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FERIDAS E CURATIVOS atualizada1

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FERIDAS E CURATIVOS 
 
1 CONCEITOS 
As feridas são modificações da pele ocasionadas por: traumas, processos inflamatórios, 
degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por defeito de formação. É o 
rompimento da estrutura e do funcionamento anatômico normal, resultante de um processo 
patológico que se iniciou interna ou externamente no(s) órgão(s) envolvido(s) (Res. COFEN 
501/2015). 
Segundo conceito do Manual da ANVISA (Medidas de Controle de Infecção 
Relacionada à Assistência em Saúde 2017) 
Ferida: rompimento anormal da pele ou superfície do corpo. Normalmente 
comprometem a pele, os tecidos moles e os músculos. 
Curativo: é um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de uma cobertura 
estéril em uma ferida, quando necessário, com o objetivo de proteger o tecido recém-formado 
da invasão microbiana, aliviar a dor, oferecer conforto para o paciente, manter o ambiente 
úmido, promover a rápida cicatrização e prevenir a contaminação ou infecção. 
RESOLUÇÃO COFEN N. 567/2018 
Regulamenta a competência da equipe de enfermagem, visando o efetivo 
cuidado e segurança do paciente submetido ao procedimento. Observe os 
artigos dessa resolução que demonstram a nossa autonomia, inclusive para 
abertura de clínica/ consultório de feridas. 
Art. 2º O Enfermeiro tem autonomia para abertura de Clínica/Consultório de 
Prevenção e Cuidado de pessoas com feridas, respeitadas as competências 
técnicas e legais. 
Art. 3º Cabe ao Enfermeiro da área à participação na avaliação, elaboração de 
protocolos, seleção e indicação de novas tecnologias em prevenção e 
tratamento de pessoas com feridas. 
 
2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE 
A pele é o maior órgão do corpo humano. Reveste o organismo preservando a 
homeostasia do meio interno. Representa de 8 a 16% do peso corpóreo total, podendo atingir 
até 2m² de extensão em um indivíduo adulto. 
As funções da pele são as seguintes: 
• Proteção contra agentes externos (físicos, químicos, mecânicos e biológicos) 
• Termorregulação 
• Resposta imunológica 
• Controle hemodinâmico 
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• Sensorial 
• Produção e excreção de metabólitos 
• Endócrino 
A pele é constituída por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. 
 
 
Fonte: Dermoecia, 2021 
 
3 CAUSAS DAS FERIDAS E CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS 
 
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FECHADAS 
Contusão: a pele e/ou mucosa são lesionadas, mas permanecem íntegras. Podem ser 
profundas e alcançar tecido conectivo, muscular, tendíneo e ósseo. Geralmente resultantes de 
esmagamento. 
ABERTAS 
Incisa: sol. de continuidade linear, bordas regulares e profundidade variável. Produzida 
por objetos cortantes (faca, bisturi). São mais propensas a hemorragias, pois a ausência de 
irregularidades dificulta a agregação plaquetária. 
Lacerada: produzida por objetos pontiagudos que cortam o tecido formando bordas 
irregulares, pouco sangrenta. Aquelas ocorridas há menos de 3 horas podem ser suturadas plano 
a plano, após reavivamento e regularização das bordas (incisas). Quando ocorridas a mais de 4 
horas fecha-se parcialmente e utiliza-se drenos. 
Avulsionada: produzida por despregamento do tecido subcutâneo, resultando no 
arranchamento da pele. Pouco sangrentas, de grande espaço morto. 
Punctória: produzida por elementos perfurantes (cravos, pregos, estiletes e espetos). 
Não atingem cavidades/órgãos. 
Penetrante: solução de continuidade da pele e tecidos subjacentes alcançando 
cavidades (abdome, tórax, seios faciais, etc). Geralmente resultam em perfuração de vísceras, 
empiema ou evisceração. 
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4 PROCESSO CICATRICIAL 
O processo cicatricial objetiva corrigir defeitos e restaurar superfícies da pele, é um 
processo fisiológico, dinâmico e complexo que acontece através de uma relação de eventos 
celulares e moleculares coordenados. 
O processo cicatricial é dividido em três fases distintas, sendo elas: inflamatória, 
proliferativa e maturação. 
A fase inflamatória é a primeira fase do processo cicatricial é iniciada no exato 
momento da lesão e dura cerca de três dias. 
A fase proliferativa é a segunda fase do processo cicatricial que se inicia em torno do 
terceiro dia após a lesão e dura algumas semanas. Essa fase é caracterizada pela granulação, 
contração e epitelização. A fase proliferativa engloba três fases, granulação, contração e 
epitelização. 
A fase de maturação é a terceira fase do processo cicatricial, caracterizada pela 
deposição organizada de colágeno. É a de maior importância clínica, no processo de 
cicatrização, pois é quando a ferida recebe maior suporte. Essa fase final se inicia após vinte e 
um dias da lesão, podendo perdurar até um ano. 
 
 
4.1 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
Cicatrização por primeira intenção: as bordas estão aproximadas cirurgicamente 
Cicatrização por segunda intenção: bordas afastadas por perda tecidual 
Cicatrização por terceira intenção: primeira intenção retardada, apresentando risco 
de infecção. 
Alguns fatores interferem na cicatrização, como fatores sistêmicos e de localização. Os 
fatores locais, são: edema, infecção local, ressecamento, extensão e local da ferida, 
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medicamentos tópicos e técnicas de curativos inadequadas. Os fatores sistêmicos, são: Déficit 
nutricional, influência hormonal, medicamentos sistêmicos, doenças e tabagismo. 
5 AVALIAÇÃO CLÍNICA DAS FERIDAS 
Alguns aspectos devem ser avaliados como a complexidade das feridas, a etiologia, 
localização anatômica, exsudato, grau de contaminação, classificação da perda tecidual, tecido 
presente em seu leito, bordas/margens e pele perilesional, mensuração e dor. 
As feridas são classificadas em feridas simples ou complexas. As feridas simples 
seguem o curso fisiológico da cicatrização, perpassam as três fases do processo cicatricial, 
apresentando manifestações clínicas esperadas. 
Enquanto que as feridas complexas são lesões agudas ou crônicas da pele e dos tecidos 
profundos, não seguem o curso fisiológico da cicatrização, apresentam processos infecciosos, 
perdas teciduais extensas e traumas, colocam em risco a integridade e a viabilidade de órgãos 
e membros, difícil manejo clínico e a cicatrização pelos tratamentos convencionais, necessita 
da assistência profissional interdisciplinar. 
 
5.1 EXSUDATO 
Refere-se a saída de líquidos orgânicos através das paredes e das membranas celulares; 
sua presença indica um aumento da permeabilidade normal dos pequenos vasos sanguíneos, em 
uma área de lesão tecidual. 
O exsudato é constituído por água, eletrólitos, proteínas, mediadores inflamatórios, 
proteinase, fatores de crescimento, microrganismos, metabólitos, neutrófilos, macrófagos e 
plaquetas. 
A análise do exsudato servirá como suporte norteador para a escolha do curativo ideal, 
principalmente no caso de feridas crônicas. 
O exsudato deve ser avaliado quanto a coloração, consistência, odor e volume. 
Descrição e característica do exsudato quanto ao odor 
Odor Característica 
Ausente Sem odor 
característico Odor suportável, exalado no desbridamento da 
lesão 
Fétido Odor desagradável, que leva à reação de 
afastamento 
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Odor Característica 
Pútrido Odor fétido de grande intensidade associado a 
carne em decomposição. 
 
Volume do exsudato 
Descrições pra definir o quantitativo 
• Ressecado, mínima, máxima 
• Pequena, mínima e grande quantidade (forma subjetiva e não tão confiável); 
• Método da observação das gazes molhadas retiradas do curativo. 
Descrito em: 
✓ Pouco exsudativa: até cinco gazes 
✓ Exsudato moderado: de cinco a dez gazes 
✓ Exsuado acentuado: mais de dez gazes 
Descrição e característica do exsudato quanto ao volume 
 
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Limites anatômicos da ferida 
 
Avaliação da pele perilesional 
✓ Alteração da cor 
✓ Turgor 
✓ Eritema 
✓ Dermatites 
✓ Edema 
✓ Induração 
✓ Maceração 
✓ Cizalhamento 
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Tipos de borda 
 
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5.1 MENSURAÇÃO DAS FERIDAS 
Possibilita o registro dasdimensões da extensão e profundidade, além da realização do 
procedimento mais eficaz para acompanhar a evolução do processo cicatricial. |Algumas regras 
precisam ser seguidas para uma correta mensuração das feridas, deve-se utilizar os mesmos 
instrumentos, paciente na mesma posição. Deve-se utilizar régua descartável, swab estéril (se 
houver profundidade), máquina fotográfica (a critério do avaliador). 
Técnicas de mensuração 
Aferição para feridas planas 
✓ Consiste em registrar a largura e o comprimento da área da ferida em cm²; 
✓ Onde se multiplica a maior largura pelo comprimento; 
✓ O comprimento é a medida no sentido vertical (céfalo-caudal); 
✓ A largura é medida no sentido horizontal. 
O resultado das mensurações obtidas pode classificar a lesão quanto a dimensão em: 
✓ Pequenas: quando são menores que 50cm² 
✓ Médias: se maiores que 50cm² e menores que 150cm² 
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✓ Grandes: quando forem maiores do que 150cm² e menores que 250cm² 
✓ Extensas: se forem maiores que 250 cm² 
Mensuração para feridas profundas 
Introduza uma pinça, cotonete estéril ou uma sonda uretral fina no ponto mais profundo 
da cavidade, afira as medidas em uma régua descartável. 
Comprimento cm x largura cm x profundidade cm = cm³ 
 
6 ERISIPELA BOLHOSA 
Erisipela é uma infecção cutânea causada geralmente pela bactéria Streptococcus 
pyogenes do grupo A, mas pode também ser causada por Haemophilus influenzae tipo B, que 
penetram através de um pequeno ferimento na pele ou na mucosa, disseminam-se pelos vasos 
linfáticos e podem atingir o tecido subcutâneo. 
A erisipela surge com mais frequência nos membros inferiores, na região acima dos 
tornozelos, podendo também ocorrer em outras regiões como tronco e rosto. 
Alguns fatores contribuem para o agravamento da erisipela, como, diabetes, 
imunodeprimidos, edema linfático, trauma linfático, trauma local, infecções cutâneas de 
repetição, dermatite, micose interdigital. 
 
 
7 ÚLCERAS ARTERIAIS E VENOSAS 
As úlceras venosas e arteriais são causadas por problemas de circulação. Porém, com 
mecanismos fisiopatológicos diferentes. As úlceras arteriais são causadas por obstrução nas 
artérias, diminuindo ou interrompendo o fluxo sanguíneo, as úlceras venosas, por sua vez, 
acontecem pela deficiência do sangue em retornar ao coração. 
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7.1 ÚLCERAS ARTERIAIS 
Ocorrem com menor frequência, em torno de 20% das feridas de MMII. As úlceras 
arteriais podem ser chamadas de isquêmicas e são causadas pela obstrução das artérias: o sangue 
não consegue chegar adequadamente aos tecidos para nutrir e oxigenar as células, resultando na 
morte celular e, consequentemente, nas lesões. 
É associada à aterosclerose, pois diminui ou interrompe o fluxo sanguíneo. São mais 
frequentes na região acima da canela e nas extremidades dos dedos dos pés. As úlceras arteriais 
são feridas crônicas, de difícil cicatrização, podendo ser bastante dolorosas. Em casos mais 
graves, podem resultar na amputação do membro afetado. O tratamento é mais complexo e 
cirúrgico, a compressão é contraindicada. 
Fatores de risco: Tabagismo, diabetes descontrolado, altas taxas de colesterol e 
triglicerídeos. 
No exame clínico as úlceras arteriais encontramos: 
1. Perda de pêlos nas extremidades. 
2. Pele brilhante e atrófica. 
3. Pulsos periféricos fracos/ausentes. 
4. Tempo de enchimento capilar prolongado. 
5. Palidez quando a perna é levantada. 
6. Aumento da dor após exercícios (claudicação intermitente) ou à noite (dor de repouso). 
7. Diminuição da dor na posição pendente. O paciente pode referir a necessidade de 
dependurar as pernas fora da cama à noite. Pode mencionar a necessidade de sair da cama e 
colocar as pernas para baixo. 
 
 
7.2 ÚLCERAS VENOSAS 
Podem ser chamadas de varicosas, correspondem a cerca de 80% das feridas que 
acometem pernas e pés. 
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São causadas pela má circulação sanguínea, consequência, na maioria dos casos, de 
fatores genéticos. Não são profundas, possuem base avermelhada, é mais comum acima do 
maléolo medial. Apresentam maior risco de apresentar esse tipo de úlcera as mulheres, pacientes 
sedentários ou pessoas que costumam ficar muito tempo. 
A fisiopatologia da úlcera venosa consiste na dificuldade do retorno do fluxo sanguíneo 
dos membros inferiores para o coração, causando estagnação do sangue nas pernas, ocasionando 
varizes e inchaço, o que prejudica a oxigenação dos tecidos. O Local fica mais suscetível, e até 
mesmo um leve traumatismo pode resultar em uma ferida, que pode evoluir para a condição 
crônica, que é a úlcera. 
O tratamento consiste no repouso com pernas elevadas e bandagem compressiva. 
Sinais e sintomas das úlceras venosas: 
• Insuficiência venosa 
• Edema em tornozelo e/ou acima; 
• Hiperpigmentação; 
• Lipodermatoesclerose; 
• Varizes e/ou veias reticulares e/ou telangiectasias 
Na presença de lesão ulcerada no pé, os cuidados devem ser imediatos, incluindo o 
tratamento da infecção, quando presente, a redução do apoio no pé doente, a limpeza da ferida e 
a avaliação da necessidade de encaminhamento à atenção especializada. Na presença de excesso 
de queratina nos bordos da lesão, esta deve ser removida a fim de expor a base da úlcera. Úlceras 
superficiais frequentemente são infectadas por gram-positivos e podem ser tratadas 
ambulatoriamente com antibióticos orais. 
 
8 PÉ DIABÉTICO 
O termo “pé diabético” é empregado para nomear as diversas alterações e complicações que 
ocorrem, isoladamente ou em conjunto, nos pés e nos membros inferiores das pessoas com 
Diabetes Mellitus. 
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Classificação do Consenso Internacional do pé diabético (PEDIS) 
P = perfusão 
E = extensão 
D = dimensão e profundidade 
I = infecção 
S = sensibilidade 
 
9 LESÃO POR PRESSÃO 
Estadiamento lesão por pressão 
 
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10 OBJETIVOS DO CURATIVO 
O curativo protege a lesão contra agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos e 
reduz infecções. 
Os objetivos do curativo são: 
1. Tratar e prevenir infecções; 
2. Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização; 
3. Diminuir a incidência de infecções cruzadas. 
4. Remover corpos estranhos; 5. Reaproximar bordas separadas; 
6 Proteger a ferida contra contaminação e infecções; 
7. Promover hemostasia; 
8 Preencher espaços mortos e evitar a formação de serohematomas; 
9. Favorecer a aplicação de medicação tópico; 
10. Reduzir o edema; 
11. Absorver e facilitar a drenagem de exsudatos; 
12. Manter a umidade da superfície da ferida; 
Antes de aplicar o curativo deve ser feita a avaliação considerando: 
1. Grau de contaminação; 
2. Causas, fatores locais e sistêmicos; e 
3. Presença de exsudato. 
É importante avaliação o Local, tempo, exsudato (volume, cor, odor e consistência) borda, 
tamanho, leito, pele ao redor, tipo de curativo. 
Deve-se mensurar o comprimento, largura e profundidade. 
Os curativos podem ser feitos com irrigação ou com drenagem. 
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Com irrigação: nos ferimentos com infecção dentro da cavidade ou fistula, com 
indicação de irrigação com soluções salinas ou antisséptico. A irrigação é feita com seringa. 
Com drenagem: nos ferimentos com grande quantidade de exsudato. Coloca- -se dreno 
de (Penrose, Kehr), tubos, cateteres ou bolsas de colostomia. 
 
10.1PRODUTOS PARA LIMPEZA DE FERIDAS 
A limpeza da ferida tem como principal objetivo a remoção de substâncias nocivas que 
interferem no processo cicatricial. Além de remover resíduos indesejáveis do leito da ferida, 
permite o aceso de agente químico e/ou físico aos microrganismos patogênicos. Não devendo 
ser citotóxico. 
A escolha da solução de limpeza deve ser baseada na experiência profissional, políticas 
do serviço e preferências pessoais, de modo que a solução fisiológica é a mais utilizada. Deve 
haver necessidade de consenso entre o uso de soluções em detrimento de soluções não estéreis. 
As soluções de limpeza podem interferirna duração do processo cicatricial, no controle 
da temperatura corpórea, no equilíbrio do PH da ferida. 
As soluções de limpeza mais utilizadas, são, água, soro fisiológico e soluções 
antissépticas. 
O que é um antisséptico? 
É um produto químico aplicado sobre os tecidos vivos, cuja a finalidade é a finalidade 
eliminação dos microrganismos patogênicos ou a inativação do vírus. 
Os antissépticos podem interferir sobre a ação de outros produtos tópicos utilizados no 
cuidado de feridas, podendo gerar resistência bacteriana. 
O antisséptico ideal deve ser: 
• Não tóxico para os tecidos humanos; 
• Ser ativo e permanecer eficaz na presença de material orgânico; 
• Reduzir e eliminar o número de microrganismos; 
• Não causar reações de sensibilidade; 
• Está amplamente disponível. 
O PHMB é uma solução para limpeza das feridas com 0,1% de polihexanida e 99.8 de 
água purificada. Indicado para uso contínuo e repetido; Limpeza, descontaminação e 
umidificação do leito das feridas crônicas ou agudas; feridas de espessura parcial a total; para 
feridas de diferentes etiologias colonizadas, criticamente colonizadas e infectadas. 
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Contraindicação em caso de reações alérgicas à formulação do produto; aplicação em 
cartilagem hialina. 
Vantagens do PHMB: 
• Não citotóxico aos tecidos vivos; 
• Possui amplo espectro; 
• Princípio ativo com baixo potencial alergênico 
• Pode ser aquecido até a temperatura corporal 
• Absorve odores da ferida 
• Clinicamente aprovado 
• Remove biofilmes 
• Não há referências do desenvolvimento de resistência bacteriana 
 
10.2TÉCNICAS DE LIMPEZ DAS FERIDAS 
A limpeza da ferida compreende a primeira etapa do curativo, é uma etapa essencial e 
indispensável para o curativo, para a prevenção de infecção e promoção da cicatrização, 
devendo ser realizada com soluções não citotóxicas. 
Segundo Ferreira et al. (2013) a limpeza de feridas crônicas e agudas que cicatrizam por 
segunda intenção é executada de forma ritualística, ao invés de práticas fundamentadas em 
evidências. 
✓ Dentre as técnicas de limpeza da ferida as mais conhecidas no Brasil destacam-
se: 
✓ Limpeza em água corrente; 
✓ Imersão; 
✓ Limpeza mecânica utilizando gazes/compressa e solução fisiológica (método 
tradicional); 
✓ Irrigação (baixa e alta pressão) 
Limpeza da ferida na técnica limpa 
✓ Indicada para procedimentos realizados no domicílio; 
✓ Deve-se utilizar material limpo para manipular a lesão 
✓ A limpeza deve ser feita com solução fisiológica 0,9% ou com água limpa e 
tratada; 
✓ Uso de luvas de procedimento; 
✓ Gaze estéril; 
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✓ Nesse caso as mãos devem ser lavadas com água e sabão, antes e após o curativo. 
Limpeza da ferida na técnica estéril 
✓ É recomendado para procedimentos realizados no hospital, em ambulatórios e 
unidades básicas de saúde, pela maior possibilidade de contaminação e infecção 
por microrganismos patogênicos e infecções cruzada; 
✓ A lavagem das mãos, deverá ser feita, preferencialmente, com solução 
antisséptica, antes e após a realização do curativo; 
✓ Utilização de luvas estéreis para manipular a lesão; 
✓ Solução de limpeza: soro fisiológico, água destilada, bidestilada, solução 
antisséptica estéril. 
Método de limpeza por irrigação 
✓ Consiste na limpeza da ferida com fuidos aplicados com dispositivos tais como 
seringa agulhadas ou não, frasco de soro fisiológico furado, dentre outros; 
✓ Considerando o método de limpeza mais seguro e menos traumático para as 
feridas; 
✓ Para a eficácia dessa técnica de limpeza considera-se além da pressão o tipo da 
solução irrigante; 
✓ A força hidráulica do método de irrigação pode ser de alta e baixa pressão; 
✓ A pressão considerada ideal para remover detritos e/ou bactérias no leito da lesão 
é de 8 a 15 psi. 
 
11 TIPOS DE CURATIVOS 
a) Aberto - É aquele no qual utiliza-se apenas o antisséptico, mantendo a ferida exposta. 
Ex: ferida cirúrgica limpa. 
b) Oclusivo - Curativo que após a limpeza da ferida e aplicação do medicamento é 
fechado ou ocluído com gaze ou atadura. 
c) Seco - Fechado com gaze ou compressa seca (não se usa nada na gaze) 
d) Úmido - Fechado com gaze ou compressa umedecida com pomada ou soluções 
prescritas. 
e) Compressivo - É aquele no qual é mantida compressão sobre a ferida para estancar 
hemorragias, eviscerações, etc. 
f) Drenagens - Nos ferimentos com grande quantidade de exsudato coloca-se dreno, 
tubos, cateteres ou bolsas de colostomia. 
 
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12 COBERTURAS DE FERIDAS 
A escolha do curativo depende do tipo de ferida, estágio de cicatrização e processo de 
cicatrização de cada paciente. Os aspectos da ferida com relação à presença de inflamação, 
infecção, umidade e condições das bordas da ferida devem ser avaliados. Os tipos de cobertura, 
sua ação e a indicação clínica de acordo com o Manual da ANVISA: 
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Feridas com cicatrização por primeira intenção 
Recomenda-se permanecer com curativo estéril por 24 h a 48 h, exceto se houver 
drenagem da ferida ou indicação clínica; 
O primeiro curativo cirúrgico deverá ser realizado pela equipe médica ou enfermeiro 
especializado. O enfermeiro poderá realizar o curativo a partir do segundo dia de pós-operatório 
(PO) ou conforme conduta; 
• Substituir o curativo antes das 24 h ou 48 h se molhar, soltar, sujar ou a critério 
médico; 
• Remover o curativo anterior com luvas de procedimento; 
• Realizar o curativo com toque suave de SF 0,9% em incisão cirúrgica; 
• Avaliar local da incisão, se não apresenta exsudato manter as incisões expostas 
até a remoção da sutura. Nestes casos recomenda-se higienizar as incisões com 
água e sabão comum durante o banho e secar o local com toalhas limpas e secas; 
• Registrar o procedimento e comunicar a equipe médica em casos de sangramento 
excessivo, deiscências e sinais flogísticos 
Feridas com cicatrização por segunda e terceira intenção 
➢ Feridas com tecido de granulação: utilizar coberturas que mantenham o meio 
úmido, como: hidropolímero, hidrogel, AGE, alginato de cálcio e rayon com 
petrolato; 
➢ Feridas cavitárias: utilizar alginato de cálcio, carvão (cuidado com as 
proeminências ósseas), hidropolímero e hidrogel; 
➢ Feridas com hipergranulação: utilizar rayon com petrolato, bastão com nitrato 
de prata e curativos de silicone; 
➢ Feridas com fibrina viável (branca): utilizar coberturas que mantenham o meio 
úmido, como hidropolímero, hidrogel, AGE, alginato de cálcio, carvão ativado 
e rayon com petrolato. Remover apenas quando apresentar excessos; 
➢ Feridas com tecido necrótico: utilizar hidrogel ou colagenase. Caso não ocorra 
melhora evolutiva, solicitar a avaliação da cirurgia plástica; 
➢ Feridas infectadas: sugerir avaliação da clínica médica e CCIH quanto à 
necessidade de identificação do micro-organismo para terapêutica adequada. 
Utilizar carvão ativado, hidropolímero com prata e alginato com prata; 
➢ Feridas com tecido de epitelização e bordas: proteger o frágil tecido neoformado 
com AGE ou rayon com petrolato. 
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13 DESBRIDAMENTO 
Segundo o COFEN o desbridamento autolítico é o processo seletivo de remoção da 
necrose (preserva o tecido vivo) pela ação dos neutrófilos, eosinófilos e basófilos; e das enzimas 
digestivas do próprio organismo do paciente. É promovido pelo uso de produtos que garantam 
a umidade adequada na ferida. 
Desbridamento instrumental conservador – pode ser realizado à beira do leito ou 
ambulatorial, em lesões cuja área de necrose não seja muito extensa. Nestes casos, a analgesia 
local geralmente não é necessária visto que o tecido necrótico é desprovido de sensação 
dolorosa. Nos casos de lesões extensas ou úlceras em estágio IV, o paciente deverá ser 
encaminhado ao centro cirúrgico. 
Desbridamento mecânico – consiste na aplicação de força mecânica diretamente sobre 
o tecido necrótico a fim de facilitar sua remoção, promovendo um meio ideal para a ação de 
cobertura primarias.Pode ser fricção, irrigação com jato de solução salina à 0,9%, irrigação 
pulsátil, hidroterapia, curativo úmido-seco, enzimático e autólise. 
Desbridamento químico – processo seletivo de remoção da necrose (preserva o tecido 
vivo) por ação enzimática 
 
REFERÊNCIAS 
 
COFEN Resolução 501 de 2015. Regulamenta a competência da equipe de enfermagem no 
cuidado às feridas e dá outras providências. Disponível em: http:// www.cofen.gov.br/wp-
content/uploads/2015/12/ANEXO-Resolu%C3%A7%- C3%A3º501-2015.pdf 
 
COFEN Resolução 567 de 2018. Regulamenta a atuação da Equipe de Enfermagem no 
Cuidado aos pacientes com feridas. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
no-567-2018_60340.html 
 
Prefeitura Municipal do Natal. Secretaria Municipal de Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Guia básico de prevenção e tratamento de feridas. 
 
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios Diagnósticos de Infecções 
Relacionadas à Assistência à Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: 
Anvisa, 2017. Disponível em: 
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/caderno-2-
criterios-diagnosticos-de-infeccao- -relacionada-a-assistencia-a-saude 
 
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