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Brasil Contemporâneo: democracia e globalização

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Maria Aura Marques Aidar
Adriana Marques Aidar
Aluizio Ferreira Elias
Maurício José de Sousa Junior
Ailton de Souza Aragão
Rosimar Alves Querino
Savio Gonçalves dos Santos
Brasil Contemporâneo:
democracia e globalização
© 2019 by Universidade de Uberaba
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ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
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da Universidade de Uberaba.
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Pró-Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
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Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Projeto da capa
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Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Maria Aura Marques Aidar
Doutora em História Social (2014) e Mestre em História Social (2008) 
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em 
Docência Universitária; em Educação a Distância e graduada em 
História pela Universidade de Uberaba (Uniube). Foi gestora do Curso 
de História (EAD) e professora nos cursos de História e Pedagogia, 
desta universidade, entre os anos de 2006 e 2017. Pesquisou a Velhice 
na educação, na literatura e as políticas públicas educacionais para a 
velhice.
Adriana Marques Aidar
Doutora em Sociologia pelo IESP/UERJ. Mestre em Filosofia Moderna 
e Contemporânea - Linha de Pesquisa: Ética e Conhecimento pela 
Universidade Federal de Uberlândia. Especialista em Filosofia do 
Direito pela Universidade Federal de Uberlândia. Especialista em Direito 
Processual pela Universidade de Uberaba, Graduada em Direito pela 
Universidade Federal de Uberlândia. Advogada. Possui experiência 
nas áreas de Direito, Filosofia e Sociologia. Áreas de interesse: 
Cidadania, Participação Social, Democracia Representativa, Democracia 
Deliberativa, Políticas Públicas voltadas às Minorias, Conferências e 
Conselhos Nacionais, Direito Homoafetivo e Movimento LGBT.
Aluizio Ferreira Elias
Mestre em História da Educação pela Universidade Federal de Uberlândia 
(UFU). Graduado em História pela Universidade de Uberaba (Uniube). É 
professor desta Universidade, atuando, principalmente, nas disciplinas de 
História Antiga e Medieval, História Moderna e Contemporânea, História 
do Brasil, História da África, História da Educação e Cidadania. Tem 
experiência nas áreas de História e Educação.
Sobre os autores
Maurício José de Sousa Junior
Doutorando e mestre em História pela Universidade Federal de 
Uberlândia (UFU). Especialista em Filosofia pela Universidade Gama 
Filho (UGF) e Docência no Ensino Superior pela Universidade Federal 
do Triangulo Mineiro (UFTM). Graduado em História pela Universidade 
de Uberaba (Uniube). É professor desta Universidade, atuando, 
principalmente, nas disciplinas de História Contemporânea, Historiografia, 
Filosofia e Sociologia, História do Cinema e Linguagens do Cinema. Tem 
experiência nas áreas de Educação e História, com ênfase nos seguintes 
temas: História, Cinema, Educação e Filosofia.
Ailton de Souza Aragão
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Marília (1998-2001); Mestre em 
Sociologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 
- Campus de Araraquara (2002-2005) e Doutor em Ciências da Saúde 
pela Universidade de São Paulo - Escola de Enfermagem de Ribeirão 
Preto (2009-2011). Pós-Doutor em Ciências da Saúde, Escola de 
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (2017-2018). 
Professor Adjunto VI da Universidade Federal do Triangulo Mineiro, 
lotado no Instituto de Ciências da Saúde, no Departamento de Saúde 
Coletiva (UFTM - ICS-DeSCo), ministrando as disciplinas de Saúde e 
Sociedade, Violência e Saúde. Professor Permanente do Programa 
de Pós-Graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, 
da Universidade Federal de Uberlândia (PPGAT-UFU), ministrando a 
Disciplina de Redes e Intersetorialidade. Tem experiência na área de 
Sociologia, com ênfase em Sociologia da infância e da Juventude, 
atuando principalmente nos seguintes temas: adolescentes, instituição 
assistencial, políticas públicas e de saúde, participação e controle social 
e identidade social.
Rosimar Alves Querino
Doutora (2006) e Mestre (2000) em Sociologia pela UNESP (Campus 
Araraquara). Graduada em Ciências Sociais pela UNESP (1995). 
Professora Associada do Departamento de Saúde Coletiva do Instituto 
de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 
Integrante do Núcleo de Pesquisa em Saúde e Sociedade (NUPESS/
UFTM). Docente do Programa de Mestrado Profissional em Saúde do 
Trabalhador e Saúde Ambiental do Instituto de Geografia da Universidade 
Federal de Uberlândia na linha de pesquisa Saúde do Trabalhador. Atua 
em pesquisa/ensino/extensão na atenção primária, saúde coletiva e 
ciências sociais em saúde.
Savio Gonçalves dos Santos
Doutorando em Bioética pelo Programa de Pós-graduação da Cátedra 
de Bioética da Unesco (UnB). Mestre em Filosofia pela Universidade 
Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Educação Superior 
pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Bacharel em 
Filosofia pela Faculdade Católica de Uberlândia (PUC/MG). Coordenador 
do Núcleo de Estudos em Bioética e Biodireito (NeBio2), pesquisador 
com bolsa institucional, docente da pós-graduação (Bioética, Filosofia 
Ambiental, Filosofia da Educação e Metodologia da Pesquisa), da 
graduação e EAD da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Docente da 
pós-graduação da Uniaraxá (Práticas Didáticas). Avaliador do Ministério 
da Educação (MEC). Tem experiência nas seguintes áreas: Bioética, 
Biodireito, Filosofia, Ética, Educação, Antropologia, Metodologia 
Científica, Política e Sociologia.
Sumário
Apresentação .............................................................................................................VII
Capítulo 1 Globalização e sociedade contemporânea .......................... 3
1.1 Aspectos gerais da globalização ............................................................................. 5
1.2 Globalização: mundialização do capital, precarização do trabalho e 
aprofundamento da questão social ....................................................................... 17
1.2.1 Globalização: afinal, do que se trata? ........................................................ 17
1.2.2 A face histórica da globalização .................................................................. 25
1.2.3 A globalização sob a perspectiva social ...................................................... 31
1.2.4 A globalização sob a perspectiva política .................................................... 33
1.3 Conclusão ............................................................................................................ 36
Capítulo 2 A República Democrática e Federativa do Brasil...............43
2.1 A importância da nova Constituição ...................................................................... 45
2.2 A organização do Estado ....................................................................................... 52
2.3 A organização dos Poderes ................................................................................... 55
2.3.1 Poder Legislativo .......................................................................................... 56
2.3.2 Poder Judiciário ............................................................................................ 59
2.3.3 Poder Executivo ........................................................................................... 60
2.4 Os direitos e garantias fundamentais .................................................................... 62
Capítulo 3 A difícil condição de cidadania no Brasil ............................773.1 As origens da cidadania ........................................................................................ 79
3.2 O que é ser cidadão ............................................................................................... 82
3.3 A cidadania no Brasil .............................................................................................. 89
3.4 Conclusão ............................................................................................................ 106
Capítulo 4 O protagonismo dos movimentos sociais brasileiros ......109
4.1 O papel dos movimentos sociais na constituição da democracia, da cidadania 
 e dos direitos sociais e humanos no Brasil ..........................................................111
4.2 O protagonismo dos movimentos sociais brasileiros .......................................... 117
4.3 A questão de gênero, étnico-raciais, de orientação sexual, a identidade e a 
subjetividade na constituição dos movimentos sociais ...................................... 125
4.4 Conclusão ............................................................................................................ 136
Capítulo 5 Democracia e Direitos humanos no Brasil .......................139
5.1 Os Direitos Humanos ........................................................................................... 144
5.2 Polícia e forças de segurança ............................................................................. 147
5.3 Liberdade de expressão ...................................................................................... 151
5.4 Defensores de direitos humanos ......................................................................... 154
5.5 Conflitos de terras ................................................................................................ 156
5.6 Direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais ................................. 158
5.7 Direitos de lésbicas, gays e bissexuais, transgêneros e intersex ....................... 160
5.8 Liberdade de religião e crença ............................................................................ 161
5.9 Direitos da criança ............................................................................................... 162
5.9 Conclusão ............................................................................................................ 164
Capítulo 6 Brasil: um mosaico de sons, cores e sabores .................171
6.1 As cores do Brasil ................................................................................................ 174
6.2 O Brasil e seus sabores ...................................................................................... 189
6.3 Os sons do Brasil ................................................................................................. 194
6.4 Manifestações Culturais ...................................................................................... 208
Olá, caro(a) aluno(a)!
Apresentamos o livro Brasil Contemporâneo: democracia e 
globalização. Nele, você vai estudar as questões vinculadas à história 
contemporânea brasileira, buscando a compreensão e a análise da 
complexa realidade histórica do nosso país, desvelando as estruturas 
básicas de nossa política, economia, sociedade e cultura.
No Capítulo 1, será possível ampliar sua percepção sobre os impactos 
socioeconômicos e políticos da internacionalização do capital e analisar 
os impactos sobre alguns segmentos sociais. Um dos objetivos do 
presente livro é que você possa compreender o desenvolvimento 
econômico do Brasil nos últimos anos e analisar as relações entre 
mercado internacional e política econômica no Brasil.
O Capítulo 2 trata de forma mais específica sobre a Constituição Federal, 
aprovada em 1988, que determinou novas rumos para a política brasileira. 
Na abordagem, destacam-se principalmente os direitos fundamentais, 
estabelecidos pelo Artigo 5º, bem como os direitos político e sociais.
No Capítulo 3, discutiremos a difícil condição de cidadania no Brasil, 
a partir do estudo dos movimentos sociais no país como importantes 
protagonistas na criação de novos direitos e na manutenção da 
democracia. 
Seguindo a abordagem política, você perceberá que o Capítulo 4 tem por 
objetivo a discussão do papel dos movimentos sociais na constituição 
Apresentação
X UNIUBE
da democracia, da cidadania e dos direitos sociais e humanos no 
Brasil; a análise do protagonismo dos movimentos sociais brasileiros 
e a identificação das questões de gênero, étnico-raciais, de orientação 
sexual, a identidade e a subjetividade na constituição dos movimentos 
sociais.
O Capítulo 5 cuidará de abordar as questões mais relevantes ligadas 
aos Direitos Humanos dentro de uma perspectiva histórica brasileira e 
contemporânea, com destaque para fatos e episódios ocorridos no Brasil 
no período entre 2013 e 2019.
Economia e política fazem parte da cultura de um povo, desse modo, e 
para entender e conhecer formas de representação cultural, precisamos 
analisar a realidade social do grupo que se estuda. Assim, o Capítulo 
6, que finaliza este livro, se dedica ao estudo da cultura brasileira em 
suas múltiplas representações. A cultura identifica uma sociedade, 
diferenciando-a de outra, sendo socialmente construída ao longo da 
história. A sociedade brasileira é ímpar, complexa, com seu estilo, seu 
modo de fazer as coisas, mosaico de várias culturas que, ao formar-se, 
criou identidade singular.
A exploração dos conceitos e das novas abordagens, além de constituir 
um instrumental importante e fundamental para a apreensão e análise do 
processo histórico, viabiliza a aquisição de conteúdos que possibilitam a 
análise global da sociedade brasileira.
Diante desses objetivos, desejamos que você não apenas amplie sua 
compreensão a respeito do país em que vivemos, mas, sobretudo, que 
possa promover uma constante avaliação da sua futura profissão em face 
de um cenário extremamente desafiante.
Boa leitura!
Ailton de Souza Aragão
Rosimar Alves Querino
Savio Gonçalves dos Santos
Introdução
Globalização e sociedade 
contemporâneaCapítulo
1
Caro(a) aluno(a).
O curso de História da EAD/Uniube tem como objetivo formar um 
profi ssional diferenciado, que se insira no mercado não para ser 
mais um, mas para fazer a diferença. O objetivo de tal obstinação 
é mostrar que a responsabilidade por uma sociedade mais justa 
e digna está, mais do que nunca, nas mãos desse profi ssional. 
Para tanto, uma formação sólida que abarque todos os requisitos 
passa pelo domínio do conteúdo estudado, que leve à construção 
de uma verdadeira práxis. 
Assegurar ao aluno de História o domínio dos recursos teóricos 
e das ferramentas tecnológicas, com o objetivo de otimizar o 
processo de ensino-aprendizagem, torna-se a lógica necessária, 
realidade latente neste capítulo, e em todo o curso. 
Dentro desse contexto, a discussão que faremos nesta etapa do 
estudo é sobre a globalização, mais precisamente: “Globalização 
e Sociedade Contemporânea”. Para que você compreenda melhor 
a ideia a ser desenvolvida, dividiremos o estudo em duas etapas, 
a saber: 
4 UNIUBE
• introdução (uma introdução ao conteúdo); 
• globalização (tema específico deste capítulo). 
No que tange à primeira parte, dividiremos em outras cinco partes: 
• desterritorialização; 
• metropolização; 
• disparidades e desigualdades; 
• pobreza. 
Tal divisão tem como objetivo levá-lo a um conhecimento especí-
fico e crítico.
Vamos lá?
Objetivos
Como você tem tido a oportunidade de verificar, chamamos sua 
atenção para muitos aspectos que permeiam nossa vida cotidiana. 
Neste texto não será diferente. O objetivo geral das leituras e 
atividades é incentivá-lo à observação crítica da realidade com a 
aplicação dos aportes teórico-metodológicos do marxismo. Assim, 
o texto foi construído de modo a oportunizar leituras e discussões, 
para que você possa: 
• compreender as origens do que tem se denominado 
globalização;
• ampliar suapercepção sobre os impactos socioeconômicos 
e políticos da globalização;
• analisar os impactos da globalização sobre alguns 
segmentos sociais;
 UNIUBE 5
• relacionar a globalização aos estudos sobre as formas de 
organização do trabalho;
• avaliar as contribuições do marxismo para a análise da 
globalização;
• delinear a relação entre os capítulos anteriores e a reflexão 
aqui proposta consolidando seus estudos no componente 
Homem e Sociedade. 
Diante desses objetivos, desejamos que você não apenas amplie 
sua compreensão do mundo em que vivemos, mas, sobretudo, 
que possamos promover uma constante avaliação da sua futura 
profissão em face de um cenário extremamente desafiante. 
Esquema
1.1 Aspectos gerais da globalização
1.2 Globalização: mundialização do capital, precarização do 
trabalho e aprofundamento da questão social
1.3 Conclusão
Primeiramente, para se falar no processo de desterritorialização, é preciso 
pensar em comunicação. Isso se deve ao fato de que as dimensões de 
tempo e espaço foram alteradas por esse fator. Pensar em uma realidade 
dessa forma, torna-se um tanto complexo, porém, necessário. Com o 
avanço das formas de comunicação, a vida humana e a realidade humana 
passam a ser alteradas. Numa inversão de papéis, o humano passa a ser 
dependente desse sistema de informação, lazer e conhecimento.
Aspectos gerais da globalização1.1
6 UNIUBE
Para a filosofia, as duas dimensões humanas tempo e espaço, assumem 
características importantes para a composição do ser humano. Característica 
inerente à humanidade, pensar o tempo e o espaço permite dizer o que é 
real, ou irreal; material ou imaterial; vivo ou morto; ser ou estar. De maneira 
geral, ambos os conceitos funcionam como os diretamente responsáveis 
pelo que chamamos de vida racional. 
SAIBA MAIS
O problema se dá quando se começa a imaginar situações inusitadas 
como a realidade versus a realidade virtual; o tempo versus o tempo 
virtual; a verdade versus mentira; realidade versus fantasia. Imagine, por 
exemplo, duas pessoas que conversam ao computador em um site de 
relacionamentos; na cidade de uma das pessoas é dia, nada outra, noite 
A dúvida é: em que dia foi realizada a conversa? Inúmeras poderiam ser 
as situações criadas aqui para que você compreenda os questionamentos 
que nos levam a crer que as relações sociais, a cada dia, passam a 
ser artificiais. Dia a dia, nossa imaginação se desvincula da realidade 
natural, e passa a fomentar uma realidade virtual, que independa da 
compreensão do nosso tempo, do nosso espaço. 
A sociedade passa a conviver com essa realidade que se chama de 
desenraizamento; ou seja, inúmeros processos de aproximação e 
afastamento entre os humanos, levando à criação de ambientes 
semelhantes. Cenários que não se preocupam em representar modos 
de vida diferentes, com culturas diferentes, mas sim, vidas e culturas 
passageiras. Ambientes que conhecemos em qualquer lugar do mundo, 
tais como: shopping centers, aeroportos, campos de futebol, enfim, 
modelos que passam a representar a ideia de monocultura. 
 UNIUBE 7
O termo monocultura representa a dominação cultural de um país, ou de uma 
cultura. Em casos específicos, a monocultura obriga a nação dominada – e 
demais nações – à aceitação de moldes e hábitos que não lhe são próprios, 
divulgando e mantendo sistemas culturais de outras realidades. Podemos 
citar como exemplo de tendência monocultural, filmes, desenhos, alimentos, 
empresas multinacionais; todos contribuem para que haja uma imposição 
cultural, desrespeitando os hábitos de cada sociedade em particular.
SAIBA MAIS
Toda essa situação que acabamos de narrar se 
torna mais crítica, quando olhamos para as últimas 
décadas e percebemos a quantidade de pessoas 
que migraram de suas regiões naturais, para outras 
realidades, promovendo a criação de uma cultura 
híbrida. Vamos nos acostumando a realidades 
diferentes da nossa original, e passando a conviver 
com uma realidade cada vez mais globalizada. 
Contudo, desterritorialização ainda pode ser uma abordagem dada a 
novas alianças de blocos de mercado, ou regionais, que enfraquecem a 
realidade nacional; é justamente por isso que todas essas questões de 
geopolítica estão, constantemente, sendo atualizadas. A migração de 
população gera o segundo ponto de nosso estudo: a metropolização.
Dentro do processo de globalização, as cidades merecem destaque 
especial. Com o êxodo populacional, as cidades acabam sobrecarrega-
das, vendo-se obrigadas a adotar métodos cada vez mais tecnológicos, 
para suprir a demanda e, claro, atender às necessidades daqueles que 
nelas chegam. Essa forma contemporânea de sobrevivência acaba sendo 
marcada pelo predomínio de uma forma de vida tipicamente dependen-
te dos avanços tecnológicos. Contudo, essa realidade social passa 
Híbrido 
Qualidade de 
tudo o que 
resulta de 
elementos 
de natureza 
distinta.
8 UNIUBE
a ser moldada por inúmeros grupos sociais, relacionamentos variados e 
particularidades de comportamento. Do centro à periferia, toda a identi-
dade social acaba mudando as formas de relacionamento, convívio, trato, 
enfim, todos os aspectos tidos como característicos.
A miscigenação cultural dentro de uma determinada cidade pode levar à 
eclosão de uma gama de estilos, trazendo para uma mesma realidade 
uma imensidade de internacionalismos. Há pequenas Espanhas, Itálias, 
bairros turcos e latinos, restaurantes, bares, festas que exploram todo 
um regionalismo mundial dentro de uma localidade específica. A junção 
de todos esses aspectos formam o que se chama de cosmopolitismo. 
O processo de metropolização das cidades foi estudado por inúmeros 
sociólogos; contudo, Henry Lefebvre identificou as etapas desse processo 
e as firmou em três, a saber: 
A primeira corresponde ao desenvolvimento industrial, 
que saqueia a realidade urbana preexistente, 
procurando negá-la. A cidade vai se transformando em 
centros de serviços e troca. No segundo período, a 
sociedade urbana se generaliza e desaparecem, aos 
poucos, sua centralidade e características. Torna-se 
uma realidade socioeconômica para qual qualquer 
planejamento se torna difícil. Nesta última etapa, a 
cidade antiga está decomposta e, em lugar do centro, 
surgem diversos e dispersos centros de decisão. 
Descentrada, a cidade parece excluir até mesmo as 
classes sociais e suas distinções (LEFEBVRE apud 
COSTA, 2005, p. 238-239).
Outras características da metrópole podem ser observadas, se tomarmos 
por base a ideia de melhora da qualidade de vida, muitas são as famílias 
atraídas por essa realidade, que idealizam a metrópole como única 
solução para a vida. Essa migração descontrolada acaba por gerar nas 
metrópoles duas situações: disparidade e desigualdade.
 UNIUBE 9
Toda essa modificação social brusca, e principalmente o fator 
metropolização, tem levado os movimentos históricos e sociais a uma 
disparidade. O alto desenvolvimento dos centros urbanos altamente 
qualificados e com um padrão tecnológico extremamente superior, 
tem feito com que muitos países com desenvolvimento inferior, sofram 
as consequências de tal feito. Cada vez mais as realidades sociais e 
econômicas têm se tornado ainda mais evidentes.
A primeira metade da década de 1990 é o grande 
momento da afirmação do capitalismo globalizado, 
é aquilo que se poderia chamar o triunfalismo do 
mercado. É o momento em que esse capitalismo 
globalizado, com grande autoconfiança, procura moldar 
o mundo de acordo com suas necessidades e tenta 
fazer isso de diversas maneiras. (RICUPERO, 2001 
apud COSTA, 2005, p. 239).
A cada dia os países têm competido mais entre si; as relações têm se 
tornado materiais; a segurança social já não existe; a preocupação 
com o meio ambiente é somente discutida quando se criam fóruns 
internacionais; enfim, a situação a cada dia tem se tornado crítica. Em 
aspectos tecnológicos, os avanços são notáveis. Somos uma sociedade 
extremamente dependente dos aparatos criados e recriados de variadasformas e que, a cada dia, envolvem a nossa realidade social. 
Por outro lado, há pessoas que acham o fator tecnológico, bem como sua 
expansão, uma ótima maneira de se afirmar como um ser autônomo, livre 
em todos os aspectos. Mas, se observarmos bem, as revoltas sociais têm 
sido constantes. Novas formas de se mostrar uma sociedade oprimida 
têm surgido e, entre elas, o terrorismo. Não se sabe bem ao certo até 
que ponto os atos são realmente terroristas, mas se sabe que inocentes 
é que têm pagado a conta. 
10 UNIUBE
A tecnologia pode ser uma forma de exclusão uma vez que, embora 
muito difundida, não são todas as pessoas que têm acesso. No campo da 
saúde, por exemplo: equipamentos caríssimos são criados/planejados. 
Mas seu uso, devido ao alto custo, não beneficia a todos igualitariamente.
Enquanto você dá uma pausa na teoria, vamos realizar uma atividade que 
pretende agregar entendimento ao seu estudo! 
Acesse o link que se segue, para que você possa assistir a um microvídeo 
sobre atentados terroristas.
Atentados Terroristas
<http://www.youtube.com/watch?v=chLPCaez4LQ>.Acesso em 22/12/2010.
Agora, você poderá pesquisar um pouco mais sobre atentados terroristas. 
Busque fazer uma pesquisa em sites e em alguns livros que tratam desse 
assunto. Com a ajuda do vídeo indicado anteriormente, busque sintetizar as 
principais ideias com seus conhecimentos pessoais. Em seguida, partilhe 
com seus colegas suas observações no ambiente virtual. Registre o que foi 
discutido, em seu bloco de anotações.
PESQUISANDO NA WEB
Numa sociedade que se diz capitalista neoliberal, podemos encontrar 
desavenças de séculos passados ainda vigentes. Pobreza, exclusão, 
miséria, violência excessiva, todas são realidades presentes em 
nosso dia a dia. Uma missão nada fácil, mas, por outro lado, um ato 
extremamente ético e necessário. Inúmeros esforços vêm sendo feitos 
para que essas situações sejam amenizadas; mas a cada dia, o Estado 
– responsável direto pelas ações sociais e o bem-estar da população 
 UNIUBE 11
– se preocupa menos. É fato que não podemos jogar toda a culpa na 
administração pública. É preciso partir de nós a compreensão de que 
o meio social começa a ser mudado na realidade local. Uma realidade 
que a cada dia mata mais e mais; uma realidade que gera mais pobreza. 
Com a má gestão da máquina pública pelo governo, a população se vê 
obrigada - em alguns casos – a possibilitar ações que contribuam para 
sanar as dificuldades e falhas do sistema; assim se criaram as ONGs
Organizações Não Governamentais (ONGs) – São grupos de pessoas 
que se unem para trabalhar pelo bem da sociedade. As ONGs mobilizam 
empresas, pessoas e governos para assegurar recursos que vão contribuir 
para desenvolver programas em várias áreas. Alguns programas, por exemplo, 
ensinam às mães como é importante dar de mamar para os bebês. Outros se 
preocupam em tirar as crianças da rua, oferecendo a elas aulas de música e 
de esportes depois do horário das aulas. Há ainda ONGs que cuidam do meio 
ambiente ou de programas de educação (UNICEF KIDS, 2010).
SAIBA MAIS
A pobreza aparece como último ponto de discussão para prepará-lo 
para a segunda parte do texto; contudo, ela não deixa de ser um fator 
preocupante para a realidade social mundial. 
Olhar para a realidade mundial, para os avanços tecnológicos, para as 
alternativas que a cada dia a ciência tem dado ao ser humano para 
prolongação da vida, para a produção alimentícia, que cresce a cada 
ano, e ainda encontrarmos realidades de extrema pobreza é chocante. 
Tudo o que produzimos em escala mundial daria para sanar as refrações 
da questão social, tamanha é a capacidade de produzir. 
O consumismo, fator mantenedor do capitalismo, tem aumentado 
freneticamente. As pessoas passam uma vida consumindo e, mesmo 
depois que morrem, ainda acabam consumindo em títulos bancários 
12 UNIUBE
que acabam ficando com a família. É impressionante observarmos a 
sede humana pelo possuir, pelo comprar, pelo ter incessante. Somos 
capazes de comprar o que não precisamos, simplesmente pelo prazer 
de comprar. Renovamos todos os produtos que julgamos ultrapassados, 
simplesmente porque não possuem a cor da moda.
Esse modo de comércio capitalista acaba alterando também as formas 
de identificação das pessoas. Atualmente, não interessa se o ser 
humano tem ética, moral, ou coerência. Interessa muito mais as suas 
posses. Somos definidos não por quem nós somos, mas pelo que 
possuímos ou deixamos de possuir. Fato conhecido de todos nós é a 
influência que a mídia de, maneira geral, contribui para nossas escolhas 
e para o consumo desenfreado. Somos dependentes de artefatos 
midiáticos que buscam manter um padrão de ação de consumo 
incalculável. É preciso repensar as ações diretamente ligadas à prática 
consumista, bem como interpretar a mídia com consciência crítica. 
A forma de relação que leva em consideração as propriedades exclui, 
de maneira desumana, aqueles que não têm condição de manter certo 
padrão de vida. A partir disso, para que a sociedade tome ciência do 
que acontece em seu meio, surgem os indicadores sociais; passam 
a ser medidos os índices de analfabetismo, a dívida externa, a renda 
per capita, o produto interno bruto (PIB), além da qualidade de vida, da 
mortalidade e de idosos (aposentados). 
A pobreza, dessa forma, passa a ser medida por índices internacionais; 
novos comportamentos no exterior, uma nova tendência, alteram toda a 
situação interna de um país, podendo modificar sua “classificação” para 
os países desenvolvidos. Com toda essa modificação social, a pobreza 
passa a adquirir estágios de identificação: carência de bens materiais, 
despossessão psicológica e a tecnológica.
 UNIUBE 13
Todos conhecemos as formas gritantes de pobreza; sabemos bem que 
carência material marca a realidade brasileira duramente. A grande 
novidade são as duas últimas formas. A despossessão psicológica é 
caracterizada pela autodesvalorização das populações ditas pobres em 
relação às ricas; ou ainda, pela incapacidade daquela parte da população 
não conseguir obter determinados acessos a formas de vida política ou 
ação pública, eles se menosprezam. 
A forma de pobreza tecnológica é aquela em que os povos são 
considerados “analfabetos digitais”. A dificuldade de acesso a tipos de 
tecnologia, ou mesmo o desconhecimento de suas existências, acaba 
levando a certa exclusão do mundo virtual e do tempo virtual.
O que choca a realidade mundial é que, com todo esse avanço 
tecnológico e econômico, não conseguimos reduzir o número de 
situações sociais que são gritantes. Muitos ainda permanecem na 
periferia do sistema, dependendo de ajuda de ONGs, que buscam 
solucionar problemas que, teoricamente, são do Estado. Funções básicas 
deixam de ser executadas, enquanto muitos administradores da máquina 
pública se aproveitam dos benefícios que encontram nos cargos que 
ocupam. 
Um dos grandes causadores da pobreza, de maneira geral, são os 
atrativos das grandes metrópoles. As grandes cidades acabam atraindo 
pessoas de diversas localidades, provocando um êxodo – principalmente 
do campo – obrigando essas cidades à criação de rápidos sistemas de 
adaptação, para acolher todas as pessoas que chegam. Exemplos das 
mais variadas formas podemos encontrar no Brasil, em realidades como 
Rio de Janeiro e São Paulo, onde há um inchaço demográfico (Veja a 
Figura 1 exemplificando). 
14 UNIUBE
Se você pensar um pouco, verá que, em muitos casos, essa realidade 
está muito próxima da sua. Veja, por exemplo, o caso das usinas de 
beneficiamento de cana-de-açúcar; muitas são as pessoas que são 
trazidas e levadas, superlotando os municípios que, em suma, não 
estão preparados para essa mudança brusca em sua população. Com 
isso, crescem os índices de assassinatos, abandono de famílias, uso de 
drogas, gravidez de adolescentes, enfim. 
Figura 1: Grau de urbanização segundo as grandes regiões do Brasil – 
1991/2000. 
Fonte: IBGE (2001).
Sob a ótica do Estado,a pobreza tem sido combatida com violência, 
opressão e, em alguns casos, com omissão. Não há a menor preocupação 
com o saneamento das questões que envolvem esse problema. O 
que assistimos é a execução de planos políticos assistencialistas que 
minimizam as necessidades imediatas, mas não suprem a necessidade a 
longo prazo. Cada vez mais parece que o país estimula que não se deve 
pensar e agir. O povo para e espera somente do Estado, uma solução 
milagrosa. O próprio Estado acaba não possibilitando que as pessoas 
alcancem este conhecimento, principalmente com a baixa qualidade nas 
escolas o que, na prática, acaba beneficiando o próprio governo. 
 UNIUBE 15
Muitos daqueles que ostentam um cargo público, esquecem-se de que 
são servidores públicos, e não chefes, ou donos dos cargos. Quem os 
elege somos nós – por menor que pareça. E é a nós que eles devem 
satisfações. Contudo, em muitos dos casos a que assistimos é um abuso 
do poder, ou ainda, um excesso na demonstração de sua posse. O que 
os nossos distintos políticos tinham que aprender, é que de nada adianta 
ter o poder, e não saber utilizar. Claro, há alguns que sabem utilizá-lo 
para o próprio bem. 
Um reto comportamento político, ou uma ortopráxis, depende da reta 
compreensão do saber. Saber não é simplesmente entender algo. 
Saber vai além do ato de ser sábio, pois como diz Todorov: “O homem 
é ponto de partida e ponto de chegada”. A humanidade é complexa; e 
tal complexidade é benéfica. É por isso que saber abarca a vida do ser 
humano como um todo: social, política, religião, familiar, pessoal, entre 
outras. O saber depende da razão humana. Há um paradoxo entre razão 
e poder. Pois, 
[...] a razão demonstra, o poder determina. A razão 
raciocina, o poder ordena. A razão convence, o poder 
obriga. A razão dialoga, o poder manda. A razão 
elucida,o poder proíbe. A razão expõe, o poder impõe. 
A razão descortina, o poder reprime. A razão motiva, o 
poder pressiona. A razão emancipa, o poder subordina 
(JUVENAL ARDUINI, 2002, p. 58). 
Podemos observar, pelos dizeres de Juvenal Arduini que, para que 
alguém lide com a administração, seja ela pública ou não, deve pautar 
suas ações numa compreensão racional, em vez de simplesmente buscar 
mandar e desmandar. O grande diferencial de uma boa administração 
está no gerar consciência, ou seja, no educar. É o velho bordão do “Não 
só dê o peixe, mas ensine a pescar”. É bem isso. O ato de administrar 
deve levar, logicamente, a um educar. As pessoas com quem se convive 
16 UNIUBE
e, de maneira geral, a todos que se alcança com os atos, devem ser 
educados, e não simplesmente levados a seguir ordens de maneira cega 
e inconsciente.
Portanto, acrescentamos na compreensão do 
poder, a dimensão do saber, como busca para 
a mudança pessoal e social. Se a educação 
verte o ser humano para a sua autonomia, 
muito mais do que viver e conviver, é preciso 
buscar uma desalienação do humano. É 
preciso quebrar os velhos paradigmas e 
gerar novos. Nos dizeres de Nietzsche, 
“quebrar as tábuas dos valores, e ser capaz 
de criar seus próprios valores”. Gerar seus 
Valores não é se esquecer dos valores bases 
da formação inicial, mas sim, ser capaz de 
ganhar sua autonomia, sustentada por 
valores morais e comportamentos éticos. Além do mais, é preciso buscar 
conhecer o mundo em que se vive; a viver essa heteronomia, e dela 
retirar os valores que lhe são úteis. Assim, unindo poder e saber, mas, 
principalmente, mostrando que saber é poder.
Portanto, saber não se resume somente ao ato de conhecer. Poder 
não se resume somente ao ato de mandar e desmandar. Se ambos 
não forem aplicados no dia a dia, nos minutos essenciais da mudança, 
de nada adiantará saber e nem possuir o poder. Dessa maneira, saber 
transformar-se-á em ignorância, arrogância e desprezo. Poder se 
mutará em opressão, descaso e desumanidade. Um saber sem poder 
é arrogância. Um poder sem saber é opressão. Por isso, é importante 
manter o equilíbrio; é conseguir levar a uma convivência o saber e o 
poder, sem deixar que um supra o lugar do outro. E, principalmente, 
que ambos não se convertam em ganância. Pois esse é o pior dos 
acontecimentos.
Autonomia
Caracteriza-se como a 
capacidade de fazer tudo 
de maneira independente 
de outros ou de 
determinada situação.
Heteronomia
Conceito idealizado por 
Kant que, em linhas 
gerais, consiste na 
aceitação, na sujeição do 
indivíduo à vontade de 
terceiros.
 UNIUBE 17
Quando a ganância toma o lugar do saber, ela faz surgir pessoas 
autossuficientes, que menosprezam a ajuda alheia e o saber alheio. 
Julgam-se as melhores e as únicas pessoas que são capazes de entender 
sobre determinado assunto. De modo geral, acham-se as mais inteligentes 
e passam a maltratar os demais. No caso do poder, a ganância o faz 
converter em tirania. Modifica os moldes e sistemas, fazendo com que 
todos aqueles que são subordinados a tal fonte de poder, sintam-se 
humilhados em todos os aspectos, vindo a serem tratados como simples 
objetos de uso da máquina estatal. 
Por fim, o grande mal da humanidade – a ganância – ainda existe nos 
dias atuais. As pessoas, comumente, colocam-se em patamares não 
existentes. Julgam-se as melhores e as únicas da espécie ainda em 
vida. Numa demonstração de superioridade, exibem seus dotes, que 
não passam de cópias de pensamentos e comportamentos alheios, 
modificados com o tempo, ou esquecidos em tempos anteriores. 
Infelizmente, poder nem sempre é saber. nem sempre é saber. 
Mas, afinal, que poder tem a globalização? Para que você entenda 
melhor isso, vamos nos deter, a partir de agora, no seu significado e no 
seu sentido. 
1.2.1 Globalização: afinal, do que se trata? 
Para iniciar nossas reflexões, perguntamos: o que vem à sua mente 
quando ouve a palavra globalização?
Globalização: mundialização do capital, precarização do 
trabalho e aprofundamento da questão social
1.2
18 UNIUBE
Podemos começar com a conhecida imagem do globo terrestre, muitas 
vezes tomado como símbolo do fim das fronteiras, integração entre todos 
os povos e culturas, mas também, podemos nos lembrar dos hamburgers 
do McDonnald’s, dos shopping centers, dos tênis e bonés importados, 
sonhos de consumo de diversos jovens. Pois bem. Não paremos por aí. 
Outro símbolo da sociedade contemporânea é o computador conectado à 
Internet, que rompe barreiras temporais e geográficas e coloca o mundo 
diante de nossos olhos. As novas tecnologias da informação (NTIs) 
seriam, pois, um dos marcos de nossa sociabilidade, com impactos não 
só nos contextos do trabalho, mas também, nas relações interpessoais. 
Harvey propõe a compreensão do encolhimento do mapa do mundo e 
das alterações na relação tempo-espaço, a partir da velocidade com a 
qual podemos nos deslocar fisicamente e, por isso, explora a velocidade 
das carruagens e caravelas até os aviões a propulsão. Observe as 
diversas velocidades na Figura 2:
Figura 2: Encolhimento do mapa do mundo. 
Fonte: Harvey, (1998 p. 220). 
 UNIUBE 19
Podemos afirmar que o mundo encolheu e cabe, agora, na tela de nosso 
computador. Graças às inovações tecnológicas, as informações nos 
chegam com uma velocidade surpreendente. Esta velocidade e o modo 
como invade as diferentes experiências cotidianas foi matéria-prima de 
Gilberto Gil na música Parabolicamará:
Antes mundo era pequeno porque Terra era grande 
Hoje mundo é muito grande porque Terra é pequena 
Do tamanho da antena parabolicamará Ê volta do 
mundo camará, ê mundo da volta camará Antes longe 
era distante perto só quando dava Quando muito ali 
defronte e o horizonte acabava Hoje lá trás dos montes 
dendê em casa camará [...] De jangada leva uma 
eternidade, de saveiro leva uma encarnação [...] Pela 
onda luminosa, leva uma eternidade, de saveiro leva 
uma encarnação [...] Pela onda luminosa, leva o tempo 
de um raio Tempo que levava Rosa pra aprumar o 
balaio Quando sentia que o balaio ia escorregar [...] De 
avião o tempo de uma saudade. Esse tempo não temrédea vem nas asas do vento [...]
O músico sugere que nosso horizonte se ampliou: para nos transpor-
tarmos a outros locais basta utilizar as ondas luminosas, basta nos 
conectarmos.
E você, o que pensa? Conectar-se à internet, utilizar os jatos ultramoder-
nos, é possível para todos do globo terrestre? Estaríamos caminhando 
para a construção de uma aldeia global? 
Se quisermos explorar a metáfora da 
aldeia global, devemos desde já pensar 
nas diferenças sociais, econômicas, 
étnicas, políticas, ambientais e culturais 
que atravessam os diferentes povos e 
interferem na forma como cada um deles 
se insere no contexto contemporâneo. 
Aldeia global
O termo aldeia global foi 
criado por Marshall McLuhan 
(1911-1980) para referir-se 
aos impactos dos progressos 
tecnológicos aos processos 
econômicos e sociais que 
aproximariam os indivíduos 
do mundo todo como se 
vivessem em uma aldeia. O 
termo foi retomado por Pierre 
Levy, um dos entusiastas 
das novas tecnologias e da 
cibercultura. 
20 UNIUBE
Há algum tempo, circula pela Internet um texto de Philip M. Harter, médico 
e professor da Universidade Stanford (Estados Unidos), com informações 
interessantes sobre a diversidade e as disparidades do mundo 
globalizado. O autor fez uma projeção sobre como seria a população 
do mundo se houvesse somente 100 pessoas e se mantivéssemos as 
características atuais. Este mundo seria, assim, constituído:
• 57 asiáticos, 21 europeus, 14 do hemisfério ocidental, do norte e do 
sul; 8 africanos;
• 52 seriam mulheres, 48 homens;
• 70 seriam não brancos; 30 seriam brancos;
• 70 seriam não cristãos; 30 seriam cristãos;
• 89 seriam heterossexuais; 11 seriam homossexuais;
• 6 possuiriam 59% de toda a riqueza do mundo e todos os 6 seriam 
dos Estados Unidos;
• 80 habitariam moradias de baixo padrão;
• 70 não saberiam ler;
• 50 sofreriam de subnutrição;
• 1 estaria próximo da morte; 1 estaria próximo de nascer;
• 1 teria educação universitária;
• 1 possuiria um computador.
Para que você observe, com mais detalhes, o fosso existente entre os 
habitantes desta aldeia global, transcrevemos um trecho do texto de 
Harter:
Das 13 crianças em idade escolar, duas estão fora da 
escola. Há sete jovens na escola secundária, mas só 
um na faculdade. Dos adultos alfabetizados, 6 fizeram 
curso superior e mais de 20 o segundo grau, mas pelo 
menos 15 tiveram, no máximo, 5 anos de escola.
 UNIUBE 21
Na aldeia, há 42 televisores, 12 veículos a motor, 15 
telefones fixos, 8 celulares e 6 computadores pessoais; 
são vendidos 9 jornais por dia.
Quatro moradores (2 norte-americanos) têm acesso 
à Internet, 10 (6 europeus) viajam para o exterior 
anualmente. Porém, 45 não têm privadas, 25 não têm 
água potável, 20 moram em barracos e cortiços, 15 
não têm assistência médica, 13 (incluindo 3 crianças) 
passam fome, 3 são refugiados de alguma catástrofe de 
guerra, 1 é HIV-positivo. Cinco comem nas ruas, 2 dos 
quais menores.
A aldeia global tem renda per capita superior a US$ 5 
mil,o que daria, aproximadamente, US$ 15 diários per 
capita. Porém, 25 vivem com até US$ 1 por dia (19 
asiáticos, 4 africanos, 2 latino-americanos) e 25 com 
US$ 1 a US$ 2 por dia, enquanto 9 (3 norte-americanos, 
3 europeus, 1 japonês, 1 latino-americano, e 1 árabe, 
chinês ou indiano) consomem cada um mais de US$50 
por dia e, juntos, mais de 70% dos recursos da aldeia. 
Um deles (sim, só um), provavelmente norte-americano, 
ganha mais de US$ 500 por dia e possui metade de 
toda a riqueza da aldeia. (HARTER, s/d, p.01). 
Esta simples descrição nos indica que, longe de ser homogênea 
e igualitária, a sociedade do capital aprofunda as disparidades 
socioeconômicas e, ao contrário do que vários advogam, não suprime a 
diversidade cultural.
Vejamos outras características da sociedade global, especialmente as 
relacionadas ao processo de produção das mercadorias. 
Leia atentamente as notícias transcritas nos quadros seguintes e procure 
encontrar elementos comuns entre eles. O primeiro se refere à produção 
de tênis pela Nike: 
22 UNIUBE
“Moro em Portland, Oregon, onde a Nike tem a sua sede empresarial. 
Precisando de tênis novos, comecei a procurar. Pegava um tênis atrás do 
outro e lia ‘Made in China’, ‘Made in Korea’, ‘Made in Indonesia’, ‘Made 
in Thailand’. Comecei a pedir tênis fabricados nos EUA aos balconistas. 
Os poucos que não ficaram confusos me disseram que não existem tênis 
fabricados nos EUA. Telefonei para a Nike e falei com o responsável 
pelo atendimento aos clientes, e ele me disse que a empresa ainda está 
manufaturando na Indonésia e em vários países da região. Liguei para 
a sede da L. A. Gear em Santa Mônica. Eu disse: ‘Os tênis que vocês 
produzem são fabricados nos EUA?’. ‘Fabricados aqui?’, perguntou, 
espantada, a pessoa que me atendeu. Ela me disse que seus tênis são 
produzidos no Brasil e na Ásia.” (TISDALE, 2008).
EXEMPLIFICANDO!
Pelo fragmento anterior, você pode concluir que não é possível termos 
um produto que possa ser considerado 100% nacional. Certo?! Pois 
bem. Quais são as consequências desse fenômeno para os países que 
ofertam essa mão de obra? Há diferenças econômicas, políticas e sociais 
entre a mão de obra intelectual estadonidense (o design) e a tailandesa 
que monta o tênis? Qual a participação dos Estados nessas relações 
entre capital e emprego de mão de obra? 
Enquanto você pensa nessas questões, leia o exemplo, a seguir, e pense 
no carro, motocicleta ou ônibus que utiliza para se deslocar de um lugar 
para outro.
 UNIUBE 23
As características descritas são recorrentes: 
estamos diante de mais um exemplo da forma 
como as diferenças regionais que permeiam o globo 
são utilizadas para a produção de mercadorias e 
reprodução ampliada do capital. 
Você já tem alguma resposta para as questões 
sugeridas?
Para auxiliá-lo na consolidação das reflexões, selecionamos outro 
exemplo. Desta vez, chamamos sua atenção para as denominadas 
“fusões” entre as empresas, fenômeno cada vez mais frequente no 
mundo das grandes corporações:
“Um carro esporte Mazda é desenhado na Califórnia, financiado por 
Tóquio; o protótipo é criado em Worthing (Inglaterra) e a montagem é 
feita nos Estados Unidos e no México, usando componentes eletrônicos 
inventados em Nova Jersey e fabricados no Japão. O Ford Fiesta é 
montado em Valência (Espanha), mas os vidros vêm do Canadá; o 
carburador, da Itália; o radiador da Áustria; os cilindros, as baterias e a 
ignição da Inglaterra; os pistões da Alemanha; e o eixo de transmissão, 
da França. [...]” (ORTIZ, 2008).
EXEMPLIFICANDO
Reprodução 
ampliada do 
capital 
É o nome técnico 
que Marx deu para 
o funcionamento 
especificamente 
econômico do 
discurso do 
capitalista.
“A competição no mercado automobilístico está ficando tão acirrada que, 
com uma frequência cada vez maior, inimigos mortais, como General Motors 
e Toyota, juntam-se em casamentos de conveniência para que possam 
continuar vivos no mercado. O número de fusões, joint ventures e parcerias 
entre montadoras concorrentes ao redor do globo já passa de cem. A 
tendência é este número crescer ainda mais – diminuindo o número de 
EXEMPLIFICANDO!
24 UNIUBE
Aqui se colocam outros problemas para pensarmos a globalização. 
Como é possível empresas historicamente concorrentes se unirem para 
abocanharem fatias de mercado cada vez maiores? Qual o impacto 
dessas fusões sobre os trabalhadores de cada uma delas? Como 
podemos falar em fronteiras territoriais se, a priori, o capital não as leva 
em consideração?
Essas questões iniciais nos conduzem a refletir sobre a globalização 
numa perspectiva plural e, ao mesmo tempo, crítica. Plural, porque 
reconhecemos que seus impactos não estão restritos a algumas 
regiões específicas do globo. Uma mudança do outro lado do globo 
pode desencadear sérios problemas em outras regiões e localidades. 
Crítica, pelo fato de adotarmos uma perspectiva teórica segundo a 
qual o agravamento das questões sociais é tomado como resultante do 
processode mundialização do capital. 
Vejamos, agora, alguns teóricos que podem nos auxiliar nesta análise 
crítica. 
empresas independentes – em direção a uma espécie de cartel mundial 
da indústria automobilística. Na Europa, por exemplo, existem hoje seis 
grandes empresas: Volkswagen, Peugeot, Opel (GM), Fiat, Ford e Renault. 
Analistas do setor acreditam que, na virada do século, só restará lugar para 
três ou quatro grandes montadoras naquele continente. As demais serão 
absorvidas. Para quem duvida da tendência, basta olhar o passado recente 
daquele continente. Entre os anos 60 e 80, a Fiat comprou e absorveu 
praticamente toda a indústria italiana, como a Ferrari, Lancia, Alfa Romeo e 
Innocenti. A Volkswagen adquiriu a Audi alemã, a Seat espanhola e a Skoda 
da República Theca.” (TISDALE, 2008).
 UNIUBE 25
1.2.2 A face histórica da globalização 
Logo no início do livro Dimensões da globalização: o capital e suas 
contradições, Giovanni Alves (2001, p. 48) afirma:
Existe um debate acirrado sobre a globalização. Por um 
lado, o debate circunscreve-se em torno da questão de 
saber se a globalização representa (ou não) uma nova 
dimensão sócio-histórica do capitalismo mundial, uma 
nova época histórico-social do processo civilizatório. 
Por outro lado, discute-se a própria natureza da 
globalização, se ela representa uma nova etapa de 
desenvolvimento do capitalismo mundial, ou seja, uma 
“ruptura” com o dinamismo capitalista do passado, 
como podemos caracterizar suas conexões essenciais. 
Neste texto, compartilhamos a interpretação de Alves segundo a qual, 
“Mercantilismo, colonialismo, imperialismo, neocolonialismo – são termos 
que caracterizam, desde o século XVI, o avanço da expansão capitalista 
mundial, sob a hegemonia (e supremacia) de impérios e de Estados-
nação (ALVES, 2001, p. 49). 
Para situá-lo no debate, é necessário retomarmos os primeiros passos 
do mercantilismo. Como você teve a oportunidade de ver em outros 
textos, ou mesmo em suas aulas de história e geografia no Ensino 
Médio, o mercantilismo aliado às grandes navegações já no século XVI 
movimentava a Europa. 
A busca por metais preciosos e especiarias nas terras conquistadas por 
ingleses, espanhóis, franceses, portugueses e demais colonizadores 
promoveram uma corrida rumo à construção de Estados nacionais, mas, 
sobretudo, uma nova configuração do mapa do mundo. Assistimos aos 
elementos fundantes do que seria, num futuro muito breve, a sociedade 
capitalista e industrial. 
26 UNIUBE
Já no Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels (1993, p. 
68) destacaram a importância deste período para o desenvolvimento 
capitalista:
A grande indústria criou o mercado mundial, para o 
qual a descoberta da América preparou o terreno. O 
mercado mundial deu um imenso desenvolvimento ao 
comércio, à navegação, às comunicações por terra. 
Esse desenvolvimento, por sua vez, reagiu sobre a 
extensão da indústria; e na proporção em que a 
indústria, o comércio, a navegação, as ferrovias 
se estendiam, a burguesia também se desenvolvia, 
aumentava seus capitais e colocava num plano 
secundário todas as classes legadas pela Idade Média.
Os períodos subsequentes à queda do feudalismo foram muito fecundos 
para o movimento globalizador, ou mundializador. Podemos destacar 
algumas características centrais: 
• a derrocada das monarquias europeias; 
• o enfraquecimento do catolicismo enquanto força determinante;
• o progresso das ciências naturais;
• o fortalecimento da concepção liberal de Estado nacional;
• a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. 
Esses elementos deram um novo fôlego ao movimento de industrialização 
das cidades, das reformas urbanas, da descoberta de novos materiais e 
de novas fontes de energia para o aumento da produção industrial.
Assim, não podemos imaginar que o capitalismo, em sua vertente 
produtivo-industrial, poderia ficar restrito a um único espaço demarcado 
por fronteiras espacialmente delimitadas. Para tanto, basta você observar 
a relação comercial existente entre Brasil e Portugal durante o pacto 
colonial: aquele fornecia matéria-prima in natura para que fossem 
manufaturadas, e as mesmas retornavam ao Brasil para serem adquiridas 
e consumidas. 
 UNIUBE 27
Guardadas as devidas proporções, esse processo fora acompanhado, 
tanto no Brasil como na Europa, das migrações de áreas rurais para áreas 
urbanas, o que promoveu o agravamento da pobreza urbana oriunda 
das primeiras fábricas europeias. A promessa do ilimitado progresso 
material não se estendeu a todas as pessoas e diversos problemas se 
expressaram com contundência: 
• aumento dos índices de atentados contra a 
propriedade privada;
• alcoolismo que ameaçava a produtividade do 
operário;
• a prostituição feminina que promovia o 
esfacelamento dos “lares” burgueses;
• furtos e roubos que ameaçavam seguranças das 
“pessoas de bem”, logo, a nova “ordem” social, e 
é claro;
• as doenças que eliminavam crianças e adultos que 
residiam nos piores lugares das cidades que se 
industrializavam (BRESCIANI, 2004; DECCA, 1985; 
DECCA e MENEGUELLO, 1999). 
Longe de expressarem problemas morais, tais questões são resultado 
do processo de desenvolvimento do capitalismo e demonstram as 
contradições da sociedade de classes. 
Todas essas consequências contraditoriamente promovidas pelo 
processo de industrialização, como aludimos anteriormente, não ficaram 
restritas às fronteiras desta ou daquela cidade ou país.Como disseram 
Arnaldo Antunes, Sérgio Brito e Paulo Miklos, “Miséria é miséria em 
qualquer canto/Riquezas são diferentes/Índio, mulato, preto, branco/
Miséria é miséria em qualquer canto/Riquezas são diferentes.”
A globalização não pode ser considerada uma evolução natural e 
inevitável, como a semente de uma árvore que brota ao cair em solo 
fértil. Longe de ser uma evolução natural, a trajetória do capitalismo e 
das formas de organização do trabalho são resultados da relação entre 
as classes sociais. Assim,
28 UNIUBE
[...] o desenvolvimento capitalista mundial é intrinse-
camente dialético, e, portanto, contraditório. É comum 
presenciarmos no decorrer do processo de desenvol-
vimento sócio-histórico do capitalismo, momentos de 
superação de formas de desenvolvimento do capital 
(utilizamos a palavra superação, no sentido da palavra 
alemã aufhaben, que significa superação/conservação) 
(ALVES, 2001, p. 49). 
Agora, precisamos identificar as novas características do capitalismo 
no momento atual. Além daquelas referentes às mudanças na forma 
de organização do trabalho, citamos no 
início deste estudo mudanças no processo 
de produção, como: fusões de empresas, 
o papel desempenhado pelas novas 
tecnologias da informação, a conjugação 
do trabalho de diversas regiões do 
globo para a produção de determinada 
mercadoria (divisão internacional do 
trabalho) e a criação de um mercado global 
de consumidores. Falta-nos referenciar 
um aspecto crucial: o processo de mundialização do capital entendido, 
também, como regime de acumulação financeirizada mundial.
A análise realizada por David Harvey indicou a importância da transição 
do fordismo para a acumulação flexível na constituição da globalização. 
Perguntando-se sobre as novas características do capitalismo 
contemporâneo, responde Harvey (1998, p. 184): 
Duas conclusões básicas (embora provisórias) 
se seguem. Em primeiro lugar, se quisermos 
procurar alguma coisa verdadeiramente peculiar 
(em oposição ao “capitalismo de sempre”) na atual 
situação, deveremos concentrar nosso olhar nos 
aspectos financeiros da organização capitalista e 
Regime de acumulação 
financeirizada mundial
Conceito utilizado por 
Chesnais no livro, A 
mundialização do capital 
(1994), para referir-se à 
importância do capital 
financeiro no processo de 
globalização.
 UNIUBE 29
no papel de crédito. Em segundo, se deve haver 
alguma estabilidade de médio prazo no atual regime 
de acumulação, é nos domínios das novas rodadas 
e formas de reparo temporale espacial que é mais 
provável encontrar elementos. Em resumo, pode-se 
mostrar possível “re-escalonar a crise” através do 
reescalonamento (por exemplo) da dívida do Terceiro 
Mundo e de outras dívidas até o século XXI, ao mesmo 
tempo que se provoca uma radical reconstituição de 
configurações espaciais em que uma diversidade de 
sistemas de controle do trabalho pode prevalecer ao 
lado de novos produtos e padrões na divisão internacio-
nal do trabalho. 
 
Exploremos o primeiro aspecto: os aspectos financeiros. Iamamoto 
(2007, p. 107) situa o contexto de emergência da financeirização no fim 
da Guerra Fria e no alvorecer do século XXI, e destaca que o papel do 
“mundo das finanças”, cujo suporte são “as instituições financeiras que 
passam a operar com o capital que rende juros (bancos, companhias de 
seguros, fundos de pensão, fundos mútuos e sociedades financeiras de 
investimento), apoiadas na dívida pública e no mercado acionário das 
empresas.” Alves (2001, p. 47) situa a crise do capital na década de 
1970, como ponto de partida para a emergência da globalização tal como 
se apresenta nos dias atuais. 
O processo de acumulação, antes centrado 
no âmbito da produção, diversifica-se 
atingindo um momento em que “dinheiro 
produz mais dinheiro” e os capitais 
especulativos podem destruir economias 
em um piscar de olhos. Para demonstrar 
a rapidez com que este capital circula, 
Alves retoma uma fala de Toyoo Gyohteno, 
ministro das Finanças do Japão à época do 
depoimento:
Capitais especulativos
Capital investido no 
mercado financeiro e não 
na produção propriamente 
dita. O sentido da 
especulação está em ser 
investido em países e 
instituições rentáveis e, 
depois, rapidamente poder 
abandoná-los de acordo 
com as conjunturas. 
30 UNIUBE
Há pouco falei com um operador de divisas. Perguntei-
-lhe quais os fatores que levava em conta ao comprar 
e vender. Ele respondeu: “Muitos fatores, a maioria de 
curtíssimo prazo, alguns de médio prazo e outros de 
longo prazo.” Achei muito interessante o fato de que 
pensasse também a longo prazo e quis saber o que ele 
entendia por isso. Não sem hesitar por uns instantes, 
disse-me com toda seriedade: “Talvez 10 minutos.” É 
nesse compasso que se move hoje o mercado 
(KURZ, 1997, p. 220 apud ALVES, 2001, p. 54). 
São evidentes os problemas advindos dos descompassos entre a 
temporalidade alucinante do capital financeiro e a das questões sociais 
que demandam investimento e intervenção a médio e longo prazos! 
Iamamoto e Alves nos lembram, ainda, que o capital financeiro e o 
processo de acumulação dele decorrente não podem ser aprendidos de 
modo isolado. Somente uma análise da totalidade dos processos sociais, 
econômicos, políticos e culturais poderá contribuir para o desvelamento 
das novas dinâmicas do capitalismo globalizado. Dito de outro modo: o 
materialismo histórico-dialético é a perspectiva privilegiada para a análise 
da realidade social na qual “tem-se o reino do capital fetiche na plenitu-
de de seu desenvolvimento e alienação” (IAMAMOTO, 2007, p. 107). 
Fetiche, por tratar-se da valorização completa do mundo das coisas, 
e alienação, por implicar na desvalorização exacerbada da condição 
humana. A imagem inicial da aldeia global cede espaço ao diagnóstico 
realista de Ianni (2000, p. 231):
O mesmo processo que carrega consigo a 
racionalização promove o predomínio do princípio da 
quantidade, em detrimento do princípio de qualidade, 
e realiza a crescente inversão nas relações entre 
indivíduos e os produtos de suas atividades, produzindo 
a subordinação do criador [homem] à criatura 
[mercadorias]. 
Iamamoto (2007, p. 107) chama a atenção para o impacto desse 
aprofundamento da alienação e da fetichização sobre a questão social:
 UNIUBE 31
O que é obscurecido nessa nova dinâmica do capital 
é seu avesso: o universo do trabalho – as classes 
trabalhadoras e suas lutas –, que cria riqueza para 
outros, experimentando a radicalização dos processos 
de exploração e expropriação. 
No próximo item, vamos explorar esses impactos sociais da globalização. 
1.2.3 A globalização sob a perspectiva social
Como já aludimos anteriormente, a globalização trouxe um sem-número de 
transformações à nossa forma de nos relacionarmos uns com os outros, com 
a cidade, com o trabalho, com as mercadorias. Diante de tais alterações, umas 
mais profundas, como o desemprego tecnológico, e outras mais sutis, como 
a abertura para as importações, urge analisarmos, ainda que brevemente, 
alguns dos impactos da globalização sobre diferentes segmentos sociais.
Jeremy Rifkin, no livro O fim dos empregos, analisa o desemprego tecnoló-
gico cuja característica central é substituir a mão de obra humana em todas 
as áreas. Logo, 
[...] As implicações sociais são profundas e de longo 
alcance, mais de 75% da força de trabalho na maior 
parte das nações industrializadas está desempenhando 
funções que são pouco mais do que simples tarefas 
repetitivas [...] (RIFKIN, 1995, p. 05 apud OLIVEIRA, 
1999, p.100).
Segundo o autor, não há fronteiras para essa ameaça, que se processa 
tanto nos países de capitalismo central quanto de capitalismo periférico. 
Porém, há que se considerar que ele aparece de maneiras diferenciadas: 
em países, como a Holanda, há alternativas de obtenção de renda 
promovidas pelo próprio Estado, na iminência do desemprego promovido 
pela incorporação de alguma nova tecnologia. Já, no Brasil, poucas são 
as empresas que assim procedem. Por seu turno, o Estado brasileiro ou 
algumas Organizações Não Governamentais possuem programas de 
inclusão digital com vista a potencializar a reinserção desses indivíduos 
no mercado de trabalho.
32 UNIUBE
Observe que, em alguns países de capitalismo central, o Estado assume 
a responsabilidade por prover aos indivíduos o acesso à segurança 
econômica e, por conseguinte, manter um nível de consumo que lhe 
seja razoável. Logo, mantêm-se os interesses do capital produtivo, uma 
vez que mesmo desempregado, o indivíduo ainda consome (RIFKIN, 
1996; SANTOS, 2004).
Por outro lado, em países de capitalismo periférico, essa mesma tarefa 
recai sobre os indivíduos. Assim, mesmo que o indivíduo tenha acesso 
a programas de inclusão digital, seu nível de consumo não se mantém, 
o que, aos olhos do capitalismo, não é um bom negócio. Assim, falar 
que estamos numa “aldeia global” que pressupõe a possibilidade de 
que podemos consumir de tudo não se concretiza para todos na mesma 
intensidade. 
Se você tem acompanhado minimamente os noticiários, em alguns 
países do mundo já se faz sentir a ausência de certos alimentos ou seu 
alto preço nas gôndolas dos supermercados. É o caso da Índia e de 
alguns países africanos. Se você não está a par desse debate acerca 
de um dos muitos efeitos sociais da globalização, veja as manchetes, a 
seguir: 
Crise alimentar não atingirá o Brasil, diz representante da FAO 
Ex-ministro de Lula, Graziano diz que região é autosutentável em alimentos. 
Estas manchetes foram 
retiradas do sítio 
www.g1.com
Diretror-geral da FAO diz precisar de US$ 3 bilhões 
contra crise alimentar 
ONU elabora plano de batalha para enfrentar crise alimentar
Entidade precisará arbitrar conflitos comerciais do setor de alimentos.É um 
momento preocupante; disse secretário-geral da ONU antes de reunião fechada.
Espanha oferece 500 milhões de euros para atenuar rise alimentar
 UNIUBE 33
Esse tema sugere outro dilema da globalização: qual o papel político do 
Estado em relação às desigualdades sociais num mundo onde o capital 
não reconhece fronteiras, mas que, ao contrário, como uma nuvem 
espalha sua sombra por todos os lugares? 
Seria possível conciliar a necessidade de consumo de alimentos com 
políticas de desenvolvimento econômico? O Estado deve intervir na 
economia? 
Dessas questões, surge o debate acerca da globalização no campo 
político.
1.2.4 A globalização sob a perspectiva política
Um primeiro argumento nos parece claro ao nos reportarmos às questões 
anteriores:a atual configuração do Estado, na globalização, se parece 
com a de um refém. Explicamos. 
A sobrevivência do Estado, do modo como o conhecemos, depende 
da sobrevivência do capital. Segundo Karl Marx, o aparelho ideológico 
denominado Estado só se mantém a partir do momento em que está atrela-
do aos interesses do desenvolvimento econômico das classes proprie-
tárias dos meios de produção. Ou seja, o aparelho jurídico, o sistema 
econômico, o sistema educacional, para ficar com esses três elemen-
tos, são organizados de modo a contemplar os interesses da minoria 
que enriquece e acumula riqueza por meio da exploração da força de 
trabalho da maioria operária. Aos olhos das classes proprietárias, o 
círculo estaria completo, pois na medida em que se tem oferta de 
emprego tem-se à venda a força de trabalho e, por conseguinte, 
o consumo dos bens produzidos. Porém, não é o que vemos, não é mesmo?
Segundo Milton Santos, a “fábula” contada acerca da globalização que 
preconizaria o fim do Estado, na verdade, o requer de modo fortalecido para
34 UNIUBE
[...] atender aos reclamos da finança e de outros 
grandes interesses internacionais, em detrimento dos 
cuidados com as populações cuja vida se torna mais 
difícil (SANTOS, 2004, p.19).
Aqui, estamos diante de outra face da globalização: o neoliberalismo. 
A lógica neoliberal preconiza, dentre outras práticas, o enxugamento 
da “máquina estatal”. Falamos, portanto, da privatização das empresas 
públicas e, também, do esforço para “terceirizar” a oferta dos direitos e 
serviços sociais. 
Essa lógica neoliberal implica numa compreensão ideologizada de que, na 
medida em que o Estado se desincumbe de tarefas como administração 
de bancos, empresas telefônicas, usinas hidrelétricas e siderúrgicas e de 
mineração, ele (o Estado) pode vir a se ocupar com as questões sociais, 
ironicamente, produzidas pelo próprio capitalismo.
Então, sob essa lógica de acumulação de mais capital, o Estado se ocuparia 
da habitação, da educação, da saúde, do meio ambiente dentre outras 
urgências. Desse modo, a entrada do capital internacional em território 
nacional, segundo Albuquerque (1999), produziria uma desregulação e 
um desequilíbrio dos mercados internos dos países capitalistas. Porém, 
sua face mais perversa, como atesta Santos (2004), recai sobre os países 
de capitalismo periférico, historicamente dependentes das empresas 
multinacionais para sua sobrevivência econômica. 
Ora, basta você voltar em nossa história recente – muito recente – 
e verificar a quantidade de empresas calçadistas e de tecidos que 
faliram devido à entrada de calçados italianos e de tecidos chineses. O 
desemprego de grandes contingentes populacionais, aliado à impotência 
dos poderes locais constituídos, fornece-nos a imagem de uma cenário 
caótico em que:
 UNIUBE 35
• predomina o aumento dos níveis de pobreza e/ou de indigência; 
• há o decréscimo do acesso a bens de consumo e de serviços 
essenciais;
• aumento da violência urbana, associada, sobretudo, ao tráfico de 
drogas;
• crescimento do trabalho informal, da prostituição de adolescentes e 
do trabalho infantil.
Veja, a seguir, a manchete do sítio do G1 acerca das demissões numa 
cidade famosa pela produção de calçados. 
06/02/2008 - 16h06
Fábrica de calçados de Franca demite 485 pessoas
Demissão foi anunciada aos funcionários na última sexta-feira.
Agabê acumula dois anos de prejuízo causado por queda nas exportações.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Segundo Albuquerque (1999), o movimento de progressiva e brusca 
abertura dos mercados nacionais às empresas transnacionais termina por 
enfraquecer o Estado em seu poder de intervenção sobre as questões 
sociais promovidas pelo próprio capitalismo. 
Esse cenário produz outro dilema: as fronteiras econômicas nacionais 
não coincidem com a inexistência de fronteiras do capital. Mesmo que 
alguns Estados desejem reaver seu controle político sobre a economia, 
ou ainda, puxar os freios das empresas privadas, ou mesmo aumentar os 
impostos, tais ações redundariam no agravamento de crises econômicas 
internas, sobretudo em relação aos empregos que, por sua vez, recairia 
na redução dos índices de consumo interno. 
36 UNIUBE
Conclusão 1.3
Sabemos que o tema tratado tem sido objeto de estudo de diversos 
teóricos e não é nossa intenção esgotá-lo nestas páginas. Almeja- 
-se situá-lo no debate e contribuir para a identificação dos dilemas da 
sociedade contemporânea. 
Como vimos, há diversas formas de análise da sociedade contemporânea. 
Contudo, não podemos nos enganar. Há vertentes analíticas que não 
se preocupam em identificar as contradições da globalização e, muito 
menos, as possibilidades de intervenção política. 
A atitude de um Estado interventor resultaria na saída da empresa, 
fábrica ou moradora do território onde está instalada e migraria para 
outra localidade que lhe oferece melhores condições de atuação. Logo, 
leia-se: melhores condições de exploração da mão de obra local ao 
mesmo tempo em que promoveu o desemprego de centenas de pessoas.
Esse cenário de intensas migrações de empresas ao redor do globo 
é cada vez mais comum. Como já aludimos anteriormente, as novas 
tecnologias nformacionais promovem uma agilidade sem precedentes 
na história relativa à troca de dados entre matrizes e filiais ao redor do 
globo, no chamado “tempo real”.
A agudização da questão social na globalização pode ser assim descrita: 
As necessidades sociais das maiorias, a luta dos trabalha-
dores organizados pelo reconhecimento de seus direitos 
e suas refrações nas políticas públicas, arenas privile-
giadas do exercício da profissão, sofrem uma ampla 
regressão na prevalência do neoliberalismo, em favor da 
economia política do capital. (IAMAMOTO,2007, p.107).
 UNIUBE 37
Cabe-nos a superação do pensamento único, segundo o qual a 
globalização é entendida como “vitória definitiva do capitalismo”, “fim da 
sociedade de classes” e da centralidade do trabalho. 
Diferentemente destas posturas, propomos que você aprofunde suas 
leituras e reflexões sobre a globalização como mundialização do capital 
e, consequentemente, cenário de lutas políticas e constituição de novos 
projetos societários.
Longe de nos encontrarmos numa sociedade igualitária, defrontamo-
-nos com as vicissitudes do capital e as mutações do mundo do 
trabalho. Neste processo, os “incluídos” são os detentores do capital. 
Aqueles sem possibilidades de acesso ao mercado de consumo e 
ao mercado de trabalho convertem-se dia após dia em “resíduos 
sociais” e sociedades inteiras são vistas como “lixeiras globais”, 
supostamente descartáveis. 
O tema é instigante e desafiador. É neste mundo globalizado que você, 
futuro profissional da educação, atuará. Desse modo, durante todo 
seu processo de formação, aproveite as oportunidades para ampliar 
seu conhecimento sobre a realidade e avaliar criticamente as posturas 
ideológicas que subjazem nas diversas perspectivas de análise. 
Há uma necessidade premente de reinventarmos nossa práxis e lutar 
para que este mundo fetichizado e alienado seja reconstruído de modo 
radicalmente humano. Para inspirar suas reflexões, deixamos a fala do 
brilhante educador Paulo Freire:
Não acreditemos em quem proclame que nossa 
fraqueza é um presente dos deuses; que ela está 
em nós como o perfume das flores ou o orvalho nas 
manhãs. Nossa fraqueza não é ornamento de nossas 
vidas amargas. Não acreditemos nos que afirmam 
com hipócrita entonação que a vida é assim mesmo: 
- uns poucos podendo muito, milhões nada podendo. 
38 UNIUBE
Resumo
Viu como a globalização pode ser pensada em variadas situações e 
de diversos modos? Nosso intuito, neste capítulo, foi de levá-lo(a) à 
reflexão de como a globalização está presente em momentos decisivos 
da nossa vida. Para tanto, você pode compreender de onde surgiu o 
padrão de conduta mundial chamado globalização; uma ação que busca, 
freneticamente, levar a humanidade a um padrão de homogeneidade.
Neste capítulo, vocêtambém pôde ampliar sua compreensão acerca 
da relação da globalização com a questão socioeconômica e política, 
percebendo que toda essa relação está interligada pelo modelo de 
relação de produção. E justamente por esse motivo, analisamos os 
pontos principais oriundos da relação entre globalização e sociedade, 
correlacionando as contribuições que o marxismo pode dar para que 
essa mesma globalização fosse analisada com critério, contribuindo 
para a formação de uma sociedade mais justa e mais humana. 
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ALVES, Giovanni. Dimensões da globalização: o capital e suas contradições 
Londrina: Práxis, 2001. 
Nossa fraqueza não é virtude. Façamos de conta que 
acreditamos em seus discursos. [...].
Nosso discurso diferente - nossa palavração – será dito 
por nosso corpo todo: nossas mãos, nossos pés, nossa 
reflexão.
 UNIUBE 39
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Maurício José de Sousa Júnior
Introdução
A República Democrática 
e Federativa do BrasilCapítulo
2
O período da redemocratização do Brasil foi marcado pela 
proclamação de uma nova Carta Magna. A Constituição Federal, 
aprovada em 1988, determinou novas rumos para a política 
brasileira.
Alçada como o marco federativo mais importante do período 
pós-ditadura militar, a Constituição Cidadã – que recebeu esta 
denominação por celebrar direitos individuais e assegurar 
acesso a serviços públicos fundamentais – promoveu e garantiu 
reconhecimento de direitos de uma parcela excluída da população 
brasileira.
Veremos durante o capítulo, os principais aspectos que 
acarretaram na escrita dos artigos mais fundamentais da 
Constituição. Compreenderemos que as garantias de direitos é 
a marca da CF de 1988. Além disso, a garantia de acesso aos 
serviços públicos e as garantias fundamentais como dever do 
Estado brasileiro.
Também verifi caremos como os brasileiros foram transformados 
pela Constituição e como a percepção geral ainda implica em 
problemas de concepção na construção de políticas sociais e 
44 UNIUBE
Objetivos
Após os estudos deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:
• analisar as condições políticas para a constituição de uma 
Carta Magna;
• compreender a estrutura da democracia brasileira do período 
da Nova República;
• refletir acerca dos direitos fundamentais assegurados na 
nova Constituição de 1988;
• perceber as características dos direitos sociais garantidos 
na CF de 1988;
• refletir sobre os avanços sociais, econômicos e políticos 
que marcaram o período pós-proclamação da Constituição 
“Cidadã”. 
direitos individuais. E, ainda, perceberemos como a pirâmide da 
CF brasileira pode ter sido invertida em comparação às outras 
Constituições das democracias mais antigas do mundo ocidental.
Boa leitura! 
Objetivos
2.1 A importância da nova Constituição
2.2 A organização do Estado
2.3 A organização dos Poderes
2.4 Os direitos e garantias fundamentais
Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Art. 3º Constituição Federal
 UNIUBE 45
A importância da nova Constituição2.1
Após o período de 21 anos de militares no poder, o Brasil viveu uma 
eleição indireta que levou um civil ao poder. A importância desse 
momento foi cultuada em diversas análises históricas e políticas. Mesmo 
com a rejeição da Emenda Dante de Oliveira, o primeiro civil a assumir 
a presidência da República, após

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