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Versão para Impressão -1- Sala Ambiente Organização e Gestão: Desafios para o Dirigente Municipal de Educação Apresentação Geral Prezado(a) cursista, Bem-vindo(a) à Sala Ambiente Organização e Gestão: Desafios para o Dirigente Municipal de Educação. Esta Sala representa mais uma etapa do percurso de reflexão e práticas sobre as diversas áreas de atuação do DME, que iniciamos na Sala Ambiente Planejamento e Avaliação da Educação no Âmbito Municipal. Trata-se de um espaço de discussão, trocas e práticas relacionadas com a compreensão da organização da educação brasileira e com a gestão da educação no âmbito municipal. Em relação ao primeiro ponto, ela destaca especialmente a problemática do regime de colaboração, hoje reconhecido como principal desafio a ser enfrentado na construção de uma educação com qualidade social. Em relação à gestão, o foco temático recai sobre a dupla competência – política e técnica – que é exigida do DME no exercício desse papel, sem perder de vista que o eixo do seu trabalho deve ser a dimensão pedagógica da gestão. Para percorrer esta Sala Ambiente, você fará uso dos recursos tecnológicos do ambiente MOODLE, já apresentados na Sala Ambiente Introdução ao Curso e ao Ambiente Virtual, e continuará dispondo dos mesmos meios, sempre que tiver dúvidas, quanto ao uso dos recursos tecnológicos. Além das atividades programadas que acompanham a Sala, você também dispõe de todos os recursos já mencionados na Apresentação da Sala Ambiente Planejamento e Avaliação da Educação no Âmbito Municipal para colocar suas dúvidas, questionamentos e pedidos de esclarecimento em relação aos assuntos tratados, bem como discutir, com os demais dirigentes municipais que participam deste programa, temas e questões relacionadas com essas atividades. Mapa da Sala A Sala Ambiente Organização e Gestão: Desafios para o Dirigente Municipal de Educação é um espaço que visa proporcionar ao cursista uma visão da organização da educação nacional, situar o papel do município em relação a ela, apontar os desafios atuais para a consolidação dessa organização. Ao mesmo tempo, este é o espaço em que se discute a problemática da gestão da educação municipal, no quadro da organização vigente. A gestão da educação municipal, no entanto, não se esgota neste tópico. Um de seus aspectos já foi tratado na sala ambiente Planejamento e Avaliação e alguns outros serão também objeto de salas ambiente específicas, quando serão abordados temas como orçamento, infraestrutura física, formação e plano de carreira dos trabalhadores da educação. Versão para Impressão -2- Nesta Sala temos as seguintes unidades: Organização da Educação Nacional • Introdução • O Sistema de Educação Brasileiro - Abrangência, Responsabilidades e Incumbências • O Sistema Municipal de Ensino (SME) • Órgãos Executivos e Deliberativos • Regime de Colaboração Gestão da Educação Municipal • Introdução • As Várias Faces da Gestão da Educação Municipal • Princípios e Mecanismos de Implementação da Gestão Democrática Referências Bibliográficas Versão para Impressão -3- Organização da Educação Nacional Introdução Quando se fala em organização de um setor pelo qual o Estado é responsável, está se falando da explicitação de uma forma específica segundo a qual esse setor se articula para a consecução das suas atribuições em termos das instituições, dos instrumentos e das esferas de poder que o compõem, bem como da abrangência, responsabilidades e incumbências de cada parte. Saber como está organizada a educação brasileira é, portanto, um aspecto importante na atuação do DME. As bases dessa organização estão estabelecidas no Art. 211 1 da Constituição Federal de 1988 e regulamentadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 2. De acordo com esses instrumentos normativos, a educação nacional tem uma organziação sistêmica que se desdobra nos sistemas de ensino nacional, estaduais e municipais. Um aspecto central da concepção de sistema é tipo de relacionamento entre as partes que o constituem. Esse relacionamento envolve, ao mesmo tempo, autonomia e dependência relativas. O termo mais adequado para essa relação é "interdependência". Outra característica dos sistemas é o fato de que muitos das suas manifestações ocorrem como conseqüência dos relacionamentos que se estabelecem no seu processo de estruturação e funcionamento e não como resultado da atuação de uma de suas partes componentes. Nesse sentido, a concepção sistêmica da educação tem como premissa que parte dos resultados esperados em relação a este campo só poderá ser alcançada pela atuação em conjunto e mediante forma colaborativa das partes. Diante disso, pode-se conceber um sistema de ensino como um conjunto interdependente de partes ou de elementos distintos, tais como: a. escolas, prédios, equipamentos, biblioteca, laboratórios; b. alunos, professores, funcionários, equipe diretiva (diretor, supervisor, coordenador pedagógico – orientador, pedagogo etc); c. currículos, conteúdos, metodologia, avaliação; d. órgãos administrativos e normativos nos níveis municipal, estadual e federal que interagem intencionalmente em torno de objetivos comuns; e. aprendizagem, formação integral, cidadania, qualidade de vida, dignidade, em constante interação com o meio em que se inserem; 1 A redação do Art. 211 da CF 88 dada pela Emenda Constitucional no. 14 de 1996 estabelece que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil; § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio; § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.” 2 A Lei nº 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, regulamentou o Art. 211 da Constituição Federal de 1988. Em relação à organização da educação nacional, ver, especificamente, os artigos 3°, 8°, 9°, 10,11,16,17,18,75. ( Ver lei ) Versão para Impressão -4- f. comunidade local, sociedades estadual, regional, nacional, internacional e suas respectivas realidades social, política, econômica e seus ordenamentos jurídicos, legais, administrativos, burocráticos; g. os governos, suas políticas e planos nas instâncias municipal, estadual e federal. (BUSSMANN, Antônia Carvalho. Subsídios para a Instituição do Sistema Municipal de Ensino no Rio Grande do Sul. Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul, jul., 1997) De outra perspectiva, um sistema de ensino pode ser compreendido como um conjunto de subsistemas, como no caso do Brasil, em que a organização sistêmica da educação nacional se desdobra nos subsistemas nacional, estaduais, municipais e do Distrito Federal, cada um dos quais, ao mesmo tempo, tem a autonomia da sua própria esfera federativa e mantém relações de interdependência com as demais. É justamente essa característica das relações sistêmicas que coloca em foco a importância do regime de colaboração para que os resultados desejados para a educação nacional sejam alcançados. O Sistema de Educação Brasileiro- Abrangência, Res ponsabilidades e Incumbências Um aspecto importante quando se fala na organização sistêmica de um setor é a delimitação do que cabe a cada parte ou subsistema. No caso da educação, essa delimitação está fixada pela LDB e se traduz como: a. abrangência, que define as áreas de atuação de cada subsetor; b. responsabilidades, que estabelece o que cabe especificamente a cada um deles prover; e c. incumbências, que trata das atribuições que cabem a cada componente do sistema como tal. Para fins de simplificação e coerência com os termos utilizados na legislação, em lugar do termo subsistema passamos a utilizar as expressões sistema nacional, sistema estadual e sistema municipal. Como mencionado anteriormente, a abrangência 3 de cada sistema está fixada na LDB, que também dispõe sobre a distribuição das responsabilidades pela oferta da educação escolar 4 e sobre as incumbências 5 de cada um. O Quadro 1 apresenta, por esfera administrativa, as instituições e órgãos que compõem o sistema de ensino, suas abrangências e responsabiliades de oferta. 3 Leia os artigos 16, 17 e 18 da LDB. Clique aqui . 4 Leia do artigo 8º ao 11 da LDB. Clique aqui . 5 Leia os artigos 9º, 10 e 11 da LDB. Clique aqui . Versão para Impressão -5- Quadro 1: Sistemas de Ensino por Esfera Federativa - Abrangência e Responsabilidades Abrangências União Estados Municípios Instituições de ensino mantidas pela União Instituições de ensino mantidas pelo Poder Público Estadual Instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas pelo Poder Público Municipal Instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público Municipal Instituições de educação superior privadas Instituições de ensino fundamental e médio privadas Instituições de educação infantil privadas Órgãos federais de educação Órgãos de educação estaduais Órgãos municipais de educação Responsabilidade de Oferta Instituições federais de ensino Ensino Fundamental Ensino Fundamental Funções redistributiva e supletiva Ensino Médio Educação Infantil – creches e pré-escolas Quadro 2: Incumbências por Esfera Federativa Abrangências União Estados Municípios Organização do Sistema Federal de Ensino. Organização do Sistema Estadual de Ensino. Organização do Sistema Municipal de Ensino, com integração a políticas e planos da União e dos estados. Normas gerais para graduação e pós-graduação. Normas complementares para seu sistema. Normas complementares para seu sistema (**) Autorização, reconhecimento, credenciamento, supervisão e avaliação de cursos superiores e instituições de ensino do seu sistema. Autorização, reconhecimento, credenciamento, supervisão e avaliação de cursos superiores e instituições de ensino do seu sistema. Autorização, credenciamento e supervisão de instituições de ensino do seu sistema. Ações supletivas e redistributivas (Assistência técnica e financeira a estados, DF e municípios). Ações supletivas e redistributivas em relação às suas escolas e aos municípios (Definição de formas de colaboração com municípios na oferta do Ensino Fundamental). Ação redistributiva em relação às suas escolas. Elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE).* Elaboração de planos educacionais integrando ações dos municípios – Plano Estadual de Educação. Plano Municipal de Educação Estabelecimento de diretrizes curriculares nacionais para a Educação Básica. Oferta de Ensino Fundamental e de Ensino Médio. Oferta de Ensino Fundamental e Educação Infantil. Sistema nacional de informações e de avaliação educacional.* Transporte escolar para alunos da rede estadual. Transporte escolar para alunos da rede municipal. (Adaptado de: SARI Marisa Timm, et al. Organização da educação nacional no contexto do fortalecimento da Educação Básica: o papel do município. MEC Pradime, Caderno de Textos 1) (*) Em colaboração com estados e municípios. (**) No caso de municípios com sistema de ensino próprio. Versão para Impressão -6- As funções redistributiva e supletiva da União, estabelecidas no primeiro parágrafo do Art. 211 da CF 88, e que precisam ser exercidas pelos estados e município objetivam garantir: a. que as oportunidades educacionais sejam as mesmas; b. um padrão mínimo de qualidade do ensino 6. No caso da União, essas funções se efetivam por meio da sua assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Já no caso do exercício dessas funções pelas demais esferas federativas, elas se referem, no caso dos estados, às suas escolas estaduais e, no caso destes últimos, às escolas municipais. A incumbência de baixar normas complementares para o seu sistema de ensino*7 requer que cada esfera tenha seu órgão normativo, ou seja, os Conselhos Municipais de Educação com atribuição normativa. De acordo com os princípios constitucionais e com a legislação, esses órgãos têm que atender ao princípio da gestão democrática do ensino público 8 e, portanto, devem envolver a participação da sociedade no exercício das suas atribuições. Se o município não possui um sistema de educação municipal, ele não tem a incumbência de, e nem pode, baixar normas complementares, nem autorizar, credenciar e supervisionar estabelecimentos de ensino**9. Nesses casos, essas atribuições competem ao estado cujo sistema de ensino o município fica vinculado. O Sistema Municipal de Ensino (SME) Um sistema municipal de ensino 10 compreende, num sentido estrito, as instituições públicas municipais de ensino fundamental, educação infantil e ensino médio (quando houver) e as instituições privadas de educação infantil. Além delas, fazem parte do sistema, a secretaria municipal de educação (ou seu equivalente), como órgão administrativo, o conselho municipal de educação, como órgão representativo, deliberativo e normativo, e o conjunto dos instrumentos que estabelecem seu modo específico de organização, tanto administrativa como curricular 11. Cada uma das partes que integra esse sistema, por sua vez, pode ser compreendida como um subsistema do sistema municipal, que tem relações específicas com este último. Assim, por exemplo, em relação às instituições privadas de educação infantil, o poder público municipal se relaciona com elas por intermédio das funções supervisora e fiscalizadora. O Quadro 3, a seguir, apresenta os elementos gerais que integram o Sistema Municipal de Ensino. 6 Clique aqui e leia o artigo 211 da Constituição Federal de 1988. Clique aqui e leia o artigo 8º e aqui leia o artigo 75 da LDB. 7 Inciso III do artigo 11 da LDB. Clique aqui . 8 Leia o inciso VI do Art. 206 da CF 88, o inciso VIII do Art. 3º da LDB, e, o inciso V do item 11.2 do PNE . 9 Incisos III e IV do artigo 11 da LDB. Clique aqui . 10 Leia o artigo 18 da LDB. Clique aqui . 11 A organização curricular pode ser caracterizada como “o conjunto de conteúdos selecionados e organizados metodologicamente de tal forma que estejam adequados: a) à realidade social; b) à natureza dos conhecimentos; e c) às necessidades e potencialidades dos alunos”. (DEMSKY, Terri; RODRIGUES, Maristela M. (orgs.). Guia de Consulta para o Programa de Apoio aos Secretários Municipais de Educação. PRASEM. Brasília: Projeto Nordeste, 1997). Versão para Impressão -7- Quadro 3: Sistema Municipal de Ensino Instituições de Ensino Instituições de Ensino : • Públicas : educação infantil, ensino fundamental e médio, quando houver; • Privadas : educação infantil. Órgãos : • Administrativo : Secretaria Municipal de Educação; • Representativo, deliberativo, consultivo, normativo : Conselho Municipal de Educação. Elementos Integrantes Outros : • Plano Municipal de Educação (PME), Plano de Ações Articuladas (PAR),outros projetos e programas municipais e normas complementares. Em termos de colaboração entre município e estado para a oferta do ensino fundamental, estes precisam estabelecer formas dessa colaboração, o que se faz com base na divisão proporcional de encargos. Os critérios de proporcionalidade podem ser dois: a. população a ser atendida e b. recursos disponíveis em cada governo*12. É importante notar que entre os grandes desafios relacionados com a educação, os municípios tem dois que estão diretamente relacionados com que estamos tratando aqui: a. a institucionalização e/ou organização do sistema municipal de ensino e b. o estabelecimento da colaboração recíproca com os sistemas estadual e federal. Institucionalização do Sistema Municipal de Ensino A despeito de as bases da educação nacional terem sido fixadas há mais de vinte anos e regulamentadas há mais de dez, e também, apesar do significativo crescimento do número de matrículas nas redes municipais 13, o número de municípios com sistema de ensino institucionalizado, em relação total de municípios brasileiros, ainda não atingiu a metade. Segundo dados de 2007, obtidos do Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação – Sicme 14–, dos 2.849 municípios brasileiros ali cadastrados, 57% informou possuir sistema municipal de ensino. Vale ressaltar que mesmo quando não possui um sistema de ensino, o município continua obrigado a cumprir seu compromisso em relação à oferta de educação escolar. Ou seja, ele precisa manter uma rede própria de escolas, possuir um órgão administrativo da educação e destinar, no mínimo, 25% de sua receita de impostos para manutenção e desenvolvimento do ensino. 12 Leia o caput do artigo 211 da Constituição Federal, na LDB leia o caput do artigo 8º e o inciso II do artigo 10. Clique aqui . 13 Segundo os dados do Inep/2008, de um total de 24,4 milhões de matrículas na educação básica pública, 54% são municipais. 14 O Sicme é um sistema de informação de caráter voluntário. Isso impede de considerá-lo como fonte oficial. Versão para Impressão -8- Cumpre notar que a constituição de conselhos municipais de educação, assim como a constituição de sistemas municipais de ensino, estão entre os objetivos e as metas de gestão constantes no PNE. Para isso, ali se estabelece que os municípios que optarem por constituir sistema próprio devem receber o necessário apoio técnico 15. A instituição de um sistema municipal de ensino requer que o Conselho Municipal de Educação – CME – passe a ter competências normativas. Além da maior responsabilidade, o CME precisa de competências específicas para o desempenho dessas atribuições, o que requer a capacitação e o assessoramento técnico aos conselheiros. A própria institucionalização do Sistema Municipal de Ensino demanda uma série de providências, entre elas: 1. análise da Lei Orgânica Municipal e encaminhamento das alterações,quando necessário; 2. elaboração pelo Executivo e encaminhamento ao Legislativo, do Projeto de Lei institucionalizando ou organizando o Sistema Municipal de Ensino; 3. organização ou reorganização da Secretaria Municipal de Educação e do Conselho Municipal de Educação, ao qual precisa ser atribuída, legalmente, a função normativa; 4. comunicação oficial ao Conselho Estadual de Educação e à Secretaria Estadual de Educação da institucionalização do sistema. Uma vez que, em alguns casos, os aspectos aqui apresentados poderiam ser de difícil superação a curto prazo, a legislação apresentou, como alternativa para os municípios, a sua integração ao Sistema Estadual de Ensino 16. Órgãos Executivos e Deliberativos Independentemente de ter um sistema de ensino próprio ou de integrar o sistema estadual, é uma atribuição municipal a definição das diretrizes básicas sobre o que o município vai garantir a todos, em termos de educação. Essas diretrizes devem referir-se tanto aos padrões mínimos de qualidade de ensino como aos currículos, o que inclui o estabelecimento dos padrões de gestão e as condições de funcionamento das escolas. Nesse sentido, cabe ao DME, prover os meios para o assessoramento, apoio e a distribuição eqüitativa dos recursos humanos, materiais e financeiros às escolas, com o objetivo de dotá-las das condições indispensáveis ao exercício da sua atividade fim, visando a construção da sua autonomia e de uma educação de qualidade. 15 Leia o inciso V do item 11.3.2, meta 21 do PNE. Clique aqui . 16 A opção do município por integrar-se ao sistema estadual precisa reunir o estado e os municípios optantes em ações conjugadas e articuladas nas quais estes últimos atuam menos como subsistemas e mais como copartícipes. Embora haja também a alternativa de compor com o estado um sistema único de educação básica, não há registro de nenhuma experiência concreta nesse sentido. Versão para Impressão -9- Afinal uma gestão da educação municipal orientada para “a destinação de recursos para a aprendizagem dos alunos, a descentralização, a autonomia da escola, a eqüidade, e a participaçã o da comunidade 17” expressa o comprometimento com a promoção da qualidade social da educação. Cabe registrar que por qualidade social da educação entende-se a que se orienta para a oferta de oportunidades de formação para todos, com padrões de excelência e de adequação aos interesses da população, e que assegure a inclusão social aqueles. Para garantir as condições aqui estabelecidas, o município precisa dispor de instâncias administrativa e deliberativa voltadas para a melhoria contínua da educação municipal. Esses órgãos, como já apresentado, são a secretaria municipal de educação, em alguns casos sob outra denominação, e o conselho municipal de educação. Secretaria Municipal de Educação A Secretaria Municipal de Educação está presente na estrutura das prefeituras como órgão administrativo, executivo e/ou de gestão, até mesmo nos pequenos municípios. De conformidade com o PNE, ela deve ter por foco as unidades escolares, com vistas a assegurar-lhes autonomia pedagógica, financeira e administrativa. No entanto, apesar dos avanços na direção de uma gestão mais efetiva e democrática, ainda se observa, nesses órgãos, inúmeras práticas centralizadas na gestão dos sistemas e/ou redes educacionais. Contrapondo-se a essas práticas, a criação de conselhos escolares deliberativos e representativos da comunidade escolar, a adoção de processo de eleição para a escolha dos diretores e o repasse direto de recursos às unidades escolares tem contribuído para uma gestão mais participativa e para maior autonomia das escolas. Na medida em que, no exercício da sua autonomia pedagógica, administrativa e financeira, as escolas passam a assumir atribuições até então desempenhadas pela secretaria, essas mudanças levam à redefinição do papel, das funções e das atribuições da Secretaria de Educação. Esta passa a ter um papel central na condução das políticas, o que envolve o provimento de suporte ao processo educacional e, cada vez mais, o assessoramento às escolas. Nesse contexto, entre as principais funções do DME estão a coordenação e representação política; o planejamento e avaliação educacional; o desenvolvimento da gestão escolar e as atividade de administração e finanças. Conselho Municipal de Educação (CME) A criação de um Conselho Municipal de Educação independe se o município está vinculado ao sistema estadual de ensino ou se tem um sistema de ensino próprio. No primeiro caso, esse conselho tem as seguintes funções: consultiva, deliberativa, propositiva, mobilizadora e de controle social. No segundo caso, quando há sistema municipal de ensino, às funções já mencionadas acrescentam-se as funções normativa e fiscalizadora, que são específicas dos conselhos de sistema. 17 Leia noPNE, Financiamento e Gestão, Meta 24. Clique aqui . Versão para Impressão -10- É importante ressaltar que a capacidade normativa no âmbito municipal tem caráter complementar em relação às normas nacionais, que asseguram a necessária unidade normativa da educação em todo o País. O CME é a instância de gestão colegiada e democrática do ensino municipal, tanto em relação à formulação das políticas como em relação às decisões dos dirigentes 18. Ele deve atuar como interlocutor da sociedade junto ao governo, em assuntos relacionados com a educação municipal. Nesse sentido, o CME representa os diversos segmentos sociais e exerce a função de mediador entre sociedade e Estado. Regime de Colaboração Para a maioria das pessoas a noção de colaboração está associada à ideia de algo que se faz voluntariamente, ou "de boa vontade", como se costuma falar. Entretanto, esse termo expressa, especificamente, a ideia de algo que só pode se realizar "em conjunto", coletivamente, por vontade própria ou de forma compulsória. Assim, embora o estabelecimento de um regime de colaboração demande vontade política para que as deliberações sejam compartilhadas e que o compromisso com a qualidade do ensino seja comum, em muitos casos, a colaboração é obrigatória, na medida em que está estabelecida pela legislação. No caso da educação, o regime de colaboração como estratégia para nortear a relação entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, está tratado na CF88, ao afirmar que "na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório" (Art. 211, §4º). Outros dispositivos legais, como a própria LDB, regulamentam e detalham essa determinação. Entretanto, há ainda um percurso a ser feito para que essa colaboração entre as instâncias se expresse sob forma de vontade política de forma mais generalizada. Daí afirmar-se que a consolidação do regime de colaboração precisa enfrentar ainda inúmeros desafios. Entre eles destacam-se: • dificuldades na integração de estados e municípios para a elaboração dos planos decenais de educação; • ausência de articulação entre os colegiados normativos das diversas instâncias, para a discussão das normas de interesse comum; • necessidade de apoio efetivo da União e dos estados visando à organização dos sistemas municipais de ensino, conforme previsto no PNE. Cumpre notar que a colaboração recíproca, expressa na legislação, objetiva a interlocução e o planejamento conjunto, de conformidade com as normas gerais e com a articulação entre as responsabilidades e incumbências de cada esfera federativa, já apresentadas anteriormente nos quadros 1 e 2. 18 Leia o inciso VI do Art. 206 da CF88 e com o inciso VIII do Art 3º, da LDB. Clique aqui . Versão para Impressão -11- O Quadro 4 a seguir, apresenta as bases legais do regime de colaboração entre os entes federados, quanto à divisão de encargos, ao estabelecimento de normas e ao planejamento. Quadro 4: Bases Legais e Formas de Colaboração Âmbito de Colaboração Situação Bases Legais Divisão de Encargos Oferta do Ensino Fundamental, assegurando distribuição proporcional das matrículas, ajustada à capacidade de atendimento de cada esfera administrativa. Estados e municípios podem celebrar convênios em que a transferência de responsabilidade por determinado número de matrículas no Ensino Fundamental seja acompanhada da correspondente transferência de recursos financeiros. Repartição de outros encargos: • Descentralização da merenda escolar: municípios também podem assumir a execução desse programa suplementar para as escolas estaduais, com repasse de recursos federais; • Implementação do programa de transporte escolar para garantir o acesso de todos à escola: municípios podem assumir a execução do programa para a rede estadual com recursos estaduais; • Formação de profissionais, etc. • CF 88: Art. 211, §4º (alterado pela EC nº 14/96) • LDB: Artigos 10, 11 e 75, §2º • Lei 9.424/96: Art. 3º, §9º Estabelecimento de Normas Estabelecimento de competências e diretrizes para os currículos e conteúdos mínimos da Educação Básica. Estabelecimento de padrão mínimo de oportunidades educacionais para o Ensino Fundamental. • CF88: Art. 210 • LDB: Artigos: 9º, IV e 74 Planejamento Elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios, e a formulação de novos objetivos, diretrizes e metas tais como o Compromisso Todos pela Educação e PDE. Avaliação periódica da implementação do Plano Nacional de Educação, pela União, em articulação com os estados, o Distrito Federal e os municípios e aferição da qualidade da educação básica oferecida nacionalmente com base em alguns indicadores de aprendizagem, fluxo, acesso. • LDB: Art. 9º, I e V • Lei nº 10.172/2001-PNE: Art.3º Adaptado de: SARI Marisa Timm, et al. Organização da educação nacional no contexto do fortalecimento da Educação Básica: o papel do município. MEC Pradime, Caderno de Textos 1. Versão para Impressão -12- ATIVIDADE 1 - OBRIGATÓRIA Caro(a) cursista, faça uma avaliação da situação atual da organização do ensino em seu município, identificando os elementos que a constituem e o que você considera como a principal dificuldade para melhorar essa organização. Elabore um texto discutindo possíveis alternativas para a superação da dificuldade apontada e sugerindo as mudanças que devem ocorrer no interior do sistema ou da rede de ensino do seu município para tornar cada vez mais real o objetivo de uma educação para todos com qualidade social, eqüidade, autonomia e participação e publique-o no Fórum Atividade 1 sobre Desafios da organização da educação municipal. Além da sua publicação, a partir das contribuições postadas pelos colegas, estimule o debate, fazendo seus comentários/experiências sobre o que estiver sendo colocado e que lhe pareça interessante ou importante aprofundar/ratificar. Versão para Impressão -13- ATIVIDADE 2 - OBRIGATÓRIA Caro(a) cursista, a efetivação do regime de colaboração e de uma organização sistêmica para a educação nacional é hoje uma questão da maior importância. Para refletir como esse processo ocorre no seu município, responda o Questionário a seguir: A - Seu município possui sistema próprio de ensino? Se você respondeu afirmativamente à questão A, responda: 1. Quais são as incumbências de cada uma das partes que integra o sistema de ensino do seu município? 2. Identifique formas de relacionamento sistêmicas entre a secretaria municipal de educação e as escolas, no que se refere ao desempenho dos alunos? Justifique sua resposta. 3. Como são deliberados os investimentos necessários a cada escola, no exercício da ação redistributiva do município? 4. Identifique as formas de colaboração existentes entre o seu município e o estado, no que se refere à educação e ao ensino. De que forma elas estão documentadas? 5. Como se dá a colaboração entre a União e o seu município? Descreva os procedimentos que definem esta colaboração. Se você respondeu negativamente à questão A, responda: 1. De que forma a rede municipal de ensino está constituída em seu município? 2. Como se dá a integração da rede municipal ao sistema estadual de ensino? 3. Quais são as incumbências da Secretaria Municipal de Educação em relação às escolas da sua rede? 4. Identifique as formas de colaboração existentes entre o seu município e o estado, no que se refere à educação. De que forma elas estão documentadas? 5. Como se dá a colaboração entre a União e o seu município?Descreva os procedimentos que definem esta colaboração. Responda na Lição Atividade 2. Versão para Impressão -14- Gestão da Educação Municipal Introdução O direito à educação está assegurado pela Constituição Federal de 1988. Portanto, é obrigação do Poder Público garantir ao cidadão o exercício desse direito. Esta garantia pode ser chamada de ação de Estado e todos os governos são obrigados a promovê-la. No entanto, as formas de fazê-lo variam de acordo com as orientações de cada governo ao longo do tempo. De acordo com o disposto na Constituição, essa obrigação não é exclusiva da União e se dá através de uma organização sistêmica que envolve as esferas federal, estaduais e municipais de poder. No que se refere ao atendimento desse dever pelo âmbito do poder municipal, há, hoje, um conjunto de pressupostos básicos para nortear os DME na gestão da educação municipal. São eles: • Equidade no atendimento aos alunos, ou seja, não se podem justificar condições de atendimento diferenciadas numa mesma rede; • Organização do trabalho , mediante definição clara de funções, objetivos, procedimentos e plano de trabalho, além da sistematização e disseminação de informações e rotinas para orientar as decisões; • Decisões fundamentadas em fatos e dados , na medida em que um sistema complexo como o da educação não pode ser gerido com base em suposições; • Descentralização , com vistas a dar poder de decisão a quem conhece e pode equacionar o problema e a fomentar o compromisso, a participação, a eficiência e a qualidade da educação pública; • Foco nas atividades fim da educação , ou seja, manter o olhar direcionado para a dimensão pedagógica, para as escolas e para a aprendizagem dos alunos; • Participação de outros atores na gestão da educação municipal , tais como pais e familiares dos alunos, trabalhadores da educação e a própria comunidade. Há também atitudes e comportamentos que, por força das novas formas de convivência e de relações sociais, tem sido muito valorizadas no exercício do papel de gestor. Entre elas: • Agilidade: capacidade de vislumbrar mudanças no horizonte, prever o que está por acontecer e assumir a liderança no desenvolvimento de estratégias para atender às exigências da realidade contemporânea. Entre as atitudes associadas à agilidade, estão o estímulo e a recompensa por ideias inovadoras, delegação de poder para que os outros tomem decisões, sempre baseadas em diretrizes e mapa de riscos. • Autenticidade: capacidade de liderar com segurança e coragem para assumir posições. Para transmitirem confiança a suas equipes, os DME precisam ser transparentes na comunicação e incutir senso de propósito nas equipes. Isso requer uma capacidade ampliada de ouvir, de provocar empatia e de alimentar a inovação. • Gestão de pessoas: refere-se à habilidade para alavancar e maximizar os resultados gerados pela equipe. Isso requer o comprometimento do DME com uma cultura de desempenho e a existência de estruturas organizacionais e processos Versão para Impressão -15- humanos eficazes. Requer também que o DME identifique novas formas de compartilhar conhecimento e inserir o aprendizado no trabalho. • Sustentabilidade republicana: que, além do compromisso com a otimização e o equilíbrio entre resultados financeiros e objetivos pretendidos, consiste em práticas comprometidas com a transparência no uso dos recursos públicos e com o estabelecimento de uma concepção republicana na gestão da educação. As Várias Faces da Gestão da Educação Municipal Em um regime democrático representativo como o brasileiro, o êxito de uma administração junto à sociedade é determinado pelo grau com que as ações desse governo são percebidas pela população como ações de Estado, isto é, como os eleitores entendem estarem sendo atendidos em seus direitos. Nesse sentido, uma das mais relevantes dimensões do papel do DME é a dimensão política. Seu cargo, assim como as atribuições dele decorrentes, é um desdobramento do mandato conferido ao prefeito. Ele representa a autoridade do chefe do Poder Executivo municipal em matéria de política educacional e é o guardião da eficácia dessa política. Para isso o DME tem atribuições de representação político-institucional, de planejamento, de gestão pedagógica, administrativa, orçamentária e financeira, de gestão da informação e de avaliação institucional. A dimensão política das atribuições do DME compreende a ação de traduzir para a administração municipal, especialmente para o chefe do Poder Executivo, as formas mais adequadas de cumprir as determinações legais, os planos e os compromissos políticos assumidos junto à população 19. Ao DME cabe também interagir com sua respectiva área nas esferas federal e estadual de governo, com vistas à implementação do regime de colaboração e, até mesmo, dos programas e assistência técnica e financeira. Na formulação das políticas e no planejamento 20 de sua execução, é crucial a escolha das prioridades. Compete ao DME nortear essa priorização e transmitir, à administração pública e à sociedade em geral, o convencimento de que os compromissos estão sendo adequadamente cumpridos. Deve também defender, nesses diferentes âmbitos, a integridade dos objetivos e dos meios necessários à consecução de tais políticas. Na gestão da educação do município exige-se do DME, além da competência para o exercício da dimensão política de sua função, uma competência técnica , construída a partir da sua formação e de consistente experiência na área educacional, para que seja capaz de mobilizar e articular as pessoas, instituições e demais recursos no sentido de atingir os objetivos e metas educacionais definidos para sua gestão, com eficiência, eficácia e efetividade. 19 É fundamental a interação do DME com o responsável pela fazenda ou finanças municipais, uma vez que, sem recursos, pouco se pode fazer. Com o responsável pela área de saúde, pode-se ter em vista os programas suplementares de atendimento aos estudantes; com o responsável pela área de assistência social, a Educação Infantil ganha reforço no atendimento; com o responsável pela área de justiça e cidadania, garante-se o cumprimento das obrigações relativas ao Ensino Fundamental e ao atendimento às crianças e aos adolescentes em situação de risco. Ao DME cabe também interagir com sua respectiva área nas esferas federal e estadual de governo, com vistas à implementação do regime de colaboração e, até mesmo, dos programas de assistência técnica e financeira. 20 Este é o tema central do Tópico “Planejamento da Educação Municipal” da Sala Ambiente “Planejamento e Avaliação da Educação no Âmbito Municipal”. Versão para Impressão -16- Uma responsabilidade fundamental do DME, tanto sob o ponto de vista técnico quanto político, é a de dar organicidade à rede de escolas municipais em suas múltiplas dimensões, sem perder de vista que o foco de convergência deve ser a gestão pedagógica e, em relação a esta, a permanência e o sucesso dos alunos na escola. Esse rumo deve estar fixado pela definição clara de um projeto educacional para o município, capaz de operar como elemento catalisador e estimulador de propostas pedagógicas nas escolas. Na sua função de coordenar o trabalho e promover o desenvolvimento da rede escolar, o DME deve buscar garantir: • o desenvolvimento de uma série de atividades em nível de escola; • o cumprimento de atividades docentes consideradas prioritárias; • o cumprimento da gestão democrática das escolas; • progressivos graus de autonomia às unidades escolares, sem perder de vista a perspectiva de rede; • o desenvolvimento de habilidades gerenciais aos integrantes de sua equipe. É importante explicitar o conceito de rede aqui utilizado, qual seja, o conjunto de escolas sob a gestão do município,orientadas por um propósito comum – a aprendizagem –, trabalhando numa dinâmica de troca e fluxo de informação, sob um clima de compromisso de toda comunidade. Nessa perspectiva "um aluno não é só aluno de uma professora. É aluno d a rede. O professor não está sozinho. É parte da equipe da esc ola e da rede” 21. Estudos e pesquisas evidenciam a importância da escola quando se pensa e se aborda a questão da qualidade da educação. Nesse sentido, termos como eficiência e eficácia na gestão da educação municipal são majoritariamente decorrentes dos processos que ocorrem dentro da escola, em relação aos quais, o principal papel da Secretaria de Educação é, como mencionado no Tópico I, o de prover suporte ao processo educacional e, cada vez mais, o assessoramento às escolas. A forma como a escola se organiza, as relações estabelecidas entre professores e alunos, diretor e comunidade, professores e pais, a clareza dos objetivos, a qualificação dos professores, as práticas pedagógicas bem como as formas de acompanhamento e avaliação dos alunos são fatores do domínio da escola, que contribuem pa ra que os alunos permaneçam e tenham sucesso 22. Em relação à gestão pedagógica , o trabalho do DME e de sua equipe concentra-se, portanto, no apoio ao desenvolvimento da gestão escolar, na melhoria das práticas pedagógicas, na formação e no provimento de condições de trabalho aos professores. Cabe-lhe conhecer e cercar-se de equipe tecnicamente competente para orientar as escolhas básicas da área educacional, especialmente aquelas mais estruturantes, como a própria organização do ensino. Ao lado da gestão pedagógica, compete ainda ao DME lidar com outros aspectos administrativos da educação municipal, tais como pessoas, recurso materiais e orçamento. 21 Conceito construído e trazido na publicação da pesquisa Redes de Aprendizagem – boas práticas de municípios que garantem o direito de aprender, produzida pelo UNICEF em parceria com a UNDIME, MEC e INEP, 2008(?), p. 14. 22 Fonte: PORTELA, Adelia Luiza e ATTA, Dilza Maria Andrade - “Indicadores de Qualidade da Escola: Base para a Construção de Critérios Orientadores da Gestão da Educação” no Guia de Consulta para o Programa de Apoio aos Secretários Municipais de Educação – PRASEM III, organizado por Maristela Rodrigues e Monica Giágio. Brasília: Fundescola/MEC, 2001. Versão para Impressão -17- A gestão de pessoas demanda habilidade para coordenar o esforço coletivo com vistas à obtenção dos resultados desejados, em termos de formação, aprendizagem e cidadania. Nesse sentido, o trabalhador da educação é, sem dúvida, peça chave para um sistema comprometido com a qualidade do processo educativo. Como tal, necessita de formação adequada e de incentivos que indiquem sua valorização. São responsabilidades dos sistemas de ensino atuar para que o perfil dos profissionais atenda aos requisitos mínimos de formação inicial e também de prover oportunidades de formaçã o continuada 23. Já gestão dos recursos materiais busca assegurar que eles sejam alocados efetivamente a serviço dos objetivos educacionais, tanto da rede municipal como de cada escola em particular. Além disso, a gestão dos recursos materiais deve estar a servi ço de garantir boas condições de trabalho para o professo r e de aprendizagem para os alunos 24. Por fim, uma vez que nada pode ser feito sem recursos financeiros, no que se refere à gestão do orçamento , cabe, prioritariamente, ao DME garantir que no Plano Plurianual (PPA), na Lei Anual de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA), constem os programas, projetos e atividades da educação. Para isso é imperioso que ele participe da discussão e elaboração desses instrumentos de planejamento e gestão orçamentária do município, garantindo que as prioridades da área educacional sejam adequadamente contempladas 25. Ainda como um processo inerente à gestão da educação, cabe ao DME gerir o processo de avaliação da educação municipal. Esse é um processo que deve ser sistêmico e desdobrar-se, no mínimo, na avaliação do rendimento dos alunos 26, na avaliação da gestão escolar e na avaliação do desempenho profissional, aspectos já discutidos na Sala Ambiente Planejamento e Avaliação da Educação no Âmbito Municipal. Vale também relembrar que em 2005 foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB para orientar a condução da política pública, tendo em vista a melhoria da qualidade da educação. Sua composição possibilita o diagnóstico atualizado da situação educacional em todas as esferas, e também a projeção de metas individuais intermediárias, de incremento da qualidade do ensino 27. 23 A Sala Ambiente “Materialização da Educação Pública Municipal” trata de forma mais aprofundada o âmbito da gestão de pessoas. 24 A Sala Ambiente “Materialidade da Rede Pública Municipal de Ensino” trata de forma mais aprofundada o âmbito da gestão de recursos materiais. 25 Esse tema é tratado de forma mais detalhada na sala Ambiente “Financiamento e Gestão Orçamentária da Educação”. 26 Seu norteador é a busca de melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. 27 As metas são o caminho traçado de evolução individual dos índices, para que o Brasil atinja o patamar educacional que têm hoje a média dos países da OCDE. Em termos numéricos, isso significa evoluir da média nacional de 3,8, registrada em 2005, para um Ideb, em 2022, igual a 6,0, na primeira fase do ensino fundamental. Versão para Impressão -18- Princípios e Mecanismos de Implementação da Gestão Democrática No que se refere à administração pública municipal, o DME tem, por delegação do prefeito, a responsabilidade de implementar as políticas e ações de governo na área educacional, em articulação com as demais políticas públicas e programas municipais, tendo por foco a garantia do direito de aprender. Para se garantir esse direito, e tornar possível construir conhecimentos que efetivamente resultem na transformação da realidade pessoal e comunitária da população, é indispensável a existência de um ambiente democrático em que seja possível o diálogo, o trabalho coletivo e a resolução pacífica dos conflitos. Um ambiente assim requer, da política educacional, não só que assegure o aprendizado de conteúdos e procedimentos, como também de atitudes como cooperar, ser solidário e desenvolver responsabilidades junto aos colegas e à comunidade. Na organização da educação pública e nas escolas, as práticas democráticas podem ocorrer por meio de vários canais, entre eles os conselhos municipais de educação, de alimentação escolar, do FUNDEB, os conselhos escolares e os grêmios estudantis. No caso dos conselhos municipais, órgãos de participação por excelência, inúmeras são as possibilidades de ação no sentido de se estabelecer e fortalecer a gestão democrática. Uma delas refere-se à comunicação e à socialização de informações: todos devem ter acesso às mesmas informações e aos fundamentos d as políticas e ações 28. Todos devem ter, também, direito à manifestação sem qualquer forma de constrangimento. Outra possibilidade é a qualificação da representação. Muitas vezes, a própria composição dos conselhos dificulta a relação entre representantes e representados. Ao DME cabe contribuir para a mudança desses padrões de participação incentivando e reforçando as relações de representação.* Nesse sentido, o DME conta com a colaboração técnica do MEC que, atendendo ao Princípio Constitucional da Gestão Democrática e buscando estimular cada cidadão brasileiro a participar, espontânea e efetivamente, dos assuntos que lhe são afetos, vem trabalhando, em vários programas e ações, com vistas à expansão, consolidação e fortalecimento das instâncias de exercício da gestão democrática. Assim, instituiu em 2004 o Programa Nacionalde Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação – Pró-Conselho cujo objetivo é o de promover o fortalecimento, intercâmbio e colaboração entre os Conselhos Municipais de Educação – CME, mediante capacitação de seus conselheiros, incentivo a participação da sociedade civil na gestão da educação, ampliação do conhecimento e do debate da legislação educacional e manutenção de um banco de dados nacional atualizado sobre os CMEs - o SICME. Da mesma forma, visando a qualificar a participação da comunidade escolar e local na gestão das escolas, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Básica – SEB criou e vem desenvolvendo ações no sentido de implementar o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares . 28 Os participantes de um conselho devem ter acesso, de maneira igual, à legislação e aos conhecimentos necessários para realizar a fiscalização das ações, formular propostas e críticas ou expressar dúvidas e questionamentos. Versão para Impressão -19- Uma terceira possibilidade está relacionada à ampliação dos espaços de discussão e construção de políticas públicas. Dentro desse processo foram instituídas, a partir da atual política do Ministério da Educação, as conferências municipais, estaduais e nacionais de educação, organizadas pelo governo e pela sociedade. Essas conferências validam a importância do debate nas escolas, universidades e comunidades como também entre a sociedade e os profissionais da área educacional, com vistas à construção da qualidade social da educação. Em 2009 foram realizadas as conferências preparatórias a Conferência Nacional de Educação – CONAE, que aconteceu de 28.03 a 1.04. 2010, tendo como foco o fortalecimento do Sistema Nacional Articulado de Educação e o estabelecimento de diretrizes para um novo Plano Nacional de Educação. O processo de elaboração, implementação e/ou atualização do Plano Municipal de Educação (PME) deve ser tomado como exemplar para o fortalecimento da participação democrática. As determinações constitucionais e legais relativas à sua elaboração podem dar origem a um amplo e vigoroso processo de discussão e produção de ideias e propostas, envolvendo todas as dimensões da educação e os mais variados segmentos da sociedade. Entretanto, vale lembrar que isso requer um grande esforço de mobilização da sociedade e a busca da co laboração entre as esferas de governo 29. Por fim, é importante ressaltar que a participação relativa ao PME não pode se limitar à fase de elaboração. Como instrumento norteador da educação municipal, ele não se esgota na etapa propositiva. Uma vez elaborado o plano, inicia-se a fase de implementação das decisões, que é seguida pelas fases de avaliação dos resultados e de projeção de outras e novas decisões. Nessa dinâmica, o DME pode impulsionar a continuidade do processo de organização da sociedade local. 29 Na elaboração do Plano Municipal de Educação (PME), além de envolver professores e demais trabalhadores em educação, pais e alunos, deve-se buscar trazer par o debate os setores sociais que tradicionalmente não estão envolvidos com a educação formal. Versão para Impressão -20- ATIVIDADE 3 – OBRIGATÓRIA Caro(a) cursista, a Tarefa Online contribui entre outras coisas para construção da memória do processo de aprendizagem e para compartilhamento do cotidiano e das conquistas e desafios que se lhe apresentam. Considerando o conteúdo exposto no tópico Gestão da Educação Municipal registre, com base na experiência desse seu período como DME, de que forma nas ações, projetos e programas implementados até o momento, foram considerados, por você e sua equipe, os seguintes pressupostos que devem nortear a gestão da educação: • Equidade no Atendimento • Organização do trabalho • Decisões fundamentadas em fatos e dados • Descentralização • Foco nas atividades fins da educação Envie para a Tarefa Atividade 3. Versão para Impressão -21- ATIVIDADE 4 – NÃO OBRIGATÓRIA Caro(a) cursista, a partir da seguinte afirmação, constante no 5º parágrafo do tópico As Várias Faces da Gestão da Educação Municipal: "A sua responsabilidade fundamental, tanto sob o pon to de vista técnico quanto político, é a de dar organicidade à rede de escolas municipais em suas múltiplas dimensões, sem perder de vista que foco de convergência deve ser a gestão pedagógica e , em relação a esta, a permanência e o sucesso dos alunos na escol a", faça uma enquete, junto a 10 representantes da comunidade escolar entre pais, alunos, professores, diretores, trabalhadores da educação, sobre como percebem essa convergência em direção à gestão pedagógica, coletando seus depoimentos (se possível gravados em vídeo) a respeito de como ela ocorre (e se ocorre) na prática. O conjunto desses depoimentos poderá servir de importante retroalimentação para incrementar sua atuação na perspectiva da valorização da atividade fim da educação: aprendizagem efetiva dos alunos mediada por uma competente atuação pedagógica dos professores. Em seguida, envie um arquivo compactado contendo estas informações e as imagens para a Tarefa Atividade 4. Versão para Impressão -22- ATIVIDADE 5 – ESTA OU SIMILAR Caro(a) cursista, considerando que a gestão democrática da educação é um dos sete princípios estabelecidos pelo Artigo 206 da CF 88, um dos onze princípios do artigo 3º da LDB e um possível caminho para garantir a qualidade social da educação; considerando também que as práticas democráticas podem ocorrer nos sistemas educacionais e nas escolas, por meio dos vários canais existentes; realize uma pesquisa rápida, mediante busca na internet, sobre o tema mobilização social e gestão democrática da educação. Dentre os locais de busca, não deixe de ir ao portal do MEC - no Menu à esquerda da tela de abertura e clique em Mobilização Social. Caso queira conhecer mais sobre conselhos escolares, no mesmo Menu, clique sobre Pais e Familiares. Vá também ao site do Programa Salto para o Futuro da TVE e pesquise sobre Gestão Democrática da Educação. Feita essa pesquisa, faça um resumo do que descobriu/aprendeu sobre essa temática e envie a sua produção para a Tarefa Atividade 5. LEMBRANDO! Caro(a) cursista, a elaboração do Memorial de Gestão da Educação Municipal é uma atividade extra que deve ser realizada até o final do curso por cada município. A importância deste instrumento, numa perspectiva republicana de gestão da educação municipal, requer que o DME e a Secretaria Municipal de Educação consolidem a política de educação como uma política pública de estado, e não apenas como uma política pública de governo. Não se esqueça e bom trabalho!!! Versão para Impressão -23- Referências Bibliográficas BONAMINO, Alicia et all. Avaliação de políticas educacionais. In: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Pradime : Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação/Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. - Brasília, DF: Ministério da Educação, 2006. (Caderno de Textos; v.1). BRASIL. Ministério da Educação. FNDE. Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola : aumentando o desempenho da escola por meio do planejamento eficaz. Brasília: FUNDESCOLA/ DIPRO/FNDE/MEC, 3ª Edição. BRASIL. Ministério da Educação. INEP. Sinopse Estatística da Educação Básica - Censo Escolar 1998. Brasília: Inep. 1999. BRASIL. Ministério da Educação. INEP. Sinopse Estatística da Educação Básica - Censo Escolar 2007. Brasília: Inep. 2008. BRASIL. Ministérioda Educação. Secretaria de Educação Básica. Memorial da Gestão da Educação Municipal : construindo uma transição republicana no Brasil. 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