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os jovens estão mais próximos do ideal poético que os parnasianos, os quais tratam ainda seus temas à maneira dos velhos filósofos e dos velhos retóricos apresentando diretamente os objetos. Acho que é preciso, ao contrário, existir somente alusão. A contemplação dos objetos, a imagem se envolvendo nos sonhos suscitados por eles, são o canto: os parnasianos tomam a coisa por inteiro e a mostram; falta a eles o mistério; eles retiram dos espíritos essa alegria deliciosa de acreditar que eles criam. Nomear um objeto é suprimir três quartas partes do prazer de adivinhar pouco a pouco; sugerir, eis o sonho. É o perfeito uso desse mistério que constitui o símbolo: evocar pouco a pouco um objeto para mostrar um estado de alma, ou, inversamente, escolher um objeto e dele tirar um estado de alma, por uma série de decifrações. (in PEIXOTO, 1999, pp. 227-228) Alphonsus de Guimaraens traçou com arte e talento o nevoento perfil de uma poesia feita essencialmente de símbolos, de sugestões, de melancólicas ilusões. É uma face do simbolismo que se aproxima dos ideais decadentistas. CHAT Neste chat, você vai trocar ideias com seu professor e seus colegas sobre a poesia brasileira do final do século XIX, particularmente o Parnasianismo, o Decadentismo e o Simbolismo. Para isso, releia os textos das aulas 4 e 6, reveja os trabalhos que você fez, e procure sintetizar suas ideias no sentido de pensar na constituição dessa poesia, de suas propostas, de suas realizações. Um bom bate-papo para vocês! EXERCITANDO 1. A seleção vocabular revela muitas das aspirações da estética simbolista. Considerando o poema “Antífona”, de Cruz e Souza, transcrito no tópico 2 desta aula, assinale o item em que a correspondência entre as palavras ou expressões e os ideais simbolistas está INCORRETA. a) Religiosidade, espiritualidade, misticismo: Antífona, incensos, turíbulos, aras, Virgens, Santas, Réquiem, salmos, cânticos, espíritos edênicos, Mistério, chama ideal de todos os mistérios. b) Atmosfera vaga, etérea, indefinida: neblinas, formas vagas, fluidas, cristalinas; vaporosas, errantes, indefiníveis; espíritos dispersos, inefáveis, aéreos. c) Exploração da luz e da cor, especialmente do branco: formas alvas, brancas, claras, cristalinas, de luares, de neves; brilhos, radiantes. d) Musicalidade, referência a sons e instrumentos musicais: indefiníveis músicas supremas, cânticos, surdinas de órgãos flébeis, soluçantes. e) Exploração de sinestesias: dolências de lírios e de rosas, formas do amor constelarmente puras, brilhos errantes, mádidas frescuras. POEMA 1 - SERPENTE DE CABELOS A tua trança negra e desmanchada por sobre o corpo nu, torso inteiriço, claro, radiante de esplendor e viço, ah! lembra a noite de astros apagada. 62