Prévia do material em texto
RELAÇÃO JURÍDICA 1.1 CONCEITO 1 1.2 CARACTERES 1 BILATERALIDADE 1 EXTERIORIDADE 1 1.3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 1-3 FATO JURÍDICO 1 SUJEITO DE DIREITO 1 E 2 DIREITO SUBJETIVO 2 DEVER JURÍDICO 2 ILICITUDE 3 SANÇÃO JURÍDICA 3 1. Relação Jurídica Professor Ricardo Maurício 1 1.1 CONCEITO Trata-se do vínculo intersubjetivo estabelecido entre um sujeito ativo titular de um direito subjetivo e um sujeito passivo obrigado ao cumprimento de um dever jurídico a partir da materialização de um fato jurídico no âmbito da realidade social, bem como é o nexo intersubjetivo que justifica a imposição de uma sanção jurídica àquele infrator que pratica uma dada ilicitude. 1.2 CARACTERES Toda e qualquer relação jurídica apresenta-se como sendo uma relação social marcada pelas seguintes características: 1. Bilateralidade - a relação jurídica é bilateral, porque sempre envolve dois sujeitos: o ativo e o passivo. Exemplo: o contrato de locação e a polarização locador (sujeito ativo) e locatário (sujeito passivo). 2. Exterioridade - a relação jurídica é exterior, porque ela pressupõe a materialização de comportamentos no mundo empírico ou concreto. Exemplo: a interação de condutas dos contratantes em um contrato de compra e venda. 1.3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS Existem diversos elementos que constituem uma dada relação jurídica. São eles: 1. Fato Jurídico: consiste em todo e qualquer acontecimento natural ou humano, previsto abstratamente na norma jurídica (direito objetivo) que uma vez concretizado, gera conseqüências. Exemplo (1) de evento natural ou involuntário que produz efeitos jurídicos (fato jurídico): passagem do tempo e o direito a voto (CF/88 Artigo 14). Exemplo (2) de evento natural ou involuntário que produz efeitos jurídicos (fato jurídico): a morte natural. Exemplo (3) de evento humano que produz efeitos jurídicos (fato jurídico): celebração de contratos. 2. Sujeito de Direito: são todos aqueles entes que integram os pó los ativo e passivo da relação jurídica. Podem ser tanto entes personalizados (pessoas físicas ou pessoas naturais) quanto entes despersonalizados (o nascituro). 1. Relação Jurídica Professor Ricardo Maurício 2 [observações] I. Não existe relação jurídica sem intersubjetividade. II. Entes personalizados: são aqueles qualificados como pessoas. À luz do direito pessoa é qualquer sujeito que pode interagir socialmente. III. Pessoas físicas ou naturais: pessoas dotadas de existência corpórea. IV. Pessoas jurídicas são pessoas dotadas de existência ficta ou ficcional (no campo do Direito Privado: associações civis e sociedades comerciais; no campo do Direito Público: organismos internacionais como a ONU e o entes federativos no plano do direito interno). V. Associações civis: Qualquer agrupamento de indivíduos que busque realizar um objetivo não-lucrativo. VI. Sociedades comerciais: entes do direito privado que buscam realizar o lucro. VII. Discute-se atualmente sobre o reconhecimento dos animais como sujeitos de direito, embora tradicionalmente sejam eles considerados objetos de direito. Os defensores do Direito Animal consideram-o como ente despersonalizado (visão minoritária). VIII. Não podemos confundir a pessoa física com a pessoa jurídica, pois se tratam de entes distintos. Admite-se contudo, a aplicação da teoria da desconsideração da pessoa jurídica, para evitar fraudes nas execuções tributárias, previdenciárias, trabalhistas, comerciais e consumeristas. 3. Direito subjetivo: consiste num conjunto de faculdades e prerrogativas conferidas ao sujeito ativo de uma relação jurídica para que o mesmo atue na zona da licitude humana. Com base no direito subjetivo, o sujeito ativo pode exigir o cumprimento do dever jurídico por parte do sujeito passivo. Exemplo (1): o direito subjetivo de propriedade e as faculdades de usar, gozar e dispor de um bem. 4. Dever Jurídico: é o conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma relação jurídica. Pode comportar uma obrigação de fazer, uma obrigação de não-fazer, ou uma obrigação de dar. Tais obrigações podem aparecer isoladamente, ou em conjunto. I. Obrigação de fazer: obrigação de realizar comportamento positivo. Exemplo (1): prestação de serviços mediante contratação. II. Obrigação de não-fazer: obrigação negativa de abstenção. Exemplo (1): dever de preservação do sigilo profissional Exemplo (2): dever de respeitar propriedade alheia. III. Obrigação de dar. obrigação de entrega de um bem Exemplo (1): pagamento de um tributo ou fatura de cartão de crédito. 1. Relação Jurídica Professor Ricardo Maurício 3 5. Ilicitude: consiste na conduta, omissiva ou comissiva, que contraria preceitos da normatividade jurídica. Trata-se da mais grave forma de infração ética. Pode ser realizada tanto por um comportamento do sujeito passivo ao descumprir um dever jurídico (inadimplemento), como derivar de uma conduta arbitrária do sujeito ativo ao exercer de modo desproporcional um direito subjetivo (abuso de direito). 6. Sanção Jurídica: é aquela consequência imputada ao ilícito. Reveste-se de natureza organizada as sociedades contemporâneas. Implica um constrangimento que pode ser tanto pessoal (exemplo: pena de prisão), quanto patrimonial (exemplo aplicação de uma multa de trânsito).