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Orçamento e Finanças SIOP BI – Business Intelligence no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento Enap, 2023 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Karlei Scardua Rodrigues (Conteudista, 2023). Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Sumário Apresentação .................................................................................................................... 6 Módulo 1 – Noções do Business Intelligence (BI) Unidade 1 - Conceito de Business Intelligence ..................................................................7 1.1 Origem do termo Business Intelligence .............................................................. 7 1.2 Evolução do conceito de BI ....................................................................................... 8 1.3 Componentes de BI .................................................................................................. 11 Unidade 2 - Aplicações do BI ................................................................................. 15 2.1 O BI como diferencial no mercado competitivo ................................................... 15 2.2 BI e os Níveis Organizacionais ................................................................................ 18 2.3 O BI na Administração Pública ................................................................................ 20 Referências bibliográficas .................................................................................... 23 Módulo 2 – Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP BI Unidade 1 - Histórico do SIOP BI .......................................................................... 25 1.1 Uma breve introdução ao orçamento público ...................................................... 25 1.2 A necessidade de acesso a dados orçamentários ................................................ 27 1.3 Relatórios pré-formatados X Autonomia do usuário ........................................... 31 Unidade 2 - Origem dos Dados ............................................................................. 35 2.1 SIOP: dados da programação orçamentária ......................................................... 35 2.2 SIAFI: dados da execução orçamentária ................................................................ 39 Referências bibliográficas .................................................................................... 42 Módulo 3 – Introdução ao SIOP 43 Unidade 1 - Sistema de Planejamento e Orçamento Federal (SIOP) ...............43 1.1 Sistemas Estruturadores da Administração Pública Federal .............................. 43 1.2 Sistema de Planejamento e Orçamento Federal .................................................. 45 1.3 Processo Orçamentário ........................................................................................... 47 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 - História do SIOP ................................................................................. 50 2.1 Sistemas de Apoio ao Processo Orçamentário ..................................................... 50 2.2 Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - SIOP .................................. 51 Unidade 3 - Elaboração de propostas no SIOP .................................................... 55 3.1 Momentos de uma proposta .................................................................................. 55 3.2 Tramitação entre momentos de uma proposta ................................................... 62 Unidade 4 - Módulos do SIOP ................................................................................ 66 4.1 Estrutura do SIOP ..................................................................................................... 66 4.2 Funcionalidades do Menu ....................................................................................... 68 Unidade 5 – Outros Recursos do SIOP ................................................................. 78 5.1 Painel do Orçamento ............................................................................................... 78 5.2 Orçamento Cidadão Digital ..................................................................................... 80 5.3 Cadastro de Ações .................................................................................................... 82 5.4 Dados Abertos .......................................................................................................... 86 5.5 Manuais do SIOP....................................................................................................... 88 Referências bibliográficas .................................................................................... 89 Módulo 4 – Consultas no Extrator do SIOP BI 91 Unidade 1 - Cubos do SIOP BI ................................................................................ 91 1.1 Organização em Cubos de Extração ...................................................................... 91 1.2 Cubos Disponíveis .................................................................................................... 93 Unidade 2 – Elaborando e Gerando Consultas ................................................... 95 2.1 Seleção dos campos e métricas da consulta......................................................... 95 2.2 Definição de filtros ................................................................................................... 97 2.3 Geração da consulta e exportação dos dados ...................................................... 98 Unidade 3 - Salvando e Compartilhando Consultas.........................................102 3.1 Salvando uma consulta .......................................................................................... 102 3.2 Compartilhando uma consulta com outros usuários do SIOP ......................... 103 Unidade 4 – Dicas e Dúvidas ............................................................................... 108 4.1 Ordem e consolidação dos registros ................................................................... 108 4.2 Pivotamento de Campos ....................................................................................... 113 4.3 Momentos somados .............................................................................................. 116 4.4 Métricas Incompatíveis .......................................................................................... 118 4.5 Filtros inadequados ................................................................................................ 121 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 5 – Outros recursos .............................................................................. 125 5.1 Atualização dos dados dos cubos ........................................................................ 125 5.2 Relatórios pré-formatados .................................................................................... 128 Referências bibliográficas .................................................................................. 132 Glossário ............................................................................................................... 133 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apresentação Desejamos boas-vindas ao Curso SIOP BI – Business Intelligence no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento. O conteúdo deste curso é estruturado em 04 módulos: • Módulo 1 – Noções do Business Intelligence (BI); • Módulo 2 - Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP BI; • Módulo 3 - Introdução ao SIOP; • Módulo 4 - Consultas no Extrator do SIOP BI. Bom estudo! 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração PúblicaMódulo 1 Noções do Business Intelligence (BI) Unidade 1 - Conceito de Business Intelligence Ao final da unidade, você deverá reconhecer a origem do conceito de Business Intelligence e a sua evolução. 1.1 Origem do termo Business Intelligence Existe um consenso entre especialistas em administração de empresas de que o uso adequado dos dados à disposição de uma instituição é um diferencial para um processo de tomada de decisão mais eficaz e para o alcance de melhores resultados. Em uma realidade de alta competitividade, ferramentas que tornem a análise de dados mais ágil e eficiente são vistas cada vez mais como essenciais. Entre as ferramentas mais populares nesse contexto estão o Business Intelligence, ou simplesmente BI, ou Inteligência de Negócios, em português. Mas o que seria uma ferramenta de BI? A primeira menção do termo Business Intelligence ocorreu no livro Cyclopaedia of Commercial and Business Anecdotes, de 1865, escrito por Richard Millar Devens. Nesta obra, o autor narra a história de um bancário que consegue lucros destacados a partir de informações obtidas antes de seus concorrentes, o que pode ser visto como a ideia primordial do BI. Posteriormente, em 1958, Hans Peter Luhn, pesquisador da IBM, propôs pela primeira vez um sistema de BI automatizado em seu artigo A Business Intelligence System. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 1 - Hans Peter Luhn Preocupado com as dificuldades de comunicação dentro das organizações, Luhn propôs o desenvolvimento de um sistema automático, baseado em máquinas de processamento de dados, que indexasse e codificasse documentos, tornando mais eficiente a recuperação e disseminação das informações. O sistema originalmente proposto por Luhn era baseado na microfilmagem de documentos, mapeando o processo de entrada, a disseminação, a recuperação e a saída de informações a partir de perguntas como “Quem precisa saber?”, “Quem sabe o quê?”, “O que é conhecido?”, etc. Porém, na época,o formato dos documentos e o estágio de desenvolvimento dos computadores mostraram-se fortes obstáculos para a implementação prática do modelo, e acabaram inviabilizando a proposta. 1.2 Evolução do conceito de BI Com a evolução dos computadores pessoais, o aumento da capacidade de processamento e o surgimento de sistemas robustos de armazenamento de dados, os sistemas de BI começaram a se desenvolver efetivamente a partir da década de 80. Disciplinas como administração de dados, modelagem de dados, engenharia da informação e análise de dados começaram a ter destaque no meio acadêmico. O termo Business Intelligence passou a ser utilizado se referindo ao processo de coleta, organização, análise, disseminação e monitoramento de dados. Confira no gráfico o aumento da capacidade de processamento. 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 2 - Aumento da capacidade de processamento Em 1965 o co-fundador da Intel Gordon Moore previu que o número de transistores em um chip dobraria a cada dois anos. Essa teoria ficou conhecida como Lei de Moore. Apesar de, como ilustra a figura, ter sido claramente confirmada por muitos anos, revolucionando a indústria da informática, alguns pesquisadores atuais entendem que ela já não funciona mais. Principalmente porque os sistemas atuais exigem menos recursos dos processadores, e o investimento necessário para a pesquisa de processadores ainda mais potentes tornou-se alto demais para ser considerado vantajoso para a maior parte das empresas do ramo. Embora o BI estivesse evoluindo, enfrentava desafios importantes, principalmente no que se refere ao cruzamento de dados oriundos de diferentes fontes. A criação dos Data Warehouse (DW), no início da década de 90, começou a simplificar o processo, um tópico que será abordado ainda neste módulo do curso. 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A partir dos anos 2000, o BI passou a ser reconhecido como uma ferramenta de integração entre bases de dados e outras ferramentas de análise de dados. A literatura trouxe uma série de formas para conceituar o BI, conforme demonstra a lista abaixo. Observe que nas definições de diversos autores, alguns termos são recorrentes: apoio à tomada de decisão, fácil acesso à informação, aplicações ou ferramentas, tecnologia. Figura 2.2 – Infográfico 1 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Gartner Group desempenhou um papel fundamental na evolução do conceito de BI como conhecemos hoje. Howner Dresner, um dos pesquisadores, definiu Business Intelligence como: Um termo guarda-chuva que inclui as aplicações, infraestrutura e ferramentas e as melhores práticas que permitem acesso e análise de informações para promover e otimizar decisões e performance. 1.3 Componentes de BI Para compreender melhor o funcionamento prático de um sistema de BI, é essencial entender alguns conceitos chaves. Alguns autores chamam esses conceitos de componentes de BI, pois muitas vezes eles podem ser considerados elementos de uma estrutura que viabiliza um sistema de Business Intelligence. Vamos conhecer os principais componentes de BI. Figura 3 - ETL O ETL (Extração, Tratamento e Carga) é o processo de coleta de dados brutos em bancos de dados transacionais ou outras fontes de dados, procedendo com sua limpeza, tratamento e classificação para carregamento em um data warehouse ou em um data mart. Pode ser considerado o passo inicial de um sistema de BI, o ETL é essencial quando o sistema lida com várias bases com grande volume de dados ou com formatos diferentes. 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 3.1 - Data Warehouse Um Data Warehouse (DW), traduzido como um “armazém de dados”, é um repositório de dados históricos, relacional e multidimensional, que atende a todas as áreas de uma organização. Uma vez carregados, esses dados não podem ser alterados por usuários, nem excluídos, e são indexados por temas. Figura 3.2 - Data Mart Um Data Mart (DM) é um repositório de dados reduzido se comparado ao Data Warehouse. Comumente projetado para atender às necessidades de uma área específica da organização. Algumas organizações optam por manter vários Data Marts ao invés de um Data Warehouse, por serem teoricamente mais simples de implementar e terem um custo reduzido. 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 3.3 – Estrutura de BI - Data Mining O Data Mining (Mineração de Dados) é uma ferramenta de análise de dados que busca extrair informações e conhecimentos de difícil visualização em sistemas comuns. A partir de processos como análise de agrupamento, detecção de associações e análises estatísticas, procura-se identificar padrões ou singularidades que permitam compreender melhor eventos passados ou inferir comportamentos futuros, riscos e oportunidades. Figura 3.4 – Estrutura de BI - OLAP OLAP (Processamento Analítico em Tempo Real) é um processo que possibilita gerar análises de alta complexidade e multidimensionais a partir de DWs ou DMs. Normalmente utilizam de ferramentas gráficas com interface amigável e interativa, possibilitando ao usuário final, mesmo leigo em tecnologia da informação, extrair dados e gerar painéis e planilhas com informações relevantes para o seu trabalho. 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública OLTP (Processamento Transacional em Tempo Real) é basicamente o mesmo conceito do OLAP, porém atuando sobre bases transacionais, ao invés de DWs ou DMs. A figura a seguir ajuda a entender como os dados fluem por meio de uma estrutura de BI. Clique nos ícones e visualize o resumo sobre os componentes do BI. Figura 3.5 – Estrutura de BI ➊ – Fonte de dados: ponto inicial do processo, onde os dados são coletados. Pode incluir bases de dados relacionais, planilhas, documentos estruturados, mídias diversas, ou seja, qualquer fonte de informação que possa ser lida por um sistema computacional. ➋ – ETL (Extração,Tratamento e Carga): responsável por extrair dados de fontes diferentes, transformá-los (processar e tratar) para um formato consistente e carregá-los em um repositório de dados ou data warehouse. ➌ – Data Warehouse/Data Mart: repositório centralizado que armazena dados de várias fontes, organizados de forma otimizada para consulta e análise. ➍ – Data mining (mineração de dados): busca extrair informações e conhecimentos de difícil visualização em sistemas comuns. Utiliza uma variedade de técnicas e algoritmos para identificar padrões, tendências e correlações nos dados, muitas vezes não óbvios à primeira vista. ➎ – OLAP (Processamento Analítico em Tempo Real): Utilizadas para analisar dados e descobrir padrões, tendências e insights a partir de ferramentas gráficas com interface amigável e interativa para o usuário. 15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 - Aplicações do BI Ao final da unidade, você reconhecerá as principais aplicações práticas de ferramentas de BI. 2.1 O BI como diferencial no mercado competitivo Business Intelligence (BI) pode ser conceituado como um processo que coleta dados brutos que podem ser convertidos em informações úteis para suportar a tomada de decisões dos gestores de uma organização. Um administrador experiente pode ter dificuldade de enxergar inovação nesta definição, uma vez que a tomada de decisões sempre se baseou em algum tipo de coleta de informações. A diferença que temos atualmente está no absurdo volume de dados existente e na velocidade de processamento desses dados que a evolução computacional permitiu. Isso fez com que as empresas tenham que tomar decisões cada vez mais importantes em espaços de tempo cada vez menores. Figura 4 – Análise de Dados É importante lembrar que, até pouco tempo, os dados circulavam com dificuldade no interior das organizações. As diversas áreas trocavam informações por meio de relatórios, muitas vezes, confeccionados manualmente, o que levava à possibilidade de erros e imprecisões. 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O surgimento dos ERP – Enterprise Resource Planning –, sistemas que consolidavam dados de várias áreas da empresa, incluindo pessoal, financeiro, vendas entre outras, estabelecendo padrões e procedimentos, pode ser considerado um passo importante na evolução do Business Intelligence. As empresas que conseguem promover uma gestão voltada a informações, controlada e orientada para o mercado, são capazes de oferecer com rapidez serviços e produtos personalizados para seus clientes. As ferramentas de BI, ao proporcionar ganhos nos processos decisórios gerenciais e de alta administração, permitem à empresa competir em um mercado mais dinâmico, definindo melhor seu posicionamento através da análise da concorrência, dos clientes e fornecedores, dos sinais de mercado, dos movimentos competitivos, do mapeamento de grupos estratégicos e do cenário em que atuam. Em um primeiro momento, o foco dos sistemas de BI estava na coleta, compilação, tratamento, indexação e disseminação de informações geradas no próprio ambiente das organizações. Esses sistemas eram caros e complexos, trabalhavam apenas com dados estruturados de ocorrências passadas, e necessitavam de parâmetros pré-definidos de pesquisa e análise. Figura 5 – Coleta de dados em tempo real Com a evolução das tecnologias e, em especial, com o advento da Inteligência Artificial, esse escopo se ampliou significativamente, de modo que passou a ser possível trabalhar com dados semiestruturados ou mesmo não estruturados, porém coletados em tempo real, interna e externamente à organização, com possibilidade de consultas livres e dinâmicas. 17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública E o mais surpreendente, utilizando sistemas mais simples e acessíveis. Se bem utilizada, uma boa ferramenta de Business Intelligence simplifica e torna mais ágeis várias atividades críticas para qualquer organização: • Mapear o perfil e os hábitos de seus clientes. • Controlar os riscos aos quais está exposta. • Identificar oportunidades de negócio. • Antecipar mudanças de mercado. • Analisar a concorrência. • Descobrir novos e potenciais competidores. • Identificar possíveis aquisições e parceiros. • Monitorar política e legislações que possam afetar o negócio. • Reduzir custos. • Ajustar o orçamento dinamicamente. • Corrigir os rumos equivocados. A utilização do BI, como apoio à gestão, possibilita a descentralização das informações e a autonomia operacional para os gestores, trazendo independência no momento da tomada de decisão e liberdade para efetuar suas análises técnicas, avaliar relatórios e propor estratégias de negócios. Segundo Araújo (2012) projetos que sem a utilização de BI consumiam 90% do tempo na preparação de relatórios, com a utilização do BI este tempo reduziu para 10%, ocasionando em um ganho considerável na capacidade de análise. Em pesquisa sobre a utilização do BI como diferencial competitivo, Biazotto e Pinto (2022) constataram que a utilização das ferramentas de BI melhora consideravelmente o desempenho das empresas, apesar de que não se pode afirmar que elas por si só melhoram os resultados, pois exigem conhecimento e investimento em treinamento por parte das pessoas envolvidas. Contudo, é possível dizer que as informações são um recurso essencial diante da competitividade do mercado e o uso das ferramentas de BI contribui de forma inexorável para o melhor funcionamento da organização como um todo, reunindo todas as áreas em prol dos objetivos definidos pela administração, trazendo informações confiáveis e em tempo real, permitindo, assim, uma tomada de decisão precisa, adequada e assertiva. É importante lembrar a mensagem de Richard Millar Devens em seu livro de 1865, quando o autor relatou o caso do bancário que teve acesso a informações críticas ANTES de seus concorrentes, e assim obteve melhores resultados. Essa lógica continua válida, só mudaram as ferramentas para acesso a informações críticas. 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Big Data é um conceito que surgiu com o crescimento da internet e das redes sociais. A interação de milhões de usuários do mundo inteiro gerou uma quantidade gigantesca de dados globais estruturados e não estruturados, que crescem de maneira exponencial e ininterrupta. Empresas que saibam explorar este universo de informações, conseguindo identificar aquelas de maior relevância para o seu ramo de negócio, podem obter um grande diferencial em relação a seus competidores. 2.2 BI e os Níveis Organizacionais Ao planejar a implantação de uma ferramenta de BI para suporte à decisão, é fundamental conhecer a fundo os objetivos almejados. Assim é possível implantar um modelo de ferramenta adequado ao nível organizacional desses objetivos. Figura 6 - BI para suporte à decisão Hoje podemos dividir as organizações em três camadas: estratégica, tática e operacional. As primeiras ferramentas de BI foram desenvolvidas com foco no processo de tomada de decisões na camada gerencial das organizações. Assim, podemos falar que essas ferramentas atuavam nos níveis estratégico e tático, algumas vezes, chamadas de ferramentas de BI “tradicional”. Contudo, com o aumento crescente da competitividade, as empresas começaram a adotar o BI também na camada operacional. 19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na camada operacional, a tecnologia é utilizada como ferramenta de controle. Deve-se controlar com exatidão, segurança e agilidade assuntos como manufatura, emissão de notas fiscais, entregas de produtos, contas a pagar e a receber, transações bancárias, entre outros. Com o passar do tempo, o banco de dados passou a assumir um aspecto de “base de conhecimento”, pois toda experiência adquirida a respeito dos hábitos dos clientes, como rentabilidade, eficiência de transportadoras e ciclos de pagamentos e recebimentos, passaram a fazerparte do capital da empresa. Na camada tática, ou gerencial, a tecnologia tem a missão de viabilizar a tomada de decisões num estágio intermediário entre a camada estruturada e a camada sem estrutura. Nessa camada, a gerência não trabalha mais com dados, mas sim com informação, atuando como agente controlador da operação, garantindo que os dados operacionais sejam gerados constantemente, e como agente fornecedor de informação para a direção (camada estratégica) da organização. No topo da hierarquia, a camada estratégica, ou seja, a direção da organização, tem funções destinadas basicamente à evolução do negócio. Sua função consiste em criar processos que serão executados pela operação e controlados pela gerência. Com a cadeia produtiva em perfeito funcionamento, a direção não trabalhará mais com dados, tampouco com informação, mas sim com conhecimento, e suas ações serão direcionadas para a eficácia. Podemos resumir a atuação do BI em cada camada por meio da tabela a seguir. Característica BI Estratégica BI Tática BI Operacional Foco principal do negócio Atingir metas empresariais de longo prazo. Analisar dados e entregar relatórios. Administrar operações do dia a dia. Principais usuários Executivos, analistas. Executivos, analistas, gerentes de setor. Gerentes de setor. Objetivo das métricas Acompanhar e entender como a estratégia está progredindo e planejar ajustes. Acompanhar e entender como as ações do nível tático estão progredindo e planejar ajustes. Acompanhar o desempenho dos processos de negócio. Prazo Mensal, trimestral, anual. Diário, semanal, mensal. Imediatamente, no decorrer do dia. Tipos de dados ou usos Histórico, preditivo. Histórico, preditivo. Em tempo real ou quase em tempo real. Quadro - Atuação do BI 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.3 O BI na Administração Pública A importância do monitoramento de políticas públicas na administração pública tem crescido significativamente. Para além de ser simplesmente uma forma de diagnosticar a situação em que se encontra determinada política pública, o processo de monitoramento vem sendo considerado um dos principais mecanismos de modelagem da ação governamental. Figura 7 – Business Intelligence na Administração Pública Rua (2009) conceitua monitoramento das políticas públicas como uma atividade contínua de interferência na implementação de uma política, programa ou projeto governamental em que se busca examinar atividades, processos, produtos (preliminares, intermediários e finais), efeitos ou impactos de uma intervenção, com a finalidade de aperfeiçoar a sua gestão, de modo a ganhar eficácia, eficiência e efetividade. O acompanhamento contínuo de políticas públicas e a realização de estudos específicos são procedimentos relativamente novos no Brasil e, devido a isso, ainda não se encontram institucionalizados de forma adequada pelo setor público. A tecnologia de Bussiness Intelligence (BI) surge então como um ativo que sustenta o monitoramento, pois além de permear ambientes de difícil análise, consegue captar dados para comparação e avaliação das ações do poder público. Viana (1996) propõe que o ciclo de formação das políticas públicas passe por quatro fases, conforme a figura: 21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 8 - Ciclo de formação das políticas públicas É especialmente na fase de avaliação de políticas públicas que o BI consegue se posicionar como instrumento capaz de trazer benefícios diferenciados. Franco, Oliveira e Ávila (2018) fizeram uma pesquisa que traçou um panorama das experiências de BI no Setor Público Brasileiro, a partir de artigos publicados entre 2004 e 2015, revelou-se que aplicações de BI foram utilizadas em áreas diversas, como fiscal, educacional, saúde, segurança, custos, entre outros. Veja alguns exemplos no quadro abaixo. Órgão / Ente Federativo Área Foco da Iniciativa com BI Prefeitura Municipal de Curitiba Saúde Análise on-line das bases de dados das unidades e postos de saúde. Secretaria de Estado de Administração do Estado do Mato Grosso Gestão Geração de informações de cunho gerencial em tempo hábil, de forma confiável e totalmente automatizado. Governo do Estado do Rio de Janeiro Saneamento e Transporte Apoio ao planejamento estratégico da CEDAE e do DETRAN-RJ, com apoio à tomada de decisões e controle dos gastos públicos. Governo do Estado de Minas Gerais Logística Consolidação dos dados de todas as áreas de gestão de suprimentos em um único ambiente virtual. Tribunal de Contas da Bahia Auditoria Integração de diversos sistemas corporativos, viabilizando os cruzamentos de dados e a análise de informações. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Órgão / Ente Federativo Área Foco da Iniciativa com BI Secretaria de Estado da Educação e Inovação de Santa Catarina Educação Extração do conhecimento nas bases de dados governamentais na definição das estratégias de capacitação docente. Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal Saúde Implantação do Núcleo de Inteligência e Estratégia em Saúde, processo de informatização das informações gerenciais, que antes eram acessadas somente de forma manual. Quadro – Aplicação do BI Apesar dos exemplos, os pesquisadores consideraram incipiente a a quantidade de estudos sobre a utilização de BI no setor público, ao menos no período analisado. Porém, observaram uma elevação progressiva de publicações ao longo do tempo, o que sinaliza uma evolução gradual da utilização do BI no setor público. Figura 9 - BI no setor público Em especial, a partir da publicação do Decreto nº 10.332/2020, que instituiu a Política de Governança Digital no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e do Decreto nº 10.046/2019, que dispõe sobre o compartilhamento de bases de dados na administração pública federal. Cria-se, assim, a expectativa de que tais regulamentações provoquem um reordenamento crescente no aparelho governamental de modo que as tecnologias de informação sejam mais fomentadas. Os casos analisados permitiram verificar que o BI possibilitou aos gestores o levantamento de informações tempestivas, com integração de diferentes fontes de dados, o que ocasionou uma análise mais crítica das informações geradas, tendo https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/d10332.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10046.htm 23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública como consequência maior qualidade no processo decisório. Assim, sugere-se que as tecnologias de BI têm condições de assumir uma parceria duradoura e estratégica com o setor público no monitoramento de políticas públicas. Além disso, os estudos encontrados na pesquisa demonstram que o BI tem condições de ser aplicado em qualquer esfera governamental, auxiliando as instituições no incremento da eficiência e melhorando as suas práticas de gestão. Referências bibliográficas ARAUJO, A. A.P. 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De maneira resumida, podemos definir o orçamento de uma instituição como um plano elaborado para estimar as receitas em um determinado período, e então especificar as despesas prioritárias a serem realizadas com os recursos financeiros oriundos das receitas. No caso da administração pública, planejamento orçamentário é uma questão legal. O Art. 165 da Constituição Federal de 1988 determina que o Poder Executivo deve tomar a iniciativa de estabelecer leis para o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual da União. Módulo 2 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 10 - Orçamento Público Assim, o orçamento público é o instrumento de planejamento que detalha a previsão dos recursos a serem arrecadados, como impostos, taxas e outras receitas estimadas, além da destinação desses recursos, ou seja, em quais despesas esses recursos serão utilizados a cada ano. Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça fundamental para o equilíbrio das contas públicas e indica as prioridades do Governo para a sociedade. Anualmente, a União, os estados e os municípios elaboram seus orçamentos. No Orçamento da União, estão os valores que o Governo Federal planeja gastar com o seu funcionamento e na execução das políticas públicas, incluindo saúde, educação e segurança. Dessa forma, somente as despesas previstas nesse orçamento podem ser executadas. Conheça melhor as leis que suportam a gestão orçamentária da União no nível federal: + Lei de Diretrizes Orçamentárias — LDO Tem o papel de orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual. Inclui metas e prioridades para a administração pública no ano, estabelece diretrizes e metas de política fiscal, entre outros assuntos. + Lei Orçamentária Anual — LOA Apresenta a programação dos gastos governamentais, bem como a previsão das receitas para custear esses gastos. 27Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública + Plano Plurianual – PPA É o instrumento de planejamento orçamentário de médio prazo do Governo Federal. Com vigência de quatro anos, ele define as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal, contemplando as despesas de capital (como, por exemplo, os investimentos) e outras delas decorrentes, além daquelas relativas aos programas de duração continuada. Figura 11 - Leis Orçamentárias 1.2 A necessidade de acesso a dados orçamentários Todo o processo de planejamento e elaboração das leis que suportam os processos orçamentários da União é essencial, mas só após sancionadas, quando entram em execução, que a gestão orçamentária se torna mais crítica e relevante. Todo órgão que compõe a União precisa realizar um acompanhamento rígido do orçamento público, ou da parcela do orçamento público que lhe é atribuída , para efetivar suas ações orçamentárias. Isso é essencial para atingir suas metas e objetivos, cumprindo assim sua agenda institucional para a sociedade. No caso da esfera federal da Administração Pública, a gestão orçamentária utiliza como principal ferramenta o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - SIOP. O SIOP é um sistema estruturante totalmente desenvolvido, hospedado e evoluído por servidores da carreira de Planejamento e Orçamento lotados na Secretaria de Orçamento Federal – SOF, o órgão central do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal — SIPOF. É no SIOP que são elaborados os projetos para as três leis que suportam os processos orçamentários da União no nível federal, com participação dos Órgãos Setoriais de Orçamento e das Unidades Orçamentárias dos três poderes. http://www1.siop.planejamento.gov.br/acessopublico/?pp=acessopublico&rvn=1http://www1.siop.planejamento.gov.br/acessopublico/?pp=acessopublico&rvn=1 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apesar de estados e municípios utilizarem instrumentos legais semelhantes aos da esfera federal, com destaque para Leis Orçamentárias Anuais em suas respectivas esferas administrativas, o SIOP não está preparado para atender às características específicas de cada ente federativo. Assim, o SIOP não pode ser utilizado nas esferas estaduais e municipais. Figura 12 - Tela de acesso ao SIOP A SOF como Órgão Central do Sistema de Planejamento e Orçamento A Lei n. 10.180/2001, que organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e Orçamento Federal, entre outras providências, define em seu Art. 3º que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (Ministério do Planejamento e Orçamento em 2023) integra o Sistema de Planejamento e Orçamento Federal (SIPOF) como órgão central. O Art. 2º desta mesma lei declara que o Sistema de Planejamento e Orçamento Federal tem, como uma de suas finalidades, formular o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais, e gerenciar o processo de planejamento e orçamento federal. Já o Decreto n. 11.398/2023, em seu Art. 20, estabelece que é competência da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) coordenar e gerir o Sistema de Planejamento e Orçamento Federal, envolvendo a orientação, a coordenação e a supervisão técnica dos órgãos setoriais de orçamento. Em resumo, a SOF atua como órgão central do SIPOF, e, por isso, é responsável pela gestão dos principais processos orçamentários. 29Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os projetos de lei elaborados no SIOP são encaminhados para o Poder Legislativo, que avalia, propõe alterações (as emendas parlamentares) e retorna os chamados “autógrafos” das leis, para eventuais vetos e sanção da Presidência da República, publicação e carregamento no SIOP. A partir deste momento, todo movimento orçamentário da União precisa estar previsto nas leis vigentes. Porém, é importante destacar que a Lei Orçamentária Anual não se mantém estática no decorrer do exercício de execução. As prioridades e objetivos do Governo Federal e dos órgãos que compõem a União podem mudar, o que dá origem às alterações orçamentárias, mudanças nas programações previstas originalmente na LOA. Todos os pedidos de alterações orçamentárias são registrados, avaliados, aprovados (ou não) e efetivados (caso aprovados) também no SIOP. Dependendo da natureza da alteração, podem ser necessários novos projetos de lei, como os créditos suplementares que exigem autorização legislativa, conforme determinado no texto da própria LOA Esses projetos também precisam de aprovação do Poder Legislativo, que tem a prerrogativa de propor emendas. Uma vez aprovados, tais ajustes são efetivados no SIOP e passam a integrar o orçamento vigente. Portanto, os gestores de orçamento dos órgãos federais devem acessar regularmente o SIOP no decorrer do exercício tanto para gerar informação, como ao solicitar um pedido de alteração orçamentária, quanto para consultar os dados orçamentários atualizados e monitorar as programações orçamentárias sob sua administração. Figura 12.1 - Dicas importantes 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Como acontece em todo sistema informatizado, o SIOP recebe dados, processa- os com suas regras de negócio e gera novos dados, apresentando vários níveis de consolidação e indexação. O maior interesse dos gestores de orçamento dos Órgãos Setoriais está na consulta aos dados orçamentários vigentes, como destacado na figura a seguir. Figura 13 - Consulta aos Dados Orçamentários O SIOP não é o único sistema disponível que permite o acompanhamento orçamentário pelas unidades orçamentárias dos órgãos da União. Dentre outras opções, pode-se destacar o Tesouro Gerencial, gerido pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda — STN/MF e o Portal da Transparência, gerido pela Controladoria-Geral da União — CGU. Cada uma dessas opções traz diferentes níveis de detalhamento das informações e diferentes modos de visualização dos dados, ficando a cargo do servidor público da área de orçamento a escolha da ferramenta que melhor atende às suas necessidades. 31Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 13.1 - Sistemas disponíveis 1.3 Relatórios pré-formatados X Autonomia do usuário Todo sistema informatizado deve fornecer acesso a seus dados aos usuários, e há várias formas diferentes de disponibilizá-los. Nas versões iniciais do SIOP, a forma mais comum de disponibilizar os dados orçamentários vigentes era por meio de relatórios pré-formatados. Ou seja, a partir de uma interface rígida que apresentava parâmetros para filtragem das informações requeridas, o sistema gera relatórios com formatação igualmente rígida, com campos pré-determinados no resultado e em formatos, muitas vezes, de difícil manipulação posterior, como arquivos PDF, MS Word DOC ou mesmo MS Excel XLS, mas com baixíssimo grau de flexibilidade. No exemplo a seguir, vemos uma interface que apresenta todas as opções disponíveis para a geração do “Espelho” de uma alteração orçamentária, um relatório pré- formatado que resume as informações sobre uma alteração orçamentária. Esse é um relatório comumente utilizado para validar a tramitação de uma alteração junto aos gestores de um órgão setorial. 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 14 - Geração do “Espelho” Após o usuário clicar no botão “Gerar Espelho”, o SIOP processa os dados da base referentes à alteração orçamentária em que o usuário está trabalhando, selecionando e filtrando estes dados conforme as escolhas do usuário na interface de configuração, além disso gera um arquivo de formato PDF, com informações em padrões de formatação determinados previamente como os apresentados abaixo. Figura 15 - Quadro de detalhamento da despesa 33Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 16 – Quadro resumo dos pedidos Apesar das informações estarem atualizadas, e o formato do documento gerado ser considerado adequado em algumas situações, podemos apontar alguns problemas práticos de soluções como a apresentada, veja: 1. A interface para configurar os dados a serem apresentados no relatório foi desenvolvida especificamente para este relatório, e não pode ser reaproveitada. Outro relatório do sistema exigiria o desenvolvimento de uma nova interface, com as particularidades decorrentes das regras de negócio deste outro relatório. 2. O usuário precisa ter conhecimento aprofundado do tema em que está trabalhando para gerar o relatório de maneira correta, com perfeito entendimento do que significa cada parâmetro disponível. 3. O usuário tem pouca flexibilidade para incluir parâmetros ou filtros que a interface não apresenta. Ele precisaria registrar um pedido de inclusão junto à equipe de desenvolvimento do sistema, que precisará avaliar e validar com a área responsável pelo processo orçamentário sobre a pertinência do pedido, que precisará entrar em uma fila de priorização até que finalmente a inclusão seja desenvolvida, testada e implantada. 4. Da mesma forma que no item 3, o usuário também não possui flexibilidade para definir a formatação do relatório resultante, como inclusão ou exclusão de informações no relatório, alteração de tamanho de fonte, mudança de cores, inclusão de observações ou apresentação dos dados em forma de gráficos. Qualquer melhoria desse tipo requer alteração do código do sistema e precisará passar por todo o ciclo de vida de software citado no item 3. 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Discussões sobre melhorias no SIOP com seus usuários revelaram que a maioria preferiria uma solução com maior flexibilidade. A preocupação com formatação do resultado era secundária; muitos usuários desejam ter acesso aos dados em formato mais bruto, para depoistrabalhar o formato da apresentação para outras partes (quando necessário). O mais importante para eles seria obter a maior flexibilidade possível para definir os campos a serem apresentados no resultado, os filtros e os formatos para acessar aos resultados. Em resumo, existia uma demanda significativa por uma solução focada na autonomia do usuário. Baseada em relatos recorrentes desse tipo, a equipe de desenvolvimento do SIOP iniciou o desenvolvimento da solução de Business Intelligence do SIOP, o SIOP BI. 35Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 - Origem dos Dados Ao final da unidade, você deverá reconhecer as fontes dos dados que compõem a base de dados do SIOP BI. 2.1 SIOP: dados da programação orçamentária Uma das características diferenciadas de um sistema de Business Intelligence é a possibilidade de cruzar dados de diferentes fontes, em diferentes formatos, gerando uma base de dados consolidada. No caso do SIOP BI, a maioria dos dados tem origem no próprio SIOP, a partir dos dados inseridos pelos usuários de órgãos setoriais, unidades orçamentárias e da própria Secretaria de Orçamento Federal (SOF). Alguns dados mais específicos, com destaque para as informações de precatórios federais e os autógrafos das leis aprovadas no Congresso Nacional, hoje são enviados ao SIOP de maneira automatizada pelos órgãos responsáveis, sendo integrados às suas bases de dados. Figura 17 - Integração com o SIOP. 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os vários processos orçamentários geridos no SIOP, como a elaboração do PLOA, as estimativas de receita, as alterações orçamentárias em tramitação ou já efetivadas, a gestão das emendas parlamentares individuais, entre outros, geram os dados de referência consolidados nas suas bases de dados. Como uma das principais consequências desses processos, o SIOP é o sistema responsável pela consolidação dos dados atualizados sobre as previsões das receitas orçamentárias e as programações orçamentárias da despesa na esfera federal. Daremos maior destaque à gestão das programações orçamentárias da despesa, alvo principal do SIOP BI. O que é a programação orçamentária? A programação orçamentária da despesa responde às perguntas clássicas que caracterizam o ato de orçar, sendo dividido em dois blocos de classificação: qualitativa e quantitativa. O quadro a seguir apresenta os itens que compõem a estrutura da classificação qualitativa da programação orçamentária juntamente com as perguntas correspondentes que cada item busca responder. Item da Estrutura Pergunta que responde Esfera Orçamentária Em qual Orçamento (fiscal, da seguridade social, ou do investimento das estatais)? Órgão Unidade Orçamentária Quem é o responsável por fazer? Função Subfunção Em que áreas da despesa a ação governamental será realizada? Programa O que se pretende alcançar com a implementação da Política Pública? Ação O que será desenvolvido para alcançar o objetivo do programa? Subtítulo (ou Localizador) Onde é feito, onde está o beneficiário do gasto? Quadro – Itens da programação orçamentária qualitativa 37Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O segundo quadro mostra os itens que compõem a estrutura da classificação quantitativa da programação orçamentária, juntamente com as perguntas correspondentes que cada item busca responder. Item da Estrutura Pergunta que responde Categoria Econômica da Despesa Qual o efeito econômico da realização da despesa? Grupo de Natureza de Despesa (GND) Em qual classe de gasto (investimento ou custeio) será realizada a despesa? Modalidade de Aplicação De que forma serão aplicados os recursos? Elemento de Despesa Quais os insumos que se pretende utilizar ou adquirir? Identificador de Uso (IDUSO) Os recursos são destinados para contrapartida? Fonte de Recursos De onde virão os recursos para realizar a despesa? Identificador de Doação e de Operação de Crédito (IDOC) A que operação de crédito ou doação os recursos se relacionam? Identificador de Resultado Primário Qual o efeito da despesa sobre o Resultado Primário da União? Dotação Qual o montante alocado? Quadro – Itens da programação orçamentária quantitativa Como exemplo, considere o quadro a seguir, referente à programação 10.39.252.26.782.2075.7M64.0043 (classificação qualitativa), no financeiro 9999.0.100.4490.2 (classificação quantitativa). A dotação seria o valor atribuído a esta programação, em reais. 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 18 - Classificação qualitativa Enquanto o PLOA e o autógrafo da LOA propõem as programações orçamentárias para um exercício a ser iniciado, as alterações orçamentárias propõem mudanças nos itens das programações, tanto qualitativa quanto quantitativamente no decorrer de um exercício. Os gestores de orçamento dos órgãos da União precisam de constante acompanhamento sobre a situação das programações e têm no SIOP a origem dessas informações. Porém, para um acompanhamento efetivo do orçamento, os gestores precisam, monitorar não apenas as programações orçamentárias vigentes, mas também o grau de execução do orçamento, uma função que está além das capacidades do SIOP. Nesse caso, é necessário recorrer a outro importante sistema da Administração Federal: o SIAFI. 39Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.2 SIAFI: dados da execução orçamentária O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) é o principal instrumento utilizado para registro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal. O SIAFI é gerido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Ministério da Fazenda, e desenvolvido, hospedado e evoluído pelo Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO. Figura 19 - SIAFI Em resumo, é no SIAFI que os gestores de orçamento da União realizam a execução orçamentária e o gasto efetivo da despesa pública. A Lei n. 4320, de 17 de março de 1964, que estabelece Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, define três etapas para a execução orçamentária: • O empenho: reserva do recurso financeiro pelo gestor de orçamento, visando um pagamento futuro caso o bem a ser adquirido for entregue ou o serviço a ser contratado concluído. Isso ajuda o governo a organizar os gastos pelas suas diferentes áreas, evitando que se gaste mais do que o planejado, ou que despesas previstas sejam preteridas em relação a outras de menor prioridade. • A liquidação: confirmação de que o governo recebeu aquilo que comprou ou contratou. Ou seja, quando se confere que o bem foi entregue corretamente ou que o serviço foi prestado como acordado, como a etapa de uma obra. • O pagamento: etapa final da execução, quando o governo repassa o recurso financeiro ao vendedor ou prestador de serviço contratado, se estiver tudo certo com as fases anteriores. É evidente que o gestor de um órgão da União precisa ter dados atualizados sobre o estado da execução orçamentária. Na verdade, não apenas o gestor, mas o próprio SIOP precisa ter constante acompanhamento da situação da execução orçamentária. Imagine se um gestor de orçamento de um órgão resolve criar uma alteração orçamentária em uma programação que já foi integralmente executada? Obviamente não se pode alterar uma programação que já foi utilizada. Da mesma forma, o SIAFI também precisa estar atualizado sobre a situação das programações orçamentárias geridas no SIOP. Em uma situação contrária à colocada no parágrafo anterior, imagine se um gestor resolva empenhar uma programação que sofreu uma alteração orçamentária e não possui mais dotação? Assim, deve ficar claro que SIOP e SIAFI são sistemas que dependem um do outro, e https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/siafi https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/siafi 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública precisam trocardados constantemente. O SIOP envia ao SIAFI as informações sobre a situação das programações orçamentárias, e o SIAFI envia ao SIOP a situação da execução orçamentária. O desenho a seguir resume a integração entre os sistemas. Figura 20 - Integração entre sistemas Após a publicação do PLOA e a sanção da LOA, o SIOP envia arquivos ao SIAFI contendo todos os cadastros dos itens qualitativos e as programações orçamentárias vigentes. Com o exercício em andamento, cada alteração orçamentária efetivada no SIOP gera um arquivo com os detalhes da mudança que é enviado ao SIAFI em até uma hora. Em contrapartida, em toda madrugada o SIAFI envia ao SIOP um arquivo com toda a execução do exercício, atualizado até o último dia em que houve alguma movimentação. Figura 20.1 - integração e prazo Uma consequência importante deste modo de integração é que as execuções orçamentárias realizadas no SIAFI, como empenhos e pagamentos, só poderão ser visualizadas no SIOP BI no dia seguinte à sua realização. Assim, os dois sistemas trabalham como parceiros para manter os dados orçamentários atualizados em ambos os sistemas. 41Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Uma curiosidade! Apesar de hoje a integração entre os sistemas ser operacionalizada por meio da transmissão automática de arquivos por conexão entre as redes da SOF (Secretaria de Orçamento Federal) e do SERPRO, é comum que os servidores se refiram a esses arquivos como “fitas”. Esse termo vem do antigo processo de integração entre o SIAFI e o SIDOR (antecessor do SIOP), em que a troca de informações se dava por meio de fitas de gravação em rolo, que eram levadas de um datacenter para o outro por um serviço de entrega em motocicleta. Como exemplo, a fita com a execução orçamentária diária do SIAFI, que deveria ser carregada no SIDOR, vinha com o nome “PARASOF” escrito por fora, indicando que deveria ser levada “para a SOF”, ou seja, para a Secretaria de Orçamento Federal. Até hoje o arquivo digital que substituiu esta fita física é chamado de “fita PARASOF”. E finalmente conseguimos reunir todos os dados necessários para viabilizar a implementação do SIOP BI. Os dados presentes na base de dados do SIOP, que incluem tanto os de origem no próprio SIOP quanto os originados no SIAFI ou outros sistemas integrados, são extraídos, consolidados e indexados pelo menos uma vez ao dia, por meio de um processo de ETL (Extração, Tratamento e Carga), alimentando um data mart com todos os dados úteis para análise orçamentária. A interface do SIOP BI, por meio da qual os usuários do SIOP extraem esses dados, pode ser considerada um tipo de solução OLAP (Processamento Analítico em Tempo Real). Figura 21 - Solução OLAP 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Referências bibliográficas BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília–DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 02 ago. 2023. BRASIL. Controladoria-Geral da União. Portal da Transparência: Execução da despesa pública. 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Papel dos órgãos de um Sistema Estruturador Figura 22 - Órgãos centrais e Órgãos setoriais Módulo 3 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Vários dos processos executados nos sistemas estruturadores são centralizados em soluções tecnológicas (softwares), conhecidos como sistemas estruturantes. Como é comum confundir os dois conceitos, vamos destacar a diferença: Sistemas Estruturadores Organizações institucionais criadas para organizar determinadas atividades da administração pública, como gestão de pessoas, planejamento e orçamento ou serviços gerais. Sistemas Estruturantes Sistemas de informação (plataformas tecnológicas) por meio dos quais muitos dos processos de cada sistema estruturador são executados. Seguem alguns exemplos de sistemas estruturadores da Administração Pública Federal. + Sistema de Organização e Inovação institucional do Governo Federal – SIORG Organiza as atividades de desenvolvimento organizacional dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. É a fonte oficial de informações sobre a estrutura organizacional das instituiçõesdo Poder Executivo Federal. + Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – Sipec Organiza as atividades de administração de pessoal civil do Poder Executivo Federal da administração direta e das autarquias. + Sistema de Serviços Gerais – SISG Organiza as atividades de administração de edifícios públicos e imóveis residenciais, bens, serviços, transporte, comunicações administrativas e documentação. A função logística é apoiada por diferentes sistemas, que são gerenciados por órgãos distintos. + Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação - SISP Organiza a gestão dos recursos de tecnologia da informação (bens e serviços que compõem a infraestrutura tecnológica de suporte automatizado ao ciclo da informação). + Sistema de Administração Financeira Federal Organiza as atividades de programação financeira da União, de administração de direitos e haveres, garantias e obrigações de responsabilidade do Tesouro 45Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Nacional e de orientação técnico-normativa sobre a execução orçamentária e financeira. + Sistema de Controle Interno do Poder Executivo federal – SCI Permite avaliar a ação do governo e a gestão dos administradores públicos federais. + Sistema de Planejamento e Orçamento Federal – SIPOF Organiza o conjunto de atividades ligadas ao processo de planejamento e orçamento federal na Administração Pública Federal. No caso do nosso interesse, o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP) é o sistema estruturante que suporta os processos do Sistema Estruturador de Planejamento e Orçamento Federal (SIPOF). 1.2 Sistema de Planejamento e Orçamento Federal A Lei 10.180/2001, em seu Art. 3º, define o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão como órgão central do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal (SIPOF). O Decreto n. 11.398/2023 atualiza a designação de órgão central, especificando que cabe à Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento (SOF/MPO) coordenar e gerir o SIPOF, envolvendo a orientação, a coordenação e a supervisão técnica dos órgãos setoriais de orçamento. Apesar de formalmente a SOF (Secretaria de Orçamento Federal) estar designada como órgão central do SIPOF, na prática ela divide esta tarefa com outras duas secretarias: 1 - A Secretaria Nacional de Planejamento (SEPLAN), que gerencia os subprocessos relacionados ao planejamento de médio prazo, concretizado no Plano Plurianual – PPA. 2 - A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), que gerencia o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais. Os órgãos setoriais do SIPOF são as unidades de planejamento e orçamento dos Ministérios, da Advocacia-Geral da União, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidência da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/D11398.htm%5b 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os órgãos seccionais são aqueles vinculados ou subordinados ao órgão central do Sistema, cuja missão está voltada para as atividades de planejamento e orçamento. Sem prejuízo das competências constitucionais e legais de outros Poderes, as unidades responsáveis pelos seus orçamentos ficam sujeitas à orientação normativa do órgão central do Sistema. Estão incluídas aqui as unidades responsáveis pelos orçamentos da Câmara dos Deputados, Senado Federal, Tribunal de Contas da União, Supremo Tribunal Federal etc. Na prática, essas unidades são tratadas na estrutura do SIPOF de maneira equivalente aos órgãos setoriais. As Unidades Orçamentárias (UOs), apesar de não integrarem formalmente o SIPOF, já que não são citadas na Lei n. 10.180/2001, estão sujeitas à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão central. Além disso, devem seguir as diretrizes do órgão setorial ao qual estão vinculadas. Elas desempenham o papel de coordenação do processo de elaboração da proposta orçamentária no seu âmbito de atuação, integrando e articulando o trabalho das suas unidades administrativas, tendo em vista a consistência da programação de sua unidade. São exemplos de unidades orçamentárias as agências reguladoras, os institutos, as universidades, o Banco Central do Brasil, entre outros. Embora o SIPOF tenha como uma de suas finalidades promover a articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, visando a compatibilização de normas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital e municipal, apenas os órgãos da esfera federal estão sujeitos à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão central do SIPOF. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm 47Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 23 – Sistema de Planejamento de Orçamento Federal - SIPOF 1.3 Processo Orçamentário Dentre as finalidades do Sistema de Planejamento e Orçamento (SIPOF) que a Lei n. 10.180/2001 estabelece em seu Art. 2º, destacamos: • formular o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais; • gerenciar o processo de planejamento e orçamento federal. Já o art. 3º estabelece que o SIPOF compreende as atividades de elaboração, acompanhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos, e a realização de estudos e pesquisas socioeconômicas. Para organizar a estrutura do próprio órgão central e tornar mais claro o trabalho de todo o SIPOF, o processo orçamentário é traduzido, na prática, em subprocessos, operacionalizando cada finalidade ou atribuição do sistema. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Assim, são definidos subprocessos como: • Elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual • Elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias • Elaboração do Projeto de Lei do Plano Plurianual • Alterações Orçamentárias • Estimativas de Receita • Acompanhamento Orçamentário • Monitoramento do PPA • Gestão das Emendas Parlamentares Individuais • Acompanhamento da Execução das Empresas Estatais A figura abaixo ajuda a compreender como alguns destes subprocessos se organizam na linha do tempo para configurar o processo orçamentário de um exercício. Figura 24 - Processo orçamentário de um exercício. 1. O processo orçamentário de um exercício tem seu início com a elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, que deve ser encaminhado pelo Poder Executivo para apreciação do Poder Legislativo até o dia 15 de abril do exercício anterior, conforme determinado na Constituição Federal de 1988. 2. A estimativa de receita para o próximo exercício serve de referência para a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual que, também seguindo orientação da Constituição Federal de 1988, deve ser encaminhado pelo Poder Executivo para apreciação do Poder Legislativo até o dia 31 de agosto do exercício anterior. 3. Uma vez que o Poder Legislativo devolve o autógrafo da Lei Orçamentária Anual ao Poder Executivo, e a Presidência da República sanciona a Lei, é iniciada a execução do orçamento, quando passam a ser propostas alterações orçamentárias, e inicia a gestão das emendas parlamentares individuais. 49Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 4. Ao fim do primeiro semestre do exercício, é realizado o primeiro ciclo do acompanhamento orçamentário, onde é avaliado o nível e a qualidade da execução física do orçamento até então, podendo ser propostas mudanças de rumo caso necessário. 5. Ao fim do exercício, é realizado o segundo ciclo do acompanhamento orçamentário, visando avaliar a qualidade do gasto e identificar oportunidades de melhorias para o processo orçamentário nos próximos exercícios. Alguns destes subprocessos são especialmente complexos, e requerem mais um nível de divisões em áreas que simplifiquem a sua operacionalização.Por exemplo, o subprocesso de Elaboração do PLOA é organizado nos seguintes temas: • Elaboração da Proposta Qualitativa • Elaboração da Proposta Quantitativa • Especificação de Limites de Dotação • Projetos de Investimento • Descentralização de Precatórios • Cadastro de Operações de Crédito • Informações Complementares • Formalização Fica evidente que se trata de um processo de grande complexidade. São muitas camadas, imenso volume de informações, com origem em vários órgãos e unidades orçamentárias. É praticamente inviável gerir esse processo sem o apoio de ferramentas que facilitem e tornem ágil a parte operacional e viabilizem o controle de qualidade e o acompanhamento gerencial. Essa realidade levou à necessidade de desenvolvimento dos primeiros sistemas estruturantes de apoio ao Sistema Estruturador de Planejamento e Orçamento Federal. 50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 - História do SIOP Ao final da unidade, você deverá reconhecer o histórico e os motivos que levaram à criação do SIOP. 2.1 Sistemas de Apoio ao Processo Orçamentário A primeira iniciativa para o desenvolvimento de um sistema informatizado para apoio ao processo orçamentário tem origem em 1987, com a criação da Comissão de Desenvolvimento do Sistema de Dados Orçamentários, conhecida como COMSIDOR, que incluía servidores da Secretaria de Orçamento e Finanças (que já usava a sigla SOF), do Departamento Regional de Informática do IBGE (DERIN), e analistas de sistemas do Ministério da Aeronáutica e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Figura 25 - Formulário de papel Até então, o processo orçamentário da administração pública federal baseava-se no preenchimento e trâmite de uma série de formulários, muitos dos quais em papel ou em sistemas precários e isolados. Alguns desses sistemas eram geridos por órgãos setoriais e possuíam características específicas aderentes à realidade de cada um. Essa realidade complexa deu origem à necessidade de desenvolver uma solução integrada que tornasse o processo mais ágil, confiável e auditável. Dentre os objetivos gerais a serem alcançados por este novo sistema, estabelecidos pela COMSIDOR, destacam-se: • Prestar informações consistentes e ágeis que possibilitassem parâmetros adequados às decisões superiores. • Disponibilidade de dados suficientes para compor uma boa série histórica, que propicia projeções temporais, estudos estatísticos e de simulação, nos aspectos físicos e financeiros, com enfoques de receita, despesa e programação, nos seus diversos níveis. • Confiabilidade, velocidade, redução de custos e racionalidade de rotinas 51Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública e, consequentemente, maior disponibilidade de tempo para o planejamento das atividades. Ouça o podcast e compreenda mais sobre o assunto. PODCAST 1 - Sistema Integrado de Dados Orçamentários – SIDOR As mudanças significativas do processo orçamentário, estabelecidas pela Constituição Federal de 1988, impulsionaram a aceleração do cronograma de implementação do novo sistema. Assim, em 1989, foi implantado o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR). Em sua primeira versão, o SIDOR era focado na elaboração do PLOA, estabelecendo alguns parâmetros e modelos que seriam adotados pelo SIOP no futuro. Com o passar do tempo, foram agregados módulos para a elaboração do PPA, projeções de receita, acompanhamento da execução orçamentária (incluindo a possibilidade de cadastro de pleitos de alterações orçamentárias), projeção de gastos com pessoal, acompanhamento de operações de crédito e acompanhamento das empresas estatais. Em 2000, a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos do ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão implantou o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SigPlan). Este sistema foi desenvolvido com foco no planejamento governamental de médio prazo, em especial para a gestão do Plano Plurianual (PPA), e previa o monitoramento dos programas, metas e objetivos da administração pública federal. O aumento da complexidade do SIDOR, acompanhando o aumento de volume de demandas para evolução do sistema, levou à decisão, em 2004, de passar o seu desenvolvimento e hospedagem para o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO). 2.2 Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento - SIOP As crescentes demandas por melhorias e a necessidade de adequação do sistema às constantes alterações normativas do processo orçamentário levaram o SIDOR a um limite em sua capacidade de atendimento. Sua arquitetura obsoleta, baseada em mainframes e em codificação com linguagem de programação limitada e pouco flexível, tornou sua evolução cada vez mais difícil e onerosa. https://podcasters.spotify.com/pod/show/enap/episodes/EV-G-SIOP-BI--Sistema-Integrado-de-Dados-Oramentrios--SIDOR-e2gnap4 52Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 25.1 - SIDOR Assim, as diretorias da Secretaria de Orçamento Federal, da Secretaria de Planejamento Institucional (responsável na época pelo PPA) e do Departamento de Coordenação e Governança das Estatais (DEST) tomaram a decisão de desenvolver um novo sistema, integrando todo o processo orçamentário, contando com uma equipe técnica própria e total autonomia para sua evolução. Figura 26 - Analista de Planejamento e Orçamento O concurso público para Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, realizado em 2008, reservou uma quantidade de vagas para especialistas em tecnologia da informação, com o objetivo de trabalhar no desenvolvimento do novo sistema estruturante. Assim, em 2009 foi desenvolvido e implantado o primeiro módulo do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP), o qual já foi utilizado para a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária de 2010. Desenvolvido a partir de plataformas abertas de desenvolvimento de software em solução totalmente web, o SIOP apresentava maior flexibilidade e escalabilidade que o SIDOR, tornando mais ágil o seu desenvolvimento e manutenção. A infraestrutura 53Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública física para hospedagem do SIOP também foi totalmente assumida pela Secretaria de Orçamento Federal, e foi instalada em suas dependências físicas. Em 2015, a SOF adquiriu uma sala segura certificada NBR/ISO 10.636, com sistema de prevenção e combate a incêndios, climatização de precisão, geradores redundantes e monitoramento 24x7, garantindo estabilidade e segurança para a operação do SIOP. Figura 27 – Data Center SIOP A partir do exercício de 2000, as bases de dados orçamentários do SIDOR foram migradas para as bases do SIOP. Questões técnicas associadas ao formato dos dados inviabilizaram a migração dos exercícios anteriores. Aos poucos, os módulos do SIDOR e do SigPlan foram migrados para SIOP, e em 2016 o SIDOR foi desativado definitivamente. Versões do SigPlan ainda são utilizadas por algumas secretarias de planejamento estaduais, mas a versão da esfera federal também foi desativada. A figura abaixo apresenta o atual portal de acesso ao SIOP, com os principais recursos disponíveis, e pode ser acessado por meio do link: https://www.siop.gov.br/ https://www.siop.gov.br/ 54Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Figura 28 – Portal de acesso ao SIOP Da mesma forma que o seu antecessor SIDOR, o SIOP é organizado na forma de módulos de sistema, ou seja, grupos de funcionalidades focados nos subprocessos operacionais que compõem o processo orçamentário. Apesar do SIOP ter representado uma evolução tecnológica significativa em relação aos sistemas anteriormente utilizados, sua gestão sempre teve como um de seus pilares a preocupação com o risco de obsolescência. Dessa forma, em 2015, foram iniciados os primeiros trabalhos visando a evolução do seu software para uma arquitetura baseada em microsserviços, considerado o padrão “estado da arte” para o desenvolvimento de