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GESTÃO DE CUSTOS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: José Alfredo Pareja Gomez de La Torre CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Jorge Hilário Bertoldi Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfi ca elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.15 L111g La Torre, José Alfredo Pareja Gomez de Gestão de Custos / José Alfredo Pareja Gomez de La Torre. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 129 p. : il. ISBN 978-85-69910-89-3 1.Administração Financeira. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre Educação: Graduado em Administração de Empresas, e Ciências Políticas e História; Pós- Graduação em Finanças; Pós-Graduação em Gestão Educacional a Distância: e Pós-Graduação em Gestão Ambiental. Mestrando: programa de mestrado Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Estadística e Desenvolvimento Econômico. Experiência nas seguintes áreas: • Sete anos de vivencia como professor de ensino superior nos curso de administração, nas áreas de Finanças, Comércio Exterior e Economia, no Grupo Uniasselvi, www.grupouniasselvi.com.br. • Publicações, livros técnicos nas seguintes áeras: Análise de Balanço e Concessão de Crédito, Análise de Projetos. Comércio Exterior, Economia, Gestão de Custos no Setor Público, Gestão de Projetos Públicos, Matemática Financeira e Comercial, Prática Cambial, Processos de Exportação e Importação. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/ buscatextual/visualizacv.do?id=K4491670E7 • Cinco anos na gestão bancaria comercial na área de leasing fi nanceiro e empréstimos para empresas. • Cinco anos na gestão administrativa e fi nanceira na área agroindustrial. • Três anos na gestão nos processos de exportação e vendas de produtos frescos perecíveis, para os mercados de Estados Unidos e da Europa. • Sete anos na representação de embalagens para agro- indústria de produtos perecíveis, no mercado exportador de fl ores e espargos da Colômbia e do Equador. Assim como: desenvolvimento de embalagem especial para exportação de perecíveis aos Estados Unidos. Língua materna Espanhol, fl uente em Inglês e Português. Sumário APRESENTAÇÃO ....................................................................01 CAPÍTULO 1 Terminologia da Estrutura de Custos ................................9 CAPÍTULO 2 Dinâmica dos Custos Variáveis e Fixos ...............................41 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Métodos de Custeio ..............................................................69 Ponto de Equilíbrio e Precificação ....................................99 APRESENTAÇÃO A correta análise de custos para qualquer organização economicamente ativa é imperativa para manter o equilíbrio adequado no consumo de recursos necessários às atividades nas operações. Assim, podermos dizer que a Gestão de Custos objetiva a análise e controle do uso de recursos na execução das operações de qualquer organização sejam de cunho industrial, comercial, de serviços e entidades públicas. Dentro desta análise de custos devermos observar a qualidade do gasto como uma questão que todo gestor deve considerar na sua gestão, assim, um correto conhecimento e classificação dos custos é necessário para uma gestão mais eficiente e eficaz. Diante disso, para que você possa ter mais conhecimento sobre a análise de custos convido você ao longo deste caderno de estudos a ter um aprendizado dinâmico sobre a área de Gestão de Custos, se abordando os seguintes temas: • Saber qual a definição de recurso econômico e seu vínculo ao consumo de recursos na geração de custos. • Conseguir diferenciar entre custos e despesas, uso de recurso de cunho fixo e/ ou variável, assim como discernir entre o que é custo direto e indireto durante os processos produtivos, seja empresa industrial, comercial e/ou de serviços. • Conhecer sobre os diferentes tipos de métodos de custeio e como as organizações aplicam esses métodos nas suas gestões. • Saber identificar o Ponto de Equilíbrio das organizações e fazer análise de margens de tolerância perante aos cenários apresentados nas operações. • Conseguir identificar processos de precificação conforme ao mercado onde a empresa está inserida, usando ferramentas de análise de custos e mark-up para projeções de preços. Os conhecimentos adquiridos, com certeza, vão enriquecer suas competências para sua área profissional, sendo assim mais uma ferramenta de apoio para suas projeções profissionais, seja no âmbito privado, de serviços ou inclusive no setor público. Caro(a) acadêmico(a)! Seja vindo e fique à vontade para ler, estudar e perguntar ao longo de seus estudos. Desejo-lhe sucesso no estudo desta disciplina, que com certeza poderá lhe ajudar na construção de seu conhecimento e aprimoramento de competências. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Terminologia da Estrutura de Custos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car o uso de recursos como custos ou gastos. Diferenciar custo, despesa e investimento. Diferenciar custos diretos e indiretos. Vincular o consumo de recursos com a gestão de estoques. 10 GESTÃO DE CUSTOS 11 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 ContextualiZação A análise de custos para qualquer atividade econômica é uma ferramenta de gestão e controle do uso de recursos. Uma gestão de custos efi caz traz clareza e transparência à gestão de qualquer tipo de negócio. Neste capítulo estudaremos como o consumo de recursos está diretamente vinculado à gestão de aquisições e registro de custos. A correta compreensão de “custos” poderá nos levar a um melhor entendimento dos próximos capítulos, e também às demais atividades de análise de processos que serão estudados nas outras disciplinas deste curso. A Estrutura de Custos e Sua ImPortância nos Processos Produtivos Muitas vezes, as organizações precisam analisar bem sua estrutura econômica para se manterem ativas, ainda mais com a forte concorrência entre as empresas. Nesse ambiente, além de estar constantemente inovando, as organizações precisam analisar a dinâmica de seus custos e assim conseguirem se manter competitivas. Para isso, as organizações precisam se preparar para administrar seus recursos, relativamente escassos, e assim conseguir ofertar seus produtos e serviços. Isso é feito por meio da classifi cação dos recursos que serão usados nas atividades e processos produtivos. Esse uso, ou consumo, de recursos deve ser classifi cado como custos ou despesas. O consumo de recursos é fundamental aos processos produtivos que abrangem qualquer tipo de atividade econômica, seja industrial, comercial e/ou de serviços. O importante é defi nir os objetivos e identifi car o motivo e/ou importância do uso de um recurso determinado e assim defi nir a dinâmica de custos. Segundo os autores Silva e Lins (2013, p. 4): “[...] embora a defi nição pareça ser mais condizente com as atividades de fabricação, seus fundamentos podem ser aplicados com razoável facilidade aos diversos ramos de atividade”. Essa classifi cação e análise de custos são conhecidas como “Gestão de custos”, que será melhor estudada no percurso deste estudo. 12GESTÃO DE CUSTOS Curiosidades! Qual é o signifi cado de atividades e processos operativos? Entende-se como atividade e/ou processo operativo qualquer operação e ações necessárias para ter a capacidade de oferecer um produto e/ou serviço. As organizações, para se manterem operando, consomem constantemente recursos produtivos. Esse uso de recursos dependerá das atividades operativas previamente defi nidas, e na medida em que vão utilizando, serão classifi cados como custos e despesas. Nesse sentido, o consumo de recursos tem a fi nalidade de executar uma infi nidade de atividades que, dependendo da análise de custos e das particularidades de cada organização, serão devidamente classifi cados e ordenados. Exemplifi cando, observe as seguintes atividades industriais clássicas: • Uso de infraestrutura, gerando gastos de aluguel e/ou depreciação do investimento dessa infraestrutura. • Uso do recurso humano, por meio de equipes de colaboradores, gerando gasto de salários (folha de pagamento). • Compra e consumo de estoques (matéria-prima, insumos, embalagens e diversos), gerando registro de custos de produção à medida que são destinados aos processos produtivos. • Uso de energia específi ca ao processo produtivo, gerando custo de energia no processo de transformação. • Uso de recursos gerais, desde energia elétrica, uso de serviços gerais, até de diversas necessidades de apoio ao processo produtivo, gerando gastos de apoio, ou seja, despesas. Assim, como na dinâmica de um processo industrial as organizações comerciais e de serviços também possuem processos produtivos, mas a ótica e defi nição dos custos e despesas podem ser diferentes. Mas na sua essência é igual, isto é, o uso de recursos para atividades essenciais deve ser classifi cado como custos e as de apoio como despesas. Conforme a seguinte fi gura, é possível observar os aspectos de como será esse registro de custos no setor da aeronáutica, por exemplo: Como na dinâmica de um processo industrial as organizações comerciais e de serviços também possuem processos produtivos, mas a ótica e defi nição dos custos e despesas podem ser diferentes. 13 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Figura 1 – Atividades de manutenção na aeronáutica Fonte: Disponível em: <http://total98fm.com.br/fab-quer-doar-terreno-para-receber-museu- da-tam/>. Acesso em: 12 abr. 2017. Conforme a fi gura e a experiência nos processos de aeronáutica, pode-se observar uma série de atividades inerentes a essa atividade, tais como uso de recursos para: • Operar aeronaves, manutenção de aeronaves, aquisição de novas aeronaves, segurança e administração do tráfego aéreo e rede aeroportuária, recurso humano e sua capacitação respectiva, atividades de apoio e complementares às necessidades da aeronáutica. Assim, para executar todas as atividades do setor de aeronáutica, precisam- se de diversos recursos e de grandes investimentos visando atingir os objetivos das atividades que fazem parte desse setor. A organização que atua neste setor precisará de: • Investimento em infraestrutura e em diversos tipos de equipamentos focados nos processos produtivos. Investimentos que tão breve irão se materializando em custos e gastos por meio de sua depreciação. • Investimento em estoques, que logo serão consumidos como insumos necessários às atividades operativas e de manutenção, devendo ser classifi cados como custos e/ou despesas. Além desses investimentos (infraestrutura, equipamentos e estoques), as organizações atuantes nesse setor precisam de sistemas de gestão de custos para cada um de seus processos, quesito a ser estudado adiante. Importante observar também, que no processo produtivo deve existir a presença de profi ssionais e de um sistema de apoio. Todos esses consumos de recursos de “apoio às atividades 14 GESTÃO DE CUSTOS essenciais” são conhecidos como despesas, ou gastos gerais. Em resumo, qualquer atividade dentro de uma organização gera gasto (consumo de recursos), de uma maneira ou de outra, fará parte do registro e classifi cação de custos e despesas, até mesmo um simples cafezinho. a) Defi nição do recurso produtivo Até o momento, constatou-se que os processos e as atividades produtivas precisam de recursos. Antes de buscar uma defi nição desses recursos produtivos, deve-se observar que existe uma relação direta entre os produtos e/ou serviços ofertados por uma organização e as necessidades dos clientes que demandam desses produtos e/ou serviços. Essa oferta de produtos e serviços dependerá de uma série de recursos produtivos a serem avaliados e considerados nas atividades de qualquer organização economicamente ativa. Logo, esse consumo de recursos é conhecido como Recursos Produtivos ou Recursos Econômicos necessários à oferta de produtos e serviços, que podem ser agrupados da seguinte maneira: CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS Recursos naturais: considerados todos os que vêm diretamente da natureza sem processo de transformação, sendo estes: • Solos agrícolas. • Recursos hídricos. • Recursos da fl ora. • Recursos da fauna. • Reservas minerais e não minerais. Matéria-prima e insumos: recurso intermediário destinado ao consumo durante o processo produtivo, seguem exemplos: • Trigo (matéria-prima) para produção de farinha. • Farinha (insumo) para produção de pão, bolos, massas etc. • Algodão (matéria-prima) para produção de malhas. • Malha de algodão (insumo) para a produção de camisetas. 15 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Recursos humanos: todos os cidadãos de uma sociedade são considerados como recurso humano, classifi cando-o da seguinte maneira: • Pessoas pré-produtivas, menores de 18 anos. • Pessoas adultas, força de trabalho potencial. • Pessoas pós-produtivas, acima dos 65 anos. Recursos de capital: considerado como as riquezas acumuladas pela sociedade, recurso que se torna ferramenta essencial ao processo produtivo. Tem-se como exemplo, o capital de um taxista que é seu o carro; o capital de um pescador é a sua rede e seu bote. O recurso de capital é classifi cado da seguinte maneira: • Infraestrutura econômica da sociedade, tais como: rede de energia elétrica, telecomunicações, rede rodoviária, aeroportos etc. • Infraestrutura social, tais como as construções para a educação, cultura, esportes e lazer. • Construções e edifi cações, tais como: prédios públicos, fábricas, depósitos e lojas. • Equipamento de transporte, tais como: locomotivas, navios, aeronaves e caminhões. • Capital agrícola, tais como equipamento agrícola, culturas permanentes e estoque de animais. • Máquinas e equipamento para serem aplicadas em: atividades extrativas, indústria e prestação de serviços. Recursos tecnológicos. São os recursos aplicados à tecnologia que a sociedade deve possuir para facilitar a oferta de suas necessidades, tais como: • Know how (saber como fazer) e tecnologia de ponta. • P&D, Pesquisa e Desenvolvimento. • Propriedade intelectual, tais como: direitos de autor, patentes de invenções, inovações, e marcas registradas. FONTE: O autor 16 GESTÃO DE CUSTOS Qual é a diferença entre matéria-prima e insumo? A matéria- prima é o produto extraído diretamente da natureza, exemplos: grão de trigo (matéria-prima) e farinha de trigo (insumo); petróleo (matéria- prima), polipropileno / termoplástico (insumo). Agora, no momento de vincular esses recursos econômicos com a cadeia produtiva, cabe o questionamento sobre qual seria a melhor maneira para alocar esses recursos nos processos operativos de uma organização. Em outras palavras seria: o que e quanto produzir; como produzir: e para quem produzir. Esses três pontos fundamentais são a base para a alocação de recursos e seu respectivo consumo como custos ou despesas ao longo da cadeia produtiva de uma empresa. Consumo de Recursos Conforme as Necessidades de Produção Com o objetivo de conseguir ofertarseus produtos e/ou serviços, as empresas combinam diversos insumos necessários às suas atividades, insumos que deverão passar por um processo de transformação. Ao se pensar em todos os insumos que um bolo de chocolate possui, seja caseiro ou de confeiteira, consta que ele passa por um processo de transformação. Processo que necessitará a mistura de alguns insumos (farinha, ovos, óleo, açúcar, cacau, fermento etc.), e para poder executar essa transformação será necessário também de instalações (espaço físico), equipamento (forno), e o conhecimento de um confeiteiro. Os produtos oferecidos por uma confeiteira passam por um processo, o mesmo acontece nas atividades, tanto industriais como de serviços, mas em grande escala e com fl uxos de atividades mais complexos. Importante observar que esse poder de transformação só pode ser feito por meio do uso de instalações e equipamentos (bens de capital) e, fundamentalmente, por meio do recurso humano. Tanto o uso dos insumos, como os bens de capital e recurso humano vão se registrando nos sistemas de custos das organizações, devendo possuir as seguintes defi nições de custos: • Custo direto: material direto aplicado no processo de transformação (matéria-prima), insumos, material secundário embutido no produto e embalagem. 17 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 • Custo de mão de obra: uso de mão de obra empregada diretamente na fabricação, na área de produção. • Custos Indiretos de Fabricação (CIF), demais gastos fabris, entre eles: − A depreciação do “uso de máquinas”, os bens de capital (equipamento, veículos, máquinas etc.) que vão se desgastando, reconhecendo o desgaste destes à medida que vão sendo utilizados. − O uso de instalações e gastos de apoio ao processo produtivo, isto é, o aluguel de um galpão, salário do gerente, do supervisor de produção, entre outros. Ou seja, uso de recursos que estão vinculados ao processo de produção em si. • Despesas de apoio: todo processo produtivo seja industrial, comercial ou de serviços precisa de despesas de apoio, tais como: os departamentos de contabilidade/fi nanceiro, de vendas, de logística etc. É importante observar que toda organização, desde a mais simples até a mais complexa, possui custos diretos vinculados ao essencial de suas operações, custos indiretos e despesas gerais. Assim, todo uso de recursos, de uma maneira ou outra, refl ete-se no Estado de Resultados do Exercício (DRE) como se observará mais adiante. a) Custos de produção Fazem parte dos custos de produção, o consumo de recursos essenciais – folha de pagamento da área de produção, insumos, embalagem, consumo de energia dos equipamentos, depreciação dos bens de capital etc. – ao processo produtivo, devendo ser registrados como “custos”. É válido lembrar de que o custo será toda aplicação de recursos usados diretamente nos processos produtivos, das unidades produtivas, necessários para ofertar um produto e/ou serviço. Podermos defi nir custos como: [...] recursos consumidos no processo de produção de um bem ou serviço que se espera tragam benefícios atuais ou futuros para a entidade após a conclusão e venda do produto ou serviço. O custo é, antes de tudo, um investimento em recursos que está em processamento e que, em um período próximo, se transformarão, no caso da indústria, em bens manufaturados (SILVA; LINS, 2013, p. 7). 18 GESTÃO DE CUSTOS Figura 2 – Uso de recursos em um processo produtivo industrial Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/l5UBvR>. Acesso em: 9 maio 2017. Nesta fi gura, pode-se notar claramente um processo produtivo de transformação. São exemplos clássicos de custos das indústrias: consumo de matérias-primas, insumos, embalagens, mão de obra fabril, aluguéis, depreciações etc. No caso do exemplo de um serviço de manutenção aeronáutico, os custos serão o consumo de recursos essenciais à oferta do serviço em si, isto é: folha de pagamento dos engenheiros e mecânicos responsáveis pela manutenção dos aviões, depreciação do equipamento dos hangares, consumo de energia dos hangares e dos equipamentos etc. b) Gastos de apoio ou despesas As despesas geradas vêm a ser necessidades de apoio aos processos produtivos, isto é, todo gasto gerado fora do ambiente de fabricação dos produtos e/ou serviços. Dentre o consumo de recursos que fazem parte dessas despesas, há os gastos gerados nos departamentos de contabilidade/fi nanceiro, de vendas, de logística, corporativo etc. Todos esses departamentos efetuam diversas tarefas que consumem recursos (gastos) necessários para dar apoio aos centros produtivos da organização. Os autores Bruni e Famá (2004, p. 25) apontam que “[...] as 19 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 despesas correspondem ao bem ou serviço, consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. Observam-se que as despesas não possuem vínculo direto com a produção dos produtos e/ou serviços ofertados pela organização, mas servem de apoio para fazer acontecer a produção. Eis a grande diferença entre o que é custo e o que é despesa. Essa diferença é importantíssima de se conscientizar e discernir. Em algumas ocasiões, discernir o que é custo ou o que é despesa pode fi car difícil de defi nir. Para recordar: o custo representa o consumo de recurso produtivo necessário durante os processos de fabricação dos centros produtivos. Entretanto, a despesa identifi ca- se como o consumo de recursos de apoio necessários para executar a produção, exemplifi cando: sem o departamento de vendas e logística, a organização não saberia para quem vender nem como distribuir sua produção. Neste quesito de defi nir o que é custo e que é despesa é válida a refl exão exposta pelos autores Silva e Lins (2013, p. 8): Na verdade, muitas vezes, a defi nição do recurso como um custo ou despesa depende da natureza comercial do negócio da empresa; por exemplo, a conta telefônica de uma indústria normalmente é tratada como uma despesa operacional, mas, se a empresa for de telemarketing, provavelmente será tratada como um custo do serviço. É importante ressaltar que o ponto principal na separação entre custos e despesas está na defi nição do objeto de custos. Continuando com a refl exão dos autores, para uma empresa transportadora cujo objetivo de negócio é dar o serviço de transporte de mercadorias, o combustível usado pelos caminhões será um custo. Mas esse mesmo combustível usado pelos caminhões para uma empresa que fabrica fogões e que faz o serviço de entrega aos centros de distribuição será uma despesa. Embora as despesas não sejam parte do consumo direto dos centros de produção, fazem parte de apoio essencial à gestão das organizações. Como exemplo de despesas pode-se observar: salários dos funcionários das áreas administrativas, fi nanceiras, de marketing etc.; os gastos de distribuição e logística; materiais diversos administrativos, consumo de energia destes setores de apoio, depreciação dos equipamentos destes ambientes (computadores, veículos etc.), impostos prediais, treinamento dos funcionários, férias, INSS, FGTS, alimentação etc., ou seja, dependendo da organização haverá diversos e diferentes tipos de despesas, lembrando de que tudo dependerá do objeto de custos. 20 GESTÃO DE CUSTOS Atividade de Estudos: 1) A empresa Camisetas do Alto Vale Ltda. vem incorrendo no consumo (gasto) dos itens expostos a seguir. Determinar quais são custos, quais são despesas e os valores totais. c) Investimento No momento de registrar os custos e as despesas, apresenta-se o gasto de “depreciação”. Ao se observar toda organização economicamente ativa, necessita- se de infraestrutura como exemplos os veículos, os equipamentos, ou seja, bens de capital, os quais devem ser “comprados”, também conhecidos como “Investimentos em Bens de Capital”, sem esses investimentos qualquer organização está destinada à “descapitalização” de seusativos e fi nalmente a sua desintegração. Assim, para que as organizações possam realizar os processos produtivos, precisam de instalações e equipamento: fábricas, equipamento industrial, hangares (no caso da aeronáutica), móveis, computadores, veículos (tratores, caminhões, carros etc.), entre outros. Logo, com esses investimentos em bens de capital, as organizações poderão dar início as suas atividades e poderão ofertar seus produtos e/ou serviços. Desde já, todos esses investimentos em bens de capital fi cam registrados nos “ativos fi xos” das organizações, e à medida que são consumidos – durante sua vida útil – serão registrados como custos ou gastos de depreciação. Assim, a depreciação é o reconhecimento desse desgaste natural, que dependendo do objeto de custos poderá ser contabilizado como custo ou como despesas. Classifi cação Custo e Despesa Consumo de Recursos Valor Custos Despesa Total Folha de pagamento adiminstração R$ 8.500,00 Malha e fi os diversos R$ 15.000,00 Parafusos de fi xação (manutenção equipamento) R$ 300,00 Aluguel Fábrica R$ 4.500,00 Folha de pagamento pessoal da confecção R$ 11.000,00 Depreciação máquinas da produção R$ 1.500,00 Depreciação equipamento adminstração R$ 380,00 Energia da fábrica R$ 950,00 Serviço de Segurança da fábrica R$ 1.840,00 Salário do supervisor da fábrica R$ 4.350,00 Salário do gerente de vendas R$ 7.500,00 Totais 21 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Pense aí! Quais coisas o Estado – como a grande organização da sociedade – precisa investir para que o país seja funcional? Dentre outras coisas importantes: o Estado precisa investir em infraestrutura educacional, escolas e capacitação aos professores; em infraestrutura logística (hangares), malha rodoviária, portos, aeroportos etc. Você sabia que somente 12% das estradas brasileiras são pavimentadas? Ou seja, ainda o Brasil precisa fazer grandes investimentos! Além dos investimentos em bens de capital, as organizações precisam comprar estoques de insumos e materiais para que tão logo esses estoques entrem no processo produtivo e sejam transformados em bens e serviços. Essas compras de estoques representam investimento também conhecido como “investimento em capital de trabalho”. Pode-se dizer que os “investimentos”, sejam em bens de capital ou em capital de trabalho, são compras que são ativadas no balanço patrimonial das organizações. Os investimentos fi cam no ativo até o momento de seu consumo e desgaste (a depreciação), que dependendo de sua fi nalidade serão classifi cados como custos ou despesas. Segundo Martins (2010, p. 25) investimento é um: Gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são “estocados” nos Ativos da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização são especifi camente chamados de investimentos. A classifi cação como custos ou despesas dependerá de o investimento fazer parte do processo produtivo ou fazer parte da estrutura de apoio, ou seja, dependerá do objeto de custos. São exemplos de investimentos: • A aquisição de matéria-prima: no momento da aquisição da matéria- prima e/ou dos insumos, essa compra será contabilizada como compra de estoque de matéria-prima e/ou insumos no ativo circulante. Logo, esse investimento em estoques, por meio do processo de fabricação, será transformado em estoque de produto terminando. Assim, o consumo desses estoques, que fazem parte das mercadorias produzidas, deverá ser considerado como custos. • Máquinas e equipamentos: na aquisição de máquinas e equipamentos, eles são contabilizados como ativos fi xos com a fi nalidade de executar o processo de transformação dos insumos. Logo, com o desgaste próprio do uso e do tempo esses ativos fi xos irão se depreciando. A contabilização dessa depreciação irá se incorporar no registro de custos das unidades produzidas. 22 GESTÃO DE CUSTOS APlicação dos Recursos Como Custos e DesPesas Com o melhor entendimento do que são custos e despesas, é possível exemplifi car essa grande classifi cação de uso de recursos produtivos durante os processos operacionais das organizações. Esse uso de recursos pode ser classifi cado conforme segue: Quadro 1 – Diferença entre investimento, custos e gastos (despesas) Orçamento de Investimento (Ativo fi xo, insumos etc.) Ativo circulante: estoque de insumos, embalagens etc. Ativo fi xo: infraestrutura, móveis e equipamentos. Custos Uso de recurso produtivo no processo de transfor- mação: insumos (saída do estoque), energia, recurso humano, depreciação etc. Gastos (despesa) Consumo de recurso de apoio ao processo produtivo. Fonte: O autor. A seguir, a diferenciação entre custo, despesa e investimento em um quadro mostrando diferentes tipos de valores classifi cados conforme o seu estado durante um período de tempo. Quadro 2 – Registro de aquisições e consumo Classifi cação do Consumo e Compras Consumo de Recursos Valor Custos Despesa Investimentos Embalagem dos produtos R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 Folha de pagamento área de administrativa e vendas R$ 17.000,00 R$ 17.000,00 Campra Matéria-prima e insumos em estoque R$ 24.000,00 R$ 24.000,00 Consumo de Materiais indiretos na administração R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 Depreciação dos equipamentos da fábrica R$ 7.600,00 R$ 7.600,00 Depreciação dos equipamentos administrativos R$ 950,00 R$ 950,00 Consumo de Energia Elétrica no processo produtivo R$ 3.750,00 R$ 3.750,00 Consumo de Energia Elétrica na área adminsitrativa R$ 750,00 R$ 750,00 Consumo de Materia-prima e insumos R$ 21.000,00 R$ 21.000,00 Aluguel da fábrica R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 Aluguel de sala comercial R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 Folha de pagamento no chão de fábrica R$ 19.000,00 R$ 19.000,00 Compra de veículo R$ 45.000,00 R$ 45.000,00 Compra de equipamento produtivo R$ 28.000,00 R$ 28.000,00 Seguro da fábrica e seus equipamentos R$ 3.000,00 R$ 3.000,00 Seguro da sala comercial e seus equipamentos R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 Total: R$ 190.550,00 R$ 65.850,00 R$ 27.700,00 R$ 97.000,00 Fonte: O autor. 23 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 No quadro pode-se identifi car que, dependendo da fi nalidade, os diferentes valores, serão classifi cados como custos, gastos e investimentos. A compra de matéria-prima pelo valor de R$24.000,00 é classifi cada como investimento em estoques (capital de trabalho); depois que essa matéria-prima for consumida, fará parte dos custos de produção, como mostra o quadro o valor de R$21.000,00, registrado como consumo de matéria-prima. Deve-se observar que a classifi cação de custos, apesar de ser uma gestão que demanda bastante análise e trabalho, é importante e fundamental, pois é por meio disso que as organizações podem enxergar quanto se está consumindo, ou gastando, em um determinado processo operacional, ou em toda a organização, como uma análise integral de uso de recursos. Assim, o primeiro passo dessa análise de custos será a classifi cação e separação desse consumo de recursos, por meio da identifi cação de uso dos recursos desses três grandes grupos (investimento, custos e gastos). Isto é, deve- se realizar separação diferenciada entre: • Investimentos: compras que logo serão classifi cados como custos e/ou despesas em função do objeto de custos. • Custos: uso de recursos por meio do registro dos elementos que fazem parte das unidades produzidas. • Despesas: uso de recursos por meio do registro dos gastos que fazem parte do apoio às operações da organização. Classificação de Custos Diretos e Indiretos Os custos de produção podem ser classifi cados como custos diretos ou indiretos. Isso dependerá da natureza da aplicação dos recursos. • O consumo de insumos no processo produtivo será custo direto ou indireto das unidadesa serem produzidas? • O reconhecimento da depreciação do equipamento, que executa a transformação dos insumos em produto terminado, será parte do custo direto ou indireto das unidades a serem produzidas? 24 GESTÃO DE CUSTOS No primeiro caso, o uso de insumos no processo produtivo fará parte do custo direto das unidades a serem produzidas. E no segundo caso, a depreciação fará parte do custo indireto. O motivo será visto adiante. a) Custos diretos Na análise de custos são considerados custos diretos o uso de recursos que serão aplicados de maneira direta nos componentes que fazem parte de um produto e/ou serviço. Segundo Ribeiro (2009, p. 103): [...] são considerados materiais diretos todos os materiais aplicados no processo de fabricação e que integram os produtos fabricados, como ocorre com a matéria-prima e com os materiais secundários. Devem ser classifi cados também como diretos os materiais de embalagem, quando aplicados nos produtos dentro da área de produção. Os materiais diretos são assim denominados porque, além de integrarem os produtos, suas quantidades e seus valores podem ser facilmente identifi cados em relação aos produtos fabricados. Assim, o custo direto é identifi cado conforme a quantidade dos elementos que fazem parte do produto, como exemplo: cada quilo de pão tipo “caseiro de forma” poderia consumir 30 gramas de manteiga (dependendo do tipo de receita) e uma embalagem de cada 400 gramas de pão de forma. São exemplo simples, mas de fácil compreensão, de igual maneira é feito em processos industriais, e/ou de serviços, bem mais complexos. Segundo Crepaldi (2002, p. 49), os custos diretos são o consumo de recursos produtivos “[...] que podemos apropriar diretamente aos produtos, e variam com a quantidade produzida”. De uma perspectiva industrial, o custo direto é determinado por meio de controles específi cos de uso de medidas, se for registrado em uma fi cha técnica do produto. Essa fi cha logo servirá como controle interno de fabricação. Além dos custos diretos relacionados aos insumos que serão incorporados no processo de fabricação, também há custos diretos recorrentes do uso da mão de obra. Em resumo, na análise dos custos diretos, tem-se o uso de Material Direto (MD) e o uso de Mão de Obra Direta (MOD). • Material Direto (MD): identifi ca-se a quantidade exata dos componentes que são incorporados ao produto. Exemplo disso, pode-se citar a fabricação de camisetas, onde haverá: − Matéria-prima: o uso de malha de algodão e/ou sintética. − Insumos: o uso de materiais a serem incorporados ao produto, exemplo: botões, etiquetas etc. − Embalagem: a aplicação da embalagem necessária para proteger e distribuir as unidades produzidas. 25 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 O consumo de insumos, material direto e embalagem são componentes claramente identifi cáveis e alocados diretamente aos produtos fabricados. Este tipo de custos é agrupado como Material Direto (MD) de fabricação. • Custo direto de mão de obra: no que tange ao recurso humano, quando é aplicado diretamente no processo produtivo, será considerado como Custo de Mão de Obra Direta (MOD). Segundo Crepaldi (2002, p. 56), “[...] a mão de obra direta é o custo de qualquer trabalho humano diretamente identifi cável e mensurável com o produto”. Ao passo que para Martins (2010, p. 133): Mão de Obra Direta é aquela relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e a identifi cação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio. Se houver qualquer tipo de alocação por meio de estimativas ou divisões proporcionais, desaparece a característica de ´direta´. Fazem parte do custo MOD os salários e os encargos sociais (13º salário, férias, FGTS, INSS) de todos os operários responsáveis dos processos de produção. Para identifi car e registrar o custo MOD pode ser mensurado por meio das horas/homem necessárias para fabricar uma unidade de produto. Assim, em termos de produtividade industrial, o uso do recurso humano é medido por meio do índice de tempo “hora-homem” necessários para executar uma atividade específi ca nos processos produtivos de bens e/ou serviços. Pergunta! Qual será a mão de obra direta em uma escola pública? O professor, ele é o responsável direto do serviço prestado pela escola, ou seja, educação. b) Custos indiretos Os custos e gastos indiretos são aqueles decorrentes do consumo de recursos de uso geral ao processo produtivo. Exemplos: o aluguel do galpão onde opera a fábrica; a depreciação dos equipamentos utilizados no processo produtivo; o consumo de energia; os salários dos supervisores responsáveis do processo produtivo; entre outros. Ou seja, é um tipo de custo que não pode ser incorporado diretamente ao custo dos produtos, pois é um gasto (consumo de recurso) necessário que irá benefi ciar aos diversos produtos que fazem parte da cadeia produtiva. 26 GESTÃO DE CUSTOS • Custos indiretos gerais Estes representam o consumo de recursos que possuem um vínculo com o processo produtivo ou elaboração do serviço a ser comercializado, mas que devem ser rateados entre os produtos que vêm sendo fabricados. Eles são recursos fundamentais ao processo operacional, mas que servem aos diversos centros de custos de produção e fazem parte integral do produto a ser fabricado. É necessário notar que o custo indireto não é um apoio, mas um uso de recurso fundamental na cadeia produtiva, exemplo disso: − O custo de depreciação do equipamento a ser utilizado na área de produção. Sem equipamento não há processo de transformação dos insumos, eis a sua essencialidade. Exemplo: o uso de um forno industrial serve para assar diversos tipos de pães. − O aluguel do galpão onde esses equipamentos são utilizados. Sem o galpão, não há lugar onde fabricar, eis a sua essencialidade. Pode-se observar que os exemplos expostos, e no geral, os custos indiretos não podem ser vinculados, ou “dosifi cados”, diretamente para os produtos a serem fabricados. Em termos de análise de custos, são chamados como Custos Indiretos de Fabricação (CIF). Dentre os recursos fundamentais aos processos de transformação de uma indústria, ou oferta de algum serviço, há o custo de depreciação da infraestrutura do chão de fábrica (ou do hangar que servirá como centro mecânico dos aviões), folha de pagamento dos supervisores do chão de fábrica das diferentes linhas de produção etc. No caso específi co de serviços aeronáuticos de manutenção dos aviões, o salário dos engenheiros/mecânicos responsáveis pela manutenção das aeronaves irão ser parte do custo indireto desses serviços prestados. • Custos de mão de obra O gasto de mão de obra pode ser incorporado ao custo de maneira direta ou indireta. A classifi cação da mão de obra como indireta dependerá de alguns fatores, a saber, se esse recurso humano pode ser ou não apropriado de maneira direta para um produto ou serviço. Dependendo desse fator, a folha de pagamento (salário) da mão de obra do processo produtivo é classifi cada como mão de obra direta ou indireta. 27 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 − Mão de Obra Direta (MOD): como o exposto, se um operário opera uma máquina, na qual é produzido um só tipo de produto de cada vez, logo, esse operário será identifi cado como mão de obra direta, isto é, seu serviço possui vínculo direto à produção de uma determinada mercadoria. Em termos de serviços na área da educação, o salário do professor será identifi cado como custo direto de uma determinada turma, para citar um exemplo. − Mão de Obra indireta (MOI): se um operário opera uma máquina, na qual são fabricados vários produtos, logo, não será possível medir o tempo de produção de cada produto por meio de controles unitários. Nestes casos, deve-se classifi car essa mão deobra como indireta, devendo ser aplicado ao produto por algum critério de rateio. De igual maneira acontece com o supervisor responsável pelos processos de fabricação, ou com o coordenador de um determinado curso, nas duas situações eles são parte essencial desse produto e serviço, mas como custo indireto. O operário que movimenta um torno, por exemplo, trabalhando um produto ou componente de cada vez, tem seu gasto classifi cado como Mão de Obra Direta. Porém, se outro operário trabalha supervisionando quatro máquinas, cada uma executando uma operação num produto diferente, inexistindo possibilidade de se verifi car quanto cada um desses produtos consome do tempo real daquela pessoa, temos aí um tipo de Mão de Obra Indireta (MARTINS, 2010, p. 133). Conforme exposto, pode-se observar que no caso da MOI, simplesmente, não é viável apurar diretamente o tempo de trabalho do operário e/ou profi ssional aos produtos e/ou serviços ofertados. Agora, para poder incorporar esse custo indireto para cada um dos produtos e/ou serviços, será necessário aplicar sistemas de rateio, conforme os estudos adiante. Curiosidades! Quais são os custos em um centro de ensino? Existem alguns! Mas podemos citar o aluguel (ou depreciação) das salas de aula, os salários dos professores e coordenadores dos cursos, entre outros. 28 GESTÃO DE CUSTOS Atividade de Estudos: 1) A seguir classifi que os itens como: custo direto, custo indireto, custo de mão de obra direta, custo de mão de obra indireta, despesa e investimento. ITENS CLASSIFICAÇÃO Malha consumida Aluguel de escritório e lojas Depreciação equipamentos Serviço de segurança instalações Combustível veículos para entrega dos produtos Salário costureiras Depreciação galpão fábrica Material de escritório consumido Salário vendedores Malha comprada Salário supervisor de produção Salário de auxiliar contábil Energia elétrica fábrica Material de escritório consumido Compra equipamento Gestão de Estoques e Processos de Produção Voltando aos custos diretos, especifi camente ao uso de insumos nos processos de transformação industrial, questiona-se como as organizações disponibilizariam esses materiais. Teoricamente, seria apropriado que, no momento da necessidade de um material, o fornecedor o providenciasse imediatamente, mas na prática as organizações precisam de estoques mínimos para manterem o andamento de suas operações. No segmento aeronáutico, há a necessidade de uma grande quantidade de peças fundamentais estocadas à manutenção de aeronaves, visando ofertar serviços efi cientes. Para evitar gargalos na dinâmica operacional de qualquer tipo de organização, é necessário manter estoques dos diversos materiais 29 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 necessários aos processos produtivos, assim, esses estoques estarão disponíveis e prontos para serem utilizados. Eis a necessidade das organizações de manter um investimento mínimo em estoques, ou seja, estoques têm valores bem identifi cados no balanço patrimonial. Esses valores fi cam em estoque até serem requisitados pelo departamento de produção e logo consumidos, processados e incorporados na oferta de bens e serviços. Segundo Leone (2009, p. 49): A contabilidade de custos determina o custo dos estoques visando à determinação dos resultados e à avaliação do patrimônio. Os valores dos estoques (em qualquer nível) entram na composição da fórmula de determinação dos custos dos produtos vendidos. Conforme exposto por Leone (2009), os valores dos estoques de produtos terminados representam os custos incorporados aos produtos, e à medida que ocorrem as vendas, esse valor de estoque será registrado como Custo do Produto Vendido (CPV). Uma correta gestão dos estoques e seu registro de custos é fundamental para manter uma correta avaliação do custo dos estoques das organizações, sejam públicas ou privadas. a) Avaliação de estoques A gestão de estoques é peça-chave, tanto para a análise de custos como para a logística das empresas. Uma correta gestão de estoques começa pelo controle de consumo dos materiais, base para a análise de custos das empresas. Faz parte da administração dos estoques as seguintes fases do processo produtivo: • Estoque de compras: a armazenagem de matérias primas, insumos e demais compras gerais faz parte da gestão de compras, objetivando manter os estoques mínimos necessários à organização. A área de compras, ou almoxarifado, faz a gestão pelo recebimento, estocagem, conservação, controle e distribuição dos materiais, tanto para a área produtiva como para as outras áreas da empresa. Assim, cada material deverá: − Entrar nos estoques por meio de uma ordem de compra. − Sair desses estoques através de uma requisição emitida pelo departamento solicitante. Normalmente essa saída de material é feita por meio de fi chas de controle. • Estoques de produtos em processo de elaboração: os materiais destes estoques fazem parte dos que estão ainda em processo de fabricação, ou seja, ainda não concluídos ou 100% prontos. Isto quer dizer que ainda é necessário aplicar outros processos com seus respectivos custos para sua conclusão. 30 GESTÃO DE CUSTOS • Estoque de produtos acabados: os produtos que terminaram 100% seus processos de fabricação vão se incorporando aos estoques de mercadoria acabada, para em seguida saírem da empresa como “mercadoria vendida”. b) Métodos de avaliação de estoques Considerando o estudo sobre o marco teórico da avaliação de estoques, existem ainda diversos métodos para executar essas avaliações. O mais conhecido e mais fácil de aplicar é o Sistema de Inventário Permanente. A dinâmica deste método se faz por meio do controle contínuo das movimentações dos estoques. Neste método, as solicitações dos departamentos de produção (entrada de estoque ao processo produtivo) e dos departamentos de vendas (saída de produto acabado para executar vendas) é feito por meio de controles individuais. A grande vantagem deste método é que os estoques e o Custo do Produto Vendido (CPV) podem ser apurados quando a contabilidade precisar, isto é, em qualquer momento, porém, deve-se observar que apesar deste método (Sistema de Inventário Permanente) possuir valores atualizados permanentes, é necessário realizar auditorias dos estoques ao fi nal de cada período contábil. Observando-se a questão da avaliação dos estoques, os materiais estocados, prontos para serem consumidos, precisam ser classifi cados e controlados para sua saída. O efetivo controle destes estoques pode ser visualizado por meio da seguinte fórmula: Consumo de material direto = estoque inicial + compras líquidas – estoque fi nal Este método pode ser exemplifi cado por meio de uma empresa industrial, na qual a incorporação dos custos é feita pela contagem das requisições executadas dos estoques de compras. Deste modo, a empresa consegue manter valores dos estoques de maneira continua, conforme se pode observar a seguir: Observando-se a questão da avaliação dos estoques, os materiais estocados, prontos para serem consumidos, precisam ser classifi cados e controlados para sua saída. Quadro 3 – Sistema de inventário permanente para empresa comercial Consumo de material direto estoque inicial + compras líquidas - estoque fi nal Consumo de material direto $30.000,00 + $50.000,00 – $20.000,00 = $60.000,00 Fonte: O autor. 31 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Neste exemplo, apresenta-se o consumo de materiais no valor de $60.000,00. Isto quer dizer que, dos valores dos estoques, foi incorporado – em um período determinado de tempo – como custo direto de materiais ao processo produtivo $60.000,00. Contudo, se esse valor de uso de estoques representar 25.000 unidades de produção, de quanto será o custo unitário de material direto a ser incorporado no produto? • O custo unitário do uso desses insumos, “referencial”, será iguala R$2,40, ou seja: R$ 60.000 25.000 Observe que esses R$ 60.000,00 são o consumo do período determinado em função da valorização dos estoques. E esses 25.000 são a quantidade de unidades efetivamente produzidas. Talvez haja dúvida sobre o motivo pelo qual o custo unitário de R$2,40 é um valor referencial. A resposta se deve a todos os consumos registrados como custos do processo que irão fazer parte do “valor/ custo” da mercadoria “elaborada” e a ser vendida. Valor que irá se incorporar aos custos dos “Estoques de Produtos Acabados”. Quando efetivamente acontecerem as vendas, será o momento em que os valores desses custos incorporados nos Estoques de Produtos Acabados serão incorporados ao Custo do Produto Vendido (CPV), na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), como CPV. Exemplifi cando-se da seguinte forma: • Supondo-se que foram produzidas 25.000 unidades, logo, o custo unitário do produto vendido será de R$2,40 (R$60.000/25.000). Mas se nesse período forem vendidas 20.000 unidades, logo, o CPV apurado na DRE será de R$48.000,00 (2,40 x 20.000 unidades), e terá um saldo hipotético de estoque de produto terminado de R$12.000 (R$60.000 – R$48.000). Além da aplicação de métodos de entrada e saída dos estoques, as empresas precisam da correta classifi cação desses estoques, desde os mais importantes e essenciais aos processos produtivos até os materiais de apoio de menor relevância. Um dos métodos de classifi cação mais conhecidos e usados é a classifi cação ABC dos Estoques. Essa classifi cação também é conhecida com a Curva ABC dos Estoques. 32 GESTÃO DE CUSTOS • Classifi cação curva ABC dos estoques Os estoques podem ser classifi cados de diversas maneiras, sendo a mais utilizada a classifi cação Curva ABC. Neste sistema de classifi cação, as mercadorias são registradas conforme a sua importância para as atividades da organização, estabelecendo-se a seguinte lógica de ordem alfabética (A, B, C ...): − Estoques itens A: estoques que possuem valor signifi cativo e essencial à cadeia produtiva, merecendo controle mais detalhado. Aqui se pode citar insumos que fazem parte integral de mercadorias a serem fabricadas; ou no caso do serviço de manutenção de aeronaves, podem-se citar peças essenciais para o serviço mecânico/profi ssional das aeronaves. Na maioria de negócios, estes estoques fazem parte, na média, apenas de 20% dos itens, porém, chegam a representar até um 80% do valor monetário dos estoques. − Estoques itens B: embora os estoques deste grupo não possuam valores tão expressivos como dos “itens A”, eles têm um certo grau de essencialidade para o processo operativo. Exemplifi cando, insumos secundários à fabricação de camisetas tais como: botões para as camisetas polos; estampas com designs diferenciados, embalagens etc. Na maioria dos negócios, estes estoques fazem parte, na média, de 30% dos itens, porém, representam 15% do valor monetário dos estoques. − Estoques itens C: os estoques deste grupo são bem numerosos, porém, bem menos representativos em termos de valor; na maioria dos casos são inventariados ao fi nal do período. Podem-se citar estoques tipo parafusos, peças diversas, material de apoio, folha de papel para a administração, lâmpadas etc. Na maioria de negócios, estes estoques fazem parte, na média, de 30% dos itens, porém, representam aproximadamente 5% do valor monetário dos estoques. Neste sistema, “classifi cação ABC”, os estoques dos grupos A e B são conhecidos como “inventários”. Os inventários são materiais que são considerados como parte integral aos processos de produção, ou seja, eles são essenciais à produção. Entretanto, os estoques do grupo C não fazem parte dos “inventários” essenciais à produção, eles fazem parte dos itens gerais de apoio. Exemplifi cando este sistema de estoques, em seguida, a Curva Padrão ABC dos Estoques. 33 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Figura 3 – Curva padrão ABC dos estoques Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/cw6igk>. Acesso em: 28 abr. 2017 No gráfi co da Curva ABC, é fácil de visualizar o grau de importância monetária dos itens estoqueados como A, B e C. Somando-se os itens representados em A e B, representam em torno de 80% do valor dos estoques, embora em número de itens possam ser menores. • Classifi cação dos materiais como estoques Questiona-se se todo material que as empresas compram deve entrar na contabilidade diretamente como estoques. Tudo dependerá do critério e das necessidades operativas das organizações, mas existem inventários essenciais à cadeia produtiva que defi nitivamente entram na gestão de estoques, exemplo em um processo de fabricação temos: − Matéria-prima/insumos: fazem parte integralmente dos elementos que compõem as mercadorias a serem fabricadas. Essa matéria-prima e/ou insumos sofrem um impacto de transformação durante a fabricação. Assim, os insumos serão aplicados conforme o processo de produção, saindo do estoque direto para os processos de produção. Em termos contábeis, estes tipos de estoques vão se transformando em custos de produção de produtos em processo, exemplos disto: algodão (matéria-prima) na fabricação de malhas; malha de algodão (insumo) na fabricação de roupas. 34 GESTÃO DE CUSTOS − Material secundário: fazem parte do material que não é componente essencial na composição do produto, mas é perfeitamente identifi cável com vínculo direto ao produto, exemplos disto: botões: na fabricação de camisetas polo de algodão; pneus: na montagem de um carro novo. − Embalagens: são parte dos materiais a serem complementados aos produtos. As embalagens fazem parte dos custos diretos devido a seu vínculo direto aos produtos, exemplos disso: caixa de papelão onde é embalado um computador; sacola plástica na qual é colocada 500 gramas de macarrão. O estudo sobre a importância da gestão de estoques na análise de custos das organizações, e como uma correta administração de estoques, é de grande ajuda ao fl uxo de uso de recursos. A seguir, a vinculação dessa gestão de estoques como o fl uxo dos custos ao longo dos processos operacionais. c) A gestão dos estoques e o fl uxo dos custos Há um vínculo entre os estoques e o registro de custos nos processos produtivos, assim, os estoques fazem parte do fl uxo de custos de qualquer tipo de organização. A seguir o fl uxo de custos e seu elo com os estoques. Figura 4 – Fluxograma de alocação de custos num processo produtivo Fonte: Bruni e Famá (2004, p. 34). 35 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Conforme se pode observar, na fi gura anterior, fi ca bem claro como a classifi cação dos custos entre diretos e indiretos é determinante para fazer a classifi cação dos estoques. Após esta classifi cação e o registro dos custos incorporados aos produtos estocados é que as empresas podem ter valores referenciais das mercadorias produzidas, sendo importante lembrar: • Os custos diretos são recorrentes do consumo direto de insumos e mão de obra direta. • Os custos indiretos irão ser alocados e registrados por meio de sistemas de rateio, quesito a ser estudado adiante. Por ora, depois de ter feito o registro de cada um dos itens em estoques a cada um dos produtos a serem produzidos (neste caso Produto A, B e C), eles vão se incorporando à cadeia produtiva para terminar como Estoque de Produto Acabado destes três produtos (A, B e C). O registro de custos dos estoques de Produto Acabado irá ser apurado como Custo de Produto Vendido (CPV) quando efetivamente acontecer a venda respectiva, somente neste momento é que o CPV irá fazer parte da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), conforme a ser estudado nas próximas etapas. Atividades de Estudos: 1) As organizações economicamente ativas demandam por recursos para conseguir executar suas atividades. Defi na o que é recurso produtivo e, nas seguintes situações, exponha que tipos de recursosão: a) Uma empresa precisa de algodão para fabricar malhas. b) Uma empresa precisa se abastecer de farinha, ovos, sal, entre outros, para produzir diferentes tipos de macarrões. c) Uma empresa precisa de novo equipamento para aprimorar sua produção. d) As empresas de uma determinada região demandam por melhores estradas para conseguir escoar sua produção. e) Uma empresa da indústria farmacêutica irá montar nova fábrica, mas precisa que sejam em uma localização que tenha profi ssionais qualifi cados em farmacêutica e que a região tenha escolas e serviços básicos de qualidade. f) Uma empresa de porte médio está procurando opções de sistema integrado de gestão empresarial, Enterprise Resource Planning (ERP), visando aprimorar seu fl uxo de processos. 36 GESTÃO DE CUSTOS 2) As empresas consumem recursos para executar suas tarefas. Quando esses recursos são usados diretamente nos centros de produção, é registrado como custo. Diferencie e cite exemplos entre Custo Direto e Custo Indireto de Fabricação (CIF). ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ 3) A empresa de Madeira do Alto Vale Ltda., fornecedora de tábuas para diversas fábricas de móveis, deseja classifi car os seguintes gastos (consumo de recursos) como matéria-prima e/ ou insumos, MP/insumos; Mão de Obra Direta (MOD); Custos Indiretos de Fabricação (CIF); e as despesas. Itens Valores em R$ Classifi cação Depreciação de equipamento 800,00 Troncos de madeira 18.550,00 Parafusos e porcas 1.350,00 Mão de obra, corte das tábuas 65.000,00 Supervisor de produção 7.800,00 Salários pessoal administrativo 15.780,00 Cola consumida 3.500,00 Depreciação galpão 3.700,00 Suprimentos centro de produção 2.600,00 Aluguel local de vendas 6.000,00 Depreciação máquinas e equipamento de produção 5.550,00 Depreciação equipamento administração 900,00 Combustível caminhões distribuição 3.800,00 4) Na execução das atividades de qualquer tipo de negócio existe a necessidade do uso de recurso. Esse consumo (ou gasto) de recursos, dependendo do objeto de custos, poderá ser custo ou despesa, a seguir determine a sentença correta em relação ao uso de recursos: a) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de gasto geral durante as atividades dos centros de produção. Nesta situação, pode-se considerar o aluguel e o gasto da energia de um galpão usado no processo de transformação. 37 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 b) ( ) O uso de recursos considerado como despesa é utilizado com a fi nalidade de satisfazer as necessidades de apoio para fazer acontecer as atividades dos centros de produção. Nesta situação pode-se considerar o aluguel de várias lojas nos shoppings ao longo do país de uma empresa que fabrica camisetas, com a fi nalidade de dar apoio as vendas da empresa. 5) As organizações devem realizar registros de seus custos, despesas e planejamento de investimentos. Existe uma diferença conceptual entre: o que é custo e/ou despesa; e o que são investimentos, a seguir determinar essa diferença conceitual. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ 6) Para execução de suas atividades, as organizações precisam dispender de recursos monetários. Uma das fi nalidades da gestão de custos é precisamente realizar a classifi cação desse dispêndio de recursos, diante disso a seguir classifi que: a) Os custos, gastos e investimentos conforme o seguinte quadro. b) Os valores totais dos custos, gastos e investimentos. Classifi cação do Consumo e Compras (Fábrica de Camisetas) Consumo de Recursos Valor Custos Despesa Investimentos Folha de pagamento no chão de fábrica R$ 17.350,00 Compra de equipamento produtivo R$ 37.500,00 Depreciação de Equipamento produtivo R$4.500,00 Compra de matéria-prima e insumos R$ 12.000,00 Depreciação de caminhões (dist. Produto) R$ 3.500,00 Consumo de Materiais indiretos na produção R$ 3.500,00 Compra Embalagem dos produtos R$ 3.500,00 Consumo Embalagem dos produtos R$ 1.500,00 Consumo de Materia-prima e insumos R$ 13.500,00 Aluguel da fábrica R$ 6.500,00 Aluguel de sala comercial R$ 3.000,00 Seguro da fábrica e seus equipamentos R$ 2.800,00 Total: 38 GESTÃO DE CUSTOS 7) Um dos eixos do controle do uso de recursos é a avaliação de estoques e sua dinâmica. Assim, a gestão de estoques é peça- chave para o controle e consumo dos insumos e materiais que as organizações precisam, existindo três tipos de classifi cação de estoques. Sobre esta classifi cação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os três grupos gerais de estoques para um processo produtivo são: estoque de investimentos, estoques de materiais e insumos e estoque de materiais indiretos. b) ( ) Os três grupos gerais de estoques para um processo produtivo são: estoque de compras para fi ns produtivos, estoque para fi ns de despesa, e estoque para fi ns de uso geral. c) ( ) Os três grupos gerais de estoques para um processo produtivo são: estoque de compras, estoques de produtos em elaboração e estoque de produtos acabados. d) ( ) Os três grupos gerais de estoques para um processo produtivo são: estoque de produção, estoque de material de apoio e estoque de produtos acabados. Algumas ConsideraçÕes Ao longo deste capítulo abordamos algumas questões essenciais para o entendimento da gestão de custos com seu vínculo direto às necessidades de consumo de recursos para que as organizações economicamente ativas possam executar suas diversas atividades. Observe que, muitas vezes, neste capítulo, falamos de “atividade econômica”, devemos nos atentar de que toda atividade econômica, seja industrial, comercial, serviços e setor público, deve possuir sistemas de custos que possam monitorar o efi ciente e efi caz uso de recursos nas suas atividades. A seguir, convidamos você para dar uma “olhada” em como são classifi cadas as diversas atividades econômicas:<http://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/tutoriais/classificacao- atividade-economica/>. 39 TERMINOLOGIA DA ESTRUTURA DE CUSTOS Capítulo 1 Antes de iniciar nosso próximo capítulo, gostaríamos de que você refl etisse ainda sobre o que é realmente “custo” e o que é “despesa”. Este questionamento é sempre importante nos fazer e conhecer a diferença conceitual pois, muitas vezes, podemos nos deparar com situações que essa defi nição pode fi car confusa, especialmente quando estamos avaliando a análise de custos de empresas de serviços. Assim, convido você acessar à seguinte página e dar mais uma “olhada” à diferença entre custos e despesa: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ tematicas/custo-ou-despesa.htm>. ReferÊncias BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação do preço. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade de custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LEONE, George S. G. Custos: planejamento, implantação e controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custo. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009. SILVA, Raimundo Nonato Souza; LINS, Luiz dos Santos. Gestão de custos: contabilidade, controle e análise.2 ed. São Paulo: Atlas, 2013. 40 GESTÃO DE CUSTOS CAPÍTULO 2 Dinâmica dos Custos Variáveis e Fixos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Incorporar custos indiretos e despesas indiretas à análise de custos. Identifi car e analisar a estrutura de custos de uma organização. Conhecer a departamentalização e centros de custos de uma organização. Discernir sobre os diferentes sistemas de custos. 42 GESTÃO DE CUSTOS 43 DINÂMICA DOS CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS Capítulo 2 ContextualiZação A dinâmica de custos faz parte integral da vida das organizações, é por meio dessa dinâmica que as empresas conseguem lidar com o fator de uso de recursos nas suas atividades operacionais. Neste capítulo, aprenderemos sobre essa dinâmica, identifi cando a estrutura de custos própria para cada empresa. Toda empresa deve saber identifi car seus custos e o comportamento, como custos variáveis e fi xos. Critérios de Rateio Para Distribuição de Custos Indiretos Conforme o Processo de Produção No capítulo anterior, estudamos que existem diversos custos indiretos relacionados aos processos de produção, mas cujo objeto de custos fi ca em função do consumo de recursos gerais que servem para várias unidades produtivas, assim, não há vínculo direto entre a geração desses custos e as unidades produtivas em questão. Exemplo: como seria viável incorporar o salário de supervisor de fábrica ao custo dos diferentes produtos a serem fabricados? Esses tipos de custos são conhecidos como Custos Indiretos de Fabricação (CIF), e a distribuição dos CIF dependerá de algum tipo de critério de incorporação destes nos custos unitários de produção. Na maioria das vezes são aplicados parâmetros de rateios em função das horas-máquinas consumidas para produzir uma unidade, ou as horas-homem usadas, conforme veremos a seguir. Cabe a cada empresa considerar o melhor sistema de rateio para suas necessidades de análise. a) Rateio conforme a produtividade horas-máquina Na fabricação, cada mercadoria possui um processo de produção em específi co, podendo demandar tempos de uso de equipamento diferentes. Neste sentido, cabe-nos perguntar: quantas horas-máquina consomem os equipamentos de um determinado processo de transformação para produzir uma unidade? Para responder isso, vamos observar o seguinte quadro, no qual há três modelos de produtos: o Modelo A, seis unidades produzidas em 60 minutos; o Modelo B, oito unidades produzidas em 60 minutos; e o Modelo C, 10 unidades produzidas em 60 minutos. 44 GESTÃO DE CUSTOS Quadro 4 – Título ponderação horas-máquina/produtos PRODUTO PRODUTIVIDADE PESO / MINUTOS PONDERAÇÃO Modelo A 1 unid. a cada 10 min 10,00 42,55% x 100 Modelo B 1 unid. a cada 7,5 min 7,50 31,92% x 100 Modelo C 1 unid. a cada 10 min 6,00 25,53% x 100 Ponderação Horas-Máquina 23,50 100,00% 60 6 minutos unidades 60 8 minutos unidades 60 10 minutos unidades 10,00 23,50 7,50 23,50 6,00 23,50 Fonte: O autor. Agora, observa-se que para fabricar: • O modelo (A) – foram necessários mais minutos para produzir uma unidade, 10 minutos. Isto representa maior peso dos CIF das unidades produzidas do modelo A, aliás, segundo a ponderação da produtividade horas-máquina, este modelo leva 42,55% do tempo proporcional do uso das instalações. • O modelo (B) – foram necessários menos minutos para produzir uma unidade, 7,5 minutos. Isto representa menor peso dos CIF das unidades produzidas do modelo B, aliás, segundo a ponderação da produtividade horas-máquina, este modelo leva 31,92% do tempo proporcional do uso das instalações. • O modelo (C) – foi necessária uma menor quantidade de minutos para produzir uma unidade, 6 minutos. Isto representa o menor peso dos CIF das unidades produzidas do modelo C, aliás, segundo a ponderação da produtividade horas-máquina, este modelo leva 25,53% do tempo proporcional do uso das instalações. Se somarmos a porcentagem de tempo consumido nas horas-máquina desses três modelos, teremos 100% do tempo utilizado na fabricação destes produtos, isto é: 100% = 45,55% + 31,92% + 25,53%. Como podemos aplicar o rateio dos CIF em função das horas-máquina gastas na fabricação desses três modelos? Vamos supor que o salário mais benefícios sociais do supervisor de produção seja de R$ 7.000,00 e que a produtividade por mês da fábrica é conforme mostrado no quadro a seguir: 45 DINÂMICA DOS CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS Capítulo 2 Quadro 5 – Rateio custo do supervisor de produção ~ Fonte: O autor. No quadro exposto, podemos visualizar claramente a dinâmica da incorporação de um Custo Indireto de Fabricação no custo por produto. No exemplo, foi usado o critério de rateio conforme as horas-máquina na fabricação hipotética de três modelos de produtos. É fácil observar que o modelo que possui maior quantidade de unidades produzidas terá uma menor alocação unitária dos CIF ao se comparar com os demais produtos do processo de produção deste exemplo. Neste exemplo, talvez o produto “A” demanda maior quantidade de horas para ser produzido, mas é de maior qualidade. Assim, seu custo unitário será maior, mas seu preço de mercado, seguramente, também será maior. b) Rateio conforme a produtividade mão de obra direta Assim como no critério de rateio de “Horas-Máquina”, no rateio do uso de Mão de Obra Direta podemos aplicar o mesmo conceito de distribuição, mas agora em função das horas-homem consumidas para produzir uma unidade de cada um dos produtos fabricados. Assim, cabe-nos perguntar: quantas horas-homem consome cada um dos equipamentos para produzir uma unidade? Nesta situação, o objeto de custos será a produtividade em função das quantidades de peças (unidades) que o recurso humano consegue fazer em uma hora, como pode ser observado no exemplo a seguir: Quadro 6 – Horas-Homem de fábrica de camisetas PRODUTO PRODUTIVIDADE PESO / MINUTOS PONDERAÇÃO Camiseta A 1 unid. a cada 3 min 3,00 40,54% x 100 Camiseta B 1 unid. a cada 2,40 min 2,40 32,43% x 100 Camiseta C 1 unid. a cada 2 min 2,00 27,03% x 100 Rateio Horas-Homem 7,40 100,00% 3,00 7,40 2,40 7,40 2,00 7,40 60 minutos 20 unidades 60 minutos 25 unidades 60 minutos 30 unidades Fonte: O autor. 46 GESTÃO DE CUSTOS Observe-se que para fabricar: • O modelo (A) – foram necessários mais minutos para produzir uma unidade, três minutos. Isto representa maior peso dos CIF das unidades produzidas do modelo A. Segundo a ponderação da produtividade horas- homem, este modelo leva 40,54% do tempo proporcional do uso das instalações. • O modelo (B) – foram necessários menos minutos para produzir uma unidade, 2,40 minutos. Isto representa menor peso dos CIF das unidades produzidas do modelo B. Segundo a ponderação da produtividade horas- homem, este modelo leva 32,43% do tempo proporcional do uso das instalações. • O modelo (C) – foi necessária uma menor quantidade de minutos para produzir uma unidade, dois minutos. Isto representa o menor peso dos CIF das unidades produzidas do modelo C. Segundo a ponderação da produtividade horas-homem, este modelo leva 27,03% do tempo proporcional do uso das instalações. Se somarmos a porcentagem de tempo consumido nas horas-homem desses três modelos, teremos 100% do tempo utilizado na fabricação deles, isto é: 100% = 40,54% + 32,43% + 27,03%. Agora, em função destas porcentagens de produtividade do recurso humano, podemos aplicar o rateio, da mesma maneira que foi feito no exemplo anterior, sobre as horas-máquina. Atividade de Estudos: 1) Utilizando os pesos de produtividade horas-homem do quadro anterior, faça o rateio do valor gasto em energia de R$ 25.000,00nestes três modelos de camisetas. Valores a serem considerados: 47 DINÂMICA DOS CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS Capítulo 2 c) Rateio conforme a produtividade de empresas de serviço Até agora as situações expostas vêm sendo do uso de rateio para a apuração dos Custos Indiretos Fixos (CIF) do setor industrial, mas em uma situação de prestação de serviços, como poderia ser feito isso? Vamos analisar uma situação específi ca dos serviços prestados por uma empresa do setor da aeronáutica. Para aplicar o rateio poderíamos ter diversos critérios, mas vamos focar na seguinte situação: se o centro de custos é defi nido pelo número de salas a serem utilizadas dentro de um hangar para executar o serviço da empresa, logo, podemos ter a distribuição dos CIF conforme essas salas. Figura 5 – Serviço aeronáutico de manutenção Fonte: Disponível em: <http://www.aeroin.net/tap-manutencao-e-engenharia-brasil-excel- encia-por-vocacao/>. Acesso em: 5 maio 2017. A empresa poderia fazer a análise de distribuição do espaço dentro do hangar para oferecer seus serviços, mas vamos supor que foi feita a distribuição em três grandes espaços, ou salas: ofi cina de manutenção geral, ofi cina de revisão e ofi cina engenheira-mecânica. 48 GESTÃO DE CUSTOS Quadro 7 – Rateio conforme a classifi cação do serviço no hangar OFICINA NÚMERO DE SALAS METRAGEM PONDERAÇÃO Manutenção 6 salas de manutenção 2.100 m² 42% x 100 7% = Revisão 4 salas de revisão 1.300 m² 26% x 100 6,50% = Engenheira- mecânica 3 salas mecânicas 1.600 m² 32% x 100 10,66% = Rateio Horas-Máquina 5.000 m² 100,00% 2100 5000 1300 5000 1600 5000 42% 6 26% 4 32% 3 Fonte: O autor. No quadro anterior, podemos observar a ponderação de cada área dos serviços prestados em função do espaço necessário. Assim, se somarmos a porcentagem de cada ofi cina/sala, obteremos o valor total da distribuição de uso das salas, isto é: Quadro 8 – Uso de rateio para distribuição dos CIF – Serviços aeronáuticos OFICINA PONDERAÇÃO SALAS % USO DE SALA POR CENTRO DE CUSTOS Manutenção 6 salas x 7,00% 42% Revisão 4 salas x 6,50% 26% Engenheira-mecânica 3 salas x 10,66% 32% TOTAL 100% Fonte: O autor. Uma vez que temos os valores referenciais para a distribuição dos CIF, podemos aplicá-los para incorporação destes ao custo dos serviços prestados. Vamos supor que a empresa oferece serviços de manutenção de aeronaves e helicópteros, e teve custos de energia pelo valor de R$ 15.000,00. Como podemos fazer o rateio deste gasto nos diferentes centros de custos do serviço prestado, conforme o critério de uso de espaço? Isso pode ser feito por meio das porcentagens de distribuição de uso desse espaço, ou seja, ratear esse custo CIF em função do uso de espaço, conforme o quadro a seguir: Quadro 9 – Rateio custo de energia Fonte: O autor. 49 DINÂMICA DOS CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS Capítulo 2 Observe que cada sala/setor possui um custo de energia diferente, sendo que as salas que possuem um maior custo de uso de energia são as de “Engenheira- mecânica”, isso acontece porque esse setor possui somente três salas e tem o peso de 32% do espaço necessário para seu funcionamento. Assim como qualquer outro critério, o utilizado neste exemplo aplicou um ponto referencial, isto é, a distribuição de espaço do hangar, sendo esse espaço o critério de ponderação para o rateio dos CIF. Devemos ressaltar que o critério poderia ser outro, cabe aí aos profi ssionais que estão no serviço analisar o critério de rateio que seja o mais adequado as suas necessidades de produção, porém, qualquer que seja o critério, sempre deve-se ter um fundamento lógico e mensurável. Lembre-se, os custos a serem rateados sempre devem ser Custos Indiretos de Fabricação (CIF). Segundo Leone (2009, p. 61), “os custos rateados são sempre custos indiretos, pois o rateio é realizado mediante o emprego de critérios e taxas que resultam na divisão proporcional de um montante global e comum”. d) Uso de rateio para distribuição dos CIF Uma vez que conhecemos o método para aplicar critérios de rateio, seja em um processo industrial ou de serviços, a seguir vamos estudar como é feito o processo de uso desse rateio para todos os Custos Indiretos Fixos (CIF). Pode parecer um pouco laborioso, mas na verdade não é, apenas precisa-se utilizar passos de cálculos bem defi nidos. Primeiramente, para poder ratear, deve-se considerar o valor dos CIF e logo utilizar o critério de rateio, assim, o rateio servirá como ponto referencial para incorporar todos os CIF para cada um dos produtos e/ou serviços que vêm sendo produzidos. Para fazer isso, devemos levar em consideração o seguinte cálculo referencial: Quadro 10 – Cálculo geral da distribuição do custo indireto nos produtos produzidos Custo Indireto Fabricação (CIF) (Custo Indireto x % de rateio do produto A) + (Custo Indireto x % de rateio do produto B) + (Custo Indireto x % de rateio do produto C) + (Custo Indireto x % de rateio do produto D) +.... Fonte: O autor. Com esse sistema de cálculo referencial, podemos utilizá-lo no critério de rateio previamente analisado e escolhido pelos responsáveis da área de produção e de custos. Exemplifi cando, a seguir vamos incorporar todos os CIF, utilizando o exemplo de “horas-máquina” exposto anteriormente. Vamos incorporar todos os CIF registrados em um período de tempo específi co, conforme segue: 50 GESTÃO DE CUSTOS Quadro 11 – Rateio Horas-Máquina, custos CIF Fonte: O autor. Como podemos observar, foram incorporados os CIF a cada um dos produtos fabricados. Sem o consumo de energia, e os outros CIF expostos no quadro, seria impossível utilizar o equipamento instalado, logo, seria impossível executar o processo de transformação dos insumos. Eis o critério desse consumo de energia ser considerado como custo, e não como uma mera despesa geral de apoio, o uso desses CIF é essencial ao processo de transformação dos equipamentos. Segundo Crepaldi (2002, p. 18), “[...] os custos indiretos são os que, para serem incorporados aos produtos, necessitam da utilização de algum critério de rateio”. Lembram quais eram os demais CIF de um processo de transformação industrial? A seguir, vamos incorporar todos os CIF ao custo unitário de fabricação, vamos lá?! • Incorporação dos CIF nas unidades produzidas Conforme o que vem sendo estudado, para realizar a distribuição dos CIF de cada um dos produtos a serem fabricados, devemos considerar primeiramente a identifi cação da “proporcionalidade” do critério de rateio a ser aplicado, tais como: horas-homem ou horas-máquina de uma indústria. Logo após ter selecionado o critério de rateio, deve-se aplicar o rateio para todos os CIF, visando apurar o custo unitário de cada um dos produtos. Vamos supor que desejamos apurar o custo unitário na fabricação de dois tipos de móveis, poltronas e sofás: Produto 1 e Produto 2. No quadro a seguir, temos os custos diretos de fabricação, o custo total CIF e o critério de rateio a se aplicar: 51 DINÂMICA DOS CUSTOS VARIÁVEIS E FIXOS Capítulo 2 Quadro 12 – Incorporação do CIF ao custo unitário de fabricação Fonte: O autor. O que podemos observar desse quadro? O quadro apresenta os custos diretos totais para os dois produtos, isto é: R$ 47.000,00 e R$ 36.100,00; o CIF total pelo valor de R$ 79.000,00; as unidades produzidas para esses produtos; e o critério de rateio para se aplicar; e uma série de espaços em branco para se preencher, visando obter o custo unitário de fabricação. O CIF pelo valor de R$ 79.000,00 deve ser incorporado aos produtos conforme o critério de rateio exposto ao fi nal do quadro, isto é, horas-máquina, mas para usar esse critério de rateio, devemos aplicar a ponderação respectiva dessas “horas-máquina”, consumidas no processo de fabricação, conforme podemos observar a seguir: Quadro 13 – Horas-máquina consumidas na fabricação