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LITERATURA BRASILEIRA E MODERNIDADE
PROFESSORA: MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PRATES
ALUNO: ALEXANDRA MARQUES DE SOUZA 
1ª RESENHA CRÍTICA
FERNANDES, A. C. Análise de discurso crítica: para leitura de textos da 
contemporaneidade. Curitiba: Intersaberes, 2014. P. 23-48. 
SOBRE O AUTOR 
O poeta simbolista mais importante do Brasil conhecido como João da Cruz e Sousa, 
que nasceu livre em Nossa Senhora do Desterro, no dia 24 de novembro de 1861. Seus pais 
biológicos eram escravos alforriados e após ser adotado por Marechal de Campo, Guilherme 
Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, recebeu o nome do santo e o sobrenome da 
família que o criou. No ano de 1865, ele iniciou a alfabetização com sua protetora e aos sete 
anos de idade escreveu seus primeiros versos. Em 1869, passou a frequentar a escola pública. 
Nessa mesma época, já articulava em teatros escolares. Foi matriculado no colégio Ateneu, 
onde se aprimorou em francês, latim, matemática e ciências naturais. 
RESUMO DA OBRA/FILME
O filme com direção, roteiro e produção de Sylvio Back, apresenta as tragédias da vida 
de Cruz e Souza (1861-1898), inserido com a leitura de seus poemas, o filme de 1998, com o tema 
literatura negra, emociona o telespectador e ajuda a compreender a obra de um poeta simbolista 
brasileiro. 
O diretor quis mostrar como Cruz e Sousa após sua morte ficou marcado como o maior 
representante do simbolismo brasileiro na literatura brasileira. Mesmo tendo tido uma educação 
de excelência na Europa, o poeta teve dificuldade de ser reconhecido por ser negro. 
Embora o filme tenha uma motivação um tanto comovente, não estamos diante de um 
filme comum, com personagens, enredo, assunto e ambiente específicos, como se é esperado. 
O diretor do filme preferiu mesclar elementos da biografia com a leitura dramática constante 
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de textos, possivelmente criando um gênero inovador de cinema em nosso país, capaz de 
atender às necessidades moderadas de ficção e documentário. O filme retrata da euforia da 
juventude e o sofrimento derradeiro do poeta, destacando a extrema pobreza, a falta de apoio 
moral de um artista negro em uma sociedade escravocrata, a maldição da tuberculose, a morte 
prematura e a insanidade mental de sua esposa, Gavita (Maria Ceiça).
Nessa operação, imaginou-se Cruz e Sousa (Kadu Carneiro) interpretando os próprios 
poemas, como se fossem expressão legítima de situações vivenciadas em sua atormentada 
existência. A obra resultou numa curiosa superposição de cinema falado e cinema mudo.
Existe um silêncio interpretativo que faz com que a obra seja vista de uma maneira e não de 
outra, de modo que respeite a autoria de Cruz e Sousa, possibilitando criar uma narrativa 
cinematográfica que mantenha a fidelidade à poesia. O filme adota a estética simbolista, que 
permeia toda a obra. A interpretação cinematográfica dá voz ao poeta. 
Logo no inicio do filme, temos uma cena formada com a metalinguagem. O poeta é 
responsável por recitar o poema, enquanto o ator o memoriza em frente ao espelho do 
camarim. Há uma tessitura que se desenvolve a partir do movimento que vai da posição 
sujeito ator para a posição sujeito personagem. É válido considerar que se trata do movimento 
que vai do personagem.
Outra cena que vale a pena ser comentada, é os gestos feitos por uma mulher, ou seja, 
o audiovisual sendo parafraseado pelo poético. A matéria verbal produz significado distinto 
da matéria audiovisual e, mesmo que se tente simular, não há paráfrase. Essa é uma proposta 
desafiadora: o filme aproxima uma materialidade de outra. Isso não é simples. O audiovisual é 
explorar os limites do artesanato, aproximando-se da poesia. O audiovisual traz todo um 
cenário na praia, um casal apaixonado, mas nada com alguma importância, o que de fato 
importa, é o símbolo que essa mulher representa, a mulher, a musa e toda a sensualidade. 
"Alva com asas de garça, pura como a seda", o branco mais intenso, lembrando as asas de 
uma garça. 
Na sequência da mulher “África” observamos uma pintura do artista plástico catarinense 
Rodrigo de Harrow, de modo que, um muro se abre como um portal, trazendo cena 
audiovisual. À medida que a poesia emerge, a figura mítica é quase a primeira mulher, mãe, 
africana, bela, que remete à origem através de uma sobreposição material de texturas e tramas. 
Não só a música em si, a música é exemplar, mas o personagem também é, e ele é um 
simbolista. Na música há uma ponte para o âmbito da poesia, suas realidades sociais, 
históricas e ideológicas, embora universais, cujas condições de produção determinam seu 
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significado. A poesia de Cruz e Sousa relaciona-se com o período em que foi produzida, 
com o movimento literário simbolista. Assim, o áudio está sintonizado com o momento 
histórico do poema.
Então vemos o rolo de filme queimando em uma fogueira gigante. Assim, o filme é 
uma metáfora do sofrimento e da falta de reconhecimento e valorização que a arte e os 
artistas sofrem na comunidade, incluindo poetas e cineastas. Nessa cena de queima de 
filmes, surge algumas indagações como: como ser artista e cineasta, sendo negro?! Como 
sobreviver ao incêndio? 
CONCLUSÃO, JULGAMENTO E RECOMENDAÇÃO
Com a leitura deste capítulo, é possível observar como a autora constrói, através de 
fatos históricos, o surgimento e desenvolvimento da ADC, assim como as diferentes vertentes 
presentes nesse campo de estudo. Com isso, faz-se de suma importância a leitura desse 
documento para a investigação de questões e conhecimentos até então desconhecidos. Em 
outras palavras, torna-se mais fácil para o leitor a compreensão sobre esse assunto, assim 
como as diferentes ramificações presentes no campo de estudo da linguística. 
Devido à apresentação dessas características, é um texto para ser apreciado por 
qualquer leitor que se interesse pela análise de discurso crítica, principalmente por aqueles 
que estão na faculdade e querem aprimorar os seus estudos. Por fim, para professores e 
pesquisadores desse tema, faz-se valer de grande significância a leitura desse capítulo para 
aprofundar assim os seus saberes e suas pesquisas. 
Por último, como requerido pela professora em sala de aula, apresento, a partir desta 
resenha, uma ideia de pesquisa na área de Análise do Discurso. Para isso, penso, se possível, 
em dar continuidade ao artigo escrito por mim em 2018.1, no qual trabalhei sobre a 
“influência do livro didático na formação da identidade do aluno”. Acredito que seja possível 
usar a abordagem dialética/relacional, pois esta se baseia nas consequências em que os textos 
podem ter em relação à transmissão ideológica na comunicação de massa.

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