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Coletânea Direito Penal IV (1)

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Coletânea – Jurisprudência e Exercícios
Parte I – Direito Penal IV
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
“O Título VI do Código Penal, com a nova redação dada pela Lei no 12.015, de 7 de agosto de 2009, passou a prever os chamados crimes contra a dignidade sexual, modificando, assim, a redação anterior constante do referido Título, que previa os crimes contra os costumes.
A expressão crimes contra os costumes já não traduzia a realidade dos bens juridicamente protegidos pelos tipos penais que se encontravam no Título VI do Código Penal. O foco da proteção já não era mais a forma como as pessoas deveriam se comportar sexualmente perante a sociedade do século XXI, mas sim a tutela da sua dignidade sexual. A dignidade sexual é uma das espécies do gênero dignidade da pessoa humana. Ingo Wolfgang Sarlet, dissertando sobre o tema, esclarece ser a dignidade:
“a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos”.
 O nome dado a um Título ou mesmo a um Capítulo do Código Penal tem o condão de influenciar na análise de cada figura típica nele contida, pois que, através de uma interpretação sistêmica, que leva em consideração a situação topográfica do artigo, ou mesmo de uma interpretação teleológica, onde se busca a finalidade da proteção legal, se pode concluir a respeito do bem que se quer proteger, conduzindo, assim, de forma mais segura o intérprete, que não poderá fugir às orientações nele contidas. A título de exemplo, veja-se o que ocorre com o crime de estupro, que se encontra no capítulo relativo aos crimes contra a liberdade sexual. Aqui, como se percebe, a finalidade do tipo penal é a efetiva proteção da liberdade sexual da vítima e, num sentido mais amplo, a sua dignidade sexual (Título VI).
As modificações ocorridas na sociedade pós-moderna trouxeram novas e graves preocupações. Ao invés de procurar proteger a virgindade das mulheres, como acontecia com o revogado crime de sedução, agora, o Estado estava diante de outros desafios, a exemplo da exploração sexual de crianças e adolescentes. A situação era tão grave que foi criada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, através do Requerimento 02/2003, apresentando no mês de março daquele ano, assinado pela Deputada Maria do Rosário e pelas Senadoras Patrícia Saboya Gomes e Serys Marly Slhessarenko, que tinha por finalidade investigar as situações de violência e redes de exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Essa CPMI encerrou oficialmente seus trabalhos em agosto de 2004, trazendo relatos assustadores sobre a exploração sexual em nosso país, culminando por produzir o projeto de lei nº 253/2004 que, após algumas alterações, veio a se converter na Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009.
Através desse novo diploma legal, foram fundidas as figuras do estupro e do atentado violento ao pudor em um único tipo penal, onde se optou pela manutenção do nomem iuris de estupro (art. 213). Além disso, foi criado o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A), encerrando-se a discussão que havia em nossos Tribunais, principalmente os Superiores, no que dizia respeito à natureza da presunção de violência, quando o delito era praticado contra vítima menor de 14 (catorze) anos. Outros artigos tiveram também modificadas suas redações, passando a abranger hipóteses não previstas anteriormente pelo Código Penal; um outro capítulo (VII) foi inserido, trazendo novas causas de aumento de pena. Acertadamente, foi determinado pela nova lei que os crimes contra a dignidade sexual tramitariam em segredo de justiça (art.234-B), evitando-se, com isso, a indevida exposição das pessoas envolvidas nos processos dessa natureza, principalmente as vítimas.
Enfim, podemos dizer que a Lei no 12.015, de 7 de agosto de 2009 alterou, significativamente, o Título VI do Código Penal. (Rogério Greco).
Estupro (art. 213)
 Com a lei 12.015/09 ocorreu a fusão dos crimes de estupro e o de atentado violento ao pudor numa figura única, sem distinguir o sexo da vítima. Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal, praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso é crime de estupro, independentemente de ser a vítima homem ou mulher. (MPMT)
Para Ney Moura Teles “os tipos penais dos artigos 213 e 217-A do Código Penal, que definem o estupro e o estupro de vulnerável, contém, dentre seus elementos, a conjunção carnal e o ato libidinoso. O que é conjunção carnal? O que é ato libidinoso?
Conjunção carnal é o coito vagínico, a introdução do pênis na vagina da mulher. É a intromissão do órgão genital masculino no interior da cavidade vaginal, ou seja, no órgão genital feminino.
É também chamada de cópula vagínica ou cópula vaginal. Outras denominações, como ato sexual “normal”, relação sexual “normal” entre homem e mulher, traduzem, evidentemente, um forte conteúdo de padronização da sexualidade como se todos os demais atos inerentes à sexualidade humana devessem ser considerados anormais, o que não se harmoniza com a compreensão da sexualidade como atributo da pessoa, não enquadrável em parâmetros de moralidade pública.
Libido é o desejo sexual. Ato libidinoso é todo ato de satisfação da libido, isto é, de satisfação do desejo ou apetite sexual da pessoa. São atos libidinosos mais comuns a conjunção carnal, o coito anal, a prática de sexo oral, a masturbação e o beijo lascivo.
Não só estes, mas todo e qualquer ato humano realizado com o fim de satisfazer ao desejo sexual, realizado isoladamente ou em relação à outra pessoa. Apalpar ou abraçar, lamber ou simplesmente tocar partes do corpo humano podem ser atos libidinosos. Também desnudar ou despir alguém. Realizar aquelas ações com objetos que imitem ou não o corpo ou partes do corpo humano, igualmente, pode constituir ato libidinoso.”
 Sobre o beijo lascivo verifique a jurisprudência do STJ:
REsp 1313369 RS - 2. Em nosso sistema penal, o atentado violento ao pudor engloba atos libidinosos de diferentes níveis, inclusive os toques, os contatos voluptuosos e os beijos lascivos, consumando-se o delito com o contato físico entre o agressor e a vítima.
 O entendimento atual do STF é de que não é mais possível o concurso material no crime de estupro quando vários atos ocorreram nas mesmas circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução.
Admite-se apenas a continuidade delitiva (art. 71, CP).
"Estupro e atentado violento ao pudor. (...) Crimes da mesma espécie. (...) Superveniência da Lei 12.015/2009. Retroatividade da lei penal mais benéfica. Art. 5º, XL, da CF. (...) A edição da Lei 12.015/2009 torna possível o reconhecimento da continuidade delitiva dos antigos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, quando praticados nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e local e contra a mesma vítima." (HC 86.110, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 2-3-2010)
"A edição da Lei 12.015/2009 torna possível o reconhecimento da continuidade delitiva dos antigos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, quando praticados nas mesmas circunstâncias de tempo, modo e local e contra a mesma vítima." (HC 86.110, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 2-3-2010, Segunda Turma, DJE de 23-4-2010.)
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 71 DO CP. VÍTIMAS DISTINTAS. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Nos termos do parágrafo único do art. 71 do Código Penal, desde que praticados dentro do mesmo contexto fático, devemser entendidos como crime único a prática da conjunção carnal e de ato libidinoso diversos da cópula, ainda que perpetrados contra vítimas distintas. 2. Agravo regimental improvido. “AgRg no REsp 1314682 / MG).
 Possibilidade de sujeito ativo Mulher.
“Segundo reportagem do jornal australiano "Courier Mail", Olga manteve o ladrão preso nu. A mulher decidiu fazer sexo com o ladrão para lhe dar uma lição. Depois de três dias, ela o liberou.
Ao ser solto, Jasinski foi primeiro ao hospital, e, em seguida, à polícia, onde ele explicou que tinha sido mantido refém pela cabeleireira. Ele afirmou que ela também o forçou a tomar viagra.
Quando a polícia questionou Olga, ela admitiu que fez sexo com o ladrão algumas vezes, mas destacou que lhe deu comida e até algum dinheiro (mil rublos, ou cerca de R$ 56). Ambos foram presos.
http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2011/07/ladrao-tenta-assaltar-cabeleireira-mas-e-dominado-e-vira-escravo-sexual.html”
Violação Sexual Mediante Fraude (art. 215)
 Oriundo da reunião de dois tipos penais – art. 215 (posse sexual mediante fraude) e art. 216 (atendado ao pudor mediante fraude).
 Doutrina nomeia de Estelionato Sexual.
 Fraude: mentira, engodo, forma de criar uma ilusão. 
Notícia folha de São Paulo:
“O ginecologista Hélcio Andrade, 57, foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão sob acusação de ter violentado sexualmente cinco pacientes em Taubaté (140 km de São Paulo), em 2009 e 2010.
O juiz Flavio de Oliveira César, da 1ª Vara Criminal, entendeu que Andrade simulou exames ginecológicos para "satisfação sexual", o que caracteriza crime de violência sexual mediante fraude, conforme lei de 2009.”
 Outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade: significa o temor reverencial - que não seria uma grave ameaça, mas apenas uma ameaça. A conjunção carnal praticada nessas circunstâncias, apesar de não retirar totalmente a capacidade de resistência da vítima, viciaria a livre manifestação da vontade da mesma. A doutrina enquadra ainda a embriaguez moderada. 
Assédio Sexual (art. 216-A)
 Exigência de Superioridade Hierárquica. 
E M E N T A.APELAÇÃO CRIMINAL.CONTRAVENÇÃO DE PERTURBAÇÃO DA TRANQUILIDADE.RECURSO MINISTERIAL.PRETENDIDA CONDENAÇÃO NO CRIME DE ASSÉDIO SEXUAL.IMPOSSIBILIDADE.AGENTE QUE NÃO SE UTILIZOU DA CONDIÇÃO DE SUPERIOR HIERÁRQUICO PARA PRATICAR A CONDUTA.SENTENÇA MANTIDA.RECURSO IMPROVIDO. Se a conduta do réu cinge-se em seu órgão sexual fora da calça e mostrar para vítima, sem que se prevaleça da sua condição de superior hierárquico, não configura o crime de assédio sexual, mas tão somente a contravenção prevista no art. 65 da Lei de Contravenções Penais. ACR 29247 MS 2008.029247-0.
Estupro de Vulnerável (art. 217-A).
A Justificação do projeto que ocasionou a Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009, esclarece a mudança legislação em relação a este crime. 
“O art. 217-A, que tipifica o estupro de vulneráveis, substitui o atual regime de presunção de violência contra criança ou adolescente menor de 14 anos, previsto no art. 224 do Código Penal. Apesar de poder a CPMI advogar que é absoluta a presunção de violência de que trata o art. 224, não é esse o entendimento em muitos julgados. O projeto de reforma do Código Penal, então, destaca a vulnerabilidade de certas pessoas, não somente crianças e adolescentes com idade até 14 anos, mas também a pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não possuir discernimento para a prática do ato sexual, e aquela que não pode, por qualquer motivo, oferecer resistência; e com essas pessoas considera como crime ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso; sem entrar no mérito da violência e sua presunção. Trata-se de objetividade fática”.
Considera-se vulnerável não somente a vítima menor de 14 (quatorze) anos, mas também aquela que possuiu alguma enfermidade ou deficiência mental, não tendo o necessário discernimento para a prática do ato, ou aquela que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, conforme se verifica pela redação do § 1º do art. 217-A do Código Penal.
Percebe-se, sem muito esforço, que o legislador criou uma figura típica em substituição às hipóteses de presunção de violência constantes do revogado art. 224 do Código Penal. Assim, no caput do art. 217-A foi previsto o estupro de vulnerável, considerando como tal a vítima menor de 14 (quatorze) anos. No § 1º do mencionado artigo foram previstas outras causas de vulnerabilidade da vítima, ou seja, quando, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática do ato, ou a que, por qualquer outra causa, não puder oferecer resistência.”
 Vulnerabilidade: Absoluta ou relativa? 
- Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) repercutiu nos noticiários e foi criticada por diversos setores da sociedade. Na terça-feira, 27 de março de 2012, um acusado de estuprar três meninas de 12 anos foi inocentado, por 5 votos contra 3, com a alegação de que as garotas “já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data”.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRÁTICA DE CONJUNÇÃO CARNAL OU DE ATO LIBIDINOSO DIVERSO CONTRA MENOR. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA. NATUREZA ABSOLUTA. ART. 217-A DO CP. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. Para a consumação do crime de estupro de vulnerável, não é necessária a conjunção carnal propriamente dita, mas qualquer prática de ato libidinoso contra menor. Jurisprudência do STJ.
"A jurisprudência deste STF consolidou-se no sentido de que, nos crimes sexuais, a palavra da vítima, em harmonia com os demais elementos de certeza dos autos, reveste-se de valor probante e autoriza a conclusão quanto à autoria e às circunstâncias do crime." (Inq 2.563, rel. p/ o ac. min. Cármen Lúcia, julgamento em 14-5-2009, Plenário, DJE de 28-5-2010.) No mesmo sentido: HC 109.390, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 18-9-2012, Segunda Turma, DJE de 9-10-2012; HC 102.473, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 12-4-2011, Segunda Turma, DJE de 2-5-2011.
Corrupção de Menores (Art. 218).
STJ - As alterações trazidas pela Lei 12.015/09, que redefiniu o crime de corrupção de menores, previsto no artigo 218 do Código Penal (CP) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), levaram à extinção de punibilidade de réu acusado de manter relações sexuais com uma menor de idade. A decisão foi dada de forma unânime pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e acompanhou o voto da relatora, ministra Laurita Vaz. 
Em 2002, o réu era professor de uma adolescente de 14 anos e manteve relações sexuais com ela, valendo-se de sua condição de preceptor. Por essa razão, foi condenado à pena de dois anos e seis meses pelo crime previsto na redação original do artigo 218, combinado com o artigo 226, inciso II, do Código Penal.
No recurso ao STJ, a defesa afirmou que a conduta do acusado se amoldava à redação original do artigo 218: manter ato de libidinagem com a vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos. Entretanto, a nova redação dada pela Lei 12.015 não mais considera o fato como criminoso.
Para a ministra Laurita Vaz, a nova legislação mais benéfica deve ser aplicada retroativamente. Ela observou, em seu voto, que a lei 12.015 alterou o delito de corrupção de menores previsto na Lei 8.069/90 e revogou, expressamente, a Lei 2.252/54, que tratava do mesmo tema. Esclareceu, ainda, que a conduta também não encontra adequação no artigo 244-B do ECA, já que este tem como principal objetivo evitar a entrada dos menores no mundo da criminalidade.
A relatora entendeu haver uma 'lacuna legislativa' na tutela da dignidade sexual de menores, pois não há legislação específica para o ato sexual com maior de 14 e menor de 18 anos, não inserido em contexto de favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual.
A ministra destacou que, seguindo o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, éobrigatório concluir que houve abolitio criminis (quando lei posterior descriminaliza uma conduta), tendo em vista que o sujeito passivo do crime de corrupção de menores deve ser menor de 14 anos, sendo certo que a conduta narrada na denúncia não se encontra prevista em nenhuma outra norma incriminadora. Desse modo, ela determinou a cassação da sentença condenatória e reconheceu a extinção da punibilidade."
Neste julgado o Superior Tribunal de Justiça se posiciona em favor da tese de que o crime de corrupção de menores do Código Penal ( art. 218 ) é diferente da corrupção de menores do Estatuto da Criança e do Adolescente ( art. 244-B ).
 “Abolitio criminis” – art. 218, CP. 
 “Se o agente pratica atos sexuais com menor entre 14 e 18 anos, sem violência ou grave ameaça, e fora de situação de prostituição, trata-se de fato atípico, devido à revogação do antigo crime de "Corrupção de Menores" e à atual previsão de crime somente para situações que envolvam prostituição ou exploração sexual. A Lei 12.015/09 operou neste caso "Abolitio Criminis", devendo inclusive retroagir a eventos pretéritos” (in CABETTE, 2009).
Da Ação Penal.
 Antes da lei 12.015/09 
A ação penal, de regra, é privada (CP, art. 225). Quando, entretanto, a vítima for menor de quatorze anos e o crime cometido com abuso do pátrio poder ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador, a ação penal torna-se pública incondicionada (CP, art. 225, § 1º, II). A condição de padrasto prescinde da análise de qualquer circunstância havida anteriormente à nova sociedade conjugal, referente a casamento da mãe com o pai da menor. Hipótese em que o MP tem legitimidade para intentar a ação penal, independentemente de representação." (HC 80.378, rel. min. Nelson Jobim, julgamento em 5-12-2000, Segunda Turma, DJ de 16-2-2001.)
 Depois da lei 12.015/09. 
STJ - HABEAS CORPUS. ESTUPRO. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA ÀREPRESENTAÇÃO. ART. 225, § 1º, INCISO I, DO CP. COMPROVAÇÃO DE QUE AVÍTIMA NÃO PODERIA ARCAR COM AS CUSTAS PROCESSUAIS. LEGITIMIDADE DOMINISTÉRIO PÚBLICO. SUPOSTA AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO REGULAR DAVÍTIMA. INEXISTÊNCIA DE FORMALIDADES. NULIDADE INEXISTENTE.CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 1. O delito de estupro, antes da alteração feita com o advento da Lei n. 12.015/2009, como regra geral, era processado mediante ação penal privada, nos termos da antiga redação do caput do art. 225 do Código Penal. Entretanto, tratando-se de vítima manifestamente pobre, o mencionado delito era apurado por meio de ação penal pública condicionada à representação, consoante os ditames do § 1º, inciso I, c/c o § 2º do mesmo dispositivo. HC 155520 SP
Casa de prostituição
Princípio da Intervenção Mínima (não aplicabilidade). 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. CASA DE PROSTITUIÇÃO. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA FRAGMENTARIEDADE E DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: IMPOSSIBILIDADE. CONDUTA TÍPICA. CONSTRANGIMENTO NÃO CONFIGURADO.
1. No crime de manter casa de prostituição, imputado aos Pacientes, os bens jurídicos protegidos são a moralidade sexual e os bons costumes, valores de elevada importância social a serem resguardados pelo Direito Penal, não havendo que se falar em aplicação do princípio da fragmentariedade.
2. Quanto à aplicação do princípio da adequação social, esse, por si só, não tem o condão de revogar tipos penais. Nos termos do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (com alteração da Lei n. 12.376/2010), não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
Rufianismo
Espécies de rufião
Maquereau, aquele que utiliza a ameaça ou a força física para manter a prostituta na relação. 
Comerciante, aquele que faz a mulher uma mercadoria, existe uma sociedade entre eles; 
Cafinflero é aquele que prende a prostituta por um sentimento, pelo amor. 
CASO CONCRETO – CONDENADO EM CASA DE PROSTITUIÇÃO E RUFIANISMO. 
“Pela r. sentença de fls. 262/270, prolatada pela MM. Juíza Milena Repizo Rodrigues Kojo, o réu EVERALDO GIMENES foi condenado como incurso nos arts. 229, caput, e 230, caput, na forma do art. 69, todos do Código Penal.
O apelante foi denunciado porque entre 20/05/2004 e 31/05/2005, em vários horários, no "Gimenes Clube", localizado na rua Acre, n° 60, Jd. América, em Monte Aprazível, mantinha referido estabelecimento como casa de prostituição, tirando proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos lucros, fazendo-se sustentar parcialmente por quem a exercia.
Conforme o que consta nos autos, o local era utilizado para encontro com prostitutas. Estas acertavam o "programa", que poderia ser realizado no estabelecimento ou em outro lugar, cabendo às garotas pagar parte do que ganhavam ao proprietário, ora apelante.
Os objetos apreendidos e as fotos do local (fls. 51/72) levam a crer que no local existia o comércio sexual.
Consta, nos cadernos apreendidos, anotações referentes a bebidas, nomes de mulheres, valores em reais, quantidade dos produtos consumidos, quarto, "programas", saídas, etc.
Considerando a existência de nomes de mulheres em diversas folhas, o manuscrito "quarto", "saídas", bem como a expressão "programa e valores", os peritos constataram a existência de anotações que poderiam estar relacionados com a prática do crime de favorecimento da prostituição (fls. 42/43). Além disso, no estabelecimento e nos quartos foram encontrados diversos preservativos, novos e usados.
Quando do inquérito policial, diversas "garotas de programa" e funcionários do estabelecimento prestaram depoimentos. Afirmaram que as mulheres pagavam 10 (dez) reais por "programa" realizado ao apelante, a título de "taxa de saída". Citem-se, p. ex., as declarações de ....” (Apelação n° 990.10.060663-8, TJSP )
Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual
FONTE – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA:
 O consentimento é importante para considerar alguém em situação de tráfico humano? 
Há casos em que a pessoa vítima de tráfico sabe da exploração que sofrerá e consente com ela. Mesmo nessa situação, existe o crime, e a vítima é protegida pela lei. Considera-se que, nessa situação, o consentimento não é legítimo, porque fere a autonomia e a dignidade inerentes a todo ser humano.
O tráfico de pessoas retira da vítima a própria condição humana, ao tratá-la como um objeto, um produto, uma simples mercadoria que pode ser vendida, trocada, transportada e explorada. Portanto, o consentimento da pessoa, em uma situação de tráfico humano, não atenua a caracterização do crime.
Quais são os elementos do tráfico de pessoas?
O ATO Ação de captar, transportar, deslocar, acolher ou receber pessoas, as quais serão usadas para exploração econômica como objetos/recursos. 
OS MEIOS
Ameaça ou uso da força, coação, rapto, fraude, ardil, abuso de poder ou de uma situação de vulnerabilidade, ou a concessão de benefícios pagos em troca do controle da vida da vítima.
OBJETIVO
Para fins de exploração sexual.
O aliciamento para a exploração sexual por meio do tráfico de pessoas tem como padrão a falsa oferta de emprego e as promessas de melhoria na qualidade de vida para as vítimas, que acreditam que terão melhor escolaridade, oportunidade de conhecimento de língua estrangeira, bom salário etc.
RESUMO: considerando a situação peculiar da vítima for menor de 18 anos você deve ficar atento a situação abaixo.
1º - No estupro do art. 213 sendo a vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos o crime será qualificado - § 1º.
2º - A regra acima é válida para o assédio sexual – Art. 216-A, §2º
3º - Nos crimes de mediação para satisfazer a lascívia e Favorecimento da Prostituição temos formas especiais (Art. 218 e 218-B).
4º - O consumidor responderá pelo crime do art. 218-B se a prostituta ou prostituto for maior de 14 anos e menor de 18 anos.
5º - Rufianismo qualificado – vítima entre 14 e 18 anos (art. 229, §1º).
6º - Crime de tráfico internacional ou interno de pessoas com o fim de exploração sexuala pena será aumentada se a vítima for menor de 18 anos.
CONSEQUÊNCIAS DE TER A VÍTIMA MENOS DE 18 ANOS NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
Questões:
(CESPE / Promotor de Justiça - MPE - ES) No ordenamento jurídico brasileiro, apenas o homem pode ser autor do delito de estupro; a mulher pode apenas ser participe de tal crime, uma vez que, biologicamente, não pode ter conjunção carnal com outra mulher. 
(CESPE / Promotor de Justiça) Túlio praticou ato libidinoso, ao tocar os seios de Cida, e, nesse momento, decidiu estuprá-la. Túlio acabou, então, consumando ambas as condutas contra a mesma vítima e no mesmo contexto. Nessa situação hipotética, Túlio deverá responder pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em continuidade delitiva. 
(CESPE / Escrivão - PC - PB ) Uma garota de programa que, além da prostituição, exerce outra profissão em estabelecimento comercial não pode ser vítima do delito de assédio sexual nesse estabelecimento, pois a norma penal não a protege. 
(CESPE / Defensor – DPE – PI) Considere a seguinte situação hipotética. Antônio convidou Bruna, 25 anos de idade, para ir a uma festa. De forma dissimulada, Antônio colocou determinada substância na bebida de Bruna, que, após alguns minutos, ficou totalmente alucinada. Aproveitando-se do estado momentâneo de Bruna, que não poderia oferecer resistência, Antônio levou-a para o estacionamento da festa, onde com ela manteve conjunção carnal. Passado o efeito da substância, Bruna de nada se lembrava. Nessa situação, Antônio praticou o delito de estupro comum, e não o de estupro de vulnerável. 
(CESPE / Delegado - PC - PB) Tratando-se de crimes de mera conduta, o estupro inadmite a modalidade tentada. 
(CESPE / Defensor – DPE – PI) A mulher pode ser coautora do delito de estupro.
(CESPE / Agente - PC – RN) No crime de estupro, somente o homem pode ser sujeito ativo, enquanto o homem e a mulher podem ser sujeitos passivos. 
(CESPE / Agente - PC - RN) Nos crimes contra a liberdade sexual, a lei presume a violência se na data do fato, a vítima era maior de 18 anos de idade e não pôde oferecer resistência porque estava anestesiada. 
(CESPE / Delegado - PC - PB) Ocorre o assédio sexual quid pro quo quando, independentemente de superioridade hierárquica, ocorre assédio no ambiente de trabalho. 
(CESPE / Advogado - SGA - AC) Para a caracterização do crime de assédio sexual, não é necessário que o sujeito ativo tenha a condição de superior hierárquico ou a de ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função, bastando que seja colega de trabalho da vítima. 
(CESPE / Advogado - SGA - AC) O crime de violação sexual mediante fraude somente se consuma com uma qualidade especial do sujeito passivo, visto que a vítima deve ser qualificada como mulher. 
(CESPE / Juiz – TO) O crime de corrupção de menores, previsto no art. 218 do Código Penal, é delito material, isto é, exige resultado naturalístico para a sua consumação. 
 (CESPE / Juiz - TO) No crime de assédio sexual, apenas pode ser sujeito ativo pessoa que seja superior hierárquico ou que tenha ascendência, inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função, sobre o sujeito passivo. 
(CESPE / OAB – PE) A conduta de constranger alguém com o intuito de obter favorecimento sexual, aproveitando-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício do emprego, corresponde ao delito de constrangimento ilegal. 
(CESPE / OAB - PE) No crime de estupro, a pena será aumentada se o agente possuir relação de parentesco ou autoridade com a vítima. 
(CESPE / Promotor – MPE – TO) Petrônio ministrou determinada substância entorpecente a Teresa, que contava com dezenove anos de idade, contra a vontade da jovem. Em seguida, aproveitando-se da situação em que a vítima se encontrava, manteve com ela conjunção carnal, sem violência ou grave ameaça. Nessa situação, em relação ao crime contra a dignidade sexual, Petrônio praticou crime de comum. 
MP-GO, PROMOTOR, 2010) Em relação ao tipo penal previsto no artigo 229 do Código Penal (Casa de Prostituição) é correto afirmar:
a) Foi revogado, com base no princípio da adequação social, pela Lei 12.015/2009.
b) Não se exige o intuito de lucro como elemento subjetivo do tipo.
c) A prostituta que exerce habitualmente tal atividade na sua casa realiza a conduta típica.
d) Os locais destinados a encontros libidinosos de namorados, como os motéis, podem, em princípio, ser considerados casas de prostituição.
( Delegado – ES ) Considere a seguinte situação hipotética.
Determinado cidadão, penalmente responsável, estabeleceu em determinada cidade, e com evidente intuito lucrativo, uma casa destinada a encontros libidinosos e outras formas de exploração sexual, facilitando, com isso, a prostituição. Na data de inauguração da casa, a polícia, em ação conjunta com fiscais do município, interditaram o estabelecimento, impedindo, de pronto, o seu funcionamento. Nessa situação hipotética, a conduta do cidadão caracteriza a figura tentada do crime anteriormente definido como casa de prostituição, nos moldes do atual art. 229 do Código Penal.
( OAB – 2013 ) José, rapaz de 23 anos, acredita ter poderes espirituais excepcionais, sendo certo que todos conhecem esse seu “dom”, já que ele o anuncia amplamente. Ocorre que José está apaixonado por Maria, jovem de 14 anos, mas não é correspondido. Objetivando manter relações sexuais com Maria e conhecendo o misticismo de sua vítima, José a faz acreditar que ela sofre de um mal espiritual, o qual só pode ser sanado por meio de um ritual mágico de cura e purificação, que consiste em manter relações sexuais com alguém espiritualmente capacitado a retirar o malefício. José diz para Maria que, se fosse para livrá-la daquilo, aceitaria de bom grado colaborar no ritual de cura e purificação. Maria, muito assustada com a notícia, aceita e mantém, de forma consentida, relação sexual com José, o qual fica muito satisfeito por ter conseguido enganá-la e, ainda, satisfazer seu intento, embora tenha ficado um pouco frustrado por ter descoberto que Maria não era mais virgem.
Com base na situação descrita, assinale a alternativa que indica o crime que José praticou.
 a) Corrupção de menores (Art. 218, do CP).
 b) Violência sexual mediante fraude (Art. 215, do CP).
 c) Estupro qualificado (Art. 213, § 1º, parte final, do CP).
 d) Estupro de vulnerável (Art. 217-A, do CP).
( Delegado – ES ) Calêndula vendeu sua enteada Florisbela, de dezenove anos de idade, com a finalidade da mesma ser explorada sexualmente no exterior. Logo, Calêndula:
 a) não praticou crime, pois o ato de vender alguém com a finalidade de exploração sexual não está criminalizado no Código Penal Brasileiro.
 b) praticou o crime de rufianismo, preceituado no artigo 230 do CP.
 c) praticou o crime de tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual, preceituado no artigo 231 do CP.
 d) praticou o crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, preceituado no artigo 228 do CP.
 e) praticou o crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável, preceituado no artigo 218-B do CP.

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