário, seria admitir-se, contra a letra do 
art. 14, § 5º, da Constituição, o exercício do cargo em três períodos 
consecutivos. (...)" 
(Res. nº 20.114, de 10.3.98, rel. Min. José Néri da Silveira; no mesmo 
sentido a Res. nº 20.928, de 13.11.2001, rel. Min. Fernando Neves.) 
 
"Consulta. Vice-candidato ao cargo do titular. 1. Vice-presidente da 
República, vice-governador de Estado ou do Distrito Federal ou vice-
prefeito, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do titular, 
mesmo tendo

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