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SURDOS, NEGATIVOS E IMAGINÁRIOS NA RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES OS NÚMEROS POR: BÁRBARA TONON E LUANA DE ARRUDA Resumo O capítulo “Surdos, negativos e imaginários na resolução de equações” do livro “Historia da matemática” por Tatiana Roque relata um pouco como se iniciou o processo de idealização e aceitação dos números irracionais, negativos e imaginários. No enredo a autora cita nome de renomados matemáticos que fizeram parte desse processo de declaração de números irracionais e como eles eram aplicados nos cálculos e e geometricamente. Veremos que apesar de muitos séculos depois, ainda existe uma grande rejeição em relação a esses números como soluções e processos nos cálculos de várias equações, em vários materiais de estudo, e em vários planos de aula. Números surdos As soluções racionais seriam aquelas soluções comensuráveis (possível de ser medido), com a unidade ou cujo quadrado fosse comensurável; E as outras soluções são chamadas de “alogos” que podemos traduzir para “sem razão” ou "irracional". Ao traduzir o termo “alogos” para inexprimível, essas soluções foram chamadas de “mudas ". E nas versões latinas, foi traduzido para “números surdos” e por isso os irracionais são conhecidos assim. Resolução de equações Números irracionais que apareciam nos métodos de resolução de equações intrigaram os algebristas europeus do século XV e XVI. Bombelli, que propôs um modo de aproximar o resultado do problema que escrevemos hoje como sendo o de encontrar a solução da equação x^2=z. No campo da teoria das frações contínuas, o matemático desenvolveu um método para obter a expansão em frações contínuas de raízes quadradas. Consiste na seguinte expressão. 1) √ N é o número real que desejamos obter a expansão por meio de frações contínuas, a^2 é o maior quadrado perfeito menor do que N e b = N − a^2. A verificação de tal expressão é fornecida abaixo. Considerando√ √N = √a^2 + b, tem-se então que: N=a^2+b, logo N-a=b 2) Fatorando a diferença de quadrados: √ N − a)(√ N + a) = b. Portanto: N = a + b /√N + a Aplicando a igualdade acima para √ N, no denominador da fração que aparece no segundo membro, concluímos: 3) Repetindo indefinidamente o processo, obtemos a expressão inicial para x. Bombelli utilizou esse resultado, para determinar uma representação em frações contínuas de √3, atribuindo a = 3 e b = 4. A expansão em frações contínuas de raízes quadradas Negação dos números irracionais Os números irracionais apareciam frequentemente como raízes de equações e eram muitas vezes aproximados por suas somas infinitas. Mas não eram considerados de fato números ainda, pois não tinham estatuto definido. Até o final do século XVIII, as raízes negativas e imaginárias de equações eram consideradas quantidades irreais. Os nomes que os designavam como “surdos” ou "inexprimíveis" ou até mesmo os termos “ resultado falso”, “fictício”, “impossível” ou imaginário para os números negativos e complexos, não eram sequer admitidos como números Matemático alemão Michael Stifel e os “números que escapam” Números decimais O Holandes e francês Simon Stevin chamado de De thiende “o décimo” defendeu uma representação decimal para os números fracionários Rever casas decimais tornava mais existente a possibilidade de aumentar o número de casas, o que facilita a aproximação de um número irracional para racional. Ficou evidente que, apesar dos números irracionais não poderem ser expressos exatamente, é possível aproximá-los com grande precisão usando números racionais. Stevin foi um dos primeiros matemáticos do século XVI a dizer que o irracional deve ser admitido como número Teorema Fundamental da algebra Girard afirmou que todas as equações possuem tantas soluções quanto o grau do termo de maior grau Todas as equações da álgebra possuem tantas soluções quanto o grau do termo de maior grau, exceto as incompletas. Para admitir esse número de soluções, é necessário considerar como válidas as soluções que ele chama de "impossíveis". Mas qual é a utilidade dessas soluções se são impossíveis? Respondo que servem para três coisas: para a certeza da regra geral, para a certeza de que não há outra solução, e pela sua utilidade." Resolução de equações As técnicas utilizadas para resolver equações evoluíram significativamente durante os séculos XVI e XVII As técnicas utilizadas para resolver equações evoluíram significativamente durante os séculos XVI e XVII Teorema fundamental da álgebra. Qual é a utilidade dessas soluções se são impossíveis Números imaginários Descartes diz que podemos sempre imaginar tantas raízes quanto dissemos existir em cada equação, mas às vezes não há nenhuma quantidade que corresponda àquelas que imaginamos." O exemplo utilizado para ilustrar esse caso é o da equação dada por x³ − 6xx + 13x − 10 = 0, para a qual podemos imaginar três soluções, das quais apenas uma é real, dada pelo número 2. Os números imaginários foram abordados em seu primeiro livro, juntamente com definições de conceitos elementares, como potências, raízes e binômios, além das operações que os envolviam. Raízes Cardano, para resolver equações cúbicas gerava um problema no caso das chamadas equações “irredutíveis”, como x^3 = 15x + 4. o método fazia aparecer raízes de números negativos como intermediárias no cálculo das raízes das equações cúbicas, embora somente as raízes racionais positivas fossem admitidas como solução Dizia ele, se queremos dividir o número 10 em duas partes cujo produto seja 40, “é evidente que este problema é impossível, mas podemos fazer os cálculos do modo que se segue”:19 dividimos 10 em duas partes iguais, obtendo 5, que multiplicado por si mesmo, dá 25; subtraímos de 25 o produto requerido, ou seja, 40, e restará m15 Segundo as proposições de Euclides, a equação de que tratamos aqui exigiria a construção de um quadrado de área m15; Euclides que afirma ser AD × DB + CD^2 = CB^2 = CBKI Dividindo o segmento AB de comprimento 10 em dois segmentos iguais e desiguais, queremos encontrar o ponto D que resolve o problema, como na Ilustração 3. Para isso, seria necessário retirar do quadrado CBKI, de área 25, um retângulo de área 40 (igual ao produto de AD por DB). Sendo assim, o quadrado em CD deveria ter área m15. Cardano observava que 40 é o quádruplo de 10, logo, queremos que o produto AD × DB seja o quádruplo de AB. Devemos, portanto, retirar de CBKI o quádruplo de AB. Se restasse algo, a raiz quadrada dessa quantidade, respectivamente somada e subtraída do lado de CBKI, daria o resultado procurado. Mas como o resultado é negativo e a diferença entre CBKI e o quádruplo de AB é m15, essa raiz seria Rm15, quantidade que, respectivamente somada e subtraída de 5, nos daria a solução desejada. ACEITAÇÃO A obra de Bombelli não teve muita repercussão, e o emprego dos números negativos e de suas raízes ainda inquietava os matemáticos até o século XVII, com exceção do caso em que intervenham nas operações; A introdução de uma nova notação, com os trabalhos de Viète, desviou a atenção dos matemáticos que sucederam os algebristas do século XVI, e ele não admitia nem números negativos e imaginários como raízes de equações, apesar de operar com regra de sinais. Ainda que Descartes chamasse de soluções “falsas” as quantidades negativas, ele as admitia como soluções tão válidas quanto as positivas. Já os coeficientes das equações eram considerados quantidades positivas, pois possuíam um sentido multiplicativo e representavam objetos geométricos. Logo, ainda que se operasse com números negativos, eles ainda não eram tidos como números, com o mesmo estatuto dos positivos. Obrigada!