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Teoria da
Literatura
A narrativa e suas formas
Prof. Dr. Anderson Teixeira Rolim
• Unidade de Ensino: 4
• Competência da Unidade: Observar as expressões narrativas, em
constante desenvolvimento e progressão (estrutural e temática).
• Resumo: A narrativa, suas características, estruturas e suas formas,
como o conto, a crônica, a novela e o romance.
• Palavras-chave: A narrativa; As características da narrativa; As
formas narrativas.
• Título da Teleaula: A narrativa e suas formas
• Teleaula nº: 4
Contextualização
• Como se deu a evolução das narrativas em prosa?
• De que maneira as narrativas em prosa modificaram
o olhar clássico para a teoria dos gêneros literários?
• Quais são os principais gêneros em prosa?
• Quais são as características do conto?
• Quais são as características da crônica?
• Quais são as características da novela?
• Quais são as características do romance?
O conto
O conto
O conto, em sua origem, como termo
empregado para uma narrativa, revela que o
ato de contar é natural ao ser humano. Um
conto é o simples ato de narrar, contar, dizer
uma sequência ordenada de fatos (ordenada,
mesmo que não seja linear).
O conto
As unidades do conto, sendo elas tempo,
espaço, personagens e estrutura, são muito
parecidas em sentido geral, ou seja, são
moldadas pelos mesmos impulsos estruturais
característicos ao gênero. O tempo no conto se
assemelha ao tempo no drama, sua extensão
não pode ser exagerada em função da
manutenção da unidade, do foco, do tema
central da história contada.
Todos eles possuem, no geral, a mesma
formulação estrutural, divergindo tematicamente
em – sob um olhar específico e minucioso – suas
construções. Alguns dos tipos de contos são: de
ação, de personagem, de cenário ou atmosfera,
de ideia, de efeito emocional, de fadas, de
animais, de exemplo ou sabedoria, religioso, de
enigma e mistério, policial, de terror, de horror,
de riso, de origem, acumulativo etc.
O conto
A crônica
A crônica
As primeiras crônicas de que temos notícias são
as crônicas utilizadas por exploradores,
navegantes e até mesmo conselheiros dos reis e
imperadores, com o intuito de levar informações
descritivas, verdadeiras e históricas sobre as
condições de um território, civilização, país ou
qualquer localidade para os superiores.
A crônica
A crônica, como a conhecemos atualmente, é o
gênero (por excelência) voltado à publicação no
jornal, voltado às grandes massas de leitores
das grandes cidades, leitores esses que, no
mundo atual, não possuem tempo para a
leitura e, na maioria dos casos, leem somente
durante o tempo de tomar um café.
A crônica
A diferença fundamental entre a crônica e os
demais gêneros narrativos em prosa – romance,
conto e novela – é que ela não se propõe a
perdurar, não intenta a imortalidade, sua ação é
curta propositalmente, ela é composta por textos
curtos, textos que têm um efeito rápido, fácil de
ser captado e logo deixam de ser significativos
para o leitor.
A crônica
A crônica é, dentre todos os gêneros narrativos,
o mais fugaz, o mais curto e menos elaborado
de todos. Romance, novela e conto requerem
maior riqueza de detalhes e aprofundamento
(temporal, espacial, descritivo etc.) do que é
exigido do texto da crônica.
A novela
Expressão
A novela, assim como toda e qualquer forma de
expressão literário-narrativa, teve seu período
de complicações junto à sociedade em que era
publicada, pois havia ainda a ideia de que a
literatura deveria servir para propósitos
estéticos ou funcionais na prática de sua
recepção diante do público leitor.
O gênero
A novela, enquanto gênero literário, situa-se
muito próxima ao romance e ao conto. A novela,
como gênero escrito em prosa, como gênero
narrativo, goza de maior liberdade em relação à
estrutura formal, quer dizer, aquele rigor formal
pregado na antiguidade clássica já não o
influenciou de forma tão intensa em suas
manifestações.
Da Cavalaria à Televisão
A novela, como já ouvimos falar alguma vez na
vida, além do conceito de expressão televisiva,
também nos é conhecida, de fácil
reconhecimento, pelas novelas de cavalaria que
forma expressão máxima do gênero em termos
de literatura.
Transição
A novela marca – não que seja a única responsável
por isso – a transição do verso para a prosa, de
acordo com as necessidades de consumo da
literatura. Num primeiro momento – ainda na
Idade Média –, a literatura era consumida em
sociedade, quer dizer, grande número de pessoas
ouviam os versos dos trovadores e, em
determinado período essas canções começaram a
ser escritas, prosificadas e consumidas
individualmente.
Hierarquia dos
gêneros
Em sala de aula, muitas dúvidas expressam a
necessidade de os alunos estarem seguros
quanto ao conteúdo do vestibular. É com essa
preocupação que um aluno questionou a
professora Joana. Ele queria saber onde surgiu
essa ideia de que um gênero é mais
importante do que outro.
Quando se pensa na história do romance, não
teriam sido os próprios teóricos gregos os
responsáveis por eleger uma categoria
hierárquica entre os gêneros?
A velha ideia de que depois dos gregos nada mais
foi inventado é somente mais uma forma dos
tradicionalistas da sociedade ocidental manterem
as coisas como julgam que sempre foram, é um
retrocesso, uma violência, um assassínio da
inteligência humana, de sua capacidade de
expressão artística e de reflexão teórica.
Resolução da situação-problema
Ainda que a épica e o drama gregos sejam
escritos em versos, a lírica não representava os
valores da sociedade grega e, por isso, seria um
gênero menor, se comparada às histórias dos
heróis nacionais ou mesmo à catarse do teatro.
Resolução da situação-problema
Caracteres da
novela
Existem qualidades intrínsecas ao gênero novela
que não podem ser relegados ao segundo plano
em detrimento de sua extensão, tal ideia, por si
só, já soa equivocada, então deve-se valorizar as
qualidades narrativas e não somente a estrutura,
pois, como vimos, os critérios postulados pelas
análises clássicas (da Antiguidade) já não mais
encontram modelos literários que se adequem às
suas rigorosas estruturas e formas.
E na novela televisiva? Quais são os caracteres?
Tipos e caracteres
da novela
Conceito e caracteres
Temos, na novela de cavalaria, a origem do
conceito e estrutura do próprio gênero. Alguns
elementos servem de base para entender a forma
como as novelas de cavalaria emprestaram sua
temática ao gênero e se transformou na própria
estrutura do gênero. Alguns desses elementos são:
busca, virtudes, herói, anti-herói ou vilão,
obstáculos, antípoda, episódios.
Tempo e espaço
Tempo e espaço são seccionados para dar conta de
englobar as diversas linhas traçadas por diferentes
percursos por cada uma das personagens em foco.
O tempo é dividido de acordo com os episódios de
maneira a apresentar ao leitor cada um deles de
forma ordenada. O espaço também é múltiplo,
uma vez que acompanha distintas campanhas e
demandas narrativas.
Principais tipos de novela
• cavalaria,
• bucólica e sentimental,
• picaresca,
• histórica,
• policial,
• mistério.
O romance
Último grande gênero
O romance é, com toda a certeza, um dos gêneros
reconhecidos pelos teóricos, o último grande
gênero da literatura mundial (tendo em vista a
cronologia da história da literatura). Cabe a nós
entender que o romance, de todos os gêneros
existentes, é o que possui mais liberdade –
temática e estrutural – ao criador, ao poeta.
Surgimento
É de conhecimento geral que considerar o
surgimento do romance somente a partir da
sociedade burguesa não leva em consideração
todos os fatores de sua composição enquanto
gênero literário. Não há um surgimento
específico do gênero romance, ele vem se
formando e se preparando desde a Antiguidade
Clássica através de elementos comuns a toda a
literatura e também a fatores extraliterários.
Padrões romanescos
O que chamamos de surgimento do romance,
poderia, sem problemas de interpretação, ser
chamado de consolidação dos padrões estéticos,
temáticos e estruturais do gênero e nãoo
surgimento de fato, uma vez que o romance se
utiliza de inúmeras características pertencentes a
diferentes períodos temporais e diferentes
gêneros que o precederam.
Liberdade
O romance, dentre todos os gêneros literários
existentes, foi o que deu maior liberdade ao
escritor, uma vez que não possuía – quando de
seu surgimento – modelos a serem seguidos,
formas, estruturas, regras e temas específicos,
próprios, exatos, harmoniosos e perfeitos que
deveriam lhe servir de fio condutor.
Arte burguesa
Demofilia
O romance surge em meados do século XVIII, como
decorrência óbvia, a epopeia, considerada, na linha
da velha tradição aristotélica, expressão nobre de
arte, cede lugar a uma fôrma artística burguesa: o
romance. Com efeito, a demofilia que varre as
consciências lúcidas e insatisfeitas da Europa do
tempo determina o aparecimento duma literatura
feita pelo, para e com o povo, especialmente a
nova classe ascendente, a burguesia.
Gênero menor
O romance foi considerado, durante muito tempo,
um gênero menor e inferior, justamente por ser
considerado um gênero voltado aos assuntos de
menos importância, além de ser visto como pura
expressão de fantasias ficcionais. Lembremos que,
no período em que surge e no século seguinte, o
romance é considerado um gênero para
entretenimento das mulheres, para a sociedade em
que o feminino ainda não havia se despertado e
tudo girava em torno da égide do patriarcalismo
ocidental.
Percurso histórico do romance
Em quatro séculos, o romance saiu da categoria
de gênero popular – e a palavra popular, em
relação ao romance, sempre indica um
conceito de inferioridade, de segundo grau,
forma tangente de expressão artística – em
direção às camadas consideradas mais cultas
até atingir seu apogeu, instaurando-se
definitivamente nas academias como gênero
nobre na literatura.
Tipos de romance
Existem romances históricos, biográficos, de
aventuras, de formação ou aprendizagem, de
costumes, de folhetim, epistolar, social,
psicológico, de cavalaria, de aventuras, de terror ou
de horror etc. Esses são alguns tipos mais
conhecidos e vale salientar que não existem tipos
puros de romance – é claro que podem ocorrer,
mas não seguem uma regra para tal – já que a
característica fundamental do romance é sua
liberdade, então um mesmo romance pode conter
dois ou quase todos os tipos em suas páginas.
O lugar do
romance
Ainda que no cotidiano o termo
‘romance’ tenha conotação distinta
daquela utilizada na Teoria da
Literatura, esse gênero se consolidou
como o mais importante da atualidade.
Qual é o lugar do romance na nossa
cultura e por que ele é tão importante?
Revisão
• O conto, como vimos, tem suas origens em um
passado inacessível e provavelmente se
originou através das histórias tradicionais
passadas de geração em geração como forma
de conhecimento e manutenção e expressão da
tradição e do inconsciente coletivo.
• As crônicas, como vimos, se originaram através
de relatos textuais de cunho histórico, com o
intuito de informar de dar a conhecer
elementos que não poderiam ser relatados de
outra forma.
• A novela, enquanto gênero literário, passou por
momentos definitivos de transição entre o
verso e a prosa.
• O romance se consolidou como gênero com
maior facilidade do que os anteriores a ele.
Suplantando-os em volume e importância.
Referências
LUKÁCS, György. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico
sobre as formas da grande épica. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34,
2009.
MOISÉS, Massaud. A criação literária: introdução à problemática da
literatura. São Paulo: Melhoramentos, 1973.
MORETTI, Franco (Org.). O romance, 1: a cultura do romance. Tradução
de Denise Bottmann. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
SAMUEL, Rogel. Novo manual de teoria literária. 6. ed. Rev. e
Ampliada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011..
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva,
1969.

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