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HIERARQUIA	JURISDICIONAL	
1.1	A	JUSTIÇA	EM	PORTUGAL	 1-2	LEGISLAÇÃO	VS.	JURISDIÇÃO	 1	SENHORES	PORTUGUESES	E	MUNICÍPIOS	 1	CÂMARA	MUNICIPAL	 1		CARTA	DE	FORAL	E	DE	DOAÇÃO	 1	E	2		
1.2	JURISDIÇÕES	 2-3	JURISDIÇÃO	MUNICIPAL	 2	JURISDIÇÃO	SENHORIAL	 2	E	3	JURISDIÇÃO	REAL	OU	DA	COROA	 2	E	3	PODER	REAL	 2	E	3					
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcus Seixas HDB 
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Legislação x Jurisdição 
O poder legislativo é o poder de criar regras gerais e abstratas referente a fatos que 
ainda não aconteceram. 
O poder judicial ou jurisdicional é o poder de resolver conflitos concretos sob os 
princípios de uma norma já criada. A jurisdição é o ato de dizer o direito (Iuris dicio). 
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A justiça em Portugal e nas colônias era hierarquizada em jurisdições. 
Diferentemente do que acontece hoje, o poder judicial não era exercido unicamente pelo 
Estado. Originalmente, era exclusivo da Coroa. Entretanto, esta, ocasionalmente, cedia o 
seu poder jurisdicional para dois grupos de instituições: aos senhores portugueses (no 
Brasil, capitães donatários) e aos municípios. 
Ser município era privilégio de alguns povoamentos portugueses ou das colônias. Ao 
ser um município, a cidade ou vila recebia uma Carta de Foral, a qual disciplinava os 
direitos e deveres dessa localidade para com a Coroa, bem como autorizava a criação 
da Câmara Municipal ou Câmara de Vereança (que hoje chamamos de Câmara de 
Vereadores). Cada Carta de Foral era única, ou seja, suas cláusulas variavam de uma 
para outra. A importância da comunidade para Portugal ou para a colônia determinava a 
“quantidade” e a “qualidade” dos direitos e deveres estabelecidos. 
Somente as ocupações urbanas que prosperavam economicamente, militarmente, 
regionalmente e politicamente teriam o direito de se tornar os municípios, uma vez que 
quem custeava a Câmara Municipal era a própria comunidade. 
A Câmara Municipal congregava as pessoas mais importantes do Município. Funcionava 
como um elo de ligação entre os homens bons - pertencentes a determinado extrato social 
(homens, chefes de família, ricos e de específicas classes aristocráticas) - daquela localidade 
e a coroa. Através desse mecanismo de comunicação, era repassado e resolvido os 
anseios e necessidades dos colonos melhores posicionados socialmente. Ademais, 
tinha a função de administrar os assuntos de interesse da cidade. 
As capitanias hereditárias também recebiam Cartas de Foral, além da Carta de Doação. 
Estas, por sua vez, designavam os limites da terra doada ao senhor pelo Rei, ora 
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indicavam o critério de sucessão do donatário. Nesses documentos, era formalizada a 
seção do poder jurisdicional. Através das de Forais, a Coroa atribuía jurisdição ao 
Município, enquanto as de Doação, aos senhores. 
No Brasil, todos os Municípios e Capitanias receberam jurisdição. 
HIERARQUIA DAS JURISDIÇÕES 
 
Jurisdição Municipal 
A jurisdição municipal era exercida pelos juízes ordinários. Estes eram eleitos entre os 
membros da Câmara Municipal para um mandato fixo de 1 (um) ano e não precisavam ser 
bacharéis em Direito - ou letrados. 
- Requisitos para a jurisdição municipal funcionar ou atuar sobre é: 
1º) questões de baixa complexidades (cíveis ou criminais que tivessem pequena 
repercussão social ou econômica); 
2º) o fato julgado, obrigatoriamente, deve ter ocorrido dentro dos limites do município. 
 
Jurisdição Senhorial 
A jurisdição Senhorial era exercida pelos senhores ou capitães donatários (quando recebida 
pessoalmente). 
As Ordenações Filipinas permitiam, expressamente, a nomeação de ouvidores (auxiliares dos 
capitães em questões judiciais) pelos senhores ou capitães donatários. Ademais, 
determinavam que os ouvidores deveriam ser, obrigatoriamente, bacharéis em Direito com um 
cargo de validade de 3 (três) anos. 
- Requisitos para a jurisdição senhorial funcionar ou atuar sobre é: 
1º) questões de alta complexidade (cíveis ou criminais que tivessem grande repercussão 
social ou econômica, como por exemplo, lesa magestade, moeda falsa, ofensa a religião, etc.), 
ainda que tenham acontecido dentro de um município; 
2º) fatos acontecidos fora dos limites municipais (nem toda aglomeração urbana era um 
município); 
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3º) se uma questão julgada pela Jurisdição Municipal receber um recurso ou pedido de 
reconsideração, será julgada pela segunda instância, ou seja, pela Jurisdição 
Senhorial. 
 
Jurisdição Real ou da Coroa 
A jurisdição Real ou da Coroa era exercida, inicialmente no Brasil, por um Ouvidor Geral. A 
atribuição do Ouvidor Geral era julgar os recursos das jurisdições senhoriais de cada capitania, 
bem como fiscalizar o funcionamento das justiças senhoriais. Por ser um trabalho irrealizável, a 
Coroa extinguiu o cargo de Ouvidor Geral e criou um Tribunal chamado da Relação do Brasil 
(1609). Um outro tribunal fora criado no Rio de Janeiro, e o Tribunal da Relação do Brasil 
titulou-se, posteriormente, como Tribunal da Relação da Bahia (ou simplesmente, Relação da 
Bahia). 
A jurisdição Real não se limitava ao Tribunal de Relação. Acima destas “Relações”, tínhamos o 
mais alto tribunal português: a Casa da Suplicação - localizada em Lisboa, era a última 
instância que julgava os processos judiciais oriundos de qualquer localidade de Portugal e suas 
colônias. 
- Requisito para a jurisdição real funcionar ou atuar sobre é: 
1º) somente acessível em grau de recurso. 
 
O rei era responsável pela justiça de Portugal e suas colônias. Ele possuía o poder de 
administrar a justiça [um rei juiz (Rex Judex)]. Tal fato permitia que alterasse as decisões 
judiciais, quando em sua concepção fosse justa a modificação. “A rei concedeu a sua 
graça” . O órgão que o auxiliava, orientava e aconselhava sobre estas mudanças era o 
Desembargo de Paço.

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