Prévia do material em texto
1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 1 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 2 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 1 PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL .................................................................... 6 INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL................................................................... 7 ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL ....................................................................... 11 OBJETIVOS E FINALIDADES .................................................................................... 15 DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL ............................................... 15 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL ........................................ 17 ASPECTOS INSTITUCIONAIS E FUNDAMENTOS SOBRE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ........................................................................................... 19 Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) ....................................................... 19 CONSELHO DE GOVERNO ........................................................................................ 19 CÂMARA DE POLÍTICA DOS RECURSOS NATURAIS ......................................... 19 GRUPO EXECUTIVO DO SETOR PESQUEIRO – GESPE ....................................... 20 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA ............................... 20 FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – FNMA ............................................. 21 CONSELHOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS ........................................................... 21 A QUESTÃO DA COLEGIALIDADE ......................................................................... 22 COMPÕE OS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO ................................................................. 22 INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA ............................................................................................. 23 INTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE .................... 23 AÇÃO ADMINISTRATIVA NO TEMPO .................................................................... 23 DIREITO À PUBLICIDADE AMBIENTAL ................................................................ 24 DIREITO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL ................................................................ 24 FASE CONCILIATÓRIA .............................................................................................. 24 ZONEAMENTO AMBIENTAL .................................................................................... 25 3 ZONEAMENTO MUNICIPAL ..................................................................................... 25 ZONEAMENTO INDUSTRIAL ................................................................................... 26 CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS INDUSTRIAIS .................................................. 27 RELOCALIZAÇÃO DE INDÚSTRIAS POLUIDORAS ............................................. 28 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA .......................................................... 28 DIFERENÇA ENTRE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL .............................................................................................. 29 AUDIÊNCIA PÚBLICA ................................................................................................ 31 O PAPEL DA ADMINSTRAÇÃO NO EIA .................................................................. 31 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................................... 32 AUDITORIA AMBIENTAL ......................................................................................... 34 SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECUSOS HÍDRICOS .......... 36 CONSELHO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS .......................................... 37 CONSELHOS ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS ......................................... 37 COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................... 38 AGÊNCIAS DE ÁGUAS ............................................................................................... 39 BASES LEGAIS PARA A GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL .............................. 41 NECESSIDADE E IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL PARA A EMPRESA ........................................................................................................................................ 43 FINALIDADES BÁSICAS DA GESTÃO AMBIENTAL E EMPRESARIAL ........... 44 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL: NORMA ISO 14 001 (SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL) ............................................................................................................... 44 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL .............................................................................. 44 DESENVOLVIMENTO DA ISO FAMÍLIA 14000 ...................................................... 48 ISO/ COMITÊ TÉCNICO (TC) 207 .............................................................................. 48 INTRODUÇÃO À ISO 14001 ....................................................................................... 49 ESCOPO ......................................................................................................................... 49 PARTES INTERESSADAS ........................................................................................... 50 4 P.D.C.A. E MELHORIA CONTÍNUA .......................................................................... 51 REQUISITOS DA NORMA NBR ISO 14001/96 ......................................................... 52 REQUISITOS GERAIS ................................................................................................. 53 POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................................................. 53 PLANEJAMENTO ......................................................................................................... 53 ASPECTOS AMBIENTAIS .......................................................................................... 53 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS ..................................................... 55 OBJETIVOS E METAS ................................................................................................. 55 PROGRAMA(S) DE GESTÃO AMBIENTAL ............................................................. 56 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ........................................................................... 56 ESTRUTURA E RESPONSABILIDADE ..................................................................... 56 ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES E AUTORIDADES ..............................56 RECURSOS ................................................................................................................... 56 REPRESENTANTE DA ADMINISTRAÇÃO .............................................................. 57 TREINAMENTO, CONSCIENTIZAÇÃO E COMPETÊNCIA ................................... 57 COMUNICAÇÃO .......................................................................................................... 58 DOCUMENTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .............................. 58 CONTROLE DE DOCUMENTOS ................................................................................ 58 CONTROLE OPERACIONAL ...................................................................................... 59 FORNECEDORES E SUBCONTRATADOS ............................................................... 59 PREPARAÇÃO E ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS ........................................... 60 VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA ...................................................................... 60 MONITORAMENTO E MEDIÇÃO ............................................................................. 60 NÃO CONFORMIDADE E AÇÕES CORRETIVA E PREVENTIVA ....................... 61 REGISTROS .................................................................................................................. 62 AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ......................................... 62 Análise Crítica pela Administração ................................................................................ 63 5 COMPROMETIMENTO E POLÍTICA AMBIENTAL ................................................ 64 AGENDA 21 BRASILEIRA .......................................................................................... 64 IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21 BRASILEIRA (A PARTIR DE 2003) .......... 65 AGENDA 21 BRASILEIRA EM AÇÃO ...................................................................... 67 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 69 Bibliografia Básica ......................................................................................................... 69 Bibliografia Complementar ............................................................................................ 69 6 PRINCÍPIOS DA GESTÃO AMBIENTAL A preocupação com os impactos ambientais decorrentes das atividades humanas faz parte da história recente da sociedade moderna. Apesar dos avanços conseguidos nas últimas décadas, muito ainda resta a ser feito para que consigamos efetivamente construir um modelo de desenvolvimento sustentável. Modelo este que contempla a necessidade de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a preservação e a recuperação ambiental. O país, o estado e principalmente o município, têm um importante papel no processo de gestão ambiental, na preservação do meio ambiente e no controle das fontes de poluição no nível local. Estando mais próximo dos problemas locais, o município é o primeiro a sentir esses impactos ambientais, sendo também onde se apresentam as melhores condições para administrar esses conflitos e construir uma proposta de gestão que contemple os interesses econômicos, sociais e ambientais locais. A Gestão Ambiental é a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do impacto ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais. Fazem parte também do arcabouço de conhecimentos associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou ampliação de atividades produtivas. A prática da gestão ambiental introduz a variável ambiental no planejamento empresarial, e quando bem aplicada, permite a redução de custos diretos - pela diminuição do desperdício de matérias-primas e de recursos cada vez mais escassos e mais dispendiosos, como água e energia - e de custos indiretos - representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meio ambiente ou à saúde de funcionários e da população de comunidades que tenham proximidade geográfica com as unidades de produção da empresa. À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira mais racional. O próprio 7 mercado consumidor passa a selecionar os produtos que consome em função da responsabilidade social das empresas que os produzem. Desta forma, surgiram várias certificações, tais como as da família ISO14000, que atestam que uma determinada empresa executa suas atividades com base nos preceitos da gestão ambiental. Em paralelo, o aumento da procura pelas empresas de profissionais especializados em técnicas de gestão ambiental motivou o surgimento de cursos superiores voltados para a formação desses profissionais, tais como Engenharia Ambiental, Bacharelado em Gestão Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente. INTRODUÇÃO À GESTÃO AMBIENTAL O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é frequentemente usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, como por exemplo: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques e reservas florestais, gestão de áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reservas de biosfera e outras tantas modalidades de gestão que incluam aspectos ambientais. A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para organizações, ou seja, companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições e pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto. A Conferência sobre o Meio Ambiente de Estocolmo em 1971 foi um dos primeiros passos dados pela comunidade internacional em relação ao controle da degradação ambiental. Esta conferência lançou um primeiro alerta, no sentido de demonstrar ao homem que os recursos naturais do planeta são finitos e profundamente sensíveis às suas atividades. Naquela época, pensava-se que o principal problema seria em relação à escassez do petróleo que causaria um colapso no modelo de desenvolvimento até então vigente. Nas três décadas que se seguiram, houve importantes descobertas de novas reservas de petróleo tais como as do Mar do Norte na Europa e no Oriente, mas problemas ambientais se multiplicaram. Houve toda uma série de desastres ambientais localizados mas grandes proporções tais como o vazamento de petróleo do Exxon Valdez no Alasca, 8 o desastre nuclear de Tchernobil na Ucrânia, a tragédia causada pelo vazamento de cianetos em Bhopal na India, a contaminação por dioxina em Sevezo na Itália e a grande redução dos níveis de água no mar de Aral na Rússia causados por desvio de água para irrigação em mega-projetos ligados ao cultivo do algodão. Além dos desastres ambientais localizados, a biosfera tem sofrido uma deterioração em larga escala, porém difusa, que pode ser percebida através do gradual aumento nos níveis de gases causadores do efeito estufa (CO2, CH4), do gradual desaparecimento de ozônio (O3) na atmosfera. Outra questãodesalentadora, relaciona-se à constatação de que praticamente todos os grandes ecossistemas terrestres tem sofrido com a degradação ambiental. Grandes porções das florestas temperadas na Europa (principalmente na Alemanha) estão rapidamente se deteriorando em virtude da chuva ácida. Já as florestas tropicais são outro nítido exemplo desta devastação em larga escala, já que estão sendo desflorestadas para a expansão agropastoril ou pela atividade madeireira. A degradação ambiental pode ser vista também nas grandes cidades sejam elas no primeiro ou no terceiro mundo. Elas exibem hoje claros sinais de que é preciso mudar, adotar um novo modelo de desenvolvimento urbano. Los Angeles tem seu ar altamente envenenado por gases expelidos pelos milhões de veículos que circulam continuamente pela cidade. A cidade do México e São Paulo também apresentam problemas agudos de poluição hídrica e atmosférica. Outras cidades do terceiro mundo tais como Manila, Calcutá ou o Rio de Janeiro apresentam índices alarmantes de violência urbana causada pela degradação dos índices gerais de qualidade de vida. A Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável, a Eco 92, no Rio de Janeiro, em seu documento final, a Agenda 21, estabelece algumas diretrizes que buscam uma rápida mudança neste panorama sombrio. Alguns princípios: ➢ participação da comunidade na tomada de decisões relativas à questão ambiental seja através de associações comunitárias, seja através das organizações não governamentais; ➢ incentivo à cooperação internacional no campo da gestão ambiental, dado o reconhecimento de que a problemática ligada ao meio ambiente pode ser solucionada de modo mais eficaz através de iniciativas multilaterais; ➢ reconhecimento do papel crucial dos empresários como importantes agentes de transformação e melhoria das condições sociais e ambientais do planeta; 9 ➢ estabelecimento de diretrizes internacionais no sentido de orientar os governos a melhorar seu aparato legal e institucional no que concerne a gestão ambiental dos seus recursos renováveis; ➢ reconhecimento dos problemas ambientais enfrentados pelas nações em desenvolvimento especialmente no que tange a perda de biodiversidade nas florestas tropicais; ➢ reconhecimento do impacto causado pelas nações mais ricas na degeneração ambiental, principalmente no tocante às anomalias climáticas tais como o enriquecimento de gás carbônico potencial causador do chamado efeito estufa e o desaparecimento da camada protetora de ozônio em altas latitudes, especialmente no hemisfério austral; ➢ introdução de novas políticas educacionais visando o fortalecimento da consciência ambiental nas populações em geral; ➢ apoio à atividade científica ligada à gestão ambiental, especialmente no tocante à transferência de conhecimentos dos países ricos em direção aos países em desenvolvimento. Se estas novas diretrizes irão modificar - para melhor - o quadro atual de degradação ambiental ainda é incerto. Porém, verifica-se hoje uma mudança de atitudes em escala global. A sociedade exibe claros sinais de maior engajamento ambiental, expresso nas mudanças de hábitos de consumo, no aumento do número de organizações não governamentais, no crescimento do engajamento político (listas verdes) do movimento ambientalista. 10 Figura 1: Gestão Ambiental Moderna A gestão ambiental moderna é um processo multidimensional de preservação e melhoria contínua das condições ambientais da biosfera. Este processo (Figura 1) envolve a participação de diferentes setores da sociedade, de todos os níveis governamentais, dos agentes econômicos e da comunidade científica. O processo é gerenciado e financiado pelos diferentes agentes econômicos sejam eles privados ou estatais. A gestão ambiental baseia-se na conformidade com a legislação ambiental que por sua vez está baseada na existência de normas e padrões ambientais que são propostos pelo Poder Executivo e posteriormente validados pelo Poder Legislativo. Embora o Executivo tenha, em alguns casos, o poder moderador, este é, em última instância, responsabilidade do Poder Judiciário. Os conhecimentos científicos que embasam todo este processo são fornecidos pela comunidade científica. Todo o processo é continuamente avaliado pela sociedade em geral que, através das organizações não- governamentais e por sua participação nos órgãos colegiados ambientais nos Estados (FEAM, em Minas Gerais) e nos Municípios (CODEMAS), pode, nos momentos adequados, se manifestar e solicitar novas mudanças no processo. 11 ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental, no entanto, esbarra num grande obstáculo. A teoria ecológica, base para que entendamos todo o funcionamento dos ecossistemas encontra-se numa fase ainda muito embrionária. Os ecólogos tem uma razoável noção da estrutura e funcionamento dos ecossistemas mas não são capazes, ainda, de fazer predições sobre o seu funcionamento. Os políticos são, em essência, administradores de conflitos. Uma vez que existem interesses conflitantes, os políticos necessitam de respostas objetivas para instruir o mecanismo de tomada de decisões. Os ecólogos estão, no entanto, incapacitados em fornecer tais respostas no nível de detalhamento desejado. Vejamos um exemplo. Os ecólogos teriam enormes dificuldades em estimar exatamente qual seria o impacto, em termos de extinções de espécies, causado por um grande projeto na Amazônia tal como a construção de uma hidroelétrica ou um projeto agropecuário. Quais seriam as modificações precisas em termos de qualidade de água em um rio após a construção de uma indústria de beneficiamento de alimentos? Em quantas miligramas aumentaria a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) média do rio, após receber os efluentes desta indústria? Quais seriam os efeitos quantitativos de diferentes metodologias de tratamento de efluentes? Os ecólogos podem prever que haverá uma "certa probabilidade" que algumas espécies venham a ser extintas caso um empreendimento na Amazônia seja efetivado ou 12 estimar que poderá haver um "aumento significativo" da DBO caso a indústria acima mencionada seja construída. Um emitente ecólogo alemão, prof. Dr. Wofram Bauman, da Universidade de Mainz, em recente simpósio em Ouro preto (Deutcher Akademischer Austauch Dienst - DAAD, workshop em setembro de 1998), afirmou que atualmente existe um "grande débito" na pesquisa ecológica, mesmo a pesquisa de natureza estritamente aplicada. Este débito refere-se ao fato de que os ecólogos, embora hoje estejam aptos a manipular uma teia conceitual razoavelmente complexa, são ainda incapazes de responder a perguntas específicas dos políticos. Esta incapacidade gera na comunidade, sempre segundo o Dr. Bauman, os seguintes tipos de postura científica: ➢ enfoque "ingênuo": pesquisadores que, apesar de gozarem grande reputação entre os colegas, realizam uma pesquisa ecológica muito superficial. São capazes de publicar dezenas de artigos científicos, a maioria deles em periódicos de baixo a médio impacto. O conteúdo de sua pesquisa não é minimamente capaz de fornecer aquilo de que os políticos realmente necessitam. Na maioria dos casos, apresentam-lhes um produto cosmeticamente elegante, mas sem qualquer robustez científica; ➢ enfoque "fraudador": seria aquele pesquisador que, mesmo sabendo das evidentes limitações da ciência, insiste - através de simulações e outros artifícios matemáticos - em propor alternativas tecnológicas e respostas que, embora herméticas e aparentemente robustas, não encontram respaldo algum na realidade do meio ambiente. Eventualmente, ele é capaz de produzir publicações de alto impacto, que seriam aceitas mais pela forma do que pelo conteúdo de suas pesquisas; ➢ enfoque "realista": seria a postura desejávelque englobasse toda a sofisticação analítica do item (b), tivesse os olhos abertos para as perguntas específicas dos gestores, elaborasse projetos com características tanto descritivas quanto experimentais, dentro do compromisso de validar suas análises com a realidade mensurável no campo. As afirmações do Dr. Bauman evidentemente causaram um acalorado debate mas, mesmo se exageradas, elas talvez sirvam para que reflitamos um pouco sobre as limitações da ecologia em resolver os problemas ambientais atuais. É preciso também reconhecer que a ecologia está tendo uma vertiginosa evolução nas últimas décadas e, assim como a Química no século XVIII, talvez esteja no limiar de uma grande síntese 13 conceitual. O problema de limitação teórica não é privativo da ecologia. Afinal podemos traçar inúmeros paralelos entre a economia e a ecologia e outras ciências sociais modernas. A primeira definição de Ecologia, dada pelo naturalista alemão Ernst Haeckel, foi a ecologia como o estudo da economia da natureza. A ecologia e a economia, por exemplo, são soft-sciences e buscam nos modelos estatísticos empíricos os padrões e as leis maiores que ainda lhes faltam para se transformarem em hard sciences tais como a Química ou a Física. No entanto, não é pela falta de princípios universais que os governos irão demitir todos os economistas que fracassarem no combate à inflação! A gestão ambiental moderna se faz através de instrumentos de gestão que definem papéis precisos para todos os agentes que tomam parte no processo. Podemos definir os instrumentos de gestão em diferentes níveis: nível governamental: ➢ zoneamento ambiental ➢ licenciamento ambiental ➢ auditoria ambiental ➢ normatização/fiscalização ➢ polícia ambiental ➢ penalização aos infratores ➢ criação de reservas ambientais agentes econômicos: ➢ monitoramento ambiental ➢ certificação ambiental ➢ rotulagem ambiental ciências ambientais: ➢ conhecimentos científicos ➢ novas técnicas ambientais ➢ formação de pessoal ➢ sociedade ➢ participação em organizações não governamentais ➢ participação em colegiados dos órgãos ambientais As ciências ambientais são muitas e podem ser tipificadas e hierarquizadas da seguinte forma: Núcleo Biológico: ➢ Ecologia e suas sub-áreas 14 ➢ Ecotoxicologia ➢ Ecofisiologia ➢ Hidrobiologia e Oceanografia Biológica ➢ Ecologia Animal e Vegetal ➢ Modelagem e Simulação Ecológicas ➢ Botânica e Zoologia e suas sub-áreas ➢ Taxonomia dos Grupos Recentes ➢ Fisiologia ➢ Biogeografia ➢ Microbiologia ➢ Biotecnologia Aplicada ao Meio Ambiente ➢ Biologia Molecular aplicada ao Meio Ambiente ➢ Genética de Microorganismos ➢ Bioquímica Ambiental Núcleo de Domínio Conexo: ➢ Química Orgânica ➢ Química Analítica ➢ Geociências ➢ Geomorfologia ➢ Geologia ➢ Pedologia ➢ Climatologia ➢ Ciências Sociais ➢ Economia ➢ Sociologia ➢ História Núcleo de Ciências Aplicadas: ➢ Arquitetura e Urbanismo ➢ Engenharia Ambiental ➢ Saneamento ➢ Engenharia de Minas ➢ Engenharia de Processos Industriais ➢ Biorremediação de solos 15 OBJETIVOS E FINALIDADES O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização pública ou privada. A busca permanente da qualidade ambiental é portanto um processo de aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acordo com a política ambiental estabelecida pela organização. Há também objetivos específicos da gestão ambiental, claramente definidos segundo a própria norma NBR-ISO 14.001 que destaca cinco pontos básicos. Além dos objetivos oriundos da norma ISO, em complemento, na prática, observam-se outros objetivos que também podem ser alcançados através da gestão ambiental, a saber: gerir as tarefas da empresa no que diz respeito a políticas, diretrizes e programas relacionados ao meio ambiente e externo da companhia; manter, em geral, em conjunto com a área de segurança do trabalho, a saúde dos trabalhadores; produzir, com a colaboração de toda a cúpula dirigente e os trabalhadores, produtos ou serviços ambientalmente compatíveis; colaborar com setores econômicos, a comunidade e com os órgãos ambientais para que sejam desenvolvidos e adotados processos produtivos que evitem ou minimizem agressões ao meio ambiente. DESAFIOS DA GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL O Brasil sofreu dramáticas modificações em sua estrutura social e no desenvolvimento regional ao longo do século XX. Em termos demográficos experimentamos um grande crescimento populacional nos centros urbanos particularmente nas regiões Sul e Sudeste bem como nas capitais do Nordeste. Em termos econômicos, o país passou de exportador de produtos agrícolas para uma economia com elevado grau de industrialização. Por outro lado, a partir dos anos sessenta, o país abre novas fronteiras do desenvolvimento ocupando grandes extensões territoriais no Centro Oeste, com a construção de Brasília, que provocou o rápido desenvolvimento econômico e social desta região. A construção de rodovias na Amazônia também modificou os fluxos migratórios internos com a ocupação rápida de grande áreas na Amazônia, principalmente no Pará, Mato Grosso, Rondônia e Maranhão. As modificações socioeconômicas vivenciadas pelo Brasil ao longo dos últimos 50 anos trouxeram consigo um grande passivo ambiental. Em decorrência dos fatos acima 16 assinalados, pode-se hoje afirmar que os principais problemas ambientais hoje no Brasil seriam: ➢ poluição de recursos hídricos, da atmosfera e do solo causada pelo rápido desenvolvimento industrial e crescimento urbano; ➢ impactos ecológicos causados pela construção de grandes barragens de usinas hidroelétricas; ➢ impactos ecológicos causados pela atividade de mineração de ferro, bauxita, manganês, zinco e cobre; ➢ desflorestamento na Amazônia; ➢ expansão agrícola nos Cerrados; ➢ impactos ambientais de anomalias climáticas; ➢ impactos ambientais gerados pela expansão desordenada dos centros urbanos. O controle de todos os problemas citados acima começa pelo entendimento dos aspectos institucionais e legais envolvidos com a gestão ambiental no Brasil. Recentemente foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA que estabelece precisamente quais são os instrumentos de gestão Ambiental no Brasil. Adicionalmente, a partir dos anos oitenta, foram promulgadas importantes leis e normas ambientais que devem ser conhecidas pelos gestores ambientais. 17 FUNDAMENTOS BÁSICOS DA GESTÃO AMBIENTAL Os fundamentos, ou seja, a base de razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão ambiental, são vários. Podem perpassar desde procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem a conscientização de todo o pessoal da organização. A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo-se aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), na verdade, encontra inúmeras razões que justificam a sua adoção. Os fundamentos predominantes podem variar de uma organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidos nos seguintes básicos: ➢ Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais escassos, relativamente mais caros ou se encontram legalmente mais protegidos. ➢ Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres/grátis. Por exemplo, a água possui valor econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse recurso natural. Determinadas indústrias, principalmente com tecnologias avançadas, necessitam de áreascom relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num bairro com ar puro custa bem mais do que uma casa em região poluída. ➢ O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte consequência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular. ➢ A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental. 18 ➢ Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas. ➢ Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices mais elevadas de firmas poluidoras. ➢ A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades. Organizações não-governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades. ➢ Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis. ➢ A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas. ➢ Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis. ➢ A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, principalmente nos países ditos industrializados e também já nos países considerados em vias de desenvolvimento ➢ A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente compatível cresce mundialmente, em especial nos países industrializados. Os consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente. ➢ Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo certificados ambientais específicos como, por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”, mediante a rotulagem ambiental. Acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando com exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo, pois os quesitos apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar. Essa é uma tendência indiscutível, até pelo fato de que apenas as normas ambientais da família 19 ISO 14.000 que tratam do Sistema de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambiental encontram-se em vigor. ASPECTOS INSTITUCIONAIS E FUNDAMENTOS SOBRE A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) O Direito Ambiental moderno faz os cidadãos saírem de um estatuto passivo de beneficiários, fazendo-os compartilhar da responsabilidade na gestão dos interesses da coletividade inteira. Deste modo, A Declaração do Rio de Janeiro, da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Rio 92) em seu artigo 10 diz:" o melhor modo de tratar as questões do meio ambiente é assegurando a participação de todos os cidadãos interessados, ao nível pertinente". Desta forma O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA prevê uma participação ativa da comunidade. O SISNAMA compõem-se dos seguintes órgãos colegiados: CONSELHO DE GOVERNO Este conselho tem como competência assessorar a Presidência da República na formulação de diretrizes de ação governamental. Ele foi instituído pela Medida Ptrovisória - MP 813 de 1.1.95, que vem sendo renovada em várias ocasiões. O Conselho de Governo pode atuar em dois níveis: O Conselho de Governo e as Câmaras do Conselho de Governo. O Conselho de Governo é composto pelos Ministros de Estados, pelos titulares dos órgãos essenciais da Presidência da República (Casa Civil, Secretaria Geral, Secretaria de Comunicação Social, Secretaria de Assuntos Estratégicos e Casa Militar) e pelo Advogado-Geral da União e será presidido pelo Presidente da República ou pelo ministro de estado chefe da Casa Civil. CÂMARA DE POLÍTICA DOS RECURSOS NATURAIS Esta câmara foi criada por decreto (DL 1696 de 13.11.95) e tem como objetivo: "formular as políticas públicas e diretrizes relacionadas com os recursos naturais e coordenar a sua implementação". A câmara é integrada por nove ministros: Chefe da Casa Civil, Fazenda, Planejamento, Minas e Energia, Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária, Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia, Indústria, Comércio e Turismo). As ações executivas estão a cargo 20 do Comitê Executivo desta câmara integrado pelos secretários-executivos dos ministérios envolvidos e pelo Sub-Chefe Executivo da Casa Civil. Representantes de outros órgãos do governo poderão ser convidados a participar das reuniões. A Câmara de Políticas dos Recursos Naturais tem dois objetivos: a) formular políticas públicas e b) propor diretrizes executivas relacionadas com os recursos naturais; Uma observação importante refere-se ao fato que nem a sociedade civil nem os Estados tem representação na Câmara de Políticas dos Recursos Naturais e em seu comitê executivo. Outro ponto importante é que este conselho tem algumas atribuições que se sobrepõem ao CONAMA e que, portanto, pode haver algum conflito entre eles com evidente desprestígio para o segundo órgão dada a estrutura de poder associada à Câmara de Políticas dos Recursos Naturais. GRUPO EXECUTIVO DO SETOR PESQUEIRO – GESPE Este conselho foi criado pelo decreto 1697 de 13.11.95. Compete ao GESPE propor à Câmara de Políticas dos Recursos Naturais a Política Nacional de Pesca e Aquicultura e coordenar em nível nacional a sua implementação. O GESPE é um órgão executivo e não normativo. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente criou o CONAMA. A Lei 8.028/90 deu a seguinte redação para o artigo 6, II: "Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida". Os instrumentos da política do meio ambiente são os seguintes: ➢ estabelecimentos de padrões de qualidade ambiental; ➢ zoneamento ambiental; ➢ avaliação de impactos ambientais; ➢ licenciamento e auditoria ambiental; ➢ criação de estados ecológicos e área de proteção ambiental e o sistema nacional de informações ambientais; 21 ➢ cadastro técnico federal das atividades e instrumentos de defesa ambiental e penalidades disciplinares ou compensatórias. O CONAMA tem suas competências bem demarcadas: assessoramento do Conselho de Governo e suas ações deliberativas. O estabelecimento de normas e critérios para o licenciamento, como também para o estabelecimento de padrões de controle do meio ambiente é competência do CONAMA consoante o artigo 8, I, da Lei 6.938/81 e posteriores leis tais como o artigo 53 da Lei 8.028/90. FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – FNMA O Fundo Nacional do Meio Ambiente -FNMA tem como objetivo desenvolver os projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população. Elefoi instituído em 10.07.89 através da Lei 7.797. As aplicações de recursos financeiros serão prioritariamente direcionadas para as seguintes áreas: ➢ unidades de conservação; ➢ pesquisa e desenvolvimento tecnológico; ➢ educação ambiental; ➢ manejo e extensão florestal; ➢ desenvolvimento institucional; ➢ controle ambiental; ➢ aproveitamento econômico racional e sustentável da flora e da fauna nativas. Um aspecto pouco compreensível refere-se a prioridade na sua área de atuação à Amazônia Legal, mesmo que exista a frase " sem prejuízo a outras ações no âmbito nacional". Este tipo de regionalismo nas ações governamentais tem causado todo tipo de distorção e, em muitos casos, tem gerado parcialidade nas deliberações destes órgãos. Não existe nenhuma fundamentação ecológica que justifique ser o ecossistema amazônico mais importante ou mais valioso que os demais ecossistemas existentes no território nacional. CONSELHOS AMBIENTAIS NOS ESTADOS Os estados também foram obrigados a criar os Conselhos Estaduais do Meio Ambiente. Alguns exemplos: 22 ➢ Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM (Bahia): criado através da Lei 3.858 de 3.11.80; ➢ Comissão de Política Ambiental - COPAM (Minas Gerais|): criada pela Lei 7.772 de 8.9.80; ➢ Conselho de Tecnologia e Meio Ambiente - (Sta. Catarina): criado em 1.6.79 pelo Decreto 7.755. Outros conselhos estaduais serão listados mais adiante. A QUESTÃO DA COLEGIALIDADE Os diferentes órgãos do SISNAMA são órgãos ambientais baseados na colegialidade. Em princípio, a estrutura colegiada nos dá uma ideia errônea de que eles seriam eficazes e garantiriam o interesse comum. Um colegiado para ser eficaz depende primeiramente da clareza de suas finalidades e do dimensionamento de suas competências. A eficiência destes órgãos vai ainda depender dos critérios de escolha dos membros, dos requisitos exigidos aos membros, da duração do mandato, do processamento das votações, da frequência de reuniões e do modo de convocá-las. Existem vários entraves impedindo o bom funcionamento destes órgãos: ➢ as questões a serem debatidas já vem com soluções imutáveis; ➢ ausência de obrigação de frequência dos componentes dos órgãos causando posterior reação de insurgência contra decisões tomadas, ainda que de forma sub- reptícia; ➢ diluição de responsabilidade caso a votação seja secreta; ➢ ordens do dia preparadas de forma superficial e apressada; Este ministério foi criado pela Lei 8.490 de 19.11.92. As competências do ministério são as seguintes: ➢ planejamento, coordenação, supervisão e controle das ações relativas ao meio ambiente e aos recursos hídricos; ➢ formulação e execução da política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; ➢ preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais renováveis; ➢ implementação de acordos internacionais na área ambiental. COMPÕE OS ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO ➢ Conselho Nacional do Meio Ambiente 23 ➢ Conselho Nacional da Amazônia Legal ➢ Conselho Nacional dos Recursos Naturais Renováveis ➢ Comitê do Fundo Nacional do Meio Ambiente ➢ Secretaria de Coordenação dos Assuntos do Meio Ambiente ➢ Secretaria de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal ➢ Secretaria de Coordenação dos Assuntos de desenvolvimento Integrado ➢ Secretaria de Recursos Hídricos INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA O IBAMA foi criado pela Lei 7.735 de 22.2.89. A Lei 8.028/90 deu nova redação ao antigo 2 da Lei 7.735. O IBAMA é uma autarquia federal de regime especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. O IBAMA tem a finalidade de assessorar o citado ministério na formulação e coordenação da política nacional do meio ambiente bem como na preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais. O IBAMA surgiu da fusão de quatro organismos administrativos: ➢ Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA) ➢ Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) ➢ Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) ➢ Superintendência da Borracha (SUDHEVEA). INTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Esta política esta embasada em novos procedimentos administrativos a saber: AÇÃO ADMINISTRATIVA NO TEMPO Este preceito prevê uma contínua melhoria ou aperfeiçoamento na legislação ambiental. A proposição de certas normas deve vencer a resistência da sociedade principalmente se elas preveem aumento de custos ou restrições de autonomias. Outro ponto importante refere-se à ignorância institucional, quando muitas repartições ou autarquias simplesmente desconhecem por completo as mais elementares normas de boa conduta ambiental. Portanto, o aumento da degradação ambiental está, em muitos casos, associado a um estado mau gestor dos recursos naturais. 24 DIREITO À PUBLICIDADE AMBIENTAL A adoção do princípio da publicidade está prevista no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que proclama o direito de receber informações e opiniões e de divulgá-las, sem limitação de fronteiras. A divulgação pública e preliminar dos projetos que possam trazer danos ao meio ambiente tem sido valorizada como uma eficiente técnica de gestão ambiental. A publicidade prévia não retira da Administração seu poder de decisão. Pelo contrário, faz com que ela possa comunicar-se não só com quem está pretendendo iniciar um empreendimento, mas também com aqueles que possam vir a sofrer as consequências deste empreendimento. A divulgação possibilita a manifestação do público, significando quase que uma consulta aos interessados antes da decisão. Saliente-se que tal tipo de medida não visa a marginalizar o Poder Legislativo, que interferirá normalmente na elaboração das leis e na canalização de protestos e de outras reinvindicações. DIREITO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL Tal direito é peça fundamental para o exercício de uma política de meio ambiente independente e atuante. As medidas de precaução existentes no início da instalação de um empreendimento seriam totalmente inócuas caso fossem sonegados ao público os dados relativos aos efluentes gerados por este empreendimento. FASE CONCILIATÓRIA A Administração precisa ser interlocutora dos dois lados em confronto potencial. Desta forma não é eficaz e nem ético que se negocie apenas com os empresários. As vítimas em potencial, representadas por associações comunitárias e outras organizações não governamentais (ONG's), devem estar presentes. Dada a composição do CONAMA (que espera-se passe a ser imitado em todos os estados e municípios) pode o mesmo operar como agente conciliador de interesses antagônicos. Este órgão possui, entre suas atribuições, aquela que prevê a homologação de acordos visando a transformação de penalidade pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse coletivo para a preservação ambiental. 25 ZONEAMENTO AMBIENTAL O zoneamento como definido pelo arquiteto Le Corbusier é uma opressão feita no plano de uma cidade com a finalidade de atribuir a cada função e a cada indivíduo seu justo lugar. O zoneamento ambiental tem pois por finalidade o bem-estar da população no que tange sua saúde, tranquilidade, trabalho adequado, segurança, lazer e cultura dos valores espirituais. ZONEAMENTO MUNICIPAL Atualmente é dada preferência ao termo zoneamento municipal em detrimento do termo zoneamento urbano, devido ao fato de que a divisão do território não se restringe tão somente ao perímetro urbano e sim a toda área do município. A Constituição Federal de 1988, no seu artigo 182, parágrafo primeiro passou a exigir de todos os municípios com mais de 20.000 habitantes a elaborarem um plano diretor. Uma ordenação da cidade é uma peça integrante deste plano. Os objetivos de tal plano seriam viabilizaro pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade. Neste sentido, o plano diretor deve inventariar e diagnosticar qual é a vocação ecológica das diferentes áreas e espaços de uma cidade, quais os seus usos e quais as limitações ao uso destes espaços. O zoneamento ambiental de uma cidade pode avivar certos conflitos principalmente quando se trata do controle do poder poluidor de antigos empreendimentos. É norma constitucional de que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Por outro lado, não há o direito adquirido de poluir. O direito administrativo de vários países europeus, por exemplo, consagra o princípio de que uma dada autorização para a abertura, funcionamento de determinado empreendimento é sempre outorgada sob reserva de direitos de terceiros. Outro ponto importante refere-se ao fato de que as normas de direito público (administrativo, processual e de organização judiciária) são retroativas e contra elas não se pode aplicar ou invocar direitos adquiridos. Assim, se sobrevier lei nova que torne proibido, numa determinada zona, as atividades de um empreendimento pré-existente, seus titulares ou representantes legais não tem o direito adquirido à sua continuidade, mas terão direito subjetivo à renovação da licença se os pressupostos de sua outorga persistirem existindo. Outro ponto conflitante refere-se ao zoneamento ambiental e o direito à propriedade. A Constituição Brasileira estabelece uma relação da propriedade com a sociedade (artigo 5, XXIII e artigo 170, III e VI, ambos da Constituição Federal de 1988). 26 Inexiste juridicamente apoio para a propriedade que agrida a sociedade que fira os direitos de outros cidadãos. Aqui temos a tese de que o direito adquirido tem o seu preciso limite na fronteira onde seja claro que ele implique em prejuízo do interesse coletivo. ZONEAMENTO INDUSTRIAL Dispositivos legais isolados nos Códigos Brasileiros (artigos 554 e 584 do Código Civil e 271 do Código Penal e 38 da Lei das Contravenções Penais) não conseguiram evitar que houvesse uma enorme degradação ambiental no Brasil, principalmente a partir dos anos sessenta. Isto é o que pretende evitar o zoneamento ambiental. As diretrizes básicas para o zoneamento ambiental no Brasil estão presentes na Lei 6.803/80, publicada no Diário Oficial da União em 3.7.80. Esta foi uma das primeiras leis de importância exclusivamente ambiental aprovada (com dificuldades) pelo Congresso Nacional. Esta lei juntamente com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente -SEMA em 1973 e os Decretos Leis de 1.413/75 e 76.389/75 selam o efetivo engajamento do Poder Público na preservação do meio ambiente no Brasil. A lei do zoneamento industrial prevê em seu artigo 10, parágrafo 2 e 3 que somente deverá haver estudos de impacto ambiental nos casos de polos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos bem como instalações nucleares e outros caos definidos em lei. O Decreto 76.389/75 estabeleceu as áreas críticas de poluição no Brasil: as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, região de Cubatão e de Volta Redonda, bacias hidrográficas do médio e baixo Rio Tietê, do Rio Paraíba do Sul, do rio Jacuí e estuário do Guaíba, todas as bacias hidrográficas de Pernambuco e de Santa Catarina. As zonas destinadas à instalação de novas indústrias nas áreas acima devem seguir novos preceitos legais. Este decreto tem a limitação de não prever as normas para outras áreas que não as de estado crítico de poluição. A Lei do zoneamento industrial (Lei 6.803/80) prevê que a implantação das novas indústrias deva se dar dentro dos limites das zonas industriais exceto nos casos quando as indústrias dadas as suas características tenham que ser alocadas próximo às fontes de matéria prima e indústrias que por interesse público pretendam instalar-se fora das zonas industriais. A lei federal deixou para a esfera municipal a instituição do zoneamento urbano. 27 CARACTERÍSTICAS DAS ZONAS INDUSTRIAIS Zona de uso estritamente industrial - o artigo 2 define as zonas de uso estritamente industrial como aquelas destinadas à localização de estabelecimentos industriais cujos resíduos sólidos, líquidos, gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações possam causar perigo ao bem-estar e à segurança das populações, mesmo após a aplicação de métodos adequados ao controle e tratamento de efluentes nos termos da legislação vigente. As área de uso estritamente industrial devem ter as seguintes características: ➢ elevada capacidade de assimilação de efluentes e proteção ambiental; ➢ boa infraestrutura de serviços básicos necessários ao seu funcionamento, segurança e manutenção; ➢ anéis de vegetação capazes de tamponar os possíveis impactos me áreas adjacentes. Não poderão existir nestas áreas escolas, hospitais e áreas residenciais. Havendo ação judicial, o primeiro a ser responsabilizado será o Poder Público que autorizou a instalação (inadequada) de atividades não essenciais que estejam sofrendo os prejuízos da poluição. ZONA DE USO PREDOMINANTEMENTE INDUSTRIAL - estas áreas são previstas para indústrias cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento adequado de efluentes, não causam incômodos sensíveis às demais atividades urbanas e nem perturbam o repouso das populações. Nesta zona podem ainda serem registrados efeitos da poluição que, no entanto, não poderão causar incômodos apreciáveis ou manifestos, principalmente no que diz respeito ao repouso noturno. ZONA DE USO DIVERSIFICADO - nestas zonas, as atividades não exigem o uso de métodos especiais de controle, não gerando qualquer tipo de dano para a saúde, bem-estar e a segurança das populações. ZONA DE RESERVA AMBIENTAL - tais zonas são constituídas por áreas em que, " por suas características culturais, ecológicas, paisagísticas ou pela necessidade de preservação dos mananciais e proteção de áreas especiais ficará vedada a localização de estabelecimentos industriais". A Lei 6.803/80 não definiu o que sejam áreas especiais. Posteriormente a Lei 6.902/81 previu mais detalhadamente o que seriam as área de proteção ambiental, onde as seguintes atividades deveriam ser proibidas: 28 ➢ a implantação e funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar os mananciais de água; ➢ realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais quando essas iniciativas causarem impacto ecológico sensível; ➢ exercício de atividades que impliquem em erosão ou assoreamento acelerados; ➢ atividades que impliquem em risco de extinção de espécies da biota regional. RELOCALIZAÇÃO DE INDÚSTRIAS POLUIDORAS A transferência de atividade poluidora possibilitada pelo artigo primeiro, parágrafo terceiro e incentivada pelo direito de condições especiais de financiamento (artigo 12, parágrafo único) poderá trazer bons resultados. Não se trata de exportar o problema, mas de simplesmente possibilitar a aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de efluentes aliviando uma área de grande saturação. A atividade econômica não sofrerá paralização e de outra parte quanto ao aspecto social não haverá desempregos ainda que haja necessidade de transferência de residência dos empregados. ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA O estudo de impacto ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (artigo 9, III da Lei Federal 6.938 de 31.8.81). O estudo de impacto 29 ambiental deve terminar com uma avaliação de juízo de valor, ou seja, uma avaliação favorável ou desfavorável ao projeto. Uma das coisas mais importantes e pouco conhecidas do EIA refere-se ao fato de que o estudo de impacto ambiental é um procedimento público. Isto quer dizer que ele não é um estudo privado efetuado por uma equipemultidisciplinar sob encomenda do proponente do projeto (artigos, 5, parágrafo único, 6, parágrafo único e 11, parágrafo único, todos da Resolução 01/86 do CONAMA e Resolução 06/86 - modelos 1 e 2). A Constituição Brasileira preceitua que: "para assegurar a efetividade desse direito (ao meio ambiente ecologicamente equilibrado), incumbe ao Poder Público: exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade" (artigo 225, parágrafo 1, IV). Este mandamento constitucional chama a atenção para quatro pontos: ➢ o estudo de impacto ambiental deve ser anterior à autorização da obra e/ou autorização da atividade; ➢ o estudo de impacto ambiental deve ser exigido pelo Poder Público; ➢ a norma constitucional diferencia instalação da obra e funcionamento de atividade. Estudos de impacto ambiental podem ser exigidos para ambos os casos; ➢ os estudos de impacto ambiental têm como uma de suas características a obrigatoriedade da publicidade, sem prejuízo da manutenção do segredo industrial. Os estudos de impacto ambiental foram incorporados em diversas constituições estaduais tais como a do Amazonas, Ceará e Paraná. DIFERENÇA ENTRE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL Existe certa confusão no meio especializado sobre o significado destes termos. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentam algumas diferenças. O EIA é de maior abrangência e o RIMA está -na realidade- integrado ao EIA. O EIA deve conter os seguintes tópicos: ➢ levantamento da literatura científica e legal pertinente; ➢ dados sobre os trabalhos de campo; ➢ análises de laboratório 30 ➢ relatório de impacto ambiental (RIMA). A resolução 01/86 do CONAMA em seu artigo nono diz que o RIMA refletirá as conclusões do EIA, ficando claro que o EIA precede o RIMA, sendo o seu alicerce. O RIMA transmite - por escrito - as atividades totais do EIA. Dissociado do EIA, o RIMA perde a validade e passa a ser uma peça de ficção. O EIA/RIMA criam uma vinculação entre o Poder Público e a equipe interdisciplinar que os gerou. No caso do Poder Público dispuser de informações que sejam essenciais a boa consecução do complexo EIA/RIMA, está o Poder Público obrigado a repassar estas informações para a equipe multidisciplinar. Por outro lado, não é dado ao Poder Público o poder de dispensar qualquer uma das partes integrantes de um EIA. Um ponto importante do EIA refere-se à abrangência geográfica dos impactos a serem gerados. O artigo 5, III, da Resolução 01/86 do CONAMA aponta, contudo, uma referência geográfica inarredável do estudo de impacto ambiental: a bacia hidrográfica na qual se situará o projeto. Neste caso, a abrangência dos impactos pode eventualmente transcender não só os limites do município, e também os limites do estado da federação e até mesmo as fronteiras nacionais. Neste caso diferentes esferas administrativas precisam necessariamente ser notificadas e tornando-se assim co-partícipes do processo de licenciamento ambiental. A Resolução 01/86 do CONAMA prevê ainda que o EIA deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipótese de não executar o projeto. Este tópico obedece ao Decreto Federal 99.274/90 que prevê que o EIA deve conter a descrição da ação proposta e suas alternativas. A Resolução 01/86 ainda determina que o EIA deva considerar os planos e programas governamentais, propostos ou em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. Eventuais incompatibilidades entre o projeto e os programas governamentais devem ser claramente expostas em um EIA. O EIA não só identifica e avalia os impactos negativos de um projeto para o ambiente. Deve testar e indicar medidas de correção ou mitigação desses impactos. A Resolução 01/86 prevê a adoção de medidas compensatórias em virtude de determinado dano ambiental. A Resolução CONAMA 02/96 trata mais amplamente da reparação a danos ambientais (destruição de florestas). Esta reparação será feita pela implantação de uma unidade de conservação de domínio público e uso indireto, 31 preferencialmente uma estação ecológica, a critério do órgão licenciador, ouvido o empreendedor. A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que as despesas do acompanhamento e monitoramento dos impactos devem correr por conta do proponente do projeto. No entanto, a Resolução diz que não pode o empreendedor apresentar um RIMA ao órgão ambiental sem que este previamente tivesse conhecimento de sua elaboração. A equipe interdisciplinar deve ser habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente e será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados. A participação do público é um dos mais importantes aspectos. O público pode até não se manifestar, mas não se concebe um EIA sem a possibilidade de serem emitidas opiniões de pessoas e entidades que não sejam o proponente, a administração e a equipe multidisciplinar. O artigo 11 da Resolução 01/86 do CONAMA diz que o RIMA será acessível ao público respeitado o sigilo industrial, se este for solicitado pelo proponente. AUDIÊNCIA PÚBLICA A audiência pública foi disciplinada pela Resolução CONAMA 09/87. Ela tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e o do RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes críticas e sugestões a respeito. Não somente o RIMA, mas o próprio EIA deve ser analisado em audiência pública. A audiência tem uma interação de mão dupla: o órgão público passa informações para o público e o público passa informações para a administração. A resolução 09/87 não prevê a exposição da equipe multidisciplinar, como também do empreendedor, mas suas intervenções caso sejam requeridas não poderão ser interditadas. As audiências somente são obrigatórias nos estados cujas legislações assim o previram. Alguns destes estados são: São Paulo, Mato Grosso, Goiás. O PAPEL DA ADMINSTRAÇÃO NO EIA O Estudo de Impacto Ambiental visa principalmente orientar a decisão da Administração pública. O órgão público ambiental será o canal de comunicação entre o proponente do projeto (e a equipe multidisciplinar) e o público em geral. O órgão público tem o poder de requisitar informações para uso próprio bem como para transferi-las a qualquer uma das partes. É dever do órgão público ambiental realizar a verificação - em profundidade- da qualidade e da pertinência do EIA/RIMA. 32 Os servidores públicos lotados nos órgãos ambientais são obrigados a exigir o EIA nos casos previstos em lei. Adicionalmente eles responderão objetivamente pelos danos causados por um EIA mal conduzido que implique em danos mesmo no caso desta decisão estar baseada em EIA. Neste caso, a equipe multidisciplinar também responderá sob a modalidade subjetiva ou culposa. A Resolução 01/86 do CONAMA prevê que a Administração Ambiental possa formular diretrizes a serem seguidas pela equipe multidisciplinar. É dever do órgão público impugnar a participação de pessoa não habilitada e/ou não inscrita no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. A administração ambiental deve mostrar-se aberta à participação do público nesse procedimento. Este procedimento administrativo na realidade é o que vai garantir o sucesso ou o fracasso do EIA. De um modo geral, o EIA deve anteceder a concessão da licença-prévia para o empreendimento. Esta licença não gera direitos ao requerente. Ela não implica em um engajamento definitivo da Administração Pública com o empreendimento. Se o projeto comportar um EIA, qualquer decisão da Administração antes do RIMA é nula e esta nulidade pode ser pronunciada seja pela própria Administração seja pelo Poder Judiciário.O artigo 6 da Resolução 01/86 do CONAMA prevê que o EIA deve conter uma elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. As fases posteriores ao licenciamento (monitoramento, por exemplo) não devem ser transformadas em um salvo-conduto para a poluição e destruição da biota. O monitoramento tem a finalidade de verificar a adequabilidade das medidas sugeridas pelo EIA antes do licenciamento. LICENCIAMENTO AMBIENTAL O termo licença tem grande expressão jurídica uma vez que a licença teria o poder de outorga de um direito à àquele que a possui, ao passo que a autorização seria o termo mais adequado quando se trata de permitir a operação de um estabelecimento potencialmente gerador de poluição ou degradação ambiental. No entanto, segundo Machado (1998), os termos licença e autorização são utilizados no Direito Brasileiro sem rigor técnico. Assim devemos considerar que o sistema de licenciamento ambiental como 33 sendo o equivalente ao sistema de autorizações ambientais, conforme entendeu o texto constitucional. As normas e os critérios gerais para o licenciamento ambiental devem ser estabelecidos pelo CONAMA. O Decreto 88.351/83 estabelece em seu artigo 20 que " O Poder Público no exercício de sua competência de controle expedirá as seguintes licenças: ➢ Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instala lação e operação, observados os planos municipais, estaduais e federais de uso do solo; ➢ Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado; ➢ Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o que estiver previsto nas LP e LI. O zoneamento e o licenciamento ambiental incluindo suas posteriores revisões são instrumentos da Política Ambiental segundo a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (artigo 9, IV). Os padrões de qualidade previstos para o meio receptor de efluentes (água, ar e solo) devem ser confrontados com as normas federais estabelecidas pelo CONAMA (vide abaixo). É muito importante notar que a legislação é muito clara: não importa que a atividade por si só gere resíduos que não ultrapassem algum dos limites previstos. Se o lançamento da carga poluidora fizer ultrapassar os padrões de qualidade em qualquer uma das alíneas (como frequentemente ocorre com a demanda bioquímica de oxigênio e a condutividade elétrica nos efluentes líquidos ou com os teores de sólidos em suspensão como ocorre nos efluentes gasosos), a atividade deve ser indeferida, ou seja, o órgão público estará impedido de conceder ou renovar a autorização de funcionamento. Resta ainda estabelecer que o órgão público ambiental tem o dever legal de examinar o projeto apresentado para verificar se as normas de emissão serão ou tem sido respeitadas. Estará o requerente incorrendo em crime de falsidade ideológica se informar falsamente a autoridade ambiental sobre as emissões geradas pelo empreendimento. O órgão público ambiental não está livre para expedir autorização de funcionamento mesmo no caso de inexistir norma de emissão para determinado tipo de efluente. Neste caso, a Administração Pública deve analisar o pedido de autorização - 34 com maior rigor ainda - sempre dentro dos bons princípios ecológicos que garantam a inexistência de dano ambiental. A Lei 6938/81, ao prever a revisão do licenciamento ambiental, indica que este não tem validade indeterminada. As atividades licenciadas não podem ser mudadas, ou seja, os processos industriais ou manufatureiros não podem serem alterados com prejuízo ao meio ambiente no espaço temporal da autorização. Por outro lado, o órgão ambiental não deve contentar-se com licenciamentos que tenham sido comprovadamente danosos ao meio ambiente, e deve agir no sentido de que tais medidas sejam revogadas e o problema seja corrigido o mais rapidamente possível. Tal postura evita com que os órgãos ambientais sofram uma grande pressão corruptora. Os estados da federação necessitam de legislação própria no que se refere ao licenciamento ambiental. Em Mato Grosso, por exemplo, existem normas específicas para a instalação de empreendimentos na área do Pantanal Matogrossense. Em Minas Gerais, a Comissão de Política Ambiental, COPAM enfrenta o problema da atividade minerária enquanto que na Amazônia existe o problema do corte ilegal de madeira de lei. Seguem abaixo alguns órgãos de licenciamento ambiental nos estados brasileiros: ➢ Goiás: Superintedência Estadual do Meio Ambiente - SEMAGO; ➢ Maranhão: Conselho Estadual de Controle e Preservação do Meio Ambiente - CEPRAM; ➢ Mato Grosso do Sul: Conselho Estadual de Controle Ambiental - CECA; ➢ Minas Gerais: Comissão de Política Ambiental - COPAM; ➢ Paraná: Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente - SUREHMA; ➢ Pernambuco: Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos - CPRH; ➢ Rio de Janeiro: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA. AUDITORIA AMBIENTAL Auditoria ambiental é o procedimento de exame e avaliação periódica ou ocasional do comportamento de uma empresa em relação ao meio ambiente (Machado, 1998). Segundo Braile (1992), recentemente passou-se a utilizar a auditoria ambiental conjuntamente ao RIMA. No comitê europeu das Nações Unidas (UNECE) existem quatro tipos de auditorias numa análise pós-projeto com a maneira de avaliar a exatidão de um RIMA: ➢ auditoria de implementação: visa a garantir a implementação de medidas mitigadoras recomendadas pelo EIA/RIMA; 35 ➢ auditoria de desempenho: objetiva a verificar os procedimentos gerenciais estabelecidos visando ao bom desempenho ambiental; ➢ auditoria dos impactos do projeto: visa a identificar as alterações ambientais ocorridas após a fase de construção do projeto; ➢ auditoria de previsão de impacto: compara os impactos atuais com aqueles previstos pelo EIA/RIMA. No Brasil existem dois tipos de EIA: o estudo ambiental prévio à instalação e o estudo antes da instalação ou licença de funcionamento. A auditoria será sempre posterior ao estudo prévio, devendo avaliar se as orientações contidas neste estudo estão sendo observadas e se os métodos de controle ambiental são eficazes. Evidentemente poderá surgir a oportunidade em que uma auditoria ambiental seja conduzida antes do EIA de instalação, podendo mesmo algumas de suas conclusões serem utilizadas neste segundo EIA. A auditoria ainda tem sido pouco usada pela maioria dos estados da federação, excluindo-se talvez o estado do Rio de Janeiro. Ali as auditorias são obrigatórias em alguns tipos de empreendimentos tais como refinarias de petróleos e áreas portuárias. No entanto, pode-se prever que a adoção de auditorias ambientais deve aumentar muito nos outros estados da federação principalmente porque esse procedimento dará uma nova dimensão na intervenção do órgão público de meio ambiente. O processo de auditoria depende basicamente da existência de registros confiáveis no que tange ao monitoramento ambiental. Este monitoramento pode ser realizado pela própria empresa ou pelo órgão ambiental em uma eventual ação fiscalizadora. A existência de uma auditoria ambiental não deve suspender as ações fiscalizadoras de rotina do órgão ambiental, tais como as inspeções ambientais. Caso contrário, ficaria evidente que existe por parte da administração uma inércia fiscalizadora, devendo os servidores públicos responsáveis responder judicialmente caso sejam constatados danos à fauna e flora decorrentes da inexistência desta ação fiscalizadora rotineira. O princípio básicoda auditoria ambiental está na grande liberdade de sua realização. Deste modo elas não devem ser obrigatórias nem rotineiras, mas por outro lado elas não devem ser episódicas. Aconselha que elas sejam repetidas dentro de determinados prazos que a boa prática da gestão ambiental recomendar. O órgão público deve, no entanto, elaborar um termo de referência onde seja disciplinado o uso deste tipo de instrumento. 36 No caso da certificação ambiental pela norma ISO 14001, a própria empresa toma a inciativa da auditoria ambiental, realizando as auditorias voluntárias que estão fora do controle dos órgãos públicos e visam a obter um certificado ambiental, que é um tipo de credenciamento de qualidade para o empreendimento. O auditor ou a equipe de auditores devem merecer amplo reconhecimento profissional em matéria de gestão do ambiente bem como dispor de grande familiaridade com as questões técnicas ligadas ao meio ambiente não só aquelas ligadas à ecologia mas também aos diferentes aspectos legais pertinentes. O empreendedor ou a empresa auditada podem voltar-se regressivamente aos auditores caso a tenham aconselhado com negligência, imperícia, imprudência ou dolo. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECUSOS HÍDRICOS O conjunto de órgãos e entidades que atuam na gestão de recursos hídricos no Brasil é chamado de Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97). O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos tem os seguintes objetivos: ➢ coordenar a gestão integradas das águas; ➢ arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; ➢ implementar a Política Nacional dos Recursos Hídricos; ➢ planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; ➢ promover a cobrança pelo uso dos recursos hídricos. A existência deste sistema não permite que os Estados organizem a cobrança pelos diferentes usos da água sem a implementação das Agências de Águas e a instituição dos Comitês de Bacias Hidrográficas. O Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos é composto pelos seguintes elementos: ➢ Agências de Águas; ➢ Comitês de Bacias Hidrográficas; ➢ Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e ➢ Conselho Nacional de Recursos Hídricos. 37 Estes elementos estão ligados por laços de hierarquia e cooperação. O arbitramento dos conflitos não será feito somente pelo Poder Judiciário mas passa a ter instâncias anteriores dentro do próprio Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. CONSELHO NACIONAL DOS RECURSOS HÍDRICOS O Poder Federal terá a maioria dos elementos votantes neste conselho. Ele tem as seguintes competências ditadas por 11 incisos do artigo 35 da Lei 9.433/97 (oitavo inciso foi vetado pelo Presidente da República). Abaixo segue um resumo sobre estas competências: ➢ o Conselho promoverá a articulação do planejamento de recursos hídricos nas diferentes esferas administrativas; ➢ arbitragem dos conflitos entre os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; ➢ deliberação sobre projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito estadual; ➢ deliberação sobre questões encaminhadas pelos Conselhos Estaduais; ➢ análise de propostas sobre alteração na legislação pertinente ao uso de recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; ➢ estabelecimento de diretrizes complementares para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos; ➢ aprovação de propostas para a instituição de Comitês de Bacias, bem como estabelecimento de critérios gerais para a elaboração dos seus regimentos; ➢ vetado (justificativa: este inciso iria criar conflitos com o setor elétrico); ➢ acompanhamento da execução do Plano Nacional de Recursos Hídricos; ➢ estabelecimento de critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso; ➢ autorizar a criação das Agências de Águas. CONSELHOS ESTADUAIS DE RECURSOS HÍDRICOS A Lei 9.433/97 estabelece em seu artigo 35 que os Conselhos Estaduais têm competência para deliberar sobre as "acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos". A maioria das normas que irão estruturar os Conselhos Estaduais não está inserida na Lei retromencionada. Os Estados serão os responsáveis 38 para definir as competências destes Conselhos, observando, contudo, que tais competências devem estar de acordo com as competências dos outros órgãos do Sistema Nacional, bem como com os Comitês de Bacia Hidrográfica e as Agências de Águas. Os Conselhos Estaduais deverão autorizar a criação das Agências das Águas em bacias de rios de domínio estadual. Entretanto, eles não tem a missão de fazer o enquadramento dos corpos de água em classes. Isto cabe ao órgão estadual do Meio Ambiente. COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Existem dois tipos de comitês: (a) o comitê estadual de bacia quando a bacia é restrita a um estado e (b) o comitê federal de bacia para os casos de rios da União. No caso dos comitês federais, eles deverão ser criados por ato do Presidente da República. Os comitês de bacias estaduais serão aprovados pelo Conselho Nacional. Os Comitês de Bacias Hidrográficas terão como área de atuação: ➢ a totalidade de uma bacia hidrográfica; ➢ sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia ou de tributário desse tributário; ➢ grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Os três incisos do artigo 37 retratam cinco tipos de comitês: ➢ comitês de uma bacia hidrográfica; ➢ comitê de sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia; ➢ comitê de tributário de tributário do curso principal da bacia; ➢ comitê de grupo de bacias contíguas; ➢ comitê de sub-bacias contíguas. Os Comitês de Bacias Hidrográficas serão compostos por representantes: ➢ da União; ➢ dos Estados e do DF cujos territórios se situem ainda que parcialmente em suas áreas de atuação; ➢ dos municípios situados no todo ou em parte em sua área de atuação; ➢ dos usuários de sua área de atuação; V- das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia (artigo 39 da Lei 9.433/97). Os usuários poderão ser escolhidos entre pessoas físicas ou jurídicas de direito privado ou de direito público. As competências dos Comitês foram inseridas no artigo 38 39 da Lei 9.433/97 em nove incisos abaixo sumarizados (o inciso VIII foi vetado pelo Presidente): ➢ promoção de debates sobre questões relacionadas ao uso de recursos hídricos e articular a atuação de entidades intervenientes; ➢ arbitragem em primeira instância dos conflitos relacionados ao uso dos recursos hídricos; ➢ aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; ➢ acompanhamento da execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; ➢ proposição aos Conselhos Estaduais e Federal as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos; ➢ estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; ➢ aprovar o plano de aplicação de recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; ➢ autorizar a aplicação, fora da respectiva bacia hidrográfica, dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em montantes que excedem o previsto pelo parágrafo 3 do artigo 22 da Lei 9.433/97 (inciso vetado pelo Presidente da República); ➢ estabelecimento de critérios e promoção do rateio de custo de obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. AGÊNCIAS DE ÁGUAS O termo agência é novo no direito brasileiro. Uma das características essenciais deste órgão refere-se em sua autonomia financeira.