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Comentários sobre o ensaio Dialogando com Gilles Deleuze e Félix Gattari sobre a 
ideia de subjetividade desterritorializada, de Maria dos Remédios de Brito
 
A autora se propõe no ensaio a responder a estas quatro 
perguntas.
1) Por que Deleuze e Guattari rejeitam a ideia de 
subjetividade fincada no modelo da representação? 
2) Como se pode pensar a ideia de subjetividade a partir do 
conceito de desterritorialidade?
3) O que seria uma subjetividade desterritorializada? Que 
caminhos e expressões possíveis a subjetividade pode 
introduzir na vida e na existência de quem a exercita?
4) Que modo de existência é afirmado por ela?
A autora se propõe no ensaio a responder a estas quatro 
perguntas.
1) Por que Deleuze e Guattari rejeitam a ideia de 
subjetividade fincada no modelo da representação? 
2) Como se pode pensar a ideia de subjetividade a partir do 
conceito de desterritorialidade?
3) O que seria uma subjetividade desterritorializada? Que 
caminhos e expressões possíveis a subjetividade pode 
introduzir na vida e na existência de quem a exercita?
4) Que modo de existência é afirmado por ela?
 
Escritura I: a representação
Parte da modernidade, com Descartes, para quem o sujeito era o 
centro da verdade:
“Eu sou, eu existo, é obrigatoriamente verdadeira todas as 
vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito” 
(pág. 5)
Ideia de subjetividade ligada ao sujeito enquanto unidade que 
é permanente inferidor do conhecimento. (pág. 5)
O eu é o próprio pensamento, o eu pensante, sendo o único 
princípio fundamental do conhecimento. (pág. 4)
Escritura I: a representação
Parte da modernidade, com Descartes, para quem o sujeito era o 
centro da verdade:
“Eu sou, eu existo, é obrigatoriamente verdadeira todas as 
vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito” 
(pág. 5)
Ideia de subjetividade ligada ao sujeito enquanto unidade que 
é permanente inferidor do conhecimento. (pág. 5)
O eu é o próprio pensamento, o eu pensante, sendo o único 
princípio fundamental do conhecimento. (pág. 4)
 
 A autora diz que este destronamento desencadeou uma “espécie de 
catástrofe do sujeito” (pág.6). O sujeito estável, unificante e unificado se dilui 
e muda o conceito de subjetividade.
 O que ela pretende no seu ensaio é destacar uma subjetividade que não 
se interessa mais por qualquer tipo de unidade, de centro, de forma, de 
universalidade, e ao mesmo tempo responder a mais algumas perguntas 
além das propostas no prólogo:
5) O que fazem Deleuze e Guattari rejeitarem a ideia de subjetividade 
fincada no modelo da representação, ou seja, da identidade e da 
unidade?
6) Como pensar a ideia de subjetividade pela inferência do conceito de 
territorialidade? Isso é possível?
7) Que modos possíveis de existência essa perspectiva de 
“subjetividade desterritorializada” poderia instaurar na vida daquele 
que a exerce? (a autora esclarece que vai apresentar o conceito de 
“subjetividade desterritorializada” ao longo do texto)
8) Em que medida tal reflexão pode ser importante para a atualidade?
 
 O conceito de desterritorialidade e sua inferência com a ideia 
de subjetividade desterritorializada serão tratados em 
oposição à ideia de subjetividade unificada e universal, com 
a finalidade de vislumbrar um novo modo de existência que 
perpassa pela criatividade e constituição de um tipo de 
singularidade e subjetividade para além da lógica da identidade. 
Dessa forma, a subjetividade desterritorializada opera em 
conexões, fluxos heterogêneos, movimentos, deslocamentos e 
dobras.
 
A hipótese que move este ensaio é que promovendo a crítica à 
subjetividade centralizada, que não dá conta da diferença, do movimento, 
dos deslocamentos existências e vitais, Deleuze e Guattari sugerem, por meio 
de uma subjetividade móvel, desterritorializada, a possibilidade de fomentar 
a construção de novos modos de vida e existência que exercitem a 
afirmação da vida, promovendo linhas de fuga aos modos de sujeição e 
imposição daqueles que desejam uma vida reativa e sem força fincada pela 
representação. Pensar uma “subjetividade desterritorializada” e movente é 
destacar que a mesma é atravessada por modos de existência 
afirmativos, por cruzamentos, que não a deixam ser capturada pela forma, 
mas por pinturas, fissuras, forças, afetos e dobras. Essa perspectiva rejeita um 
“eu” unificador, por isso, não mais sujeito, não mais substância, mas modos de 
existência, de singularidades e intensidades.
 
Escritura II
 Desenhando a subjetividade
Subjetividade centralizada x subjetividade desterritorializada
unificada móvel
E subjetividade, o que é?
 
a subjetividade é uma trama que não está dada, mas que está em composição 
contínua com diferentes arranjos, sendo assim, ela não está na ordem do “identificado”, 
como uma espécie de moldura formatada e fixada que leva à padronização do 
indivíduo a ser conhecido e reconhecido, pois “a subjetividade não é passível de 
totalização ou centralidade no indivíduo” (GUATTARI, F; ROLNIK, S, 1996, p. 31). 
subjetividade é polifônica, é plural, pois não há nenhuma instância estruturante e 
dominante que a determine segundo uma causalidade unívoca (GUATTARI, F. 1992, p. 
11). 
subjetividade é uma noção moderna e está ligada à consciência, à atividade da razão, 
capaz de forjar uma identidade consigo mesmo, de fomentar o conhecimento 
verdadeiro, um sujeito que sabe de si, centrado em si mesmo, capaz de promover a 
certeza pela reta razão. 
 
subjetividade é... 
“o conjunto das condições que torna possível que instâncias individuais e/ou 
coletivas estejam em posição de emergir como um território existencial auto-
referencial, em adjacência ou em relação de delimitação com uma alteridade 
ela mesma subjetiva”. (GUATTARI, F. 1992, p. 19) 
subjetividade é uma composição, é um trabalho de criação. 
A subjetividade é uma exploração, programas que margeiam canais para 
se distribuírem, experimentarem, criando linhas de fuga, que consiste em 
não fugir da vida, ou se acovardar de existir, mas, ao contrário, criar linhas 
de fuga é exatamente produzir novos mundos possíveis. 
Subjetividade e subjetivação estão sempre implicadas, é isso que fomenta 
outros modos de experiências. 
 
A subjetividade está sendo configurada por vários componentes que não 
permitem mais um entendimento simplista e estruturalista de suas 
dimensões e composições, ela vai sendo composta por variantes diversas 
que chegam mesmo até a escapar dos axiomas da linguagem.
 
a subjetividade está em deslocamentos, pois não existe um a priori que 
estabelece um ser essencial, ou algo que não varia, que sempre se conserva 
e que só precisa ser descoberto. 
 
Escritura III: pintando a desterritorialidade
DEVIR:
verbo intransitivo: vir a ser; tornar-se, transformar-se, devenir.
substantivo masculino: fluxo permanente, movimento 
ininterrupto, atuante como uma lei geral do universo, que 
dissolve, cria e transforma todas as realidades existentes; 
devenir, vir a ser.
 
Figura 1: Incerteza (1944) René Magritte
A autora interpreta a obra como uma 
nuvem de significações que rejeitam a 
ideia de semelhança, de identidade. Para 
ela, a obra informa que “há tantas 
imagens em cada um de nós, há tantos 
modos de ser, tantos despatriamentos, 
como uma espécie de coletivo, tantos 
contágios, tantas modificações, 
diferenças que proporcionam outros 
olhares, outros perceptos, sem rigidez, 
sem espanto e horror” (pág. 13)
A subjetividade sofre devir.
 
Figura 2: Encontro (1944) de Escher
 
Figura 3: Laços de união (1944), 
de Escher
Exercício de subjetivação:
Onde começa?
Onde termina?
Até onde se pode ir?
“O indivíduo excepcional tem 
muitas posições possíveis” 
(D&G, 1997) (pág. 16)
A figura 3 tem uma representatividade especial uma vez que mostra a essência do 
que se é e o que se é, se é porque existe um outro, um outro que já é ocontágio do 
outro e, assim, está sempre subvertendo a si mesmo, o rosto sendo desfeito, 
operando sua subjetivação. (pág. 16)
 
Na sua opinião, estas 
obras mostram o sentido 
de (des)territorialização?
A autora acha que sim.
 
O devir está bem 
ilustrado na figura 4, 
também de Escher: 
Metamorfose (1967/68)
O conceito de 
subjetividade de D&G 
opera com o de 
desterritorialização.
 
Escritura IV
O animal e seu território (nem sempre animal; nem sempre território/geográfico)
Território deve ser compreendido em amplo aspecto.
Territorialização = domínio do ter
Desterritorialização = deslocamento para outro lugar. (pág 18)
Porém, se a desterritorialização é um deslocamento para outro lugar, então, ao alcançar este 
outro lugar, ocorre uma imediata reterritorialização.
Esse movimento de territórios pode ser compreendido como agenciamentos (mecanismos de 
assujeitamento):
a) coletivos de enunciação;
b) maquínico de corpos.
Territorializados e desterritorializados
 
“Por isso, quer-se dizer que uma “subjetividade desterritorializada” 
atua pelo movimento, pelo deslocamento, pelo agenciamento, ela 
torna-se criadora, pois se constitui no movimento de territorialidade, 
desterritorialidade e reterritorialidade. Assim, a ideia de subjetividade, 
pensada por Deleuze e Guattari, configura traços nesses movimentos 
de territorialidade e desterritorialidade que se fazem por velocidades 
e lenditões.” (pág. 19)
Lentidões = dobra (resistências)
Velocidades = desdobra
 
Corpo sem órgãos (conceito de D&G) é uma transgressão à subjetividade, 
fomentando, ele mesmo, modos de subjetivação. (pág 22)
Corpo sem órgãos = sem território = desterritorializado
 
Com isso, o tema da “subjetividade desterritorializada” exige efetivamente 
uma estética da existência, um abandono radical do sedentarismo reinante, 
um abandono das formações essencialistas, da disciplinarização dos 
corpos, sendo a favor de uma subjetividade nômade, de uma 
singularização. Isso requer coragem para deixar viver o experimento. 
Deleuze, Guattari, Escher e Magritte convidam para essa nova legião, para 
essa nova subjetividade transgressora, porém com um sabor de vida, de 
existência. Com isso, a ideia de “subjetividade desterritorializada” opera 
com a negação efetiva da identidade, da unidade e da centralidade para 
pensar a subjetividade por movimentos, por territorialidade e 
desterritorialidade, por dobras e por singularidade. (pág 23)
 
Escritura V: Meninos clandestinos
… Deleuze e Guattari sugerem uma moral ligada à vida e não mais à verdade 
verdadeira. Dessa maneira, a subjetividade não é mais atravessada por um eu 
centralizado, dono e senhor de si, mas ela decorre da afirmação e da relação com 
o outro, com a alteridade. Ela é construída por suas relações e invenções, 
promovendo para si desterritorialidades. (pág. 24)
Por fim,
Experimente novos modos de vida!!!
Mova-se!
Desterritorialize-se!
 
Por Morgana Pessôa
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