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1- A Motivação Para Missões 
 
Você é salvo e está na igreja hoje por causa de algum missionário que veio ao Brasil. A história da 
evangelização do Brasil está intimamente ligada à chegada de missionários estrangeiros no país. Estes 
lançaram as bases da Igreja Evangélica e iniciaram um movimento de conversões; multiplicaram o número 
de pessoas salvas de algumas centenas para milhares, centenas de milhares e, finalmente, a milhões de 
brasileiros. Cada um de nós deve a nossa evangelização a pessoas que vieram de outras culturas, 
principalmente norteamericana e europeia. Somos frutos de projetos missionários que se iniciaram há 
mais de cem anos ou há apenas alguns anos atrás. 
 
Regiões inteiras têm se aberto ao Evangelho nas últimas décadas. Há algumas décadas atrás, grandes 
blocos de países estavam praticamente isolados dos esforços evangelísticos. 
 
Países dos blocos comunista (União Soviética, China, Europa do leste, Cuba e muitos outros lugares) e 
muçulmano (Oriente Médio, África do Norte e outros locais) formavam regiões onde a proclamação do 
Evangelho era proibida e rara. Hoje, em muitos destes países, principalmente nos do antigo bloco 
soviético, o Evangelho tem uma penetração relativamente mais fácil. Mesmo nos países onde ainda existe 
proibição têm-se desenvolvido estratégias para a sua propagação. 
 
Há mais cristãos indo a um número maior de lugares, aprendendo mais línguas, traduzindo a Bíblia para 
um maior número de línguas e implantando mais igrejas nestas últimas décadas do que em qualquer 
outro período da história humana. 
 
Quem é missionário? Às vezes ouvimos que todos os cristãos são missionários. Em um sentido amplo, do 
ponto de vista do envolvimento com missões ou da necessidade de todos levarem o Evangelho às pessoas, 
isto pode ser verdade. Neste sentido, missionário é alguém enviado pela igreja para pregar o Evangelho 
a outros povos de cultura e língua diferentes. 
 
Quando nos referimos a missões e missionários, estamos falando da tarefa de comunicar o Evangelho 
transculturalmente. 
 
Por que as missões transculturais são necessárias? Será que é mesmo necessário nos preocuparmos com 
a evangelização de outros povos? 
 
Razões para se envolver com missões: 
 
1- O caráter de Deus: Seu amor e Sua santidade. O amor de Deus contempla o mundo todo (Jo 3:16), 
o que O levou a enviar Seu Filho para morrer pelos pecados de pessoas que compõem todos os 
povos do mundo. O amor de Cristo nos constrange a levarmos as Boas-Novas a todos os povos. A 
santidade de Deus exige que Ele seja justo e que condene todo pecador. É preciso anunciar o 
Evangelho a todos os povos para que escapem desta condenação. 
2- O mandamento de Cristo: Jo 20:21. 
3- A impulso do Espírito Santo: At 1:8; 4:20. 
4- A condição dos perdidos: Lc 16:23-28. 
 
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Resultados do envolvimento missionário: 
• O comprometimento de uma igreja com missões é o seu termômetro espiritual (exemplo: Igreja 
de Corinto vs. Igreja de Antioquia). Quando se preocupa somente consigo mesma, a igreja se torna 
egoísta e destituída da visão de um mundo perdido. Quando a igreja se mobiliza para cooperar em 
levar o Evangelho a todos os povos, ela está cumprindo um dos propósitos de Deus para a igreja. 
O povo se desperta, a igreja cresce espiritualmente e aumenta a sua generosidade. A igreja que 
contribui generosamente para missões nunca terá falta em casa. 
 
• O envolvimento de todos gera mais recursos para a evangelização mundial: 
– Recursos humanos: quanto mais igrejas e indivíduos se despertam para as necessidades 
dos povos sem Cristo, mais pessoas ouvem e respondem ao chamado do Mestre para 
missões transculturais. Maior é o recrutamento de novos missionários. Não há somente 
novos missionários, mas também voluntários que se disponibilizam para levantar recursos, 
orar, cuidar da parte administrativa, das comunicações, divulgação etc. 
– Recursos financeiros: quanto maior o número de igrejas envolvidas, maior será o 
levantamento de recursos financeiros para a realização da obra de missões transculturais. 
– Recursos tecnológicos: o envolvimento de todos gera mais recursos tecnológicos. 
Voluntários desenvolvem vídeos de divulgação e ajudam a montar sites na internet, 
projetos humanitários etc. 
 
• Purifica os valores do cristão: 
– Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus (Mt 6:33). 
– Priorizar os valores eternos: almas em vez de bens materiais. 
– Disponibilizar o nosso tempo, nossos bens e nossa família para a obra de Deus. 
– Cooperar para alcançarmos o mundo todo. 
 
• Aumenta o envolvimento no evangelismo local. A sensibilização para os povos sem Cristo nos deixa 
mais atentos às pessoas sem Cristo em nossa família, em nossa vizinhança, no nosso trabalho e na 
escola. 
 
Como participar da tarefa missionária? 
• Todo indivíduo é importante. 
 
Exemplo: a multiplicação dos pães (Mt 14:13-21): – Nós fazemos a nossa pequena parte; – Deus 
multiplica os resultados. 
 
 
• Oração 
– Somente a intervenção sobrenatural do Espírito Santo pode realizar a tarefa. O ser humano 
não tem capacidade de convencer povos de diferentes culturas e nem poder para 
transformar vidas. 
– Intercessão por mais obreiros – Mt 9:38. Jesus ordenou que orássemos para que Deus 
mande mais obreiros. Ele ligou a oração à quantidade suficiente de obreiros para realizar 
a tarefa. A oração de alguma forma impulsiona Deus a agir. 
 
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– Oração eficaz necessita de informações atualizadas sobre as necessidades existentes. 
Precisamos nos informar sobre o que está acontecendo no campo onde já existem 
missionários trabalhando. Precisamos pesquisar povos ainda não alcançados pelo 
Evangelho e conhecer suas necessidades. Quanto mais informações tivermos, mais 
eficazes serão as nossas orações. 
 
• Ensino sobre missões. Podemos participar da tarefa missionária passando para outras pessoas 
aquilo que aprendemos. Quanto mais as pessoas estiverem informadas sobre missões, mais se 
envolverão. Precisamos ensinar: 
– Princípios bíblicos relativos a missões; – As necessidades espirituais do mundo; – Como 
cada um pode participar na tarefa. 
 
• Aumentar nosso investimento financeiro. Cada um de nós tem capacidade para aumentar sua 
contribuição financeira para o sustento de missões. Você contribui financeiramente para missões 
transculturais? Se a sua afirmação for positiva, que porcentagem de sua renda vai para missões? 
 
• Recrutar novos missionários. Outra maneira de participar desta tarefa de missões é recrutar novos 
missionários. 
– Na igreja – devemos sempre desafiar a igreja a considerar missões transculturais como uma 
das possibilidades da vontade de Deus para a vida de cada cristão. 
– Adotar missionários. Quando a igreja local não tem seus próprios missionários, pode criar 
parcerias com outros missionários que necessitem de sustento. 
 
A URGÊNCIA do envolvimento missionário: Posição da 
 
Posição da 
Evangelização 
 Mundial Hoje 
Acréscimo hoje 
Acréscimo este 
ano 
Totais até o 
presente 
Aumento da população mundial 
 
209.129 45.246.024 
6.923.470.000 
(quase 7 bilhões) 
Pessoas ouvindo e crendo no 
Evangelho 
 
23.033 4.998.298 764.591.069 
Pessoas ouvindo e não crendo no 
Evangelho 
 
54.752 17.477.706 2.675.742.800 
Pessoas sem uma boa oportunidade 
de ouvir o Evangelho 
80.542 22.770.020 3.483.137.165 
 
• Todos os dias, milhares de pessoas estão morrendo sem Cristo. 
• O tempo útil em que podemos trabalhar está se acabando. Devemos dar os nossos melhores anos. 
• Cristo vai voltar em breve e as oportunidades se acabarão. 
 
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2- A BASE BÍBLICA DE MISSÕES 
 
Missões não têm origem no homem – é uma iniciativa divina. 
Apesar da rebelião do homem, Deus ama as pessoas que criou e busca salvar e restaurar os perdidos. Para 
tanto, criou um plano de redençãopara a humanidade. Ele Se revelou a algumas pessoas que escolheu e 
as incumbiu de levar ao restante da humanidade as Boas Novas do Seu plano de salvação. Ele conclama 
os que Lhe pertencem a comunicarem o Evangelho. O tema de missões não aparece apenas no Novo 
Testamento, mas em toda a Bíblia, desde Gênesis. Apenas algumas destas ocorrências serão examinadas 
a seguir. 
 
ANTIGO TESTAMENTO 
• Deus chamou Abraão e lhe fez promessas (Gn 12:1-3). Entre estas promessas estava a de abençoar 
todas as famílias (nações) da terra através de Abraão (Gn 18:18; 22:17-18). Esta promessa foi 
repetida aos seus descendentes imediatos: Isaque (Gn 26:4) e Jacó (Gn 28:14). 
 
• Deus escolheu a nação de Israel (Êx 6:7; Dt 7:6-8) e alguns indivíduos (Moisés, Josué, Davi, os 
profetas etc) para trabalhar através deles. 
 
• A nação de Israel deveria ser um reino de sacerdotes (Êx 19:6) e uma nação santa (ou separada). 
A função do sacerdote era interceder pelo povo e apresentá-lo a Deus. Os israelitas, como nação, 
deveriam exercer esta função de intermediários junto a Deus e ser o exemplo de como Ele 
desejava que seu povo vivesse (1Rs 8:4143). Infelizmente o povo de Israel não cumpriu totalmente 
esse propósito. 
 
• Deus mostrou Seu poder através dos israelitas (Js 4:23-24), apesar de ser uma nação pequena. O 
êxodo do povo de Israel do Egito estabeleceu a reputação de Deus entre todos os povos da região 
(Js 2:8-9). A sua ajuda e proteção aos hebreus era um sinal da grandeza e majestade do Senhor. 
Os povos viam isso e tremiam. 
 
• Deus também estendeu Sua mão a outras nações e povos. 
o Raabe era cananeia, mas foi poupada da destruição de Jericó. o Rute era moabita, mas 
foi usada para integrar a descendência de Jesus. o Naamã era sírio, mas foi curado 
milagrosamente de uma doença incurável. 
o Os ninivitas, através da pregação de Jonas, tiveram a chance de se arrependerem do 
mal que faziam e Deus adiou a punição que havia preparado para eles. 
 
• O Templo foi construído também para que os estrangeiros o usassem como さ Iasa de o ヴ ação
ざ – Is 56:6-7; 1Rs 8:43. 
 
 
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• Profecia de Isaías sobre o Servo do Senhor (Jesus) – Is 42:6-7 (será luz para os gentios); 43:9-12 
(todas as nações e povos se congregam); 45:22-23 (a salvação é para todos da terra e Ele será 
glorificado em toda a terra); 49:6 (será luz para os gentios e trará salvação até as extremidades da 
terra); 60:3 (as nações se encaminham para a luz) e 66:18-19 (Deus ajuntará as nações e as línguas 
para contemplar a Sua glória e escolherá alguns para serem missionários – anunciando entre as 
nações a glória dEle). 
 
• O testemunho de Nabucodonosor, rei pagão, quanto ao Senhor Deus (Dn 2:47; 4:1-3 e 34-35). 
 
• Os Salmos estão repletos de referências às nações e ao projeto de Deus para todos os povos (Sl 
22:27-28; 47:1-2; 7-8; 65:5; 67:1-7; 98:2-4). Deus tinha a intenção de que o Seu nome fosse 
glorificado entre todos os povos (Sl 18:49; 46:10; 48:10; 57:911; 66;1-4; 72:17-19; 86:9; 96:1-3; 
100:1; 108:3-5; 113:4; 117:1). 
 
 
NOVO TESTAMENTO 
Ministério de Jesus 
• João 10:14-17 – さ Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, 
assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda 
tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; 
então, haverá um rebanho e um pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para 
a reassumir.ざ. As ovelhas ケ ue ミ ão são さ deste ap ヴ isIo ざ ふ os judeus ぶ são os ge ミ tios, 
isto é, todos ケue ミ ão são judeus. Jesus pretendia fazer de todas as Suas ovelhas (judeus e gentios) 
um só rebanho e Ele seria o Supremo Pastor sobre todas as ovelhas. 
 
• Durante seu ministério terreno, Jesus cuidou de muitos que não eram judeus. Apesar de Seu 
enfoque principal ter sido o povo judeu, Ele ministrou a pessoas de outras etnias também: à 
mulher samaritana (Jo 4), à mulher siro-fenícia (cananeia –Mc 7:26-30), a um surdo e gago do 
território de Decápolis (Mc 7:31-36) e a um gadareno (geraseno) endemoninhado (Lc 8:26-36). 
 
 
A Grande Comissão 
Muito mais poderia ser dito a respeito do ministério de Jesus e de como estendeu a mão aos gentios, no 
entanto, as referências mais marcantes de Jesus a respeito da missão do cristão para alcançar as nações 
se encontram no que é conhecido como さ A G ヴ a ミ de Co マ issão ざ. Temos cinco versões, uma em 
cada Evangelho e mais uma no livro de Atos: 
• Mateus 28:18-20 – A Grande Comissão tem o respaldo da autoridade de Jesus. Missão não é 
realizada devido à nossa presunção ou iniciativa, mas sob a autoridade e ordem de Jesus. A única 
ordem dada aqui (no grego ぶ é さ fazei discípulos ざ. Os discípulos são formados ao ir a todas as 
nações e estas devem ser ensinadas. A atividade missionária será realizada com a presença e ajuda 
de Cristo até ao fim desta era. 
• Marcos 16:15 – O さ ide ざ, neste versículo, é u マ a o ヴ de マ. Deve マ os i ヴ さ por todo o mundo
ざ p ヴ ega ミ do o Evangelho a todos, sem distinção de etnia, condição socioeconômica ou religião. 
 
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• Lucas 24:44-49 – A missão é realizada em nome de Cristo e o conteúdo é a pregação da 
necessidade de arrependimento para remissão de pecados. Esta pregação deve se ヴ feita さ a 
todas as nações ざ. 
• João 20:21b – Somos enviados pelo próprio Jesus Cristo. O modelo é o envio dEle pelo Pai. 
• Atos 1:8 – A missão é realizada através do poder do Espírito Santo que nos capacita a sermos Suas 
testemunhas. A amplitude do nosso testemunho deve ser tanto local, quanto regional, nacional e 
até aos locais mais longínquos do planeta. 
 
 
Atos e as Epístolas 
• O livro de Atos (história dos primeiros 30-35 anos da Igreja) nos mostra a Grande Comissão sendo 
cumprida pelos discípulos pelo poder do Espírito Santo. 
• A partir do dia de Pentecostes, a igreja em Jerusalém começou a se multiplicar rapidamente. Já no 
primeiro dia três mil pessoas se converteram e foram batizadas (At 2:41). Logo o número subiu 
para cinco mil (At 4:4) e a cada dia mais pessoas eram acrescentadas (At 5:14; 6:7; 9:31; 12:24). 
• Com a perseguição, os cristãos se espalham principalmente para outros lugares da Judeia e da 
Samaria (At 8:1). Por toda parte aonde iam, os cristãos pregavam a Palavra (At 8:4). Filipe, Pedro 
e João evangelizaram a região da Samaria (At 8:5-25). 
• Pedro é enviado a Cesareia para pregar o Evangelho aos gentios da casa do centurião romano 
Cornélio. Nesta ocasião Pedro reconhece que Deus não faz acepção de pessoas e que o Evangelho 
é para todas as nações (At 10:34-35). 
• A evangelização não ficou somente no âmbito da Samaria, mas se expandiu até a Fenícia, Chipre e 
Antioquia, na Síria. No início esta evangelização era feita somente para outros judeus (At 11:19-
20), mas em Antioquia começaram a evangelizar também os gentios (gregos). Muitos se 
converteram em Antioquia e uma igreja multiétnica se desenvolveu (At 11:21 e 24; 13:1). Esta 
igreja tornou-se missionária, enviando seus líderes em viagens missionárias por outras nações (At 
13:2-3). 
• Estas viagens missionárias de Paulo e seus companheiros, com a pregação do Evangelho, resultam 
em conversões e na implantação de igrejas por toda a Ásia Menor (hoje Turquia), Europa (hoje 
Grécia) e ilhas do Mediterrâneo (Chipre e Creta). 
• Finalmente os missionários chegam a Roma, capital do Império Romano, onde já existe uma igreja. 
• Igrejas em cidades como Filipos, Tessalônica e Éfeso passam a ser igrejas missionárias. 
 
 
Princípios da Expansão Missionária: 
• Identificação com os perdidos: os missionários neotestamentários buscavam os perdidos onde 
estavam. 
• Ligação estreita co マ u マ a igreja さ e ミ viadora ざ: os missionários voltavam à igreja enviadora e 
prestavam contas do trabalho realizado (At 14:26-28). 
 
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• Prioridade para as cidades importantes: Paulo e sua equipe demissionários escolheram 
estrategicamente evangelizar as cidades do Império Romano que eram grandes centros de 
administração, economia, cultura e religião. 
• Batismo, discipulado e envolvimento dos convertidos: em praticamente todas as cidades por onde 
passaram pregando o Evangelho, pessoas se converteram, foram batizadas, discipuladas e 
lideranças locais foram escolhidas (At 14:21-23). 
• Liderança em equipe: Paulo trabalhou em equipe. Muitos foram os seus 
companheiros e ajudantes: Barnabé, Silas, Timóteo, Tito, Lucas, Priscila, Áquila e outros (ver 
também At 20:4). 
 
 
O Evangelho é para todos os povos: 
• Jesus é o único meio de salvação para todas as pessoas em todos os lugares (Jo 14:6; At 4:12; 1Tm 
2:5-7). 
• O Evangelho traz salvação a todos os que creem, tanto judeus quanto gentios (Rm 1:16; 9:13). 
• Fomos feitos embaixadores de Cristo para trazer reconciliação a todos (2Co 5:17-21). 
• Para que o Evangelho seja eficaz, é necessário que seja pregado por pessoas enviadas para esse 
fim (Rm 10:14-15). 
• Todas as nações (povos) e todas as línguas adorarão ao Senhor Jesus (Fp 2:9-11; Ap 5:9-10; 7:9-
10). 
 
3- A História de Missões 
 
A história de missões é muito extensa e intrigante. É impossível contar todas as histórias de todos os povos 
e movimentos missionários nestes últimos dois milênios. O que vamos tentar fazer é um breve resumo 
destes acontecimentos, sendo necessário deixar de relatar muitos detalhes. 
 
Winter salienta que ao longo de toda a história da propagação da Palavra de Deus e da expansão do 
Cristianismo, isto nem sempre se deu pela obediência voluntária de Seu povo. Mesmo quando o povo de 
Deus não se mobilizou para levar a Palavra transculturalmente, Ele ainda agiu para que os povos do 
mundo O conhecessem. Winter fala de quatro mecanismos que Deus tem usado através da histó ヴ ia pa
ヴ a leva ヴ a sua さ história ざ aos confins da terra. 
 
1. Ida voluntária (pessoas que intencionalmente saem de sua cultura para levar a Palavra de Deus a 
outra cultura). 
2. Ida involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente e desta forma levaram a 
Palavra de Deus consigo). 
3. Vinda voluntária (pessoas de outras culturas que vieram para dentro da cultura do povo de Deus 
e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra). 
 
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4. Vinda involuntária (pessoas que foram deslocadas involuntariamente para dentro da cultura do 
povo de Deus e ali ficaram conhecendo a Sua Palavra). 
 
O quadro da página seguinte ilustra como em todas as épocas Deus tem Se utilizado destes quatro 
mecanismos para Se fazer conhecer pelos povos da terra. 
 
MECANISMO ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO 
IGREJA ATÉ OS 
ANOS 1.800 
ERA MISSIONÁRIA 
MODERNA 
Ida voluntária 
Centrífuga 
(Expansiva) 
• Abraão para 
Canaã 
• Os profetas 
menores pregaram a 
outras nações próximas 
de Israel 
• Fa ヴ iseus: さ
rodeais o mar e a terra 
para fazer um prosélito
ざ 
(Mt 23:15) 
• Jesus em 
Samaria 
• Pedro e 
Cornélio 
• Paulo e 
Barnabé em viagens 
missionárias 
• testemunho 
de outros cristãos na 
Babilônia, Roma, 
Chipre etc. 
• Patrício para 
a Irlanda 
• Celtas 
peregrinam 
pela Inglaterra e 
Europa 
• Frades vão 
para 
China, Índia, Japão e 
América 
• Morávios vão 
para a América do 
Norte 
• William Carey 
e outros missionários 
da 1a Era 
• Hudson 
Taylor e os 
missionários da 2a Era 
• Terceira Era 
até o presente 
Ida 
involuntária 
Centrífuga 
(Expansiva) 
• José vendido 
como escravo ao Egito 
testemunha ao Faraó 
• Noemi 
testemunha a Rute em 
Moabe por causa da 
fome 
• Jonas – o 
missionário relutante a 
Nínive 
• a menina 
hebraica 
levada à casa de 
Naamã 
• os exilados 
hebreus testificam na 
Babilônia (Daniel, 
Ester) 
• Jeremias como 
profeta às nações 
• A perseguição aos 
cristãos os forçou a 
deixar a Palestina e 
foram dispersos por 
todo Império Romano 
e até mais adiante. 
• Úlfila foi 
vendido como 
escravo aos godos 
• o bispo Ário 
quando exilado foi 
às regiões dos godos 
• Cristãos 
capturados 
convertem os 
vikings 
• Soldados 
cristãos foram 
enviados por Roma 
à Inglaterra, 
Espanha etc. 
• Peregrinos 
e puritanos que 
foram forçados a ir 
para a América do 
Norte 
evangelizaram os 
indígenas ali 
• Soldados 
cristãos que lutaram 
ao redor do mundo 
voltaram para 
começar 150 novas 
agências 
missionárias 
• Cristãos 
ugandenses fugindo 
das atrocidades em 
seu país foram parar 
em outras partes da 
África 
• Cristãos 
coreanos fugiram 
para o sul, onde 
haviam poucos 
cristãos e mais tarde 
foram enviados para 
trabalhar na Arábia 
Saudita, Irã e outros 
países. 
 
9 
 
Vinda 
voluntária 
Centrípeta 
(Atração) 
• O sírio Naamã 
veio ver Eliseu 
• A Rainha de 
Sabá 
veio à corte de 
Salomão 
• Rute escolheu 
deixar 
Moabe para ir a Judá 
• Magos saíram 
do 
Oriente para ir a Judá 
(Mt 2) 
• Gregos 
procuraram Jesus 
• Cornélio 
mandou chamar Pedro 
• Um 
macedônio chama 
Paulo 
• Os godos 
invadem a Roma 
cristã e 
aprendem sobre a fé 
cristã 
• Vikings 
invadem a Europa 
cristã e 
eventualmente se 
convertem 
• Influxo de turistas, 
estudantes e pessoas 
de negócios no 
Ocidente 
cristianizado 
Vinda 
involuntária 
Centrípeta 
(Atração) 
• O rei da Assíria 
trouxe povos pagãos 
para habitar em Israel 
(2Re 17) 
• O exército romano 
ocupou e infiltrou a 
região da Galileia 
• Escravos foram 
trazidos da África 
para as Américas 
• Refugiados 
políticos (países 
comunistas, ditaduras 
etc.) 
• Refugiados 
de guerras, 
desastres naturais 
etc. 
 
Existem muitas maneiras de se classificar a história de missões e da propagação do Evangelho pelo mundo 
todo. Usaremos aqui uma classificação de Bill Jones, que divide a história da propagação do Cristianismo 
em quatro períodos: 
 
1. Período romano (33-476 d.C.) 
2. Período medieval (476-1.517 d.C.) 
3. Período da Reforma (1.517-1.792 d.C.) 
4. Período moderno (1.792 até o presente) 
 
Período romano (33-476 d.C.) 
 
Ascensão 
(30/33) 
1a 
viagem 
de 
Paulo 
(4849) 
2a 
viagem 
de 
Paulo 
(5052) 
3a 
viagem 
de 
Paulo 
(5357) 
Fim da 
Era 
Apostólica 
(100) 
Martírio 
de 
Policarpo 
(156) 
Edito de 
Milão de 
Constantino 
(313) 
Constantino 
reúne o 
Concílio de 
Niceia 
devido ao 
ensino de 
Ário que 
dizia 
que Jesus 
não era 
Deus (325) 
Bizantina se 
torna 
Constantinopla, 
capital do 
Império 
Romano 
Oriental 
(330) 
Úlfilas 
inicia 
sua 
missão 
aos 
godos 
(341) 
Patrício 
chega à 
Irlanda 
(432) 
Queda 
de 
Roma 
(476) 
 
Vimos que Jesus deixou uma missão aos Seus discípulos para que fossem testemunhas em Jerusalém, 
Judeia, Samaria e até os confins da terra. Os discípulos tinham uma missão bastante abrangente. A Bíblia 
não nos informa sobre o ministério de todos os discípulos/apóstolos após o dia de Pentecostes, mas a 
tradição nos informa que cada um deles exerceu um ministério em regiões bem distantes da Palestina, 
onde pregaram o Evangelho e estabeleceram igrejas. 
 
 
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O apóstolo Paulo se converteu e foi em especial comissionado por Deus para a pregação do Evangelho 
entre os gentios, principalmente onde o Evangelho ainda não havia chegado (veja At 22:12-15, 21; Rm 
15:15-16, 21). A estratégia utilizada por Paulo foi a de formar uma equipe com vários colaboradores. Ele 
fez várias viagens, passando tanto por locais pioneiros, onde o Evangelho ainda não havia sido pregado, 
como também voltando às cidades anteriormente evangelizadas para ensinar e encorajar os fiéis. 
Havendo uma sinagoga nas cidades onde ainda não havia uma igreja, Paulo ali entrava para explicar as 
Escrituras aos judeus que já possuíam certo conhecimento da Palavra de Deus. Invariavelmente ele era 
expulso da sinagoga e voltava sua atenção para a pregação aosgentios (os povos que não eram judeus). 
Com os convertidos da localidade,uma igreja local era assim estabelecida e ele continuava sua viagem. 
 
Em alguns locais Paulo passou mais tempo ensinando e preparando líderes para continuar a tarefa de 
evangelização e pastoreio do rebanho local (Antioquia, Éfeso, Corinto etc). Fica claro que sua estratégia 
era primeiramente alcançar as cidades mais importantes, estabelecendo ali uma igreja forte, de onde o 
restante da região pudesse ser alcançado. 
Úlfilas foi um dos maiores missionários da Igreja antiga. Seu ministério foi entre os godos, u マ a et ミ ia さ
Há ヴ Ha ヴ a ざ, que vivia fora do Império Romano onde é hoje a Romênia. Ele nasceu em 311 d.C. e foi 
criado na cultura pagã dos godos. Acredita-se que sua mãe fosse gótica e seu pai, um cristão da Capadócia 
que fora levado cativo por uma invasão gótica. Quando tinha pouco mais de vinte anos foi enviado a 
Constantinopla para trabalhar no serviço diplomático. Durante os anos em que ali esteve, foi influenciado 
pelo Bispo Eusébio, um ariano, passando, então, a divulgar a doutrina ariana. 
 
Aos trinta anos, depois de passar quase dez anos em Constantinopla, Úlfilas foi consagrado bispo aos 
godos que viviam ao norte do Rio Danúbio. Aparentemente já existiam alguns cristãos, pois, do contrário, 
ele não teria sido nomeado bispo. Entretanto, o interesse maior de Úlfilas era a evangelização e ele o fez 
durante 40 anos. Seu trabalho foi bem-sucedido, mas marcado por muita perseguição. Sua maior obra foi 
a tradução da Bíblia para a língua nativa dos godos. A língua era oral, portanto Úlfilas precisou 
primeiramente desenvolver um alfabeto para, então, começar a tradução. Esta foi a primeira ou talvez a 
segunda vez de que se tem notícias de um missionário cristão ter desenvolvido um alfabeto para poder 
traduzir as Escrituras. Úlfilas morreu aos 70 anos de idade e seus sucessores continuaram a tarefa da 
evangelização dos godos. 
 
Patrício (São Patrício: 389-461 d.C.) não era nem católico romano e nem irlandês, no entanto, seu nome 
está estreitamente ligado ao catolicismo irlandês. Foi canonizado pela Igreja Católica Romana cerca de 
duzentos anos após sua morte para influenciar a Igreja Celta a se unir à Igreja Romana. Patrício nasceu 
em família cristã na província romana da Bretanha em 389 d.C. Seu pai era diácono e seu avô, sacerdote 
na Igreja Celta. Isto se deu antes da dominação romana, quando a maioria do clero era casada. Quando 
ainda jovem, sua cidade foi invadida por um grupo de irlandeses e a maior parte dos meninos foi 
sequestrada e vendida como escravos, incluindo Patrício. Durante seis anos cuidou de uma manada de 
porcos. 
 
Apesar de nascido em família cristã, Patrício não tinha uma fé pessoal em Deus. Durante os anos de 
escravidão, passou a refletir sobre sua condição espiritual e consequentemente sua vida mudou. 
Conseguiu fugir de seu senhor e voltar à Bretanha. De lá Patrício foi para a Ilha de São Honorato, na costa 
da Riviera francesa, onde ficou recluso em um monastério durante algum tempo. De volta à Bretanha 
relata ter sido chamado por Deus para voltar à Irlanda. 
 
 
11 
 
Quando chegou à Irlanda em 432 d.C., existiam alguns cristãos isolados, mas a grande maioria deles era 
pagã: adoravam o sol, a lua, o vento, a água, o fogo e as rochas, acreditando que toda sorte de bons e 
maus espíritos habitavam as árvores e os montes. A magia e o sacrifício (incluindo o sacrifício humano) 
faziam parte dos ritos religiosos praticados pelos druidas e sacerdotes pagãos. 
 
Patrício morreu em 461, após 30 anos de evangelização, deixado 200 igrejas organizadas e cerca de 
100.000 batizados. A religião druida sofreu um sério revés e foi substituída pelo Cristianismo. 
 
Durante o período de domínio romano, a Igreja obteve um forte crescimento, como se lê nos testemunhos 
de Justo Mártir (150 d.C.), Tertuliano (200 d.C.), Orígenes (250 d.C.) e na citação abaixo, de Eusébio (325 
d.C.): 
Ao final do período romano, a Igreja Cristã se estendia do Mediterrâneo à Índia. 
 
Período medieval (476-1517 d.C.) 
Fatos 
históricos 
(476) 
queda 
de 
Roma 
 (800) 
Carlos 
Magno 
coroado 
imperador 
(962) A 
coroação 
de Oto 
inicia o 
Santo 
Império 
Romano 
(1260) 
Marco Polo 
vai à China. 
(1269) Kublai 
Khan pede 
missionários 
(1300) 
Início da 
Renascen 
ça 
(1492) 
Colombo parte 
rumo à 
América 
(1517) 
as 95 
teses de 
Lutero 
Celtas 
(500800) 
 (563) 
Columba 
chega à 
Inglaterra 
(718) 
Bonifácio 
chega à 
Alemanha 
 
Nestorianos 
(480-1250) 
 
Ortodoxos 
(800-1100) 
 (869) 
Morre 
Cirilo 
(885) 
Morre 
Metódius 
 
Católicos 
(1209 em 
diante) 
 (1209) 
Francisco de 
Assis funda a 
Ordem 
Franciscana 
(1215) 
Surgimento 
da ordem 
dos 
dominicanos 
(1315) 
Martírio 
de 
Raymond 
Lull 
 
Islã (622 em 
diante) 
 (732) 
Batalha de 
Tours; 
mouros 
derrotados 
 (1095) 
Início das 
Crusades 
 (1291) Film 
das Crusades 
 (1453) 
Constantinopla 
passa a ser 
Istambul 
(1492) 
Mouros 
expulsos 
da 
Espanha 
Precursores 
da Reforma 
Protestante 
 (1170) Peter 
Waldo 
 (1385) 
Morre 
John 
Wycliffe 
(1415) John 
Huss é 
queimado 
 
 
 
 
Os três impérios principais deste período foram: 
• o islâmico (de 622 até depois de 1517 d.C.), 
• o oriental (Bizantino, grego – 476-1453 d.C.) e 
o ocidental (germânico) o Carlos Magno (800-846 d.C.) – seus filhos dividiram o império 
em três partes (basicamente França, Alemanha e norte da Itália), o Santo Império 
Romano (962 d.C. em diante) – a facção alemã. 
 
12 
 
 
Durante este período da história houve quatro movimentos missionários que são dignos de nota. 
 
1. A Igreja Celta 
O fato de os monges itinerantes celtas terem evangelizado boa parte da Bretanha e da Europa Central e 
Ocidental é uma das grandes façanhas missionárias de todos os tempos. Os irlandeses nunca foram 
conquistados pelos romanos, mas se tornaram os instrumentos pelos quais muitos dos invasores do 
Império foram evangelizados. Um Cristianismo celta vibrante surgiu na Irlanda e não era dependente do 
favor imperial para sua sobrevivência, sendo independente do Papa em Roma, tanto em estrutura quanto 
em doutrina. A igreja celta reteve algum fervor do Cristianismo apostólico em sua visão missionária, que 
foi perdida pelos centros de poder do mundo cristão. Apesar de independente de Roma, duzentos anos 
após o Concílio de Whitby em 664 d.C., a autoridade papal começou a se impor adotando dois dos heróis 
do Cristianismo celta. 
 
A. Columba (São Columba) – Da Irlanda à Inglaterra 
Um dos missionários celtas mais famosos foi Columba, nascido em família nobre irlandesa em 521 
d.C. e criado na fé cristã. Ainda jovem entrou para um monastério e foi ordenado diácono e depois 
sacerdote. Seu zelo evangelístico tornou-se logo evidente, sendo responsável pela implantação de 
várias igrejas e monastérios na Irlanda. Apesar de ser considerado santo, era também briguento. 
Envolveu-se em uma batalha contra o rei, onde morreram 5.000 homens. Em 563 d.C., aos 42 anos 
de idade, fugiu da Irlanda e jurou converter o mesmo número de almas quanto daqueles que 
haviam perdido a vida em batalha. 
 
Columba causou grande impacto na Bretanha, estabelecendo-se na Ilha de Iona, na costa da 
Escócia, onde construiu um monastério. Ali preparou evangelistas que saíram pregando o 
Evangelho, construindo igrejas e outros monastérios. O próprio Columba saía em viagens 
evangelísticas, quando muitos se convertiam. Como Patrício, também precisou enfrentar a magia 
dos druidas com o poder de Deus. 
 
B. Bonifácio – da Irlanda à Alemanha 
Bonifácio foi pregar aos povos germânicos pagãos. Empregou um estilo agressivo, desafiando os 
seus deuses, demolindo altares, cortandoárvores sagradas e construindo igrejas em locais 
considerados santos pelos pagãos. Bonifácio se comunicava na língua do povo. Trouxe freiras da 
Inglaterra, construiu monastérios e 
recrutou monges entre o povo local. Seu sustento, em ofertas, vinha da Irlanda, para onde também 
enviava relatórios. 
 
2. A Igreja Nestoriana 
Poucos conhecem a história da expansão missionária desenvolvida por estes cristãos. No ano 1.000, os 
nestorianos haviam se espalhado da Síria ao Irã e Iêmen, atravessando em seguida a Ásia Central, a 
Mongólia, o Tibet, a China e partes da Índia, Tailândia e Burma. Seus números chegavam a 12 milhões de 
membros associados a igrejas em 250 dioceses. No século 13 havia 72 patriarcas metropolitanos e 200 
bispos na China e regiões adjacentes. Representavam 24% dos cristãos da época e formavam 6% da 
população da Ásia. 
 
 
13 
 
Nestório foi bispo de Constantinopla até ser excomungado por heresia em 430 d.C. em um sínodo em 
Roma. As razões de sua excomunhão não foram somente teológicas, mas também culturais e políticas. 
Este foi um período de disputa teológica intensa quanto à relação do divino e do humano na pessoa do 
Senhor Jesus Cristo. O Credo Niceno definiu Jesus como sendo tanto divino quanto humano. Os 
monofisitas (como os da Igreja Ortodoxa Copta no Egito e na Etiópia) enfatizavam o aspecto divino de 
Cristo e os nestorianos, o Seu aspecto humano. Os nestorianos efetivamente criam que Jesus era 
constituído de duas pessoas e que Suas naturezas divina e humana nunca se uniram. 
 
Devido a esta posição teológica foram considerados hereges e banidos do Império Romano, fugindo para 
o Iraque e o Irã. Nem todos os cristãos destes países mantinham esta crença, mas o restante dos cristãos 
os ignorou, considerando-os hereges. A partir de 640 d.C. e durante 600 anos pouco se soube no Ocidente 
o que ocorria no Oriente por causa da barreira muçulmana. 
 
Apesar das dificuldades que enfrentava, a Igreja Nestoriana se dispôs a atravessar cadeias montanhosas 
(as mais altas do mundo) em longas e extenuantes viagens para pregar o Evangelho. Levou consigo muito 
conhecimento bíblico e teológico, estabeleceu monastérios missionários semelhantes aos da Igreja Celta 
e aprenderam várias línguas novas, para as quais traduziram as Escrituras. 
 
Este movimento entrou em declínio e, em 1500 d.C., quase não existia mais. O que aconteceu? 
Internamente a Igreja sofreu com o formalismo (ritualismo), o sincretismo (mistura com outras religiões) 
e o conformismo com o mundo. Externamente o movimento sofreu muita pressão política e religiosa dos 
imperadores taoístas da China, dos muçulmanos e dos mongóis que sistematicamente exterminavam os 
cristãos. Hoje permanece apenas um remanescente apático e passivo deste cristãos, com menos de 200 
mil membros nos países do Oriente. 
 
3. A Igreja Ortodoxa 
É a igreja associada à capital oriental do Império Romano (Constantinopla), que oficialmente separou-se 
da igreja ocidental (Roma) em 1054 d.C. Os missionários ortodoxos mais famosos foram dois irmãos: 
Constantino (conhecido mais tarde como Cirilo, 825-869 d.C.) e Metódius (c. 815-885 d.C.). 
 
Esta foi uma época em que religião e política se misturavam muito e houve intensa disputa entre as igrejas 
Ocidental (Roma) e Oriental (Constantinopla). O rei da Bulgária pediu missionários a Roma e o rei da 
Morávia (Eslováquia) pediu missionários à Igreja Oriental. Léo III enviou os irmãos Constantino e 
Metódius. Antes mesmo de partirem de Constantinopla, haviam tomado a decisão de que a evangelização 
seria feita na língua eslava e assim desenvolveram um alfabeto para a língua que serve de base para as 
línguas eslavas até os dias de hoje. 
 
Roma insistia no uso do latim como a única língua a ser usada na liturgia. A vantagem foi a unidade que 
trouxe à igreja. A desvantagem é que o povo quase nada compreendia nos cultos. Já a atitude da Igreja 
Oriental foi totalmente diferente, encorajando os povos a usarem a língua materna e a construírem uma 
igreja dentro de sua própria cultura e língua. A influência da língua grega sempre foi profunda, mas a 
liberdade dada às igrejas regionais contribuiu para manter a unidade da Igreja Ortodoxa. 
 
As sementes lançadas pelos irmãos Constantino e Metódius, fizeram brotar e formaram uma árvore que 
cresceu a partir da Bulgária, passando pelos países eslovacos, Rússia e parte da Romênia. 
 
 
14 
 
4. A Igreja Católica Romana 
A Igreja Ocidental, sob a liderança papal, estava mais inclinada a disseminar o Cristianismo pela pressão 
política e ação militar do que pela evangelização através da pregação do Evangelho. Este padrão surgiu 
durante a Idade Média e após a queda do Império Romano Ocidental. O desafio do poderio muçulmano 
reforçou esta atitude, pois os muçulmanos haviam tomado todas as terras cristãs do Oriente Médio e da 
África do Norte e estavam constantemente ameaçando a Europa. O resultado trágico deste pensamento 
culminou na crueldade das Cruzadas contra o Islã na Palestina e a Inquisição contra muçulmanos, judeus 
e, mais tarde, contra protestantes. 
 
O Islã foi um desafio ao Cristianismo. Seu fundador, Maomé, nasceu em Meca em 570 d.C. Os árabes 
adoravam centenas de deuses. Maomé teve uma experiência religiosa da qual disse ter recebido uma 
visão do anjo Gabriel, que o comissionou a pregar contra a idolatria. Em três anos conseguiu poucos 
adeptos e teve que fugir em 622 d.C. para Medina devido a fúria da população com a sua pregação. Esta 
data marca o início do Islamismo. Maomé roubava caravanas rica e, com isso, formou um exército; voltou 
à sua cidade natal e a conquistou. Destruiu todos os ídolos da Kaaba, menos uma pedra preta. 
 
Maomé continuou pregando e, com sua vitória em Meca, seus ensinamentos se espalharam rapidamente. 
Quando morreu, em 632 d.C., toda a Arábia havia aceitado seus ensinos. O Islamismo se alastrou 
rapidamente, em especial através da conquista militar. Antes do ano 700 os muçulmanos já haviam 
conquistado a Palestina, tornando Jerusalém uma das três cidades sagradas do Islamismo, juntamente 
com Meca e Medina, na Arábia. A conquista continuou por todo o norte da África, avançando em seguida 
pela Espanha e Portugal (mouros). O avanço foi contido no sul da França na Batalha de Tours em 732 
(foram expulsos somente em 1492). Um novo avanço foi realizado pelo Oriente através da conquista de 
Constantinopla (nome foi mudado para Istambul). A conquista da Europa foi contida nas portas de Viena 
em 1529. A conquista da Ásia foi contida em 1564 d.C. 
 
Foram batalhas sangrentas que serviram para aumentar uma inimizade entre as duas religiões que 
perdura até os dias de hoje. 
 
Esforços missionários neste período incluíram Francisco de Assis (1181-1226), que, antes do final das 
cruzadas, foi em amor pregar ao sultão muçulmano. Raymond Lull (1232-1315) foi um monge franciscano 
que dedicou toda sua vida à evangelização dos muçulmanos. 
 
Um religioso francês do final do século XII, Peter Waldo, pregava uma mensagem de arrependimento e 
vida simples. Criticava a elite da Igreja Católica por considerá-la corrupta e discordava de muitas de suas 
práticas. Traduziu sem autorização a Bíblia para a língua da povo, pois somente o latim era autorizado. 
Sua mensagem foi bem aceita pelo povo da França, Espanha, Itália e Alemanha. A Igreja Católica 
excomungou os waldenses, como eram chamados os seguidores de Peter Waldo, e os perseguiu, 
massacrando a maioria. Somente conseguiram sobreviver alguns poucos nos Alpes Italianos. 
 
Na Boêmia, John Huss foi influenciado pelos escritos de John Wycliffe e veio a enxergar as inconsistências 
entre a doutrina católica e a Bíblia, passando a criticar a Igreja Católica. Escreveu muitos artigos e pregou 
incansavelmente contra os abusos da Igreja. Em 1415, ele foi sentenciado pela Igreja Católica e condenado 
a morrer na fogueira.15 
 
Período da Reforma (1517-1792 d.C.) 
 
1. A expansão católica 
Vários fatores contribuíram para a expansão católica. As ordens monásticas, principalmente os 
franciscanos, dominicanos e jesuítas, supriram um exército de missionários e uma estrutura eficiente para 
o envio e controle deste contingente. A descoberta das Américas e da rota ao sul da África dando acesso 
à Ásia, juntamente com o domínio marítimo da Espanha e de Portugal, possibilitaram a evangelização 
mundial. O terceiro fator foi o choque sofrido na Europa pela Reforma Protestante, que impulsionou os 
países católicos a conquistarem outros territórios. 
 
PROTESTANTES 
1517 As 
95 teses 
de Lutero 
 Peregrinos 
(Separatistas 
da Igreja da 
Inglaterra) 
Puritanos 
(da Igreja 
da 
Inglaterra) 
1705 
fundação 
da Missão 
Danish- 
Haile 
1732 
Moravianos 
iniciam 
missão 
Grande 
Avivamento 
1792 
William 
Carey 
parte 
para a 
Índia 
ORTODOXOS 
CATÓLICOS 
1534 
Inácio de 
Loyola 
funda a 
Ordem dos 
Jesuítas 
1847 
Bartolomeu 
de las Casas 
deixa a 
América 
(Dominicano) 
1549 
Francisco 
Xavier no 
Japão 
(Jesuíta) 
1593 
Mateo 
Ricci na 
China 
(Jesuíta); 
Roberto 
de Nobili 
na Índia 
(Jesuíta) 
 
 
MUÇULMANOS 
1529 
Avanço de 
Suleiman o 
Magnífico 
contido em 
Viena 
 
 
A expansão católica se deu também por meio de interesses políticos, comerciais e econômicos. Os meios 
de evangelização e conversão de povos indígenas das Américas, África e Ásia pela força e pela intimidação 
eram muitas vezes escandalosos, mas produziram resultados. Espanha e Portugal chegaram a ter 1% de 
sua população envolvida com a evangelização além-mar. A expansão católica diminuiu durante os séculos 
XVII e XVIII, mas voltou a crescer nos séculos XIX e XX. 
 
Mais uma vez vemos que a estrutura monástica iniciou e sustentou o esforço missionário, principalmente 
as ordens que deliberadamente se estruturaram para serem móveis e para treinarem monges para pregar 
e converter os pagãos (e hereges). 
 
2. A Reforma: o nascimento do Protestantismo pela Reforma impulsionasse as igrejas protestantes da 
Europa a levarem o Evangelho até os confins da terra durante um período de exploração e colonização 
mundial que se iniciou para volta de 1500. Mas este não foi o caso. [...] Por que as igrejas protestantes 
demoraram tanto para iniciar o seu programa マ issio ミ á ヴ io?ざ 
 
Razões: 
 
16 
 
▪ Teológica: os líderes acreditavam que a Grande Comissão fosse somente para os apóstolos. 
▪ Eclesiástica: as igrejas eram pequenas e tinham muito conflito interno. 
▪ Geográfica: o isolamento da Europa protestante dos campos missionários. A evangelização ficou 
mais por conta dos países católicos da Espanha e Portugal. 
▪ Estrutural: os protestantes não possuiam ordens monásticas como as dos monges católicos. 
 
3. Os movimentos missionários que lançaram as bases para o movimento moderno de missões 
 
A. O movimento pietista. Foi somente no século XVIII que os Protestantes começaram a acordar para 
a sua responsabilidade de evangelização daqueles sem o conhecimento do Evangelho. Entre os 
primeiros a reconhecerem esta responsabilidade encontramos os pietistas luteranos Philip 
Spencer (1635-1705) e Hermann Francke (1663-1727). Francke, professor na Universidade de 
Halle, transformou a universidade em escola de treinamento para evangelismo e missões. 
 
O Rei Ferdinand IV da Dinamarca pediu ajuda à Universidade de Halle para o envio de missionários 
às regiões da costa sudeste da Índia, controladas por ele. Desta iniciativa nasceu a Missão Danish-
Halle em 1705. Os primeiros missionários a chegarem à Índia foram Bartholomew Ziezenbaleg e 
Henry Plütschau. O mais famoso dentre eles foi Christian Frederick Schwartz que chegou à Índia 
em 1750 e ali permaneceu por 49 anos . 
 
B. O movimento missionário morávio. Este segundo movimento está ligado ao primeiro por suas 
raízes pietistas e por seu fundador, Nicholas Ludwig Von Zinzendorf, ter estudado na Universidade 
de Halle, tendo Francke como seu professor. Von Zinzendorf era de família abastada e foi o líder 
missionário que mais fez para avançar a causa de missões protestantes durante o século XVIII. 
 
Em 1722, Von Zinzendorf deu abrigo em sua propriedade de Herrenhut, na Saxônia, Alemanha, a 
um grupo de protestantes fugitivos de perseguição religiosa na Morávia. Em 13 de agosto de 1727, 
durante um culto dos refugiados, um avivamento espiritual teve início. Estabeleceram naquela 
noite uma vigília de oração a favor do mundo que funcionou ininterruptamente (24 horas por dia, 
7 dias por semana) durante mais de 100 anos. 
 
Em 1731 Von Zinzendorf se encontrou com duas pessoas da Groenlândia e um escravo caribenho 
que lhe pediram missionários para suas terras de origem. No ano seguinte os morávios enviaram 
missionários para as Ilhas Virgens e no ano seguinte para a Groenlândia. Nos próximos anos 
missionários foram enviados para muitas outras regiões, incluindo a América do Norte, Suriname, 
África do Sul, Algéria, China e Pérsia. A paixão por missões era tanta que alguns até se vendiam 
como escravos para alcançarem terras distantes. Dentro de pouco tempo havia três missionários 
no 
campo para cada morávio que ficara em Herrenhut. Em 20 anos enviaram mais missionários do 
que os protestantes haviam enviado nos 200 anos anteriores. 
 
C. O Grande Avivamento – movimento evangélico avivalista. No século XVIII houve um grande 
avivamento evangélico que teve início na Inglaterra e continuou na América do Norte. Este 
avivamento trouxe um grande número de conversões genuínas e mudanças morais palpáveis na 
sociedade. 
 
 
17 
 
Os pregadores mais influentes na Inglaterra foram John Wesley (1703-1791) e George Whitefield 
(1714-1770). Na América do Norte foram Whitefield e Jonathan Edwards (1703-1756). 
 
Desde os anos de universidade, John Wesley, dedicou-se a uma vida piedosa rigorosa de oração e 
estudo bíblico juntamente com um pequeno grupo de colegas. 
 
Apesar de sua dedicação e esforço, Wesley só veio a entender o Evangelho da graça através de um 
contato com missionários morávios a bordo de um navio que fazia a travessia do Oceano Atlântico 
da Inglaterra para a América do Norte. 
 
Wesley viajava milhares de quilômetros por ano a cavalo e pregava 3-4 vezes por dia, isto durante 
40 anos. Ele reunia os convertidos na estrutura de acolhimento e obras sociais que a Igreja 
Metodista havia criado. Neste período esta igreja foi uma das mais dinâmicas na expansão do 
Reino de Deus para o mundo inteiro. O Grande Avivamento despertou milhares de pessoas para 
as necessidades do mundo e muitos dos influenciados formaram a base para o movimento 
moderno de missões. 
 
 
Período moderno (1792 até o presente) 
 
Este período pode ser analisado por muitos ângulos. Usaremos a abordagem feita por Ralph Winter, que 
divide estes mais de 200 anos em três eras. 
 
 Primeira Era (1792-1910) Segunda Era (1865-1980) 
Terceira Era (1934 até o 
presente) 
Foco central Regiões costeiras Interior Povos 
Pioneiros William Carey Hudson Taylor Cameron Townsend, 
Donald McGavran e Ralph Winter 
Principal Base de Apoio Europa Estados Unidos Terceiro mundo 
Movimentos estudantis 
Society of the Brethren 
(Haystack Prayer meeting) 
Student Volunteer Movement 
SFMF (1936); 
Urbana (1946) 
Novas agências missionárias ABCFM, LMS, BMS SIM, AIM, CIM Wycliffe, Pioneers, Frontiers 
 
 
1. Primeira Era: regiões costeiras (1792-1910) 
A grande figura missionária deste período foi William Carey e a atuação da Sociedade 
Missionária Batista. Foi um período em que predominaram as missões denominacionais e as longas 
viagens por mar e terra para campos missionários distantes. As comunicações eram difíceis. Missionáriosna China tinham que esperar em média um ano para receber resposta de uma carta enviada à Europa. 
Não é de se admirar que as ilhas e as regiões costeiras foram muitas vezes o alvo maior da evangelização 
neste período. 
 
 
18 
 
William Carey (1761-1834) se converteu aos 20 anos de idade e logo foi consagrado pastor de uma igreja 
rural na Inglaterra. Ganhava a vida como sapateiro e lia todos os livros que conseguia, principalmente os 
que continham descrições de outros países e povos. Pelas suas leituras ele foi construindo um mapa em 
um mural e anotando todas as informações que conseguia. Como autodidata aprendeu latim, grego, 
hebraico, italiano, francês e holandês. Em 1792 escreveu um livreto de 87 páginas: Uma enquete da 
obrigação do cristão em usar todos os meios possíveis para a conversão dos pagãos (título abreviado). 
 
No mesmo ano da publicação deste livro foi formada a Sociedade Missionária Batista e Carey foi 
voluntário para ir a campo como o primeiro missionário. Ele encontrou muitas dificuldades para partir, 
incluindo a recusa inicial de sua esposa em acompanhá-lo. Carey finalmente partiu em junho de 1793 para 
a Índia, onde suas atividades foram inúmeras. 
 
2. Segunda Era: interior (1865-1980) 
Uma nova visão, um novo paradigma e uma nova forma de trabalhar seriam necessários para que o 
Evangelho fosse pregado em regiões ainda não alcançadas. Uma das principais características de missões 
nesta era foi a da penetração geográfica com o desejo de pregar o Evangelho a cada pessoa. Uma ênfase 
menor foi dada ao discipulado e à implantação de igrejas. Outra característica foi o recrutamento de 
pessoas comuns sem a mesma instrução teológica dos pastores ordenados. 
 
Esta nova dimensão do movimento missionário, aliado ao colonialismo, à maior facilidade para viajar, ao 
avivamento espiritual e ao declínio de outras religiões mundiais, levou a uma expansão da evangelização 
para regiões ainda não alcançadas pelo Evangelho. O sucesso desta onda foi de tamanha proporção que 
havia uma expectativa de se poder terminar a evangelização mundial até o final do século XIX. O lema da 
época era: A evangelização do mundo nesta geração. Este otimismo acabou sendo um pouco exagerado. 
Na época não se sabia que existiam cerca de 6.500 línguas faladas no mundo e que apenas 537 delas 
possuíam alguma porção das Escrituras traduzidas. O total de cristãos protestantes na América Latina, 
África e Ásia em 1900 era de cerca de 4 milhões, ou seja, apenas 0,4% da população total destes 
continentes, com 8-9 mil missionários tentando alcançá-los. 
 
Outro fator importante deste período foi o Movimento Estudantil Voluntário. Em 1883-84, um grupo de 
sete seminaristas de Cambridge (Inglaterra) respondeu ao chamado para missões. Após terminar o 
seminário, visitou muitas igrejas na Inglaterra e incendiou o coração dos fiéis para a obra missionária. Em 
1885, o grupo partiu para a China. Muitos outros estudantes se entregaram à obra missionária e foram 
ao campo nos anos seguintes. 
 
Nos Estados Unidos um movimento semelhante se espalhou pelas universidades. Nos anos de 1886-87 
um total de 2.106 universitários se entregaram à obra missionária e até 1945 o movimento havia enviado 
20.500 universitários. 
 
 
3. Terceira Era: povos não alcançados (1934 a presente) 
Esta era teve iniciou com o trabalho de Cameron Townsend e Donald McGavran. Townsend enfatizou os 
grupos linguísticos que ainda não possuíam a Bíblia em sua língua. A primeira abordagem foi 
etnolinguística (agrupamentos definidos pelas diferenças linguísticas ou étnicas) e a segunda foi 
sociocultural (agrupamentos definidos levando-se em consideração preconceitos e tradições culturais 
sutis). Vários foram os fatores que trouxeram desafios à obra missionária durante o século XX: explosão 
 
19 
 
demográfica, ressurgimento das religiões não cristãs, tensões econômicas entre ricos e pobres, 
surgimento da teologia liberal e libertacionista, guerras mundiais e governos totalitários. 
 
Cameron Townsend (1896-1982) tornou-se missionário através do Movimento Estudantil Voluntário. Em 
1917 foi para a Guatemala para vender Bíblias em espanhol. Lá percebeu que muitas etnias indígenas no 
país não possuíam língua escrita, não eram alfabetizadas e também não possuíam a Bíblia em espanhol. 
A partir de 1919 Cameron dedicou 10 anos ao aprendizado da língua Cakchiquel, desenvolveu um alfabeto 
e então traduziu a Bíblia naquela língua. Sua visão foi a de repetir este procedimento com tantas outras 
línguas que ainda não possuíam a Bíblia. Em 1934 ele fundou a Missão Wycliffe Bible Translators (Missão 
Wycliffe para a Tradução da Bíblia) que finalmente se tornou a maior missão evangélica, com quase 5.000 
missionários, e que efetuou a tradução da Bíblia para centenas de línguas. A Igreja começou a mudar sua 
visão de missões como sendo por região geográfica para uma visão de missões por grupos culturais e 
linguísticos. 
 
 
4- O Plano de Missões 
 
O Alvo de Missões: 
 Evangelismo 
 Ensino 
 Obras sociais 
 Estabelecimento de igrejas locais 
 
1. Evangelismo 
Evangelismo no campo missionário é anunciar as boas novas de salvação àqueles de outra cultura e 
língua. 
Fases do evangelismo (nossa parte): 
• O testemunho: a demonstração do Cristianismo em ação através de nossas vidas. Existe uma 
fase de preparação do coração das pessoas. A maioria delas não dará ouvidos imediatamente 
a algum estrangeiro que venha falando de uma religião diferente. É necessário ganhar a 
confiança e a credibilidade das pessoas antes que estejam prontas para ouvir o Evangelho. O 
testemunho de uma vida íntegra, com as evidências do fruto do Espírito fala mais alto que as 
palavras do missionário. A demonstração de amor pelo povo conquista o seu coração. 
 
• A proclamação: comunicando verbalmente (de forma oral ou por escrito) o plano da salvação. 
Para uma comunicação eficaz, vários fatores precisam ser levados em consideração: 
o A proclamação na língua materna do ouvinte é sempre mais eficaz e mais impactante. 
o Não basta traduzir para outra língua o que queremos dizer; devemos nos certificar de que 
as palavras possuam o mesmo sentido. 
 
• A persuasão: procurar convencer da verdade do Evangelho. Não basta comunicar 
corretamente a mensagem de maneira a ser entendida; é necessário trabalhar para persuadir 
a pessoa de que o que dizemos é a verdade. Na realidade, somente o Espírito de Deus pode 
convencer alguém da verdade (Jo 16:8), mas geralmente Ele usa Seus servos como 
 
20 
 
instrumentos para que isto ocorra (At 18:28; Tt 1:9). Não é nossa responsabilidade converter 
a pessoa (esta responsabilidade pertence ao Espírito Santo), mas é sermos fiéis na pregação 
da Palavra. 
 
2. Ensino – é de grande importância ensinar e fortalecer os novos convertidos. 
• Uma vez que o Evangelho é ouvido e que haja um interesse ou ocorra uma conversão, devemos 
ensinar o que ensina a Palavra de Deus. 
• Jesus ensinou a multidão e Seus discípulos, dando-lhes também esta mesma tarefa. Paulo ensinava 
nas sinagogas, nas casas e mentoreava vários obreiros, deixando-lhes instruções de que estes 
também deveriam passar adiante os mesmos ensinamentos. Veja Mt 28:20; Jo 8:31; Ef 4:11-12; Cl 
1:28 e 2Tm 2:2, dentre outros. 
• O ensino exerce a função de desenvolver o amadurecimento espiritual e multiplicar novos 
convertidos. 
• Para que o Corpo de Cristo funcione bem, deve haver na igreja um equilíbrio entre evangelismo e 
ensino. 
 
3. Obras sociais – a igreja deve estar envolvida com a sociedade ao seu redor (Tg 2:14-16). 
• As obras sociais podem ser uma forma de evangelização. Estas obras podem construir pontes que 
se tornarão plataformas para evangelização. 
• Obras sociais podem ajudar a restabelecer a justiça social na comunidade e trazer grandes 
benefícios a indivíduos e a comunidades inteiras, fazendo umagrande diferença. 
• Uma forma de demonstrarmos o amor de Cristo é através de obras sociais (Mt 25:35-46). 
 
4. Estabelecimento de igrejas locais 
Quando a obra missionária produz convertidos, um local onde se congregar se faz necessário. Todo 
cristão deve fazer parte de uma igreja local, pois geralmente é na igreja que a comunhão e o ensino 
são realizados. Vemos o exemplo do apóstolo Paulo que estabeleceu igrejas por onde passava 
evangelizando (At 14:21-23). 
 
 O resultado de missões: uma Igreja autóctone: 
O resultado de um projeto missionário bem executado, que alcança todos os alvos enumerados acima, 
leva à implantação de uma igreja bíblica que terá recursos próprios para alcançar o restante da sua cultura 
com o Evangelho de Jesus Cristo. Uma igreja autóctone é uma igreja formada não de estrangeiros, mas 
por pessoas nativas da cultura local. Esta igreja autóctone apresenta algumas características desejáveis: 
 
• Governo próprio: não depende da missão que a estabeleceu. 
o A liderança da igreja é formada por pessoas que pertencem à cultura local. 
o O modelo de liderança deve ser tanto bíblico quanto adaptado às condições locais. 
o A igreja local toma suas próprias decisões sem ser dependente de estrangeiros. Isto não 
significa que a igreja não possa consultar irmãos de outras culturas. 
 
 
21 
 
• Auto-sustentável o A igreja local não depende das finanças da missão para a sua sobrevivência e 
funcionamento. o A igreja local pode entrar em parceria com igrejas ou organizações de outras 
culturas com a finalidade de facilitar e acelerar projetos de evangelização. 
 
• Multiplicadora o Capaz de evangelizar e ganhar almas. o Capaz de implantar novas igrejas. 
o Capaz de fazer missões. 
 
O modelo bíblico nos relacionamentos entre indivíduos e igrejas não é nem de dependência cega e nem 
de independência, mas de interdependência, como nos ensina a analogia do corpo humano. Cada 
membro possui dons e função dentro do Corpo de Cristo. Se cooperarmos e trabalharmos em união, 
poderemos alcançar muito mais pelo Reino de Deus. 
 
 
Características da atividade missionária 
Usando-se princípios bíblicos, ao empreendermos um projeto missionário, observamos várias 
características desejáveis na atividade missionária: 
 
1. Transcultural 
A atividade missionária não se dá somente na mesma cultura do missionário, mas principalmente ao 
se atravessar barreiras culturais e linguísticas. É entrar em uma cultura diferente da sua, onde se fala 
uma língua diferente da sua. Não é simplesmente atravessar as fronteiras de um país a outro. Por 
exemplo, sair do Brasil e ir para os Estados Unidos evangelizar brasileiros e implantar uma igreja com 
cultos em português não é fazer missões transculturais. Isto nada mais é que evangelismo para 
pessoas de sua mesma cultura, apesar de se estar rodeado por outra cultura e língua. 
 
Outro fator transcultural é que precisa haver uma contextualização do Evangelho e da Igreja. O 
Evangelho precisa ser proclamado de forma relevante dentro daquela cultura. A Igreja tem que ser 
relevante dentro daquela cultura, suprindo as necessidades das pessoas inseridas naquele contexto. 
Por exemplo, um missionário brasileiro não deve ir à África ou à Ásia e realizar cultos no mesmo 
modelo aos quais se habituou no Brasil (inclusive com músicas traduzidas do português). A música, as 
orações, o estilo de pregação, a maneira de se vestir e sentar-se na igreja deve ser de acordo com a 
cultura. 
 
Às vezes a atividade missionária em outra cultura envolve a tradução da Bíblia, quando esta não estiver 
disponível na língua materna local. 
 
2. Internacional 
Missões transculturais não é dever somente de países ricos, mas o dever dos povos de todos os países 
que já receberam o Evangelho. A Grande Comissão é um empreendimento internacional. Nenhum 
país ou países têm o monopólio desta tarefa. 
A terceira maior igreja evangélica no mundo é a brasileira (atrás somente dos Estados Unidos e da 
China). 
 
O maior crescimento na área de envio de missionários ocorre hoje nos países em desenvolvimento. O 
número de missionários desses países já é igual ou maior que o número de missionários de países 
 
22 
 
desenvolvidos. O Brasil ocupa entre a terceira e a quarta posição no número de envio de missionários 
transculturais. 
 
3. Cooperativa 
Fazer missões requerem pessoas com uma variedade de dons espirituais, profissões e habilidades. O 
esforço missionário precisa ser um trabalho de equipe, trabalhando tanto no campo quanto na base 
de apoio – na(s) igreja(s) que envia(m). É necessário contar com pessoas com capacidade para pregar 
e ensinar, com habilidade linguística para tradução da Bíblia, músicos, pessoas capacitadas em 
aconselhamento, técnicos em informática, pessoas capazes de trabalhar com finanças, técnicos em 
mídia (fazer vídeos, apresentações em PowerPoint etc), arrecadadores de fundos etc. 
 
O apóstolo Paulo sempre trabalhou em equipe. Tinha colaboradores com os quais viajava; alguns que 
enviava para lugares onde não ele poderia estar; e ainda outros que ficavam para trás cumprindo 
tarefas importantes (exemplo: Áquila e Priscila). Além destas pessoas, Paulo contava também com o 
apoio de várias igrejas, como a de Antioquia da Síria e a da Macedônia. 
 
Cooperação envolve planejamento e coordenação, dentro da igreja e com outras igrejas. Poucas são 
as igrejas que possuem os recursos humanos e materiais para manterem sozinhas um projeto 
missionário. Geralmente é necessário a cooperação de várias igrejas parceiras (formando ou não uma 
associação). A cooperação permite que igrejas menores possam se envolver de forma significativa no 
esforço missionário e o resultado sempre será maior do que qualquer uma das igrejas poderia realizar 
sozinha. Uma agência missionária pode ser muito útil na coordenação e no planejamento por sua 
experiência adquirida e por sua especialização. 
 
4. Integral 
O trabalho missionário deve se preocupar com as necessidades existentes em todas as áreas do ser 
humano: espirituais, físicas, psicológicas e sociais. 
• Espirituais: evangelismo, ensino bíblico, formação de líderes. 
• Físicas: questões de saúde (preventivas e curativas), econômicas, ajuda humanitária em situações 
de catástrofe. 
• Psicológicas: educação, aconselhamento, recuperação de viciados etc. 
• Sociais: ajuda com projetos de desenvolvimento da comunidade, justiça social, ajuda na resolução 
de problemas familiares etc. 
 
Jesus nos deu o exemplo de um ministério integral. 
 
 
5- A IGREJA ENVIADORA 
 
Missões diz respeito à expansão global da Igreja. A responsabilidade pelo suprimento dos recursos 
humanos e materiais para a expansão do Evangelho é principalmente da igreja local. Todas as igrejas 
locais têm potencial para serem igrejas enviadoras. 
 
Responsabilidades dos líderes 
 
23 
 
1. Pastor: o apoio e entusiasmo do pastor são imprescindíveis. O envolvimento da igreja com um 
projeto missionário depende muito de seu posicionamento frente ao projeto. A igreja seguirá a 
visão e a liderança do pastor. 
2. Diretoria: a diretoria pode dar uma grande contribuição ao estabelecer diretrizes para o 
envolvimento da igreja no projeto missionário. Ela pode estabelecer alvos financeiros, escolher 
projetos de parceiria, etc. 
3. Ministério ou comitê de missões. Toda igreja deve ter um ministério ou comitê de missões que 
cuide dos detalhes do envolvimento da igreja durante o ano. 
– Na escolha dos membros do comitê, deve-se colocar pessoas que possuem uma paixão pelas 
almas perdidas de outros povos e que também têm algum conhecimento sobre missões. 
– Uma das funções do comitê é o planejamento para envolvimento total dos membros nos 
projetos missionários da igreja. Várias atividades podem ser organizadas para que isto ocorra: 
o Poucos minutos em que informações são passadasà igreja apresentando algum povo, 
necessidade ou notícias do campo. o Organização de uma conferência missionária anual. 
o Organização de um culto com ênfase missionária. o Eventos para levantar recursos: lava-
carros, refeição (churrasco, pizza, feijoada, etc.), cantina, bazar, feira de artesanato, etc. 
o Organização de sustento regular: ofertas mensais (seja por meio de carnês, de boletos etc). 
o Promoção de oração regular por missões e pelos missionários sustentados pela igreja. 
– Cada membro do comitê se responsabiliza por uma área. Possíveis áreas de responsabilidade: 
o Eventos 
o Correspondência com missionários e igrejas parceiras (ou missão) o Educação missionária: 
informar a igreja da base bíblica de missões e da obrigação de cada cristão no seu 
envolvimento pessoal 
o Finanças 
o Organização de viagens missionárias 
o Oração 
o Divulgação do trabalho desenvolvido pelo missionário, das necessidades dos povos não 
alcançados 
 
Responsabilidades da Igreja Local: 
1. Educação missionária da igreja 2. Identificação e treinamento de novos missionários 3. Sustento em 
oração 4. Sustento financeiro 5. Cuidados para com o missionário 
 
1. Educação missionária da igreja 
A igreja local tem, entre suas funções, a do ensino de seus membros. Existem muitos assuntos 
diferentes que devem ser abordados pela igreja e entre estes está a necessidade de ensinar a igreja o 
que a Bíblia ensina sobre missões. O ensino pode ser feito de diferentes maneiras e para grupos 
distintos. Aqui estão algumas sugestões: 
• Pregação e cultos com ênfase missionária; 
• Momentos missionários, clips e vídeos mostrando os campos missionários; 
• Escola Bíblica Dominical (EBD) e Escola Bíblica de Férias (EBF); 
• Apresentação do trabalho por missionários em divulgação; 
• Disponibilizar livros sobre missões na biblioteca da igreja; 
 
24 
 
• Mapas e cartazes mostrando localização e ministérios dos missionários; 
• Conferência missionária anual; 
• Viagens missionárias: visita de membros aos campos missionários. 
 
2. Identificação e treinamento de novos missionários 
A igreja local deve manter diante da congregação a necessidade de obreiros no campo missionário e 
identificar aqueles que respondem ao chamado de Deus para serem missionários. Estes candidatos 
devem receber um treinamento teológico geral e outro específico para missões. É também importante 
que o candidato esteja envolvido com os ministérios da igreja. Alguém que não demonstre desejo de 
trabalhar na igreja local não deve ser considerado para o campo missionário. Ações práticas da igreja 
local: 
• Orar pelo chamamento de obreiros (Mt 9:38); 
• Compartilhar as necessidades específicas do campo missionário; 
• Encorajar os membros a usarem seus dons e talentos para a obra do Senhor; 
• Orientar e ajudar na procura ou escolha de um centro de treinamento apropriado; 
• Seleção de agência missionária. 
 
3. Sustento em Oração 
A oração é uma atividade missionária da igreja muito importante. Motivos de oração: 
• Pelo chamamento de obreiros; 
• Pelas decisões que os missionários precisam tomar no campo; 
• Pelas necessidades espirituais, emocionais e físicas dos missionários; 
• Pela salvação de almas – para que o Espírito Santo prepare os corações; 
• Pelos novos convertidos e pela igreja no campo; 
 
Onde orar: 
• Nos cultos principais da igreja (demonstrando prioridade); 
• Reuniões de oração; 
• Grupos pequenos; 
• Em família; 
• Individualmente. 
 
4. Sustento financeiro 
A noção de que as ofertas missionárias podem prejudicar a saúde financeira da igreja é um mito. Na 
verdade, funciona de modo inverso. Quanto mais a igreja olha para fora de si mesma e contribui para 
missões, maior é a bênção financeira da igreja. Quando a igreja está motivada e envolvida em missões, 
a contribuição financeira não se torna difícil (Mt 6:20-21). As diretrizes da igreja decidem de que forma 
o dinheiro arrecadado será utilizado. 
 
Diversos sistemas que podem ser adotados pela igreja local para financiar missões: 
 
25 
 
• Percentual pré-estabelecido com base nas entradas da igreja; 
• Quantia fixa pré-estabelecida das entradas da igreja; 
• Uma oferta missionária anual; 
• Compromissos individuais (compromissos mensais de contribuição assumidos por membros 
da igreja). 
 
Necessidades financeiras para o envio de missionários: 
• Material de divulgação de missões e do trabalho do missionário; 
• Custeio de divulgação (inclusive o deslocamento para igrejas parceiras); 
• Salário do missionário (com encargos sociais); 
• Plano de saúde; 
• Plano de previdência; 
• Passaporte e despesas com vistos de entrada; 
• Passagens aéreas; 
• Alojamento no campo (compra inicial de móveis); 
• Transporte; 
• Estudo da língua; 
• Educação dos filhos; 
• Métodos evangelísticos; 
• Local de reunião; 
• Equipamento; 
• Bíblias e literatura de apoio; 
 
 
5. Cuidados para com o Missionário 
A igreja que envia um missionário transcultural ao campo faz um alto investimento. Cuidar bem do 
missionário é cuidar deste investimento. Além do mais, a igreja precisa cuidar do missionário por ser 
uma pessoa que precisa de cuidados especiais. Estes cuidados começam aqui, antes do seu envio, 
continuam durante o tempo de sua permanência no campo e não terminam durante o retorno do 
missionário para férias e divulgação. Além dos cuidados que toda igreja precisa ter com seus obreiros, 
existem algumas necessidades que são específicas devido à natureza singular do trabalho 
transcultural. É necessário ficar atento a estas particularidades. 
 
Antes da partida para o campo: 
• Preparação transcultural; 
• Documentação (passaporte, visto de entrada no país, histórico escolar dos filhos, procuração 
para alguém resolver negócios em sua ausência etc); 
• Apoio para divulgação em outras igrejas parceiras (transporte, material de divulgação); 
 
26 
 
• Avaliação médica, exames, vacinas, etc; 
• Pesquisa de método para remessa de dinheiro ao exterior; 
• Necessidade de aprendizado do inglês; 
 
No campo: 
• Envio de necessidades pessoais (dependendo do local em que o missionário for viver, é 
provável que não tenha acesso a certos materiais); 
• Envio de ajuda para os projetos sociais desenvolvidos pelo missionário; 
• Encorajamento (correspondência, revistas, livros, CDs); 
• Supervisão: 
o Adaptação cultural do missionário; o Progresso no aprendizado da língua; 
o Desenvolvimento do projeto missionário anteriormente traçado; o Uso dos 
recursos financeiros; o Manutenção de sua vida espiritual; o Relacionamento 
com a equipe missionária e com a liderança. 
 
Durante divulgação: 
• Alojamento; 
• Tratamentos (médico, dentário); 
• Integração com igreja; 
• Ajuda com divulgação; 
• Reciclagem (cursos, seminários, retiros etc.). Em campo, o missionário passa pela experiência 
de sempre dar, dar, dar, sem ter muitas oportunidades de receber e de さ recarregar suas 
baterias ざ. 
• Prestação de contas: 
o Trabalho desenvolvido; o Vida pessoal (integridade, problemas familiares, 
vida espiritual etc); o Financeiro (uso dos recursos, orçamento etc); 
 
 
 
6 – O MISSIONÁRIO 
 
Definição 
Todo cristão deve testemunhar de Cristo. Guiados pela seleção do Espírito Santo, a Igreja de Antioquia 
comissionou Paulo e Barnabé e os enviou a campo como missionários. Podemos então dizer que um 
missionário é alguém selecionado e enviado pela Igreja para evangelizar outros povos. 
 
Chamado e seleção 
O missionário deve ter uma convicção íntima de que foi chamado por Deus para uma obra missionária. 
Esta convicção íntima deve ser suficiente para mantê-lo no campo mesmo nos dias mais difíceis, em que 
enfrenta cansaço, desânimo, perseguição, choque cultural, dificuldades de adaptação, solidão, saudades 
 
27 
 
e tantos outros sentimentos e empecilhos.Só a certeza de que se está no lugar certo, colocado ali por um 
Deus que sabe todas as coisas, pode manter a fidelidade do missionário à tarefa para a qual Deus o 
chamou. O chamado pode ser um pouco vago, mas é necessário confiar que, à medida que o tempo se 
aproxima, Deus mostrará os detalhes da missão que lhe foi confiada. 
 
Ao sentir-se chamado, o candidato deve examinar cuidadosamente sua motivação para seguir em missão. 
Seria mesmo um desejo ardente de ver outros povos se entregando ao Senhor Jesus Cristo? Ou a 
motivação seria de orgulho espiritual, reconhecimento, desejo de aventura ou algum outro motivo 
egoísta? Se estiver certo de que sua motivação é nobre, o candidato deve então manter-se desimpedido 
para que Deus possa usá-lo facilmente. Ficar desimpedido significa ter um cônjuge com as mesmas 
convicções, estar livre de dívidas, de prestações e de obrigações de longo prazo que poderiam impedir a 
sua saída para o campo missionário. 
 
O candidato já deve estar engajado no serviço em sua igreja local e ter paixão pelas almas de sua própria 
comunidade. Quem não trabalha e não testemunha na sua comunidade não o fará no campo missionário. 
Em seguida, o candidato deve começar a se informar sobre a região para a qual ele sente ter um chamado 
e dar início à sua preparação. Esta preparação inclui uma formação teológica, uma formação específica 
em missões e instrução e experiência transcultural. A igreja local deve estar envolvida e acompanhando 
todo este processo. Cabe à igreja a confirmação do chamado missionário. O pastor, os professores e 
irmãos espiritualmente maduros que conhecem bem o candidato serão chaves no processo de 
confirmação de seu chamado. 
 
Qualificações do candidato a missionário 
Não se pode aceitar o envio de qualquer pessoa da igreja ao campo missionário. O candidato deve 
apresentar qualificações em várias áreas: 
• Espiritual 
– Caráter cristão, integridade, maturidade espiritual; 
– Conhecer a Deus e manejar bem a Palavra (2Tm 2:15); 
– Paixão pelo Reino de Deus; 
• Social 
– Ter iniciativa para fazer contatos sociais; 
– Bom relacionamento com as pessoas; 
– Testemunho de boa conduta; 
• Acadêmica 
– Escola teológica e/ou missionária 
– Treinamento profissional (quando o projeto missionário for especializado; por exemplo, 
projeto social na área de saúde); 
– Estudo de línguas (às vezes o exige-se o conhecimento do inglês antes de partir para o 
campo); 
• Física 
– Boa saúde; 
 
28 
 
– Boa forma física para suportar o estresse e eventualmente as condições adversas do 
campo; 
• Emocional / psicológica 
– Equilíbrio emocional; 
– Resistência emocional; 
 
Preparação 
• Orientação e informação 
– Orientação dada pela agência missionária quanto aos procedimentos e documentação 
necessários; 
– Orientação no campo quanto ao trabalho já em fase de desenvolvimento; estratégias de 
evangelização; 
– Informações quanto ao país, povo e costumes, religião local, clima, etc; – Providências 
quanto ao visto de viagem e vacinas. 
• Divulgação 
– Procurar igrejas parceiras; 
– Buscar apoio em oração e financeiro; 
 
Relacionamentos 
Uma das principais causas de fracasso no trabalho missionário com abandono do campo está ligada aos 
problemas de relacionamentos. O missionário precisa estar preparado para isto e a igreja deve 
supervisionar esta área. 
 
• Relacionamento com as igrejas: 
– Igrejas parceiras. Imagine uma pessoa descendo dentro de um poço profundo e escuro, 
presa a uma corda segurada por outras pessoas. Sua vida depende destas pessoas. Seu 
retorno à superfície também depende delas. O missionário é aquele que está descendo no 
poço e as igrejas os que estão segurando a corda. Sem o sustento das igrejas o missionário 
não tem condições de realizar seu trabalho. É essencial que o missionário cultive um bom 
relacionamento com suas igrejas parceiras. Para isto, é preciso prestar atenção à 
comunicação e correspondência, postagem de notícias em blogs, relatórios, prestação de 
contas etc. A qualidade do seu sustento financeiro e em oração estará diretamente 
relacionado à qualidade de seu relacionamento com os parceiros e com a comunicação. 
– Igrejas no campo missionário. O missionário deve também cultivar um bom 
relacionamento com as igrejas evangélicas já existentes no campo missionário (quando 
houver). É preciso lembrar que ele é o estrangeiro, um hóspede, aquele que vem de fora. 
As igrejas locais existem em uma cultura diferente daquela do missionário. Ele deve tentar 
entendê-las e serví-las e nunca controlá-las. 
 
• Relacionamento com outros missionários: 
 
29 
 
– Muitas vezes o missionário no campo se encontra num círculo restrito de pessoas de 
mesma cultura: sua equipe. Quando há poucas pessoas convivendo juntas em um mesmo 
espaço e dividindo responsabilidades, as oportunidades para atritos e mal-entendidos são 
muitas. As pressões da vida em outra cultura, por vezes hostil, aliadas às expectativas de 
resultados aumenta a probabilidade de desentendimentos. O missionário tem que ter 
muita sabedoria, tranquilidade e domínio próprio para evitar situações desagradáveis e 
saber resolver as diferenças. Infelizmente, é nessa área que os missionários mais têm 
problemas de relacionamento e o que precipita o seu abandono do campo. 
– O convívio dos missionários no campo será sempre observado de perto pelas pessoas da 
cultura local. A demonstração do amor cristão nos relacionamentos entre missionários é 
um testemunho importante do que é ser discípulo de Jesus Cristo. 
 
• Relacionamentos com pessoas em outra cultura. A manutenção de relacionamentos cristãos 
saudáveis com pessoas na cultura hóspede é um fator importante no estabelecimento de 
confiança e, consequentemente, na aceitação da pregação do Evangelho. 
 
• Relacionamentos com a família: 
– Viver em outra cultura pode trazer dois extremos nos relacionamentos familiares do 
missionário: distanciamento ou aproximação. Ao serem confrontados com dificuldades e 
se sentindo sós em uma cultura estranha, os membros da família podem se aproximar mais 
e depender mais uns dos outros, mas, às vezes, as dificuldades podem fazer com que os 
membros da família comecem a culpar uns aos outros e a se distanciarem. 
– Problemas relacionados com a educação dos filhos é um dos grandes dilemas que a família 
missionária enfrenta. A solução para o problema da escolaridade pode levar a escolhas que 
trazem uma maior separação entre pais e filhos. 
– 
7 – O CAMPO MISSIONÁRIO 
 
Crescimento da População Mundial 
 
A população do mundo tem crescido de forma exponencial nos dois últimos séculos. A projeção é a de 
que continuará a crescer em ritmo acelerado. Para 2025 está previsto uma população mundial de 8,5 
bilhões de pessoas e 9,2 bilhões para 2050. Noventa e cinco porcento do crescimento será na Ásia, África 
e América Latina. Metade da população mundial estará concentrada em quatro países: China, Índia, 
Estados Unidos da América e Rússia. Mais de metade da população mundial já vive em regiões urbanas. 
Dois bilhões de pessoas estão subnutridas. Jesus nos disse que さ O campo é o mundo ざ (Mt 13:38a). 
 
Povos não alcançados 
Como foi mencionado anteriormente, precisamos concentrar nossos esforços evangelísticos nos povos e 
não nos países. さ Povos ざ são agrupamentos com a mesma língua, os mesmos costumes e uma história 
comum. Se todos os cristãos evangelizassem somente as pessoas que pertencem ao seu povo, a maior 
parte da população mundial ficaria sem o Evangelho. Os povos não alcançados são principalmente os 
 
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chineses, muçulmanos, hindus, budistas e os povos tribais. A maioria destes está na janela 10/40, uma 
faixa do globo terrestre que vai do oeste da África à Ásia, onde vivem mais de três bilhões de pessoas e 
onde se concentram 80% dos pobres da terra e os adeptos das três maiores religiões

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