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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 Ganho de peso excessivo em gestantes da Atenção Primária à Saúde Excessive weight gain in pregnant women in Primary Health Care Aumento excesivo de peso en gestantes atendidas en Atención Primaria de Salud DOI: 10.55905/revconv.17n.6-045 Originals received: 05/03/2024 Acceptance for publication: 05/24/2024 Anna Barbara Albuquerque Gonçalves Graduada em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: annabarbara10014@gmail.com Guilherme Almeida Clementino Oliva Graduado em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: guilhermealmeidaoliva@gmail.com Gustavo Santos Viana Graduado em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: gustavo.santos.viana97@gmail.com Maria Fernanda Prates de Matos Miranda Graduada em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: nanda040800@hotmail.com Matheus Filipe Torres Graduado em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: matheusfet@yahoo.com.br Miguel Henrique Alves Carvalho Graduado em Medicina Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: miguelalvescarv@gmail.com 2 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 Maria Fernanda Santos Figueiredo Brito Doutora em Ciências da Saúde Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: nanda_sanfig@yahoo.com.br Wanessa Casteluber Lopes Mestre em Saúde, Sociedade e Ambiente Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) Endereço: Diamantina – Minas Gerais, Brasil E-mail: wannut@hotmail.com Lucineia de Pinho Doutora em Ciências da Saúde Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil E-mail: lucineiapinho@hotmail.com RESUMO O período gestacional é caracterizado por diversas modificações que alteram o sistema orgânico materno. Como consequência, há um aumento do ganho de peso ponderal, sendo necessário compreender os efeitos dessa condição, para evitar a ocorrência do excesso do peso, e reduzir os riscos de complicações fetais e maternas. O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência do ganho de peso excessivo de gestantes da Atenção Primaria à Saúde. Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, descritivo, de base populacional, aninhado à coorte ALGE. Foi realizada amostra probabilística no município de Montes Claros, região Norte do estado de Minas Gerais (MG) – Brasil, em gestantes cadastradas nas Equipes de Saúde da Familia, da zona urbana do município. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário para caracterização sociodemográfica, antropométricas e assistência pré-natal. Os dados coletados foram organizados e analisados de forma descritiva no software IBM SPSS Statistic versão 22.0 para Windows. Participaram deste estudo 675 gestantes, sendo 51,4% no segundo trimestre e 48,6% no terceiro trimestre. A prevalência do ganho de peso excessivo em gestantes da Atenção Primária à Saúde foi de 51,3%. O estudo mostrou que gestantes com sobrepeso pré-gestacional obtiveram o maior percentual de ganho de peso excessivo na gestação (62,4%) (p<0,005). Os resultados do estudo mostram que o ganho de peso excessivo na gestação ainda é bastante prevalente, reforçando que medidas com um enfoque social devem ser tomadas para preveni-lo e, consequentemente, evitar-se morbidades na saúde materno-infantil. Palavras-chave: atenção primária à saúde, gestante, estado nutricional, ganho de peso materno. ABSTRACT The gestational period is characterized by several changes that alter the maternal organic system. As a consequence, there is an increase in weight gain, making it necessary to understand the effects of this condition, to prevent the occurrence of excess weight, and reduce the risks of fetal and maternal complications. The objective of this work was to analyze the prevalence of excessive weight gain in pregnant women in Primary Health Care. This is an epidemiological, cross-sectional, descriptive, population-based study, nested within the ALGE cohort. A 3 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 probabilistic sample was carried out in the municipality of Montes Claros, northern region of the state of Minas Gerais (MG) – Brazil, in pregnant women registered with the Family Health Teams, in the urban area of the municipality. For data collection, a questionnaire was used for sociodemographic, anthropometric and prenatal care characterization. The collected data were organized and analyzed descriptively using the IBM SPSS Statistic software version 22.0 for Windows. 675 pregnant women participated in this study, 51.4% in the second trimester and 48.6% in the third trimester. The prevalence of excessive weight gain in pregnant women in Primary Health Care was 51.3%. The study showed that pregnant women with pre-pregnancy overweight had the highest percentage of excessive weight gain during pregnancy (62.4%) (p<0.005). The results of the study show that excessive weight gain during pregnancy is still quite prevalent, reinforcing that measures with a social focus must be taken to prevent it and, consequently, avoid morbidities in maternal and child health. Keywords: primary health care, pregnant women, nutritional status, maternal weight gain. RESUMEN El período gestacional se caracteriza por varios cambios que alteran el sistema orgánico materno. Como consecuencia, hay un aumento en el aumento de peso, por lo que es necesario comprender los efectos de esta condición, para prevenir la aparición de exceso de peso y reducir los riesgos de complicaciones fetales y maternas. El objetivo de este trabajo fue analizar la prevalencia de aumento excesivo de peso en mujeres embarazadas en Atención Primaria de Salud. Se trata de un estudio epidemiológico, transversal, descriptivo, de base poblacional, anidado dentro de la cohorte ALGE. Se realizó una muestra probabilística en el municipio de Montes Claros- MG, en gestantes registradas en los Equipos de Salud de la Familia, en el área urbana del municipio. Para la recolección de datos se utilizó un cuestionario de caracterización sociodemográfica, antropométrica y de atención prenatal. Los datos recopilados se organizaron y analizaron de forma descriptiva utilizando el software IBM SPSS Statistic versión 22.0 para Windows. En este estudio participaron 675 mujeres embarazadas. La prevalencia de aumento excesivo de peso en gestantes en la Atención Primaria de Salud fue del 51,3%. El estudio demostró que las mujeres embarazadas con sobrepeso previo al embarazo tuvieron el mayor porcentaje de aumento excesivo de peso durante el embarazo (62,4%) (p<0,005). Los resultados del estudio muestran que el aumento excesivo de peso durante el embarazo sigue siendo bastante prevalente, lo que refuerza que se deben tomar medidas con enfoque social para prevenirlo y, en consecuencia, evitar morbilidades en la salud maternoinfantil. Palabras clave: atención primaria de salud, mujeres embarazadas, estado nutricional, aumento de peso materno. 1 INTRODUÇÃO A gestação é um período em que ocorrem significativas modificações biológicas, fisiológicas e adaptações que afetam o sistema orgânico materno. Duranteesse período, deve-se ter uma estreita relação entre peso da gestante e do recém-nato. As gestantes com o ganho de 4 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 peso excessivo geram recém-nascidos com pesos inadequados e muitas vezes com implicações de curto e longo prazo para ambos (Monteschio et al., 2021). O ganho de peso gestacional adequado e a avaliação do estado nutricional materno se relacionam com a maturação e o desenvolvimento fetal, sendo requerido para prevenção de efeitos adversos neonatais e gestacionais (Pereira; Carneiro; Oliveira, 2019). O ganho de peso excessivo no período gestacional aumenta as possibilidades de acarretar diversas consequências negativas para a saúde da gestante e do concepto (Fonseca et al., 2021). Como consequências maternas podem ocorrer diabetes mellitus gestacional, obesidade pós-gestação e pré-eclâmpsia, acompanhado de risco maior para macrossomia fetal, defeitos congênitos, mortalidade perinatal e doenças metabólicas e obesidade em crianças (Monsteschio et al., 2021). No Brasil, identificou-se uma prevalência em até 52% de mulheres com o ganho de peso gestacional excessivo. Mulheres que ganham peso dentro dos limites propostos têm menor chance de ter filhos nos extremos de peso para idade gestacional e cerca de 2/3 das mulheres ganham mais peso que o recomendado, o que leva a complicações durante a gestação além de contribuir para a retenção de peso pós-parto e, assim, para o desenvolvimento da obesidade e suas complicações ao longo da vida (Abeso, 2016). Inúmeras patologias maternas podem ser desenvolvidas consequentes ao ganho de peso excessivo durante a gestação, levando a um maior risco de doenças ao feto. A Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) em gestantes com ganho de peso excessivo pode gerar um risco elevado para a macrossomia fetal. O risco aumenta devido ao excesso de glicose no sangue da mãe que transpassa a barreira placentária e chega ao feto por meio da circulação sistêmica, isto faz com que o mesmo cresça de maneira acelerada (Oliveira et al., 2022). O peso materno é um fator de risco independente para pré-eclâmpsia, sendo que o aumento de 5 a 7 kg/m2 no IMC pré- gestacional eleva o risco em até duas vezes mais (Brasil, 2022a). O ganho de pesso excessivo pode ter como consequência também um aumento de mortalidade perinatal além de acúmulo de gordura corporal e com isso o neonato tem mais chances de ter disfunção metabólica e vir a desenvolver obesidade (Colli et al., 2022). O ganho de peso gestacional excessivo tem implicações diretas na saúde materno-infantil, sendo necessário compreender os efeitos dessa condição para evitar possíveis complicações fetais e maternas. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência do ganho de peso excessivo em gestantes da Atenção Primária à Saúde. 5 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 2 METODOLOGIA O referido estudo epidemiológico, transversal e descritivo foi um recorte da pesquisa intitulada “Estudo ALGE – Avaliação das condições de saúde das gestantes de Montes Claros– MG: estudo longitudinal”. O cenário deste estudo ocorreu no município de Montes Claros, situado na região Norte do estado de Minas Gerais (MG) – Brasil. O local é referência em setores de prestação de serviços, comércio, educação e saúde. Os serviços da Estratégia Saúde da Família (ESF) compõem a rede de Atenção Primária à Saúde (APS) local desde 1992. A partir de então, o número de equipes e a cobertura populacional têm crescido progressivamente, consubstanciando o modelo de saúde da família como principal forma de organização da Atenção básica (AB), cobrindo 100% da população. A população desta pesquisa foi constituída pelas gestantes regularmente cadastradas na ESF, da zona urbana do município de Montes Claros, Minas Gerais. O tamanho da amostra foi estabelecido visando a estimar parâmetros populacionais com prevalência de 50% (para maximizar o tamanho amostral e devido ao projeto contemplar diversos eventos), intervalo de 95% de confiança (IC 95%), e nível de precisão de 2,0%. Fez-se correção para população finita (N=1.661 gestantes) e se estabeleceu também um acréscimo de 20% para compensar as possíveis não respostas e perdas. Os cálculos evidenciaram a necessidade de participação de, no mínimo, 1.180 gestantes, distribuídas entre os 15 polos da ESF do munícipio. A princípio, todas as gestantes cadastradas nos polos foram convidadas a participarem do estudo, havendo em seguida um sorteio aleatório simples. Por sua vez, foram excluídas as mulheres que apresentavam comprometimento cognitivo e/ou transtorno mental grave, conforme relatado pela equipe da ESF, e aquelas que não foram encontradas após três tentativas para a coleta de dados. Os dados foram coletados entre outubro de 2018 a novembro de 2019, nas unidades de saúde da ESF ou nos domicílios das gestantes, por uma equipe multiprofissional, composta por profissionais das áreas de enfermagem, medicina, nutrição, educação física, além de estudantes de graduação vinculados à iniciação científica. Para a coleta de dados, utilizou-se um questionário que contemplava características sociodemográficas e econômicas, escolares, ocupacionais, familiares, gineco-obstétricas, condições de saúde, hábitos de vida, imunização e suplementação, aspectos emocionais e de saúde mental; sexualidade; imagem corporal; violência. Os dados antropométricos, bioquímicos e clínicas foram obtidos por meio dos registros 6 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 do cartão de pré-natal. Os questionários foram aplicados após a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). No presente estudo, as variáveis características sociodemográficas e econômicas investigadas foram: idade, escolaridade, situação conjugal, ocupação e renda familiar. Para a caracterização ginecológica foram consideradas as variáveis: data da última menstruação (DUM); número de gestações; com quantas semanas iniciou o pré-natal; quantidade de consultas de pré-natal. Os dados antropométricos foram obtidos por meio do cartão da gestante, considerando a altura, o peso pré-gestacional e o peso durante as consultas pré-natais. O estudo analisou o estado nutricional pré-gestacional com base avaliação do IMC (Índice de Massa Corporal) “peso (Kg) / estatura (m)2”, e classificado com pontos de corte estabelecidos pela OMS (Organização Mundial de Saúde), sendo categorizado em: eutrófico ≤ 24,9Kg/m2, sobrepeso de 25 a 29,9Kg/m2 e obesidade ≥ 30Kg/m2 (OMS, 1995). A curva de ganho de peso semanal avaliada para cada gestante foi feita com base em qual destes grupos se encontravam e em qual padrão classificatório a diferença do peso da última consulta com o peso pré-gestacional se encaixava. O ganho ponderal foi classificado em insuficiente, adequado ou excessivo de acordo com a idade gestacional em que foram coletados os dados durante a consulta de pré-natal. Seguiram-se as recomendações da Caderneta da Gestante (Brasil, 2022b). Os dados obtidos foram categorizados e processados eletronicamente através de software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 18.0 para Windows®. Foram realizadas análises descritivas e a diferença estatística por meio do teste de qui-quadrado com nível de significância de 5%. O estudo foi conduzido em consonância com as normas para pesquisas envolvendo seres humanos, estipuladas pela Resolução número 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, por meio do Parecer nº 2483.623/2018, CAAE 80957817.5.0000.5146. 3 RESULTADOS Participaram deste estudo 675 gestantes, sendo 51,4% no segundo trimestre e 48,6%no terceiro trimestre. A faixa etária predominante das mulheres participantes foi entre 20 a 35 anos, representando 72,2%. Analisou-se também o perfil das gestantes com base no grau de escolaridade, em que maioria possui o ensino médio completo, totalizando 63,9%. Ao se tratar 7 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 da situação conjugal, 79,5% possuem companheiro. A ocupação que detém a maior porcentagem no estudo é a de dona de casa/fazem bico ou que não possuem emprego, representando 54,8% do total. Quanto à renda familiar, há um predomínio das que ganham entre R$519 a R$1039, e as que recebem entre R$1040 e R$2078, sendo 36,1% e 31,3%, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1. Características sociodemográficas das gestantes assistidas nas unidades básicas de saúde de Montes Claros, MG, Brasil, 2018/2019 (n=1.279). Variável N % Idade (anos) Até 19 93 14,0 20-35 478 72,2 Acima de 36 91 13,7 Escolaridade Ensino fundamental 84 12,4 Ensino médio 431 63,9 Superior/pós-graduação 160 23,7 Situação Conjugal Com companheiro 536 79,5 Sem companheiro 138 20,5 Ocupação Dona de casa/faz bico/nenhum 370 54,8 Assalariada 233 34,5 Trabalha por conta própria 72 10,7 Renda Familiar até R$518,00 62 9,5 R$519 a R$1039 237 36,1 R$1040 a R$2078 205 31,3 acima de 2078 152 23,2 Trimestre Gestacional Segundo 347 51,4 Terceiro 328 48,6 Fonte: Autoria própria Dentre as 675 gestantes analisadas, 346 (51,3%) ganharam peso acima do recomendado, 158 (23,4%) ganharam de forma insuficiente e 171 (25,3%) apresentaram ganho de peso (GP) adequado até o momento da coleta de dados. Dentre as gestantes com baixo peso no início da gravidez, 50,9% tiveram GP acima do recomendado. Entre aquelas com sobrepeso, 62,4% tiveram GP elevado e entre as com obesidade, esta proporção foi de 49,5% (p<0,001) (Tabela 2). 8 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 Tabela 2. Classificação do ganho de peso semanal de acordo com as categorias de IMC pré- gestacional segundo recomendações da Caderneta da Gestante, Ministério da Saúde, 2022. Montes Claros, MG, 2018. (n = 675) Ganho de peso durante a gestação IMC pré-gestacional Insuficiente n(%) Adequado n(%) Excessivo n(%) Total n(%) Baixo peso 19(33,3) 9(15,8) 29(50,9) 57(100) Eutrofia 55(17,6) 117(37,4) 141(45,0) 313(100) Sobrepeso 47(24,2) 26(13,4) 121(62,4) 194(100) Obesidade 37(33,3) 19(17,1) 55(49,5) 111(100) Total 158(23,4) 171(25,3) 346(51,3) 675(100) IMC: Indice de Massa Corporal. Valor de p para o teste de associação de χ2: <0,001. Fonte: Autoria própria 4 DISCUSSÃO O presente estudo avaliou o ganho de peso ponderal da população de gestantes atendidas na Atenção Primária de Saúde em Montes Claros-MG. Os dados obtidos revelaram uma alta taxa de gestantes com desvios no ganho de peso. Houve uma prevalência relevante de gestantes com ganho de peso excessivo e com o ganho insuficiente. A proporção de ganho de peso excessivo neste estudo foi similar ao obtido em estudo realizado em Horizonte (CE), a qual 51,3% das gestantes tiveram ganho de peso excessivo (Silva et al., 2019). Um estudo realizado na China também demonstrou um alto percentual de gestantes com ganho de peso excessivo (Sun et al., 2020). O ganho de peso excessivo aumenta as chances de desenvolvimento de doenças crônicas para a mãe e o feto, neste sentido, mostra-se a importância de uma gestação ser acompanhada de forma adequada, a fim de garantir melhor saúde maternal e infantil após a gestação (Dude et al., 2021). É importante salientar a quantidade de mulheres com sobrepeso e obesidade pré- gestacional neste estudo, achado similar que observou uma frequência de 31% das mulheres em idade fértil com excesso de peso pré-gestacionais (Lana et al., 2020). Estes achados corroboram para uma prevalência de ganho de peso inadequado no período gestacional. O sobrepeso ou obesidade pré-gestacinal pode implicar em complicações agudas e crônicas na saúde materna e fetal (Sun et al., 2020). Em estudo de coorte prospectivo conduzido pelo Núcleo de Investigação em Saúde Materno-Infantil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), avaliou 185 gestantes que mostrou resultados com aproximadamente 44,9% das mulheres que ja iniciaram a gestação com algum desvio ponderal, sendo 4,9% baixo peso e 13,5% obesas (Girardi et al., 2021). Em outro estudo realizado por Marshall et al. (2021), nos Estados Unidos da América que buscou 9 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 avaliar a importância da nutrição na gravidez e as consequências ao longo da vida, demonstrou em seus resultados que a maioria das mulheres do país tinham sobrepeso ou obesidade pré- gestacionais. Este estudo apresentou ainda um percentual importante de gestantes com o IMC de baixo peso. Neste sentido, é importante salientar que o baixo peso ao fim da gestação está correlacionado com maior frequência de recém- nascido de baixo peso ao nascer, restrição do crescimento intrauterino que pode ter como consequências a mortalidade fetal ou complicações perinatais e na infância podem levar ao surgimento de doenças crônicas como Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus (Pereira; Carneiro; Oliveira, 2019). Os desvios nutricionais durante a gestação podem estar relacionados a falta de planejamento da gravidez, falta de informações ou de seguimento nas orientações realizadas em consultas pré-natais. O peso pré-gestacional inadequado pode ter implicações no ganho de peso gestacional, hipovitaminose, anemia e, assim, causar o desenvolvimento inadequado do feto (Campos et al., 2019). Na gestante, os problemas nutricionais são relacionados com agravos para a saúde materno-fetal. Dessa forma, é importante construir estratégias preventivas e o diagnóstico prévio através de medidas antropométricas e exames laboratoriais e, a partir disso, orientar sobre as consequências materno/fetais do ganho de peso inadequado e para manter um acompanhamento multiprofissional (Czarnobay et al., 2019). A inadequação do estado nutricional pré-gestacional ou gestacional e o ganho de peso inadequado durante a gestação estão associados a resultados reprodutivos desfavoráveis tanto para a gestante quanto para o recém-nascido. O baixo peso pré-gestacional ou ganho de peso gestacional insuficiente se relacionam ao retardo de crescimento intrauterino, à prematuridade e ao baixo peso ao nascer do bebê (Black et al., 2019). Nos países ocidentais, a prevalência do ganho de peso excessivo em gestantes chega a 30% e a estimativa é que mais de 40% das gestantes ganhem peso acima da faixa preconizada para seu índice de massa corporal (IMC), segundo o Institute of Medicine (IOM) (Ferreira et al., 2020). No Brasil, segundo levantamento do Ministério da Saúde, uma em cada cinco pessoas está acima do peso. Esses dados para a população geral no país refletem na população de gestantes, demonstrando a associação significativa entre excesso de peso antes da gestação e maior frequência do ganho de peso gestacional excessivo (Ferreira et al., 2020). 10 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 Os resultados obtidos neste estudo reforçam a necessidade de uma assistência nutricional às gestantes e mulheres em idade fértil, de modo individual visando seu estilo de vida e principalmente o seu estado nutricional prévio à gestação. É de suma importância, para além das práticas clínicas, o desenvolvimento de políticas públicas que sejam mais bem disseminadas a importância sobre um ganho de peso adequado durante a gestação, visando diminuir os riscos materno e infantil (Santos et al., 2022). Tais políticas incluemque todas as mulheres em idade fértil recebam aconselhamentos pré-concepcional e juntamente com gestantes recebam orientações sobre nutrição, atividade física e ganho de peso adequado pré e intra-gestacional (Marshall et al., 2021). O presente estudo tem como limitação o uso de dados de peso e altura coletados no cartão da gestante para determinação do IMC. Esses dados são passíveis de, em algum momento, não serem fiéis a realidade que a gestante viveu durante o seu período de gravidez, sendo pesos aproximados ou não. Portanto, essa inserção, mesmo que por um profissional de saúde pode subestimar o real ganho de peso, tornando uma fonte de viés na interpretação dos dados, influenciando no resultado do estado nutricional na gestação. 5 CONCLUSÃO No presente estudo metade das gestantes ganharam peso acima do recomendado e um significativo número de gestantes tiveram IMC abaixo do que é preconizado. Os desvios de peso gestacional têm implicações diretas na saúde materno-infantil e pode estar relacionado a falta de planejamento da gravidez, falta de informações ou de seguimento nas orientações realizadas em consultas pré-natal. Esses dados mostram a importância do acompanhamento pré-natal, que vise ações de educação em saúde, identificação de riscos, prevenção e tratamento de complicações. Esses atendimentos devem ocorrer principalmente na Atenção Básica à Saúde, cujo principal objetivo é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando o nascimento de um bebê saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal. 11 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 jan. 2021 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA. Diretrizes brasileiras de obesidade. 4 ed. São Paulo: ABESO, 2016. BLACK, R.E.; VICTORA, C.G.; WALKER, S.P.; BHUTTA, Z.A.; CHRISTIAN, P.; ONIS, M.; et al. 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