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MÓDULO 5
DO DEPÓSITO
I – Conceito:
O depósito é o contrato pelo qual uma pessoa – depositário – recebe, para guardar, um objeto móvel alheio, com a obrigação de restituí-lo quando o depositante o reclamar (art. 627 do CC).
A “guarda da coisa alheia” é a finalidade precípua do contrato de depósito. Daí ser, em regra, vedada a utilização da coisa emprestada pelo depositário. Essa, aliás, a principal diferença para o contrato de comodato.
Uma das diferenças entre esses dois institutos reside no fato de que o comodatário goza do benefício de preservar a coisa até o final do contrato (art. 581 do CC), ao passo que o depositário é obrigado a devolver a coisa pedida de imediato (art. 627 do CC).
II – Natureza Jurídica:
a) unilateral: (excepcionalmente o contrato pode ser bilateral)
b) gratuito: (excepcionalmente o contrato pode ser oneroso)
c) real: (para se aperfeiçoar, depende da entrega de coisa móvel corpórea pelo depositante ao depositário)
d) intuito personae: (o contrato é personalíssimo)
III – Requisitos:
a) Subjetivo: Capacidade genérica para praticar atos da vida civil.
b) Objetivo: o bem deve ser móvel, corpóreo e infungível. Exceção: em algumas situações admite-se, excepcionalmente, bens imóveis e fungíveis.
Ao estipular a regra do bem móvel, quis o legislador observar que quando se trata de bens móveis há atos de administração, o que faz com que o instituto se situe mais no campo da locação de serviços.
c) Formais: o contrato de depósito tem forma livre. Exceção: instrumento escrito para a prova de depósito voluntário (art. 646 do CC)
IV - Espécies:
a) Depósito Voluntário ou Convencional (arts. 627 à 646 do CC)
É aquele livremente ajustado pelas partes, visto que o depositante escolhe livremente o depositário sem pressão das circunstâncias externas.
b) Do Depósito Necessário (arts. 647 à 652 do CC)
É aquele em que o depositante, não podendo escolher livremente a pessoa do depositário, é forçado pelas circunstâncias a efetuar o depósito com pessoas cujas virtudes desconhece.
Subdivide-se, nos termos do art. 647 do CC em:
1) Depósito Legal: Se realizado em desempenho de obrigação legal. Ex: arts. 647, I, 1.233, 345, 1.435, V e 648 do CC.
2) Depósito Miserável: Se efetuado por ocasião de alguma calamidade, que, deixando a pessoa ao desabrigo, impõe-lhe a necessidade de se socorrer da primeira pessoa que aceite, para com ela depositar os bens que porventura salvou (arts. 647, II, 648, parágrafo único do CC). No mais das vezes é oneroso (art. 651 do CC).
3) Depósito do Hospedeiro: arts. 649, parágrafo único, 650 e 651 do CC.
O hospedeiro responde por culpa presumida. A própria lei prevê casos de exoneração de responsabilidade.
I - se provar que os fatos prejudiciais aos hóspedes, viajantes ou fregueses não poderiam ser evitados;
II – se ocorrer força maior, como nas hipóteses de escalada, invasão da casa, roubo a mão armada, ou violência semelhante.
c) Do Depósito Judicial:
Aquele depósito determinado por mandado do juiz, que entrega a terceiro a coisa litigiosa, móvel ou imóvel, com o intuito de preservar a sua incolumidade, até que se decida a causa principal, para que não haja prejuízo aos direitos dos interessados. (art. 635 do CC)
Ex: art. 822, 998, 1016, parág. 1o. do CPC.
Quanto à coisa depositada:
a) Depósito Regular: Se atinente a coisa individuada, infungível e inconsumível, que deve ser restituída in natura.
b) Depósito Irregular: Se recai sobre bem fungível ou consumível, que deverá ser restituído por outro do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Pela sua semelhança rege-se de acordo com as regras do mútuo (a principal diferença refere-se ao fato do depositário poder requerer a devolução do bem a qualquer tempo).
Ex: depósito bancário nas hipóteses em que este se compromete a restituir a importância depositada a qualquer tempo, depósito de mercadorias nos armazéns gerais.
V – Obrigações do Depositário:
a) guardar a coisa como se fosse sua (sobrevindo boa razão para romper o contrato, tal como a ocorrência de fato que obrigue o depositário a viajar ou que, de qualquer maneira, torne impossível ou penosa a guarda da coisa, pode ele devolvê-lo ao depositante, ou requerer o depósito judicial, caso esbarre com a recusa no recebimento);
b) restituir a coisa quando reclamada;
c) não se utilizar do bem depositado sem autorização expressa do depositante sob pena de responder por perdas e danos (art. 640 e par;agrafo único do CC).
VI – Obrigações do Depositante:
- pagar a remuneração do depositário, se convencionada.
- dar caução idônea no caso do art. 644, parágrafo único do CC.
VIII – Da extinção do depósito
a) vencimento do prazo;
b) manifestação unilateral do depositante;
c) iniciativa do depositário (art. 635 do CC);
d) perecimento da coisa depositada;
e) morte do depositário (quando o contrato for intuito personae).
f) decurso de prazo de 25 anos (Lei 2.313/54 regulamentado pelo Dec. 40.395/56).

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