Buscar

VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ

Prévia do material em texto

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 
VII-011 - VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO 
NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ, RONDÔNIA - BRASIL 
 
 
Alyne Foschiani Helbel(1) 
Engenheira Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão, Perícia e 
Auditoria Ambiental pela Faculdade Santo André – FASA. 
Rhayanna Kalline do Nascimento 
Graduanda em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 
Vinicius Alexandre Sikora de Souza 
Graduando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. 
João Paulo Papaleo Costa Moreira 
Engenheiro Ambiental pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão, Perícia e 
Auditoria Ambiental pela Faculdade Santo André – FASA. 
Margarida Marchetto 
Professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso – 
UFMT. Doutora em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP. 
 
Endereço(1): Rua Goiânia, 895 – Nova Brasília – Ji-Paraná - RO - CEP: 76908-462 - Brasil - Tel: [+55] (69) 8408-
7233 - e-mail: lynebells@gmail.com 
 
RESUMO 
No município de Ji-Paraná, o trabalho desenvolvido pelo setor de Vigilância em Saúde Ambiental, inserido na 
Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA), faz-se imprescindível para que se possa ter ciência do grau da 
qualidade da água consumida pela população, haja vista que uma série de doenças de veiculação hídrica 
podem ser evitadas quando se tem um sistema apurado de vigilância que possibilita a tomada de ações e 
decisões necessárias para o melhoramento da saúde pública. A pesquisa foi realizada durante três meses 
(setembro a novembro de 2009) onde foi possível acompanhar diariamente as atividades da Vigilância em 
Saúde Ambiental do município de Ji-Paraná no que diz respeito à vigilância da qualidade da água para 
consumo humano, por meio de estágio supervisionado. Entrevistas e dados foram fornecidos pela coordenação 
da Vigilância em Saúde Ambiental, pertencente à Secretária Municipal de Saúde de Ji-Paraná - SEMUSA. A 
partir das coletas de dados, das entrevistas realizadas e do acompanhamento das atividades diárias do setor de 
Vigilância em Saúde Ambiental, notou-se que as ações no que tange à vigilância da qualidade de água para 
consumo humano são relativamente suficientes para avaliar a real situação da qualidade da água consumida por 
parcela da população de Ji-Paraná. Referente a dados quantitativos sobre a vigilância da qualidade da água 
para consumo humano em Ji-Paraná (RO), observou-se que 82% das amostras de água de poço coletadas 
encontram-se em condições insatisfatórias, ou seja, estão em desacordo com os padrões de potabilidade de 
água. 
 
PALAVRAS-CHAVE: VIGIÁGUA, Amazônia Ocidental, Saúde pública. 
 
 
INTRODUÇÃO 
Em dezembro de 2004, através de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi 
criada a Vigilância Ambiental (VIAM), a qual é responsável pela coordenação, avaliação, planejamento, 
acompanhamento, inspeção e supervisão das ações relacionadas às doenças e agravos à saúde no que se refere 
ao saneamento básico e contaminações do meio ambiente (SOUZA et al., 2008). 
Já em março de 2005, esse sistema foi redefinido como Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental 
(SNVSA), que em outros termos se configura como um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e 
a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem 
na saúde humana, com o intuito de recomendar e adotar as medidas de promoção, prevenção e controle dos 
fatores de riscos e das doenças ou agravos relacionados à variável ambiental (TEIXEIRA, 2005). 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 
Algumas de suas atribuições são: coordenação, avaliação, planejamento, acompanhamento, inspeção, 
supervisão e execução das ações de vigilância relacionadas às doenças e agravos à saúde, bem como ao 
monitoramento dos fatores não biológicos que comprometam a salubridade do homem. 
Entre os programas de atuação da Vigilância em Saúde Ambiental destacam-se: 
1) VIGIÁGUA (Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano); 
2) VIGIAR (Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade do Ar); 
3) VIGISOLO (Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado); 
4) VIGIDESASTRES (Vigilância de Desastres Naturais); 
5) VIGIQUIM (Vigilância de Contaminantes Ambientais e Substâncias Químicas); 
6) VIGIAPP (Vigilância de Acidentes com Produtos Perigosos); 
7) VIGIFIS (Vigilância de Efeitos dos Fatores Físicos); e 
8) SAÚDE DO TRABALHADOR (condições saudáveis no ambiente de trabalho). 
No município de Ji-Paraná (RO), os programas vinculados à Vigilância em Saúde Ambiental que já foram 
implementados são o VIGIÁGUA, VIGISOLO e VIGIAR, sendo que o VIGIÁGUA demanda a maior parte 
dos trabalhos concernentes à Vigilância em Saúde Ambiental (HELBEL, 2009), o qual tem por finalidade 
fiscalizar a qualidade da água consumida pela população de Ji-Paraná, realizando, para tais ações, análises 
quinzenais da água distribuída pela Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD), prestadora de 
abastecimento de água no município, além de realizar estudos de fontes alternativas de consumo como poços, 
para averiguar se estão afetando de alguma maneira a saúde de seus consumidores (SOUZA et al., 2008). 
Este programa encontra-se estruturado como um subsistema, e tem como uma de suas responsabilidades a 
coordenação de um sistema de informação de vigilância e controle da qualidade da água para consumo 
humano (SISÁGUA), que já possui cerca de 3.898 municípios cadastrados (BRASIL, 2006). 
As informações que vêm alimentando o banco de dados dizem respeito aos aspectos físico-químicos, químicos 
e microbiológicos e dados sobre a qualidade, a vazão, a população abastecida e a localização do sistema. 
Informações estas que são geradas pelos responsáveis que operam os sistemas de abastecimento de água e 
responsáveis pela vigilância da qualidade da água, no caso, as secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. 
O diagnóstico obtido a partir da vigilância, teoricamente, possibilita aos gestores tomarem as decisões em 
torno dos sistemas de abastecimento coletivos e alternativos, no sentido de se exigirem as intervenções 
adequadas, quando há ocorrência de não-conformidades com a qualidade da água. Este diagnóstico também 
pode permitir o mapeamento de áreas ou sistemas de maior vulnerabilidade ambiental e técnica, ajudando a 
definir as que são prioritárias. 
A Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano é parte das ações da Vigilância em Saúde 
Ambiental e, de acordo com Teixeira (2005), a distinção entre vigilância e monitoramento residiria, por 
exemplo, no fato de que a vigilância acompanha o comportamento de eventos específicos adversos à saúde da 
comunidade, enquanto o monitoramento trabalha especificamente com indicadores, tais como de qualidade 
ambiental; ou ainda, no entendimento de que a vigilância é uma aplicação do método epidemiológico, 
enquanto no monitoramento este vínculo não é obrigatório. 
Basicamente, o monitoramento realizado pela Vigilância da Qualidade da Água para o Consumo Humano, vide 
“Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da 
Água para o Consumo Humano” visa (BRASIL, 2006): 
• Avaliar a qualidade da água consumida pela população ao longo do tempo; 
• Subsidiar a associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabilidade; 
• Identificar pontos críticos/vulneráveis (fatores de risco) em sistemas e soluções alternativas coletivas 
de abastecimento; 
• Identificar grupos populacionais expostos à situações de risco; 
• Monitorar a qualidade daágua fornecida pelos responsáveis pelo controle; 
• Avaliar a qualidade da água consumida pela população não atendida pelos sistemas ou soluções 
alternativas coletivas; 
• Avaliar a eficiência do tratamento da água; 
• Avaliar a integridade do sistema de distribuição; 
• Orientar, para a tomada de providências imediatas, os responsáveis pela operação dos sistemas ou 
soluções alternativas de abastecimento de água no tocante às impropriedades detectadas; 
• Orientar a adoção de medidas preventivas, tais como proteção de mananciais, otimização do 
tratamento, manutenção dos sistemas de distribuição, entre outros. 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 
No município de Ji-Paraná, o trabalho desenvolvido pelo setor de Vigilância em Saúde Ambiental, inserido na 
Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA), faz-se imprescindível para que se possa ter ciência do grau da 
qualidade da água consumida pela população, haja vista que uma série de doenças de veiculação hídrica 
podem ser evitadas quando se tem um sistema apurado de vigilância que possibilita a tomada de ações e 
decisões necessárias para o melhoramento da saúde pública. 
Vale ressaltar que o município de Ji-Paraná alimenta a base de dados do Sistema de Informação de Vigilância 
da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISÁGUA), que é utilizado pela Secretaria de Saúde para 
obter informações acerca de doenças de veiculação hídrica, bem como da qualidade da água consumida pela 
população. 
Diante o exposto, o presente estudo teve como intuito analisar e avaliar a atuação do órgão responsável pela 
vigilância da qualidade da água para consumo humano no município de Ji-Paraná, Rondônia, bem como 
constatar e registrar as ações desenvolvidas pela prefeitura no que se refere à adoção de medidas que 
assegurem a saúde pública à população do município, verificando o cumprimento de seu papel no espaço 
social. 
 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
Descrição da área em estudo 
O município de Ji-Paraná localiza-se na porção centro-leste do estado de Rondônia (Figura 1), região Norte do 
Brasil, e possui 116.610 habitantes (IBGE, 2010), sendo passagem obrigatória para quem transita na BR-364, 
única via de acesso terrestre em direção à capital Porto Velho, aos estados do Acre e Amazonas, proveniente 
de outras unidades federativas das demais regiões do Brasil. 
 
 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 
Figura 1: Mapa de localização de Ji-Paraná/RO. 
 
O município encontra-se entre os paralelos 8°22’ e 11°11’ de latitude sul e entre os meridianos 61°30’ e 
62°22’ de longitude oeste, estando a uma altitude de 170 metros e, dista aproximadamente 373km de Porto 
Velho. 
Segundo a SEDAM (2010), o clima da região é classificado como Aw – Clima Tropical Chuvoso (sistema de 
Köppen), com precipitação média entre 1.400 e 2.500mm anuais, e a média anual da temperatura do ar oscila 
entre 24 e 26°C. A região possui solos de média a alta fertilidade, variando entre os solos Podzólico Vermelho, 
Amarelo e Latossolos Vermelho, Amarelo, conforme classificação de SUDECO (1975). 
 A população total atendida com abastecimento de água é de 82.358 habitantes, sendo que o índice de 
atendimento total de água é de 74,39% (SNIS, 2008). Ainda assim, cerca de 40% dos domicílios são 
abastecidos por água subterrânea (FUNASA, 2006). 
 
 
Avaliação do sistema de vigilância da qualidade da água para consumo humano em Ji-
Paraná/RO 
A pesquisa foi realizada durante três meses (setembro a novembro de 2009) onde foi possível acompanhar 
diariamente as atividades da Vigilância em Saúde Ambiental do município de Ji-Paraná no que diz respeito à 
vigilância da qualidade da água para consumo humano, por meio de estágio supervisionado. Entrevistas e 
dados foram fornecidos pela coordenação da Vigilância em Saúde Ambiental, pertencente à Secretária 
Municipal de Saúde de Ji-Paraná - SEMUSA. 
Tais informações foram reforçadas com revisões de literatura e em sítios eletrônicos relacionados ao tema, 
como o da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Fundação Nacional de Saúde, a fim de comparar a 
atuação da VIGIÁGUA em Ji-Paraná com as funções preconizadas pela Portaria do Ministério da Saúde n° 
518/2004, que dispõe sobre o controle e vigilância da água para o consumo humano. 
Algumas atividades de rotina foram acompanhadas, como coletas de água fornecidas pela Companhia de Água 
e Esgoto de Rondônia – CAERD e de fontes alternativas de abastecimento (poços) em dez pontos amostrais do 
perímetro urbano de Ji-Paraná para serem enviadas ao Laboratório Central (LACEN) a fim de efetuarem-se 
análises físico-químicas e microbiológicas das amostras. 
Outra ação correlata ao VIGIÁGUA de Ji-Paraná que foi observada, é a determinação da concentração de 
cloro residual livre (CRL) pelo método DPD, em que foram amostradas vinte e seis residências abrangendo 
diversos bairros e pontas de rede, que segundo a Portaria 518/2004-MS, deve ser de no mínimo 0,2mg/L para 
garantir a inativação de certos microrganismos patógenos e máximo de 2,0mg/L (BRASIL, 2004). 
Com base nos dados adquiridos durante o período de estudo, ainda elaborou-se um mapa com os pontos 
amostrais do VIGIÁGUA no ano de 2009; houve a sistematização de dados das amostras de água coletadas em 
2009, contendo todos os resultados dos laudos emitidos pelo LACEN referente às análises dos pontos 
amostrais do VIGIÁGUA em Ji-Paraná, de modo a facilitar e agilizar a consulta de informações; e a 
organização e digitalização de dados sobre a incidência de disenteria em Ji-Paraná/RO. 
 
 
Coleta de amostras 
Durante o período de pesquisa, foram realizadas duas coletas (06/10/09 e 11/11/09) de amostras d’água para 
serem enviadas ao Laboratório Central (LACEN) em Porto Velho/RO, onde foram realizados os ensaios das 
análises microbiológicas e físico-químicas. 
Tais coletas foram amostradas em 10 pontos localizados no perímetro urbano de Ji-Paraná. O material colhido 
foi proveniente do sistema de abastecimento de água (CAERD) e de soluções individuais (poços), 
contabilizando 3 e 7 amostras, respectivamente. 
No procedimento de coleta, atentou-se para a assepsia do material utilizado (frascos de plástico Polietileno 
previamente autoclavados a 120ºC por 20 minutos, com capacidade para cerca de 500mL) de maneira que não 
houvesse contaminação da água coletada por agentes externos. 
Alguns cuidados foram levados em consideração ao se coletar as amostras de água: 
• As amostras não poderiam conter partículas grandes, detritos, folhas ou outro tipo de material; 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 
• A parte interna dos frascos e do material de coleta, assim como tampas, não foi tocada com a mão ou 
ficou exposta a pó, fumaça e outras impurezas; 
• Para fazer a coleta de água de reservatórios foi necessário que se abrisse a torneira e deixasse que a 
água escoasse por no mínimo 3 minutos, para evitar e/ou minimizar as interferências do material das 
tubulações ou do próprio tanque de armazenamento da água; 
• Após escorrer a água, restringiu-se a vazão para encher o frasco sem que houvesse respingos; 
• A torneira ou mangueira por onde sai a água, foi desinfetada com álcool etílico 70% antes de se 
extrair a amostra; 
• Utilizou-se luvas descartáveis para manusear os materiais necessários à coleta. 
Após coletar-se as amostras, os frascos foram mantidos em caixa térmica a uma temperatura de 
aproximadamente 4ºC para serem transportados ao LACEN. O intervalo de tempo entre acoleta das amostras e 
a realização das análises microbiológicas não excedeu o período máximo de 24 horas, como normatiza a NBR 
9898/87, que dispõe sobre a preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores 
(ABNT, 1987). 
Juntamente com as amostras, seguiram fichas de campo com informações sobre a origem do material coletado, 
o tipo de abastecimento de água (CAERD ou poço), local e horário da coleta, entre outros. 
 
 
Determinação de cloro residual livre (CRL) 
A desinfecção de águas de abastecimento e residuárias consiste no uso de um agente físico ou químico para 
destruir os microrganismos patogênicos que possam transmitir doenças através do meio hídrico. A desinfecção 
é um processo seletivo, que não destrói todos os microrganismos e nem sempre elimina todos os patogênicos, 
mas que deve assegurar a potabilidade de uma água (NOLL et al., 2000). 
Devido à dificuldade em obter-se uma imediata indicação da qualidade bacteriológica de uma água, é usual 
testar-se a presença de um adequado residual desinfetante. O teste de cloro residual é normalmente usado. 
Atualmente tem-se usado o moderno método DPD (N,N-dietil-p-fenileno diamina), que vem substituindo o 
antigo método da o-tolidina, o qual tem severas restrições pelo seu caráter carcinogênico. 
O método DPD é o utilizado pelo setor de Vigilância em Saúde Ambiental no programa de Vigilância da 
Qualidade de Água para Consumo Humano – VIGIÁGUA, principalmente no controle de pontas de rede. 
Dentro do período de estudo, foram realizadas vinte e seis determinações de CRL em residências do município 
de Ji-Paraná em diversos bairros, até mesmo abrangendo pontas de rede, que são os locais mais críticos em 
concentrações de CRL, que segundo a Portaria 518/2004-MS, deve ser de no mínimo 0,2mg/L para garantir a 
inativação de certos microrganismos patógenos; e máximo de 2,0mg/L. 
Para determinar os teores de cloro residual livre, adicionou-se o reagente de DPD específico nas amostras, e os 
mesmos desenvolveram uma coloração rósea variando sua tonalidade de fraca a intensa de acordo com a 
quantidade de cloro existente na amostra. 
Os resultados dos teores de cloro residual livre (CRL) foram obtidos por meio de leitura visual (Leitor marca 
Polilab), em que a coloração da amostra contendo o reagente DPD é comparada com uma segunda amostra 
isenta de reagente, apresentando tonalidades com respectivos valores de concentração de cloro, como pode ser 
observado na Figura 2. 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 
 
Figura 2: Determinação de CRL por meio de leitura visual através do método DPD. 
 
Elaboração de mapa contendo as atividades do VIGIÁGUA em 2009 
O programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIÁGUA), realizado pelo setor 
de Vigilância em Saúde Ambiental do município de Ji-Paraná, desenvolve ações concernentes ao diagnóstico 
das águas provenientes dos sistemas de abastecimento coletivos e alternativos. 
Este diagnóstico também pode permitir o mapeamento de áreas ou sistemas de maior vulnerabilidade 
ambiental e técnica, ajudando a definir as que são prioritárias. Nesse sentido, foi desenvolvido um 
mapeamento de todos os pontos de coleta de água do VIGIÁGUA no ano de 2009 (janeiro a novembro). 
De posse dos laudos emitidos pelo LACEN acerca das amostras de água, com os resultados das análises 
microbiológicas e físico-químicas, elaborou-se o mapeamento dos pontos de coleta do ano de 2009 do 
programa VIGIÁGUA, utilizando um mapa-base fornecido pela Secretaria de Obras de Ji-Paraná, onde foram 
explicitadas as condições de qualidade da água coletada; para tal mapeamento, utilizou-se o software 
CorelDraw X4. 
 
 
Sistematização de dados das amostras de água 
Todos os laudos emitidos pelo LACEN de Porto Velho contendo os resultados das análises dos pontos 
amostrais do VIGIÁGUA em Ji-Paraná encontravam-se arquivados em fichários. 
De modo a facilitar e agilizar a consulta aos dados do VIGIÁGUA, estes resultados foram digitalizados, 
colocando-os em planilhas. Formou-se um conjunto de informações contendo os resultados das análises de 
cada mês do ano de 2009 (janeiro a novembro), criando-se legendas para designar a origem das amostras 
(CAERD ou poço), bem como enfatizar a qualidade da água (satisfatória ou insatisfatória). 
Os parâmetros transcritos para as planilhas foram: 
• Presença ou ausência de coliformes totais, Escherichia coli e/ou termotolerantes; 
• Níveis de pH e 
• Unidades Nefelométricas de Turbidez (UNTs). 
Além das planilhas, também plotou-se um gráfico para atentar às condições sanitárias da água coletada, 
incluindo o número total de amostras provenientes do sistema de abastecimento de água (CAERD) e das 
soluções alternativas (poços) com seus respectivos níveis de contaminações. 
Para ambos os trabalhos (formulação de planilhas e gráfico) foi utilizado o software Microsoft Office Excel 
2007. 
 
 
Organização de dados sobre incidência de disenteria em Ji-Paraná 
A transversalização de setores trabalhando em prol da saúde e o bem estar das pessoas é extremamente 
importante, uma vez que cada segmento é responsável por gerar dados e informações peculiares que podem ser 
úteis para um melhor planejamento de ações e estratégias visando a melhorar a vida das populações. 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 
Assim, o setor de Vigilância em Saúde Ambiental, localizado próximo ao setor de Epidemiologia, faz uso de 
dados gerados pelo segmento, como por exemplo, a incidência de casos de diarreia (disenteria) no município 
de Ji-Paraná. 
Com o intuito de simplificar a consulta às informações, foram elaboradas planilhas contendo o número de 
pacientes que deram entrada no Hospital Municipal de Ji-Paraná apresentando sintomas de disenteria. 
Essas planilhas apresentam informações acerca dos casos de diarreia distribuídos por bairros (ao todo de 36 
bairros pertencentes a Ji-Paraná) e por meses, contabilizados de janeiro a agosto (dados recebidos pelo setor de 
Vigilância em Saúde Ambiental no ano de 2009). 
Foi também criado um gráfico sobre a incidência de casos de diarreia no município, destacando-se a frequência 
mensal, fazendo-se o uso do software Microsoft Office Excel 2007, bem como para a criação de planilhas. 
 
 
RESULTADOS 
Determinação de cloro residual livre (CRL) 
A desinfecção de águas de abastecimento e residuárias consiste no uso de um agente físico ou químico para 
destruir os microrganismos patogênicos que possam transmitir doenças através do meio hídrico. A desinfecção 
é um processo seletivo, que não destrói todos os microrganismos e nem sempre elimina todos os patogênicos, 
mas que deve assegurar a potabilidade de uma água (NOLL et al., 2000). 
Devido à dificuldade na obtenção imediata da indicação da qualidade bacteriológica de uma água, é usual 
testar-se a presença de um adequado residual desinfetante. O teste de cloro residual é normalmente usado. 
Atualmente tem-se usado o moderno método DPD (N,N-dietil-p-fenileno diamina), que vem substituindo o 
antigo método da o-tolidina, o qual tem severas restrições pelo seu caráter carcinogênico (NOLL et al., 2000). 
O método DPD é o utilizado pelo setor de Vigilância em Saúde Ambiental no programa de Vigilância da 
Qualidade de Água para Consumo Humano – VIGIÁGUA, principalmente no controle de pontas de rede. 
Foram feitas 26 determinações de CRL em residências do município de Ji-Paraná em diversos bairros, até 
mesmo abrangendo pontas de rede, que são os locais mais críticos em concentrações de CRL, que segundo a 
Portaria 518/MS, deve ser de no mínimo 0,2mg/L para garantir a inativação decertos microrganismos 
patógenos e máximo de 2,0mg/L. Os resultados dos teores de cloro residual livre (CRL) foram obtidos por 
meio de leitura visual, em que a coloração da amostra contendo o reagente DPD é comparada com uma 
segunda amostra isenta de reagente, apresentando tonalidades com respectivos valores de concentração de 
cloro. 
Das 26 amostras analisadas, apenas duas apresentaram concentração abaixo do valor mínimo permitido pela 
Portaria 518/2004-MS (0,2mg/L). Ambos os valores de CRL determinados nestas amostras foram de 0,1mg/L. 
Observou-se que estes pontos encontram-se em pontas de rede do sistema de distribuição de água da CAERD. 
As demais amostras tiveram teores de CRL variando entre 0,2mg/L a 1,5mg/L, conforme a Figura 3. 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8 
 
Figura 3: Concentrações de cloro residual livre (CRL) em amostras coletadas peloVIGIÁGUA em 2009. 
 
 
Diagnóstico da qualidade da água para consumo humano em Ji-Paraná/RO 
O conjunto de laudos emitidos pelo LACEN contendo informações sobre os resultados das análises de água de 
cada mês do ano de 2009 (janeiro a novembro), foi sistematizado em planilhas eletrônicas, criando-se legendas 
para designar a origem das amostras (CAERD ou poço), bem como foi enfatizada a qualidade da água 
(satisfatória ou insatisfatória). 
Os parâmetros transcritos para as planilhas foram: 
• Presença ou ausência de coliformes totais, Escherichia coli e/ou termotolerantes; 
• Níveis de pH e 
• Unidades Nefelométricas de Turbidez (UNTs). 
Com base nos dados, a Figura 4 foi gerada para atentar às condições sanitárias da água coletada, incluindo o 
número total de amostras provenientes do sistema de abastecimento de água (CAERD) e das soluções 
alternativas (poços) com seus respectivos níveis de contaminações. 
Observou-se que 82% das amostras de água de poço coletadas encontram-se em condições insatisfatórias, ou 
seja, estão em desacordo com os padrões de potabilidade de água, conforme estabelecido pela Portaria 
518/2004 (BRASIL, 2004) do Ministério da Saúde, representando riscos à saúde de quem consome água 
proveniente de poços sem um tratamento prévio. 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 9 
 
Figura 4: Níveis de contaminação em amostras coletadas pelo VIGIÁGUA/2009. 
 
O diagnóstico da qualidade da água também pode permitir o mapeamento de áreas ou sistemas de maior 
vulnerabilidade a contaminações, ajudando a definir as que são prioritárias. Neste sentido, foi produzido um 
mapa contendo todos os pontos de coleta de água do VIGIAGUA no ano de 2009 (janeiro a novembro), como 
pode ser observado pela Figura 5. 
 
Figura 5: Mapeamento dos pontos de coleta de água do VIGIÁGUA/2009. 
 
 
Incidência de disenteria bacilar em Ji-Paraná/RO 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 10 
Com o intuito de simplificar a consulta às informações, foram elaboradas planilhas contendo o número de 
pacientes que deram entrada no Hospital Municipal de Ji-Paraná apresentando sintomas de disenteria. Essas 
planilhas apresentam informações acerca dos casos de diarreia distribuídos por bairros (ao todo 36 bairros 
pertencentes a Ji-Paraná) e por meses, contabilizados de janeiro a agosto (dados recebidos pelo setor de 
Vigilância em Saúde Ambiental em 2009). Foi também criado um gráfico sobre a incidência de casos de 
diarreia no município (Figura 6), destacando-se a frequência mensal. Ressalta-se por tais dados que o número 
de casos de disenteria variou entre 252 a 444 para o período observado, sendo que o mês de abril apresentou o 
maior índice da enfermidade. 
 
Figura 6: Incidência de casos de diarreia em Ji-Paraná/2009 (janeiro a agosto). 
 
CONCLUSÕES 
A partir das coletas de dados, das entrevistas realizadas e do acompanhamento das atividades diárias do setor 
de Vigilância em Saúde Ambiental, notou-se que as ações no que tange à vigilância da qualidade de água para 
consumo humano são relativamente suficientes para avaliar a real situação da qualidade da água consumida por 
parcela da população de Ji-Paraná. 
No entanto, não há um plano de amostragem que seja estatisticamente representativo para sanar as 
problemáticas de fiscalização da qualidade da água fornecida ao município, tanto pela companhia que distribui 
água à população, como pelo uso de fontes alternativas de abastecimento (populares poços amazonas e/ou 
semi-artesianos) devido ao baixo número de funcionários, técnicos especializados e recursos materiais, como 
veículos, por exemplo. 
Ainda assim, observou-se que, apesar da situação precária do órgão, o mesmo apresentou-se empenhado na 
realização de projetos que venham beneficiar a população do município como palestras educativas com o 
intuito de conscientizar e sensibilizar os consumidores de água de Ji-Paraná quanto ao uso e importância dos 
recursos hídricos. 
Referente a dados quantitativos sobre a vigilância da qualidade da água para consumo humano em Ji-Paraná 
(RO), observou-se que 82% das amostras de água de poço coletadas encontram-se em condições 
insatisfatórias, ou seja, estão em desacordo com os padrões de potabilidade de água, conforme estabelecido 
pela Portaria 2914/2011 (BRASIL, 2011) do Ministério da Saúde, representando riscos à saúde de quem 
consome água proveniente de fontes alternativas sem um tratamento prévio. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Expressamos nossos mais sinceros agradecimentos à responsável técnica pelo Setor de Vigilância em Saúde 
Ambiental de Ji-Paraná (RO), Regina Paula de Souza Freitas pela colaboração prestada durante o período em 
que os autores puderam acompanhar as atividades inerentes ao programa VIGIÁGUA; bem como o 
 
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 11 
responsável pela Oficina Municipal de Saneamento, Ademir Ferreira de Farias por seus préstimos e úteis 
informações acerca do saneamento ambiental no município de Ji-Paraná. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9898 – Preservação e técnicas de amostragem de 
efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. 
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e 
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de 
potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, n. 59, 28 mar. 2004, Seção 1. 
3. BRASIL. Ministério da Saúde – Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretriz Nacional do Plano de Amostragem 
da Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para o consumo humano. Brasília, 2006. 
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os 
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de 
potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, 14 dez. 2011, Seção 1. 
5. FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Indicadores de saneamento nos bairros da cidade de Ji-Paraná/RO. Ji-
Paraná: FUNASA, 2006. Planilha eletrônica. 
6. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010 de Ji-Paraná/RO. Disponível em: 
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/RO2010.pdf> Acesso em: 14 jun. 2011. 
7. HELBEL, A. F. Atividades do Setor de Vigilância em Saúde Ambiental e Oficina Municipal de Saneamento. Ji-
Paraná.2009. Relatório de Estágio. Universidade Federal de Rondônia, 2009. 
8. NOLL, R.; et al. Avaliação de dois métodos concorrentes usado na determinação do cloro em água tratada. 
XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2000. Anais. Porto Alegre, RS, 
2000. 
9. SEDAM. Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental. Climatologia. Disponível em: 
<http://www.sedam.ro.gov.br>. Acesso em: 07 out. 2010. 
10. SNIS. Série Histórica 9. Brasília: MCidades-SNSA, 2008. 
11. SOUZA, V. A. S.; et al. A atuação das vigilâncias sanitária e ambiental no município de Ji-Paraná. I SIMPÓSIO 
DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, 2008. Anais. Ji-
Paraná, RO, 2008. 
12. SUDECO. Levantamento de reconhecimento de solos, da aptidão agropastoril, das formações vegetais e 
do uso da terra em área do Território Federal de Rondônia. SUDECO: Belo Horizonte, 1975. 
13. TEIXEIRA, J. C. Vigilância da qualidade da água para consumo humano – utopia ou realidade? Estudo de 
caso: Juiz de Fora – MG. XXIII CONGRESSO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 2005. 
Anais. Campo Grande, MS, 2005.

Mais conteúdos dessa disciplina