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TEORIA GERAL DA AUDITORIA
UNIDADE II
O PROCESSO DE AUDITORIA
Elaboração
Róbison Castro
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
O PROCESSO DE AUDITORIA ...........................................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1 
ESTUDO DA AUDITORIA COMO PRÁTICA ........................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 
O RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE UM “PROCESSO DE AUDITORIA” ..................................................... 12
CAPÍTULO 3 
O “PROCESSO DE AUDITORIA” COMO PROCESSO ESTRUTURADO DE CONHECIMENTO ............................ 16
CAPÍTULO 4 
O PROCESSO DE AUDITORIA NA AUDITORIA INDIVIDUAL....................................................................................... 17
CAPÍTULO 5 
ETAPAS DO PROCESSO DE AUDITORIA (MODELO) ...................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................19
4
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UNIDADE IIO PROCESSO DE 
AUDITORIA
CAPÍTULO 1 
ESTUDO DA AUDITORIA COMO PRÁTICA
Scherrer et al. (2017) nos ajuda comentando que a definição de auditoria não se distancia, 
em momento algum, da de contabilidade. Ao contrário, auditoria e contabilidade 
caminham sempre na mesma direção, com aquela responsável pelas verificações dos 
registros e das atividades desenvolvidas por esta.
Dessa forma, deduz-se claramente que a auditoria surgiu em 
época concomitante à sistematização contábil, pois o processo 
de exame (atividade própria da auditoria) sempre se fez com 
propósito de criticar (validar ou apontar falhas) os procedimentos 
adotados quando da contabilização dos fatos. No Brasil, os serviços 
de auditoria independente foram regulamentados pelo Conselho 
Federal de Contabilidade – CFC, através da Resolução CFC 321/1972, 
elaborada pelo então Instituto dos Auditores Independentes 
do Brasil, hoje IBRACON. Atualmente, as normas de auditoria 
independente são reguladas pela Resolução CFC 820/1997, que 
revogou as Resoluções 700 e 701/1991 (SCHERRER et al., 2017, 
p. 76).
Os autores nos informam que, quanto ao exercício pleno da auditoria contábil, essa é uma 
prerrogativa exclusiva do contador, devidamente registrado no CRC competente. Além do 
mais, tal exclusividade está atrelada aos conhecimentos próprios da contabilidade, haja 
vista que o auditor, quando da execução de seu trabalho, analisará os demonstrativos 
contábeis. 
Especificamente no Brasil, os órgãos relacionados à auditoria são os seguintes, conforme 
nos informam Scherrer et al. (2017):
 » Comissão de Valores Imobiliários (CVM): criada pela Lei nº 6.385/1976, é uma 
autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Consiste em um dos órgãos 
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UNIDADE II | O PROCESSO DE AUDITORIA
fiscalizadores do mercado de capitais no Brasil. Para que o auditor externo exerça 
suas atividades, exige-se do profissional o competente registro nesse órgão.
 » Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON): fundado em 13/12/1971, 
é constituído sob a forma de pessoa jurídica, sem fins lucrativos. Tem como objetivos 
primários fixar princípios de Contabilidade e elaborar normas relativas ao exercício 
da auditoria e perícia (contábeis), seja essa auditoria externa ou interna.
 » Conselho Federal de Contabilidade (CFC): criado pelo Decreto-lei nº 9.295, de 
27/5/1946, é o órgão regulamentador da profissão contábil brasileira.
 » Instituto dos Auditores Internos do Brasil (AUDIBRA): criado em 20/11/1960, 
tem como objetivo principal promover o desenvolvimento da auditoria interna, 
mediante encontros, seminários, congressos, intercâmbios e outras atividades 
congêneres, sempre com o propósito aqui relatado.
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TI 01 – Da auditoria interna, de 21 de 
novembro de 2003. Disponível em: www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/RES_986.pdf.
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PP 01, de 27 de fevereiro de 2015. 
Disponível em: www.normaslegais.com.br/legislacao/nbc-pp-01-2015.htm.
O auditor precisa garantir o cumprimento das normas de contabilidade e de auditoria 
no desempenho de suas funções profissionais. Ele deve ter um bom conhecimento das 
técnicas de auditoria, das evidências e da documentação. O uso de técnicas, evidências 
e documentação adequadas permite que o auditor cumpra seus papéis estatutários 
(ou outros) de modo que não deixe dúvidas quanto à natureza do trabalho a outros 
profissionais quando esses precisarem revisar ou avaliar seus documentos de trabalho.
A adesão às regras éticas e as orientações sobre independência, objetividade, integridade, 
confidencialidade, habilidades, cuidado e competência permitem ao auditor agir de 
maneira profissional e conquistar o respeito de investidores, empresários, clientes e 
todos os stakeholders. Também permitem que ele alinhe sua conduta, regularmente, 
de modo a não violar os regulamentos de seus órgãos profissionais e a lei.
Os conceitos de visão verdadeira e justa, materialidade e julgamento orientam o auditor 
na condução de sua designação. Eles ajudam-no a conhecer o nível das questões às quais 
deve prestar atenção e os assuntos que precisam ser trabalhados com maior cuidado.
Na condução da auditoria de uma entidade, o auditor é apresentado com evidência de 
auditoria e outras informações que suportam afirmações, classes de transações e saldos. 
Ele precisa verificar as evidências e informações disponibilizadas nos documentos 
primários e examinar o início, a autorização, os lançamentos, entre outros. 
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O PROCESSO DE AUDITORIA | UNIDADE II
O auditor aborda seu trabalho com ceticismo profissional, por isso não deve acreditar 
prontamente no que lhe é apresentado. Essa atitude permite-lhe identificar erros que 
precisam ser corrigidos para garantir a detecção antecipada de quaisquer distorções 
relevantes nas demonstrações financeiras sobre as quais está fornecendo uma opinião 
de auditoria. Ele deve usar princípios de verificação para fundamentar as evidências 
fornecidas, quais sejam:
a. confirmar autorização; 
b. verificar a existência real do que lhe foi apresentado;
c. confirmar custos ou valores;
d. confirmar título;
e. realizar inspeção física;
f. verificar a integridade;
g. apresentar e divulgar.
Os procedimentos de verificação em relação aos ativos e passivos contidos em um conjunto 
de demonstrações contábeis baseiam-se fortemente em se as transações originais são 
registradas com precisão e se é feita a distinção apropriada entre a natureza do capital 
e a receita. Os procedimentos de verificação também dependem de as transações serem 
devidamente autorizadas, de acordo com os procedimentos de autorização da entidade.
11.13.6.2 – O auditor deve avaliar se os dados em que a estimativa 
se baseia são precisos, completos e relevantes. Se dados contábeis 
forem utilizados, eles devem ser uniformes com os processados 
no sistema contábil. Exemplificando ao examinar uma provisão 
para garantia, o auditor deve obter evidências de auditoria de 
que os dados relacionados com os produtos, ainda cobertos pela 
garantia ao final do período, foram obtidos no sistema contábil 
(CFC, 2008, p. 311). 
Ademais:
11.13.6.3 – Fontes externas à entidade também podem ser utilizadas 
pelo auditor na busca da evidência necessária para a formação do 
juízo sobre o valor da estimativa. Por exemplo, ao examinar uma 
provisão para obsolescência de estoques calculada em relação a 
vendas futuras previstas, o auditor pode, além de examinar os dados 
internos, como pedidos em carteira, tendências de mercado e níveis 
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UNIDADE II | O PROCESSO DE AUDITORIA
de vendas passadas, procurar evidência das análises de mercado 
e projeções de vendas produzidas pelo setor (CFC, 2008, p. 311). 
O auditortem de usar qualquer uma ou mais de uma combinação dessas abordagens 
básicas para avaliar a razoabilidade de uma estimativa, a saber: 
a. revisar e testar o gerenciamento do processo usado para desenvolver a estimativa; 
b. desenvolver, independentemente, uma expectativa da estimativa para corroborar 
a razoabilidade da estimativa da administração;
c. revisar eventos ou transações que ocorram após a data das demonstrações financeiras 
(mas antes da conclusão da auditoria) que forneçam um valor real para comparar 
estimativas.
Para a aplicação da abordagem supracitada, o auditor deve: 
a. obter uma compreensão da gestão do processo estabelecido para desenvolver a 
estimativa; 
b. avaliar os riscos inerentes e de controle relacionados ao processo da administração 
para o desenvolvimento da estimativa;
c. identificar e avaliar os principais fatores e premissas usados pela administração 
para formular a estimativa. 
Os procedimentos a seguir são úteis para identificar e avaliar os principais fatores e 
premissas que são exclusivos das estimativas contábeis de auditoria: 
a. analisar os históricos dos dados usados no desenvolvimento das premissas para 
avaliar se são comparáveis e consistentes com os dados do período sob auditoria; 
determinar se é suficientemente confiável;
b. considerar se mudanças no negócio ou na indústria, ou em outros fatos, ou 
circunstâncias, podem fazer com que fatores diferentes daqueles considerados 
no passado se tornem significativos para a estimativa contábil; 
c. revisar a documentação disponível das premissas utilizadas no desenvolvimento 
da estimativa contábil e indagar sobre quaisquer outros planos, metas e objetivos 
relevantes da entidade; considerando sua relação com as premissas; 
d. avaliar se as premissas são consistentes entre si, com os dados de suporte e com 
dados históricos relevantes; 
e. concentrar-se nos fatores e nas premissas principais que são: 
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O PROCESSO DE AUDITORIA | UNIDADE II
I. material para a estimativa;
II. estar sensível a variações;
III. sujeito a desvios dos padrões históricos. 
f. considerar o uso do trabalho de um especialista. 
Quando erros ou irregularidades são encontrados como resultado de testes substantivos, 
o auditor deve averiguar a razão para eles e considerar suas respectivas implicações.
Diante disso, ao realizar a auditoria das demonstrações financeiras, os auditores devem 
cumprir as orientações éticas emitidas por seus órgãos profissionais competentes e 
relevantes nos seus contextos específicos.
A ética é mais uma norma ou um certo código de conduta esperado de um grupo de 
indivíduos ou de um corpo profissional. Dita algum grau de valores internos esperados 
de tais grupos de indivíduos ou corpos. 
Os princípios éticos que governam as responsabilidades profissionais dos auditores 
incluem:
a. integridade;
b. objetividade; 
c. independência; 
d. competência profissional e devida diligência; 
e. comportamento profissional;
f. confidencialidade. 
Por exemplo, os auditores que realizam auditorias de acordo com as ISSAI 200 – Princípios 
Fundamentais de Auditoria Financeira – estão sujeitos à “ISSAI 30 – Código de Ética”, 
conforme aplicado no contexto nacional. 
Dos auditores que atuam em EFS que tenham adotado as ISSAI do nível 
4 como suas normas oficiais, ou que aplicam as ISA, é também exigido 
conformidade com o Código de Ética para Profissionais Contabilistas, 
emitido pelo Conselho de Normas Internacionais de Ética para 
Contabilistas (IESBA) (o Código IESBA), o qual estabelece princípios 
éticos fundamentais para profissionais contabilistas, ou devem adotar 
requisitos nacionais que sejam pelo menos tão exigentes quanto ele; o 
Código de Ética da INTOSAI, aplicado no contexto nacional pode ser 
relevante neste caso. As EFS devem, portanto, adotar os requisitos éticos 
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UNIDADE II | O PROCESSO DE AUDITORIA
da ISSAI 30 ou o Código IESBA em seu ambiente para que possam 
declarar, nos seus relatórios, que a auditoria foi conduzida de acordo 
com as ISSAI ou as ISA (INTOSAI, 2013, p. 9).
A seguir, podemos ver um quadro geral no âmbito auditorial:
Figura 5. Quadro sinóptico da visão da auditoria.
FinanceirosControlesGerenciaisContábeis
Auditoria
Atitude Mental Atitude PreventivaAtitude Profissional
Patrimônio da 
entidade
Demonstrações e informações 
contábeis
Fonte: Attie (2018, p. 5).
Para fins didáticos, Attie (2018) nos traz um roteiro do processo auditorial:
Figura 6. Roteiro sinóptico do processo auditorial.
Fonte: Attie (2018, p. 23).
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O PROCESSO DE AUDITORIA | UNIDADE II
De modo ilustrativo, a seguir, podemos observar a canalização que há das informações 
ocorridas dentro do processo organizacional:
Figura 7. Canalização das informações em um processo organizacional.
Atos Papéis FatosDocumentos
Compilação
Controles
Pessoal
Princípios de 
contabilidade
Órgãos legais e 
reguladores, 
sociais, fiscais, etc.
Formulários
Sistema de informações de coleta e de controles internos
Registros contábeis e de controles 
permanentes
Demonstrações e 
informações contábeis
Contábeis Gerenciais Financeiros
Fonte: Attie (2018, p. 3).
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CAPÍTULO 2 
O RECONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE UM “PROCESSO 
DE AUDITORIA”
Considerando que o trabalho de auditoria não é mera justaposição de métodos e 
ferramentas (a exemplo de checklists, amostras, métodos analíticos, etc.), o processo 
que aproxima o auditor do objeto auditado foi-se consolidando ao longo dos anos, 
codificando-o e formalizando-o, o que acabou por permitir que um processo de 
auditoria fosse registrado em sua metodologia geral (POWER, 1999).
O trabalho de auditoria realiza-se através da cobertura de etapas lógicas, 
cada uma das quais constitui-se como prévia e necessária para a seguinte. 
Tais etapas constituem um processo complexo que exige pôr em prática 
um conjunto de atividades que formam uma unidade, cada uma das quais 
por si mesma imprescindível, mas não suficiente, para obter a evidência 
necessária (VALDERRAMA, 1997, p. 139).
Precisamos partir da compreensão de que os processos de trabalho prescritos têm, 
sistematicamente, uma natureza ordenada e “determinadas características comuns”. Há 
“razões suficientes para que iniciemos nossa aproximação à ‘auditoria como tecnologia’ 
através da noção do processo de auditoria” (BITTENCOURT, 2007, p. 323).
Em linhas gerais, de acordo com Lins (2017), o processo de auditoria compreende três 
grandes etapas: 
I. planejamento;
II. procedimentos para obtenção de evidências; 
III. emissão do relatório.
A representação a seguir ilustra essa abordagem:
Figura 8. Esquema do processo de auditoria.
Contrato assinado Avaliação dos CI/SI3
Avaliação dos riscos da auditoria
Planejamento Revisão analítica
Procedimentos de Auditoria Testes de transações
Testes de saldos
Emissão do parecer e 
Relatório de 
recomendações 
(facultativo)
Fonte: Lins (2017, p. 76).
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O PROCESSO DE AUDITORIA | UNIDADE II
As fases, por sua vez, podem ser melhor detalhadas, conforme segue:
Quadro 1 - Processo de Auditoria
FASE DE PLANEJAMENTO 
Considerar as precondições de uma auditoria e aceitar ou rejeitar os trabalhos.
Obter entendimento da entidade e de seu ambiente, determinar sua materialidade e avaliar os riscos de distorções relevantes.
Desenvolver uma estratégia e um plano de auditoria para responder aos riscos avaliados.
 
FASE DE TESTES 
Testar os controles internos? Sim / Não.
Realizar testes de controle, caso a resposta tenha sido “Sim”.
Realizar testes substantivos de transações. 
Realizar testes substantivos de balanços.
Avaliar a probabilidade de que haja distorções relevantes. 
 
FASE DE DECISÕES 
Examinar as asserções sobre apresentação e divulgação.
Avaliar as evidências para determinar se as demonstrações financeiras estão preparadas em conformidade com a estrutura de 
relatório financeiro aplicável.
Emitir um relatório de auditoria.
Comunicar-se com o Comitê de Auditoria.
Fonte: Stuart(2014, p. 31).
Considerando alguns outros testes, Lins (2017) nos traz outra abordagem esquemática 
em torno da observância e dos testes substantivos:
Figura 9. Outra classificação, considerando os testes de auditoria.
 
 
 
Avaliação dos CI/SI 
 Teste de observância Avaliação dos riscos da auditoria 
 
 Testes substantivos 
 
Testes de transações 
 Testes de saldos 
 
Fonte: Lins (2017, p. 76).
De maneira geral, ressalta Lins (2017), o que há de disponível, geralmente, é a área na 
qual todo trainee de auditoria externa tem o seu primeiro contato com a auditoria de 
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UNIDADE II | O PROCESSO DE AUDITORIA
campo. Baseando-se no programa de auditoria disponível, as fases da auditoria são 
processadas por meio de cada uma das contas que o compõem: 
 » caixa;
 » bancos conta movimento; 
 » aplicações financeiras, em alguns casos. 
Lins (2017) nos chama a atenção apontando que o programa de auditoria é somente um 
indicativo das atividades mínimas que devem ser executadas pelo auditor e não algo 
completamente enrijecido e inalterável, pois nem poderia, dado o fator caso a caso de 
todo o processo.
A experiência do auditor, o tipo de cliente e as condições do trabalho de 
campo é que vão determinar as possíveis modificações no programa de 
auditoria. Um dos principais objetivos da auditoria disponível é certificar-
se da existência dos valores de posse/propriedade da empresa, bem 
como que não haja ônus sobre seus componentes. Para a conta caixa, 
o principal procedimento é a contagem física. No caso da existência de 
vários caixas, a contagem deve ser efetuada simultaneamente para evitar 
que possíveis faltas sejam completadas pelos caixas contados em um 
momento anterior. No caso dos bancos, utiliza-se como WP a própria 
conciliação bancária elaborada pelo cliente para cada banco e analisam-
se as possíveis pendências, além de efetuar a circularização. Para as 
aplicações financeiras, são avaliados os valores aplicados, vencimentos 
e taxas de forma a calcular o valor da receita de juros pro rata tempore 
para a data do fechamento do balanço (LINS, 2017, p. 87).
Em seguida, é possível verificar um exemplo resumido de programa de auditoria 
(disponível) conforme elaborado pelo autor:
Tabela 1. Exemplo de programa de auditoria resumido.
Área: disponível
Cliente: Dunas S.A. Data: 31/12/XXXX
Objetivos do exame: 
a. assegurar que os valores existem e estão corretamente classificados; 
b. assegurar que estão livres de ônus reais;
c. certificar-se de que todos os saldos de caixa foram conferidos simultaneamente; 
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O PROCESSO DE AUDITORIA | UNIDADE II
d. assegurar que as aplicações financeiras destinadas à negociação estão 
registradas pelo seu valor de mercado ou equivalente; 
e. certificar-se de que todas as contas-correntes e aplicações financeiras foram 
devidamente verificadas e circularizadas. 
Análise:
Descrição WP Visto
Elabore um WP contendo os dados do balanço final.
Obtenha os saldos da conta caixa, bancos e aplicações financeiras e compare com a razão.
Em 31/12/XXXX ou data anterior e próxima a essa, efetue a contagem física do caixa 
evidenciando as possíveis discrepâncias ou a existência no caixa de qualquer valor que 
não seja numerário (dinheiro). Certifique-se da presença do responsável pelo caixa durante 
toda contagem. A data e a hora da contagem não devem ser avisadas ao cliente.
Efetue e evidencie o cut-off dos cheques.
Para os cheques emitidos pendentes, verifique a sua compensação nos extratos bancários 
dos meses de janeiro e fevereiro. Evidencie esse fato.
Obtenha a conciliação bancária de cada banco e evidencie e analise as possíveis pendências.
Acompanhe o envio das correspondências de circularização aos bancos.
Arquive e referencie as respostas das circularizações com os saldos dos bancos e aplicações 
financeiras.
Avalie os juros das aplicações financeiras e certifique-se do seu valor e da sua contabilização 
dentro do regime de competência.
Analise o valor registrado das aplicações financeiras e o valor de realização, ajustando-o 
se for o caso.
Confirme com o setor jurídico do cliente, por meio de circularização, a inexistência de 
garantias dadas sobre o saldo do disponível.
Fonte: Lins (2017, p. 88).
Há ainda diversos outros exemplos que poderiam ser mencionados, para clientes, de 
estoques, despesas pagas antecipadamente, fornecedores, salários e encargos a pagar, 
impostos a recolher, empréstimos etc.
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CAPÍTULO 3 
O “PROCESSO DE AUDITORIA” COMO PROCESSO 
ESTRUTURADO DE CONHECIMENTO
Apenas a mera observação não compõe o processo de auditoria. Trata-se, sim, por um 
lado, de um processo estruturado, que estrutura, por assim dizer, a complexa produção 
feita no mundo real e prático, cuja finalidade é utilitária e racional. Por outro lado, a 
própria abrangência da demanda pela auditoria implica, por si só, um produto – que é o 
trabalho do auditor – que terá efeito em terceiros. Desse modo, há forte responsabilidade 
sobre a comunidade de praticantes. 
As normas ou os padrões oficiais de procedimento resguardam a responsabilidade do 
auditor, uma vez que incorporaram as “melhores práticas” ou o zelo profissional exigível 
a esse profissional: “1.4.2 – A devida diligência profissional impõe a cada pessoa da 
organização do auditor a responsabilidade do cumprimento das normas na execução 
do trabalho e na emissão do relatório” (ICAC, 1991 apud VALDERRAMA, 1997, p. 373).
A razão de ser das normas de trabalho é objetivizar a conduta do auditor 
facilitando que se siga o cuidado e a diligência apropriados. Permitem 
garantir o cumprimento de um mínimo de requisitos indispensáveis, 
estabelecendo pautas de conduta homogênea para todos os profissionais 
da auditoria que servem de guia para a execução do trabalho, de prova 
de que ele foi levado a cabo e de garantia de qualidade (VALDERRAMA, 
1997, p. 139).
Em uma perspectiva geral e sistemática das orientações e práticas de distribuição e 
sequenciamento do trabalho de auditoria, é bastante notório o processo que estamos 
trabalhando, isto é, planejamento, execução e produção de relatório. “É necessário que o 
auditor [...] procure enxergar além da simples repetição de práticas, verificando o sentido 
intrínseco daquilo que observa”. Ademais, faz-se necessário “isolar pelo pensamento 
os elementos essenciais do processo e as relações entre eles, vinculando fenômenos e 
causas” (BITTENCOURT, 2007, p. 362).
Nesse caso concreto, não poderíamos deixar de associar as etapas do trabalho de auditoria 
à sua própria definição conceitual, tratada anteriormente, conferindo em cada etapa 
do trabalho qual ou quais elementos essenciais da auditoria a referida etapa procura 
produzir ou aperfeiçoar. 
Em suma, vale ressaltar a aplicação fundamental que se tem do aspecto sequencial que 
as atividades possuem, seguida de sua respectiva ordenação e inter-relação. A forma 
como se lhes nomeie ou as etapas em que se lhes agrupe são meramente convenções – 
aqui adotaremos aquelas que nos pareçam mais práticas, mas autores, organizações e 
leitores variam a nomenclatura sem que a análise conceitual seja afetada.
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CAPÍTULO 4 
O PROCESSO DE AUDITORIA NA AUDITORIA INDIVIDUAL
Nosso foco doravante está voltado para as etapas do processo de auditoria individual, 
dentro de uma sequência ordenada de atividades que configuram um serviço de auditoria 
determinado, especificado em seus objetivos e em sua duração. Podem ser, por exemplo, a 
auditoria contábil dos demonstrativos de uma determinada empresa em um dado ano, ou 
a verificação dos procedimentos de licitação e contratos adotados por uma universidade 
pública nos últimos três anos, ou uma avaliação do atingimento dos resultados de uma 
campanha de vacinação preventiva contra alguma doença transmissível.
Como já foi dito, o processo que vamos estudar associa as etapas do trabalho de auditoria 
aos componentes da definição conceitual dessa atividade, tal como vimos anteriormente;cada etapa do trabalho tem por finalidade produzir ou aperfeiçoar algum dos elementos 
essenciais da auditoria.
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CAPÍTULO 5 
ETAPAS DO PROCESSO DE AUDITORIA (MODELO)
A figura a seguir representa o modelo completo. Em geral, é mantida a divisão que 
trabalhamos – planejamento, execução e relatório. No entanto, não são somente três 
estágios básicos, um seguido do outro. Ao contrário disso, é possível verificar que cada 
uma das etapas dadas como convencionais possui uma divisão mais bem caracterizada 
de quais são suas diferentes tarefas componentes e da relação entre elas. 
Figura 10. O Processo da Auditoria Individual.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO 
DAS QUESTÕES 
DE AUDITORIA 
SELEÇÃO DA 
ESTRATÉGIA 
METODOLÓGICA 
SELEÇÃO DOS 
CRITÉRIOS DE 
AUDITORIA 
PROCEDIMENTOS 
DE AUDITORIA 
OBTENÇÃO 
(coleta e análise 
de dados) 
AVALIAÇÃO 
RACIOCÍNIO 
LÓGICO 
OPINIÃO 
RELATÓRIO 
 
OUTROS PRODUTOS 
(análises causa-efeito, 
recomendações) 
DESTINATÁRIO 
DA OPINIÃO 
DE AUDITORIA 
EVIDÊNCIA 
Documentar em 
papéis de trabalho = 
PL
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EL
AT
Ó
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Fonte: Bittencourt (2007, p. 393) adaptado de Pérez (1996, p. 87; 148-149).
19
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auditoria pública aprovadas pela INTOSAI. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
STUART, I. C. Serviços de auditoria e asseguração na prática. Porto Alegre: AMGH, 2014.
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Estocolmo: RRV, 1999.
VALDERRAMA, J. L. S. F. Teoría y práctica de la auditoría I: concepto y metodología. Madrid: 
Ediciones Pirámide, 1997.
	UNIDADE II
	O Processo de Auditoria
	Capítulo 1 
	Estudo da auditoria como prática
	Capítulo 2 
	O reconhecimento da existência de um “processo de auditoria”
	Capítulo 3 
	O “processo de auditoria” como processo estruturado de conhecimento
	Capítulo 4 
	O processo de auditoria na auditoria individual
	Capítulo 5 
	Etapas do processo de auditoria (modelo)
	Referências

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