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HISTÓRIA E FILOSOFIA 
JURÍDICA
FOTO CAPA
MILENA BARBOSA DE MELO
2
UNIDADE 5
SISTEMAS JURÍDICOS DA 
ANTIGUIDADE: ROMA, IDADE 
MÉDIA E DIREITO CANÔNICO
1. A SOCIEDADE ROMANA (MONARQUIA, REPÚBLICA E 
IMPÉRIO)
Os ensinamentos e a herança deixados pelos romanos são de extrema importância, 
pois promovem impactos nas vivencias presentes na civilização ocidental até os dias 
atuais. Alguns aspectos foram preponderantes para o desenvolvimento e a ocupação 
de Roma. Entre esses aspectos, destacam-se questões relativas aos seus temas físi-
cos, ao solo fértil e à ausência de bons portos, o que acabava isolando essa região de 
outras.
A Roma Antiga foi composta de três formas de governo principais, quais sejam: a Mo-
narquia, a República e o Império.
1.1 MONARQUIA
A Monarquia foi a forma adotada de governo na Roma até o século VI a.C. Durante 
esse período, os romanos acreditavam que o rei tinha origem divina, assim, em algu-
mas regiões, era visto como o próprio Deus, enquanto em outras, compreendia-se que 
o monarca tinha uma relação direta com a Divindade e, por isso, deveria ser respeitado 
e obedecido.
Nesse período, houve a invasão dos etruscos durante cerca de 100 anos, visto que es-
sas invasões, ao longo do tempo, levarão à queda dos reis, estabelecendo a República. 
Dessa forma, foram elegidos dois magistrados com a intenção de exercer o governo.
1.2 REPÚBLICA
A sociedade durante a República Romana era dividida em quatro classes, sendo elas:
01. Patrícios – eram compostos pela elite social e a política romana. Dessa forma, os cargos 
e as posições de destaque só podiam ser ocupados por eles.
02. Clientes – tinham relação com os patrícios, por isso eram por eles protegidos; em troca, 
exerciam e executavam serviços para eles perante uma relação de subordinação.
03. Plebeus – camada da população que não tinha ascendência patrícia. Essa classe era 
composta por pequenos proprietários de terras, artesãos e comerciantes.
04. Escravos – eram desprovidos de qualquer representatividade política ou direitos inseri-
dos no contexto da sociedade romana.
As problemáticas relativas às questões sociais, políticas e econômicas fizeram com que 
a plebe entrasse em conflito com os patrícios em busca de mais direitos e espaço no 
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3História e filosofia jurídica
Sistemas jurídicos da Antiguidade: Roma, Idade Média e Direito Canônico
funcionamento da sociedade romana. Mesmo com seus embates em âmbito interno, 
Roma foi capaz de conquistar grande parte da Península Itálica e da Península Ibérica 
durante esse período.
Os territórios conquistados durante a República eram divididos em províncias, pagando 
impostos ao governo de Roma como forma de submissão.
Nesse sentido, e em decorrência das grandes conquistas, o exército romano ficou co-
nhecido como “imbatível”, assim, foi estabelecida uma divisão quanto à comunidade 
militar.
Apesar dos avanços obtidos, algumas problemáticas também se faziam presentes, 
como o aumento do desemprego, em decorrência da quantidade de prisioneiros de 
guerra que eram utilizados como escravos. Então, uma grande parcela de terra e mão 
de obra escrava passou a pertencer aos aristocratas, o que demarcava a desigualdade 
existente durante esse período histórico.
Em decorrência desses fatores, houve o surgimento de uma nova camada de comer-
ciantes e militares, denominados “homens novos” ou “cavaleiros”, que obtiveram gran-
des somas de dinheiro em razão das atividades ligadas às conquistas, por exemplo, a 
cobrança de impostos e o fornecimento de comida e recurso para a sobrevivência dos 
exércitos.
O término desse período também foi marcado por insatisfação, o que gerou uma série 
de lutas políticas, bem como a divisão da sociedade romana em partido popular e parti-
do aristocrático, levando ao término e à decadência da República Romana.
1.3 IMPÉRIO
Durante o Império, os dois nomes de maior destaque foram Júlio César e Augusto. As-
sim, os imperadores eram dotados de diversos privilégios, e com tanto poder, reformas 
foram efetuadas com o apoio popular.
Júlio César era venerado como um Deus, sendo que entre algumas das reformas efe-
tuadas durante o seu império estavam questões relativas ao término das guerras civis, 
à construção de obras públicas e à reorganização das finanças; os proprietários pas-
saram a ser obrigados a empregar homens livres; fundação das colônias; criação do 
ano bissexto e reformas no calendário; cidadania para os habitantes das províncias etc.
Já Augusto, que sucedeu Júlio César após o seu assassinato, implementou medidas 
como: criação do correio; profissionalização do exército; criação de novos cargos; redu-
ção dos poderes de magistrados e senadores; punição das mulheres adulteras; direitos 
proporcionais aos bens etc.
Nesse contexto, é correta a afirmação de que a sociedade e a civilização romana dei-
xaram heranças de grande significado para a cultura ocidental, pois muitos aspectos 
relativos a campos como a Arquitetura, a Literatura e o Direito têm como fonte de inspi-
ração essa época. Além disso, muitas línguas derivaram do Latim, que era falado pelos 
romanos.
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2. A LEI DAS DOZE TÁBUAS
A Lei das Doze Tábuas é um conjunto de leis que foram elaboradas durante o período 
da República Romana, e sua criação foi incentivada e implementada a partir de pres-
sões feitas pelos plebeus. Nessas normas, eram apresentadas as leis acerca de como 
deveriam ser os julgamentos, as punições destinadas aos devedores e algumas das 
especificidades sobre a família.
De forma resumida, a Lei das Doze Tábuas previa que:
01. Dispõe acerca do processo e de como este deve acontecer.
02. Procedimentos no Direito Processual, bem como abordava questões relativas a furto e 
suas punições.
03. Trata do julgamento e das penas a serem aplicadas aos devedores.
04. Pater famílias – os poderes do chefe de família.
05. Dispõe sobre as heranças e as tutelas.
06. Trata acerca da compra e da venda perante as propriedades.
07. Determina medidas a serem aplicadas quanto às propriedades vizinhas, bem como as 
regras de convivência a serem estabelecidas entre os vizinhos.
08. Dispõe sobre as propriedades vizinhas e as regras de convivência entre os vizinhos.
09. Assegura as regras do Direito Público.
10. Determina leis acerca da garantia ao respeito dos túmulos e dos mortos.
11. Trata acerca da proibição do casamento entre patrícios e plebeus.
12. Aborda questões relativas ao Direito Privado como furtos ou a apropriação de objetos 
de forma indevida.
As Doze Tábuas originais foram perdidas durante a invasão dos gauleses a Roma no 
ano 390 a.C., assim, os registros relativos às normas presentes nas tábuas em questão 
partem de citações feitas por autores e estudiosos clássicos.
3. O DIREITO ROMANO
O Direito Romano faz menção à ordem jurídica presente em Roma, mas também abor-
da as questões relativas às ideias e às experiências que surgem e estão atreladas 
desde o momento de sua fundação até o momento em que houve a desagregação do 
Império com a morte de Justiniano.
Assim, o Direito Romano engloba os princípios, os preceitos e as leis que fazem men-
ção às normas atreladas à Antiguidade pela sociedade de Roma.
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5História e filosofia jurídica
Sistemas jurídicos da Antiguidade: Roma, Idade Média e Direito Canônico
Durante o período arcaico, o Direito Romano ficou caracterizado por seus traços esta-
rem relacionados ao formalismo e à primitividade, assim, abordava, principalmente, as 
regras de caráter religioso, a guerra e as punições vinculadas à prática de determinados 
delitos enquadrados como graves.
Já no período clássico, foram implementadas certas inovações que promoveram melho-
rias e aperfeiçoamentos ao âmbito do Direito. Dessa forma, as modificações que ganha-
ram destaque foram aquelas a serem aplicadas pelos magistrados e os jurisconsultos 
perante os casos concretos, com a intenção de que as lacunas presentes nas normasfossem solucionadas, no todo ou em parte.
Por fim, o último período, ou seja, o período pós-clássico, já é marcado pela decadên-
cia, assim, já não são vistas grandes produções originais, com exceção das consti-
tuições imperiais, o que demarca a decadência da civilização em todos os setores da 
Roma existente no período em questão.
4. O DIREITO MEDIEVAL E DOGMÁTICA CANÔNICA: INFLUÊNCIA DO 
CRISTIANISMO PRIMITIVO: JESUS E PAULO
A Idade Média ocorreu entre os séculos V a XV, tendo ficado conhecida também como 
“Idade das Trevas”, por ter sido um período negro na história do mundo. Esse período 
histórico contou com a Igreja Católica romana como protagonista.
Durante o período da Baixa Idade Média, o poder eclesiástico atingiu o seu apogeu, 
mas antes disso, muitos foram os atos praticados pela Igreja Católica em seus anos de 
força e repreensão.
Nesse sentido, o cristianismo começou como uma pequena religião e, com o passar 
do tempo, foi ganhando força, até que as suas próprias normas fossem elaboradas e 
um direito próprio fosse associado ao seu estabelecimento, sendo este denominado 
“Direito Canônico”.
A partir do século VII, o Direito Canônico passou a ser visto como um campo de relação 
do Direto com a Teologia, tendo o primeiro código presente nesse ramo sido criado em 
1917. Durante a Idade Média, em que prevalecia o interesse da Igreja Católica, o Direito 
Canônico foi o único direito escrito, pela maior parte do tempo. Assim, esse direito foi re-
digido, comentado e analisado a partir da Alta Idade Média, existindo até os dias atuais.
Por meio do Direito Canônico, a igreja passa a ser constituída como um corpo social 
visível, que necessita de normas para que possa ter um funcionamento adequado, as-
sim, questões relacionadas à hierarquia e à organicidade são regulamentadas perante 
esse cenário.
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5. O DIREITO NO PENSAMENTO DE AGOSTINHO, ISIDORO 
DE SEVILHA, TOMÁS DE AQUINO, JOHN DUNS SCOTUS E 
GUILHERME DE OCKHAM
O Direito pode ser abordado por pontos de vista diferentes, a depender de quem seja o 
estudioso que esteja apresentando disposições sobre a temática.
Nesse sentido, e considerando os apontamentos feitos por Agostinho, entende-se que 
este foi o responsável por cristianizar as ideias e os pensamentos de Platão. Para tanto, 
levou em consideração o conceito dualístico desse filosofo, segundo o qual o mundo é 
dividido em: mundo ideal e mundo terreno, que é marcado por um caráter transitório. 
Assim, Agostinho também divide as leis em lei eterna, tendo como base o Direito Natu-
ral; e lei humana, na qual o foco pertence às leis criadas pelo homem com a intenção 
de que a vida em sociedade exista.
Por sua vez, Isidoro de Sevilha é tido como um apologista antijudaico, que qual destina-
va atenção e foco para a conservação da cultura e da ordem cristã.
Em conformidade com os pensamentos e os estudos de Santo Tomás, o Direito é tido 
como o resultado da própria natureza humana, sendo essa uma concepção que tem 
como base os pensamos de Aristóteles, segundo o qual o homem é um “animal político” 
(SANTOS, 2009).
John Duns Scotus é o responsável pela fundação da Escola Escotista, visto que os seus 
estudos são, principalmente, direcionados para questões relativas à luz da sabedoria 
atrelada à vida teológica. Assim como outros autores, o seu pensamento tem como 
base as influências advindas de Platão, Avicena e Aristóteles.
Por fim, Guilherme de Ockham é um franciscano, sendo o principal responsável pelo 
nominalismo. Assim, apresenta tese conforme a qual os franciscanos são dotados do 
direito ao uso, a propriedade de fato e as questões relativas ao nominalismo, então, 
cada direito deveria ser especificado tendo como base o seu poder. Em outras palavras, 
para esse autor, os franciscanos são dotados do uso dos bens, mas não são capazes, 
tampouco dignos de efetuar a defesa de tais bens no âmbito judicial.
6. A INQUISIÇÃO E O SANTO OFÍCIO
A inquisição foi um movimento de cunho político e religioso que ocorreu entre os séculos 
XII ao XVIII, tanto na Europa quanto nas Américas, uma vez que o seu objetivo consistia 
em buscar o arrependimento atrelado aos hereges pela igreja com a intenção de que fos-
sem condenadas as teorias que iam de encontro aos dogmas adotados pelo cristianismo.
O avanço da Igreja Católica fez surgir a necessidade de normatização e, em decorrên-
cia dessas normas, também tornou-se necessário que fosse inserido um órgão incum-
bido pela fiscalização acerca do atendimento dessas regras, sendo este o encarregado 
por investigar e julgar as pessoas que estivessem sendo acusadas de heresia, tendo 
como base as disposições presentes no sistema jurídico da Igreja Católica romana, 
assim, uma das ferramentas utilizadas com essa intenção era a Inquisição.
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A Inquisição tem como base o Direito Romano, sendo este fonte de inspiração para a 
composição do Tribunal do Santo Ofício, que tinha como características: a apresenta-
ção de um objetivo específico; deviam estar e ser devidamente autorizados pelo Papa 
ou pelo Bispo; e a sua composição era realizada por religiosos dotados de um certo 
nível de estudo teológico.
7. O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO
O Código de Direito Canônico é um conjunto ordenado de normas jurídicas do Direito 
Canônico, sendo responsável por regulamentar a organização da Igreja Católica roma-
na. Dessa forma, por meio dessas normas, é determinada a hierarquia presente em 
seu governo, bem como quais são os direitos e as obrigações dos fiéis e o conjunto de 
sacramento e sanções que são firmadas quando o assunto é a contravenção de tais 
normas.
O Código de Direito Canônico de 1983, promulgado pelo Papa S. João Paulo II, em 
substituição ao Código de 1917, é formado por sete livros, quais sejam:
01. Das normas gerais.
02. Do povo de Deus.
03. Da missão de ensinar da Igreja.
04. Da missão de santificar da Igreja.
05. Dos bens temporais da Igreja.
06. Das sanções na igreja.
07. Dos processos.
Em outras palavras, o Código de Direito Canônico pode ser entendido como uma espé-
cie de Constituição para a Igreja Católica.
A sociedade romana é uma das grandes responsáveis por proporcionar impactos na 
forma de funcionamento da sociedade até os dias atuais, uma vez que as normas e 
as regras presentes nesse período são tidas como importantes e relevantes para o 
Direito no contexto atual.
Nesse sentido, pudemos visualizar o Direito sob óticas distintas, bem como suas ma-
nifestações em relação a épocas diferentes, como é o caso da Idade Média e dos 
pensadores desse período, além das consequências da Inquisição e o que é o Código 
de Direito Canônico.
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M
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Atividade comentada
A herança cultural advinda dos romanos trouxe várias transformações e influências para a 
construção e os avanços atrelados à civilização ocidental. A Roma Antiga teve a sua história 
dividida em três formas de governo, quais sejam, a Monarquia, a República e o Império. Nes-
se sentido, assinale a alternativa correta sobre a sociedade romana.
a. Durante a monarquia, a sociedade era dividida em quatro classes, quais sejam: os patrí-
cios, os clientes, os plebeus e os escravos.
b. As conquistas vistas no período republicano transformaram o exército romano em imba-
tível.
c. O Rei era visto como um homem comum, sem qualquer ligação com divindades, em de-
corrência da preponderância do pensamento antropocêntrico. 
d. A República em Roma era dividida em burguesia e proletariado.
e. Júlio César e Augusto foram grandes monarcas.
Alternativa: B
Resposta: A resposta está correta, pois durante a República, a sociedade romana apresen-
tava como divisão quatro classes, quais sejam: os patrícios, os clientes, os plebeus e os 
escravos.Ao longo da República, diversos foram os conflitos registrados tanto a nível inter-
no, sendo esses dotados de aspectos políticos, sociais e econômicos; e externos, em busca 
da expansão territorial e dominação de outros povos. Assim, a comunidade militar ganhou 
destaque importante, tendo em vista o papel que exercia perante as guerras e as batalhas.
Atividade Prática
Ao longo da história e dos avanços da humanidade, diversas foram as normas, regras e leis 
estabelecidas com a intenção de regulamentar os interesses e as necessidades da socieda-
de e dos indivíduos. Nessa perspectiva, explique o que é a Lei das Doze Tábuas.

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