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Resumo dos Tópicos do Seminário de DDR

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Tema do artigo: Violência Sexual à adolescentes nas periferias populares. 
Metodologia: Para alcançar estes vínculos, metodologicamente, optou-se pela pesquisa bibliográfica, cujas fontes exploradas são resultantes de investigações realizadas sob os eixos violência sexual, juventude, gênero, raça e classe conduzidas por: Amaral (2014); 
Almeida (2019); 
Brilhante et al. (2019); 
Chacham, Maia e Camargo (2012); 
Sousa (2017); 
Souto et al. (2017), entre outros estudiosos.
Soma-se a pesquisa bibliográfica, as fontes documentais como o Atlas da Violência (2018);
 Mapa da Desigualdade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (2020);
 OXFAM Brasil (2020)
 e Relatório das Desigualdades de Raça, Gênero e Classe (2017).
Objetivo: O interesse investigativo nesse espaço tem como objetivo principal: a discussão da violência sexual feminina nas periferias populares brasileiras.
Resumo:
● Contexto da ineficácia das políticas públicas:
Primeiramente, é importante destacar que a violência sexual contra mulheres é uma violação dos direitos humanos, além de ser um grave problema de saúde pública. Ainda assim, é comum observar a falta de empatia e compreensão por parte de alguns setores da sociedade brasileira.
A falta de noção do crime de estupro impede muitas coisas, dentre elas: que o crime seja registrado; que a condição da vítima seja reconhecida e devidamente remediada; e que o sistema crie meios mais eficazes de prevenção focados na educação sexual dos homens, e não apenas na prevenção das mulheres, como acontece atualmente; que seja feito um estudo mais aprofundado das causas desse fenômeno etc. A ignorância para com o sistema que ocasiona a prática de estupro apenas serve para proteger inúmeros estupradores do julgamento legal e social por seus atos, impedindo, também, o reconhecimento do comportamento ou de estimuladores desse ato.
Uma das falhas da prevenção do abuso sexual contra crianças e adolescentes é o silêncio da vítima e de seus familiares que seja por medo ou vergonha de denunciar não procuram ajuda do Estado e sofrem em silêncio, e dessa forma o Estado como órgão executor das medidas de prevenção e de punição é o último a tomar conhecimento das violências ocorridas sendo ineficazes políticas públicas destinadas à proteção à criança e ao adolescente. Isso faz com que a mídia divulgue poucos casos sobre este assunto e na maioria a divulgação ocorre quando o caso já aconteceu, sendo descoberto da maneira mais dolorosa e trágica. (jusbrasil.com – políticas públicas como forma de prevenir a violência sexual)
● Dominação do poder (patriarcado, desigualdade de gênero)
De acordo com as autoras no final da página 72, constata-se que discursos conservadores e autoritários tem contribuidores para este tipo de violência. Por conta de mentalidades e práticas hierarquizadas.
Uma série de fatores, como o machismo, a falta de informações adequadas, a reprodução de estereótipos de gênero também contribuem para a naturalização da violência.
O machismo, como uma ideologia que coloca os homens em uma posição superior às mulheres, contribui para o consentimento da violência sexual. Muitas vezes, as mulheres são culpabilizadas e responsabilizadas por esse tipo de violência, como se fosse algo justificável. Tal pensamento machista é enraizado na sociedade e precisa ser desconstruído para que haja uma mudança efetiva.
A falta de informações adequadas sobre o tema faz com que muitas pessoas não compreendam a gravidade da violência sexual e as consequências físicas, emocionais e sociais que as vítimas enfrentam.
A perpetuação de estereótipos de gênero traz a ideia de que as mulheres são inferiores aos homens e que, portanto, possuem menos valor, faz com que as agressões contra elas sejam minimizadas e toleradas. É fundamental desconstruir esses estereótipos e promover uma igualdade de gênero real, onde todas as pessoas sejam valorizadas e respeitadas. 
A falta de informações adequadas, o machismo e a perpetuação de estereótipos de gênero ocorrem também através da culpabilização da vítima, porque o imaginário popular muita das vezes tem a ideia de que o estuprador sofre de problemas mentais vem a imagem de um sujeito psicopata, um “monstro”, um doente, quando na verdade a violência sexual acontece com meninas e adolescentes por parte do pai ou padrasto, ou algum conhecido/amigo próximo que são pessoas vistas como “comuns” na sociedade.
A culpabilização da vitima vem sendo reforçada pela dúvida se a vítima estaria mentindo ou não, por estar no lugar errado na hora errada, e até mesmo pelo modo de se vestir o que reforça que o homem não consegue controlar seus instintos diante de uma mulher por quem sente atração e, por isso, ele não teria culpa pela sua falta de controle, e classificá-lo como doente o isentaria da responsabilidade sobre seus atos.
A naturalização desses problemas torna difícil a luta contra a violência sexual, uma vez que a sociedade não reconhece a sua gravidade e não se mobiliza para combater esse problema. E tais fatores fazem com que a vítima se cale e sofra de maneira omissa por muito tempo.
A não denúncia por exemplo, ocorre por: um certo medo ao se lembrar das ameaças feitas pelo estuprador e por acreditar que o agressor não será punido, e por medo do julgamento social, ou seja medo de ser julgada por autoridades e por aqueles que deveriam prestar apoio e ajuda, em casa, na delegacia ou no hospital.
“Diante ao exposto, têm-se uma configuração de dados que demonstram que a violência sexual acomete mais às mulheres e, no caso de crianças e adolescentes, ocorrem com maior frequência na casa das vítimas - locais onde estariam supostamente protegidas. Dessa forma, caberia supor: o conservadorismo, expresso através do machismo e da misoginia, seriam elementos estruturantes desta violência? O fato de ser mais cometida por homens justifica a concepção, de que a violência sexual, encontra fundamentos para sua ocorrência na desigualdade de gênero?” Pg.74 1° parágrafo. 
Ou seja no ambiente familiar, a legitimação masculina é um fator que contribui para a ocorrência de violência contra crianças e mulheres na esfera doméstica.
(Pg. 73, 75, 76 do artigo)
● violência sexual sobre crianças e adolescentes 
-ECA
Um equívoco constante é pensar que toda pessoa que abusa sexualmente de criança ou adolescente é um pedófilo. Pedofilia é um transtorno de sexualidade previsto nos manuais de doenças mentais cuja característica é sentir desejo sexual por crianças ou pré-adolescentes. O crime ocorre quando se pratica o ato. 
 A maioria dos casos de abuso sexual são cometidos por pessoas sem patologia alguma e se devem à cultura ainda permissiva quanto a práticas violentas e sexuais com crianças e adolescentes. Na maior parte dos casos, a violência ou o abuso sexual é intrafamiliar (cometido por alguém da família), o que torna a vítima em questão ainda mais vulnerável às represálias quando se revela o abuso ou a violência.
 A minoria se trata de violência ou abuso sexual extrafamiliar, ou seja, cometido por autor sem vínculo familiar ou relação de consanguinidade com a vítima. Destaca-se: quanto mais frequentes os abusos, maiores os impactos nas dimensões física, sexual, emocional e moral da criança e do adolescente, pois dificilmente os abusados esquecem a violência sexual. Os efeitos são vários: dificuldades de manter relações afetivas, sexuais e amorosas saudáveis, envolvimento em prostituição, uso de álcool ou drogas, dificuldade de inserção na vida social, sentimento de inferioridade e culpa. 
Apresentar formas de combate, e leis ineficazes. 
(tjdft.jus.br Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes: - TJDFT)
● Desigualdade de classe e raça (sexualização dos corpos negros) 
(BDJur (STJ) colonialidade do corpo feminino negro: trabalho reprodutivo no período escravocrata brasileiro e justiça racial)
A violência sexual praticada pelos colonizadores brancos contra escravas africanas, tem grande importância e influência na formação da sociedade brasileira. Essa violência contribuiu para a criação e perpetuaçãode hierarquias de gênero e raça.
A experiência da mulher negra escravizada é fortemente marcada pelo sexismo e pelo racismo, de maneira que essas formas de opressão se estabeleceram como partes estruturantes da ordem social e política vigente impostas por colonizadores brancos, causando um impacto profundo no destino das mulheres negras.
Após a chegada ao Brasil, e ao longo de todo o período escravocrata, o corpo da mulher negra serviu como base de exploração braçal e sexual. Sua exploração ocorria no campo, em trabalhos domésticos, como reprodutora e como objeto de crimes sexuais perpetrados pelo homem branco.
O corpo da mulher negra escravizada ocupa um lugar diverso do corpo branco, o que permanece mesmo após a abolição da escravatura. O que poderia ser considerado passado, histórias ou lembranças do período colonial permanecem vivas no imaginário social e adquirem novas roupagens em uma ordem social que mantém intactas as relações de gênero, segundo a cor e a raça instituídas no período escravocrata (CARNEIRO, 2005)
Assim, o corpo colonial da mulher negra e sua classificação como objeto a ser explorado, inclusive sexualmente, configurou mais um elemento nas relações de poder sobre brancos e negras.
De acordo com STREVA (2016). Esse raciocínio permite a conclusão de que, se um corpo é considerado inferior, consagra-se então a ideia de superioridade de outro.
Nesse contexto de valorização da reprodução, mulheres escravizadas estéreis sofriam mais: eram vítimas de mais abusos físicos e psicológicos, uma vez que a fecundidade era considerada uma virtude. Se não podiam procriar, isso afetava diretamente o patrimônio dos senhores.
O corpo, a reprodução e a sexualidade feminina são historicamente centro de disputas de poder, e a história das mulheres negras escravizadas já revelou que elas eram vistas também a partir do seu potencial reprodutivo. Mesmo passados mais de cem anos do fim da escravidão, as mulheres negras vivenciam um conjunto complexo de violações e hierarquias reprodutivas que são memórias coloniais ainda presentes. E repensar o significado de direitos reprodutivos6 para uma ação política antirracista constitui um ponto central para que essas mulheres superem injustiças sociais históricas.
De fato, a violência contra a mulher enseja o sobrestamento da condição de gênero, mas a condição racial configura um cenário no qual as relações interpessoais são projeções de um imaginário social carregado por estereótipos, estipulados pela colonialidade.
● Violências traficantes X policiais nas periferias populares 
As falhas do sistema de Justiça e de segurança na assistência à população em favelas agrava a situação das mulheres vítimas de violência. A situação passa a ser um problema para o estado, pois existe ali, uma situação de risco pois um dos motivos está justamente na falta de segurança. Elas, as vítimas, se tornam mais vulneráveis. 
Quando vizinhos ou a própria mulher denunciam um episódio de violência à polícia ou à Justiça, muitas vezes ela precisa mudar de comunidade. Para tentar se proteger da violência, um caminho percorrido por algumas mulheres foi recorrer ao próprio tráfico.
A forma como elas reagem a este tipo de violência: elas têm de lidar com a violência de traficantes e milicianos que fazem e aplicam a lei nas comunidades, com a indiferença de autoridades policiais que na maioria das vezes constrangem e culpabilizam a vítima, e com a falta de amparo e de conhecimento de suas respectivas famílias principalmente quando o agressor é um parente ou o próprio companheiro. Em suma, essas mulheres têm de percorrer um cruel labirinto em que, a cada saída, se deparam com perigosas armadilhas, pois Eles (os traficantes) não querem que ninguém chame a atenção das autoridades. Querem tranquilidade e estabilidade no território deles. Qualquer pessoa da comunidade que coloque isso em risco está ameaçada
Existe a questão de gênero para todas, mas na favela ela se mistura com a questão de classe e de etnia. São fatores que potencializam a violência. Na pirâmide social, a mulher negra, jovem e pobre é a mais vulnerável. O acesso à informação e serviços é mais precário. Então a maneira como está inserida na sociedade faz diferença na hora de lidar com a situação e até de ser atendida em uma delegacia.

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