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Teoria do Ordenamento Jurídico

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RESUMO – TEORIA DO DIREITO
Definição de Ordenamento Jurídico
Ordem jurídica é expressão que coloca em destaque uma das qualidades essenciais do Direito Positivo, que é AGRUPAR NORMAS que se ajustam entre si e formam um TODO HARMÔNICO e coerente de preceitos.
Ordenamento Jurídico é reunião de normas vinculadas entre si por uma fundamentação unitária, assim diz José Afonso da Silva.
Conforme José Geraldo Brito Filomeno “ordenamento jurídico não deve ser confundido com uma norma, como por exemplo, a Constituição de um determinado Estado, mas sim o conjunto de normas por ele ditadas e de variedade complexa e abrangente.
O direito positivo é o direito posto, imposto, positivo. É aquele direito imposto pelo Estado, podendo ser promulgado (legislação) ou declarado (precedente judicial). É o direito institucionalizado pelo Estado por meio de sua chancela.
O direito objetivo é o conjunto de normas constitutivas e comportamentais em geral, oriundas do Estado ou das sociedades comuns ou contingentes.
Direito Objetivo
Direito Positivo
Ordem ou Sistema
Jurídico
Direito Objetivo = Estatal + Não Estatal
Direito Positivo = Direito Estatal
																																																											
A unidade, coerência e completude são princípios fundamentais que se relacionam com a estrutura do ordenamento jurídico e sua capacidade de fornecer um sistema normativo eficaz e consistente. Esses princípios são discutidos e explorados por diversos teóricos da Teoria do Ordenamento Jurídico, como Hans Kelsen e Norberto Bobbio.
Unidade: A unidade refere-se à ideia de que o ordenamento jurídico deve ser concebido como um todo integrado e coeso. Isso significa que todas as normas devem estar interligadas e harmonizadas dentro de um sistema jurídico único. A unidade implica que não pode haver contradições insolúveis ou incompatibilidades entre as normas jurídicas. Em outras palavras, o ordenamento jurídico deve formar uma estrutura coerente em que as diferentes normas sejam interdependentes e complementares.
Coerência: A coerência diz respeito à consistência interna do ordenamento jurídico. Ela implica que as normas devem ser logicamente compatíveis entre si, evitando contradições e ambiguidades. A coerência é um princípio fundamental para garantir a previsibilidade e a estabilidade do sistema jurídico, permitindo que os indivíduos possam compreender e aplicar as normas de maneira coerente.
Completude: A completude refere-se à ideia de que o ordenamento jurídico deve ser abrangente e contemplar todas as áreas relevantes da vida social e jurídica. Significa que o sistema jurídico deve fornecer normas para regular uma ampla gama de situações e relações jurídicas, evitando lacunas ou omissões que possam comprometer a efetividade do sistema. A completude é importante para garantir que todas as questões legais relevantes sejam adequadamente reguladas e que os direitos e deveres das pessoas sejam devidamente estabelecidos.
Esses princípios de unidade, coerência e completude são essenciais para a estruturação de um ordenamento jurídico eficaz. Eles buscam assegurar a funcionalidade do sistema jurídico, sua capacidade de resolver conflitos e fornecer orientação normativa de forma consistente e abrangente.
					
Classificação das Normas Jurídicas
1. Quanto a hierarquia
As normas esparsas no sistema jurídico ou ordem jurídica se completam hierarquicamente, possuindo assim uma estrutura escalonada, que no nosso sistema jurídico, podem ser classificadas com fulcro no art.59 da Constituição Federal em: 1. Constituição Federal. 2. Leis Constitucionais. 3. Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias. 4. Decretos Legislativos e Resoluções.
A Constituição Federal é a norma fundante do Estado
As Leis Constitucionais são as que têm por conteúdo matéria constitucional, compreendendo as Emendas à Constituição e as Leis Complementares a ela.
A Emenda à Constituição é o instrumento adequado para modificação ou ampliação do texto constitucional.
Sobre a Interpretação
Sempre haverá mais ou menos complexa, mais ou menos profunda, mas sempre há interpretação. 
Os textos, por mais claros que possam parecer de início, revelam ambiguidades, insuficiências e contradições, principalmente na análise sistemática do ordenamento. Entre a aplicação da regra de direito e a concretização ocorre a etapa da interpretação, pela própria lei, autoridades administrativas, por meio do costume, jurisprudência e principalmente pelo juiz, ou árbitro, se for o caso.
O intérprete é, na verdade, um decodificador, percorrendo o caminho inverso ao do legislador.
Os métodos de interpretação
São diversos os métodos e vários os enfoques dados pela doutrina a essa matéria. Não há que se dar prevalência absoluta a um em detrimento dos demais. Um método pode ser mais apropriado eu outro em determinado caso concreto, mas poderá não sê-lo para outro.
A escola da exegese entendia que a lei era, principalmente os códigos, a fonte suficiente do Direito, nada deixando ao arbítrio do intérprete. Nunca se abandonou, porém, o método gramatical.
Na Alemanha desenvolvesse a Escola Histórica. O Direito somente poderia ser isto no curso da História. Por um lado, o Iluminismo francês apontava para a razão, o Historicismo valia-se da imaginação, do sentimento e da sensibilidade, para auscultar as necessidades sociais de cada época, como manifestação espontânea.
Argumentação e Retórica
Argumentar significa “oferecer um conjunto de razões a favor de uma conclusão ou oferecer dados favoráveis a uma conclusão”
Retórica é a arte de bem falar, para persuadir, convencer. A argumentação transmite-se pela retórica.
Argumento ab auctoritate goza de posição importante na argumentação e retórica jurídica, pois diz respeito à opinião dos jurisconsultos, cientistas sociais, estudiosos em geral.
Argumento ad misericordiam que é apelar para a compaixão para receber um tratamento especial.
Argumento ad terrorem, quando se procura convencer pelo extremo do prejuízo que quase certamente não ocorrerá.
Interpretação autêntica
Pode ocorrer de o próprio legislador editar lei para interpretar outra. O legislador vale-se desse procedimento quando entende que uma lei anteriormente editada está confusa ou recebendo interpretação inconveniente, inoportuna ou deslocada.
Interpretação Doutrinária
A interpretação feita pelos jurisconsultos, mestres e doutrinadores em geral, nos tratados, manuais, compêndios, monografias, ensaios, artigos, tem a mesma posição que a doutrina como fonte do Direito, e, com ela, na maioria das oportunidades, confunde-se. Se reporta à lei em tese, não a determinado caso concreto.
Interpretação Judicial
A resposta dos tribunais que se traduz em sentenças e acórdãos, a jurisprudência, é a interpretação última e aquela que dá vida ao Direito. Como vimos, é nesse momento culminante que o juiz materializa e concretiza o Direito, aplicando-o ao caso em quizila, dando uma resposta à sociedade. A jurisprudência majoritária ou dominante indica a tendência de interpretação, em determinado momento da história, acerca desta ou daquela lei.
Elementos ou meios de interpretação: gramatical, lógica, racional, teleológica, histórica, sociológica, sistemática
A técnica ou arte de interpretação vale-se de vários meios, elementos ou procedimentos, que devem aflorar no raciocínio do intérprete, perante um caso concreto. Esses meios devem ser utilizados harmonicamente e não têm qualquer sentido isoladamente.
Gramatical ou Literal: 
Trata-se do primeiro elemento que surge. É o ponto de partida da interpretação. A palavra considerada isoladamente ou no contexto, apresenta uma clareza apenas ilusória. Nem sempre o elemento vernacular será suficiente para traduzir o sentido amplo buscado ou atingido pela lei. O processo literal é sempre o início da interpretação, mas nunca pode ser limitado exclusivamente a ele, pois, na maioria das vezes, a interpretação isoladamente gramatical conduz a resultados desastrosos. O intérprete deve ter em mente que as palavras têm significado técnico e um vulgar.
InterpretaçãoLógica:
O hermeneuta também analisará o sentido lógico, qual também está ligado ao sentido gramatical ou literal. Esta interpretação tem em vista a conclusão que faz sentido, daquela que não o faz. Interpretação lógica e a literal são meios que se completam. No processo lógico, o que se procura é desvendar o sentido e o alcance da norma, compatibilizando-a com o ordenamento.
A busca do sentido lógico deve valer-se de outros elementos: histórico, sistemático e teleológico. Não devem atuar isoladamente.
Elemento Histórico:
Examinar o momento, a época em que a lei foi editada. As condições políticas e sociais que fizeram a lei surgir. Assim, se o intérprete deve julgar algo em torno do nosso extinto “Plano Collor”, deve-se reportar à época em que esse plano e as leis consequentes foram editados. Leis editadas em época de escassez devem receber interpretação diversa das leis surgidas em época de fartura.
Elemento Sistemático:
É levado em conta que o ordenamento possui unidade e coerência e que norma alguma pode ser vista isoladamente. As normas relacionam-se por conexão, subordinação e analogia.
Não pode conflitar norma estadual com norma federal, por exemplo, que por sua vez tem a Constituição como Lei Maior. Todas devem ser subordinadas aos princípios gerais que orientam o ordenamento e o sistema. Uma norma liga-se frequentemente a outra, em conexão mais ou menos próxima.
Elemento Teleológico:
Busca o sentido maior da norma, o seu alcance, sua finalidade. Teleologia significa finalidade, objetivo prático. Ou seja, esta interpretação visa o que a lei pode alcançar ou o que ela tem como objetivo prático dentro do ordenamento jurídico e para a sociedade. Constitui a razão de ser da lei, a ratio legis. Se uma lei foi editada com o sentido de diminuir ou evitar a inflação monetária, para restringir o consumo, nesse sentido deve ser interpretada.
“A ratio legis revela a valoração ou ponderação dos diversos interesses que a norma jurídica e, sendo o intérprete um colaborador do legislador, a sua importância é fundamental” (Justo, 2001:329)
Ou seja, a “razão de ser da lei” reflete o valor e a importância que ela possui quando aplicada na prática à sociedade e neste caso o papel do intérprete é fundamental.
Interpretação quanto à extensão ou resultado: declarativa, restritiva (ab-rogatória, enunciativa) e extensiva
O resultado da interpretação pode levar a três modalidades de compreensão:
Interpretação Declarativa: 
o intérprete traduz em linguagem concreta, por vezes mais acessível, o que foi dito pelo legislador. Técnica mais singela, o legislador usou dos termos e formações gramaticais adequadamente.
Interpretação Restritiva:
Quando a lei diz mais do que pretendeu. Quando o intérprete restringe o alcance que aparentemente a lei possui. Exemplo, o legislador diz “servidor público”, quando na realidade se referia a funcionário público de determinado setor. Ao restringir a aplicação da lei, segundo alguns, o intérprete estaria ab-rogando parte dela.
Interpretação Extensiva:
Ao contrário da anterior. O legislador foi também improprio, pois, pretendendo abranger hipótese mais ampla, disse menos do que pretendeu. O intérprete alargará, portanto, a compreensão legal, estendendo o campo de abrangência. Exemplo, o legislador se refere a funcionário público, quando pretendeu significar servidor público, que tem abrangência muito maior.

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