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282 D ire ito s H um an os mento, em conformidade com o Regulamento Processual. 4. O representante legal das vítimas, o conde- nado ou o proprietário de boa fé de bens que hajam sido afetados por um despacho proferido ao abrigo do artigo 75 poderá recorrer de tal despacho, em conformidade com o Regula- mento Processual. ARTIGO 83 – Processo Sujeito a Recurso 1. Para os fins do procedimento referido no ar- tigo 81 e no presente artigo, o Juízo de Recursos terá todos os poderes conferidos ao Juízo de Julgamento em Primeira Instância. 2. Se o Juízo de Recursos concluir que o pro- cesso sujeito a recurso padece de vícios tais que afetem a regularidade da decisão ou da senten- ça, ou que a decisão ou a sentença recorridas estão materialmente afetadas por erros de fato ou de direito, ou vício processual, ela poderá: a) Anular ou modificar a decisão ou a pena; ou b) Ordenar um novo julgamento perante um ou- tro Juízo de Julgamento em Primeira Instância. Para os fins mencionados, poderá o Juízo de Recursos reenviar uma questão de fato para o Juízo de Julgamento em Primeira Instância à qual foi submetida originariamente, a fim de que esta decida a questão e lhe apresente um relatório, ou pedir, ela própria, elementos de prova para decidir. Tendo o recurso da deci- são ou da pena sido interposto somente pelo condenado, ou pelo Procurador no interesse daquele, não poderão aquelas ser modificadas em prejuízo do condenado. 3. Se, ao conhecer, do recurso de uma pena, o Juízo de Recursos considerar que a pena é des- proporcionada relativamente ao crime, poderá modificá-la nos termos do Capítulo VII. 4. O acórdão do Juízo de Recursos será tirado por maioria dos juízes e proferido em audiência pública. O acórdão será sempre fundamenta- do. Não havendo unanimidade, deverá conter as opiniões da parte maioria e da minoria de juízes; contudo, qualquer juiz poderá exprimir uma opinião separada ou discordante sobre uma questão de direito. 5. O Juízo de Recursos poderá emitir o seu acórdão na ausência da pessoa absolvida ou condenada. ARTIGO 84 – Revisão da Sentença Condenatória ou da Pena 1. O condenado ou, se este tiver falecido, o cônjuge sobrevivo, os filhos, os pais ou qual- quer pessoa que, em vida do condenado, dele tenha recebido incumbência expressa, por escrito, nesse sentido, ou o Procurador no seu interesse, poderá submeter ao Juízo de Recur- sos um requerimento solicitando a revisão da sentença condenatória ou da pena pelos seguintes motivos: a) A descoberta de novos elementos de prova: i) De que não dispunha ao tempo do julga- mento, sem que essa circunstância pudesse ser imputada, no todo ou em parte, ao requerente; e ii) De tal forma importantes que, se tivessem ficado provados no julgamento, teriam prova- velmente conduzido a um veredicto diferente; b) A descoberta de que elementos de prova, apreciados no julgamento e decisivos para a determinação da culpa, eram falsos ou tinham sido objeto de contrafação ou falsificação; c) Um ou vários dos juízes que intervieram na sentença condenatória ou confirmaram a acusação hajam praticado atos de conduta re- provável ou de incumprimento dos respectivos deveres de tal forma graves que justifiquem a sua cessação de funções nos termos do artigo 46. 2. O Juízo de Recursos rejeitará o pedido se o considerar manifestamente infundado. Caso contrário, poderá o Juízo, se julgar oportuno: 283 A to s in te rn ac io na is r at ifi ca do s pe lo B ra si l a) Convocar de novo o Juízo de Julgamento em Primeira Instância que proferiu a sentença inicial; b) Constituir um novo Juízo de Julgamento em Primeira Instância; ou c) Manter a sua competência para conhecer da causa, a fim de determinar se, após a audição das partes nos termos do Regulamento Proces- sual, haverá lugar à revisão da sentença. ARTIGO 85 – Indenização do Detido ou Condenado 1. Quem tiver sido objeto de detenção ou prisão ilegal terá direito a reparação. 2. Sempre que uma decisão final seja poste- riormente anulada em razão de fatos novos ou recentemente descobertos que apontem inequi- vocamente para um erro judiciário, a pessoa que tiver cumprido pena em resultado de tal sentença condenatória será indenizada, em conformidade com a lei, a menos que fique provado que a não revelação, em tempo útil, do fato desconhecido lhe seja imputável, no todo ou em parte. 3. Em circunstâncias excepcionais e em face de fatos que conclusivamente demonstrem a existência de erro judiciário grave e manifesto, o Tribunal poderá, no uso do seu poder discri- cionário, atribuir uma indenização, de acordo com os critérios enunciados no Regulamento Processual, à pessoa que, em virtude de sen- tença absolutória ou de extinção da instância por tal motivo, haja sido posta em liberdade. CAPÍTULO IX – Cooperação Internacional e Auxílio Judiciário ARTIGO 86 – Obrigação Geral de Cooperar Os Estados Partes deverão, em conformidade com o disposto no presente Estatuto, cooperar plenamente com o Tribunal no inquérito e no procedimento contra crimes da competência deste. ARTIGO 87 – Pedidos de Cooperação: Disposições Gerais 1. a) O Tribunal estará habilitado a dirigir pe- didos de cooperação aos Estados Partes. Estes pedidos serão transmitidos pela via diplomática ou por qualquer outra via apropriada escolhida pelo Estado Parte no momento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão ao presente Estatuto. Qualquer Estado Parte poderá alterar poste- riormente a escolha feita nos termos do Regu- lamento Processual. b) Se for caso disso, e sem prejuízo do dis- posto na alínea a), os pedidos poderão ser igualmente transmitidos pela Organização in- ternacional de Polícia Criminal (INTERPOL) ou por qualquer outra organização regional competente. 2. Os pedidos de cooperação e os documentos comprovativos que os instruam serão redigi- dos na língua oficial do Estado requerido ou acompanhados de uma tradução nessa língua, ou numa das línguas de trabalho do Tribunal ou acompanhados de uma tradução numa dessas línguas, de acordo com a escolha feita pelo Estado requerido no momento da ratificação, aceitação, aprovação ou adesão ao presente Estatuto. Qualquer alteração posterior será feita de har- monia com o Regulamento Processual. 3. O Estado requerido manterá a confidencia- lidade dos pedidos de cooperação e dos docu- mentos comprovativos que os instruam, salvo quando a sua revelação for necessária para a execução do pedido. 4. Relativamente aos pedidos de auxílio for- mulados ao abrigo do presente Capítulo, o Tribunal poderá, nomeadamente em matéria de proteção da informação, tomar as medidas necessárias à garantia da segurança e do bem- -estar físico ou psicológico das vítimas, das potenciais testemunhas e dos seus familiares.