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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-12, 2024 
 
 jan. 2021 
Ganho de peso excessivo em gestantes da Atenção Primária à Saúde 
 
Excessive weight gain in pregnant women in Primary Health Care 
 
Aumento excesivo de peso en gestantes atendidas en Atención Primaria de 
Salud 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-045 
 
Originals received: 05/03/2024 
Acceptance for publication: 05/24/2024 
 
Anna Barbara Albuquerque Gonçalves 
Graduada em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: annabarbara10014@gmail.com 
 
Guilherme Almeida Clementino Oliva 
Graduado em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: guilhermealmeidaoliva@gmail.com 
 
Gustavo Santos Viana 
Graduado em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: gustavo.santos.viana97@gmail.com 
 
Maria Fernanda Prates de Matos Miranda 
Graduada em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: nanda040800@hotmail.com 
 
Matheus Filipe Torres 
Graduado em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: matheusfet@yahoo.com.br 
 
Miguel Henrique Alves Carvalho 
Graduado em Medicina 
Instituição: Centro Universitário FIPMoc (UNIFIPMOC) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: miguelalvescarv@gmail.com 
 
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Maria Fernanda Santos Figueiredo Brito 
Doutora em Ciências da Saúde 
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: nanda_sanfig@yahoo.com.br 
 
Wanessa Casteluber Lopes 
Mestre em Saúde, Sociedade e Ambiente 
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) 
Endereço: Diamantina – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: wannut@hotmail.com 
 
Lucineia de Pinho 
Doutora em Ciências da Saúde 
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) 
Endereço: Montes Claros - Minas Gerais, Brasil 
E-mail: lucineiapinho@hotmail.com 
 
RESUMO 
O período gestacional é caracterizado por diversas modificações que alteram o sistema orgânico 
materno. Como consequência, há um aumento do ganho de peso ponderal, sendo necessário 
compreender os efeitos dessa condição, para evitar a ocorrência do excesso do peso, e reduzir os 
riscos de complicações fetais e maternas. O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência do 
ganho de peso excessivo de gestantes da Atenção Primaria à Saúde. Trata-se de um estudo 
epidemiológico, transversal, descritivo, de base populacional, aninhado à coorte ALGE. Foi 
realizada amostra probabilística no município de Montes Claros, região Norte do estado de Minas 
Gerais (MG) – Brasil, em gestantes cadastradas nas Equipes de Saúde da Familia, da zona urbana 
do município. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário para caracterização 
sociodemográfica, antropométricas e assistência pré-natal. Os dados coletados foram 
organizados e analisados de forma descritiva no software IBM SPSS Statistic versão 22.0 para 
Windows. Participaram deste estudo 675 gestantes, sendo 51,4% no segundo trimestre e 48,6% 
no terceiro trimestre. A prevalência do ganho de peso excessivo em gestantes da Atenção 
Primária à Saúde foi de 51,3%. O estudo mostrou que gestantes com sobrepeso pré-gestacional 
obtiveram o maior percentual de ganho de peso excessivo na gestação (62,4%) (p<0,005). Os 
resultados do estudo mostram que o ganho de peso excessivo na gestação ainda é bastante 
prevalente, reforçando que medidas com um enfoque social devem ser tomadas para preveni-lo 
e, consequentemente, evitar-se morbidades na saúde materno-infantil. 
 
Palavras-chave: atenção primária à saúde, gestante, estado nutricional, ganho de peso materno. 
 
ABSTRACT 
The gestational period is characterized by several changes that alter the maternal organic system. 
As a consequence, there is an increase in weight gain, making it necessary to understand the 
effects of this condition, to prevent the occurrence of excess weight, and reduce the risks of fetal 
and maternal complications. The objective of this work was to analyze the prevalence of 
excessive weight gain in pregnant women in Primary Health Care. This is an epidemiological, 
cross-sectional, descriptive, population-based study, nested within the ALGE cohort. A 
 
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probabilistic sample was carried out in the municipality of Montes Claros, northern region of the 
state of Minas Gerais (MG) – Brazil, in pregnant women registered with the Family Health 
Teams, in the urban area of the municipality. For data collection, a questionnaire was used for 
sociodemographic, anthropometric and prenatal care characterization. The collected data were 
organized and analyzed descriptively using the IBM SPSS Statistic software version 22.0 for 
Windows. 675 pregnant women participated in this study, 51.4% in the second trimester and 
48.6% in the third trimester. The prevalence of excessive weight gain in pregnant women in 
Primary Health Care was 51.3%. The study showed that pregnant women with pre-pregnancy 
overweight had the highest percentage of excessive weight gain during pregnancy (62.4%) 
(p<0.005). The results of the study show that excessive weight gain during pregnancy is still 
quite prevalent, reinforcing that measures with a social focus must be taken to prevent it and, 
consequently, avoid morbidities in maternal and child health. 
 
Keywords: primary health care, pregnant women, nutritional status, maternal weight gain. 
 
RESUMEN 
El período gestacional se caracteriza por varios cambios que alteran el sistema orgánico materno. 
Como consecuencia, hay un aumento en el aumento de peso, por lo que es necesario comprender 
los efectos de esta condición, para prevenir la aparición de exceso de peso y reducir los riesgos 
de complicaciones fetales y maternas. El objetivo de este trabajo fue analizar la prevalencia de 
aumento excesivo de peso en mujeres embarazadas en Atención Primaria de Salud. Se trata de 
un estudio epidemiológico, transversal, descriptivo, de base poblacional, anidado dentro de la 
cohorte ALGE. Se realizó una muestra probabilística en el municipio de Montes Claros- MG, en 
gestantes registradas en los Equipos de Salud de la Familia, en el área urbana del municipio. Para 
la recolección de datos se utilizó un cuestionario de caracterización sociodemográfica, 
antropométrica y de atención prenatal. Los datos recopilados se organizaron y analizaron de 
forma descriptiva utilizando el software IBM SPSS Statistic versión 22.0 para Windows. En este 
estudio participaron 675 mujeres embarazadas. La prevalencia de aumento excesivo de peso en 
gestantes en la Atención Primaria de Salud fue del 51,3%. El estudio demostró que las mujeres 
embarazadas con sobrepeso previo al embarazo tuvieron el mayor porcentaje de aumento 
excesivo de peso durante el embarazo (62,4%) (p<0,005). Los resultados del estudio muestran 
que el aumento excesivo de peso durante el embarazo sigue siendo bastante prevalente, lo que 
refuerza que se deben tomar medidas con enfoque social para prevenirlo y, en consecuencia, 
evitar morbilidades en la salud maternoinfantil. 
 
Palabras clave: atención primaria de salud, mujeres embarazadas, estado nutricional, aumento 
de peso materno. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A gestação é um período em que ocorrem significativas modificações biológicas, 
fisiológicas e adaptações que afetam o sistema orgânico materno. Duranteesse período, deve-se 
ter uma estreita relação entre peso da gestante e do recém-nato. As gestantes com o ganho de 
 
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peso excessivo geram recém-nascidos com pesos inadequados e muitas vezes com implicações 
de curto e longo prazo para ambos (Monteschio et al., 2021). 
O ganho de peso gestacional adequado e a avaliação do estado nutricional materno se 
relacionam com a maturação e o desenvolvimento fetal, sendo requerido para prevenção de 
efeitos adversos neonatais e gestacionais (Pereira; Carneiro; Oliveira, 2019). O ganho de peso 
excessivo no período gestacional aumenta as possibilidades de acarretar diversas consequências 
negativas para a saúde da gestante e do concepto (Fonseca et al., 2021). Como consequências 
maternas podem ocorrer diabetes mellitus gestacional, obesidade pós-gestação e pré-eclâmpsia, 
acompanhado de risco maior para macrossomia fetal, defeitos congênitos, mortalidade perinatal 
e doenças metabólicas e obesidade em crianças (Monsteschio et al., 2021). 
No Brasil, identificou-se uma prevalência em até 52% de mulheres com o ganho de peso 
gestacional excessivo. Mulheres que ganham peso dentro dos limites propostos têm menor 
chance de ter filhos nos extremos de peso para idade gestacional e cerca de 2/3 das mulheres 
ganham mais peso que o recomendado, o que leva a complicações durante a gestação além de 
contribuir para a retenção de peso pós-parto e, assim, para o desenvolvimento da obesidade e 
suas complicações ao longo da vida (Abeso, 2016). 
Inúmeras patologias maternas podem ser desenvolvidas consequentes ao ganho de peso 
excessivo durante a gestação, levando a um maior risco de doenças ao feto. A Diabetes Mellitus 
Gestacional (DMG) em gestantes com ganho de peso excessivo pode gerar um risco elevado para 
a macrossomia fetal. O risco aumenta devido ao excesso de glicose no sangue da mãe que 
transpassa a barreira placentária e chega ao feto por meio da circulação sistêmica, isto faz com 
que o mesmo cresça de maneira acelerada (Oliveira et al., 2022). O peso materno é um fator de 
risco independente para pré-eclâmpsia, sendo que o aumento de 5 a 7 kg/m2 no IMC pré-
gestacional eleva o risco em até duas vezes mais (Brasil, 2022a). O ganho de pesso excessivo 
pode ter como consequência também um aumento de mortalidade perinatal além de acúmulo de 
gordura corporal e com isso o neonato tem mais chances de ter disfunção metabólica e vir a 
desenvolver obesidade (Colli et al., 2022). 
O ganho de peso gestacional excessivo tem implicações diretas na saúde materno-infantil, 
sendo necessário compreender os efeitos dessa condição para evitar possíveis complicações fetais 
e maternas. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência do ganho de peso 
excessivo em gestantes da Atenção Primária à Saúde. 
 
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2 METODOLOGIA 
 
O referido estudo epidemiológico, transversal e descritivo foi um recorte da pesquisa 
intitulada “Estudo ALGE – Avaliação das condições de saúde das gestantes de Montes Claros– 
MG: estudo longitudinal”. O cenário deste estudo ocorreu no município de Montes Claros, 
situado na região Norte do estado de Minas Gerais (MG) – Brasil. O local é referência em setores 
de prestação de serviços, comércio, educação e saúde. Os serviços da Estratégia Saúde da Família 
(ESF) compõem a rede de Atenção Primária à Saúde (APS) local desde 1992. A partir de então, 
o número de equipes e a cobertura populacional têm crescido progressivamente, 
consubstanciando o modelo de saúde da família como principal forma de organização da Atenção 
básica (AB), cobrindo 100% da população. 
A população desta pesquisa foi constituída pelas gestantes regularmente cadastradas na 
ESF, da zona urbana do município de Montes Claros, Minas Gerais. O tamanho da amostra foi 
estabelecido visando a estimar parâmetros populacionais com prevalência de 50% (para 
maximizar o tamanho amostral e devido ao projeto contemplar diversos eventos), intervalo de 
95% de confiança (IC 95%), e nível de precisão de 2,0%. Fez-se correção para população finita 
(N=1.661 gestantes) e se estabeleceu também um acréscimo de 20% para compensar as possíveis 
não respostas e perdas. Os cálculos evidenciaram a necessidade de participação de, no mínimo, 
1.180 gestantes, distribuídas entre os 15 polos da ESF do munícipio. A princípio, todas as 
gestantes cadastradas nos polos foram convidadas a participarem do estudo, havendo em seguida 
um sorteio aleatório simples. Por sua vez, foram excluídas as mulheres que apresentavam 
comprometimento cognitivo e/ou transtorno mental grave, conforme relatado pela equipe da 
ESF, e aquelas que não foram encontradas após três tentativas para a coleta de dados. 
Os dados foram coletados entre outubro de 2018 a novembro de 2019, nas unidades de 
saúde da ESF ou nos domicílios das gestantes, por uma equipe multiprofissional, composta por 
profissionais das áreas de enfermagem, medicina, nutrição, educação física, além de estudantes 
de graduação vinculados à iniciação científica. Para a coleta de dados, utilizou-se um 
questionário que contemplava características sociodemográficas e econômicas, escolares, 
ocupacionais, familiares, gineco-obstétricas, condições de saúde, hábitos de vida, imunização e 
suplementação, aspectos emocionais e de saúde mental; sexualidade; imagem corporal; 
violência. Os dados antropométricos, bioquímicos e clínicas foram obtidos por meio dos registros 
 
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do cartão de pré-natal. Os questionários foram aplicados após a leitura e assinatura do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). 
No presente estudo, as variáveis características sociodemográficas e econômicas 
investigadas foram: idade, escolaridade, situação conjugal, ocupação e renda familiar. Para a 
caracterização ginecológica foram consideradas as variáveis: data da última menstruação 
(DUM); número de gestações; com quantas semanas iniciou o pré-natal; quantidade de consultas 
de pré-natal. Os dados antropométricos foram obtidos por meio do cartão da gestante, 
considerando a altura, o peso pré-gestacional e o peso durante as consultas pré-natais. 
O estudo analisou o estado nutricional pré-gestacional com base avaliação do IMC (Índice 
de Massa Corporal) “peso (Kg) / estatura (m)2”, e classificado com pontos de corte estabelecidos 
pela OMS (Organização Mundial de Saúde), sendo categorizado em: eutrófico ≤ 24,9Kg/m2, 
sobrepeso de 25 a 29,9Kg/m2 e obesidade ≥ 30Kg/m2 (OMS, 1995). A curva de ganho de peso 
semanal avaliada para cada gestante foi feita com base em qual destes grupos se encontravam e 
em qual padrão classificatório a diferença do peso da última consulta com o peso pré-gestacional 
se encaixava. O ganho ponderal foi classificado em insuficiente, adequado ou excessivo de 
acordo com a idade gestacional em que foram coletados os dados durante a consulta de pré-natal. 
Seguiram-se as recomendações da Caderneta da Gestante (Brasil, 2022b). 
Os dados obtidos foram categorizados e processados eletronicamente através de software 
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 18.0 para Windows®. Foram realizadas 
análises descritivas e a diferença estatística por meio do teste de qui-quadrado com nível de 
significância de 5%. O estudo foi conduzido em consonância com as normas para pesquisas 
envolvendo seres humanos, estipuladas pela Resolução número 466/2012 do Conselho Nacional 
de Saúde. O projeto de pesquisa foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, por 
meio do Parecer nº 2483.623/2018, CAAE 80957817.5.0000.5146. 
 
3 RESULTADOS 
 
Participaram deste estudo 675 gestantes, sendo 51,4% no segundo trimestre e 48,6%no 
terceiro trimestre. A faixa etária predominante das mulheres participantes foi entre 20 a 35 anos, 
representando 72,2%. Analisou-se também o perfil das gestantes com base no grau de 
escolaridade, em que maioria possui o ensino médio completo, totalizando 63,9%. Ao se tratar 
 
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da situação conjugal, 79,5% possuem companheiro. A ocupação que detém a maior porcentagem 
no estudo é a de dona de casa/fazem bico ou que não possuem emprego, representando 54,8% do 
total. Quanto à renda familiar, há um predomínio das que ganham entre R$519 a R$1039, e as 
que recebem entre R$1040 e R$2078, sendo 36,1% e 31,3%, respectivamente (Tabela 1). 
 
Tabela 1. Características sociodemográficas das gestantes assistidas nas unidades básicas de saúde de Montes 
Claros, MG, Brasil, 2018/2019 (n=1.279). 
Variável N % 
Idade (anos) 
Até 19 93 14,0 
20-35 478 72,2 
Acima de 36 91 13,7 
Escolaridade 
Ensino fundamental 84 12,4 
Ensino médio 431 63,9 
Superior/pós-graduação 160 23,7 
Situação Conjugal 
Com companheiro 536 79,5 
Sem companheiro 138 20,5 
Ocupação 
Dona de casa/faz bico/nenhum 370 54,8 
Assalariada 233 34,5 
Trabalha por conta própria 72 10,7 
Renda Familiar 
até R$518,00 62 9,5 
R$519 a R$1039 237 36,1 
R$1040 a R$2078 205 31,3 
acima de 2078 152 23,2 
Trimestre Gestacional 
Segundo 347 51,4 
Terceiro 328 48,6 
Fonte: Autoria própria 
 
Dentre as 675 gestantes analisadas, 346 (51,3%) ganharam peso acima do recomendado, 
158 (23,4%) ganharam de forma insuficiente e 171 (25,3%) apresentaram ganho de peso (GP) 
adequado até o momento da coleta de dados. Dentre as gestantes com baixo peso no início da 
gravidez, 50,9% tiveram GP acima do recomendado. Entre aquelas com sobrepeso, 62,4% 
tiveram GP elevado e entre as com obesidade, esta proporção foi de 49,5% (p<0,001) (Tabela 2). 
 
 
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Tabela 2. Classificação do ganho de peso semanal de acordo com as categorias de IMC pré- gestacional segundo 
recomendações da Caderneta da Gestante, Ministério da Saúde, 2022. Montes Claros, MG, 2018. (n = 675) 
 Ganho de peso durante a gestação 
IMC pré-gestacional 
Insuficiente n(%) Adequado n(%) Excessivo n(%) Total 
n(%) 
Baixo peso 19(33,3) 9(15,8) 29(50,9) 57(100) 
Eutrofia 55(17,6) 117(37,4) 141(45,0) 313(100) 
Sobrepeso 47(24,2) 26(13,4) 121(62,4) 194(100) 
Obesidade 37(33,3) 19(17,1) 55(49,5) 111(100) 
Total 158(23,4) 171(25,3) 346(51,3) 675(100) 
IMC: Indice de Massa Corporal. Valor de p para o teste de associação de χ2: <0,001. 
Fonte: Autoria própria 
 
4 DISCUSSÃO 
 
O presente estudo avaliou o ganho de peso ponderal da população de gestantes atendidas 
na Atenção Primária de Saúde em Montes Claros-MG. Os dados obtidos revelaram uma alta taxa 
de gestantes com desvios no ganho de peso. Houve uma prevalência relevante de gestantes com 
ganho de peso excessivo e com o ganho insuficiente. A proporção de ganho de peso excessivo 
neste estudo foi similar ao obtido em estudo realizado em Horizonte (CE), a qual 51,3% das 
gestantes tiveram ganho de peso excessivo (Silva et al., 2019). Um estudo realizado na China 
também demonstrou um alto percentual de gestantes com ganho de peso excessivo (Sun et al., 
2020). O ganho de peso excessivo aumenta as chances de desenvolvimento de doenças crônicas 
para a mãe e o feto, neste sentido, mostra-se a importância de uma gestação ser acompanhada de 
forma adequada, a fim de garantir melhor saúde maternal e infantil após a gestação (Dude et al., 
2021). 
É importante salientar a quantidade de mulheres com sobrepeso e obesidade pré-
gestacional neste estudo, achado similar que observou uma frequência de 31% das mulheres em 
idade fértil com excesso de peso pré-gestacionais (Lana et al., 2020). Estes achados corroboram 
para uma prevalência de ganho de peso inadequado no período gestacional. O sobrepeso ou 
obesidade pré-gestacinal pode implicar em complicações agudas e crônicas na saúde materna e 
fetal (Sun et al., 2020). 
Em estudo de coorte prospectivo conduzido pelo Núcleo de Investigação em Saúde 
Materno-Infantil da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), avaliou 185 gestantes 
que mostrou resultados com aproximadamente 44,9% das mulheres que ja iniciaram a gestação 
com algum desvio ponderal, sendo 4,9% baixo peso e 13,5% obesas (Girardi et al., 2021). Em 
outro estudo realizado por Marshall et al. (2021), nos Estados Unidos da América que buscou 
 
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avaliar a importância da nutrição na gravidez e as consequências ao longo da vida, demonstrou 
em seus resultados que a maioria das mulheres do país tinham sobrepeso ou obesidade pré-
gestacionais. 
Este estudo apresentou ainda um percentual importante de gestantes com o IMC de baixo 
peso. Neste sentido, é importante salientar que o baixo peso ao fim da gestação está 
correlacionado com maior frequência de recém- nascido de baixo peso ao nascer, restrição do 
crescimento intrauterino que pode ter como consequências a mortalidade fetal ou complicações 
perinatais e na infância podem levar ao surgimento de doenças crônicas como Hipertensão 
Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus (Pereira; Carneiro; Oliveira, 2019). 
Os desvios nutricionais durante a gestação podem estar relacionados a falta de 
planejamento da gravidez, falta de informações ou de seguimento nas orientações realizadas em 
consultas pré-natais. O peso pré-gestacional inadequado pode ter implicações no ganho de peso 
gestacional, hipovitaminose, anemia e, assim, causar o desenvolvimento inadequado do feto 
(Campos et al., 2019). Na gestante, os problemas nutricionais são relacionados com agravos para 
a saúde materno-fetal. Dessa forma, é importante construir estratégias preventivas e o diagnóstico 
prévio através de medidas antropométricas e exames laboratoriais e, a partir disso, orientar sobre 
as consequências materno/fetais do ganho de peso inadequado e para manter um 
acompanhamento multiprofissional (Czarnobay et al., 2019). 
A inadequação do estado nutricional pré-gestacional ou gestacional e o ganho de peso 
inadequado durante a gestação estão associados a resultados reprodutivos desfavoráveis tanto 
para a gestante quanto para o recém-nascido. O baixo peso pré-gestacional ou ganho de peso 
gestacional insuficiente se relacionam ao retardo de crescimento intrauterino, à prematuridade e 
ao baixo peso ao nascer do bebê (Black et al., 2019). 
Nos países ocidentais, a prevalência do ganho de peso excessivo em gestantes chega a 
30% e a estimativa é que mais de 40% das gestantes ganhem peso acima da faixa preconizada 
para seu índice de massa corporal (IMC), segundo o Institute of Medicine (IOM) (Ferreira et al., 
2020). No Brasil, segundo levantamento do Ministério da Saúde, uma em cada cinco pessoas está 
acima do peso. Esses dados para a população geral no país refletem na população de gestantes, 
demonstrando a associação significativa entre excesso de peso antes da gestação e maior 
frequência do ganho de peso gestacional excessivo (Ferreira et al., 2020). 
 
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Os resultados obtidos neste estudo reforçam a necessidade de uma assistência nutricional 
às gestantes e mulheres em idade fértil, de modo individual visando seu estilo de vida e 
principalmente o seu estado nutricional prévio à gestação. É de suma importância, para além das 
práticas clínicas, o desenvolvimento de políticas públicas que sejam mais bem disseminadas a 
importância sobre um ganho de peso adequado durante a gestação, visando diminuir os riscos 
materno e infantil (Santos et al., 2022). Tais políticas incluemque todas as mulheres em idade 
fértil recebam aconselhamentos pré-concepcional e juntamente com gestantes recebam 
orientações sobre nutrição, atividade física e ganho de peso adequado pré e intra-gestacional 
(Marshall et al., 2021). 
O presente estudo tem como limitação o uso de dados de peso e altura coletados no cartão 
da gestante para determinação do IMC. Esses dados são passíveis de, em algum momento, não 
serem fiéis a realidade que a gestante viveu durante o seu período de gravidez, sendo pesos 
aproximados ou não. Portanto, essa inserção, mesmo que por um profissional de saúde pode 
subestimar o real ganho de peso, tornando uma fonte de viés na interpretação dos dados, 
influenciando no resultado do estado nutricional na gestação. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
No presente estudo metade das gestantes ganharam peso acima do recomendado e um 
significativo número de gestantes tiveram IMC abaixo do que é preconizado. Os desvios de peso 
gestacional têm implicações diretas na saúde materno-infantil e pode estar relacionado a falta de 
planejamento da gravidez, falta de informações ou de seguimento nas orientações realizadas em 
consultas pré-natal. 
Esses dados mostram a importância do acompanhamento pré-natal, que vise ações de 
educação em saúde, identificação de riscos, prevenção e tratamento de complicações. Esses 
atendimentos devem ocorrer principalmente na Atenção Básica à Saúde, cujo principal objetivo 
é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando o nascimento de um bebê saudável e 
a garantia do bem-estar materno e neonatal. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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METABÓLICA. Diretrizes brasileiras de obesidade. 4 ed. São Paulo: ABESO, 2016. 
 
BLACK, R.E.; VICTORA, C.G.; WALKER, S.P.; BHUTTA, Z.A.; CHRISTIAN, P.; ONIS, 
M.; et al. Maternal and child undernutrition and overweight in low-income and middle-income 
countries. Lancet, v. 382, n. 9890, p. 427-51, 2013. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de 
Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. 
Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-
content/uploads/2022/03/manual_gestacao_alto_risco.pdf 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de 
Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação-Geral de Ciclos da Vida. Coordenação de 
Saúde das Mulheres. Caderneta da Gestante. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível 
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