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Sumário
8. DIREITO ELEITORAL 1
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................................................... 1
1. CONCEITO .................................................................................................................................................................................................... 1
2. OBJETO E FONTE .......................................................................................................................................................................................... 1
3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ....................................................................................................................................................................... 1
4. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL .......................................................................................................................................................... 1
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................................... 3
1. DIREITOS POLÍTICOS ................................................................................................................................................................................... 3
2. ALISTAMENTO ELEITORAL .......................................................................................................................................................................... 3
3. DOMICÍLIO ELEITORAL ............................................................................................................................................................................... 3
4. JUSTIFICATIVA DE AUSÊNCIA E SANÇÕES QUANTO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ELEITORAIS ........................................... 5
5. DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS ..................................................................................................................................................................... 7
6. DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS ................................................................................................................................................................. 9
7. ESCOLHA DOS CANDIDATOS E PEDIDO DE REGISTRO DE CANDIDATURA .............................................................................................. 14
8. DOS PARTIDOS POLÍTICOS E COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ...................................................................................................................... 14
9. FIDELIDADE PARTIDÁRIA ......................................................................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 3 ..........................................................................................................................................................18
1. SISTEMAS ELEITORAIS: CONCEITO ........................................................................................................................................................... 18
2. NULIDADE DOS VOTOS E CONVOCAÇÃO DE NOVAS ELEIÇÕES ............................................................................................................... 21
CAPÍTULO 4 ..........................................................................................................................................................22
1. CRIMES ELEITORAIS E O PROCESSO PENAL NOS CRIMES ELEITORAIS ................................................................................................. 22
CAPÍTULO 5 .........................................................................................................................................................23
1. PROPAGANDA POLÍTICA ............................................................................................................................................................................ 23
2. HORÁRIO RESERVADO AO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL ................................................................................................................. 28
3. ABUSOS E O DIREITO DE RESPOSTA ........................................................................................................................................................ 28
4. CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS EM CAMPANHAS ELEITORAIS ..................................................................................... 29
CAPÍTULO 6 ..........................................................................................................................................................30
1. FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS ....................................................................................................................................... 30
2. LIMITES DE GASTOS COM CAMPANHAS ELEITORAIS E O USO DE RECURSOS PRÓPRIOS NAS CAMPANHAS ELEITORAIS ................. 33
3. CRUZAMENTO DE INFORMAÇÕES ENTRE O TSE E RFB ............................................................................................................................ 33
4. PRESTAÇÃO DE CONTAS ........................................................................................................................................................................... 34
5. GASTOS EM CAMPANHA E SUA CONTABILIZAÇÃO ................................................................................................................................... 34
6. REPRESENTAÇÃO (ABUSOS) E RECLAMAÇÕES RELATIVAS À ARRECADAÇÃO E GASTOS DE RECURSOS E CONTRA CAPTAÇÃO 
IRREGULAR DE SUFRÁGIO ........................................................................................................................................................................ 34
IIISUMÁRIO
CAPÍTULO 7 ..........................................................................................................................................................35
1. AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS ............................................................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 8 ..........................................................................................................................................................37
1. JUSTIÇA ELEITORAL .................................................................................................................................................................................. 37
2. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA ELEITORAL E SUA COMPOSIÇÃO ........................................................................................................................... 37
3. REFLEXOS DO NOVO CPC: BREVES COMENTÁRIOS ................................................................................................................................. 38
CAPÍTULO 9 ..........................................................................................................................................................39
1. IMPEACHMENT .......................................................................................................................................................................................... 39
9. DIREITO FINANCEIRO E ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 43
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................. 43
2. LEIS ORÇAMENTÁRIAS: PPA, LDO, LOA .................................................................................................................................................... 44
3. RECEITAS ...................................................................................................................................................................................................56
4. DESPESAS .................................................................................................................................................................................................. 60
5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA ...................................................................................................................................................................... 71
6. OPERAÇÕES DE CRÉDITO .......................................................................................................................................................................... 74
7. DÍVIDA PÚBLICA ........................................................................................................................................................................................ 75
8. PRECATÓRIOS ........................................................................................................................................................................................... 77
9. FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL ........................................................................................................................................................... 79
10. TRANSPARÊNCIA ....................................................................................................................................................................................... 82
11. ESTRUTURA DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF .................................................................................................................... 84
10. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 87
1. EVOLUÇÃO LEGISLATIVA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO ......................................................................................................................... 87
2. A PREVIDÊNCIA SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................................................................................................................. 88
3. FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL .............................................................................................................................................. 91
4. CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL ..................................................................................................................................... 102
5. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ................................................................................................................ 112
6. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ..................................................................................................................................................................... 117
7. RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO DAS CONTRIBUIÇÕES E OUTRAS INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA .......................... 119
8. RECURSOS DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS ..................................................................................................................................... 121
9. PLANO DE BENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL .................................................................................................. 122
Capítulo 1
1. CONCEITO
O Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que visa 
a tutelar e a regular, respectivamente, o direito ao sufrágio e 
o exercício da soberania popular. Além disso, organiza e dis-
ciplina o processo eleitoral de forma a concretizar os direitos 
políticos.
Assim, fundamental observar a relação intrínseca que este 
ramo possui com a manutenção da democracia (chamada por 
alguns autores como “antecedente lógico do Direito Eleitoral”), 
justamente pelos mecanismos que proporciona.
2. OBJETO E FONTE
O objeto, do ponto de vista jurídico, é trazer adequadas 
formas de exercício dos direitos políticos e seus reflexos no 
processo eleitoral. Esta finalidade traz intensas mudanças 
legislativas a este ramo do Direito Público, que o faz um dos 
que mais sofre alterações legislativas, no intento lógico de 
aperfeiçoamento e adequação à demanda real da sociedade. 
Por exemplo, hoje no Brasil percebemos o processo eleitoral 
100% eletrônico, informatizado (urnas eletrônicas, apuração 
no mesmo dia da eleição, acesso às informações dos candidatos 
via internet etc.) e a cada eleição novas leis e regramentos. 
Quanto às fontes do Direito Eleitoral podemos dividi-las 
em primárias e secundárias:
Por Fontes Primárias (Diretas) do Direito Eleitoral pode-
ríamos compreender, dentre outras:
a) Constituição Federal. Fonte maior do Direito Eleitoral Brasi-
leiro, pois é nela que se funda o processo de validação jurídica 
de todas as outras normas, ou seja, é na Constituição Federal 
que as demais normas encontram seu pressuposto de validade 
(dogmática jurídica). Além disso, o Texto Constitucional trata, 
especificamente, nos arts. 14 ao 17 e arts. 118 ao 121 sobre 
matéria ligada ao nosso objeto de estudos.
b) Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) 
c) Lei das Eleições (Lei 9.504/1997)
d) Lei Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP – Lei 9.096/1995)
e) Lei das Inelegibilidades (LC 64/1990) com as alterações 
trazidas pela Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010) 
Por Fontes Secundárias (Indiretas ou Subsidiárias) do 
Direito Eleitoral podemos compreender, dentre outras:
a) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral. Trata-se de ato 
normativo do órgão Pleno do Tribunal Superior Eleitoral, com 
competência fixada pelo parágrafo único do art. 1º e art. 23, 
ambos do Código Eleitoral, com a limitação do art. 105 da Lei 
das Eleições.
b) Consultas. Esta fonte, bastante peculiar, refere-se às consultas 
a serem direcionadas ao Tribunal Superior Eleitoral, acerca de 
matéria eleitoral, sempre em tese (não em caso concreto, pois 
admitiria a condição de pré-julgamento da questão duvidosa), 
a ser formulada por autoridade com jurisdição federal ou por 
órgão nacional de partido político (conforme art. 23, XII, do 
Código Eleitoral). Importante dizer que as respostas serão 
dadas também em tese, não olvidando-se que NÃO POSSUEM 
CARÁTER VINCULANTE, podendo ou não ter seu conteúdo 
confirmado por uma decisão na Justiça Eleitoral. Por fim, cabe 
esclarecer, também, que as consultas poderão ser direcionadas 
aos Tribunais Regionais Eleitorais, conforme depreendemos 
da leitura do art. 30, VIII, do Código Eleitoral, sobre matéria 
eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, também em tese, 
por autoridade pública ou partido político.
c) Código Civil. De modo geral, quanto a capacidade das pes-
soas, conceituação de bens públicos, numa leitura conjunta de 
dispositivos que venham a exigir complementação.
d) Código de Processo Civil. Contagem de prazos, diretrizes 
recursais. Aplicação subsidiária ao processo eleitoral.
e) Código Penal. Parte Geral do Código Penal, especificamente 
sobre questões ligadas a tempo e lugar do crime, concurso de 
agentes etc.
f) Código de Processo Penal. Será aplicado subsidiariamente ao 
processo penal eleitoral, conforme dispõe neste sentido o art. 
364 do Código Eleitoral: “No processo e julgamento dos crimes 
eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como nos 
recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, 
como lei subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.”.
3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Cabe privativamente à União legislar sobre matéria eleito-
ral (inteligência do art. 22, I, da CF). Bem podemos observar, 
como exemplo, as legislações (fontes secundárias) que nos 
referimos no item anterior.
O Presidente da República, bem como o Tribunal Superior 
Eleitoral, poderão expedir instruções que julgarem convenien-
tes à boa execução das leis eleitorais (art. 84, IV, da CF e art. 
23, IX, da Lei 4.737/1965).
Medida provisória não pode dispor sobre direitos políticos, 
direito eleitoral e partidário, conforme dispõe o art. 62, § 1º, 
I, “a”, da CF. Quanto às leis delegadas também observamos a 
impossibilidade de possuírem como objeto direitos eleitorais 
e políticos, disposição também encontrada naCF (art. 68, § 
1°, II).
4. PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL
Primeiramente é necessário relembrar a conceituação 
de que os princípios são alicerces do ordenamento jurídico, 
servindo como inspiração à elaboração e interpretação das 
normas, trazendo em sua essência não só uma característica 
filosófica, mas alta carga valorativa. Em especial, no Direito 
Eleitoral, assumem importância fundamental nos casos de 
lacuna ou omissão da lei. 
Ainda que a doutrina cuide de explorar características 
e classificações dos princípios, bem como elencar inúme-
ros outros já conhecidos em diversos ramos (princípios da 
oralidade, contraditório, isonomia, identidade física do juiz, 
8. Direito eleitoral
Savio Chalita
Savio Chalita2
publicidade etc.) trataremos aqui, de maneira objetiva, dos 
mais recorrentes:
Princípio da anualidade eleitoral: também podemos 
encontrá-lo na nomenclatura de “princípio da anterioridade 
da lei eleitoral”, “antinomia eleitoral” ou “conflito de leis no 
tempo”. É a expressão do princípio do rules of game (traz a 
ideia de que não se pode mudar as “regras do jogo” durante 
o campeonato). O art. 16 da CF consolida o princípio da 
anualidade ao dispor que “a lei que alterar o processo eleitoral 
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando 
à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Por 
este princípio, toda lei que vier a alterar o processo eleitoral 
entrará em vigor na data de sua publicação, porém apenas 
será aplicada ao pleito que correr até um ano após a data de 
sua vigência. Segundo o STF, a concepção de lei abrangeria 
tanto leis infraconstitucionais quanto leis constitucionais 
(Emendas Constitucionais). Importante mencionar, também, 
que este princípio deverá ser observado no caso de alteração 
de jurisprudência pelos Tribunais. Trata-se de um direito 
fundamental do cidadão-eleitor, cidadão-candidato e dos 
próprios partidos políticos.
Cabe mencionar que tal princípio, não obstante ostente 
a condição de cláusula pétrea implícita (ADI 3685/DF) a 
EC 107/2020, que tratou sobre o adiamento das eleições em 
razão da pandemia COVID-19, estabeleceu em seu art. 2º que 
“não se aplica o art. 16 da Constituição Federal ao disposto 
nesta Emenda Constitucional”. Isto porque referida emenda 
tratou de postergar a realização das eleições municipais de 
2020, tendo sido publicada em 2 de julho de 2020, ou seja, a 
3 meses das eleições (que em regra, ocorreriam no primeiro 
domingo de outubro de 2020). Ocorre que esta disposição 
visou tão somente esclarecer que o constituinte reformador 
não desconhece a necessidade de observância ao princípio da 
anualidade, no entanto, dadas as circunstâncias, a alteração do 
processo eleitoral foi medida necessária e que, mesmo diante 
dos ajustes necessários, atingiu a todos de modo equilibrado, 
sendo esclarecido acerca dos prazo vencidos e vincendos (art. 
1º, EC 107/2020).
Princípio da vedação da restrição de direitos políti-
cos: este princípio possui conceituação semelhante ao do 
já conhecido in dubio pro reo, amplamente abordado no 
Direito Processual Penal, uma vez que traz a ideia de que 
não poderá o intérprete da lei estender interpretação da 
norma, de maneira a aumentar restrição de direitos políticos 
ao indivíduo (seja do candidato ou do eleitor). Diante da 
dúvida deverá o julgador (juiz ou tribunal) prezar pela não 
restrição de direitos políticos.
Princípio da democracia: é direito que se situa na 4ª 
dimensão de direitos fundamentais, juntamente com o direito 
à informação e ao pluralismo. A democracia situa-se como 
princípio insculpido na Constituição Federal de 1988, condi-
ção para os fundamentos estabelecidos no art. 1°. Também, 
fundamento das sociedades ocidentais reproduzida em grande 
valor na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 
1948 (artigo XXI) e no Pacto Internacional sobre Direitos 
Civis e Políticos de 1966 (artigo 25). Existem três espécies 
de regimes democráticos: a) democracia direta, onde o povo 
atua diretamente no exercício da parcela do poder soberano 
popular; b) democracia representativa, onde o povo escolhe 
seus representantes para atuação em seu nome e em defesa 
de seus interesses; e por fim, c) democracia semidireta ou 
participativa, num verdadeiro sistema híbrido composto 
tanto da atuação direta do cidadão através de limitados ins-
trumentos de atuação, como também indiretamente através 
de candidatos eleitos para cargos públicos eletivos em todos 
os entes da federação. 
A democracia participativa ou semidireta foi adotada pela 
Constituição vigente em nosso país, sendo disposta logo no 
art. 1° da Constituição Federal, em necessária leitura conjunta 
com o art. 14, CF, trazendo como instrumentos diretos (o 
exercício do voto que se dá de forma direta, a lei de inicia-
tiva popular e as consultas populares através do plebiscito e 
referendo), e indiretos (através da escolha de representantes, 
através do voto).
Princípio da democracia partidária: como vimos, a 
democracia remonta a concepção grega de “o poder ao povo”. 
Desta forma podemos compreender a efetividade da demo-
cracia implantada sob 3 óticas distintas: Democracia direta, 
indireta e semidireta (ou temperada).
A democracia direta é ilustrada pela organização, deveras 
eficiente, observada em Atenas durante os séculos V e VI, 
onde efetivamente os cidadãos participavam das decisões, o 
chamado autogoverno, completamente inviável se pensarmos 
nossa realidade.
Na democracia indireta os cidadãos elegem seus repre-
sentantes, que investidos em um mandato específico, desem-
penharão a respectiva função pública, representando seu 
eleitorado até o final do seu mandato.
Na democracia semidireta ou temperada ocorre um tem-
peramento, como sugere sua classificação, sendo o modelo 
que experimentamos no Brasil.
Aqui os cidadãos não encerram participação na vida 
pública simplesmente na escolha de seus representantes, 
mas têm a seu dispor outros instrumentos representativos 
como a participação em plebiscitos, referendos e iniciativa 
popular.
Contudo, tanto na democracia indireta como na semidi-
reta (adotada no Brasil), necessariamente percebemos a figura 
do partido político (criado e difundido pelos movimentos 
socialistas na Inglaterra) como um intermediário ao complexo 
funcionamento do sistema democrático.
Princípio da celeridade da justiça eleitoral: quando 
tratamos de Direito Eleitoral, especificamente quanto aos 
mandatos, exigências e etc., verificamos a questão temporal 
como grande constante. Por esta razão, o Poder Judiciário 
(Justiça Eleitoral) tratará com maior prioridade, aos demais 
casos, as questões que tratem acerca de matéria eleitoral, com 
exceção da natural prioridade do habeas corpus e mandado 
de segurança.
Como reflexo deste princípio na norma eleitoral, podemos 
destacar o prazo de 3 dias para a interposição da maioria dos 
Recursos (art. 258 do Código Eleitoral), o prazo de 24 horas 
para recorrer às instâncias superiores no caso de decisão sobre 
o exercício do direito de resposta (art. 58, § 5º, da Lei das 
Eleições), a irrecorribilidade da decisões do Tribunal Supe-
rior Eleitoral (observadas as exceções: art. 121, § 3º, da CF), 
bem como a preclusão instantânea, salvo matéria de ordem 
constitucional ou legal de ordem pública (concluída uma 
fase, dentre as previstas a um assunto hipotético – registro de 
candidatura, propaganda eleitoral, votação etc., não se pode 
mais impugnar ocorridos pretéritos).
38. Direito eleitoral
Capítulo 2
1. DIREITOS POLÍTICOS
O regime de governo é o “termômetro” que indicará 
qual o nível (e quais as formas, meios, mecanismos e instru-
mentos disponíveis) de participação popular comportadas 
pelo Estado. Na autocracia, regime de governo já extinto no 
Brasil, todo o governo é exercido por uma só pessoa. Há aqui 
a figura do absolutismo, completamente avesso à democracia, 
pois acima do soberano não há qualquer preceito legal, norma 
máxima, carta magna ou algo parecido. O Brasil, em diversos 
momentos, sofreuna carne do povo as consequências deste 
regime. Mesmo regimes que, em tese, atuavam dentro da 
legalidade, faticamente tinham nódoas absolutistas (governo 
de Getúlio Vargas entre 1937 e 1945, ditadura militar, reinado 
de D. Pedro I). 
No Brasil, vivemos sob o Regime Democrático, com-
preendido como um princípio constitucional “sensível” (art. 
34, VII, “a”, da CF), dada sua natureza de garantir ao povo 
participações efetivas nas decisões do Estado. 
Premissa é considerar que, de modo restrito e técnico 
(exercício direto e indireto da democracia), exercerá direito 
político aquele que mantenha vínculo político com a nação. 
Ou seja, aquele alistado junto a justiça eleitoral (que tenha feito 
seu alistamento eleitoral, possuindo título eleitoral). Assim, 
quando mencionarmos ou fizermos referência à “cidadão”, será 
todo aquele que cumpra com esta circunstância de vínculo.
Para lembrar:
Nacionalidade: vínculo jurídico mantido pelo indiví-
duo com relação ao estado. Os critérios que, se cumpridos, 
garantirão este vínculo são estabelecidos pelo estado (sobe-
rania nacional).
Cidadania: vínculo político. É estabelecido a partir 
do alistamento eleitoral junto à justiça eleitoral. Poderá se 
alistar nacional (nato, naturalizado e o quase nacional1). 
Também é chamado de “nacional qualificado”. Ou seja, 
nacional qualificado pelo vínculo político.
2. ALISTAMENTO ELEITORAL1
O Código Eleitoral, em seu art. 43 e seguintes, dispõe 
sobre a forma que se dará o alistamento eleitoral. O alistando 
deverá apresentar em cartório (Eleitoral ou outro local previa-
mente designado) o Requerimento de Alistamento Eleitoral 
(RAE) além de documento de identificação, certificado de 
quitação militar (eleitores do sexo masculino). Atualmente, 
o TSE ainda conta com o alistamento por processamento ele-
trônico, pelo qual o alistando tem a opção de preenchimento 
de formulário “on-line” e apresentação junto à unidade da 
Justiça Eleitoral em até 5 dias (Resolução 21.538/2003 do TSE).
Importante observação, já explorada em concursos, é 
sobre o prazo estabelecido pelo art. 91 da Lei 9.504/1997, que 
prescreve o não recebimento de qualquer requerimento de 
1. o tratado da amizade (Decreto 3.927/2001) celebrado entre Brasil 
e Portugal, em 22.04.2000 (por ocasião das comemorações de 500 
anos do descobrimento do Brasil), estabelece que ao português 
residente ininterruptamente no Brasil por 3 anos, havendo recipro-
cidade, será garantido o exercício de direitos políticos (situação que 
suspenderá a possibilidade de exercício destes mesmos direitos em 
seu país de origem).
alistamento eleitoral no interregno de 150 dias antecedentes 
à data da eleição. 
Isso traz alguns questionamentos, também já abordados 
em prova. Colacionamos o exemplo do jovem que irá com-
pletar 16 anos poucos dias antes das eleições, mas pretende 
exercer seu direito de alistar-se e votar. A solução é simples e 
pacífica: o jovem deverá requerer sua inscrição ainda antes de 
completar seus 16 anos, desde que, na data da eleição, possua 
completa a idade mínima necessária.
Discussões acaloradas na jurisprudência se deram em 
razão da obrigatoriedade ou não dos deficientes físicos vota-
rem e também dos índios (integrados e não integrados).
O atual entendimento do TSE paira sobre a obrigatorie-
dade do voto ainda quanto aos deficientes físicos, podendo 
estes requerer seja registrada sua deficiência no cartório 
eleitoral de seu domicílio, para que no pleito seguinte sejam 
tomadas as providências necessárias de acessibilidade. Ou, 
ainda, em razão da Resolução 21.920/2004, poderá deficiente 
requerer ao juiz que seja registrado o chamado FASE 396, 
que impossibilitará que sejam geradas multas diante do seu 
não comparecimento ao local de votação na data da eleição.
Quanto aos índios a discussão é outra. Para todos eles 
o alistamento e voto são compreendidos como facultativos, 
porém, caso queiram exercer este direito, as exigências são 
separadas entre os índios integrados e não integrados. Dos 
primeiros é exigida a quitação militar, conforme Resolução 
do TSE 20.806/2001, o que não ocorre em relação aos não 
integrados.
Transferência – A transferência da inscrição eleitoral de 
um domicílio eleitoral a outro é facultativa, porém, se reque-
rida, deverá o eleitor estar quite com a Justiça Eleitoral, além de 
declarar residência mínima de 3 meses, permanência mínima 
de 1 ano no domicílio eleitoral anterior, anterioridade superior 
a 150 dias das eleições (art. 91 da Lei 9.504/1997). Essas regras 
não serão necessárias caso a transferência seja de funcionário 
público civil, militar ou autárquico (ou sua família).
Deverá ser obedecido procedimento próprio disposto 
ao longo dos arts. 55 e seguintes do Código Eleitoral. O juiz 
do novo domicílio poderá deferir ou indeferir o pedido de 
transferência, devendo ser a decisão publicada (normalmente 
na primeira quinzena de cada mês) para que só então sejam 
cabíveis os recursos:
Transferência Deferida – Caso o juiz eleitoral do novo 
domicílio tenha entendido estarem presentes os requisitos, e 
então deferido a transferência, poderá o Ministério Público 
ou partido político recorrer perante o TRE em até 10 dias 
alegando suas razões, sejam elas inconsistências ou irregula-
ridades observadas.
Transferência Indeferida – O eleitor (interessado) terá o 
prazo de até 5 dias para recorrer perante o TRE alegando suas 
razões. Nesta situação, o Ministério Público terá participação 
como custos legis, devendo ter vistas do processo. 
3. DOMICÍLIO ELEITORAL 
Como observado anteriormente, a inscrição ou trans-
ferência do eleitor define seu domicílio eleitoral, local onde 
reside ou mantém moradia, podendo compreender até mesmo 
duas localidades, conforme dispõe o art. 42 do Código Elei-
toral (situação em que o interessado deverá optar por uma), 
uma vez que o conceito aqui é diferente do domicílio civil, 
Savio Chalita4
possuindo maior “flexibilidade e elasticidade” a domicílio 
eleitoral, identificando-o com a residência e o lugar onde o 
interessando mantenha vínculos, sejam eles políticos, sociais, 
patrimoniais, afetivos ou de trabalho.
O Tribunal Superior Eleitoral, em reiterados julgados, 
consolidou 3 (três) espécies de vínculos que um cidadão pode 
manter a fim de caracterizar domicílio eleitoral: 
a) Familiar; 
b) Patrimonial; 
c) Afetivo, social ou Comunitário.
Quanto ao vínculo Familiar, podemos compreender 
como sendo aquela localidade onde seja o domicílio do genitor 
do cidadão em questão (TSE, AgRg em Ag 4.788/MG).
O vínculo Patrimonial, como o próprio nome sugere, a 
localidade onde o cidadão seja proprietário de imóvel, ainda 
que não resida nele (TSE, REsp 10.972/SE). 
Por fim, o Vínculo Afetivo, Social ou Comunitário 
refere-se à localidade onde o candidato (cidadão que exerce 
seus direitos políticos passivos), nas eleições imediata-
mente anteriores, obteve maior parte da sua votação (TSE, 
REsp16.397/AL).
Importante reflexão reside em compreendermos a dife-
rença sensível entre o Domicílio Eleitoral (Código Eleitoral) 
e o Domicílio Civil (Código Civil), objeto de recorrentes 
dúvidas e confusão quanto ao conceito de cada um.
Os arts. 70 e seguintes do Código Civil dispõem que 
Domicílio será o lugar em que a pessoa natural estabeleça 
sua residência com a intenção manifesta de permanecer, 
centralizar sua vida, fixar suas atividades e negócios. Ou seja, 
é exigido o animus de permanência na localidade, princípio 
este exigido até mesmo na hipótese de o cidadão possuir 
diversas residências, pois poderá ser considerado domicílio 
qualquer uma delas, desde que o cidadão nelas viva, mesmo 
que alternadamente.
Exemplo: 
Samya é advogada e trabalha em um escritório de advo-
cacia no município de Campos do Jordão/SP. No entanto, 
reside na cidade de Lorena/SP, de onde se desloca diaria-
mente para seu trabalho. Ainda, duas vezes na semana, dá 
aulas de Direito Eleitoral na cidade de São Paulo/SP. Com 
vistas ao que dispõe o Código Civil, arts. 70 e seguintes,qualquer uma das localidades (escritório de advocacia em 
Campos do Jordão/SP; local onde mora com seus pais, 
Lorena/SP; universidade que leciona Direito Eleitoral, São 
Paulo/SP) pode ser considerada seu domicílio, pois mantém, 
em cada uma delas, uma intenção de permanência, seja 
em razão de fixar sua residência (moradia com os pais) ou 
mesmo por desenvolver suas atividades profissionais.
Por outro lado o art. 42 do Código Eleitoral dispõe que 
Domicílio Eleitoral será o lugar de residência ou moradia do 
cidadão, e, quando possuir mais de uma, poderá ser conside-
rado domicílio eleitoral qualquer uma dessas localidades. Ou 
seja, diferentemente do que nos traz o Código Civil, o Código 
Eleitoral dispensa a necessidade de animus de permanência, 
sendo admitida maior flexibilidade ao conceito. A propósito, 
como vimos pouco antes, o próprio TSE já admitiu vínculos 
próprios (familiar, patrimonial, social), o que evidencia ainda 
mais este caráter flexível do conceito de domicílio pela ótica 
do Código Eleitoral.
Exemplo: 
(adotando a ideia do exemplo anterior) Samya, advogada 
atuante em Campos do Jordão/SP, considerou estabelecer 
residência fixa nesta cidade para evitar o desgastante deslo-
camento diário entre a casa de seus pais, em Lorena/SP, e o 
escritório. Neste caso, passou a não ter mais qualquer vínculo 
de moradia ou emprego com a cidade de Lorena/SP. Também, 
como forma de investir um dinheiro que ganhou de seu pai, 
comprou um apartamento na cidade do Rio de Janeiro/RJ, 
que está atualmente locado a um inquilino. Podemos dizer 
que Samya pode optar, a título hipotético de estabelecer seu 
domicílio eleitoral, as cidades de Lorena/SP (vínculo familiar), 
Campos do Jordão/SP (onde fixou moradia e desenvolve suas 
atividades profissionais – também é seu domicílio civil) ou 
mesmo Rio de Janeiro/RJ (vínculo patrimonial).
Importante observação deve ser lançada quando tratar-
mos de domicílio necessário, quais sejam os dos servidores 
públicos e militares, referenciando o local onde desenvolvem 
suas atividades em caráter permanente.
Outra observação dá-se quanto à disposição do Decreto-
-Lei 201/1967 ao disciplinar a possibilidade de cassação 
de mandato de vereador que vier a fixar residência fora do 
município em que exerce função eletiva.
3.1 Circunscrição, zonas e seções eleitorais
Breves conceitos para melhor compreensão do que deve 
ser considerado ante a circunscrição, zonas e seções eleitorais.
Circunscrição Eleitoral – É cada ente da federação ao 
qual todo o procedimento eleitoral, comportado pelos limites 
políticos,2 estará vinculado.
Zona Eleitoral – Toda circunscrição é dividida em zonas 
eleitorais, as quais poderão abranger um ou mais municípios. 
Também é possível que em um mesmo município exista mais 
de uma zona eleitoral.
O art. 23, VIII, do Código Eleitoral dispõe que será 
competência do TSE aprovar a divisão dos Estados em zonas 
eleitorais ou a criação de novas zonas. De maneira específica, a 
Resolução TSE 19.994/1997 estabelecia normas para a criação 
e desmembramento de zonas eleitorais, tendo sido revogada 
pela Resolução 23.422/2014, que muito embora trate sobre o 
mesmo tema, deixou de mencionar especificamente quanto 
ao “desmembramento das zonas eleitorais”.
Ainda em referência legislativa, a divisão da circunscrição 
em zonas eleitorais, bem como a criação de novas zonas são 
de competência privativa dos Tribunais Regionais Eleitorais 
(a serem submetidas à aprovação do TSE, conforme art. 23 
do CE, abordado no parágrafo anterior), conforme disciplina 
o art. 30, IX, do Código Eleitoral.
Seção Eleitoral – Dentro de cada zona eleitoral haverá 
seções eleitorais, que serão subdivisões funcionais, onde efe-
tivamente serão coletados os votos. 
As seções são organizadas à medida que são deferidos os 
pedidos de inscrição, não possuindo mais de 400 eleitores na 
capital e de 300 nas demais localidades, não podendo também 
possuir menos de 50 eleitores (art. 117 do Código Eleitoral).
2. limites políticos compreendem as faixas limítrofes que dividem os 
entes.
58. Direito eleitoral
Importante mecanismo de fiscalização é concedido aos 
partidos que poderão nomear dois delegados (por partido 
ou coligação) para cada zona eleitoral (no caso de municí-
pios com mais de uma zona eleitoral, poderão ser nomeados 
dois delegados para cada zona) e dois fiscais para cada seção 
eleitoral (art. 131 do CE). Os fiscais e delegados não poderão 
ser escolhidos entre aqueles que, nomeados por juiz eleitoral, 
façam parte da mesa receptadora da sessão, nem entre as 
pessoas menores de 18 anos.
4. JUSTIFICATIVA DE AUSÊNCIA E SANÇÕES 
QUANTO AO DESCUMPRIMENTO DE 
OBRIGAÇÕES ELEITORAIS
Já sabemos que o voto é obrigatório para determinado 
grupo de pessoas e facultativo a outros, razão pela qual torna 
sensata a ideia de que o descumprimento acarretaria alguma 
espécie de sanção.
Atenção: 
De fato, o texto do art. 14, CF, não deixa dúvidas quanto 
ao fato de que VOTO e ALISTAMENTO são obrigatórios 
no Brasil. No entanto, a interpretação não conduz para este 
mesmo sentido. Diante da impossibilidade de votar o cida-
dão deverá justificar sua ausência à seção eleitoral (e não 
justificar o seu “não votar”).
O eleitor regularmente inscrito poderá justificar sua 
ausência quando diante de situações em que esteja impossi-
bilitado de comparecer à sua seção eleitoral, podendo assim 
proceder no prazo máximo de 60 dias após o pleito (quando o 
eleitor encontrava-se no país). Estando o eleitor no exterior no 
dia das eleições, o prazo será de 30 dias a contar do seu retorno.
Importante observar a possibilidade de eleições no 
exterior, cabível apenas para a escolha do Presidente e Vice-
-Presidente da República, as quais serão realizadas perante 
os consulados e embaixadas brasileiras e organizadas pelo 
Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. Porém, é 
necessário um mínimo de 30 eleitores inscritos num prazo 
de até 30 dias antes do pleito. 
A reforma eleitoral de 2015 (Lei 13.165/2015), alargou 
possibilidades ao voto em trânsito, outra modalidade de 
cumprimento da obrigação. O eleitor que, na data da elei-
ção, estiver em trânsito no território nacional, poderá votar 
em urnas especialmente instaladas nas capitais dos estados 
ou municípios com mais de cem mil eleitores previamente 
alistados. Para tanto, deverá obedecer às regras estabelecidas 
pelo art. 233-A do Código Eleitoral (incluindo parágrafos e 
incisos), são elas: 
a) habilitação perante a Justiça eleitoral com anterioridade de 
45 dias, indicando o local que pretende votar; 
b) se a localidade não for dentro de seu estado federativo, 
o eleitor apenas poderá votar para o cargo de Presidente da 
República; 
c) se a localidade for dentro do estado federativo do eleito, o 
voto em trânsito poderá ocorrer à eleição para Presidente da 
República, Governador, Senador, Deputado Federal, Deputado 
Estadual e Deputado Distrital (não há possibilidade de voto 
em trânsito nas eleições municipais).
A reforma eleitoral, quanto ao mesmo dispositivo (§ 2° ao 
4°, art. 233-A, Código Eleitoral), ainda dispôs que os membros 
das Forças Armadas, os integrantes dos órgãos de segurança 
pública a que se refere o art. 144 da Constituição Federal, bem 
como os integrantes das guardas municipais mencionados 
no § 8º do mesmo art. 144, poderão votar em trânsito se 
estiverem em serviço por ocasião das eleições (percebam a 
condicionante de “estar em serviço por ocasião das eleições”. 
Ou seja, não basta estar em serviço tão somente).
E quanto aos eleitores que se encontram presos (cum-
prindo pena ou provisoriamente)? 
A resposta é simples: os presos que se encontram em 
penitenciária cumprindo pena (com condenação transitada 
em julgado) possuem seus direitos políticos suspensos, como 
bem dispõe o art. 15, III, da CF. Sendo assim, não poderão 
votar e logicamente o não comparecimento à sua seção não 
acarretará qualquer sanção (sendo dispensável justificativa 
por ausência). Porém, os presos provisóriose os adolescentes 
internados ainda não possuem seus direitos políticos suspen-
sos, podendo exercer seu direito ao voto.
O TSE, através da Resolução 23.219/2000, estabeleceu a 
possibilidade de criação de seções eleitorais especiais dentro 
dos estabelecimentos prisionais e unidades de internação, 
como forma de garantir o direito de voto a estes eleitores (neste 
caso, deverá ser obedecido um mínimo de 20 eleitores). Os 
presos provisórios/internos que não realizarem a transferên-
cia/inscrição no prazo estabelecido pela lei não poderão votar 
na seção especial, porém terão a oportunidade de justificar sua 
ausência normalmente (na própria seção especial).
Por outro lado, muitos eleitores acabam perdendo o prazo 
estipulado para justificativa da ausência no pleito eleitoral, 
acabando por experimentar algumas sanções em razão do 
descumprimento desta obrigação.
O art. 7° do Código Eleitoral enumera algumas destas 
sanções, dispondo que o eleitor que deixar de votar e não se 
justificar no prazo estabelecido (60 dias aos eleitores que se 
encontrarem no Brasil e 30 aos que estiverem no estrangeiro, 
como já exposto) incorrerá em multa que irá variar de 3% a 
10% sobre o valor correspondente a 33,02 UFIRs3. 
No momento da votação é fornecido ao eleitor o com-
provante de comparecimento à seção, que servirá de prova de 
sua quitação no pleito. Sem a prova de que votou ou mesmo 
pagou a multa respectiva (em razão do não comparecimento 
ou justificativa em prazo hábil), o eleitor não poderá: 
I – inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou 
função pública, investir-se ou empossar-se neles; 
II – receber vencimentos, remuneração, salário ou proven-
tos de função ou emprego público, autárquico ou para estatal, 
bem como fundações governamentais, empresas, institutos e 
sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas 
pelo governo ou que exerçam serviço público delegado; 
III – participar de concorrência pública ou administrativa 
da União, Estados, Distrito Federal ou municípios (ou das 
respectivas autarquias); 
IV – obter empréstimos em qualquer estabelecimento 
bancário ou de crédito mantido pelo governo ou cuja admi-
nistração este participe; 
3. a unidade UFir foi extinta com a vigência da lei 10.522/2002. o tSe, 
através da resolução 21.538, no art. 85, determinou a permanên-
cia de seu uso como base de cálculo adotando o seu último valor 
vigente até que seja aprovado novo parâmetro valorativo (o último 
valor atribuído à UFir foi de r$ 1,0641).
Savio Chalita6
V – obter passaporte ou carteira de identidade; 
VI – renovar matrícula em estabelecimento de ensino 
oficial ou fiscalizado pelo governo; 
VII – praticar qualquer ato para o qual se exija quitação 
do serviço militar ou imposto de renda.
O art. 7º, Código Eleitoral, estabelece que o eleitor que 
deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até 30 
(trinta) dias após a realização da eleição, incorrerá na multa de 
3 (três) a 10 (dez) por cento sobre o salário mínimo da região, 
imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no art. 
367 do mesmo Código.
Em complemento, o § 1º estabelece que sem a prova de 
que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de 
que se justificou devidamente, não poderá o eleitor:
I – inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou 
função pública, investir-se ou empossar-se neles;
II – receber vencimentos, remuneração, salário ou proven-
tos de função ou emprego público, autárquico ou para estatal, 
bem como fundações governamentais, empresas, institutos e 
sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvenciona-
das pelo governo ou que exerçam serviço público delegado, 
correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição;
III – participar de concorrência pública ou administrativa 
da União, dos Estados, dos Territórios, do Distrito Federal ou 
dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
IV – obter empréstimos nas autarquias, sociedades de 
economia mista, caixas econômicas federais ou estaduais, 
nos institutos e caixas de previdência social, bem como em 
qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo, 
ou de cuja administração este participe, e com essas entidades 
celebrar contratos;
V – obter passaporte ou carteira de identidade;
VI – renovar matrícula em estabelecimento de ensino 
oficial ou fiscalizado pelo governo;
VII – praticar qualquer ato para o qual se exija quitação 
do serviço militar ou imposto de renda;
(...)
§ 4º O disposto no inciso V do § 1º não se aplica ao eleitor 
no exterior que requeira novo passaporte para identificação e 
retorno ao Brasil. (Incluído pela Lei 13.165/2015).
Neste ponto, o § 4° do art. 7° do Código Eleitoral, inserido 
pela Lei 13.165/2015, estabelece que o disposto quanto a “obter 
passaporte ou carteira de identidade” não se aplica ao eleitor 
no exterior que requeira novo passaporte para identifica-
ção e retorno ao Brasil. Assim, inaugura, a nova lei, novo 
dispositivo visando assegurar o direito de brasileiro (nato ou 
naturalizado) de regressar ao país de origem, qual seja o Brasil. 
4.1 Cancelamento da inscrição eleitoral
O art. 71 do CE elenca as causas de cancelamento da 
inscrição do eleitor, quais sejam, a infração aos arts. 5° e 42 do 
Código Eleitoral, a suspensão ou perda dos direitos políticos, 
a pluralidade de inscrições, o falecimento do eleitor e deixar 
de votar em 3 eleições consecutivas.
Ocorrendo qualquer das causas ensejadoras do cancela-
mento, este se dará ex officio pelo juiz eleitoral ou a requeri-
mento do Ministério Público, de delegado de partido ou de 
qualquer eleitor. No caso dos maiores de 18 anos que forem 
privados temporária ou definitivamente de seus direitos políti-
cos, a autoridade que impuser a pena comunicará o fato ao juiz 
eleitoral ou ao Tribunal Regional Eleitoral da circunscrição 
em que residir o réu.
Os oficiais de Registro Civil enviarão até o 15° dia de 
cada mês a relação dos óbitos de cidadãos alistáveis do mês 
anterior, para que seja dado prosseguimento no cancelamento 
das inscrições.
Até que seja findo o processo de cancelamento da ins-
crição, o eleitor então inscrito poderá votar normalmente. 
Porém, os votos (se considerados suficientes para tal) poderão 
ser considerados nulos caso venham a alterar o quadro final 
das eleições, caso se firme a exclusão.
4.2 Suspensão e perda dos direitos políticos
O art. 15 da Constituição Federal veda a cassação de 
direitos políticos. Porém, determina casos em que se dará a 
perda ou suspensão destes direitos: cancelamento da natu-
ralização por sentença transitada em julgado; incapacidade 
civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, 
enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação 
a todos imposta ou prestação alternativa (art. 5°, VIII, da CF) 
e improbidade administrativa (art. 37, § 4°, da CF).
De maneira geral encontramos duas hipóteses de perda 
dos direitos políticos: perda da nacionalidade brasileira por 
adquirir outra voluntariamente e cancelamento da naturali-
zação por sentença transitada em julgado. As demais podem 
ser classificadas como casos de suspensão, dado o caráter 
temporário que irão assumir.
Cancelamento da naturalização – O dispositivo encon-
trado no art. 15, I, da CF apresenta hipótese de perda dos 
direitos políticos na situação de cancelamento da naturalização 
por sentença transitada em julgado em razão de exercício de 
atividade nociva ao interesse nacional (art. 75, Lei 13.445/17).
A mesma regra de perda dos direitos políticos é válida aos 
brasileiros que tiverem declarada a perda da sua nacionalidade 
em razão da aquisição voluntária de outra. Excetuam-se a este 
último caso o reconhecimento de nacionalidade originária 
pela lei estrangeira e a situação de imposição de naturalização 
pela lei estrangeira ao brasileiro residente no exterior, como 
condição para permanência e exercício de direitos civis.
Para o caso de perda da nacionalidade em razão de 
cancelamento da naturalização, a reaquisição será exceção,a depender do regular trâmite de ação rescisória em face da 
sentença transitada em julgado que decidiu pelo cancelamento 
da naturalização. 
Incapacidade Civil Absoluta – A disposição do art. 
15, II, da CF apresenta-se como hipótese de suspensão dos 
direitos políticos, sendo que apenas ocorrerá quando reco-
nhecida por sentença transitada em julgado, salvo nos casos 
de menores de 16 anos, uma vez que a incapacidade absoluta 
é legalmente prevista. O art. 3° do Código Civil dispõe que são 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 anos e os que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não possuírem o necessário discernimento 
para a prática de atos da vida civil, ou mesmo aqueles que por 
causa transitória não puderem exprimir sua vontade. 
No entanto, com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa 
com Deficiência, que alterou significativamente os dispositivos 
atinentes à capacidade civil das pessoas, extinguiu-se a figura 
78. Direito eleitoral
da incapacidade civil superveniente. Ou seja, os únicos a serem 
compreendidos como INCAPAZES são os menores de 16 anos 
de idade (cuidado!).
Condenação Criminal – O dispositivo constitucional do 
art. 15, III, faz menção à condenação criminal transitada em 
julgado, enquanto durarem seus efeitos. Ou seja, no caso de 
sentença irrecorrível que venha a condenar o indivíduo, seus 
direitos políticos serão suspensos, não sendo necessário que tal 
disposição venha expressa na sentença, vez que já é pacífico no 
STF que o art. 15, III (que dispõe sobre a condenação criminal 
como causa de suspensão dos direitos políticos), enquadra-se 
no perfil de preceito autoaplicável. 
Diz-se suspensão dos direitos, pois a restrição irá cessar 
com o cumprimento da pena ou extinção, conforme inteli-
gência da Súmula 9 do TSE.
Recusa de cumprir obrigação – O art. 15, IV, da CF dis-
põe outra causa de suspensão dos direitos políticos, qual seja 
a recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação 
alternativa (art. 5°, VIII, da CF).
Improbidade Administrativa – Prevista no art. 15, V, 
da CF. Nos termos do art. 37, § 4°, também da CF, o tempo 
de suspensão dos direitos políticos, neste caso, está previsto 
em legislação especial, qual seja, a Lei 8.429/1992 (Lei de 
Improbidade Administrativa). Como na hipótese da conde-
nação criminal, e para afastar abuso e ilegalidade, a situação 
demanda o trânsito em julgado da sentença. 
Observação importante se faz quanto à inelegibilidade 
prevista no art. 1°, I, “l”, da LC 64/1990, onde é suficiente 
que haja condenação por órgão colegiado por ato doloso de 
improbidade administrativa importando lesão ao patrimônio 
público e enriquecimento ilícito.
5. DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS
A Constituição Federal, como já mencionado, adotou a 
chamada DEMOCRACIA SEMI DIRETA, ECLÉTICA ou 
MISTA. Significa compreender uma leitura conjunta entre o 
parágrafo único do art. 1º, CF e o art. 14, CF. Ou seja: na forma 
indireta, temos a atuação do cidadão através de representantes 
eleitos (falaremos aqui em DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS). 
Parlamentares e chefes de executivo exercem mandato 
imbuídos de representatividade. Quando eleitos, diplomados 
e empossados, temos por completa a forma de outorga de 
poderes que os cidadãos conferem para que atuem em nome 
da coletividade.
Certo é que esta representatividade não corresponde à von-
tade de todos os cidadãos, mas à maioria deles, a partir de crité-
rios de apuração de votos (sistemas Majoritário e Proporcional)
Quanto à forma de exercer a democracia em sua forma 
direta (aqui, o conceito que trabalharemos será o dos DIREI-
TOS POLÍTICOS ATIVOS), o texto constitucional indica 
que será exercida pelo sufrágio universal, pelo voto direto e 
secreto e ainda através de plebiscito, referendo e iniciativa 
popular. 
Art. 14. a soberania popular será exercida pelo sufrágio 
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para 
todos, e, nos termos da lei, mediante:
i – Plebiscito
ii – referendo
iii – iniciativa popular.
O conceito de soberania popular contido no caput do 
art. 14, CF, deve ser interpretado com a de que a titularidade 
máxima do poder pertence ao povo. Ou seja, todo o poder 
emana do povo que irá, então, exercê-lo através do sufrágio 
universal, voto, plebiscito e referendo.
Por SUFRÁGIO podemos compreender o direito público 
subjetivo do cidadão de participar das decisões tomadas pelo 
estado. Esse direito pode ser classificado como RESTRITO 
ou UNIVERSAL a depender das exigências que se faça para 
possibilitar seu exercício. Não está, portanto, relacionado tão 
somente aos exercícios direitos políticos ativos (embora nesse 
título), mas aos direitos políticos de uma forma ampla (direitos 
políticos ativos e passivos).
No SUFRÁGIO RESTRITO há condições que não são 
facilmente satisfeitas pelos cidadãos. Aqui podemos localizar 
o sufrágio Capacitário e o censitário.
Sufrágio Capacitário: relaciona-se com a capacidade 
intelectual, com a instrução recebida, com o grau de esco-
laridade ou conhecimento técnico que o cidadão possua. 
A título de um precário exemplo, imaginemos que em uma 
nação que adote o sufrágio restrito Capacitário, só poderá ser 
considerado cidadão aquele que apresentar conclusão de nível 
superior quanto à sua escolaridade. Perceba, caro leitor, que 
nessa situação há uma evidente exclusão de parcela desfavo-
recida, represando grandes possibilidades nas mãos de uma 
minoria privilegiada.
Sufrágio Censitário: nessa classificação, muito traba-
lhada em aulas sob o mnemônico “cen$itário”, indica que para 
ser considerado cidadão é necessário cumprir com um padrão 
mínimo preestabelecido de condição financeira (por isso o 
“$”). Ou seja, também em um precário exemplo, seria admitir 
que para exercer seus direitos políticos em uma determinada 
nação o cidadão tivesse que apresentar sua declaração de renda 
demonstrando possuir condições financeiras.
Sufrágio Restrito
Cen$itário Capacitário
Por outro lado o SUFRÁGIO UNIVERSAL, conceito 
adotado pelo Brasil e que impõe compreender que é outorgada 
a condição de eleitor àqueles que reúnam a capacidade civil 
prevista no ordenamento além de requisitos básicos legais, sem 
que sejam exigidas condições mínimas econômicas, posturas 
religiosas, grau mínimo de instrução escolar ou qualquer 
aspecto que venha a discriminar o indivíduo ou a criar difíceis 
ou complexos requisitos. 
5.1. O VOTO
O VOTO pode ser conceituado como um direito subjetivo 
compreendido como instrumento do sufrágio. É a concreta 
manifestação de escolha por parte dos cidadãos quando chama-
dos a manifestar opção de representação durante um processo 
Savio Chalita8
eleitoral, razão pela qual se conceitua como forma DIRETA 
de exercício democrático. Algumas características acerca do 
voto são encontradas no próprio texto constitucional. Vejamos:
Secreto Universal
Obrigatório* Periódico
VOTO
Direto
Direto: o eleitor vai pessoalmente à sua seção eleitoral, 
não há intermediários nem é possível que se outorgue a ter-
ceiro a atribuição de manifestar sua vontade (o que, inclusive, 
comprometeria a características seguinte). Portanto um ato 
personalíssimo.
Secreto: historicamente o Brasil enfrentou os famosos 
“votos de cabresto”. Atualmente, ainda que casos criminosos 
sejam identificados, nosso ordenamento prevê o voto secreto, 
de maneira a preservar a convicção íntima de cada cidadão. 
Cabe destacar que por ocasião da Lei 13.165/15, o Congresso 
Nacional aprovou a inserção do art. 59-A na Lei das Eleições 
(Lei 9.504/1997). 
O dispositivo criou a obrigação de que no processo de 
votação eletrônica houvesse uma impressora para que rea-
lizasse o registro físico (impressão) de cada voto, que seria 
depositado automaticamente após o eleitor conferir que a 
impressão corresponderia à sua escolha (não seria possível 
qualquer contato físico com o material impresso) em uma urna 
lacrada, o que possibilitaria futura auditoria dos resultados. 
Posteriormente, quando enviadoà sanção presidencial, sob a 
natureza de controle de constitucionalidade (controle jurídico) 
a presidenta da república vetou tal dispositivo sob a alegação 
de que tal procedimento permitiria a ocorrência de violação 
ao sigilo do voto. 
Ocorre que o Congresso Nacional, após votação nesse 
sentido, derrubou o veto presidencial trazendo vigor à dispo-
sição, que deveria ser implantada para a eleição presidencial 
de 2018. Em razão dos apontamentos quanto à temerária 
possibilidade de afronta ao sigilo da votação, a PGR, através 
da ADI 5889, conseguiu deferimento de medida liminar que 
suspendeu a eficácia da norma até decisão final acerca do 
assunto. Até a data de fechamento desta edição não houve 
qualquer modificação desta decisão, sequer perspectiva de 
pauta para o julgamento da Ação Direta.
Universal: todos são titulares do sufrágio (direito subje-
tivo), homens, mulheres, negros, brancos etc., sendo neces-
sário apenas o preenchimento de requisitos básicos previstos 
em nosso ordenamento (art. 14, CF). Esta possibilidade ampla 
de participação dá origem ao próprio conceito “universal”.
Periódico: as eleições ocorrerão a cada 4 anos, com man-
datos eletivos de 8 anos para senador e 4 anos para todos os 
demais cargos. Nosso ordenamento autoriza única reeleição 
para os cargos do Poder Executivo e não impõe limites aos do 
Poder Legislativo. No caso dos Senadores, relevante mencionar 
que embora o mandato seja de 8 anos, a cada 4 será realizada 
a renovação da representação de estados e DF de 1/3 e 2/3, 
conforme § 2º, art. 46, CF (cada estado possui representação 
de 3 senadores, no total. Portanto, a alternância será sempre 
de 1 ou 2 a cada eleição presidencial).
Obrigatoriedade: atualmente o voto no Brasil é obri-
gatório (caput, art. 14, CF) muito embora seja certo que sua 
obrigatoriedade recai quanto ao comparecimento às urnas 
e não ao voto em si considerado. Isto porque é possível que 
o eleitor “anule” o seu voto como expressão de vontade, de 
repúdio ou manifestação. 
Importante também a consignação que o art. 60, §4º, CF, 
estabelece as chamadas cláusulas pétreas. Ou seja, disposi-
ções protetivas contidas em nosso texto constitucional que 
mesmo diante do Poder Constituinte Derivado Reformador 
não poderá ser alterado de forma tendente a abolir o que ali 
o Constituinte relacionou. 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.
É de importante alerta o destaque feito acima. Dentre as 
características relacionadas pelo protetivo rígido constitucio-
nal, especificamente quanto ao voto temos que a característica 
da OBRIGATORIEDADE não é cláusula pétrea, podendo ser 
alterada por meio de EC (alteração formal da constituição). 
5.2. Plebiscito e referendo
A Constituição ainda indica outras formas de exercício 
direto da democracia, indicando as consultas populares e a 
lei de iniciativa popular. 
Quanto às consultas, temos o Plebiscito e o Referendo 
como formas de possibilitar a participação dos cidadãos 
nas tomadas de decisão pelo Estado de forma direta, sem 
intermediário. 
O caput do art. 2º da Lei Federal 9.709/1998 define ple-
biscito e referendo como “consultas formuladas ao povo para 
que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza 
constitucional, legislativa ou administrativa”.
Plebiscito: é convocado com anterioridade ao ato legisla-
tivo ou administrativo, cabendo ao povo, aprovar ou denegar 
o que tenha sido submetido à consulta (art. 2°, § 1°, da Lei 
9.709/1998). Será de observância obrigatória quando na 
incorporação, subdivisão, anexação, criação de novos estados e 
municípios (art. 18 §§ 3º e 4º, CF). Também poderá ser convo-
cado em razão de relevância nacional (art. 3°, Lei 9.709/1998).
Referendo: referendo é a convocação feita posterior-
mente ao ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo 
ratificar ou rejeitar o ato através da consulta (art. 2°, § 2°, da 
Lei 9.709/1998). Em regra, será uma consulta facultativa a 
ser convocada em caso de relevância nacional (art. 3°, Lei 
9709/1998), a menos que prevista expressamente no texto 
legislativo. 
98. Direito eleitoral
Como exemplo temos o Estatuto do Desarmamento (a 
propósito, até o fechamento desta edição, foi a última opor-
tunidade em que fomos convocados a nos manifestar nesta 
modalidade), onde em seu art. 35, § 1º, condicionou a entrada 
em vigor de seu caput ao resultado de referendo popular. Tal 
dispositivo dispunha a norma “É proibida a comercialização 
e arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo 
para as entidades previstas no art. 6° desta Lei”. 
Assim, com o resultado “NÃO” tendo sido vencedor 
na consulta, não temos em vigor tal proibição. Importante 
observação é que as duas espécies de consultas populares são, 
na verdade, consultas aos cidadãos, uma vez que é imprescin-
dível a inscrição eleitoral para poder votar, tanto no plebiscito 
quanto no referendo. 
E, desta forma, aplicam-se as mesmas regras dispostas 
no art. 14, § 1°, I e II, da CF: obrigatoriedade do voto aos 
maiores de dezoito anos e facultatividade aos analfabetos, 
maiores de setenta anos e maiores de dezesseis e menores 
de dezoito anos.
Na mesma linha de raciocínio é possível verificar que 
cada eleitor obedecerá a sua zona e sessão eleitoral (princi-
palmente nos casos em que o plebiscito interessar a Estados 
determinados – art. 4° da Lei 9.709/1998), os brasileiros 
residentes no exterior não votam (afinal, a resposta à estas 
consultas – Plebiscito e Referendo – são feitas através do 
exercício de aposição de voto no “SIM” ou “NÃO”) e os que 
no exterior estiverem será necessária a justificativa quando 
do regresso.
Quanto ao resultado das consultas: o resultado das 
duas formas de consulta vincula o poder público? A resposta, 
entendemos, deve ser afirmativa. Isso porque estamos diante 
de situação onde o titular do poder se manifesta (o povo), 
sendo que contrariar o que foi decidido só se for por via 
idêntica (ou seja, através de outra consulta, na modalidade 
escolhida anteriormente).
5.3. Iniciativa popular
A iniciativa popular é perfeitamente conceituada pelo 
art. 13 da já referida Lei 9.709/1998, como a apresentação 
de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no 
mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos 
por 5 Estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada 
um deles.
O projeto de lei originário de iniciativa popular deverá 
“circunscrever-se a um só assunto” (art. 13, § 1°, da Lei 
9.709/1998), não podendo ser rejeitado pela Casa por vício de 
forma, cabendo ao órgão competente da Câmara providenciar 
as correções de eventuais impropriedades técnicas (legislativas 
ou de redação).
É possível que as Assembleias Legislativas e Câmaras 
Municipais tragam previsão, em seus textos legais (Constitui-
ção Estadual e Lei Orgânica, respectivamente), da iniciativa 
popular referentes às suas competências.
No Brasil não é possível PEC (Proposta de Emenda Cons-
titucional) de origem por iniciativa popular. Não que sejamos 
contra (muito pelo contrário, seria uma forma de garantir que 
mudanças substanciais pudessem ser originadas diretamente), 
mas atualmente não há tal possibilidade em vigor, ainda que 
amplamente criticado pela doutrina e jurisprudência.
6. DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS
Quanto aos direitos políticos passivos devemos compre-
ender aqueles relacionados à atuação em posição de quem 
busca candidatar-se a cargo público eletivo (e não simples-
mente no ato de votar). Para candidatar-se a qualquer cargo 
o cidadão deverá cumprir com as CONDIÇÕES DE ELEGI-
BILIDADE e NÃO INCORRER NAS HIPÓTESES DE INE-
LEGIBILIDADE (constitucionais ou infraconstitucionais). 
Além disso, filiado a um partido político (considerando que 
no Brasil não se admite as candidaturas avulsas – art. 11, § 14, 
Lei das Eleições – e que a filiação é umacondição de elegibi-
lidade estabelecida) e devidamente escolhido em convenção 
partidária. Tudo conforme veremos em sequência.
6.1. Condições de elegibilidade
Trata-se de condições a serem cumpridas pelo cidadão 
que pretenda concorrer a cargo público eletivo. A Constituição 
Federal disciplina as chamadas condições de elegibilidade no 
art. 14, § 3°. São elas:
Nacionalidade brasileira – Com inteligência do art. 12, 
CF, são considerados brasileiros natos os nascidos no Brasil, 
ainda que de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço 
de seu país de origem, bem como os nascidos no estrangeiro, 
de pai ou mãe brasileiros, desde que qualquer deles esteja a 
serviço do Brasil. São considerados brasileiros naturalizados 
aqueles que, na forma da lei, venham a adquirir a nacionali-
dade brasileira, sendo exigido residência por um ano ininter-
rupto e idoneidade moral aos originários de países de língua 
portuguesa e residência há mais de 15 anos ininterruptos e 
sem condenação penal aos estrangeiros de qualquer outra 
nacionalidade, desde que assim requeiram.
Importante mencionar que a regra constitucional (art. 
12, CF) é da impossibilidade de tratamento com distinção 
entre brasileiros natos e naturalizados, exceto se tal situação 
venha estabelecida na própria constituição. É exatamente o 
que acontece quanto ao cargo de Presidente e Vice-Presidente 
da República (art. 12. §3º, CF), onde há um critério objetivo 
para ocupar o cargo, qual seja, o de ser BRASILEIRO NATO. 
Atenção!
Não podemos confundir CONDIÇOES DE ELEGIBI-
LIDADE com CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DO 
CARGO. As condições de elegibilidade deverão ser cumpridas 
por aqueles que intentam concorrer em um pleito eleitoral. 
Ou seja, somente poderão ser exigidas quando para este claro 
propósito, o que é aferido nos autos de um pedido de registro 
de candidatura (RCan). 
Por outro lado, as condições de cargo devem ser obser-
vadas em qualquer situação de sua ocupação, seja via eleição 
ou mesmo através da linha de substituição, que no caso de 
presidente da república está indicada no art. 80, CF.
Exemplo:
Gabriel é candidato à presidente da república. Para que 
se oficialize esta condição, dentre outras situações a serem 
observadas, deverá comprovar cumprir as condições de ele-
gibilidade do art. 14, § 3º, CF. Dentre elas, e com o propósito 
pedagógico deste exemplo, ser brasileiro nato (condição 
para o cargo) e ter a idade mínima de 35 anos (condição de 
elegibilidade).
Savio Chalita10
José, brasileiro nato, foi eleito Deputado Federal pelo 
estado de São Paulo. Como condição imposta para concorrer 
a este cargo, comprovou possuir na data da posse a idade 
mínima de 21 anos (condição de elegibilidade). 
Vamos analisar alguns pontos:
José, caso seja eleito presidente da Câmara dos deputados 
(segundo o art. 80, após o vice-presidente da república, é quem 
substituirá o presidente da república em caso de impedimento 
ou vacância), poderá assumir o cargo de presidente da repú-
blica caso seja necessário ante situação de impedimento ou 
vacância do titular e vice? 
Resposta: Sim! Isto porque o critério etário é apenas 
condição de elegibilidade e não para o exercício de cargo. 
Admitindo que José seja brasileiro naturalizado, a resposta 
permaneceria positiva?
Resposta: Não. Isso porque ser brasileiro nato não é 
condição de elegibilidade, mas sim pressuposto objetivo para 
poder exercer o cargo de presidente da república. 
Pleno Exercício dos Direitos Políticos – O cidadão não 
poderá estar com seus direitos políticos suspensos ou tê-los 
perdido. Importante lembrar que o art. 15, CF, estabelece 
que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou 
suspensão se dará nos casos: 
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada 
em julgado;
II – incapacidade civil absoluta;
III –condenação criminal transitada em julgado, enquanto 
durarem seus efeitos;
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres-
tação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Atenção:
Se, hipoteticamente, um cidadão vier a ser condenado 
por crime de lavagem de dinheiro, tendo sido confirmada 
tal decisão em âmbito do tribunal (segunda instância), 
mas ainda sem o trânsito em julgado, temos o seguinte 
cenário:
a) Não há suspensão dos direitos políticos, situação que 
só acontecerá quando houver o trânsito em julgado. Por este 
único ponto, não haveria limitação em se candidatar a algum 
cargo público eletivo.
b) Há latente hipótese de inelegibilidade, que tem relação 
com necessária situação negativa a ser cumprida pelo cidadão. A 
LC 64/1990, em seu art. 1°, I, e, item 6, estabelece que a decisão 
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, quanto 
ao crime de lavagem de dinheiro, imporá inelegibilidade de 8 
anos após o cumprimento da respectiva pena. 
Alistamento Eleitoral – A Resolução TSE 21.538/2003, 
em seu art. 15, dispõe que “o brasileiro nato que não se alistar 
até os 19 anos ou naturalizado que não se alistar até um ano 
depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá em 
multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição”. 
Ou seja, o alistamento é imprescindível para que o cidadão 
possa vir a se candidatar a qualquer cargo político eletivo.
Domicílio Eleitoral na Circunscrição – O art. 42 do Código 
Eleitoral conceitua domicílio eleitoral como sendo o lugar de 
residência ou moradia do requerente (como já visto em itens 
anteriores) e, na situação em que o alistando possuir mais de um, 
poderá ser considerado domicílio qualquer um deles. Também é 
importante relembrar os aspectos próprios que a transferência do 
domicílio eleitoral acarretará ao interessado. Diz-se isso porque 
o requerimento deve ser realizado no cartório eleitoral do novo 
domicílio em até 151 dias antes da eleição, tenha já ultrapassado 
1 ano da inscrição anterior e residência mínima de 3 meses no 
novo domicílio, atestada pela autoridade policial e provado por 
outros meios. Ou seja, nos 150 dias anteriores à eleição, nenhum 
pedido de inscrição ou transferência será recebido (art. 91 da Lei 
9.504/1997 e art. 55 Código Eleitoral).
Filiação Partidária – A Lei 9.096/1995 (Lei Orgânica dos 
Partidos Políticos) dispõe que os brasileiros natos e naturali-
zados que gozam de seus direitos políticos deverão requerer 
filiação aos partidos políticos e terem tal solicitação deferida 
até 6 meses antes das eleições pretendidas (considera-se a data 
da eleição o primeiro domingo de outubro do ano eleitoral). 
Os partidos políticos enviarão à Justiça Eleitoral, na segunda 
semana dos meses de abril e outubro (de cada ano), uma lista 
com as novas filiações do partido. Caso isso não ocorra, a 
validade das filiações fica assegurada pela última lista enviada, 
podendo ainda o interessado comprovar por outros meios sua 
filiação, conforme Súmula 20 do TSE.4
A reforma de 2017 (Lei 13.488/2017), em igual sentido, 
indica o prazo de 6 meses anteriores às eleições como o lapso 
mínimo a ser cumprido para que o cidadão tenha, até este 
momento, filiação partidária deferida e domicílio eleitoral na 
circunscrição onde se pretenda concorrer a cargo público eletivo. 
Atenção:
No Brasil não é possível a chamada “candidatura avulsa”, 
onde o cidadão busca concorrer cargo público eletivo sem 
que esteja filiado a algum partido político. Isto porque a 
Constituição Federal é clara ao estabelecer quais são as 
condições de elegibilidade a serem satisfeitas, e, dentre elas, 
está a filiação a partido político (Art. 14, § 3º, V, CF). O 
constituinte não deixou espaço à norma infraconstitucional 
criar as condições, mas optou por estabelecê-las claramente. 
Importante destacar que pende de julgamento no STF 
do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1054490, 
com repercussão reconhecida, de relatoria do Min. Luis 
Roberto Barroso. 
Idade Mínima – A Constituição traz algumas idades 
mínimas a serem obedecidas a pretendentes a diferentes car-
gos eletivos.São elas: 35 anos para Presidente da República e 
Vice e Senador; 30 anos para Governador de Estado e Distrito 
Federal e respectivo Vice; 21 anos para Deputado Federal, 
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz 
de paz; 18 anos para Vereador. Vale salientar que a condição 
de elegibilidade etária é verificada tendo por referência a data 
da posse no cargo eletivo (art. 11, § 2º, da Lei 9.504/1997), 
com exceção inaugurada pela minirreforma eleitoral de 2015, 
que estabelece que quando a idade mínima for fixada em 18 
anos (como para o cargo de vereador) a aferição será feita na 
data limite para o pedido de registro de candidatura (neste 
ponto, considera-se a data limite até vinte dias antes da data 
4. Súmula 20 do TSE: “a prova de filiação partidária daquele cujo 
nome não constou da lista de filiados de que trata o art. 19 da lei 
9.096/1995, pode ser realizada por outros elementos de convicção, 
salvo quando se tratar de documentos produzidos unilateralmente, 
destituídos de fé pública”.
118. Direito eleitoral
das eleições – inteligência do art. 16 da Lei das Eleições). 
Reafirmamos que quanto aos demais cargos, onde a idade a 
ser observada será superior à de 18 anos, a regra permanece 
a mesma (aferição será feita na data da posse).
Interessante observação é feita quanto ao alistamento do 
militar que pretende eleger-se, situação onde a Constituição 
dispõe que deverão ser atendidas algumas condições como: 
a) se o militar contar com menos de 10 anos de serviço, deverá 
afastar-se da atividade; 
b) se o militar contar com mais de 10 anos de serviço será 
agregado pela autoridade superior e se for eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
6.2. Inelegibilidades
Podemos compreender inelegibilidade como a impossi-
bilidade de o cidadão exercer seus direitos políticos passivos 
(exercer cargo público eletivo) em razão de circunstâncias 
impeditivas elencadas na Constituição Federal e também pela 
Lei Complementar 64/1990, com as alterações acertadas da 
Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa).
Desse modo, podemos dizer que as hipóteses de inele-
gibilidades são divididas entre hipóteses constitucionais e 
hipóteses infraconstitucionais.
6.2.1 Hipóteses constitucionais
As hipóteses constitucionais estão previstas no art. 14, §§ 
4º ao 7º, CF, que dispõem serem inelegíveis cidadãos que se 
encontrem nas seguintes situações:
a) Inalistáveis: o art. 14, § 2º, da Constituição Federal dispõe 
que são inalistáveis os estrangeiros e, durante o período do 
serviço militar obrigatório, os conscritos. Pode-se, ainda, 
considerar inalistáveis os que tiveram seus direitos políticos 
perdidos ou suspensos. O inalistável não preenche todas 
condições de elegibilidade (art. 14, § 3º, III, da CF) e, conse-
quentemente, é naturalmente inelegível.
b) Analfabetos (art. 14, § 4º, da CF): Não há um critério 
unânime para se determinar o que é um “analfabeto”. Mas 
são considerados “analfabetos” aqueles que não dominam a 
escrita e a compreensão de textos, ainda que singelos, em seu 
próprio idioma. De outro lado, o domínio em algum grau 
justifica o status de alfabetizado ou semialfabetizado. Para 
fins eleitorais, pouca instrução não pode ser considerada 
como analfabetismo. Alguns juízes fazem ditados para aferir 
se o candidato é alfabetizado ou não, porém não há respaldo 
jurídico para este método, sendo, inclusive, combatido por 
violar o princípio da dignidade da pessoa humana (TSE, REsp 
21.707/PB, Rel. Humberto Gomes de Barros).
A jurisprudência tem admitido as seguintes premissas 
para se considerar inelegível um candidato em razão da hipó-
tese de analfabetismo:
I. Não demonstre habilidades mínimas (leitura e escrita) 
(TSE, REsp 13.180/1996); 
II. É incapaz de esboçar sinais gráficos compreensíveis 
(REsp 10.499/1992);
III. Não mostre aptidão para leitura (REsp 10.845/1992);
IV. Não tenha êxito na prova a que se submeteu, mesmo 
já tendo exercido a vereança (REsp 21.958/2004).
De maneira sintética o art. 14, § 1º, II, “a”, da Constituição 
Federal dispõe que o alistamento e voto são facultativos aos 
analfabetos (faculta-se o exercício dos direitos políticos ativos), 
ou seja, trata-se de um direito prerrogativa (lembrando que para 
os alistáveis, trata-se de um direito-dever). De outro lado, os 
analfabetos não podem exercer seus direitos políticos passivos 
(não podem ser votados), conforme hipótese de inelegibilidade 
constitucional do art. 14, § 4º, da Constituição Federal.
Observação importante: a condição de analfabeto pode 
ser, logicamente, provisória, uma vez que o indivíduo pode vir 
a ser alfabetizado, afastando esta hipótese de inelegibilidade.
c) Inelegibilidade reflexa, relativa ou por vínculo de paren-
tesco: a Constituição Federal também dispõe que “são inelegí-
veis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes 
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, 
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído 
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de 
mandato eletivo e candidato à reeleição” (§ 7º do art. 14 da CF).
Nesse cenário, é imperioso destacar e relembrar alguns 
conceitos pontuais:
Cônjuge e Companheiros (União Estável): Compre-
ende-se por cônjuge também o companheiro/convivente 
na constância da União Estável (registrada ou reconhecida 
judicialmente), incluindo também os casais de mesmo sexo, 
não havendo qualquer distinção.
Atenção!
Súmula Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do 
vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibi-
lidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
Parentes Consanguíneos e Afins ou por Adoção até o 
2º Grau: Parentes consanguíneos até o 2º grau de um cida-
dão compreendem os seus os avós, pais, irmãos, filhos (não 
havendo distinção entre adotivos e não adotivos) e netos. 
Parentes por afinidade até o 2º grau de um cidadão com-
preendem o sogro, sogra, sogro-avô, sogra-avó, genro, nora, 
genro-neto, nora-neta, cunhado e cunhada.
d) Militares: quanto ao § 8º do art. 14 da CF, ao dispor sobre 
a inelegibilidade dos militares, ressaltamos objetivamente o 
intento do Constituinte:
Militares com menos de 10 anos de serviço: Deverá 
afastar-se da carreira, deixando de integrar os quadros efetivos 
das Forças Armadas.
Militares com mais de 10 anos de serviço: Será agre-
gado pela autoridade superior. Se eleito, passará, no ato da 
diplomação, à inatividade (reserva). Se não eleito, retornará 
às atividades originais.
e) Limite à recondução ao cargo de chefia do Executivo: por 
fim, destacamos especial atenção aos §§ 5º e 6º do art. 14 da 
CF que, nitidamente, tratam de estabelecer a possibilidade de 
uma única recondução ao cargo de chefe do Executivo, não 
limitando aos ocupantes de cargos legislativos, e trazendo 
a ideia do que conceituamos como desincompatibilização.5 
Vejamos:
a) Os chefes do Executivo, para concorrerem a outros cargos, 
devem renunciar aos seus mandatos até 6 meses antes do 
pleito.
5. art. 14, § 6º, da CF: “Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da 
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos 
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”.
Savio Chalita12
b) Os chefes do Executivo, concorrendo à reeleição (mesmo 
cargo), não precisam renunciar aos seus mandatos por falta 
de previsão legal, muito embora seja incoerente à lógica de 
se tutelar a lisura das eleições, uma vez que a previsão de 
desincompatibilização até 6 meses anteriores ao pleito intenta 
evitar o abuso do poder em razão de função frente a chefia 
do Executivo.
Importante: Titular e Vice são cargos diferentes, no 
entanto, quem ocupar o cargo de TITULAR por dois man-
datos consecutivos ficará impedido de candidatar-se a VICE, 
consecutivamente, pois haveria a possibilidade de se tornar 
TITULAR nas hipóteses de Substituição (caráter temporário,

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