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Prescrição de Exercícios

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EXERCÍCIO PARA 
CRIANÇAS, IDOSOS 
E GESTANTES
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Naiandra Dittrich
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins 
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
D617e
 Dittrich, Naiandra
 Exercício para crianças, idosos e gestantes. / Naiandra Dittrich. – In-
daial: UNIASSELVI, 2020.
 178 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-225-7
 ISBN Digital 978-65-5646-226-4
1. Exercícios físicos. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 790
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Prescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes ......7
CAPÍTULO 2
Prescrição de Exercícios para Idosos .....................................65
CAPÍTULO 3
Prescrição de Exercícios para Gestantes ............................127
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso de 
Pós-Graduação!
Como você sabe, a prática regular de exercícios físicos, induz uma série 
de benefícios para o corpo e para a mente. Dentre os benefícios, podemos 
destacar a melhora da capacidade cardiovascular, o aumento da força muscular, 
o fortalecimento dos ossos, a ajuda no combate as doenças psicossomáticas e a 
prevenção de diversas outras doenças como diabetes e hipertensão. Apesar dos 
benefícios conhecidos, o sedentarismo apresenta-se como um grave problema de 
saúde pública e por isso nós, profissionais de Educação Física, temos um papel 
importante para estimular a prática de exercícios físicos em todas as idades. No 
entanto, a prescrição de exercícios físicos deve ser realizada de forma segura e 
de acordo com as características de cada indivíduo. 
A prática de exercícios físicos na fase de crescimento e desenvolvimento da 
criança e do adolescente é essencial, porque impulsiona o crescimento motor, 
amplia as habilidades de motricidade fina, estimula o funcionamento do sistema 
cardiovascular e respiratório, desenvolve flexibilidade, auxilia na manutenção do 
peso corporal, prevenindo a obesidade, melhorando a postura e autoestima. Para 
tanto, no Capítulo 1, vamos estudar a prescrição de exercícios para crianças e 
adolescentes. 
A prática de exercícios físicos pela população idosa também é importante 
para manutenção de uma vida saudável e independente. A sarcopenia é um 
fenômeno natural em que ocorre a diminuição da massa muscular ao longo do 
tempo. Essa condição acelera a degeneração e a perda de autonomia, além de 
aumentar o risco de doença. No entanto, o exercício físico configura-se como uma 
excelente ferramenta para desacelerar esse processo e aumentar a funcionalidade 
da população idosa. Assim, no Capitulo 2 vamos estudar esse fenômeno e vamos 
aprender como realizar a prescrição de exercícios de forma adequada para essa 
população. 
Outro grupo que merece atenção em relação a prescrição de exercícios é 
o das gestantes. Você sabia que, até a década de 1980, as gestantes não eram 
orientadas a praticar exercícios regularmente? Hoje, sabe-se que o exercício 
contribui não somente para uma gravidez mais saudável, mas também para uma 
recuperação mais rápida e segura. Mas para isso, é preciso que o exercício seja 
realizado de forma correta e segura. Por isso, no Capítulo 3 vamos estudar a 
prescrição de exercício para gestantes. Espero que você aproveite ao máximo 
todos os conteúdos da disciplina. E lembre-se de que seu papel vai muito além 
de prescrever exercícios, você também é responsável por atuar na promoção 
da saúde e na prevenção de doenças, proporcionando melhor qualidade de vida 
para todos. Bons estudos e sucesso!
CAPÍTULO 1
Prescrição de Exercícios para 
Crianças e Adolescentes
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• conhecer as diferenças entre crescimento, desenvolvimento e maturação; 
• saber as características e alterações que ocorrem no organismo ao longo do 
processo de maturação;
• aprender a avaliar o crescimento e a maturação;
• identificar os cuidados a serem tomados na prescrição de exercícios para 
crianças e adolescentes;
• aprender sobre as janelas sensíveis de treinamento de diferentes capacidades 
físicas;
• prescrever exercícios de forma adequada e respeitando o desenvolvimento das 
crianças e adolescentes;
• perceber a importância do profissional da Educação Física para promoção de 
saúde e prevenção de doenças.
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 Exercício para crianças, idosos e gestantes
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Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O corpo da criança passa por uma série de adaptações físicas e fisiológicas 
durante o seu desenvolvimento. Essas alterações devem ser compreendidas 
e respeitadas pelo profissional de Educação Física, tanto na escola quando 
no esporte, para que a prescrição de exercícios seja realizada de acordo com 
as condições da criança. Por isso, antes de estudarmos as possibilidades 
de exercícios para crianças e adolescentes, vamos estudar alguns conceitos 
importantes do processo de crescimento, desenvolvimento e maturação. Essa 
compreensão é importante para que você, como profissional de Educação Física, 
consiga realizar o seu trabalho com maior segurança.
2 PERÍODOS ETÁRIOS 
Desde o momento do nascimento, um bebê está em constante processo de 
crescimento e desenvolvimento. À medida que crescem, as crianças desenvolvem 
inúmeras capacidades físicas, sociais e cognitivas. De acordo com o crescimento 
elas gradualmente adquirem uma gama crescente de capacidades e habilidades 
que influenciam a maneira como elas se comunicam, tomam decisões, exercem 
julgamento, absorvem e avaliam informações, assumem responsabilidades e 
mostram empatia e consciência dos outros. Conforme você já aprendeu em 
outras disciplinas, a aquisição e o desenvolvimento de habilidades físicas e 
motoras também ocorre de forma gradual e de fato, existem períodos ótimos para 
aprender e aprimorar determinadas qualidades físicas. Por isso, é importante que 
você saiba quais são os períodos etários que compõem o ciclo da vida. 
Na literatura científica, existem diversos modelos de divisão dos estágios que 
compõem a vida. Mas, de forma geral, o modelo mais utilizado é o que divide 
a vida em: pré-natal, infância, segunda infância, terceira infância, adolescência, 
vida adulta inicial, vida adulta intermediária e vida adulta tardia (PAPALIA; OLDS; 
FELDMAN, 2009). O Quadro 1 apresenta um breve resumo de cada uma dessas 
etapas para que você possa relembrar essas etapas já aprendidas em outras 
disciplinas. 
QUADRO 1 – ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO AO LONGO DA VIDA
Etapa de 
desenvolvimento Período de desenvolvimento
Pré-natal Começa no período de concepção e vai até o período de 
concepção.
Infância Ocorre desde o nascimento do bebê até os dois anos de 
idade. 
Segunda Infância Começa aos dois anos e continua até os seis anos.
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 Exercício para crianças, idosos e gestantes
Terceira Infância ou 
infância tardia
Inicia aos seis anos de idade e continua até o início da 
puberdade.
Adolescência Começa aos 11 e termina aos 20 anos.
Vida adulta inicial Começa aos 20 e termina as 40.
Vida adulta 
intermediáriaComeça aos 40 e termina aos 65 anos.
Vida adulta tardia Começa a partir dos 65 anos.
FONTE: Adaptado de Papalia; Olds e Feldman (2009) 
 Sobre a adolescência, é importante destacar que esse é o período mais 
complexo de se definir de maneira cronológica, pois existem diversas propostas 
de divisão. No entanto, o que é consenso é que é durante esse período que os 
principais sistemas corporais se tornam adultos em estruturas e funcionalidade, 
ou seja, eles alcançam a maturidade biológica completa (ARMSTRONG, 2007; 
MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). Por isso, é importante destacar que, ao 
longo deste capítulo, você irá aprender estratégias que podem ser usadas para 
determinar a maturação e consequentemente o período de desenvolvimento que 
a criança e o adolescente se encontram. 
Considerando que o objetivo principal da nossa disciplina é a prescrição de 
exercícios para crianças e adolescentes, é importante que você tenha em mente 
que sempre que o termo “criança” for mencionado, estaremos nos referindo ao 
período da infância. Por outro lado, sempre que usarmos a palavra “adolescente” 
estaremos nos referindo ao período da adolescência.
3 CONCEITOS IMPORTANTES 
Para iniciarmos o estudo dessa temática tão importante para a prescrição 
de exercícios para crianças e adolescentes, é preciso compreender as diferenças 
entre conceitos importantes como crescimento, desenvolvimento e maturação. 
A compreensão desses fenômenos é importante pois parâmetros 
morfológicos e funções fisiológicas, como volume cardíaco, função pulmonar, 
assim como as capacidades físicas como potência aeróbia, velocidade e força 
muscular, desenvolvem-se e alteram-se de acordo com a idade e maturação. 
Além disso, os sistemas como por exemplo, o sistema respiratório, muscular, 
motor e cardíaco também mudam com o crescimento e a maturação. Assim, o 
conhecimento e a correta avaliação desses conceitos, permitirá que a prescrição 
de exercícios seja realizada respeitando as características físicas e fisiológicas da 
criança e do adolescente. 
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Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
3.1 CRESCIMENTO
O crescimento pode ser definido como um aumento quantitativo em 
tamanho ou magnitude do corpo como um todo ou o tamanho atingido por 
partes específicas (BAXTER-JONES; EISENMANN; SHERAR, 2005). Pode-se 
dizer que esse processo é finalizado no momento em que o indivíduo alcança a 
maturidade biológica e pode ser medido pelo peso, estatura, perímetro cefálico e 
torácico, alterações nas fontanelas, dentição e alterações corporais (HAYWOOD; 
GETCHELL, 2010). 
Para Malina; Bouchard e Bar-or (2004), o crescimento é resultado de três 
processos celulares subjacentes: hiperplasia (aumento no número de células 
a partir da divisão celular), hipertrofia (aumento no tamanho das células em 
decorrência de alterações funcionais) e agregação (aumento no agrupamento 
celular). O crescimento do tecido ósseo, muscular e cerebral são exemplos em 
que esses processos celulares atuam (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). 
Ainda em relação ao crescimento, é importante destacar que este, também 
é influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. Como fatores intrínsecos, 
podemos entender aqueles que estão relacionados com o próprio organismo, 
como por exemplo herança genética, características hormonais e sistema 
neurológico (SOUZA et al., 2008). Já, os fatores extrínsecos são aqueles 
relacionados ao ambiente de forma geral, como por exemplo: alimentação, 
interação social, relacionamentos, ingestão de água, condição de saúde e até 
mesmo condições geográficas (SOUZA et al., 2008). 
Para ilustrar o processo de crescimento, observe a Figura 1 que apresenta 
as alterações na forma e na proporção corporal antes e após o nascimento. 
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 Exercício para crianças, idosos e gestantes
FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO
FONTE: Gallahue et al. (2013, p. 114)
3.1.1 Avaliação do Crescimento
 
A antropometria, ou seja, a área responsável por estudar e avaliar as 
proporções e medidas do corpo humano, é quem irá nos auxiliar no processo de 
avaliação do crescimento. Pois as medidas de estatura e de peso corporal são as 
mais utilizadas para avaliar o processo e o desenvolvimento do crescimento de 
crianças e adolescentes (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). 
Por serem medidas de fácil realização, existem, inclusive, curvas 
de crescimento para peso e altura, para que seja possível acompanhar o 
desenvolvimento de crianças e adolescentes. Na literatura científica, existem 
vários modelos de referência de curvas de altura e peso que foram desenvolvidos 
a partir de dados populacionais, sendo que as propostas pela organização mundial 
da saúde e do CDC (do inglês Center Disease Control) apresentam-se como as 
mas utilizadas. Para exemplificar, observe a Figura 2 com os gráficos propostos 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
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Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
FIGURA 2 – CURVA DE CRESCIMENTO (A) E DE PESO (B), FORNECIDA 
PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, PARA MENINOS E MENINAS.
FONTE: <https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/
graficos-de-crescimento/>. Acesso em: 1º dez. 2020.
Embora seja uma maneira simples de avaliação, por meio dessas curvas já 
é possível observar se a criança apresenta um padrão de crescimento regular 
ou não. A partir dessas observações iniciais, é possível realizar avaliações mais 
específicas. Outro gráfico interessante para acompanhar as etapas do crescimento 
é o proposto por Malina, Bouchard e Bar-Or (2004). O Gráfico 1 apresenta curvas 
e etapas individuais de velocidade para a estatura em meninos e meninas, e é 
importante que você, acadêmico, analise o período do estirão do crescimento. 
Observe que a velocidade do ganho em estatura é diminuída até o período em 
que é iniciado o estirão de crescimento. É nesse período que se ganha em torno 
de 20% da estatura final. O pico de velocidade em estatura nas meninas ocorre, 
em média, em torno dos 12 anos de idade, enquanto nos meninos ocorrerá 
aproximadamente dois anos mais tarde, por volta dos 14 anos. 
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 Exercício para crianças, idosos e gestantes
GRÁFICO 1 – CURVA DE CRESCIMENTO E ETAPAS DE 
CRESCIMENTO DE MENINOS E MENINAS
FONTE: Malina; Bouchard e Bar-Or (2013, p. 123)
3.2 DESENVOLVIMENTO
Assim como ocorre com o crescimento, o desenvolvimento acontece de 
forma lenta e gradativa e pode ser entendido de diferentes maneiras. Uma dessas 
maneiras está relacionada ao desenvolvimento biológico, ou seja, que se refere 
aos processos de diferenciação e especialização das células embrionárias. 
Por outro lado, existe ainda o desenvolvimento relacionado a capacidade do 
indivíduo em executar novas atividades e funções complexas, como por exemplo, 
o desenvolvimento neuromuscular, o desenvolvimento da motricidade fina e o 
desenvolvimento que envolve processos fisiológicos e psicológicos, que vão ser 
assistidos por toda a vida (HAYWOOD; GETCHELL, 2010). 
Gallahue (2000) entende que o desenvolvimento é um fenômeno composto 
por mudanças constantes e que acontece durante toda a vida, de forma progressiva 
e dependente de fatores biológicos como hereditariedade e desnutrição. 
É importante destacar que, embora o desenvolvimento, assim como 
o crescimento, apresente um padrão de evolução, não existe uma regra a 
respeito. Isso porque, esse processo ocorre de forma individualizada, ou seja, 
15
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
a evolução ocorre de acordo com o ambiente e os estímulos recebidos pela 
criança. O desenvolvimento deve ser compreendido com base em um conceito 
mais abrangente, no qual estão envolvidos aspectos biológicos e psicológicos 
(MALINA; BOUCHARD, 2002; GUEDES; GUEDES,2006). 
Fatores nutricionais, como má nutrição, a pratica de exercício físico, o 
sexo, a altura, a personalidade e as relações e reações emocionais também 
afetam o crescimento e o desenvolvimento (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009; 
GALLAHUE; OZMUN, 2005). Por isso, não é recomendado ater-se apenas aos 
aspectos biológicos do crescimento e da maturação. 
3.3 MATURAÇÃO
A maturação é um processo mais complexo de compreender, pois defende 
de diferentes fatores. No entanto, a maturação pode ser definida como o processo 
contínuo de tornar-se maduro ou progresso em direção ao estado biológico maduro 
(BAXTER-JONES; EISENMANN; SHERAR, 2005). Bogin (1999) apresenta um 
conceito mais abrangente que define a maturação como progressão de alterações 
quantitativas e qualitativas que conduzem de um estado indiferenciado ou imaturo 
a um estado altamente organizado, especializado ou maduro. Ou seja, um 
processo que diz respeito às mudanças qualitativas que capacitam o organismo a 
progredir em direção a níveis mais altos e especializados de funcionamento. 
A maturação descreve um processo, enquanto o termo 
maturidade se refere a um estado. 
É importante destacar que o processo de maturação depende de dois 
componentes importantes: timing e tempo. Timing refere-se a um período em que 
ocorrem eventos de maturação específicos como por exemplo, a idade da menarca 
(primeira menstruação nas meninas); a idade no aparecimento dos pelos púbicos 
nos meninos e nas meninas, ou ainda a idade no crescimento máximo durante 
o estirão de crescimento. Por outro lado, o tempo se refere à taxa ou velocidade 
na qual ocorrem os progressos de maturação, ou seja, a velocidade com o que o 
adolescente passa dos estágios iniciais de maturação sexual ao estado maduro. 
O timing e tempo variam consideravelmente entre crianças e adolescentes de 
mesma idade cronológica (ARMSTRONG, 2007; BAXTER-JONES; EISENMANN; 
SHERAR, 2005). 
16
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
3.3.1 Avaliação da maturação 
 
 A avaliação da maturação em crianças e adolescentes é um aspecto 
importante da prática desportiva, pois permite que o aprimoramento das 
capacidades físicas seja realizado respeitando o desenvolvimento. Essa avaliação 
é necessária, pois a idade cronológica deixa de ser um parâmetro seguro para a 
caracterização biopsicossocial de um determinado individuo. Consequentemente, 
adolescentes de mesma idade podem estar em fases distintas da puberdade, 
pois esta tem início e ritmo de progressão muito variáveis entre eles.
 
Nesse contexto, a maturação esquelética, sexual e somática são os principais 
métodos utilizados na prática para avaliação da maturidade biológica (BAXTER-
JONES; EISENMANN; SHERAR, 2005; MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). 
A maturidade esquelética refere-se ao processo de desenvolvimento pelo 
qual o esqueleto é gradualmente transformado de cartilagem em osso. A sua 
avaliação é realizada por meio de radiografias da mão e do punho que buscam 
verificar o nível de desenvolvimento esquelético, ou seja, a forma e grau de 
mineralização das epífises e placas físicas do osso para definir sua proximidade 
com a maturidade total.
Como o objetivo deste capítulo não é discutir novamente os assuntos já 
aprendidos em outras disciplinas, vamos apenas relembrar como a avaliação 
da maturação esquelética é realizada. O primeiro passo é a realização de 
uma radiografia da mão e do punho. Após isso, é realizada uma avaliação do 
estado de desenvolvimento ósseo. Para isso existem vários métodos, mas o 
mais comumente utilizado é a técnica de Greulich e Pyle (1959), que baseia-se 
na comparação da radiografia com um atlas radiográfico de desenvolvimento 
ósseo da mão e punho. Como alternativa às técnicas baseadas na comparação 
de imagens por meio de atlas, outros métodos foram desenvolvidos que avaliam 
independentemente a maturação de cada osso. 
O resultado desse sistema fornece padrões de maturidade para cada 
osso considerado. Dentre os métodos que usam essa técnica esta o método 
de pontuação específica por osso proposto por Tanner (2001). Essa técnica 
fundamenta-se no desenvolvimento dos centros de ossificação de alguns ossos 
para obtenção de um valor que resulta do somatório dos seus diferentes graus de 
ossificação. 
Por meio da avaliação individual de ossos e cartilagens obtém-se a idade 
estimada para o desenvolvimento desse esqueleto. Essa idade estimada é 
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Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
conhecida como idade esquelética ou idade óssea, o que representa basicamente 
a idade biológica de cada criança ou adolescente (MALINA; BOUCHARD; BAR- 
OR, 2004; MALINA, 2011). 
 Para que você possa entender como ocorre variações nos ossos e na 
cartilagem ao longo do crescimento, observe e analise a Figura 3, que mostra o 
desenvolvimento em diferentes idades. 
FIGURA 3 – DESENVOLVIMENTO DOS OSSOS E CARTILAGENS 
DO PUNHO E DA MÃO AO LONGO DOS ANOS
FONTE: <https://bit.ly/3c4pVQj>. Acesso em: 25 set. 2020.
Independente do método utilizado para avaliar o desenvolvimento ósseo, o 
objetivo da análise é atribuir uma idade estimada para o desenvolvimento ósseo. 
Conforme dito anteriormente, essa idade é conhecida como idade esquelética ou 
idade óssea, o que representa basicamente a idade biológica de cada criança ou 
adolescente (MALINA; BOUCHARD; BAR- OR, 2004; MALINA, 2011). 
Como você já deve ter observado, crianças com a mesma idade cronológica, 
ou seja, com a mesma idade podem apresentar características físicas totalmente 
diferentes. Isso ocorre, pois a maturação não acontece no mesmo momento para 
todos os indivíduos. Por isso, determinar a idade biológica é importante para 
saber o estado maturacional da criança. A partir da sua determinação é possível 
18
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
classificar meninos e meninas em três categorias de estatuto maturacional: 
atrasado (tardio), normomaturo (no tempo) e adiantado (precoce). Na prática, 
isso significa que se você tem um aluno com 9 anos de idade cronológica e 
11 anos de idade esquelética, ele é considerado como adiantado. Ou seja, o 
desenvolvimento maturacional ocorreu mais rápido do que a idade cronológico. 
Classificar o estado de desenvolvimento é importante para que as exigências 
impostas durante as aulas e treinamentos respeitem o limite físico e biológico da 
criança e do adolescente. 
Veja na Figura 4 como é determinado o estado maturacional: 
FIGURA 4 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO MATURACIONAL
FONTE: A autora 
Acadêmico, outra forma de avaliar o estado maturacional é por meio da 
avaliação da maturação sexual. Primeiramente, é importante que você tenha 
em mente que a maturação sexual, está relacionada a capacidade funcional 
reprodutiva do indivíduo. Sua avaliação é realizada por meio da avaliação do 
aparecimento e desenvolvimento das características sexuais. 
19
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
• Características sexuais primárias são aquelas envolvidas 
com a reprodução: desenvolvimento dos ovários, útero e vulva nas 
meninas; e desenvolvimento dos testículos, próstata e produção de 
esperma nos meninos. 
• Características sexuais secundárias são as características 
visíveis como: desenvolvimento das mamas nas meninas; 
desenvolvimento do pênis nos meninos; e desenvolvimento dos 
pelos púbicos em ambos os sexos. 
A partir da avaliação do desenvolvimento das características secundárias, 
é determinado o estado de desenvolvimento do indivíduo. Utilizando como base 
os estudos de Tanner (1962), podemos classificar o desenvolvimento em cinco 
estágios: o Estágio 1 corresponde ao estado pré- púbere, isto é, a ausência de 
manifestação do carácter analisado; o Estágio 2 indica o aparecimento desse 
carácter, por exemplo, a elevação inicial da mama nas meninas ou o aparecimentoda pilosidade púbica em ambos os sexos; os Estágios 3 e 4 caracterizam-se pela 
continuação do processo de maturação do carácter em causa e são, de algum 
modo, mais difíceis de distinguir; o Estágio 5 corresponde ao adulto ou estado 
maduro do carácter avaliado. 
FIGURA 5 – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO EM MENINOS
20
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
FONTE: <https://bit.ly/35Nl5qq>. Acesso em: 1º dez. 2020.
Assim como para os meninos, a Figura 6 demonstra os cinco estágios de 
desenvolvimento e as formas de avaliação em meninas. 
FIGURA 6 – ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO EM MENINAS
FONTE: <https://bit.ly/35MFQT7)>. Acesso em: 1º dez. 2020.
21
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
Somado aos métodos já apresentados para avaliação da maturação biológica, 
a avaliação somática apresenta-se como uma alternativa de avaliação com o 
benefício adicional de ser um instrumento de baixo custo, de fácil aplicabilidade e 
não invasivo, tem sido aceito pela comunidade como um indicador útil e confiável 
para a análise do nível de maturação (MALINA et al. 2012). 
De forma geral, a maturidade somática refere-se às mudanças morfológicas 
que ocorrem no corpo ao longo do tempo. Nesse contexto, o momento (idade) 
em que ocorre o pico de velocidade do crescimento (medido em estatura) e a 
porcentagem da estatura adulta alcançada em determinado momento são os dois 
principais indicadores de maturidade somática utilizados nos principais estudos 
da área (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). 
A única maneira direta de avaliar o pico de velocidade de crescimento (PVC) 
seria por meio da avaliação constante da estatura por um período de pelo menos 
cinco anos (dos 9 aos 14 anos de idade). Considerando que a partir disso não 
seria utilizar a informação com antecedência, diferentes equações preditivas têm 
sido propostas para que a idade do pico de velocidade em altura e a porcentagem 
da estatura adulta sejam estimadas a partir de avaliações transversais (MIRWALD 
et al., 2002). Para que esses dados sejam obtidos, é preciso calcular o maturity 
offset que consiste no número de anos em que o indivíduo está do PVC. 
O PVC representa o período em que ocorre o crescimento mais 
rápido na estatura da criança. 
A fórmula a seguir, proposta por Mirwald et al. (2002) é uma das 
mais utilizadas para calcular esse fenômeno: 
QUADRO 2 – CÁLCULO DO MATTURITY OFFSET
O PVC representa 
o período em 
que ocorre o 
crescimento mais 
rápido na estatura 
da criança. 
Fórmula para calcular o maturity offset
MENINOS
-9.236 + (0.0002708 x (comprimento dos membros inferiores x 
altura sentada)) – (0.001663 x (idade cronológica x comprimento 
dos membros inferiores)) + (0.007216 x (idade cronológica x altura 
sentada)) + (0.02292 x ((massa corporal/estatura) x 100)).
MENINAS
-9.376 + (0.0001882 x (comprimento dos membros inferiores x altura 
sentada)) + (0.0022 x (idade cronológica x comprimento dos membros 
inferiores)) + (0.005841 x (idade cronológica x altura sentada)) – 
(0,002658 x (idade x massa corporal)) + (0.07693 x ((massa corporal/
estatura) x 100)).
FONTE: MIRWALD et al. (2002)
22
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
Para relembrar como realizar essas medidas de forma 
padronizada, acesse o Livro Didático da disciplina de medidas e 
avaliações. 
Caso o resultado dessa equação seja negativo, significa que o indivíduo 
ainda não atingiu o pico de velocidade em altura. Se o valor for positivo, significa 
que o mesmo já ultrapassou o pico de velocidade em altura. Após a realização 
desse cálculo, para obter a idade no pico de velocidade em altura predita, você 
precisará somar ou diminuir o valor de maturity offset com a idade cronológica da 
criança ou adolescente no caso do valor de maturity offset ser negativo e positivo, 
respectivamente. 
Para que você possa entender e assimilar melhor esse conteúdo, observe 
esse exemplo em que dois adolescentes apresentam a mesma idade cronológica, 
porém um PVC diferente. 
QUADRO 3 – EXEMPLO DE CÁLCULO DO PVC 
INDIVÍDUO A INDIVÍDUO B
Idade cronológica: 12,5 anos
MC = 34,6 Kg
Estatura = 150,5 cm
Altura Sentada = 77,5 cm
Comprimento MI = 73,0 cm
Idade cronológica: 14,8 anos
MC = 59,9 Kg
Estatura = 175,5 cm
Altura Sentada = 92,7 cm
Comprimento MI = 82,5 cm
MATURITY OFFSET = 1,3 anos
CLASSIFICAÇÃO PVC = Pré PVC
IDADE PVC: 12,5 + 1,3 = 13,80 anos
MATURITY OFFSET = 1,0 anos
CLASSIFICAÇÃO PVC = Pós PVC
IDADE PVC: 14,8 + 1,0 = 15,80 anos
Nota: MC = massa corporal; MI = membros inferiores; PVC = pico de velocidade no 
crescimento.
FONTE: O autor 
3.4 DIFERENÇAS MATURACIONAIS 
ENTRE MENINOS E MENINAS 
Você já deve ter observado, ou escutado, que o processo de crescimento 
e maturação ocorre de forma diferente entre meninas e meninas. Compreender 
as diferenças no desenvolvimento de meninos e meninas permitirá que você 
organize a aulas de Educação Física ou o treinamento de uma forma que respeite 
as características fisiológicas de cada um. Mas você sabe como isso acontece ou 
quais os motivos que levam a essas diferenças? 
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Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
Estudos mostram que durante os anos pré-púbere, meninos e 
meninas seguem taxas semelhantes de desenvolvimento em crescimento e 
amadurecimento e, apesar das diferenças sexuais, capacidades físicas como 
força, velocidade, potência, resistência e coordenação se desenvolverão em 
taxas semelhantes para ambos os sexos durante a infância (ARMSTRONG, 2007; 
MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). Do ponto de vista prático, isso significa 
que até esse período, não existe vantagens físicas entre os dois sexos e, assim, 
as atividades podem ser propostas de maneira semelhante entre ambos sexos. 
Após o início do estirão de crescimento na adolescência, diferenças claras 
de maturidade são aparentes para quase todos os componentes da aptidão física, 
com os meninos apresentando vantagens na maioria das capacidades físicas, 
com exceção da flexibilidade (MALINA; BOUCHARD; BAR-OR, 2004). Isso 
ocorre, pois durante a puberdade ocorrem modificações no padrão de secreção 
de alguns hormônios. É essencialmente a ativação do eixo hipotalâmico-
hipofisário-gonadal, que desencadeia, sob estímulo das gonadotrofinas, a 
secreção dos esteroides sexuais, predominantemente, a testosterona no menino 
e o estradiol nas meninas, que são responsáveis pelas modificações morfológicas 
que ocorrem no período puberal (SIERVOGEL et al., 2003). Existem numerosos 
fatores intrínsecos e ambientais, que podem influenciar o início da puberdade, 
não havendo até então um marcador hormonal específico. Assim, o processo 
parece ser lento, gradual e evolutivo, vencendo uma série de etapas. 
De forma geral, o início do estirão de crescimento adolescente ocorre por 
volta dos 10 anos de idade em meninas e dos 12 anos de idade em meninos, 
mostrando que as meninas vivenciam o processo de estirão de crescimento antes 
que os meninos (IULIANO-BURNS; MIRWALD et al., 2002). Somado a isso, as 
meninas geralmente passam pelo o pico de velocidade em altura mais cedo que 
meninos (12 anos versus 14 anos, respectivamente) (BEUNEN; MALINA, 2005). 
Durante esse processo de maturação, as meninas podem passar por alterações 
que podem afetar o desempenho como aumento da massa gorda, taxas 
diferenciais de desenvolvimento da força neuromuscular e altura e peso, início 
do ciclo menstrual e aumento da flacidez articular. Dessa forma, é importante que 
a prescrição de treinamento seja realizada com cautela e sugere-se a utilização 
de treinos que possam reduzir o risco de lesões do ligamento cruzado anterior 
sem contato, como treinamento pliométrico, fortalecimento do core, treinamento 
de força e treinamento de equilíbrio, devam ser utilizadas nos programas de 
treinamento físico de jovens meninas e mantidas até a idadeadulta. 
24
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
1 O crescimento, a maturação e o desenvolvimento são processos 
fundamentais na evolução da criança e ocorrem desde o seu 
nascimento até a fase adulta. Esses processos são importantes 
no desenvolvimento das capacidades motoras da criança e por 
isso é fundamental conhecer a característica de cada um desses 
processos. Nesse contexto, analise as sentenças a seguir a 
respeito do crescimento, desenvolvimento e maturação. 
l- O desenvolvimento é um processo que ocorre ao longo de 
toda vida e fatores como nutrição e ambiente influenciam o seu 
desenvolvimento. 
ll- A maturação pode ser compreendida como o aumento quantitativo 
do corpo ou de partes específicas. 
lll- O pico de velocidade do crescimento representa o período em 
que o desenvolvimento, o crescimento e a maturação foram 
completamente alcançados. 
lV- O crescimento é definido pela hiperplasia, hipertrofia e agregação. 
Agora, assinale a alternativa correta:
a) Somente as sentenças I e III estão corretas.
b) Somente as sentenças I, II e IV estão corretas.
c) Somente as sentenças III e IV estão corretas.
d) Somente as sentenças I e IV estão corretas
2 A avaliação física constitui uma parte importante da prescrição 
de exercícios físicos. A partir dela, é possível estabelecer em 
que estágio a criança encontra-se para que dessa maneira a 
prescrição seja feito de acordo com suas condições. Nesse 
contexto, analise as sentenças e classifique em V para verdadeiro 
e F para falso: 
( ) O desenvolvimento pode ser avaliado por meio de avaliações 
antropométricas. 
( ) A maturação pode ser avaliada por meio da avaliação 
esquelética, somática e sexual.
( ) As curvas de peso e altura estabelecidas pela OMS são uma 
importante ferramenta para acompanhar a maturação biológica.
( ) A avaliação esquelética é baseada no processo de transformação 
de cartilagem em osso. 
25
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
a) F – V – V – F. 
b) V – V – F – V.
c) F – V – F – V. 
d) V – V – V – F.
3 Considere que você é responsável pela avaliação esquelética 
de crianças que jogam nas categorias de base de um grande 
clube de futebol. Em um dos avaliados, você obteve o seguinte 
resultado: 
Idade Cronológica = 13 anos
Idade Esquelética = 15 anos 
A partir desses resultados, assinale a alternativa que apresenta 
o estado maturacional desse jovem jogador:
a) Atrasado
b) Adiantado. 
c) Normomaturo
d) Maturado. 
4 ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO 
ESPORTIVO PARA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES
Acadêmico, o objetivo deste capítulo é estudar os conceitos para a prescrição 
de exercícios para crianças e adolescentes. Agora que você já sabe as diferenças 
entre crescimento o desenvolvimento e a maturação vamos entender a relação 
do exercício físico durante a manifestação desses dois processos concomitantes.
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
 
A literatura científica fornece inúmeras evidências a respeito dos benefícios 
da prática regular de exercícios físicos durante o processo de crescimento e 
desenvolvimento da criança e do adolescente. No entanto, assim como ocorre 
26
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
com os adultos, as crianças apresentam um elevado índice de inatividade física e 
consequentemente existe um aumento no desenvolvimento de doenças crônicas 
não transmissíveis como obesidade e hipertensão (OGDEN et al., 2014). 
Pela primeira vez na história, crianças nascidas hoje terão uma expectativa 
de vida menor do que os seus pais. Além disso, nas últimas décadas, a obesidade 
tem se apresentado como uma epidemia global também em crianças. A obesidade 
e o sobrepeso estão associados ao aumento da morbidade na infância e na 
vida adulta, uma vez que crianças obesas costumam virar adultos obesos. O 
excesso de gordura corporal resulta em um maior risco de desenvolver doenças 
cardiovasculares, problemas ortopédicos, alterações respiratórias e endócrinas, 
além de uma baixa autoestima e maior probabilidade de desenvolver problemas 
psicológicos (ALVES et al., 2008). Além disso, essas morbidades diminuem a 
qualidade e a expectativa de vida da criança e sobrecarrega o sistema público 
de saúde. Por isso, é extremamente importante manter as crianças ativas e 
desenvolver programas de exercício especialmente para essa faixa etária. 
A partir desse panorama, um dos desafios do profissional de Educação 
Física é oferecer atividades que sejam atrativas e que façam com que o exercício 
seja praticado de forma regular e assim torne-se um estilo de vida. No entanto, 
para que isso aconteça é fundamental que os modelos de treinamento físico 
sejam prescritos de forma estruturada e de acordo com as condições e interesses 
das crianças e adolescentes para não gerar o abandono. Por isso, é importante 
que você, como profissional de Educação Física, saiba os períodos ótimos de 
estímulo das diferentes qualidades físicas e quais são os cuidados necessários 
para o a prescrição de exercício de acordo com a faixa etária e período de 
desenvolvimento e maturação das crianças e adolescentes. 
4.2 INICIAÇÃO ESPORTIVA 
Acadêmico, não podemos falar de prescrição de exercícios para crianças 
e adolescentes, sem discutirmos a iniciação esportiva, afinal essa é uma fase 
fundamental para que a pratica de exercícios seja realizada de forma regular e 
prazerosa. 
A iniciação esportiva pode ser entendida como uma trajetória pedagógica na 
qual os participantes envolvidos vivenciam diferentes experiências por meio de 
diversas modalidades esportivas de modo planejado e sistematizado (MENEZES 
et al., 2014). Galatti (2006) complementa dizendo que é o primeiro momento 
de contato com a prática específica do esporte, caracterizando-se pelo objetivo 
educacional, de formação integral do ser humano a fim de contribuir para seu 
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social. Considerando a importância 
27
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
desse período, os processos de iniciação esportiva, devem ser baseados em 
princípios pedagógicos que valorizem a infância, buscando em um primeiro 
momento ser prazerosos, para que a criança se mantenha na prática esportiva, 
usufruindo os benefícios que esta pode acarretar para seu desenvolvimento 
integral (GALATTI et al., 2012). 
Por isso, a prática esportiva deve ser positiva, tendendo assim a se manter 
como hábito por toda a vida, contribuindo para o controle de doenças ligadas 
ao sedentarismo, tal qual a obesidade, e sendo um importante contributo para 
políticas de saúde coletiva. Deste modo, deve-se pensar a iniciação esportiva de 
uma maneira mais ampla, que não apenas vise a formação atlética, mas que essa 
possa agregar importância dentro de um contexto maior para a saúde e formação 
do indivíduo. Por isso é importante o desenvolvimento de políticas públicas que 
incentivem as atividades esportivas nas escolas desde os grupos etários mais 
jovens com fins de promoção de saúde (HALLAL et al., 2006).
A iniciação esportiva não deve ter como objetivo principal a formação de 
atletas, mas sim promover o desenvolvimento do aluno e enriquecimento cultural. 
Nesse contexto, é importante destacar que a prescrição de exercícios não deve 
se basear em meras adaptações das práticas, princípios e cargas preconizados 
para os adultos, mas deve ser organizado em função da característica de quem 
está aprendendo, do desenvolvimento e dos níveis de dificuldade, de acordo com 
as idades, níveis de maturação e desenvolvimento biológico em geral. Ou seja, 
no processo de iniciação esportiva não se deve simplesmente replicar as técnicas 
utilizadas pelos adultos, por exemplo. Assim, deve-se evitar práticas pedagógicas 
que privilegiem atividades esportivas especializadas para as quaisas crianças/
adolescentes não estejam preparadas. 
A especialização esportiva precoce tem sido desaconselhada por muitos 
especialistas devido aos potenciais prejuízos no desenvolvimento motor, 
emocional, moral e social dos jovens (MENEZES et al., 2014; NUNOMURA et 
al., 2010). A iniciação baseada em uma única modalidade, limita os benefícios da 
atividade variada com implicações negativas no desenvolvimento do repertório 
motor do praticante, aumento da incidência de lesões, manifestação de efeitos 
psicológicos negativos (ex.: síndrome de Burnout e desmotivação) e prejuízos à 
formação escolar. 
Por isso, professores de educação física, treinadores e instrutores precisam 
criar oportunidades para meninos e meninas de todas as idades serem 
fisicamente ativos. Embora os programas esportivos organizados certamente 
tenham sua importância, a participação na atividade física não deve começar 
com o esporte competitivo; deve evoluir do condicionamento preparatório. 
Inicialmente, as crianças devem participar de inúmeros tipos de atividades físicas 
28
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
que aprimorem suas habilidades, seu desempenho motor e que melhoram sua 
força musculoesquelética, a fim de melhor prepará-las para as demandas da 
prática e competição esportivas diárias. 
Concentrar-se inteiramente em habilidades esportivas específicas desde 
muito cedo não apenas limita a capacidade de as crianças terem sucesso em 
tarefas fora de uma atividade específica, mas também discrimina as crianças 
cujas habilidades motoras se desenvolvem em um ritmo mais lento. Além disso, 
à medida que o desempenho esportivo melhorar, a atividade se tornará mais 
agradável e, portanto, os participantes terão maior probabilidade de permanecer 
com ela. Embora seja importante não enfatizar demais o desenvolvimento de 
habilidades, acredita-se que a melhor abordagem é ensinar todos os alunos 
a reconhecer o valor dos componentes de aptidão relacionados à saúde e às 
habilidades.
 Nesse contexto, o atletismo apresenta-se como uma 
excelente opção para iniciação ao esporte de forma geral, pois 
possui características e qualidades de suma importância para o 
desenvolvimento da criança. Considerando que essa modalidade 
baseia-se nos movimentos de correr, saltar, lançar, arremessar e 
marchar, ela permite que a criança experimente os movimentos e 
gestos básicos das mais variadas modalidades esportivas. Mariano 
(2012) diz que é de grande valia pedagógica colocar a iniciação de 
atletismo já nos primeiros anos escolares, pois este irá contribuir na 
constituição da cultura esportiva tendo a oportunidade de vivenciar 
todos os movimentos que o atletismo oferece, transferindo estes 
conhecimentos motores às outras modalidades. E um grande começo 
é partir da iniciação do atletismo com o emprego de atividades lúdicas 
que auxiliem no desenvolvimento de habilidades físicas e motoras. 
Para que isso ocorra, o professor precisará aproveitar essas características 
e perspectivas e trabalhá-lo nas aulas de Educação Física, incluindo novas 
situações pedagógicas. Além de não exigir materiais complexos para a sua 
prática, ele é formado por regras fáceis e de fácil aprendizagem em que se 
repetem em muitas das provas. No ambiente escolar, uma atividade de atletismo 
deve ser predominantemente lúdica, que motive e de prazer ao aluno durante 
sua execução. A experiência lúdica constitui-se numa referencia significativa que 
pode contribuir para a construção de possibilidades emancipatórias justamente 
pela sua característica fundamental de resistência a produção de algo que 
remeta para além de si mesmo, ou seja, o lúdico não satisfaz nada que não 
seja ele próprio, é compreendido não como meio, mas necessariamente, como 
um fim (ACORDI; FALCÃO; SILVA, 2005). O emprego do lúdico destaca-se no 
Considerando que 
essa modalidade 
baseia-se nos 
movimentos de 
correr, saltar, 
lançar, arremessar 
e marchar, ela 
permite que a 
criança experimente 
os movimentos 
e gestos básicos 
das mais variadas 
modalidades 
esportivas.
29
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
processo de iniciação do atletismo e ganha extensão de relevância no contexto 
escolar por permitir a participação de todos os envolvidos independentes do seu 
desenvolvimento motor e ao mesmo tempo por se caracterizar uma atividade 
prazerosa, possibilitando alegria e prazer na sua realização (MOYLES, 2002).
Também é preciso ressaltar que a aprendizagem de técnicas pelos alunos 
não é antagônica ao prazer e ao lúdico nas aulas. Podem, dependendo do 
tipo de intervenção pedagógica do professor, serem aspectos simultâneos e 
complementares. Por isso, é importante a capacidade do professor de identificar 
os momentos e os modos de ensinar as técnicas esportivas. Adiciona-se o fato 
de que os professores atuam em ambientes de alta complexidade, incerteza e 
instabilidade. Esses espaços possuem caráter único e são dotados de conflitos 
de valores, neles o ensino da técnica é, apenas, um dos elementos que compõem 
essa trama. Por isso qualquer proposta nesta linha deve levar em conta os 
seguintes requisitos: Oferecer às crianças um Atletismo atraente; oferecer às 
crianças um Atletismo acessível e oferecer às crianças um Atletismo instrutivo. 
4.3 MODELOS DE ORGANIZAÇÃO DO 
TREINAMENTO A LONGO PRAZO
Acadêmico, um dos elementos chaves no processo de iniciação esportiva 
que deve nortear sua atuação como professor/treinador desportivo é a 
estrutura temporal (quando ensinar) e metodológica (como ensinar). Ou seja, 
a formação esportiva deve ocorrer de forma estruturada e progressiva ao 
longo da vida considerando uma abordagem em longo prazo. Nesse sentido, 
existem, na literatura, diversas propostas de divisão das etapas ou estágios de 
desenvolvimento e formação esportiva. Na literatura parece também haver um 
consenso entre os pesquisadores quanto ao processo de ensino, que nos anos 
iniciais, deve concentrar-se na formação multilateral embasada nas características 
do esporte em questão e que, à medida que ocorre um aumento da idade e da 
experiência do praticante, deve-se assumir uma maior especificidade (GRECO; 
BENDA, 1998). Além disso, o processo de iniciação esportiva na sua essência 
deve ser baseado em quatro importantes norteadores pedagógicos: (1) ensinar a 
todos; (2) ensinar bem a todos; (3) ensinar mais do que o esporte; e (4) ensinar a 
gostar do esporte (FREIRE, 1998). 
Na literatura nacional, Greco e Brenda (1998) propõem uma proposta 
pedagógica conhecida como metodologia de formação universal que é composta 
por nove fases: pré-escolar (1-6 anos), universal (6-12 anos), fase de orientação 
(11-12 até 13-14 anos), fase de direção (13-14 até os 15-16 anos), fase de 
especialização (15-16 aos 17-18 anos), fase de aproximação/integração (18 a 21 
30
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
anos), fase de alto nível, fase de recuperação/readaptação e fase de recreação e 
saúde. 
De acordo com essa metodologia, as três fases iniciais buscam o aprendizado 
dos movimentos fundamentais e o desenvolvimento progressivo de todas as 
capacidades condicionais e coordenativas de uma forma geral embasada nas 
características dos jogos (GRECO; BENDA, 1998). As três fases intermediárias 
são caracterizadas pelo início do aperfeiçoamento e da especialização técnica 
em uma modalidade, assim como pela otimização do potencial técnico, tático, 
físico e psicossocial. Já as últimas três fases são pautadas: na estabilização, 
aperfeiçoamento e domínio dos comportamentos técnico-táticos e das 
capacidades físicas e psicológicas para quem atingir o alto rendimento; na 
“recuperação/readaptação” do atleta ao se aposentar; na promoção do esporte 
na perspectiva da recreação/saúde, na qual os objetivos se opõem a fase de 
rendimento. 
Na literatura internacional, destaca-se o modelo de desenvolvimento de Atleta 
a Longo Prazo(Long Term Athelete Development) proposto por Balyi e Hamilton 
(2004) que tem sido implementado por organizações esportivas em diferentes 
países como Canadá, Reino Unido e Austrália. Esse modelo enfoca a estrutura 
geral do desenvolvimento do atleta, com referência especial ao crescimento, 
maturação e desenvolvimento, treinabilidade e alinhamento e integração do 
sistema esportivo. De forma geral, esse modelo divide-se nas seguintes etapas 
principais:
• Active Start: partida ativa (0-6 anos): tem como objetivo tornar o brincar 
e a atividade física divertidos, emocionante e um componente essencial 
da rotina diária ao longo da vida.
• Fundamentals: fundamentos (6-9 M, 6-8 F): começar a ensinar 
qualidades básicas como agilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade 
(ABC) e continuar a ensinar a importância de jogo diário e atividade 
física. 
• Learning to train: aprender a treinar (9-12 M, 8-11 F): aprender todas as 
habilidades fundamentais do esporte. Começar a integrar componentes 
físicos, mentais, cognitivos e emocionais dentro um programa bem 
estruturado.
• Training to train: treinamento para treinar (12-16 M, 11 - 15 F): o objetivo 
principal deve ser o desenvolvimento geral das capacidades físicas do 
atleta. Para desenvolver resistência, força e velocidade e habilidades 
específicas do esporte. 
• Training to compete: treinamento para competir (16-18 M, 15 - 17 F): 
otimizar a preparação física e as habilidades específicas do esporte. 
Integrar os aspectos físico, mental, cognitivo e desenvolvimento 
31
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
emocional. Introduzir protocolos específicos de eventos para identificar 
forças e fraquezas. 
• Training to win: treinamento para vencer (18+ M, 17+ F): maximizar a 
preparação física e as habilidades específicas da modalidade, continuar 
com a integração dos aspectos físicos, mentais, desenvolvimento 
cognitivo e emocional. 
• Learning to win (20 - 23 M F): maximizar a preparação específica para 
resultados de alto desempenho; para introduzir uma equipe formal de 
melhoria de desempenho, para continuar com a integração de física, 
mental, desenvolvimento cognitivo e emocional, aprender a competir 
quando importante. 
• Ativo para a vida: começa no final da fase de alto nível, ou seja, quando o 
atleta se aposentar; e terá por objetivo readaptar o ex-atleta à sociedade. 
No entanto, é importante destacar que essa fase tem uma característica 
muito peculiar, porque ela pode se situar para as pessoas que seguiram 
carreira esportiva, ou para aquelas pessoas que não tiveram o interesse 
de se especializar na modalidade. Por conseguinte, essa fase poderá 
comportar os diversos programas de atividades físicas que contemplam 
os diferentes interesses do público, por exemplo: perder peso, melhorar 
estética, manter ou melhorar saúde, conquistar amigos etc. 
A Figura 7 apresenta o modelo de desenvolvimento a longo prazo com as 
características de cada etapa. 
FIGURA 7 – MODELO DE DESENVOLVIMENTO ESPORTIVO A LONGO PRAZO
FONTE: Adaptado de Balyi e Hamilton (2004)
É importante destacar que esse modelo de organização leva em consideração 
o status maturacional, que agora você já sabe avaliar, e assim oferece uma 
abordagem mais estratégica para o desenvolvimento atlético da juventude. 
32
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
A partir do conhecimento do estado de desenvolvimento e maturação da 
criança e do adolescente é possível aproveitar os períodos conhecidos como 
“janelas de oportunidade”, ou seja, período em que organismo se encontra mais 
sensível e propício para o desenvolvimento de determinada qualidade física, mas 
atenção, acadêmico, apesar do período da puberdade durante a adolescência 
ser a principal fase de mudanças físicas e motoras relacionadas ao processo de 
maturação biológica (BEUNEN; MALINA, 2005), não significa dizer que teremos 
somente esse período para o amplo desenvolvimento dos componentes de aptidão 
física (FORD et al., 2011; LLOYD; OLIVER, 2012). Na verdade, o treinamento 
pode ser iniciado em qualquer etapa, no entanto, é necessário que os estímulos 
sejam impostos de acordo com a capacidade da criança e do adolescente. Os 
períodos ótimos de treinamento servem, principalmente, para que você possa 
organizar suas aulas e treinamentos de acordo com a maturação do organismo. 
Vamos ver agora, como isso se aplica na prática. Ou seja, qual o período 
ótimo de treinamento para cada uma das qualidades físicas. Na sequência, 
vamos aprender como pode ser realizada a prescrição de exercício para cada 
uma dessas qualidades físicas. 
5 CAPACIDADES FÍSICAS E 
PERÍODOS SENSÍVEIS AO 
TREINAMENTO
Como você já aprendeu nos seus estudos anteriores, o desenvolvimento de 
força depende de uma combinação de fatores neurais, hormonais e mecânicos. 
Assim, todos esses fatores são importantes para determinar a janela da 
oportunidade para essa capacidade física.
5.1 FORÇA 
Sugere-se que o melhor período, ou seja, a “janela de oportunidade” para o 
desenvolvimento da força ocorre de 12 a 18 meses após o PVC. A lógica por trás 
desse período é que o momento em que ocorre o PVC é normalmente proporcional 
ao período de maior taxa de alteração na massa corporal (BEUNEN; MALINA, 
2005). Assim, os adolescentes passarão por períodos de ganhos rápidos na 
massa muscular como resultado das concentrações aumentadas de hormônios 
anabólicos circulantes (VIRU et al., 1999). Em relação aos fatores neurais, sabe-
se que o desenvolvimento do sistema neuromuscular acelera naturalmente 
33
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
durante os anos pré-púberes devido ao aumento da plasticidade neural (BORMS, 
1986). Esse fato também mostra que o melhor período para o desenvolvimento 
da força ocorra durante a infância e depois do estirão do adolescente.
Embora exista um período essencial para o desenvolvimento dessa variável, 
é importante que o desenvolvimento da força muscular ocorra em todos os 
estágios de desenvolvimento devido a sua relação com o desenvolvimento de 
outras qualidades físicas como velocidade de corrida (WEYAND et al., 2000), 
potência muscular (WISLOFF et al., 2004) e resistência (HOLFF et al., 1999). 
Além disso, o desenvolvimento da força muscular também deve ser visto como 
um componente integral dos programas de força e condicionamento dos jovens, 
não apenas para melhorar o desempenho, mas também para reduzir o risco de 
lesões relacionadas ao esporte (FAIGENBAUM et al., 2009). Consequentemente, 
sugere-se que o desenvolvimento de níveis de força muscular seja uma prioridade 
de qualquer programa de desenvolvimento de atletas, pois a força parece 
transcender todos os outros componentes da aptidão.
5.1.1 Resistência de força e potência 
muscular 
Embora muitos profissionais não se sintam seguros para prescrever 
treinamentos de hipertrofia para crianças e adolescentes, atualmente é 
comprovado e aceito que crianças podem sim participar de forma segura e eficaz 
no treinamento de força. 
O modelo de desenvolvimento das capacidades físicas ao longo do tempo 
mostra que a ênfase no treinamento para hipertrofia pode começar por volta 
dos 14 anos em jovens do sexo masculino e 12 anos no sexo feminino. Como 
mencionado anteriormente, essas fases do desenvolvimento geralmente ocorrem 
após o PVC, em um momento em que os níveis de testosterona circulante e 
hormônio do crescimento aumentam rapidamente de acordo com o estirão de 
crescimento do adolescente (WEYAND et al., 2000). Aumentos nas concentrações 
séricas de testosterona, estradiol e progesterona têm sido diretamente ligados à 
estimulação das vias de síntese proteica e as adaptações nos músculos e tecidos 
esqueléticos. 
Em relação à potência muscular, o período chave de estímulo e 
desenvolvimento dessa variável começa no inícioda adolescência e continua 
durante toda a vida adulta. Isso acontece, conforme visto anteriormente, devido 
às rápidas melhorias na força muscular que ocorrem durante a adolescência, 
atribuídas a influências maturacionais (BEUNEN; MALINA, 1988).
34
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
5.2 VELOCIDADE
Diferente das outras qualidades físicas, o modelo de desenvolvimento a 
longo prazo defende que as janelas de oportunidade para o desenvolvimento da 
velocidade estão inteiramente relacionadas à idade (BALYI; HAMILTON, 2004). 
Meninos e meninas mostram um similar desenvolvimento da velocidade durante a 
primeira década de vida, com o primeiro período de adaptação acelerada sugerido 
a ocorrer entre os 5 e 9 anos de idade em ambos os sexos. A partir dos 12 anos de 
idade, a taxa de progressão de desenvolvimento da velocidade é dramaticamente 
reduzida em meninas comparada aos meninos. Essa diferença entre os sexos é 
atribuída às mudanças maturacionais em dimensão e composição corporal. Por 
fim, um segundo período de adaptação acelerada ocorre entre os 12 e 15 anos de 
idade nos meninos, enquanto para as meninas esse segundo período acontece 
por volta dos 12 anos de idade. 
5.3 AGILIDADE
Embora saiba-se que o desenvolvimento da agilidade é necessário para 
um bom desempenho na maioria dos esportes, essa qualidade física permanece 
como uma das menos pesquisadas na literatura científica. Estudos recentes 
sugerem que a agilidade deve ser progressivamente desenvolvida a partir do meio 
da infância até o início da vida adulta. No entanto, não existe um consenso na 
literatura sobre a janela de oportunidade para esta variável, pois faltam pesquisas 
que identifiquem prazos apropriados para atingir o treinamento específico da 
agilidade. Consequentemente, é difícil determinar se a idade, a maturação ou 
ambas são determinantes no desempenho dessa variável física. 
5.4 APTIDÃO AERÓBIA 
Mudanças relacionadas ao sistema cardiovascular central e periférico, 
função neuromuscular e capacidades metabólicas influenciam o desenvolvimento 
da resistência e do condicionamento metabólico ao longo da infância. Como os 
componentes fisiológicos são continuamente desenvolvidos ao longo da infância 
e adolescência, ocorre uma melhora no desempenho da resistência ao longo 
de todo desenvolvimento. No entanto, sugere-se que o período ótimo para o 
desenvolvimento da aptidão aeróbia ocorre no momento que meninos e meninas 
atingem o pico de velocidade em altura. Recomenda-se que a potência aeróbia 
seja progressivamente introduzida após o pico de velocidade em altura, período 
em que a taxa de velocidade do crescimento começa a desacelerar. 
35
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
5.5 FLEXIBILIDADE
O desenvolvimento da flexibilidade, assim como da força muscular, é 
fundamental para todos os esportes. Pois ela contribui para diminuir o índice de 
lesões, além de permitir que crianças e adolescentes sejam capazes de atingir 
amplitudes de movimento adequadas em qualquer prática esportiva. Assim, 
embora seu treinamento deva ser contínuo sugere-se que o momento ótimo para 
o desenvolvimento da flexibilidade ocorre entre os 6 e 10 anos de idade (meio e 
final da infância) para ambos os sexos. 
Para ilustrar tudo que discutimos até então, observe os Quadros 4 e 5, que 
apresentam as características do treinamento de acordo com os períodos de 
desenvolvimento da criança e do adolescente. 
QUADRO 4 – MODELO DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO PARA MENINOS
FONTE: Adaptado de Lloyde e Oliver (2012)
36
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
QUADRO 5 – MODELO DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO PARA MULHERES
FONTE: Adaptado de Lloyde e Oliver (2012)
É importante lembrar que esse modelo teórico foi apresentado 
para nortear a prescrição de treinamento em crianças e adolescentes 
levando em conta os diferentes estágios maturacionais. No entanto, 
é importante deixar claro que os modelos apresentados nas figuras 
anteriores consideram uma situação em que estamos trabalhando 
com meninos e meninas que tem um ritmo maturacional normal. 
Assim, considerando que na sua prática profissional você 
também irá trabalhar com crianças com um desenvolvimento 
maturacional precoce ou tardio, é importante que você realize os 
devidos ajustes na prescrição de exercícios.
Em relação ao desenvolvimento motor, Gallahue e Ozmun (2005) sugerem 
que o ensino das habilidades motoras para a faixa etária de 7-10 anos, seja 
totalmente aberto, isto é, os conteúdos do ensino são aplicados pelo professor e 
praticados pelos alunos, sem interferência e correções das ações motoras. Para 
a faixa etária de 11-12 anos, o ensino é parcialmente aberto, ou seja, há breves 
correções quanto à execução dos movimentos. Na faixa de 13-14 anos, o ensino é 
parcialmente fechado, pois se inicia o processo de especificidade ações motoras 
de cada modalidade na procura da especialização desportiva e, somente após 
os 14 anos de idade, deve acontecer o ensino totalmente fechado, específico de 
É importante 
lembrar que esse 
modelo teórico foi 
apresentado para 
nortear a prescrição 
de treinamento 
em crianças e 
adolescentes 
levando em conta os 
diferentes estágios 
maturacionais.
37
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
1 O conhecimento do estado de maturação e desenvolvimento da 
criança e do adolescente é fundamental para que o treinamento 
esportivo possa ser realizado com segurança e eficiência. Além 
disso, é importante que a iniciação esportiva seja realizada de 
maneira que respeite o desenvolvimento do indivíduo. Nesse 
contexto, sobre a iniciação esportiva, analise as sentenças: 
I- A utilização de jogos e atividades lúdicas são uma excelente 
ferramenta na iniciação esportiva. 
II- A iniciação esportiva é o processo de especialização precoce 
que as crianças devem ser inseridas para se transformarem em 
excelentes atletas. 
III- Atividades que englobem movimentos básicos do ser humano 
como correr, pular e arremessar são excelentes opções de 
iniciação esportiva. 
IV- A iniciação esportiva deve ser realizada de maneira que as cargas 
e treinos desenvolvidos para adultos sejam apenas adaptados 
para as crianças. 
Assinale a alternativa correta:
a) ( ) Somente as sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente as sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) Somente as sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as sentenças I e IV estão corretas.
2 O desenvolvimento da criança é um processo longo que depende 
de diversos fatores para que ocorra de forma adequada. Ao 
longo do processo, o organismo vai se adaptando e se ajustando 
e por isso é importante que a prescrição e o treinamento 
esportivo sejam organizados a longo prazo. Por isso existem, 
cada modalidade coletiva, e também o aperfeiçoamento dos sistemas táticos que 
cada modalidade necessita. 
Nesse sentido, o papel do professor é muito importante, respeitando a fase 
de crescimento e o grau de maturação em que esse educando se encontra. Da 
mesma forma, o estímulo psicológico à criança e ao jovem deve ser constante.
38
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
atualmente, na literatura, diversos modelos de desenvolvimento 
do treinamento esportivo para crianças e adolescentes. Nesse 
contexto, analise as sentenças a seguir: 
( ) O ensino das habilidades deve ser realizado de maneira global 
na fase inicial e à medida que ocorre o aumento na idade o 
ensino pode ser mais específico. 
( ) A formação esportiva deve ocorrer de forma estruturada e 
progressiva ao longo da vida, por isso é importante que seja 
realizada uma abordagem à longo prazo.
( ) Para crianças que já sabem qual modalidade querem seguir, o 
ensino deve ser específico desde o início do treinamento. 
( ) No período da adolescência é quandodeve ser realizado 
o ensino dos movimentos básicos e fundamentais dos jogos 
esportivos. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
a) ( ) F – V – V – F. 
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – V. 
d) ( ) V – V – F – F.
3 A partir do conhecimento do estado de desenvolvimento e 
maturação da criança, é possível prescrever o treinamento 
respeitando as janelas sensíveis ao treinamento. Sobre esse 
tema, analise as sentenças a seguir:
 
I- Durante a janela sensível ao treinamento de velocidade, apenas 
essa capacidade física deve ser treinada, pois assim será 
aproveitada ao máximo. 
II- O desenvolvimento da velocidade ocorre inicialmente de maneira 
similar entre meninos e meninos, porém a taxa de progressão 
muda de madeira radical a partir dos 12 anos de idade. 
III- O período conhecido como janela da oportunidade para a força 
ocorre geralmente de 12 a 18 meses após o pico de velocidade 
do crescimento. 
IV- O período de adaptação sistema cardiovascular ao longo de todo 
desenvolvimento da criança, porém o período de desenvolvimento 
ideal é quando o pico de velocidade em altura é atingido. 
39
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
Agora, assinale a alternativa correta:
a) ( ) Somente as sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente as sentenças I, II e IV estão corretas.
c) ( ) Somente as sentenças II, III e IV estão corretas.
d) ( ) Somente as sentenças I e IV estão corretas
6 TREINAMENTO PARA CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES 
Acadêmico, agora que você já relembrou conceitos importantes do 
desenvolvimento de crianças e adolescentes e já sabe a importância de avaliar 
o estado maturacional, vamos estudar como é possível desenvolver os diferentes 
componentes físicos por meio da prescrição de exercícios. Para isso é importante 
que você saiba que as variáveis que norteiam a prescrição de exercícios 
como: intensidade, intervalo entre as sessões, frequência e recuperação 
sejam organizadas de acordo com as características da criança, os objetivos 
estabelecidos e respeitando sempre os princípios científicos do treinamento 
desportivo. 
Então, qual seria o melhor esporte ou atividade física para estimular o 
crescimento e o desenvolvimento de crianças e adolescentes? A literatura 
mostra que as diferentes modalidades esportivas não apresentam diferenças 
significativas na melhora da saúde e do desempenho. O importante quanto 
a escolha do melhor exercício é selecionar “aquele que é prazeroso” e que a 
criança irá realizar de forma lúdica e contínua. Nisso, o profissional de Educação 
Física tem o papel de auxiliar na proposta de exercícios agradáveis, selecionando 
atividades adequadas e estimulando a prática de atividades através de uma 
prescrição atenciosa e personalizada (MONTEIRO et al., 2009).
A partir dos ensinamentos deste capítulo, você será capaz de prescrever 
exercícios de força, velocidade, agilidade e resistência da melhor forma possível 
e respeitando as características maturacionais dos seus alunos e /ou atletas. Por 
fim, é importante destacar que, embora não discutidos neste livro, os aspectos 
psicológicos, comportamentais e sociais também deverão ser respeitados durante 
todo o período de desenvolvimento e prescrição de exercícios para crianças e 
adolescentes. 
40
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
6.1 TREINAMENTO DE FORÇA PARA 
CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
A prescrição de exercícios de força para crianças e adolescentes passou 
por um período de muito ceticismo e controvérsia, em grande parte, como 
consequência de mal-entendidos sobre os objetivos do treinamento de força e 
seus perigos potenciais para saúde. Hoje, no entanto, há poucas dúvidas de que, 
quando realizado corretamente, o treinamento resistido podem produzir aumentos 
acentuados de força e potência entre crianças e adolescentes. Nesse sentido, os 
exercícios de treinamento de resistência que se concentram no desenvolvimento 
da força e potência muscular ganharam crescente popularidade entre as crianças 
e adolescentes. Atualmente, um número crescente de adolescentes usa o 
treinamento de resistência como parte de sua preparação para o desempenho 
esportivo, enquanto os profissionais médicos também reconhecem os efeitos 
benéficos que o treinamento de resistência pode oferecer para um estilo de vida 
saudáveis e bem-estar físico (LLOYD; OLIVER, 2012).
No entanto, é importante destacar que, assim como qualquer prescrição 
de exercício, esta deve ser feita com cautela e respeitando os limites físicos e o 
estágio maturacional das crianças e dos adolescentes. Por isso, vamos explorar 
agora como o treinamento de força pode ser usado com segurança e eficácia 
para promover o desenvolvimento da força em crianças e adolescentes.
Vamos abordar agora, cada uma das variáveis importantes para o 
treinamento de força. 
6.1.1 Modalidade do Exercício 
Sabe-se que a modalidade de exercício escolhida para o treinamento 
deve levar em consideração variáveis como o tamanho do corpo, o estado de 
maturação, o nível de aptidão física e até mesmo a competência técnica da 
criança e do adolescente. Desde o princípio, as crianças devem iniciar o processo 
de desenvolvimento de força, realizando exercícios que desenvolvam sua massa 
corporal de forma competente e realizar movimentos de corpo inteiro de maneira 
controlada e coordenada (por exemplo, agachamento com peso corporal), flexões 
de braço com peso corporal). 
Entre os modelos de treinamento que podem ser utilizados com crianças 
e jovens destacam-se os exercícios calistênicos, exercícios de peso livre, os 
exercícios de máquina e os exercícios pliométricos sendo que todos possuem 
41
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
pontos positivos e negativos (FAIGENBAUM; WESTCOTT, 2009). Envolver-
se com exercícios no solo, de corpo inteiro e que dependem da carga de peso 
corporal permitirá que os jovens desenvolvam capacidades funcionais essenciais. 
Além disso, são movimentos que envolvem a musculatura como um todo, ativando 
também a musculatura estabilizadora, por exemplo, além de estimularem o 
desenvolvimento do equilíbrio e da coordenação. Somado a isso, são movimentos 
similares aos gestos necessários para o desenvolvimento das tarefas diária, 
permitindo assim que tais atividades sejam realizadas de maneira mais natural. 
Isso servirá para promover futuros ganhos de força no momento em que houver a 
adição de carga e resistência externa (LLOYD; OLIVER, 2012). Após a progressão 
dos exercícios de peso corporal no solo, elásticos, bolas medicinais, treinamento 
em suspensão e, finalmente, pesos livres podem ser utilizados como métodos 
adequados de sobrecarga progressiva. A tabela a seguir apresenta um modelo de 
progressão de treinamento que foi proposto por Kraemer e Fleck (2014). 
QUADRO 6 – CONSIDERAÇÕES PARA O TREINAMENTO DE FORÇA
IDADE CONSIDERAÇÕES
5 – 7
Introdução de exercícios básicos com pouca ou nenhuma 
resistência; desenvolver o conceito de sessão de treinamento; 
ensinar técnicas de exercício; manter volume de treino baixo, 
utilizar exercícios calistênicos de peso corporal. 
8 – 10
Aumento gradual no número de exercícios; aumento gradual na 
carga dos exercícios, manter os exercícios simples; aumentar o 
volume lentamente, monitorar a tolerância ao stress imposto pelo 
exercício. 
11 – 13
Ensinar as técnicas básicas de cada exercício; continuar 
aumentando de forma gradual a carga; ênfase na técnica do 
exercício, introdução de novos exercícios com pouca ou nenhuma 
carga. 
14 – 15
Progredir para programas de treinamento de força mais 
avançados; adicionar componentes específicos do esporte, 
aumentar o volume gradualmente. 
16 ou mais Uma vez que a experiência das fases anteriores foi adquirida, 
esse torna-se o período de entrada para o treinamento de adultos.FONTE: Adaptado de Fleck e Kraemer (2014)
6.1.2 Frequência do Treinamento 
Independentemente da idade do praticante do treinamento de força, sabe-
se que para que o atleta obtenha resultados máximos de seu programa de 
resistência, a tensão muscular precisa ser aplicada com frequência (DUHIG, 
2014). Ao planejar a frequência do treinamento, treinadores e instrutores devem 
ter cuidado ao tentar adotar estratégias de periodização semelhantes às dos 
42
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
adultos. Em vez disso, a variação de um programa de treinamento de resistência 
para jovens pode ser realizada seguindo diretrizes simples. 
Estudos mostram que o treinamento específico de força e potência deve ser 
realizado duas a três vezes por semana em dias não consecutivos (FAIGENBAUM 
et al., 2009), junto com o treinamento físico para outras capacidades físicas. A 
realização do treinamento de força uma vez por semana é considerado abaixo 
do ideal e provavelmente mantém os padrões existentes. Em comparação, 
o treinamento de força realizado duas ou três vezes por semana em dias não 
consecutivos permitirá às crianças uma melhora na capacidade de força e 
potência muscular, além de permitir uma recuperação adequada de 48 a 72 horas 
entre as sessões de treinamento (FAIGENBAUM et al., 2002). 
Em um interessante estudo desenvolvido por Faigenbaum et al. (2002), os 
autores mostraram que treinar duas vezes por semana resulta em um aumento 
maior de força quando comparado com uma vez por semana. Participaram do 
estudo crianças de 7 a 12 anos que realizaram treinamento de força durante um 
período de 8 semanas. Os resultados mostraram que as crianças que treinaram 
duas vezes por semana apresentaram um aumento de 1RM no supino de 11,5%, 
em comparação com 9% (1 x semana), leg press em 24,9 % comparado a 14,2%. 
3.1.3 Intensidade e Volume do 
Treinamento 
Esse componente do treinamento de força pode ser visto como um dos fatores 
mais importantes. intensidade e volume devem ter um impacto significativo na 
estratégia de programação do treinamento de força para jovens, pois não apenas 
regulam a capacidade de desenvolver características de expressão de força, mas 
também podem oferecer o maior risco de lesões ou treinamento excessivo aos 
jovens que participam de exercícios do tipo resistência (DUHIG, 2014). Assim, 
encontrar um equilíbrio apropriado entre uma intensidade (isto é, carga) que induz 
adaptações de força, ao mesmo tempo em que minimiza o risco de lesões nas 
placas de crescimento epifisário e nos tecidos em maturação, é particularmente 
desafiador. 
A placa de crescimento epifisário é a área em que ocorre o crescimento dos 
ossos longos como das pernas e braços. É uma camada de cartilagem hialina 
onde a ossificação ocorre nos ossos imaturos (HERT, 1972). 
Embora seja um evento raro, uma lesão na placa de crescimento que não 
for tratada adequadamente pode fazer com que ocorra o crescimento de ossos 
43
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição de Exercícios para Crianças e Adolescentes Capítulo 1 
tortos, deformados, curtos ou até mesmo levar o desenvolvimento de artrite. 
Por isso, é fundamental que a prescrição seja realizada de maneira adequada. 
Por isso, de maneira geral, cargas mais leves devem inicialmente ser usadas 
no treinamento de força para que possa se enfatizar a utilização de técnicas 
corretas. Embora o volume de treinamento seja determinado ajustando o número 
de séries e repetições executadas para um determinado exercício, não existe 
uma regra rígida que indique que todos os exercícios devem ser realizados para 
o mesmo volume. Nas populações jovens, uma a três séries do mesmo exercício, 
provavelmente, fornecem estímulo de treinamento suficiente. Mais do que isso 
pode acabar desmotivando a criança em função da falta de variedade, afastando 
assim o foco da realização de um exercício com precisão (LLOYD; OLIVER, 
2012). 
Os períodos de descanso entre séries devem permitir uma recuperação 
neuromuscular e metabólica suficiente, a fim de garantir que os exercícios possam 
ser realizados com competência nos exercícios subsequentes. Quando a fadiga 
afeta significativamente a técnica do exercício, os períodos de descanso devem 
ser estendidos para garantir uma recuperação adequada. Isso pode depender em 
grande parte do indivíduo, mas períodos de descanso de 30 a 120 são geralmente 
utilizados (LLOYD; OLIVER, 2012). 
O número de repetições que a população jovem deve realizar para um 
determinado exercício deve ser entre 5 e 20, de acordo com o objetivo e nível de 
treinamento do indivíduo. 
O número de repetição é, em grande parte, um reflexo da carga externa, 
da competência técnica e do esforço físico necessário para executar uma única 
repetição. Ao determinar, inicialmente, o número apropriado de repetições para 
um determinado exercício, estabelecer um 'intervalo de repetição' representa uma 
abordagem adequada. Usando esse método, os exercícios são prescritos para 
um número definido de repetições (por exemplo, entre 15 e 20 repetições). 
Começando com uma carga relativamente leve para desenvolver uma 
técnica correta, permite que a carga máxima que pode ser executada para o 
número necessário de repetições seja determinada pelo aumento progressivo da 
resistência externa. À medida que um indivíduo melhora e é capaz de levantar 
cargas mais pesadas, o número de séries pode ser aumentado (por exemplo, de 
uma a duas séries) ou um intervalo de repetição menor (por exemplo, seis a oito 
repetições) com uma carga mais pesada.
44
 Exercício para crianças, idosos e gestantes
O Quadro 7 apresenta as recomendações básicas para o desenvolvimento 
de força para jovens de diferentes estados de treinamento: iniciante, intermediário 
e avançado. 
QUADRO 7 – ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA
Iniciante Intermediário Avançado
Ação muscular Excêntrica e 
concêntrica
Excêntrica e 
concêntrica
Excêntrica e 
concêntrica
Escolha do exercício Uni articular e 
multiarticular
Uni articular e 
multiarticular
Uni articular e 
multiarticular
Intensidade 50 – 70% de 1 RM 60 – 80% de 1 RM 70 – 85% de 1 RM
Volume
1 ou 2 séries de 10 
-15 repetições
2 ou 3 séries de 8 – 
12 repetições
3 séries ou 
mais de 6 – 10 
repetições
Intervalo 1 min 1 – 2 min 2 – 3 min
Velocidade Moderada Moderada Moderada
Frequência / semana 2 ou 3 vezes 2 ou 3 vezes 3 ou 4 vezes
FONTE: Adaptado de Fleck e Kraemer (2014)
6.2 TREINAMENTO DE VELOCIDADE 
 A velocidade é definida como o menor tempo necessário de deslocamento 
ao longo de uma distância fixa. Em termos práticos, refere-se à capacidade de 
movimentar o corpo o mais rapidamente possível ao longo de uma distância 
definida (HARMAN; GARHAMMER, 2008). Essa variável tem sido vista como uma 
característica determinante do desempenho esportivo em crianças (GRAVINA et 
al., 2008) e adultos. 
Embora existam poucos estudos na literatura acadêmico, sugere-se que 
a velocidade se desenvolva em um processo não linear ao longo da infância e 
adolescência, com a identificação de ganhos rápidos no desempenho no período 
pré-adolescente e adolescente (MALINA et al., 2004). Estes estirões naturais 
de desempenho foram denominados períodos de adaptação acelerada; com o 
estirão pré-adolescente atribuído principalmente ao desenvolvimento neural 
e o que ocorre na adolescência ao desenvolvimento as alterações no sistema 
endócrino (VIRU et al., 1999). As adaptações que ocorrem no sistema nervoso 
central justificam a maioria das mudanças na velocidade observadas durante 
a pré-puberdade. Isso ocorre porque nesse período as crianças refinam seu 
recrutamento motor e coordenação motora (MALINA et al., 2004). 
Uma grande influência maturacional no desenvolvimento da velocidade 
parece provável dado que a adolescência estará associada a aumentos no 
comprimento dos membros, aumento da massa muscular, alterações nas 
45
Prescrição de Exercícios para Crianças e AdolescentesPrescrição

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