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Anos Iniciais do Ensino Fundamental122
PEDAGOGIA
modelo da escola e, tendo o seu discurso desacreditado, tornar-se resistente ao trabalho pedagógico. 
Durante décadas, a escola alfabetizou por meio da cartilha e, com a evolução dos conhecimentos 
sobre a alfabetização, observamos que tal metodologia se tornou insuficiente para atender às 
exigências da sociedade atual. Hoje, não basta o aluno saber apenas codificar e decodificar sinais. 
Não é suficiente conseguir produzir um pequeno texto, há a necessidade de que saiba se comunicar 
plenamente, por meio da escrita, utilizando os diversos tipos de discurso. 
Assim, inicialmente, é produtivo trabalhar no sentido de transpor a habilidade verbal da 
criança para a escrita. Aproveitar a desenvoltura que ela tem de falar e contar histórias como ponto 
de partida para o desenvolvimento da produção de textos, em um primeiro momento, simples, da 
forma como souber, posteriormente, obedecendo às regras gramaticais e reproduzindo/produzindo 
diferentes gêneros textuais (carta, poesia, bilhete, receitas culinárias, anúncios de propaganda etc.).
O respeito pelo aluno é o princípio norteador da alfabetização. Um aluno que tem seus limites 
respeitados agirá também com uma postura respeitosa, amigável e de admiração pelo professor. 
A produção de texto deve ser estimulada durante a alfabetização: tudo o que a criança produzir 
merece ser elogiado, para que sinta vontade de escrever. Posturas que reprimam a escrita do aluno, 
caracterizando-a como incorreta, feia, cheia de erros, devem estar fora da escola. O erro tem que ser 
corrigido e a ortografia respeitada, porém o problema está na maneira como isso é feito. 
Denúncias recorrentes mostram que as mais variadas formas de agressões verbais estão na 
sala de aula. Em determinada ocasião, uma criança de sete anos, que já havia escrito quase uma 
página de um caderno de brochura, teve seu trabalho totalmente desqualificado pelo professor. 
Este pegou o caderno e, diante dos demais colegas, começou a mostrar a um visitante os erros 
ortográficos que a criança havia cometido. Sem considerar os acertos, que constituíam a maior 
parte do trabalho, limitou-se a criticar as falhas. Depois, dirigiu-se a outra vítima, procedendo de 
semelhante modo. Ao final da aula, o visitante, lembrando-se do ocorrido, voltou àquela primeira 
criança, para ver como havia concluído seu texto que, no início da aula, já contava com quase uma 
página. O que se constatou foi assustador: a criança havia escrito mais duas linhas e terminado 
sua história. Quando indagada sobre o porquê de ter escrito só mais um pouco e terminado, ela 
respondeu: “– Se eu escrever pouco, errarei pouco!” 
Todos sabem que é indispensável que o professor corrija a produção da criança, porém, com 
uma postura respeitosa, de quem quer ajudar e não com a fúria destruidora de toda capacidade 
criativa da qual a criança é portadora ao chegar à escola. 
Nenhum material didático é completo, pronto e acabado. Todos são passíveis de serem 
melhorados e adaptados pelo professor, em função de suas necessidades em sala de aula. Assim, 
acredita-se que o professor que possuir boa fundamentação teórica e científica, aliadas à prática, 
terá condições de superar as imperfeições de métodos, poderá optar por um caminho e oferecer 
condições para que seu aluno tenha uma alfabetização consciente, que aprenda pensando e não 
apenas memorizando sinais gráficos.

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