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Medicina Legal e Perícias

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MEDICINA LEGAL E PERÍCIAS 
 
1 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 5 
......................................................................................................................... 6 
1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................... 6 
2- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL .............................. 7 
2.1 - A Medicina Legal como especialidade ................................................. 8 
2.2 - Relações com as demais ciências médicas e jurídicas ....................... 9 
2.3 - Importância de seu ensino nas faculdades de Direito ........................ 10 
3 – HISTÓRICO ......................................................................................... 11 
4 – HISTÓRICO NO BRASIL ..................................................................... 17 
4.1 - Divisão didática da disciplina ............................................................. 18 
5 – FINALIDADE DA MEDICINA LEGAL ................................................... 19 
5.1 – Autonomia da Medicina Legal ........................................................... 21 
5.2 - O objeto de estudo da medicina legal ................................................ 21 
6 – DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS ...................................................... 22 
6.1 – Espécies............................................................................................ 22 
7 - O BOLETIM MÉDICO .......................................................................... 27 
7.1-A receita médica .................................................................................. 27 
7.2- Considerações preliminares sobre o atestado de óbito ...................... 27 
8 – PERÍCIAS E PERITOS ........................................................................ 30 
8.1 - Perícias Médico-Legais ...................................................................... 32 
8.2 - Corpo de Delito .................................................................................. 34 
8.3 – Peritos ............................................................................................... 35 
8.4 - Impedimentos dos Peritos.................................................................. 37 
9 - ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL ..................................................... 37 
9.1 - Identidade e Identificação .................................................................. 40 
9.2 - Identificação Médico-Legal ................................................................ 41 
9.3 - Identificação Judiciária ou Policial ..................................................... 43 
10 – TRAUMATOLOGIA FORENSE .......................................................... 44 
10.1 - Conceito de traumatologia forense .................................................. 44 
10.2 - Conceito de lesão corporal .............................................................. 45 
10.2.1- tipos de lesão corporal ................................................................... 46 
10.3 - AS LESÕES PRODUZIDAS POR AÇÃO MECÂNICA ..................... 49 
 
2 
11- TANATOLOGIA FORENSE ................................................................. 52 
11.1 - Fenômenos Cadavéricos, Necropsia e Exumação .......................... 54 
11.2 - Tanatognose ou Cronotanatognose ................................................. 56 
11.3 - Direitos sobre o Cadáver ................................................................. 58 
12 - SEXOLOGIA FORENSE ..................................................................... 59 
12.1- Parafilias ........................................................................................... 60 
12.2 - Quais transtornos podem levar à criminalidade? ............................. 62 
12.3 - Perícias sexuais ............................................................................... 63 
12.4 - Perícias nos crimes aborto............................................................... 63 
12.5 - Meios abortivos ................................................................................ 64 
12.5.1 – Evidências .................................................................................... 66 
12.6 - Perícias nos crimes de infanticídio ................................................... 67 
12.7- Evidências no crime de infanticídio ................................................... 68 
13 - ASFIXIOLOGIA FORENSE................................................................. 70 
O termo “Asfixia” (do grego “asphyxía”) significa “sem pulso”. Tal 
interpretação tem origem histórica na literatura médica através da concepção dos 
intelectuais da antiguidade clássica – período que se estendeu aproximadamente 
pelo Séc. VIII a.C até o Séc. V d.C – que acreditavam que, por meio das artérias, 
circulava o “pneuma”. ........................................................................................... 70 
13.1 - Da Dispnéia Inspiratória ................................................................... 72 
13.2– Da Dispnéia Expiratória.................................................................... 72 
13.3 – Do Esgotamento ............................................................................. 72 
13.4 - Das características gerais (tanatosiniologia) .................................... 72 
13.5 – Externos .......................................................................................... 73 
13.6 – Internos ........................................................................................... 73 
13.7- Das classificações dos tipos ............................................................. 73 
13.8 – Detalhamento dos principais tipos .................................................. 74 
13.8.1- Sufocação ...................................................................................... 74 
13.8.2 - Enforcamento ................................................................................ 74 
13.8.3– Estrangulamento ........................................................................... 75 
13.8.4– Esganadura ................................................................................... 75 
13.8.5 – Confinamento ............................................................................... 76 
13.8.6 – Soterramento ............................................................................... 76 
13.8.7 – Afogamento .................................................................................. 76 
 
3 
13.8.8 – Gases Inertes ............................................................................... 77 
14 - TOXOLOGIA ....................................................................................... 78 
14.2 - Toxicologia Forense: análises toxicológicas em amostras biológicas
.............................................................................................................................. 79 
14.3 - Toxicologia Forense: Triagem da amostra biológica ........................ 79 
14.4 - Coleta de Sangue, Urina e Outros Tecidos...................................... 81 
14.5 - Encontrando o motivo da morte ....................................................... 83 
14.6- Aspectos post mortem de relevância toxicológica ............................ 84 
14.6.1 - Ação de microrganismos post-mortem.......................................... 86 
14.7 - Técnicas Analíticas Comumente Empregadas na Toxicologia Forense
.............................................................................................................................. 87 
14.8 - Toxicologia Ambiental ...................................................................... 88 
 ................................................................................................................... 88 
14.9 - Toxicologia Alimentar .......................................................................89 
15 – PSICOLOGIA JUDICIÁRIA ................................................................ 89 
16 – PSIQUIATRIA FORENSE .................................................................. 93 
16.1 - A situação da psiquiatria forense em meados do século XXI .......... 95 
16.2 - A influência da perícia psiquiátrica na aplicação da lei de execução 
penal ..................................................................................................................... 98 
16.3 - A verificação da periculosidade social e criminal a partir dos pareceres 
psiquiátricos forenses ......................................................................................... 104 
17- POLICIOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................. 111 
17.1 - O que é Criminalística? .................................................................. 113 
17.1.1- As Origens da Criminalística ........................................................ 114 
17.2 - A Ciência Forense no Brasil ........................................................... 119 
18 - CRIMINOLOGIA ............................................................................... 122 
18.1 - Teoria da anomia: Durkheim .......................................................... 123 
18.1.1 - A normalidade do crime .............................................................. 125 
18.2 - A utilidade do crime ....................................................................... 126 
18.3 - A função da pena ........................................................................... 127 
18.4- Criminologia é conhecimento essencial para a polícia judiciária .... 128 
19- VITIMOLOGIA .................................................................................... 133 
19.1 – vitimologia ..................................................................................... 134 
19.2 - Origem histórica ............................................................................. 135 
 
4 
19.3 - Finalidade da Vitimologia ............................................................... 137 
19.4 - Vitimologia e criminologia .............................................................. 138 
19.5 - A vítima .......................................................................................... 140 
19.6 - Vitimização ..................................................................................... 142 
20 – INFORTUNÍSTICA ........................................................................... 143 
20.1 - Teoria do Risco .............................................................................. 144 
20.2 - Acidentes de Trabalho ................................................................... 145 
20.3 - Doenças de Trabalho ..................................................................... 145 
20.4 – Indenização ................................................................................... 146 
20.5 - Perícia Médica ............................................................................... 146 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 149 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 – INTRODUÇÃO 
 
Vamos iniciar os estudos de Medicina Legal portanto falaremos sobre os conceitos 
importantes e divisões da Medicina Legal, além do Corpo de Delito, perícia e peritos 
em Medicina Legal e também os Documentos Médicos Legais. Antes de iniciar os 
estudos é importante uma observação. Ao longo do estudo terão várias citações de 
doutrinadores consagrados. Isso é feito com proposito único: trazer aos alunos 
diversas correntes existentes. O estudo dessa parte é totalmente teórico e conceitual, 
afinal, são diversas as correntes de pensamentos que, ao longo da História, moldaram 
o direito. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
2- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MEDICINA LEGAL 
 
Até hoje não existe uma definição precisa do conceito de Medicina Legal. Isso se 
deve ao fato da disciplina abranger muitas áreas e por guardar relação de 
proximidade com as ciências jurídicas e sociais. Entretanto, vários doutrinadores 
tentam conceituar a matéria. Vejamos alguns conceitos que se destacam: 
De acordo com Ambroise Paré é “a arte de produzir relatórios na justiça”. 
Para Nerio Rojas é a “aplicação dos conhecimentos médicos aos problemas judiciais 
que podem ser por eles esclarecidos”. 
Já para Afrânio Peixoto é a “aplicação de conhecimentos científicos e misteres da 
justiça”. 
"A arte de pôr os conceitos médicos a serviço da administração da Justiça 
(Lacassagne). 
"A Aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das 
leis que deles carecem" (Flamínio Fávero). 
"A Aplicação dos conhecimentos médicos a serviço da Justiça e à elaboração das leis 
correlatas" (Tanner de Abreu). 
"O conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito, 
cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando na execução 
dos dispositivos legais, no seu campo de ação de medicina aplicada" (Hélio Gomes). 
"É a Medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais" (Genival V. de França). 
Ou, finalmente: Medicina Legal é a ciência e arte extrajurídica auxiliar alicerçada em 
um conjunto de conhecimentos médicos, paramédicos e biológicos destinados a 
defender os direitos e os interesses dos homens e da sociedade. 
E, para fazê-lo, serve-se de conhecimentos médicos especificamente relacionados, 
com a Patologia, Fisiologia, Traumatologia, Psiquiatria, Microbiologia e Parasitologia, 
 
8 
Radiologia, Tocoginecologia, Anatomia Patológica, enfim, com todas as 
especialidades médicas e biológicas, bem como o Direito; por isso, diz-se Medicina 
Legal. 
Sinonímia: É muito extenso, o que demonstra que ainda não se encontrou expressão 
que nomeie essa ciência e arte a serviço dos interesses jurídicos e sociais, 
satisfatoriamente. 
Registrá-la-emos: Medicina Legal Forense (A. Paré); Questões Médico-Legais (P. 
Zacchias); Medicina Judiciária (Lacassagne); Medicina Judiciária ou dos Tribunais 
(Prunelle); Jurisprudência Médica (Alberti); Medicina Política (Marc); Medicina 
Forense (Sydney Smith); Antropologia Forense (Hebenstreit); Bioscopia Forense 
(Meyer); Medicina Forense Jurídica (sábios de Roma); e, ainda, Medicina Pericial; 
Medicina Criminal; Medicina da Lei; Biologia Legal; Medicina Crítica. Biologia 
Forense; Medicina Política e Social (França). 
O nome consagrado, por menos imperfeito, é Medicina Legal. 
2.1 - A Medicina Legal como especialidade 
 
Os autores divergem sobre o assunto. Há quem afirme ser a Medicina Legal 
especialidade médica. Pensamos que sendo ela um conjunto de conhecimentos 
médicos, paramédicos e biológicos objetivandoservir às ciências jurídicas e sociais, 
não é especialidade, mas sim, disciplina aplicada que admite especialismos. 
França, afirma, 
"é uma disciplina de amplas possibilidades e grande dimensão pelo fato de 
não se ater somente ao estudo da ciência hipocrática, mas de constituir na 
soma de todas as especialidades médicas acrescidas de fragmentos de 
outras ciências acessórias, sobrelevando-se entre elas a ciência do Direito". 
O perito médico-legal há de possuir, portanto, amplos conhecimentos de Medicina, 
dos diversos ramos do Direito e das ciências em geral. Hélio Gomes asseverava ter 
o perito indispensável educação médico-legal, conhecimento da legislação que rege 
a matéria, noção clara da maneira como deverá responder aos quesitos, prática na 
redação dos laudos periciais. Sem esses conhecimentos puramente médico-legais, 
 
9 
toda a sua sabedoria será improfícua e perigosa. E, mais: "o laudo pericial, muitas 
vezes, é o prefácio de uma sentença". 
Com efeito, informações periciais equivocadas, ainda que involuntariamente, podem 
constitui-se na chave da poeta das prisões para a saída de marginais ou para nelas 
trancafiar inocentes, pois, conforme Ambroise Paré, in Oeuvres complètes, os juízes 
julgam segundo o que se lhes informa. 
O perito médico-legal há de ter, ainda, uma conceituação universalista dos seres 
humanos, auxiliar, por sua cultura, indispensável que é da Justiça, herói anônimo 
capaz de deslindar crimes indecifráveis através de paciente e penoso trabalho só 
conhecido das autoridades policial-judiciárias. 
A Medicina Legal é a arte estritamente científica que estuda os meandros do ser 
humanos e sua natureza, desde a fecundação até depois de sua morte. 
Exige de seus obstinados professores, além do conhecimento da Medicina e do 
Direito, o de outras ciências, para emitirem pareceres minudentes, claros, concisos e 
racionais, objetivando criar, na consciência de quem tem por missão julgar, um quadro 
o mais preciso da realidade. 
2.2 - Relações com as demais ciências médicas e jurídicas 
 
A Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens 
e da sociedade, do que à Medicina. A designação legal emprestada a essa ciência 
indica que ela se serve, no cumprimento de sua nobre missão, também das ciências 
jurídicas e sociais, com as quais guarda, portanto, íntimas relações. É a Medicina e o 
Direito complementando-se mutuamente, sem engalfinhamentos. 
Ao Direito Civil empresta sua colaboração no que concerne a questões relativas a 
paternidade, impedimentos matrimoniais, erro essencial, limitadores e modificadores 
da capacidade civil, prenhez, personalidade civil e direitos do nascituro, comoriência 
etc. Ao Direito Penal, no que diz respeito a lesões corporais, sexualidade criminosa, 
aborto ilegal e ilícito, infanticídio, homicídio, emoção e paixão, embriaguez etc. 
Serve ao Direito Constitucional quando informa sobre a dissolubilidade do matrimônio, 
a proteção à infância e à maternidade etc.; ao Direito Processual Civil e Penal quando 
 
10 
cuida da psicologia da testemunha, da confissão, da acareação do acusado e da 
vítima. 
Contribui com o Direito Penitenciário quando converge seus estudos para a psicologia 
do detento, no que tange à concessão de livramento condicional e à 
psicossexualidade das prisões. 
Entrosa-se com o Direito do Trabalho quando estuda a infortunística, a insalubridade 
e a higiene, as doenças e a prevenção de acidentes profissionais; com a Lei das 
Contravenções Penais quando trata dos anúncios de técnicas anticoncepcionais, da 
embriaguez e das toxicomanias. 
A Medicina Legal engranza-se ainda, intimamente, com vários outros ramos do 
Direito, a saber: Direito dos Desportos, Direito Internacional Público, Direito 
Internacional Privado, Direito Canônico, Direito Comercial. 
Ciência médico-jurídico-social indispensável em toda diligência que necessite de 
elucidação médica, em progressiva e franca ascenção, relaciona-se também com a 
Química, a Física, a Toxicologia, a Balística, a Dactiloscopia, a Economia e a 
Sociologia e com a História Natural (Entomologia e Antropologia). 
2.3 - Importância de seu ensino nas faculdades de Direito 
 
Assim, sendo a Medicina Legal a única disciplina nas Faculdades de Direito que se 
relaciona com a Biologia, seu estudo se reveste de fundamental importância, pois 
ninguém ignora que os conhecimentos biológicos, médicos e paramédicos ampliam 
aos acadêmicos de Direito a consciência universalista do homem e da gênese de 
suas ações. Como exemplo, o estudo das socioneuropatias, permitindo ao estudante 
conhecer os intrincados emaranhados da mente humana, abre-lhe maiores 
perspectivas de percepção sobre o seu semelhante e sobre si mesmo, já que o 
conceito de normalidade é sobremaneira vago: normal é o que funciona harmoniosa 
e silenciosamente em sociedade. É o conhece-te a ti mesmo" socrático, ao qual 
acrescentamos: por ti mesmo! A Medicina Legal é, portanto, verdadeiro elo de ligação 
entre o pensamento jurídico e a Biologia, ciência e arte cooperadora na elaboração e 
na aplicação das leis. 
 
11 
Aos juristas, autoridades policiais e advogados importa à Medicina Legal orientar com 
minudência, concisão e clareza sobre a realidade de um fato de natureza específica 
e caráter permanente que interesse à Justiça, e como pedir, o que pedir e o modo de 
interpretar os laudos periciais, para evitar que suceda o ocorrido com delegado de 
polícia da Capital, que, segundo relatou o insigne professor Hélio Gomes, sabedor 
por informação pericial de que havia espermatozóides na mancha da camisa de um 
suicida, solicitou ao Instituto Médico-Legal determinasse ser o gameta encontrado de 
homem ou de mulher! "O delegado", ironiza o mestre, "por não conhecer Medicina 
Legal, não soube interpretar a resposta simples e clara que lhe fora enviada". 
Certa feita, ouvimos, perplexos, a confusão estabelecida por um representante do 
Ministério Público, data venia, pouco versado em Medicina Legal, sobre coito vulvar 
e coito interfemora, expressões para ele não similares. E mais recentemente, nova 
conclusão sobre a fase obstétrica puerperal e o conceito médico-legal de "influência 
do estado puerperal", a que alude a lei, no infanticídio. 
A maioria dos médicos também prescinde, infelizmente, de conhecimentos de 
Jurisprudência Médica. É por isso que sentenciava Hélio Gomes: "Levando-se em 
conta o desconhecimento da legislação pelos médicos, esta lhes deverá ser ensinada, 
de maneira clara e resumida, o suficiente para a perfeita compreensão dos 
dispositivos legais referentes ao assunto da perícia". 
A Medicina Legal estuda a vida, em sua essência, e a morte. 
É a ciência social vivaz e realista, embasada na Verdade e na Justiça, que desnuda 
o indivíduo desde enquanto ovo, e depois, até o âmago do ser e seduz e apaixona, 
irremediavelmente, desde o início, os seus profissionais. 
3 – HISTÓRICO 
 
A história da Medicina Legal divide-se em cinco períodos: Antigo, Romano, Médio ou 
da Idade Média, Canônico e Moderno ou Científico. 
 Período Antigo 
 
12 
Dada a importância da Medicina Legal no conjunto das atividades sociais, 
compreende-se a existência de referências esparsas e isoladas, rudimentares, 
despidas de caráter científico, portanto, nas legislações de povos antigos. 
A Medicina, nessa época, era muito mais arte que ciência, estatelada na fase deísta 
explicativa, onde se procurava atribuir origens extraterrenas às doenças, e tida como 
profissão subalterna; a lei era a própria religião aplicada aos homens pelos 
sacerdotes, misto de religiosos, médicos e juízes, em sanções idênticas às cometidas 
pelo imputado, ou em parente próximo num arremedo de Medicina Judiciária. 
A necrópsia e a vivissecção eram proibidas, por serem os cadáveres considerados 
sagrados. 
No Egito embalsamavam-se os cadáveres e, nos crimes de violência sexual, 
condenava-se o suspeitose, atado sobre o leito em uma sala do templo, apresentava 
ereção peniana ante a estimulação sexual desencadeada pela visão de belas virgens 
dançando nuas ou apenas com roupas transparentes, e as leis de Menés 
preceituavam o exame das mulheres condenadas, pois, se grávidas, não eram 
supliciadas. 
O Hsi yuan lu, tratado elaborado por volta de 1240 a.C., na China, instruía sobre o 
exame post-mortem, listava antídotos para venenos e dava orientações acerca de 
respiração artificial. 
 
13 
A lei era a própria religião aplicada aos homens. Era a legislação teológica, que foi 
paulatinamente se transformando para, finalmente, graças ao Cristianismo e aos 
ideais morais que cada geração foi nela introduzindo, emancipar também o Direito. 
Autópsia (1890) Enrique Simonet. 
 
 Período Romano 
Em Roma, na fase anterior à reforma de Justiniano, a Lex Regia atribuída a Numa 
Pompílio prescrevia a histerotomia na morte na morte da mulher grávida. Aqui uma 
curiosidade: há quem afirme que o nome cesariana dado à histerotomia proveio do 
nascimento de César, devido à aplicação desta lei. Data venia, somos dos que 
pensam que o nome cesariana vem de coedo, cortar. "Cesar vem daí e não o oposto" 
(Afrânio Peixoto). 
Antístio, médico, examinou as muitas feridas do cadáver de Júlio César e declarou 
apenas uma delas mortal. 
Segundo os relatos de Tito Lívio, um médico, examinou em praça pública o cadáver 
de Tarquínio, assassinado, e o de Germânico, suspeito de envenenamento, exposto 
no Fórum. 
Assim, os cadáveres eram já examinados, nessa época, por médicos, porém 
externamente. As necrópsias, como já mencionado, por respeito ao cadáver, eram 
proscritas. 
 
14 
Com a reforma, em Roma, emanciparam-se a Medicina e o Direito, como se 
depreende dos códigos de Justiniano, que têm implícita a Medicina Legal. Assim, 
determinava o Digesto: "Medici non sunt proprie testes, sed magis est judicium quam 
testimonium", ou seja, não testemunham, ajuízam. 
Registra ainda o Digesto que a intervenção das 
parteiras era exigida para o exame da prenhez, 
suposta ou duvidosa. Nas Pandectas e Novelas, 
trata-se de disposições relativas ao casamento, 
à separação de corpos, à impotência, à 
viabilidade fetal, à data do parto etc. 
A lei Aquilia trata da letalidade dos ferimentos. 
 Período Médio ou da Idade Média 
Nesse período houve contribuição mais direta do médico ao direito, como se nota "na 
lei sálica, na germânica e nas Capitulares de Carlos Magno, que contêm detalhes de 
anatomia sobre ferimentos e 
sobre a reparação devida às 
vítimas, conforme a sede e a 
gravidade das mesmas" (Hélio 
Gomes). Esse período foi 
indelevelmente marcado, 
portanto, pelas Capitulares de 
Carlos Magno, que estabelecem 
que os julgamentos devem 
apoiar-se no parecer dos médicos. 
Infelizmente, após Carlos Magno sobreveio na Idade Média a onda de vandalismo 
que extinguiu a Medicina Legal, substituindo-a pela prática absurda e cruel nordo-
germânica das provas inquisicionais em que a penalidade depende do dano causado, 
e às provas invoca-se o Juízo de Deus ("ordálias"). 
 Período Canônico 
Compreende 400 anos (1200 a 1600). 
 
15 
Nesse período foi restabelecido o concurso das perícias médico-legais, como se 
depreende da bula do Papa Inocêncio III, em 1219, que trata dos ferimentos em juízo 
como revestidos de habitualidade. 
Chamado Canônico, o quarto período é influenciado beneficamente pelo 
Cristianismo, que, pela codificação das Decretais dos Pontifíces dos Concílios, dá 
normas ao Direito Moderno dos povos civilizados. 
A sexologia é tratada exaustivamente nas Decretais, pois "a moralidade tem aí seus 
fundamentos". A perícia é obrigatória, tendo sido instituído, nesse período, o 
axioma medici creditur in sua medicina: tem fé pública o médico nos assuntos 
médicos. 
A anulação do casamento por impotência enseja a "prova do congresso", realizada 
por três parteiras e posteriormente por três médicos que, separados do casal por uma 
cortina, em aposento contíguo, confirmavam a realização ou não da conjunção carnal, 
em burlesca caricatura de perícia. Foi proibida em 1677 pelo Parlamento de França. 
O período Canônico é indefectivelmente assinalado pela promulgação do Código 
Criminal Carolino (de Carlos V), pela Assembléia de Ratisbonna, em 1532. A 
Constituição do Império Germânico impõe obrigatoriedade à perícia médica antes da 
decisão dos juízes nos casos de ferimentos, assassinatos, prenhez, aborto, parto 
clandestino. É o primeiro documento organizado de Medicina Judiciária, imputando-
lhe indispensabilidade à Justiça e determinando o pronunciamento dos médicos antes 
das decisões dos juízes. 
A Alemanha tem, assim, no dizer de Souza Lima, "o mais legítimo e inconusso direito 
de considerar-se o berço da Medicina Legal". 
 
16 
Em 1512, foi necropsiado o cadáver do Papa Leão X, por suspeita de 
envenenamento. 
Finalmente, em 1575 surge o primeiro livro de Medicina Legal, de 
Ambroise Paré, intitulado Des rapports et des moyens d'embaumer 
les corps morts, e a França aclama seu autor como o pai da Medicina 
Forense, a despeito de a obra, de inegável valor, não constituir corpo 
doutrinário e sistemático. 
 
 Período Moderno ou Científico 
 
Inicia-se em 1602, em Palermo, na Itália, com a publicação do livro intitulado De 
Relatoribus Libri Quator in Quibus e a Omnia quae in Forensibus ac Publicis Causis 
Medici Preferre Solent Plenissime Traduntur, de Fortunato Fidelis. 
Em 1621, Paulus Zacchias publica o verdadeiro tratado da disciplina, Quaestiones 
Medico Legales Opus Jurisperitis Maxime Necessarium Medicis Peritilis, obra 
monumental com 1200 páginas, distribuídas em três volumes, na qual compendia 
tudo o que se sabia e em que se estudam com discernimento e cultura numerosos 
problemas médico-legais. É por isso considerado pela maioria dos autores como o 
verdadeiro fundador da Medicina Legal. 
Entretanto, foi no século XIX que a Medicina Legal se firmou no conceito que a Justiça 
lhe emprestou a partir do momento em que o suspeitado pode, enfim, ser confirmado 
pelo exame necroscópico. 
E desde então, graças aos nomes de Orfila, Divergie, Lacassagne, Rollet, Thoinot, 
Tardieu e Brouardell, na França; Bernt, Hoffman, Schanesteir e Paltauf, em Viena: 
Telchmeyer, na Alemanha; Hunter e Cooper, na Inglaterra; Barzelloti, Martini, 
Perrone, Garófolo, Virgílio, Nicéforo, Falconi e Ferri, na Itália; Balk, Gromev, Schmidt 
e Poelchan, Dragendorff e Pirogoff, na Rússia, e, no Brasil, Alcântara Machado, Alves 
de Menezes, Armando Canger Rodrigues, Alírio Batista, Arnaldo Amado Ferreira, 
Arnaldo Ramos de Oliveira, Arnaldo Siqueira, Agenor Lopes Cançado, Álvaro Dória, 
Clóvis Meira, Camargo Júnior, Costa Pinto, Carneiro Belford, Celestino Prunes, César 
Celso Papeleo, César Francisco Ribeiro Júnior, Clóvis das Neves, Ernâni Simas 
 
17 
Alves, Edgar Altino, Estácio de Lima, Flamínio Fávero, García Moreno, Gualter Luiz, 
Geraldo Vasconcelos, Genival Veloso de França, Hélio Gomes, Hilário Veiga de 
Carvalho, Hermes Rodrigues de Alcântara, Halley Alves Bessa, Hugo Santos Silva, 
José Hamilton, João Henrique de Freitas Filho, José Lima de Oliveira, João Batista 
de Oliveira, João Carlos da Silva Teles, João Otávio Lobo Joaquim Madeira Neves, 
José Barros de Azevedo, José Lages Filho, José Ludovico Maffei, Júlio Afrânio 
Peixoto, Leonídio Ribeiro, Luiz Duda Calado, Marco Segre, Nilton Sales, Napoleão 
Teixeira, Neiva de Sant'Ana, Oscar de Castro, Oscar Negrão de Lima, Oscar Freire, 
Paulo A. Prado, Ramon Sabaté Manubens, Raymundo Nina Rodrigues, Souto Maior, 
Teodorico de Freitas, Tarcizo L. Pinheiro Cintra, Tasso Ramos de Carvalho, Telmo 
Ferreira, Thales de Oliveira, entre outros, a Medicina Legal está em constante e 
vertiginoso progresso, por aquisições científicas, aprimoramento dos métodos de 
pesquisa e encadeamento doutrinário. 
 
 
4 – HISTÓRICO NO BRASIL 
 
A Medicina Legalnacional desfruta da admiração e respeito do mundo, conforme ficou 
patenteado (1985) na perícia de determinação da identidade, por especialistas do IML 
de São Paulo e da Unicamp, do carrasco nazista Joseph Mengele, conhecido pelos 
prisioneiros de Auschwita como o "anjo da morte", cuja ossada foi encontrada sepulta 
em Embu, São Paulo. 
Na época colonial, a Medicina Legal nacional foi decisivamente influenciada pelos 
franceses e, em menor escala, pelos italianos, alemães, sendo praticamente nula a 
participação portuguesa, estando representada por esparsos documentos médico-
legais, compilados de trabalhos referentes à Toxicologia e por "um ou outro laudo 
pericial feito por leigos, mais interessantes pelo lado pitoresco do que pelo aspecto 
médico propriamente dito ". (Pedro Salles). 
Numa fase seguinte surge Souza Lima, insigne mestre a quem reverenciamos por ter 
sido o iniciador, em 1818, do ensino prático da Medicina Legal no Brasil, 
desenvolvendo a pesquisa laboratorial, então reduzida à Toxicologia, e por ter feito, 
 
18 
sem ser advogado, uma tentativa de interpretação e comentários médico-legais em 
relação às leis nacionais. 
A verdadeira nacionalização da nossa Medicina Legal e se deve à criação, por 
Raymundo Nina Rodrigues, de uma autêntica Escola brasileira da especialidade na 
Bahia, constituída, entre outros, por Alcântara Machado, Júlio Afrânio Peixoto, 
Leonídio Ribeiro, Oscar Freire e Estácio Luiz Valente de Lima, que 
originariamente "orientou a diferenciação da disciplina, dos seus métodos e da sua 
doutrina para as particularidades do meio judiciário, das condições físicas, biológicas 
e psicológicas do ambiente" (Geraldo Vasconcelos). E a partir de então sucederam-
se sadiamente nas capitais brasileiras as escolas de Medicina Legal, interessando 
aos juristas, advogados, delegados de polícia, médicos, psicólogos e psiquiatras o 
conhecimento dessa disciplina, tal o grau de entrosamento que ela guarda com todos 
os ramos do saber. 
4.1 - Divisão didática da disciplina 
 
Por interesse didático, a Medicina Legal admite uma parte geral, na qual se estuda a 
Jurisprudência Médica, ou seja, a Deontologia e a Diceologia Médica que ensejam 
aos profissionais da Medicina conhecimentos sobre os seus deveres e direitos, e o 
Código de Ética dos Advogados, e uma parte especial cuja divisão registraremos ao 
longo do estudo. 
 Antropologia Forense: Estuda a identidade e a identificação, seus métodos, 
processos e técnicas. 
 Traumatologia Forense: Trata das lesões corporais e das energias 
causadoras do dano. 
 Sexologia Forense: Versa sobre a sexualidade normal, patológica e 
criminosa. Analisa as sutis questões inerentes à Erotologia, à Himenologia e à 
Obstetrícia forense. 
 Asfixiologia Forense: Vê as asfixias em geral, do ponto de vista médico e 
jurídico. Detalha as particularidade próprias da esganadura, do 
estrangulamento, do enforcamento, do afogamento, do soterramento, da 
imersão em gases irrespiráveis etc., nos suicídios, homicídios e acidentes. 
 
19 
 Tanatologia: Preocupa-se com a morte e o morto em todos os seus aspectos 
médico-legais, os fenômenos cadavéricos, a data da morte, o diagnóstico da 
morte, a morte súbita e a morte agônica, a inumação, a exumação, a necropsia, 
o embalsamento e a causa jurídica da morte. 
 Toxicologia: Estuda os cáusticos, os envenenamentos e a intoxicação 
alcoólica e por tóxicos, pelo emprego de processos laboratoriais. Graças à sua 
notável evolução é, atualmente, especialidade que empresta seu saber à 
Medicina Legal. 
 Psicologia Judiciária: Versa sobre os fenômenos volitivos, afetivos e mentais 
inconscientes que podem influenciar na formação, na reprodução e na 
deformação do testemunho e da confissão do acusado e da vítima. Analisa, 
ainda, o depoimento dos idosos e dos menores etc. 
 Psiquiatria Forense: Estuda as doenças mentais, a periculosidade do 
alienado, as socioneuropatias em face dos problemas judiciários, a simulação, 
a dissimulação, os limites e modificadores da capacidade civil e da 
responsabilidade penal. 
 Policiologia científica: Visualiza os métodos científico-médico-legais 
empregados pela polícia na investigação criminal e no deslindamento de 
crimes. 
 Criminologia: Estuda os diferentes aspectos da gênese e da dinâmica dos 
crimes. 
 Vitimologia: Trata da análise racional da participação da vítima na eclosão e 
justificação das infrações penais. 
 Infortunística: Preocupa-se com os acidentes do trabalho, com as doenças 
profissionais, com a higiene e a insalubridade laborativas. 
5 – FINALIDADE DA MEDICINA LEGAL 
 
A medicina legal tem como finalidade orientar os legisladores e os magistrados na 
elaboração e aplicação das leis, respectivamente, além disso a medicina legal 
possibilita o esclarecimento de questões processuais criminais, cíveis, administrativa, 
trabalhistas dentre outras. 
 
20 
Para auxiliar na busca pela solução dos problemas judiciais, a medicina legal se 
socorre de diferentes fontes, como por exemplo da fotografia, radiografia, balística, 
toxicologia, biomedicina, anatomia normal e patológica, biologia, microbiologia, 
parasitologia, psicologia, psiquiatria, geologia, etc. 
Na elaboração das leis a medicina tem importância na medida em que a criação de 
uma norma visando proteger um Bem Jurídico pode exigir conhecimentos específicos 
afetos a uma determinada área. 
Exemplo: Art. 129, § 1º, III do Código Penal. 
Lesão corporal 
“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;” 
 proteção do bem jurídico “Integridade Física”. 
Existe um escalonamento da lesão: 
 Leve 
 Grave 
 Gravíssima 
Ou seja, através da realização do do exame de corpo de delito configura-se o grau da 
lesões. Importante também a medicina legal na execução das leis. Assim, temos: 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Ex.: Lesão corporal. 
Como dito acima a detecção da intensidade da lesão somente poder· ser constatado 
com realização de perícia médica. 
5.1 – Autonomia da Medicina Legal 
 
Discute-se se a Medicina Legal é uma ciência autônoma. Existem três correntes: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pelo esquema acima nota-se que a primeira corrente coloca a medicina legal como 
algo dispensável e sem importância, já a segunda corrente não é bem aceita pois o 
método da medicina legal é comum aos demais ramos da medicina, seu objeto não é 
próprio já· que várias ciências estudam o homem (como por exemplo a sociologia) e 
o objetivo (auxiliar o Direito) também é o mesmo de outras disciplinas. Assim, a 
corrente que mais se adequa é a terceira – Intermediária ou Mista. 
5.2 - O objeto de estudo da medicina legal 
 
É possível dizer que o objeto de estudo da medicina legal é o ser humano, seja ele 
vivo ou morto, saudável ou doente, o que significa dizer que no campo da medicina 
legal todas as áreas da medicina são importantes. A 
Assim, a atuação da medicina legal inicia-se com a fecundação e se encerra com o 
desaparecimento do último vestígio cadavérico. 
 
22 
Nos dizeres de Delton Croce: 
A Medicina Legal estuda a vida, em sua essência, e a morte. É a ciência 
social vivaz e realista, embasada na Verdade e na Justiça, que desnuda o 
indivíduo desde enquanto ovo, e depois, até o âmago do ser e seduz e 
apaixona, irremediavelmente, desde o início, os seus profissionais. 
 
6 – DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS 
 
"Documento: Qualquer base do conhecimento fixada materialmente e disposta de 
maneira que se possa utilizar para consulta, de estudo, prova etc.". (A. B. de 
Holanda). 
"Título ou diploma ou declaração escrita que serve de prova”.(da Cunha). 
"Documentos médico-judiciários: São instrumentos escritos, ou simples 
exposições verbais mediante os quais o médico fornece esclarecimentos a justiça”. 
6.1– Espécies 
 
A) Notificações 
B) Atestado 
C) Relatório 
D) Consulta 
E) Parecer 
F) Depoimento Oral 
 NOTIFICAÇÕES: 
 
Definição: “São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades 
competentes de um fato profissional, por necessidade social ou sanitária, como 
acidente do trabalho, doenças infecto-contagiosas, uso habitual de substâncias 
 
23 
entorpecentes ou crime de ação pública que tiverem conhecimento e não exponham 
o cliente a procedimento criminal”. 
Legislação: 
 Art. 269 CP: “Deixar o médico de denunciar a autoridade pública, doença de 
notificação compulsória”. 
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos e multa. 
Art. 154 CP: “Revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão 
de função de ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a 
outrem”. 
Pena - detenção de 3 meses a 1 ano ou multa. 
Lei 6259 de 30/10/75: “Constituem objeto de notificação compulsória as doenças 
seguintes relacionadas”: 
I - Em todo território nacional: cólera, coqueluche, difteria, doença meningocócica e 
outras meningites, febre amarela, febre tifóide, hanseníase, leishmaniose, 
oncocercose, peste, poliomielite, raiva humana, sarampo, tétano, tuberculose, 
varíola; 
II - Em área específica: esquistossomose, filariose e malária. 
 ATESTADO: 
Definição: 
 É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas consequências”. 
 
 classificação: 
 
 a) Quanto a procedência ou destino: 
Oficioso - É aquele fornecido por um médico na atividade privada com destino a uma 
pessoa física ou privada. Justifica situações menos formais. 
Administrativo - É aquele fornecido por um médico servidor público ou um particular 
mas que vai desempenhar seu papel junto a uma repartição pública, ou seja, servem 
aos interesses dos serviços públicos. 
 
24 
Judicial - É aquele expedido por solicitação do Juiz ou que integra os autos 
judiciários. Atende a administração da justiça. 
b) Quanto ao “Modus faciendi” ou conteúdo Idôneo: 
É aquele expedido pelo profissional habilitado e o seu conteúdo expressa a 
veracidade do ato. 
Gracioso - É aquele fornecido sem a prática do ato profissional que o justifique, não 
importando se gratuitamente ou pago “caridade, humanidade, amizade, político”. É 
sempre antiético e pode se transformar em imprudente ou falso. 
Imprudente - É aquele fornecido por um médico particular para fins administrativos, 
sabendo-se que a empresa ou repartição tem serviço médico próprio. 
Falso - É o que na sua expressão falta com a verdade, dolosamente. É crime previsto 
no Código Penal como falsidade ideológica. 
Tipos: 
 De vacina; 
 De sanidade física ou mental; 
 De óbito; 
 De insanidade física ou mental. 
Legislação: 
Art. 302 CP - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano. 
Código de Ética Médica: 
Art. 110 – “Fornecer atestado sem ter praticado ato profissional que o justifique, ou 
que não corresponda à verdade”. 
 RELATÓRIO 
Definição: 
É a descrição minuciosa de um fato médico e de suas consequências, requisitadas 
por autoridade competente. 
Tipos: 
 
25 
O relatório recebe o nome de AUTO quando é ditado pelo perito ao escrivão, durante 
ou logo após, e denominado de LAUDO quando é redigido pelo(s) próprio(s) perito(s), 
posteriormente ao exame. 
Partes: 
 Preâmbulo: É a parte onde os peritos declaram suas identificações, títulos, 
residências, qualificam a autoridade que requereu e a autoridade que autorizou 
a perícia, e o examinado; hora e data em que a perícia é realizada e a sua 
finalidade. 
 Quesitos: São as perguntas formuladas pela autoridade judiciária ou policial, 
pela promotoria ou pelos advogados das partes. 
 Histórico: Consiste no registro dos fatos mais significativos que motivam o 
pedido da perícia ou que possam esclarecer e orientar a ação do legisperito. 
 Descrição: Contém o “visum et repertum” É a descrição minuciosa, clara, 
metódica e singular de todos os fatos apurados diretamente pelo perito. 
Constitui a parte essencial do relatório. 
 Discussão: É a análise cuidadosa dos fatos fornecidos pelo exame e 
registrado na descrição, compará-los com os informes disponíveis relatados 
no histórico, encaminhando naturalmente o raciocínio do leitor para o 
entendimento da conclusão. 
 Conclusão: É o sumário de todos os elementos objetivos observados e 
discutidos pelo perito, constituindo a dedução sintética natural da discussão 
elaborada. 
 Resposta aos Quesitos: As respostas aos quesitos formulados devem ser 
precisas e concisas. 
 
 CONSULTA MÉDICO-LEGAL 
É a solicitação na qual o(s) interessado(s) ouvem a opinião de um ou mais 
especialistas a respeito do valor científico de determinado relatório médico-legal, 
quando o mesmo deixa dúvidas a respeito de seu conteúdo. 
 PARECER MÉDICO-LEGAL 
 
26 
É a resposta escrita de autoridade médica, de comissão de profissionais ou de 
sociedade científica, a consulta formulada com o intuito de esclarecer questões de 
interesse jurídico (Preâmbulo, Exposição, Discussão, Conclusão). 
 DEPOIMENTO ORAL 
São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado, perante 
o júri ou em audiência de instrução e julgamento. 
Considera-se ainda o prontuário médico, o boletim, e até mesmo a receita médica 
como documentos de importância médica e jurídica. 
Considera-se ainda o prontuário médico, o boletim médico, e até mesmo a receita 
médica como documentos de importância médica e jurídica. 
 PRONTUÁRIO MÉDICO 
Definição: 
É o registro feito pelo médico dos comemorativos do paciente. O médico incorre em 
falta ética grave se deixar de elaborá-lo. (Art. 69 do CEM). 
Itens / Roteiro: 
a) Identificação; b) Queixa e Duração; c) Anamnese; d) Exame Físico Geral; e) Exame 
Físico Especial; f) Exames Complementares; g) Diagnóstico h) Conduta; i) 
Prognóstico 
Outros Elementos Integrativos: 
a)Ficha de Serviço Social; 
b)Ficha de Serviço de Enfermagem; 
c)Ficha do Serviço de Nutrição; 
d)Controle Metabólico; 
e)Controle Anestesistas; 
f)Descrição da Cirurgia; 
 
27 
g)Opiniões de Especialistas; 
h)Exames Específicos; 
i)Ficha Radioterapia e/ou Quimioterapia; 
j)Prontuário do RN + Declaração de Nascido Vivo; 
l)Resumo de Alta; 
m)Relatório Necropsia / AO. 
Importância: 
a) Interesse Médico: Pesquisas, Acompanhamentos etc.; 
b) Interesse Jurídico: -Questões Civis, Penais, Trabalhistas etc. 
7 - O BOLETIM MÉDICO 
7.1-A receita médica 
7.2- Considerações preliminares sobre o atestado de óbito 
 
A organização de saúde da Liga das Nações constituiu no início desse século uma 
comissão para o estudo e criação de um modelo único de Atestado de óbito. Até então 
todo país possuía um modelo próprio. Este foi publicado em 1925 posteriormente 
adotado pela Inglaterra (1927) e Estados Unidos (1939). 
Em 1948 na Sexta Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças na 
Conferência Internacional da Revisão da Classificação foi adotado o “Modelo 
Internacional de Atestado de Óbito” usado até hoje, cuja finalidade é uniformizar as 
informações, compatibilizar os dados e permitir sua comparabilidade. 
Definição: 
É um documento simples, escrito e fornecido exclusivamente por um médico, que tem 
como finalidade confirmar a morte, determinar a causa morte e satisfazer alguns 
interesses de ordem civil, estatístico-demográfico e político sanitário. 
Importância: 
GERAL: 
 
28 
O Atestado de óbito é o mais importante dos documentos assinados pelo médico, 
porque com ele é feito o registro do óbito e por conseguinte cessada juridicamente a 
vida de uma pessoa, (Art. 10 do C.C.B.). 
JURÍDICA: 
Efeito Jurídico da morte (Ver capítulo de Tanatologia). 
MÉDICA: 
Peças Anatômicas: 
No caso de descoberta de ossadas, fatos ou partes do cadáver, esse material deve 
ser removido para o IML, pois passa a ser da esfera policial.Quanto as peças anatômicas retiradas por ocasião de atos cirúrgicos ou amputação 
de membros, devem ser cremados ou incinerados no próprio hospital, ou 
encaminhado para estabelecimento responsável pela inumação ou para o Instituto 
Médico Legal nos casos resultantes de violência. 
Eventos em caso de morte: 
 A Morte por moléstia e “causas mortis” bem definidas: SEM AUTÓPSIA / 
MÉDICO ASSISTENTE. 
 Morte por moléstia bem definida e “causas mortis” indeterminada: S.V.O. / 
ANÁTOMO PATOLOGISTA. 
 Morte por moléstia e “causa mortis” indeterminada: S.V.O. / ANÁTOMO 
PATOLOGISTA. 
 Morte por moléstia bem definida e “causa mortis” violenta. I.M.L./ MÉDICO 
LEGISTA. 
Legislação: 
 Lei 6.015/73 
 Decreto-lei nº 20.931/32; 
 Lei 4.436/84 Estado de São Paulo 
 Resolução 1.290/89 C.F.M.; 
 Lei 9.434/97; 
 
29 
 C.P. Art. 302 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos Éticos: 
Princípios basilares fundamentais: 
 Sinceridade no diagnóstico de morte; 
 Ter verificado pessoalmente o óbito; 
 Ter assistido o paciente ou ter delegação para isto; 
 Atestar o óbito é um ato obrigatório; 
 O atestado é gratuito; 
 Confirmar as informações da Declaração de Óbito. 
Precauções para o médico: 
 Não assinar Atestado de Óbito em branco; 
 Não deixar Atestado de Óbito previamente assinado; 
 Verificar, antes de assinar a D.O., todos os itens do formulário; 
 Não assinar Atestado de Óbito do enfermo que não prestar assistência; 
 Não assinar Atestado de Óbito a pedido de outro colega. 
 
30 
 
 
8 – PERÍCIAS E PERITOS 
 
É indispensável o conhecimento da legislação que normatiza a atividade pericial no 
Brasil e em Minas Gerais, que é o Estado de aplicação do seu exame. 
No caso de Minas Gerais, o Decreto n. 5.141 de 25 de outubro de 1956 traz, em seu 
conteúdo, o formulário de quesitos para exames periciais que deverá ser utilizado 
pelos profissionais que exercem a atividade naquele Estado. O Conselho Regional de 
Medicina do Estado aprovou, por meio da Resolução CFM n. 1931/2009, o Código de 
Ética Médica que traz no Capítulo XI texto que normatiza a atuação do médico perito. 
No campo nacional, as perícias médico-legais oficiais estão disciplinadas na Lei n. 
12.030/2009, que dispõe sobre as perícias criminais. 
Outro normativo que disciplina a atividade pericial é o Código de Processo Penal, que 
traz em diversos artigos a figura do perito. É importante, que você realize a leitura de 
todo o Código, principalmente os arts. 158 a 184 do CPP, que tratam do exame do 
corpo de delito e das perícias em geral, assim como a Resolução CFM n. 1.497/1998, 
Resolução n. 1.480/1997 (morte encefálica); Resolução CFM n. 1.617/2001 (Código 
de Processo Ético-profissional); Resolução CFM n. 1.779/2005 (normatiza o 
preenchimento da Declaração de óbito) e a Resolução CFM n. 1.826/2007 
(suspensão de procedimentos na morte encefálica). 
A perícia médico-legal é atividade legalmente atribuída a profissional qualificado 
responsável pela produção de prova técnica em inquéritos e/ou processos judiciais. 
O exame pericial é realizado sob a égide de normas técnicas, científicas e jurídicas, 
sendo a atividade oficial vinculada ao serviço público de oferta obrigatória pelo Estado 
e serve ao interesses das partes sob litígio. 
A Resolução 1.497, de 8 de julho de 1998, do Conselho Federal de Medicina atribui 
aos Estados a competência de fiscalizar os atos profissionais do médico designado 
como perito, de modo que, conforme preconizado na mencionada resolução, os 
Conselhos Regionais deverão: 
 
31 
Art. 1º Determinar que o médico nomeado perito, execute e cumpra o 
encargo, no prazo que lhe for determinado, mantendo-se sempre atento às 
suas responsabilidades ética, administrativa, penal e civil. Parágrafo único. O 
médico fará jus aos honorários decorrentes do serviço prestado. 
Art. 2º O médico designado perito pode, todavia, nos temos do artigo 424 do 
Código de Processo Civil, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. 
Art. 3º O descumprimento da presente Resolução configura infração ética, 
sujeita a ação disciplinar pelos respectivos Conselhos Regionais de Medicina. 
Desse modo, o perito médico-legal oficial é um agente público em sua origem, e o 
perito médico-legal nomeado é considerado agente público transitório, tendo em 
vista que ambos estão sujeitos aos princípios constitucionais e administrativos 
inerentes às atividades públicas e ainda às obrigações advindas do exercício da 
profissão. 
O perito médico-legal deve observar, na execução de suas atividades, os princípios 
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, da razoabilidade e da 
supremacia do interesse público. 
Além das atribuições concernentes aos agentes públicos em geral, os profissionais 
peritos médicos devem conhecer e respeitar os preceitos estabelecidos pelo Código 
de Ética Médica que consigna normas que devem ser seguidas pelos médicos no 
exercício de sua profissão, inclusive pelos profissionais no exercício de atividades que 
se utilizem o conhecimento advindo do estudo da Medicina, como é o caso das 
perícias médicas. 
O Código de Ética Médica, aprovado pelo Conselho Federal de Medicina, por meio 
da Resolução CFM n. 1931/2009, preconiza, entre outras normas, as vedações 
impostas ao médico perito: 
AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA 
É vedado ao médico: 
Art. 92. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal 
quando não tenha realizado pessoalmente o exame. 
 
32 
Art. 93. Ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família 
ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu 
trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. 
Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, 
nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em 
presença do examinado, reservando suas observações para o relatório. 
Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres 
humanos no interior de prédios ou de dependências de delegacias de polícia, 
unidades militares, casas de detenção e presídios. 
Art. 96. Receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa 
ou ao sucesso da causa, quando na função de perito ou de auditor. 
Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor 
ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, 
no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de 
morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente. 
Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir 
como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas 
atribuições e de sua competência. 
Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização 
do exame pericial. 
A exclusão dos pressupostos éticos na realização da atividade pericial compromete 
a confiança do documento técnico. O documento pericial deve trazer ao processo 
conteúdo técnico isento, com argumentos científicos capazes de atingir o objetivo de 
auxiliar no esclarecimento de fato de interesse legal. 
8.1 - Perícias Médico-Legais 
 
O Termo Perícia vem do latim peritia, que quer dizer habilidade, experiência, daí 
entende-se que perícia é a atividade técnica realizada no sentido de verificar 
situações, buscando esclarecer um fato de interesse legal. A atividade pericial será 
sempre executada por especialista técnico ou douto em determinado assunto. 
 
33 
Para nós, interessa quando o fato de relevância legal diz respeito à saúde ou à vida, 
pois são nesses casos que se invoca a chamada perícia médico-legal, realizada por 
peritos oficiais, portadores de diploma de curso superior. É importante destacar que 
na falta dos peritos oficiais, excepcionalmente, o exame poderá ser realizado 
por dois profissionais idôneos, portadores de diploma de curso superior, 
preferencialmentena área técnica relacionada à natureza da atividade. 
As perícias médico-legais podem ser realizadas em seres humanos vivos, mortos 
(necroscópico), cadáver já enterrado (exumação), laboratoriais, animais presentes na 
cena do crime, em objetos e também sobre documentos ou quaisquer outros 
elementos que se refiram ou que guardem relação com a efetividade do exame, além 
disso, podem ocorrer sobre o fato a analisar (peritia percipiend) ou sobre uma perícia 
já realizada (perícia deducendi). 
Nesse sentido e buscando demonstrar a função das perícias médicas, podemos 
afirmar que essa atividade busca a definição do nexo de causalidade, principalmente, 
entre: 
 a doença e a morte; 
 a lesão e a morte; 
 a doença ou sequela e a incapacidade ou invalidez física e/ou mental; 
 o acidente e a lesão; 
 a doença e a atividade laboral. 
É importante ainda mencionar que mesmo que não exista vinculação na tomada de 
decisão do juiz, o exame de corpo de delito é indispensável, não podendo ser suprido 
pela confissão do acusado. 
 
34 
8.2 - Corpo de Delito 
 
É comum ouvir dizer: “Fulano foi agredido e vai 
fazer corpo de delito”, “Beltrano morreu e o 
levaram para fazer corpo de delito”. 
Pois bem, levando em consideração a lógica 
advinda da palavra “corpo”, é fácil associar o 
exame de corpo de delito ao corpo da pessoa 
humana, contudo, esse exame vai além. 
Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados quando do cometimento da 
infração penal (Costa Filho, 2010). 
Quais são esses vestígios? Resíduos, fragmentos, pegadas, sangue, impressões 
digitais, ou seja, uma gama de elementos que podem levantar a materialidade da 
produção do crime. 
Sobre o termo, devemos tecer algumas considerações no que diz respeito às 
diferenças entre “corpo de delito” e “exame de corpo de delito”. A doutrina afirma que 
Corpo de Delito é a materialidade do crime e Exame de Corpo de Delito é a perícia 
que se faz para apontar a referida materialidade. Essa diferença apontada cria uma 
certa confusão em muitos alunos no momento de responder uma prova. 
Para que essa dúvida não o(a) incomode, proponho que você tenha em mente que o 
perito realiza Exame de Corpo de Delito com a finalidade de constatar e 
interpretar todos os vestígios envolvidos no delito, sejam eles diretos ou indiretos. 
 Delito Direto: aquele realizado diretamente por meio dos vestígios produzidos 
para execução da infração. 
 Delito Indireto: realizado por meio de documentos e/ou testemunhas, quando 
não existem vestígios a serem examinados. 
Atenção: Caso o delito apresente caráter transitório e não havendo a incidência de 
vestígios, será admitida prova testemunhal, contudo, quando a infração deixar 
vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não sendo 
suprido pela confissão do réu. (CPP, art. 158). 
 
35 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de 
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. 
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, 
proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou 
judiciária, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido, do acusado 
ou de seu defensor (CPP, art. 168) 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido 
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da 
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério 
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
8.3 – Peritos 
 
Entende-se como peritos aqueles especialistas técnicos ou o profissionais doutos em 
certos assuntos, que possuem a função de auxiliar a justiça no esclarecimento de fato 
delituoso. São classificados em: 
 Perito oficial: os peritos oficiais são investidos 
no cargo mediante concurso público, em que 
prestam compromisso com a verdade na 
emissão de seus laudos no momento da 
investidura do cargo. 
 Peritos nomeados, designados ou ad hoc: 
na falta de perito oficial, o exame será realizado 
por 2 (duas) pessoas idôneas, como já 
mencionado, portadoras de diploma de curso 
superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame, que prestam 
compromisso com a verdade a cada perícia que realizam. 
 
 
36 
Existe ainda a figura do assistente técnico, sua função é a de acompanhar o perito 
oficial quando solicitado para atender os interesses das partes, seus custos cabem 
exclusivamente ao demandante. 
Atenção: Os peritos, ainda quando não oficiais, estarão sujeitos à disciplina 
judiciária e a eles é assegurada autonomia técnica, cabendo ao profissional 
escolher a melhor técnica empregada no caso, conforme preconizado no art. 2º da 
Lei n. 12.030/2009, verbis: 
Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é 
assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso 
público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de 
perito oficial. 
O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, de 
modo que o profissional realizará os exames necessários e emitirá laudo pericial 
contendo, minuciosamente, os dados do que examinou e as respostas aos quesitos 
formulados. A elaboração desse documento deverá ser realizada no prazo de 10 
(dez) dias, podendo ser prorrogada, em casos excepcionais, a requerimento do 
profissional. 
Caso seja identificado que na elaboração do laudo pericial não houve a observância 
de algumas formalidades ou que o documento apresenta indícios de obscuridade, 
omissão ou contradição, o juiz mandará suprir a formalidade, complementar ou 
esclarecer o laudo. E ainda poderá ordenar que se proceda a novo exame, por outros 
peritos, se julgar conveniente (CPP, art. 181). 
Ressalta-se que os peritos nomeados, chamados a juízo, poderão recusar o convite, 
contudo, os peritos oficiais deverão apresentar justificativa para a recusa nos moldes 
do art. 468 do Código de Processo Civil e art. 277 do Código de Processo Penal. 
Art. 468. O perito pode ser substituído quando: 
I – faltar-lhe conhecimento técnico ou científico; 
II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi 
assinado. 
 
37 
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o 
encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil réis, salvo escusa 
atendível. 
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, 
provada imediatamente: 
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; 
b) não comparecer no dia e local designados para o exame; 
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos 
estabelecidos. 
Nos casos em que se não houver justificativa relevante para o não comparecimento 
do perito é possível que seja determinada pelo juízo sua condução coercitiva, nos 
moldes do art. 278, também do Código de Processo Penal. 
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a 
autoridade poderá de terminar a sua condução. 
8.4 - Impedimentos dos Peritos 
 
Os impedimentos atribuídos aos profissionais da atividade pericial encontram-se 
consignados no art. 279 e 280 do Código de Processo Penal, sendo que os casos de 
impedimento previstos atingem a figura do perito oficial e do perito nomeado. 
Não poderão ser peritos: i) os que estiverem sujeitos à interdição de direito 
mencionada nos incisos I e IV do art. 69 do Código Penal; ii) os que tiverem prestado 
depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; iii) os 
analfabetos e os menores de 21 anos; e iv) é extensivo aos peritos, no que lhes for 
aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. 
9 - ANTROPOLOGIA MÉDICO-LEGAL 
 
A Antropologia Médico-Legal é o ramo da medicina legal que estudaa identidade e a 
identificação através dos restos mortais, sejam eles humanos ou de animais. 
 
38 
É por meio da Antropologia Médico-Legal que conseguimos realizar a identificação 
de informações importantes com relação ao gênero, estatura, etnia, idade, ou seja, 
identificar a individualização de cada 
pessoa dentro de um grupo. 
Para tanto, a Antropologia Forense 
desenvolve algumas atividades 
objetivando a individualização: 
 Cranotanatognose: 
Busca conhecer o intervalo de tempo 
volvido após a morte. Para identificação de óbitos mais recentes, comumente são 
utilizadas a temperatura corpórea, a presença e fixação de livores hipostáticos e a 
rigidez cadavérica. Na identificação de óbitos não recentes, são verificadas, 
principalmente, as fases de putrefação do corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Livor cadavérica em pessoa que permaneceu em decúbito ventral após a morte. Observe a 
geometria dos livores, que correspondem à forma dos objetos contra os quais esteve apoiado. 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
Livores de hipostase em enforcado. 
 
Identificação humana: 
 Genérica: busca determinar a espécie do material biológico examinado, se é 
humano ou animal. 
 Específica: a idade pode ser estimada por meio da análise de centros de 
ossificação, da sínfise pubiana, da contagem de osteócitos e da mineralização 
e erupção dos dentes. A partir da puberdade e por meio da morfologia óssea 
da pelve e do crânio, pode-se estabelecer o gênero do indivíduo. A estatura 
por meio da medida dos ossos, e a etnia por meio das medidas 
antropométricas (estudo das medidas e dimensões das diversas partes do 
corpo humano), ainda que comum a miscigenação. 
 Individual: busca determinar a identidade do cadáver por meio da comparação 
de dados de provável indivíduo com os da ossada. 
 
Verifica-se, portanto, que antropologia busca, por meio de pesquisas específicas 
envolvendo conhecimentos científicos, reconhecer a identidade antropológica (pela 
antropometria) e a identidade civil através de informações peculiares e imutáveis que 
caracterizam cada indivíduo, como, por exemplo, a arcada dentária, o DNA, íris e a 
papiloscopia (digital). 
 
 
40 
 
 
9.1 - Identidade e Identificação 
 
A Antropologia Forense ou Antropologia Médico-Legal é o estudo da identidade e 
identificação. 
A identidade relaciona-se às características físicas, psíquicas e funcionais que 
individualizam os indivíduos; essas características intrínsecas podem ser originárias 
do ser humano ou adquiridas com o tempo. Os tipos de identidade podem ser 
apresentados como subjetivos e objetivos. O tipo objetivo é aquela identidade 
fornecida pelos caracteres físicos, funcionais e psicológicos, e o tipo subjetivo é a 
maneira de ser de cada indivíduo. 
Já a identificação é um conjunto de procedimentos adotados para se estabelecer a 
identidade da pessoa, que não se confunde com o reconhecimento, uma vez que 
neste ocorre uma comparação, e naquela a identidade se materializa de forma 
objetiva e inequívoca. 
Os métodos de identificação, ainda que classificados pela doutrina como simples e 
complexos, não possuem hierarquia de importância, devendo ser aplicados visando 
à economia e precisão nos resultados, são eles: 
 Métodos Simples: cédulas de identidade ou registros, fotografias, 
testemunhas, retrato falado, vídeo e sinais individuais. 
 Método Complexo: estudo Antropológico (antropometria – medição dos 
ossos), métodos laboratoriais, químico/físicos (exames de DNA), superposição 
de imagens, datiloscopia (papiloscopia), arcada dentária e íris. 
 
Para que os métodos de identificação sejam cientificamente seguros é necessário 
que estejam presentes os seguintes critérios técnicos e biológicos: 
 
 Praticabilidade: o processo deve se mostrar seguro, simples e rápido, tanto 
na obtenção quanto no registro dos caracteres. 
 
41 
 Classificabilidade: os métodos de arquivamento das informações devem 
possuir sistematização que permitam a comparação rápida e precisa. 
 Unicidade: as características tornam o indivíduo único, diferente dos demais. 
 Imutabilidade: as características intrínsecas não sofrem modificações com o 
tempo. 
 Perenidade: as características permanecem com o indivíduo durante toda a 
vida. 
Vale mencionar o que a Constituição Federal, o Código Penal, a Lei de 
Contravenções Penais, o Código de Processo Penal e o Código Civil abordam em 
seus textos normativos, que tratam de crimes envolvendo a identidade do indivíduo, 
no que diz respeito aos crimes de falsificação, como, por exemplo: 
 Art. 5º, inciso LVIII, da CRFB/1988: “O civilmente identificado não será 
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. 
 Art. 68 da Lei de Contravenções Penais: “Recusar a autoridade, quando por 
esta justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações 
concernentes à própria identidade, estado profissão, domicílio ou residência.” 
 Art. 307 do Código Penal: “Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para 
obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem. 
Pena – Detenção de três meses a um ano.” 
 Art. 166 do Código de Processo Penal: “Havendo dúvida sobre a identidade do 
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de 
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de 
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e identidade, no qual se 
descreverá com todos os sinais e indicações.” 
Dessa forma, verifica-se que a identidade do indivíduo se mostra importante não 
somente para diferenciar um ser humano do outro, mas também e principalmente 
para dirimir dúvidas relativas de identificação de indivíduos em dívida junto ao foro 
civil e criminal, podendo ser dividida em Identificação Médico-Legal e Identificação 
Judiciária ou Policial. 
9.2 - Identificação Médico-Legal 
 
 
42 
A identificação médico-legal é aquela que necessita de conhecimentos médicos para 
ser executada, sendo realizada em função de: 
 Espécie: distinção entre seres humanos e 
animais. Essa distinção pode ser obtida pela 
análise óssea, pelo material sanguíneo 
(verificando se o material é sangue mesmo – 
Técnica de Teichmann, e se é humano ou não – 
Técnica de Uhlenhuth). Microscopicamente, a 
diferença é dada pela análise da disposição do 
tamanho dos Canais de Havers, que são em 
menor número e mais largos no homem (FRANÇA, 2011). 
 Raças: distinção entre grupos étnicos (caucásico, mongólico, negroide, 
indiano e australoide) por meio de características como a forma e medidas do 
crânio e dimensão da face (método de Giles e Elliot); os índices cefálicos; a 
envergadura (índice tibiofemural negros > 83 e Índice radioumeral negros > 
80); a capacidade do crânio, branca (1558cm³), amarela (1518cm³), vermelha 
(1437cm³) e negra (1430cm³); o ângulo facial (Jacquart, Cloquet e Cuvier); a 
cor da pele; o tipo de cabelo, entre outros. 
 Gênero: a determinação do gênero em cadáveres em putrefação é trabalho, 
muitas vezes difícil, contudo, o útero e a próstata são órgãos resistentes e 
demoram a se decompor, facilitando o trabalho dos peritos. Contudo, nos 
casos em que o corpo já se encontra em estágio bastante avançado de 
decomposição, os ossos, principalmente do crânio, tórax, mandíbula e pelve, 
podem ser utilizados no exame de determinação do gênero. Também pode ser 
utilizado o índice de Aitchison, por meio da análise dos dentes e, caso 
necessário, o perito poderá recorrer ao exame genético forense, que é a 
investigação da cromatina sexual ou o chamado Corpúsculo de Barr (aplicação 
de corante nas células humanas, em que a presença da cromatina indica 
feminino e ausência indica masculino). 
 Idade: na avaliação para determinação da idade, considera-se a aparência, 
observando elementos como a pele (surgimento de rugas); pelos (presença de 
pelos pubianos e axilares); globoocular (arco senil); dentes (desgaste, erupção 
– Técnica de Gustafson); ângulo da mandíbula (Tabela de Ernestino Lopes); 
 
43 
imagens ósseas (punho, cotovelo, joelho, tornozelo, bacia e crânio) e massa 
corporal. 
Atenção: O exame ósseo é de grande importância para a determinação da idade do 
indivíduo tendo em vista a quantidade de detalhes e variedade de pontos de 
observação. 
 Estatura: o Fêmur é o principal osso utilizado na avaliação de estatura no 
cadáver, em que para tanto são utilizadas as tabelas de Broca e Trotter e 
Glesser, as tábuas de Etienne-Rollet e as fórmulas de Breitinger e Dupertuis e 
Haden. O índice de Carrea3 também é utilizado para estimar a estatura do 
indivíduo. 
 
Podemos ainda mencionar as formas de identificação realizadas por meio de 
malformação, estigmas profissionais, cicatrizes, tatuagens, comparação de dados 
odontológicos, íris, biometria, análise de DNA, análise da abóbada palatina e as 
identificações médico-legais funcionais e psíquicas (movimento, escrita, função 
sensorial, voz). 
9.3 - Identificação Judiciária ou Policial 
 
A Identificação Judiciária ou Policial é aquele ocorrida no âmbito civil ou criminal, 
ocorrem independentemente do conhecimento do profissional de medicina, são 
executadas pelos Institutos de Identificação de cada Estado e se dividem em: 
 Bertilonagem: conjunto de medidas corporais (antropometria) 
complementado pelo retrato falado, a fotografia e as impressões digitais 
(datiloscopia). 
 Datiloscopia: produzida pelo registro das pontas dos dedos deixados em 
superfícies pela gordura que os indivíduos carregam nas mãos. Esse tipo de 
identificação tem a vantagem de se encaixar em todos os critérios técnicos e 
biológicos garantidores da segurança dos métodos de identificação, 
perenidade, imutabilidade, variedade, praticabilidade e classificabilidade. 
 
44 
Atualmente, o Brasil utiliza o Sistema Datiloscópio de Vucetich, baseado na presença 
de cristais papilares das extremidades digitais. Segundo Vucetich, existem quatro 
formas básicas de desenhos das polpas digitais, são elas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presilha Interna (figura I=2): Um delta (Δ) está presente à direita do examinador. 
Presilha Externa (figura E=3): Um delta (Δ) está presente à esquerda do examinador. 
Verticilo (figura V=4): Estão presentes dois deltas (Δ Δ), um à direita e um à esquerda 
do examinador. 
Arco (figura A=1): As linhas que atravessam o campo digital apresentam formas mais 
ou menos paralelas, não há formações em delta (Δ). 
Ressalta-se que nos exames datiloscópicos os polegares recebem letras, os demais 
dedos recebem números, e a impressão do polegar direito é chamada de 
fundamental. Os dedos inexistentes são identificados pelo “0” e as cicatrizes são 
marcadas com “x”. 
10 – TRAUMATOLOGIA FORENSE 
10.1 - Conceito de traumatologia forense 
 
A Traumatologia Médico Legal é responsável pelo estudo das lesões e estados 
patológicos, que são produzidos na forma de violência sobre o corpo humano, sendo 
 
45 
elas recentes ou tardias, com maior interesse nas áreas, penais e trabalhistas, e 
menor na área cível. 
Para Hélio Gomes, 
“Estuda as lesões corporais, que são infrações consistentes no dano ao 
corpo ou à saúde, física ou mental, e resultantes de traumatismos, tanto 
materiais como morais". 
O estudo da Traumatologia forense para FRANÇA (2008) é o ramo da Medicina Legal 
que estuda a ação de uma energia externa sobre o organismo do indivíduo (FRANÇA, 
2008), ou seja, é o estudo das lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, 
produzidos por violência sobre o corpo humano. 
10.2 - Conceito de lesão corporal 
 
É o que atinge a integridade física ou psíquica dos ser humano, representam os 
elementos que determinaram o crime, determinadas legalmente no Código Penal 
Brasileiro no art.129 e parágrafos, são classificadas quanto a sua intensidade em : 
leve, grave e gravíssimas. 
“Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave” 
(...) 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
Sujeito passivo é o que padece da lesão. 
Para Nelson Hungria no Direito penal, a lesão corporal é "toda e qualquer ofensa 
ocasional à normalidade funcional do corpo ou organismo humano, seja do ponto de 
vista anatômico, seja do ponto de vista fisiológico ou psíquico". 
 
Para FRANÇA, (2008) as lesões corporais são, vestígios deixados pela ação da 
energia externa ou agente vulnerante, que podem ser, fugazes, temporárias ou 
permanentes, podendo ser superficiais ou profundas. 
 
46 
10.2.1- tipos de lesão corporal 
 
As lesões Corporais podem ser de natureza: 
LESÃO LEVE: 
A lesão de natureza leve é aquela onde há ausência das lesões grave e gravíssima, 
onde é registrado de forma pericial a existência da ofensa, consubstanciada em dano 
anatômico (comprometimento da integridade corporal) ou perturbações funcionais 
(comprometimento da saúde). 
Usualmente a lesão apurada no primeiro exame ( corpo de delito) requer novo exame 
dentro de 30 dias ( exame complementar), para se confirmar a inexistência das 
consequências mencionadas nos parágrafos do artigo 129 do CP, concluímos assim 
que é configurada como lesão leve, as lesões não tidas como grave ou gravíssima. 
A pena para esses casos é de três meses a um ano de detenção, e, conforme a Lei 
n.9.099/95, em seu art.88, a instauração de inquérito policial e a ação penal 
dependem da representação da vítima. 
As consequências das lesões leves são equimoses, escoriações e feridas contusas, 
o percentual em relação ao total das lesões corporais é de 80%. 
 
 
 
 
 
 
 
 LESÃO GRAVE: 
Lesão Corporal Grave ocorre quando o agente utiliza-se de culpa, a vontade de 
causar e ofender à sua vitima, será considerada grave se causar: Incapacidade para 
 
47 
as ocupações habituais normais durante 30 dias, ou debilidade permanente de 
membros, sentido ou funções. 
A debilidade é a perda de força o enfraquecimento, resultado de um dano anatômico 
ou funcional, portanto, as funções passíveis de debilitação são as atividades de órgão 
ou aparelhos do corpo Humano (rins,coração,olhos,ouvidos e mastigação). 
A determinação legal encontra - se no § 1o do art.129, CP, que em seus incisos 
resultem em: 
 I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; 
 II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
 IV - aceleração de parto: 
 
O perigo de vida, antes não era considerada uma lesão grave, por a recuperação 
ocorrer menos de um mês, se enquadrando nas lesões leves, com o advento do 
Código Penal de 1940 esta falha foi corrigida, sendo relacionado a gravidade com o 
risco que o paciente estaria correndo, decorrente da ofensa recebida. 
Aceleração de parto, trauma físico ou psíquico, existe a antecipação do parto com 
expulsão do feto, desrespeitando o período fisiológico, quando ocorrer o óbito fetal, e 
o resultado for aborto, a lesão transforma-se em gravíssima. 
 
A perícia médica deve ser realizada logo após a lesão no menor espaço de tempo, e 
pode ser repetida após trinta dias, buscando constatar se a vítima já está apta a 
exercer suas atividades e ocupações habituais. 
 
Para a doutrina, e essa é uma posição majoritária, a incapacidade cessa quando a 
vítima reúne condições razoáveis de retomar suas ocupações, sem que haja risco de 
agravamento da lesão. 
 
Conforme estudos, as lesões causadas por fraturas, são as que mais incapacitam, 
alcançando período superior a trinta dias, com exceção das fraturas nasais, onde a 
recuperação da vítima é menor. 
 
 
 
48 
LESÃO GRAVÍSSIMA: 
A definição doutrinária para lesões corporais de natureza gravíssima é decorrente do 
agravamento punitivo elencado no § 2o do art.129 do Código Penal brasileiro, e 
vinculam-se com as lesões que venham a causar: 
I - incapacidade